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Disciplina: TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE REVESTIMENTOS

Professor: Antônio Neves de Carvalho Júnior

MÓDULO 1: ARGAMASSAS
Curso de Especialização Produção e Gestão do Sistema Construído 2
Disciplina: Tecnologia e Produção de Revestimentos
Prof. Antônio Neves de Carvalho Júnior

ARGAMASSAS

Introdução
. Mistura de materiais de pequena granulometria com adição de água proporcionando
coesão entre os grãos e possibilitando aplicações diversas. Principais constituintes :
aglomerantes, agregados minerais, água e aditivos
Aglomerante
- Material na forma pulverulenta com capacidade de unir os grãos (cimento,
cal, gesso)
Agregado
- Material inerte (areia natural e artificial)
Água
- Responsável por fornecer a plasticidade e está ligada diretamente com a
resistência
Aditivos
- Produto químico desenvolvido para conferir características específicas
(redutores de permeabilidade, plastificantes, incorporadores de ar, retentores
de água)
Aglutinante
- Componente utilizado com restrições. Material na forma pulverulenta cuja
função é fornecer trabalhabilidade “dar liga” (filitos, areia comum, saibro,
arenoso, etc.)
. Intervalo de tempo entre as diversas fases de execução e da decoração final →
Maturação da argamassa (desenvolvimento das propriedades de aderência e resistência)
. Bases com elevada absorção devem ser suficientemente pré-umedecidas
. Sistemas de aderência :
- Mecânico → migração de pasta de aglomerante para os poros da base
- Químico → colagem (independente dos poros)
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Classificação

Tipo Critério de Avaliação


Argamassa aérea natureza do aglomerante
Argamassa hidráulica
Argamassa de cal
Argamassa de cimento tipo de aglomerante
Argamassa de cimento e cal
Argamassa simples número de aglomerantes
Argamassa mista
Argamassa aditivada
Argamassa colante
Argamassa de aderência melhorada
Argamassa hidrófuga
Argamassa de proteção radiológica propriedades específicas
Argamassa redutora de permeabilidade
Argamassa termo-isolante
Argamassa de chapisco
Argamassa de emboço função no revestimento
Argamassa de reboco
Argamassa dosada em central
Argamassa preparada em obra
Argamassa industrializada forma de preparo ou fornecimento
Mistura semi-pronta para argamassa

Principais propriedades das argamassas no estado fresco


. Consistência
- Seca (a pasta preenche os vazios entre os grãos, os quais permanecem em
contato)
- Plástica (fina película de pasta atua como lubrificante na superfície dos
grãos do agregado)
- Fluida (imersa dos grãos de agregado na pasta)
- É diretamente determinada pelo conteúdo de água. O quadro a seguir,
segundo o projeto ARGAMASSAS, apresenta medidas recomendáveis de
consistência (obtidas na flow-table) para diversos tipos de argamassa.
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FINALIDADE DA ARGAMASSA LIMITES DE CONSISTÊNCIA (mm)


Flow table - NBR 13.276
. Para assentamento de tijolos cerâmicos 240 - 270
. Para revestimento interno (base p/
pintura)
. Para revestimento interno (base
p/assentamento de azulejos ou cerâmicas)
. Para emboço externo (base para
assentamento de cerâmicas)
. Para revestimento externo (base para
pinturas de baixa permeabilidade) 280 - 320
. Para contra-piso (assentamento de peças
cerâmicas internas e externas) 180 - 200
. Para chapisco > 350 mm
. Para base de assentamento de carpete 160 - 180
(consistência de terra úmida)
. Industrializada para assentamento de
cerâmicas e azulejos 330 - 350

