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Doutoranda em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
1
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. v. 4. p. 235.
2
Os românticos, ao revelarem o Brasil, assim como o sertanejo,
buscavam uma identidade nacional que se encontrava atrelada à literatura
portuguesa, cuja “dependência” a literatura brasileira necessitava libertar-se.
2
Ibid., p. 250.
3
jagunços, do mesmo ano, sobre a Guerra de Canudos. No Ceará, formaram-se
vários grupos de escritores ideologicamente ligados ao naturalismo e às
causas da Abolição e da República. A seca do Nordeste é um tema constante,
através de vários intérpretes, como Domingos Olímpio em Luzia-homem
(1903), narrando a história de uma retirante da seca de 1877; Rodolfo Teófilo,
em A fome (1890), abordando o drama da seca e da migração; Manuel de
Oliveira Paiva, em Dona Guidinha do poço (1952), que reúne a língua literária
à riqueza da fala sertaneja como forma de apresentação da realidade entre o
homem, o meio social e o sertão.
3
Viana Moog apud CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo
Horizonte: Itatiaia, 2000. p. 267.
4
Id., ibid.
5
Id., ibid.
6
Id., p. 269.
5
Nelson Werneck Sodré, em História da literatura brasileira: seus
fundamentos econômicos (1995), tece comentários acerca do regionalismo
romântico e do naturalista (intitulando o romântico de “sertanismo” e o realista
de “regionalismo”) estabelecendo, em toda a sua obra, as diferenças entre
ambos e defendendo a tese de que o “regionalismo, a rigor, começa a existir
quando se aprofundam e se generalizam, a ponto de surgirem em zonas as
mais diversas manifestações, a que o romantismo não poderia fornecer os
elementos característicos”7. Dentre as manifestações, cita-se a de conteúdo,
na visão do crítico, Augusto Meyer: “As paisagens, como os textos, só falam
quando são interrogados. Tudo é mudo nas formas a que não sabemos insuflar
um verbo”8.
7
SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1985. p.
403.
8
Augusto Meyer apud SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1985. p. 403.
6
Segundo Nelson Werneck Sodré,
Assim, fica claro para o leitor a posição teórica de Nelson Werneck Sodré
sobre o regionalismo romântico e naturalista no Brasil, ao construir a sua
História da Literatura Brasileira. Por ser o primeiro historiador nacional a ter
escrito uma História da Literatura na visão marxista, é natural que ele assuma
uma postura comprometida com a busca de uma identidade nacional que, para
o teórico, encontra-se no período Naturalista.
9
Ibid., p. 408.
10
Id., ibid.
7
Todavia, o historiador acrescenta que “as várias formas de “sertanismo”
(romântico, naturalista, acadêmico e até modernista) que têm sulcado as
nossas letras, desde os meados do século passado, nasceram do contato de
uma cultura citadina e letrada com a matéria bruta do Brasil rural, provinciano e
arcaico”11.
11
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 155.
12
Id., ibid.
8
desapaixonada dos fatos. Uma contribuição que equilibra a caminhada do
regionalismo rumo ao Modernismo.
REFERÊNCIAS
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1989.