AULA 02 - 1ª UNIDADE 2.
Ser ou não ser índio
“Ser Índio”
1. Desaparecimento do índio na história do Brasil
• Visão tradicional
 Relegados a papel secundário
 Subordinados aos objetivos dos colonizadores
 Sem espaço de ação.
• Consequência: teriam desaparecido de diversas regiões.
 Perspectiva assimilacionista: integração à colonização teria levado ao
processo de aculturação.
 Perda de identidade étnica.
 Sem espaço de manobra, saída era a submissão passiva.
• Origem do problema desta perspectiva: antropólogos não levavam em conta
processos de mudança da cultura.
 Cultura dos “povos primitivos”: pura e imutável, estudada em suas
características originais e autênticas.
 Essencialismo: cultura é fixa, estável e imutável.
 Estes povos vistos como isolados e sem história.
 Processos históricos de mudança: levam a perdas culturais sucessivas que
resultam na extinção dos povos estudados.
• Relações de contato entre culturas:
 Dominação / submissão: uma se impõe sobre a outra levando-a à
anulação.
 Visão dualista: índio aculturado x índio puro; estrutura cultural (fixa) x
processos históricos; aculturação x resistência cultural.
• Visão tradicional dos historiadores
 Mesma visão assimilacionista: povos primitivos, possuidores de uma
cultura pura e que desapareceu.
 Seu lugar: o passado.
 Foram inimigos dos portugueses ou heróis que lutaram ao seu lado.
 Política do XVIII e XIX de assimilação: integrá-los aos não índios.
• Tais visões perduraram até o séc. XX.
 Muda com a Constituição de 1988: direito à diferença.
 Tendência de desaparecimento não se concretizou.
 Globalização: processo de aculturação não tem extinguido as diferenças
étnicas, mas as tem reforçado.
• Problema: índio puro x índio aculturado.
 Participação na sociedade dos brancos não implica em deixar de ser
índio, mas é uma forma de sobrevivência.
• Aproximação entre antropologia e história:
 Interesse pela cultura: produtos materiais, espirituais e comportamentais,
bem como as dimensões simbólicas da vida social.
 Processos históricos de mudança.
• Mudanças teóricas:
 Thompson: historicidade da cultura.
 Sidney Mintz: os homens agem e se relacionam conforme seus lugares
sociais e objetivos.
 Processos históricos e estruturas culturais se influenciam mutuamente.
3. Novas perspectivas sobre o contato entre brancos e índios.
• Mudança cultural: não é mero esvaziamento, mas evidencia dinamismo.
• Aculturação: também vista como forma de resistência.
• Conceitos de apropriação e ressignificação cultural.
• Índio visto como agente ativo do processo:
 Incorporam elementos da cultura ocidental => dão novos significados =>
obtém ganhos.
• Maior importância para o recebedor do que para a transmissão.
• Ir além das atitudes dos índios de resistência armada, fuga ou submissão
passiva.
 Steven Stern: resistência adaptativa.
 Encontrar novas formas de sobrevivência e garantir melhores condições
de vida na nova situação em que se encontravam.
4. Identidade étnica
• Construção histórica de caráter plural, dinâmica e flexível.
• Weber e Barth: não só cultura a define.
 Dimensões políticas e históricas: ação política, caráter organizacional e
sentimento de pertencimento (subjetivo).
5. O papel dos índios na história
• Diversidade étnica do Brasil pré-Cabral = diversidade de organização social e
de comportamento com o colonizador.
• Diversidade também do colonizador.
• O índio não foi ingênuo.