. Trabalhabilidade
- Em termos práticos significa a facilidade de manuseio, por parte do operário
que a prepara e a aplica
- É alterada de forma positiva a medida em que decresce o módulo de finura
do agregado, mantém-se a continuidade da granulometria e decresce o teor
de grãos angulosos
- É o resultado da combinação de outras propriedades do material fresco tais
como plasticidade, consistência, retenção de água, massa específica, coesão
interna, adesão e velocidade de endurecimento sob sucção
- A utilização de cal repercute favoravelmente (diminui a tensão superficial da
pasta e contribui para molhar perfeitamente os agregados), devendo-se se
analisar a influência deste aglomerante nas demais propriedades
- Qualitativamente admite-se que uma argamassa tenha boa trabalhabilidade
quando :
. se deixa penetrar facilmente pela colher de pedreiro, sem ser fluida
. distribui-se facilmente ao ser assentada
. não agarra à ferramenta quando está sendo aplicada (se mantém coesa
sem aderir a colher)
. não segrega ao ser transportada
. não endurece em contato com superfícies absortivas
. permanece plástica por tempo suficiente para que seja completada a
operação
- argamassas contendo somente cimento como aglomerante, geralmente,
possuem pouca trabalhabilidade
- o acréscimo de água, até certo limite, melhora esta propriedade, porém piora
todas as outras, e deve ser sempre evitado
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- o aumento da superfície da areia (aumento do teor de finos) também


aumenta a trabalhabilidade
- para que a trabalhabilidade seja otimizada a capacidade de retenção de água
exerce grande influência
. Retenção de água
- É a capacidade da argamassa fresca em manter sua consistência ou
trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que provocam perda de água
(evaporação, sucção, absorção pelo componente)
- Sem retenção adequada de água além de não se manter plástica o tempo
suficiente para seu manuseio adequado, terá menor resistência quando
endurecida → umidade da argamassa garantida por tempo insuficiente para
as completas reações de hidratação do cimento e carbonatação da cal
- argamassas de cal tem maior capacidade de retenção da água que as de
cimento (maior finura, maior superfície específica, maior capacidade de
adsorção de suas partículas → formação de um gel na superfície das
partículas com até 100 % de água em função do volume da partícula)
- O aumento da capacidade de retenção de água pode ser conseguido com
aditivos (base celulose ou incorporadores de ar)
. Coesão
- Forças físicas de atração existentes entre as partículas sólidas da argamassa
e às ligações químicas da pasta aglomerante
. Plasticidade
- A plasticidade de um sistema é a expressão da possibilidade de uma pequena
força externa causar o deslocamento de partículas em relação a outras sem
saírem de suas esferas de atração
- Propriedade pela qual a argamassa tende a reter a deformação, após a
redução do esforço de deformação
- É influenciada pelo teor de ar, natureza e teor dos aglomerantes e pela
intensidade da mistura
. Massa específica
- Massa específica absoluta : relação entre a massa de material sólido e seu
volume (desconsiderando-se o volume de vazios)
- Massa específica aparente : idem, porém considerando-se o volume de
vazios
- Massa unitária : massa de material que ocupa um recipiente com capacidade
unitária (depende do adensamento, da forma e distribuição do tamanho das
partículas)
- Os vazios, teor de ar incorporado na argamassa, têm influência sobre a
resistência de aderência dos revestimentos
. Aderência no estado fresco
- Também conhecida como adesão inicial, depende das características de
trabalhabilidade da argamassa, bem como porosidade ou rugosidade da base
- Ocorre pela ancoragem mecânica da pasta e da argamassa aos poros e
irregularidades da base, sendo esta ancoragem função da natureza da
argamassa, da base e de fatores externos, tais como a condição de limpeza
da base
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Principais propriedades das argamassas no estado endurecido


