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Aula de Câncer na Infância em PDF

Profª Paula Henriques Blaskievicz

Doenças Neoplásicas
o As doenças neoplásicas são a causa principal de morte em crianças após a infância
e constituem quase a metade de todos os cânceres da infância que envolve
sangue ou órgãos formadores de sangue.
o A leucemia, câncer dos tecidos formadores de sangue, é a forma mais comum de
câncer infantil.
o A incidência atual é de 3 a 4 casos para 100.000 crianças com menos de 15 anos
de idade.
o A doença é mais comum no sexo masculino com pico entre 2 a 5 anos de idade.
o A taxa de sobrevivência dessa doença é próxima de 80% na leucemia linfoide
aguda enquanto que na leucemia não-linfoide aguda tem aproximadamente 50%
na taxa de sobrevivência.
Classificação das Leucemias
o São chamadas de Leucemias, as neoplasias tanto linfoides como mieloides,
quando se originam ou precocemente disseminam-se na medula óssea e, de
modo sistemático ou usual, invadem o sangue periférico.
o Leucemia é o termo amplo dado a um grupo de doenças malignas da medula
óssea e do sistema linfático.
o A Leucemia é uma doença maligna que acomete os leucócitos, é um dos tipos de
câncer mais raro e é caracterizada pela proliferação anormal de células blásticas
da linhagem mielócitica ou linfócitica na medula óssea e no sangue periférico que
tedem a substituir as células leucocitárias normais, e a sua etiologia é
desconhecida.
o A Leucemia Aguda (LA) pode ter origem linfoide (LLA) ou mieloide (LMA).
o Na infância predomina a LLA (85% dos casos).
o Em relação às leucemias linfoides e mieloides, ambas são agressivas e de
progressão rápida, em decorrência destes fatores é necessário que seja feito o
diagnóstico precoce a fim de agilizar o tratamento, evitando agravos que
apresentem risco iminente de vida ao paciente.
o As Leucemias são classificadas em Agudas e Crônicas, no grupo das agudas
encontra-se a linfoblástica e a mieloblástica.
o Esta diferenciação ocorre pelo tipo de células que se multiplicam em cada grupo.
o Nas leucemias agudas, a proliferação faz-se a partir de células primitivas da
mielopoese ou de precursores linfoides, que perdem a capacidade maturativa; a
expansão dos clones é rápida e causa insuficiência hematopoiética fatal se não
for contida pelo tratamento.
o Em todos os tipos de leucemia, as células em proliferação deprimem a produção
dos elementos formadores do sangue na medula óssea através da competição e
privação das células normais pelos nutrientes essenciais para o metabolismo.
Sinais e Sintomas da Leucemia Linfoide Aguda
o Os sinais e sintomas estão relacionados à intensidade do comprometimento
medular pelas células leucêmicas e com grau de extensão extramedular da
doença.
o Como consequência da anemia: palidez, fadiga e mal-estar;
o Como consequência da neutropenia: febre, infecções recorrentes (otite média,
sinusites e infecções do trato respiratório);
o Como consequência da trombocitopenia : petéquias, esquimoses, hematomas,
sangramento nasal ou gengival;
o A infiltração linfoblástica no periósteo: ocasionará dores ósseas e/ou articulares;
o A infiltração linfoblástica em órgãos e tecidos retículo-endoteliais: acarretará
aumento de linfondos cervicais, axilares e/ou inguinais e hepatoesplenomegalia.
o A infiltração leucêmica do SNC ocasionará cefaleia, geralmente acompanhada de
vômitos e rigidez na nuca ou, ainda paralisia dos nervos cranianos.

