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Ética Cidadania e Moral

ADMINISTRACAO

A má distribuição de renda é um dos aspectos que devem ser lembrados


quando ética, cidadania e moral forem conceituadas e refletidas. Moral seria a
regra de conduta, a distinção que se faz entre o que é bom ou ruim para nós e
aos outros. Normalmente popularizado na assertiva cristã “fazer aos outros
somente o que queremos que nos façam”. A ética, estudos filosóficos dos
valores e da conduta moral, busca tratar de questões relevantes, como: o que é
a vida boa para os homens? E como deveríamos nos comportar?

Já a ética e a moral é o comportamento que assumimos perante os demais, o


padrão de comportamento e valores que presidem nossa prática, a ciência que
tenciona alcançar o puro e simples bem-estar do homem, tendo por objetivo a
perfeição dele através de sua livre ação.

Proposta para Diálogo:


- Ética, trabalho e cidadania;
- Ética, política e outra globalização;
- Ética e cidadania: a busca de novos valores humanos;
- Questões específicas no processo de mundialização;
- Dimensão ética na empresa;
- Ética profissional;
- Poder e responsabilidade ética na gestão do conhecimento.
Ética Pessoal
Ethos – ética, em grego – designa a morada humana. O ser humano separa
uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, construir um abrigo
protetor e permanente. A ética, como morada humana, não é algo pronto e
construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a
casa que construiu para si. Ética significa, segundo Leonardo Boff (2007), “tudo
aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia
saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e
espiritualmente fecunda”.

Questionamentos Sobre Ética


A) O que é ética?
A ética não se confunde com a moral. A moral é a regulação dos valores e
comportamentos considerados legítimos por uma determinada sociedade, um
povo, uma religião, certa tradição cultural, etc. Há morais específicas, também,
em grupos sociais mais restritos: uma instituição, um partido político. Há,
portanto, muitas e diversas morais. Isto significa dizer que uma moral é um
fenômeno social particular, que não tem compromisso com a universalidade,
isto é, com o que é válido e de direito para todos os homens. Exceto quando
atacada: justifica-se dizendo-se universal, supostamente válida para todos.

Mas, então, todas e quaisquer normas morais são legítimas? Não deveria
existir alguma forma de julgamento da validade das morais? Existe, e essa
forma é o que chamamos de ética. A ética é uma reflexão crítica sobre a
moralidade. Mas ela não é puramente teoria.
A ética é um conjunto de princípios e disposições voltados para a ação,
historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as ações humanas. A ética
existe como uma referência para os seres humanos em sociedade, de modo tal
que a sociedade possa se tornar cada vez mais humana.

A ética pode e deve ser incorporada pelos indivíduos, sob a forma de uma
atitude diante da vida cotidiana, capaz de julgar criticamente os apelos críticos
da moral vigente. Mas, a ética, tanto quanto a moral, não é um conjunto de
verdades fixas, imutáveis. A ética se move, historicamente, se amplia e se
adensa. Para entendermos como isso acontece na história da humanidade,
basta lembrarmos que, um dia, a escravidão foi considerada “natural”. Entre a
moral e a ética há uma tensão permanente: a ação moral busca uma
compreensão e uma justificação crítica universal, e a ética, por sua vez, exerce
uma permanente vigilância crítica sobre a moral, para reforçá-la ou transformá-
la.

B) Por que a ética é necessária e importante?


A ética tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da
humanidade. Sem ética, ou seja, sem a referência a princípios humanitários
fundamentais comuns a todos os povos, nações, religiões etc., a humanidade
já teria se despedaçado até à autodestruição. Também é verdade que a ética
não garante o progresso moral da humanidade. O fato de que os seres
humanos são capazes de concordar minimamente entre si sobre princípios
como justiça, igualdade de direitos, dignidade da pessoa humana, cidadania
plena, solidariedade etc., cria chances para que esses princípios possam vir a
ser postos em prática, mas não garante o seu cumprimento.