. Resistência mecânica
- A resistência mecânica das argamassas de revestimento diz respeito à
capacidade destas argamassas resistirem às tensões de tração, compressão ou
cisalhamento às quais o revestimento pode estar sujeito
- A resistência mecânica é influenciada basicamente por :
. natureza dos aglomerantes
. natureza dos agregados
. proporção aglomerante/agregado
. relação água/cimento da mistura fresca
. técnica de execução do revestimento
- Método empírico de avaliação: risco com prego
- Ensaios internacionais: esferas de impacto, escovas elétricas de desgaste
superficial e fitas adesivas (em nenhum dos métodos são especificados valores
de referência)
. Capacidade de absorver deformações (elasticidade)
- A elasticidade é a capacidade que a argamassa apresenta em se deformar sem
que ocorra ruptura (ou através de microfissuras imperceptíveis), retornando às
suas dimensões iniciais quando cessam as solicitações que lhe são impostas
- A ocorrência de fissuras decorre da elasticidade e resistência à tração
inadequadas diante das tensões de tração resultantes da retração de secagem,
retração térmica ou ações externas ao revestimento
- O grau de fissuração é função dos seguintes parâmetros :
. teor e natureza dos aglomerantes (o aumento da finura aumenta a
trabalhabilidade e a retenção de água)
. teor e natureza dos agregados (teor adequado de finos, granulometria
contínua, proporção aglomerante/agregado adequada)
. capacidade de absorção d´água da base
. condições ambientais
. técnica de execução (grau de compactação do revestimento, momento
adequado para sarrafeamento e desempeno)
- A espera de cerca de 28 dias para aplicação de acabamento final sobre o
revestimento argamassado deve-se ao fato de neste período de secagem
acontecerem as fissuras de retração (visíveis ou imperceptíveis)
- Nos revestimentos endurecidos, a capacidade de absorver deformações depende
da resistência a tração e do módulo de deformação do revestimento :
ε = fta / Eta
onde :
ε = deformação específica
fta = limite de resistência
Eta = módulo de deformação à tração da argamassa no momento da ruptura
- Para se aumentar a capacidade dos revestimentos de absorver deformações
aumenta-se a relação fta / Eta através da diminuição de seu módulo de
deformação e por conseguinte seu limite de resistência à tração
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- Nas argamassas fracas, as ligações internas são menos resistentes e as tensões


podem ser dissipadas na forma de micro-fissuras que surgem nas interfaces
microscópicas entre os grãos do agregado e a pasta de aglomerante
- Nas argamassas fortes, com maior limite de resistência, as tensões vão se
acumulando e a ruptura ocorre na forma de fissuras macroscópicas
- A fissuração deve ser sempre evitada uma vez que a capacidade de aderência
pode ficar comprometida no entorno da região fissurada
- Além disso, as fissuras também podem comprometer a estanqueidade dos
revestimentos, sua durabilidade e o acabamento final previsto
- O Professor Abdias Magalhães Gomes, em sua tese de doutorado (1995),
apresenta uma interessante correlação entre o módulo de elasticidade dinâmico
e a resistência à tração na flexão das argamassas, apontando para a propensão à
fissuração das mesmas em função dos valores obtidos (referência: CSTB, 1982)
conforme reproduzido na tabela a seguir.

Propriedade Baixa Fissurabilidade Média Alta Fissurabilidade


Fissurabilidade
Ed
Módulo de elasticidade
Ed ≤ 7000 7000 ≤ Ed ≤ 12000 Ed ≥ 12000
dinâmico
(MPa)
Δl
l Δl < 0,7 0,7 < Δl < 1,2 Δl > 1,2
Retração l l l
(mm/m)
Ed
ft

Correlação entre Módulo de Ed ≤ 2500 2500 < Ed < 3500 Ed > 3500
ft ft ft
elasticidade dinâmico e
tração na flexão

. Permeabilidade a água
- Ligada essencialmente à estanqueidade da edificação à água, a permeabilidade é
a propriedade que caracteriza a passagem de água através da argamassa
endurecida por meio de infiltração sob pressão, capilaridade ou difusão de
vapor d´água
- Fatores que influem na permeabilidade :
. natureza da base
. traço e natureza dos materiais constituintes da argamassa
. técnica de execução
. espessura de aplicação
. acabamento final
(estes fatores em maior ou menor grau vão interferir na sua porosidade e na
capacidade de absorção de água capilar e total)
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- De modo geral as argamassas de cimento são menos permeáveis


- A permeabilidade é diretamente proporcional ao fator água/aglomerante e
inversamente proporcional à resistência do aglomerante
- A permeabilidade ao vapor d´água é uma propriedade sempre recomendável nos
revestimentos argamassados por favorecer a secagem de umidade acidental ou
de infiltração e também evitar riscos de umidade de condensação interna em
regiões de clima mais frio
. Aderência
- capacidade de absorver tensões normais e tangenciais à superfície de
interface argamassa/base
- é importante a aderência tanto da argamassa fresca como da argamassa
endurecida
- A aderência é significativamente influenciada pelas condições da base,
como a porosidade e absorção d´água, resistência mecânica, textura
superficial e pelas próprias condições de execução do assentamento de
componentes da base
- A capacidade de aderência da interface base-argamassa depende, ainda, da
capacidade de retenção de água, da consistência e do teor de ar incorporado
da argamassa
- a tabela a seguir, reproduzida da NBR 13.749 apresenta os limites de
resistência de aderência à tração (Ra), em MPa, para emboço e camada
única:

Local Acabamento Ra
Interna Pintura ou base para reboco ≥ 0,20
Parede Cerâmica ou laminado ≥ 0,30
Externa Pintura ou base para reboco ≥ 0,30
Cerâmica ≥ 0,30
Teto ≥ 0,20

. Durabilidade
- A durabilidade pode ser definida como a capacidade de manter o
desempenho de suas funções ao longo do tempo
- Depende de inúmeros fatores da etapa de projeto onde a adequação do
material é analisada e é indispensável a correta especificação do
revestimento
- Depende também da etapa de execução e também da etapa de utilização,
onde a manutenção deve ser automática e periódica
- A durabilidade não se configura como um atributo somente do material, uma
vez que uma mesma argamassa desempenhando a função de revestimento,
porém em condições de exposição distintas e aplicada em edificações com
caracterísiticas de projeto distintas, apresentará durabilidades também
distintas
- a partir da sua aplicação a argamassa pode ter sua integridade comprometida
por diversos fatores:
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. retração na secagem, penetração de água de chuva, temperaturas


excessivamente baixas, choque térmico (incêndio), etc.
- Fatores que com mais frequência comprometem a estabilidade dos
revestimentos :
. movimentações de origem térmica, higroscópica ou imposta por forças
externas promovendo fissuração, desagregação (umidade) e
descolamento dos revestimentos
. espessura excessiva dos revestimentos intensificando a movimentação
higroscópica nas primeiras idades ocasionando fissuras de retração,
comprometendo a capacidade de aderência
. técnica de execução, com revestimentos executados em múltiplas
camadas e com sarrafeamento e desempeno não realizados no momento
adequado
. incompatibilidades químicas entre os compontentes, tais como mistura
de gesso e cimento promovendo formação de etringita (estrutura que
apresenta expansibilidade indesejável), ou ainda incompatibilidade
alcalina entre a base e certos tipos de tinta causando saponificação :
manchas na superfície que provocam descascamento em tintas PVA e
retardamento indefinido da secagem de tintas à base de resinas
alquídicas (alcalinidade da cal e cimento do reboco, diante de certo grau
de umidade, reage com a acidez de alguns tipos de resina, tendo como
resultado a saponificação)
. cultura e proliferação de micro-organismos provocam manchas escuras
que ocorrem geralmente em áreas permanentemente úmidas dos
revestimentos

VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES COM ORIGEM NA VARIAÇÃO DOS


COMPONENTES (argamassa de cimento, cal e areia)

PROPRIEDADE VARIAÇÃO NA PROPORÇÃO DE


AUMENTO DE CAL NO
AGLOMERANTE
Resistência à compressão (E) Decresce
Resistência à tração (E) Decresce
Aderência (E) Decresce
Durabilidade (E) Decresce
Impermeabilidade (E) Decresce
Resistência a altas temperaturas (E) Decresce
Resistências iniciais (F) Decresce
Trabalhabilidade (F) Cresce
Retenção de água (F) Cresce
Plasticidade (F) Cresce
Elasticidade (E) Cresce
Retração na secagem (F e E) Decresce
Custo Decresce
Obs : E = estado endurecido, F = estado fresco
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No quadro anterior foi mantida constante a proporção volume de aglomerante e


agregado e a consistência. Alterando-se para mais o teor de água piora-se todas as
condições com exceção da trabalhabilidade, (até certo limite de água, que se
ultrapassado conduz a perda de trabalhabilidade)

Principais características das argamassas


. Argamassas de cal
- Compostas de cal e areia
- Desenvolve lentamente a resistência a compressão
- Os valores finais da resistência a compressão são pequenos
- São indicadas para empregos que exijam elevados graus de :
. trabalhabilidade
. plasticidade
. elasticidade
. Argamassas de cimento
- Adquirem resistências iniciais e finais bastante elevadas em comparação
com outras argamassas
- Misturas pobres não possuem trabalhabilidade adequada
- Misturas ricas causam problemas de retração indesejáveis
- São indicadas para empregos que exijam requisitos determinantes de :
. aderência
. impermeabilidade
. resistência e ou durabilidade
. adesividade (ex: assentamento azulejos)
- Em se necessitando as características de trabalhabilidade podem ser
conseguidas com o emprego de aditivos plastificantes
. Argamassas compostas de cal e cimento
- Possuem propriedades desejáveis das argamassas simples feitas com cada
material
- Apresentam bom desempenho no que se diz respeito a:
. resistência, durabilidade e aderência da argamassa endurecida
. trabalhabilidade adequada
. custo reduzido