o A invasão da medula óssea com células leucêmicas gradualmente causa


enfraquecimento ósseo e uma tendência a fraturas.
o A medida que as células leucêmicas invadem o periósteo, aumenta a pressão e
causa dor intensa.
o O baço, o fígado, e glândulas linfáticas demonstram infiltração marcada,
alargamento e eventualmente fibrose.
o A hepatoesplenomegalia é tipicamente mais comum do que a linfadenopatia.
o As células leucêmicas podem atingir o SNC secundário que pode causar pressão
intracraniana.
o As células leucêmicas também podem invadir os testículos, rins, próstata, ovários,
trato gastrointestinal e pulmões.
Avaliação Diagnóstica
o Usualmente suspeita-se de leucemia com base na história, manifestações físicas
e aumento de formas imaturas de leucócitos no sangue periférico,
frequentemente combinados com baixas contagens sanguíneas.
o O diagnóstico definitivo é baseado na citometria de fluxo das células obtidas por
aspiração da medula óssea ou biópsia.
o A citometria de fluxo identifica o tipo específico de blastócitos.
o Tipicamente, a medula óssea é hipercelular, com blastócitos primários.
o Depois que o diagnóstico é confirmado, uma punção lombar é realizada para
determinar se existe algum envolvimento do SNC.
o Poucas crianças terão envolvimento do SNC no diagnóstico, embora a maioria seja
assintomática.
Conduta terapêutica
o O tratamento da leucemia envolve o uso de agentes quimioterápicos, com ou sem
irradiação craniana, em quatro fases:
▪ Terapia de indução, que alcança a remissão completa ou menos de 5% de células
leucêmicas na medula óssea.
▪ Terapia profilática do SNC, que previne a invasão do SNC por células leucêmicas.
▪ Terapia de intensificação (consolidação), que erradica as células leucêmicas
residuais, seguido por intensificação retardada, que previne o surgimento de
clones de células leucêmicas resistentes; e
▪ Terapia de Manutenção, que serve para manter a fase de remissão, embora a
combinação de medicamentos e radiação possa variar de acordo com as
instituições, o prognóstico ou as características de risco da criança, e o tipo de
leucemia sendo tratada.
Transplante de Medula Óssea
o O TMO tem sido bem sucedido no tratamento de crianças que têm LLA e LMA.
o O TMO não é recomendado para crianças com LLA durante a primeira remissão
devido aos excelentes resultados possíveis com a quimioterapia.
o Por causa do mau prognóstico em crianças com LMA, o TMO pode ser
considerado durante a primeira remissão quando um doador adequado está
disponível.
Tumores do Sistema Nervoso Central
o Os tumores do sistema nervoso central (SNC) são os mais frequente grupo de
neoplasias sólidas na infância, representando de 15 a 20% de todos os cânceres
pediátricos.
o Em relação à faixa etária, 80% desses tumores ocorrem nos primeiros 10 anos de
vida, sugerindo-se que o risco diminui com o avançar da idade.
Manifestações clínicas dos Tumores do Sistema Nervoso Central
o São geralmente inespecíficas, levando a um intervalo sintomático pré diagnóstico
de aproximadamente seis meses.
o Os principais sintomas são: cefaleia matutina e progressiva, vômitos em jato e não
acompanhados de náuseas, alterações de comportamento que podem ser
intermitentes ou progressivas, ou definidas ainda como um quadro de letargia ou
depressão.
o Estrabismo e convulsões que podem ser generalizadas ou focais são decorrentes
do aumento da pressão intracraniana causada pela compressão do tumor a
estruturas adjacentes ou secundárias à hidrocefalia.
Tipos de Tumores do Sistema Nervoso Central
o Astrocitomas
o Meduloblastoma
o Epindimoma
Neuroblastoma
o É o tumor embrionário mais comum da criança, manifestando-se antes dos 5
anos.

o Origina-se no sistema nervoso simpático ou na medula adrenal e é constituído


principalmente por neuroblastos primitivos.
o Sua localização no tronco simpático lombar ou na glândula adrenal ocorre em 2/3
dos casos, e no terço restante em outras regiões da ceia ganglionar simpática
(cervical, torácica e sacral).
Sinais e Sintomas do Neuroblastoma
o Os sinais e sintomas dependem de sua localização e da presença de metástases.
o Os locais mais acometidos pelo tumor são abdome (região medular da supra-
renal, seguido de cadeia simpática paravertebral), mediastino, pescoço e pélvis.
o O neuroblastoma apresenta-se na maioria das vezes como uma massa abdominal
endurecida, sem limites precisos, irregular, fixa, que geralmente ultrapassa linha
média.
o Ocasionalmente, os pacientes apresentam hipertensão arterial, taquicardia,
sudorese, irritabilidade e rubor facial relacionados à produção de catecolaminas
(marcadores tumorais) pelo tumor.
Diagnóstico do Neuroblastoma
o O diagnóstico definitivo é feito por meio da biópsia do local suspeito com exame
anatomopatológico, mensuração dos níveis de marcadores, além da biópsia da
medula óssea.
Tratamento do Neuroblastoma
o Poderá ser expectante (estádio 4S, no qual o tumor primário com disseminação
restrita ao fígado, pele e/ou medula óssea pode regredir espontaneamente),
cirúrgico (nos tumores localizados e ressecáveis) ou por meio de quimioterapia e
radioterapia.