As nações do mundo já entraram em acordo em torno de muitos desses


princípios. A “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, pela ONU (1948), é
uma demonstração de o quanto a ética é necessária e importante. Mas a ética
não basta como teoria, nem como princípios gerais acordados pelas nações,
povos, religiões etc. Nem basta que as Constituições dos países reproduzam
esses princípios (como a Constituição Brasileira o fez, em 1988).

É preciso que cada cidadão e cidadã incorporem esses princípios como uma
atitude prática diante da vida cotidiana, de modo a pautar por eles seu
comportamento. Isso traz uma consequência inevitável: frequentemente o
exercício pleno da cidadania (ética) entra em colisão frontal com a moral
vigente... Até porque, a moral vigente, sob pressão dos interesses econômicos
e de mercado, está sujeita a constantes e graves degenerações.

C) Por que se fala tanto em ética hoje no Brasil?


Não só no Brasil se fala muito em ética, hoje. Mas, temos motivos de sobra
para nos preocuparmos com a ética no Brasil. O fato é que, em nosso país,
assistimos a uma degradação moral acelerada, principalmente na política. Ou
será que essa baixeza moral sempre existiu? Será que hoje ela está apenas
vindo a público? Uma ou outra razão, ou ambas, combinadas, são motivos
suficientes para uma reação ética dos cidadãos conscientes de sua cidadania.

O tipo de desenvolvimento econômico vigente no Brasil tem gerado, estrutural


e sistematicamente, situações práticas contrárias aos princípios éticos: gera
desigualdades crescentes, injustiças, rompe laços de solidariedade, reduz ou
extingue direito, lança populações inteiras a condições de vida cada vez mais
indignas. E, tudo isso, convive com situações escandalosas, como o
enriquecimento ilícito de alguns, a impunidade de outros, a prosperidade da
hipocrisia política de muitos etc. Afinal, a hipocrisia será de todos se todos não
reagirem eticamente para fazer valer plenamente os direitos civis, políticos e
sociais proclamados por nossa Constituição:

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: construir


uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (Art. 3º da
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988).

Visitando um antigo cemitério, impressionou-me a inscrição, na lápide de uma


mulher, de um epitáfio colocado por sua família. Dizia: ‘Ela fez o que pôde’.
Acho que não existe melhor resumo para uma vida bem vivida, uma vida
eticamente vivida. Ela fez o que pôde. Mais não fez, porque mais não podia
fazer. Mas, e principalmente, isso: não fez menos do que podia fazer. Com o
quê, ganhou o respeito, a admiração e afeto de sua família e, certamente, de
muitas outras pessoas. Somos éticos quando fazemos, pelos outros, tudo o
que podemos fazer tudo o que está ao nosso alcance. Ética é isso, é a prática
do bem até o limite de nossas forças. Quando atingimos esse limite, temos a
satisfação do dever cumprido. Que é a primeira condição para chegarmos à
felicidade.

D) Por que e a quem a falta de ética prejudica?


A falta de ética mais prejudica a quem tem menos poder (menos poder
econômico, menos poder cultural, menos poder político). A transgressão aos
princípios éticos acontece sempre que há desigualdade e injustiças na forma
de exercer o poder. Isso acentua ainda mais a desigualdade e a injustiça. A
falta ou a quebra da ética significa a vitória da injustiça, da desigualdade, da
indignidade, da discriminação. Os mais prejudicados são os mais pobres, os
excluídos.

A falta de ética prejudica o doente que compra remédios caros e falsos;


prejudica a mulher, o idoso, o negro, o índio, recusados no mercado de
trabalho ou nas oportunidades culturais; prejudica o trabalhador que tentar a
vida política; prejudica os analfabetos no acesso aos bens econômicos e
culturais; prejudica as pessoas com necessidades especiais (físicas ou
mentais) a usufruir da vida social; prejudica com a discriminação e a
humilhação os que não fazem a opção sexual esperada e induzida pela moral
dominante etc.

A atitude ética, ao contrário, é includente, tolerante e solidária: não apenas


aceita, mas também valoriza e reforça a pluralidade e a diversidade, porque
plural e diversa é a condição humana. A falta de ética instaura um estado de
guerra e de desagregação, pela exclusão. A falta de ética ameaça a
humanidade.

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