Preparo da base para recebimento do revestimento argamassado

- Condições da alvenaria/estrutura para recebimento da argamassa de


regularização :
. remoção de materiais pulverulentos (pó, barro, fuligem) → vassoura e se
necessário lavagem.
. remoção de fungos (bolor) e microorganismos → solução de hipoclorito
de sódio (4 a 6 % de cloro) seguida de lavagem com água.
. remoção de substâncias gordurosas e eflorescências → solução de 5 a 10
% de ácido muriático seguida de lavagem com água.
. base de concreto → remoção de película de desmoldante (escova de aço e
detergente), apicoamento, remoção e/ou tratamento de pregos e arames
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(zarcão), tratamento de brocas com o próprio concreto ou argamassas com


aditivo adesivo.
- Umidecimento prévio :
. Em climas quentes e secos é importante o pré-umidecimento das
bases
. Desaconselha-se esta operação em alvenarias de blocos de concreto
(principalmente em paredes externas) que podem apresentar
consideráveis variações dimensionais por alteração do teor de umidade
. Recomenda-se a utilização de argamassas com boa capacidade de
retenção de água

Composição dos sistemas de revestimento

Base

Chapisco

Massa única

Pintura

Base
Chapisco

Emboço

Junta de
Movimentação
Argamassa colante

Junta de
Assentamento
Placa de
revestimento
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Principais argamassas preparadas no canteiro de obras


. Chapisco
- Consiste em salpicar sobre superfícies lisas ou pouco rugosas (tijolos
furados e maciços, blocos de concreto elementos estruturais de concreto
armado) uma camada irregular e descontinua de argamassa forte de cimento
e areia lavada
- Sua utilização objetiva melhorar as condições de aderência da primeira
camada do revestimento à base, em situações críticas basicamente
vinculadas a dois fatores :
. limitações na capacidade de aderência da base: superfícies muito lisas
e/ou com porosidade inadequada (ex.: concreto) e bases com
capacidade de sucção incompatíveis com uma boa aderência (ex.:
blocos de concreto com sucção muito alta ou muito baixa)
. revestimentos externos em geral, devido ao fato de estarem sujeitos a
condições de exposição mais severas, que irão provocar ações
mecânicas de maior intensidade na interface base/revestimentos e
revestimentos de teto, cuja aplicação em plano horizontal exigem uma
capacidade de aderência maior
- Recomenda-se sempre chapiscar as alvenarias externas e as superfícies de
concreto
- A decisão de chapiscar ou não as alvenarias internas deve ser tomada na fase
de projeto, após realização de ensaios e apreciação dos resultados
- Aconselha-se em regiões de clima muito seco e quente efetuar a cura do
chapisco (para se evitar a rápida evaporação da água de amassamento e
consequente enfraquecimento e perda de resistência de aderência)
- Traço → 1 x 3 (cimento e areia lavada grossa)
- Execução :
. manual → argamassa bem fluida, lançada violentamente com a colher
de pedreiro
. mecânica → máquina de chapiscar (manivela ou ar comprimido)
. rolado → argamassa com elevada fluidez, utilização de aditivo
adesivo e aplicação com rolo de espuma utilizado para texturas
acrílicas
. industrializado → aplicado com desempenadeira denteada, similar a
aplicação de argamassa colante
. Encasque
- Enchimento de depressões com material idêntico ao da alvenaria assentado
com argamassa forte de cimento e areia traço 1 : 5
- Engrossamento com argamassa → alto custo e fissuração devido a retração
- Utilização → paredes fora de prumo ou de esquadro e acentuadas
irregularidades na alvenaria
. Emboço
- É a segunda camada de revestimento que se aplica a alvenaria
- Finalidade → servir de base ao revestimento final (regularização)
- Deve ser executado após a completa solidificação das argamassas das
alvenarias e do chapisco
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- As paredes devem estar arrematadas (instalações elétricas, hidráulicas e gás