Retinoblastoma
o É o tumor intra-ocular maligno mais frequente na infância, originando-se das
células neurais embrionárias da retina.
o Aproximadamente 80% dos casos ocorrem antes dos 4 anos de idade, e os
tumores bilaterais são diagnosticados mais precocemente.
Sinais e Sintomas do Retinoblastoma
o Os sinais e sintomas do retinoblastoma dependem do seu tamanho e da sua
localização, sendo a leucorcoria, que é o reflexo pupilar branco (“olho de gato”),
o mais comum e geralmente percebido pelos pais em fotografias ou quando da
incidência da luz nos olhos do paciente

o Podem aparecer ainda o estrabismo, a vermelhidão dos olhos, a inflamação da


órbita, a perda da visão e o glaucoma secundário.
Diagnóstico do Retinoblastoma
o O diagnóstico é realizado por meio da oftalmoscopia direta e, feito precocemente
possibilita o tratamento com intenção curativa.
o Os objetivos do tratamento dos pacientes portadores de retinoblastoma são a
preservação da vida e conservação da visão.
Tratamento do Retinoblastoma
o Esses paciente, são submetidos a tratamento local e sistêmico combinado por
meio da quimiorredução do tumor, acompanhados de tratamento conservador
com fotocoagulação, crioterapia, braquiterapia e radioterapia de feixe externo.
Diagnósticos de Enfermagem de acordo com a taxonomia da NANDA
o Diagnóstico 1: Risco de Infecção, devido à alteração no sistema imunológico
secundária à própria doença, à quimioterapia, radioterapia e a procedimentos
invasivos (diagnósticos e terapêuticos.
o Diagnóstico 2: Risco de lesão, devido às tendências hemorrágicas
(trombocitopenia), fraqueza, deterioração sensório-perceptiva e/ou
musculoesquelética (neurotoxidade) secundária, quimioterapia e radioterapia.
o 3. Risco de volume de líquidos deficiente, devido às perdas de líquidos
gastrintestinais secundárias aos vômitos, diarreia e ingestão diminuída devido à
mucosite.
o 4. Risco de integridade da pele prejudicada, devido à diarreia persistente,
desnutrição, fadiga, radioterapia e quimioterapia.
o 5. Mucosa oral prejudicada, relacionada ao ressecamento e dano às células
epiteliais secundários à quimioterapia (mucosite) e a infecções (por
imunossupressão e alteração no estado nutricional e/ou hidratação.
o 6. Diarreia, relacionada ao dano às células da mucosa intestinal, à inflamação e
maior motilidade intestinal secundário à doença, quimioterapia, radioterapia e a
medicamentos.
o 7. Risco de constipação, devido à disfunção do sistema nervoso autônomo pela
administração de alcaloides da vinca (como a vincristina e vimblastina), ao uso de
opióides, à inatividade e ingestão dietética pobre em fibras.
o 8. Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais, relacionada
à anorexia, a mudanças no paladar, à mucosite, à fadiga, a náuseas e vômitos
persistentes e ao aumento no metabolismo.
o 9. Dor crônica, relacionada à compressão de estruturas pelo aumento dos tecidos
neoformados.
o 10. Mobilidade física prejudicada, relacionada à dor, fadiga, fraqueza, perda de
integridade de estruturas ósseas e musculares.
o 11. Fadiga, relacionada aos efeitos de anemia, desnutrição, vômitos e diarreia
persistentes, esforço físico aumentado e distúrbios no padrão do sono.
o 12. Perfusão tissular cerebral ineficaz, relacionada a sangramentos intracranianos
(por plaquetopenia), à anemia e edema cerebral (secundário a presença de tumor
do SNC ou efeito da radioterapia e cirurgia).
o 13. Ansiedade, relacionada ao ambiente hospitalar desconhecido, à incerteza dos
resultados e diagnóstico, aos sentimentos de impotência e desesperança e
conhecimento insuficiente sobre o câncer.
o 14. Baixa auto-estima crônica, relacionada às mudanças corporais e no estilo de
vida.
o 15. Atraso no crescimento e desenvolvimento, relacionado à deficiência de
estimulação (hospitalização, separação de pessoas significativas, interrupção das
atividades escolares etc.), dependência e superproteção dos pais.
Referências
o Almeida, F. A. e Sabatés, A. L. Enfermagem pediátrica: a criança, o adolescente e
sua família no hospital. Ed. Manole, Barueri, São Paulo,2008.
o NANDA, Diagnóstico de Enfermagem NANDA, Definições e classificações, 2015-
2017; Trad. Garcez, R.M, Porto Alegre: Artmed, 2015.
o Wilson D. e Hockenberry M.J. Wong – Manual Clínico de Enfermagem Pediátrica.
8ª edição, editora Elsevier, São Paulo SP, 2012.

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