embutidas)
- Registros e válvulas com canopla devem ser posicionados segundo as
mestras
- Os marcos das portas devem estar assentados
- A presença de fissuras macroscópicas no emboço que servirá de base a
revestimentos cerâmicos deve ser sempre evitada. Estas conjugadas a
eventuais falhas destes revestimentos (nos rejuntes ou nos componentes)
podem permitir a penetração de água e consequente deterioração do
conjunto
- Exemplos de traços (práticos) :
. Industrializadas ensacadas
. 1:1:6 (cimento / cal aditivada / areia lavada média)
. 1 saco (20 kg) de pré-misturado cimento/cal aditivada : 3(externo) / 4
(interno) latas (18 litros) de areia lavada média
. 1 lata (18 litros) de cimento : 1 saco (20 kg) de filler calcário aditivado : 8
latas (18 litros) de areia lavada média
- Técnicas de execução :
. Colocação de taliscas p/ execução das mestras (mesmo prumo
afastadas de +/- 1,50 m) definindo a espessura do emboço (1,5 a 2,0
cm)
. Mestras → cantos e internas espaçadas de 2,00 a 2,50 m (linhas)
. Após a secagem das mestras faz-se o enchimento e sarrafeamento dos
espaços entre as mestras (do teto para o piso)
. Após sua projeção a argamassa deve ser apertada contra a parede
(aumenta a aderência e diminui o volume de vazios do revestimento
fresco, o que contribui para evitar fissuras de retração de secagem)
. O sarrafeamento só deve ser realizado após um certo período (na obra
diz-se que o pedreiro espera a argamassa “puxar”). O sarrafeamento
realizado com a espera de tempo inferior ao adequado após a aplicação
da argamassa resulta em fissuras provocadas pela perturbação precoce
desta argamassa
. Reboco (ou massa única)
- Camada única de argamassa aplicada sobre o chapisco, sarrafeada com
régua, alisada com desempenadeira de madeira e feltrada (espuma de
poliuretano)
- Exemplos de traços (práticos) :
. Industrializadas ensacadas
. 1:2:8 externo e 1:2:10 interno (cimento / cal aditivada / areia lavada fina)
. 1 saco (20 kg) de pré-misturado cimento/cal aditivada : 4(externo) / 5
(interno) latas (18 litros) de areia lavada fina
. 1 lata (18 litros) de cimento : 1 saco (20 kg) de filler calcário aditivado :
10 latas (18 litros) de areia lavada fina
- Execução :
. Idêntica ao emboço comum
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. Após o sarrafeamento → desempenadeira de madeira → borrifa-se


água → feltro
. A aplicação da desempenadeira de madeira deve ser realizada após
um intervalo de tempo mínimo (verificado pelo pedreiro na obra no
momento em que pressiona com o polegar a superfície do revestimento
e este não afunda). A operação de desempeno promove fluxo de pasta
para a superfície para que os grãos do agregado fiquem envoltos pela
mesma (aumenta a resistência mecânica da superfície)
. Após o desempeno, procede-se a operação de feltramento ou
camurçamento, que consiste na operação de fricção da superfície do
revestimento, com espuma de poliuretano (esponja) ou desempenadeira
de espuma, através de movimentos circulares de modo a retirar o
excesso de pasta surgido na operação de desempeno e a deslocar os
grãos de agregado, preenchendo-se e/ou alisando-se pequenas
irregularidades, até a obtenção de uma textura final homogênea com o
mínimo de vazios (“camurçada”). Durante o camurçamento pode-se
umidecer a superfície ou a espuma com nata de argamassa para o
preenchimento dos vazios e melhor homogeneização da textura
camurçada
. Espessuras maior que 30 mm e menor que 50 mm → chapar a
argamassa de duas vezes, só sarrafeando e desempenando a 2a.
camada. Para espessuras acima de 50 mm deve-se proceder o encasque
(no caso de fachadas deve-se realizar projeto do revestimento
utilizando-se tela eletro-soldada fixadas mecanicamente à pólvora)
- O reboco (ou massa única) é que confere a textura superficial final aos
revestimentos, sendo a pintura, em geral, aplicada diretamente sobre o
mesmo. Portanto, não deve apresentar fissuras, principalmente em
aplicações externas. Para isto, a argamassa deverá apresentar elevada
capacidade de deformação plástica
- Mesmo o aparecimento de pequenas fissuras (que em situação de solicitação
menos intensa podem não representar prejuízo), no revestimento externo
representam um ponto crítico. Havendo um ciclo contínuo de expansão e
retração termo-higroscópica da vedação, poderá ocorrer a abertura daquelas
fissuras, rompendo a película da pintura e comprometendo a durabilidade do
sistema
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. Principais normas brasileiras


- NBR 7.200 – Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas - Procedimento
- NBR 13.749 - Revestimentos de paredes e tetos de argamassas inorgânicas –
Especificação (a seguir resumo dos principais itens)
- Espessuras admissíveis dos revestimentos internos e externos

Revestimento Espessura (mm)


Parede interna 5 ≤ e ≤ 20
Parede externa 20 ≤ e ≤ 30
Tetos interno e externo e ≤ 20

- Prumo
. dprumo ≤ H/900, onde H = altura da parede (m)
- Nivelamento
. dnível ≤ L/900, onde L = comprimento do maior vão do teto (m)
- Planeza
. as ondulações ao devem superar 3 mm em relação a uma régua de 2 m
de comprimento. As irregularidades abruptas não devem superar 2 mm
em relação a uma régua com 20 cm de comprimento
- Aderência
. Ensaio de percussão (avaliar 1 m2 a cada 50 m2 de teto e a cada 100
m2 de parede)
. Os revestimentos que apresentarem som cavo nesta inspeção, por
amostragem, deverão ser integralmente percutidos
. Ensaio de resistência de aderência à tração (conforme NBR 13.528),
em pontos escolhidos aleatoriamente ou a cada 100 m2 ou menos da
área suspeita. O revestimento será aceito se de cada grupo de 06
ensaios realizados (com idade igual ou superior a 28 dias) pelo menos
quatro valores forem iguais ou superiores aos mínimos exigidos (ver
quadro apresentado anteriormente no item aderência)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Revestimento de


paredes e tetos com argamassas - Materiais, preparo, aplicação e
manutenção - NBR 7200/98.
2) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Revestimento de
paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Especificação – NBR
13749/1996.
3) CARVALHO JR., Antônio Neves. Notas de aula de TECNOLOGIA DAS
EDIFICAÇÕES III. Belo Horizonte. MG, 2000.
4) CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECHINIQUE DU BÂTIMENT (CSTB) –
Modalités d´essais dês enduits extérieurs d´imperméabilisation de mur à
base de liants hydrauliques. Cahier n° 1779, 1982. apud GOMES, A. M.,
Caracterização de argamassas tradicionais utilizadas nos revestimentos
exteriores dos edifícios. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Instituto
Superior Técnico (IST), 1995. 269p. (Tese, Doutorado em Engenharia Civil).
5) CINCOTTO, Maria Alba et al. Argamassas de revestimento : características,
propriedades e métodos de ensaio. São Paulo. SP. Instituto de Pesquisas
Tecnológicas, 1995.
6) Convênio EPUSP – ENCOL. PROJETO EP/EN-1. Recomendações para
Execução de Revestimentos de Argamassas para Paredes de Vedação e
Tetos. Desenvolvimento Tecnológico de Métodos Construtivos para Alvenarias
e Revestimentos, São Paulo. SP, 1988.
7) FIORITO, A. J. S. I. Manual de argamassas e revestimentos; estudos e
procedimentos de execução. 1.ed. São Paulo: Editora Pini, 1994. 221p.
8) GOMES, A. M., Caracterização de argamassas tradicionais utilizadas nos
revestimentos exteriores dos edifícios. Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa
– Instituto Superior Técnico (IST), 1995. 269p. (Tese, Doutorado em Engenharia
Civil).
9) NASCIMENTO, Otávio Luiz, et al. Projeto argamassa. Belo Horizonte, 1996.
10) PIROLI, Ênio. Revestimento de Paredes e Pisos. Notas de Aula. Fundação
Christiano Ottoni. Belo Horizonte, 1981.
11) SABBATINI, Fernando Henrique. Argamassas - Notas de Aula. USP. São
Paulo.

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