O nome da cidade (Rio de Janeiro) foi dado em razão dos navegadores
portugueses terem avistado a Baía de Guanabara, no dia 1º de janeiro de 1502 e por acreditarem que se tratava da foz de um grande rio (na verdade era a Baía da Guanabara). A fundação da cidade, no entanto, foi no dia 1° de março de 1565, por Estácio de Sá, sobrinho do terceiro governador-geral do Brasil, Mém de Sá. O objetivo principal para a sua fundação foi dar início ao processo de expulsão dos franceses que encontravam na região há dez anos. Em homenagem ao Rei de Portugal, da época, D. Sebastião, a cidade foi batizada com o nome de Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Após a morte de Estácio de Sá, em 20 de fevereiro de 1567, em conseqüência de uma infecção no rosto provocada por uma flecha envenenada, que o feriu durante os combates à expulsão dos franceses, seu tio Mém de Sá transferiu a cidade da área da Urca para o Morro do Castelo com o objetivo de melhor defender a cidade de ataques. Em seguida, o governo do Rio de Janeiro passou para outro sobrinho, Salvador Correia de Sá. Em 1763, ou seja, cento e noventa anos depois de sua fundação, a cidade do Rio de Janeiro se tornou a capital do Brasil (Salvador foi a primeira), mantendo- se como Distrito Federal até 1960 (197 anos depois), quando Brasília foi inaugurada e se tornou a capital do país (a atual e única capital planejada).
Chegada da Família Real
No dia 7 de março de 1808, a família Real Portuguesa se transferiu para o Rio
de Janeiro, fugindo da invasão das tropas napoleônicas em Portugal. A população na cidade era estimada em 50 mil habitantes. Mediante à transferência da Família Real, no período compreendido de 1808 a 1815, a cidade foi a capital do Reino de Portugal e dos Algarves, como era oficialmente designado Portugal, na época. Isso fez do Rio de Janeiro o principal porto brasileiro, tendo em vista vários tratados comerciais assinados com a Inglaterra nesse período. No ano de 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido, com a coroação do Príncipe Regente D. João VI como Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, fato histórico de grande relevância não só em termos do Rio de Janeiro (cidade e estado), como também no cenário nacional. A cidade sediou o Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves até abril de 1821, quando Dom João VI, com mais 4 mil pessoas, retornou a Portugal. A partir do século XVIII, a economia da cidade foi impulsionada pela sucessão dos chamados ciclos econômicos (atividades agrárias monocultoras e extrativistas), como os ciclos da cana de açúcar, do ouro e do café.
Rio no Brasil República
A promoção de reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro tornou-se
um dos objetivos do governo republicano instaurado em 1889, tendo em vista o que isso poderia representar para a imagem do novo regime. Nesse contexto de projeto de modernização da capital da República brasileira, imprimindo sobre ela as marcas e símbolos do progresso, uma série de reformas urbana e sanitária foram promovidas na cidade do Rio de Janeiro, durante a gestão do prefeito Pereira Passos entre 1902 e 1906. Entre as ações promovidas, estavam intervenções urbanísticas e arquitetônicas em áreas de ocupação mais antigas, como aquelas que se situavam no entorno da área portuária. A abertura da avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, foi a grande vitrine das reformas promovidas por Pereira Passos, tornando-se uma das imagens símbolo da cidade-capital republicana e moderna, presente em muitos cartões postais. A via, inspirada nos boulevards parisienses, conectava pontos estratégicos da cidade, cortando trechos, demolindo construções que ainda representavam vestígios da cidade colonial e imperial. Esse conjunto de desapropriações e demolições de moradias populares e coletivas, conhecido como “bota-abaixo”, criou quadro propício para insatisfações e conflitos sociais, como, por exemplo, o episódio da Revolta da Vacina, em novembro de 1904. A reconstrução do Palácio Monroe no final da Avenida Central, em 1906, representou mais uma intervenção no espaço da cidade simbolizadora do progresso em curso. O palácio foi construído originalmente para ser o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Saint Louis, nos EUA, em 1904, e veio a ser remontado no Rio, sediando a Terceira Conferência Pan-americana. Hoje já não mais existente, demolido em função de obras do metro. Além das conhecidas obras e ações de saneamento promovidas pelo prefeito Pereira Passos, outras intervenções vieram a ser realizadas, dando continuidade a tais iniciativas. Dentre elas, destaca-se, por exemplo, o arrasamento do Morro do Castelo, obra finalizada na gestão de Carlos Sampaio, que simbolizou, de acordo com os testemunhos de época, o coroamento da modernidade, do asseio, do progresso. A demolição do Morro do Castelo (1922-1930), local de fundação da cidade do Rio de Janeiro, foi uma das obras mais polêmicas da cidade do Rio de Janeiro. O prefeito Carlos Sampaio, baseado em diversos laudos técnicos, afirmava que a demolição do morro era necessária para melhorar a circulação de ar e as condições de saúde pública no centro da cidade. Porém esse “saneamento” incluía também o expurgo dos habitantes e dos usos indesejáveis (para a elite nacional) naquele espaço. O material da demolição do morro serviu para aterrar diversas áreas as margens da Baía da Guanabara no centro da cidade e bairros próximos como a Glória e o Aterro do Flamengo. Em seu lugar surgiram as avenidas Presidente Antônio Carlos, Churchill, Franklin Roosevelt, Presidente Wilson, Marechal Câmara, Graça Aranha e Almirante Barroso. Em 1926 iniciava-se a obra do Cristo Redentor, cuja montagem durou cinco anos, sendo finalizada em 1931. Hoje o monumento é um importante símbolo da cidade, com grande apelo turístico. Em 2007, o Cristo Redentor foi eleito como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo, com mais de 100 milhões de votos. Outro símbolo da cidade que surgiu nessa época e resistiu ao tempo foi a marchinha “Cidade Maravilhosa”. Gravada em 1934, mas inscrita em um concurso de marchas para o carnaval de 1935, “Cidade Maravilhosa” foi proclamado hino oficial da cidade do Rio de Janeiro em 1960. A canção se caracteriza pelo tom ufanista na alusão aos muitos encantos da então capital do país, singularizando sua identidade local, enaltecendo assim sua importância e referencialidade para o país e para o exterior. Durante a gestão do prefeito Henrique Dodsworth (1937 a 1945), no governo da então capital federal, no Estado Novo, a cidade do Rio de Janeiro foi alvo de reformas urbanas voltadas, entre outros aspectos, para a ampliação e modernização de vias de circulação rodoviária, com o objetivo de facilitar comunicações entre as zonas centrais e periféricas do município. Entre as obras que se enquadraram nessa proposta, incluíram-se a construção da avenida Presidente Vargas, conectando a atual avenida Rio Branco e área do porto à Praça Onze e a construção da avenida Brasil. A cidade do Rio de Janeiro, a partir da década de 1950, passou por processo de metropolização que alterou bastante sua paisagem natural. A região portuária e suas adjacências sofreram mudanças associadas principalmente à criação de estruturas viárias adaptadas ao aumento do volume de tráfico de veículos automotivos, como, por exemplo, a obra que construiu o viaduto da Perimetral (recentemente derrubado para revitalizar a área portuária carioca, remodelando a paisagem e reestruturando os canais viários).
Rio nos Governos Militares
No contexto de grandes obras que celebrizaram ações dos governos
militares (1964-1985), a construção da Ponte Rio-Niterói foi símbolo do progresso e da modernização em curso na época. Construída para promover a integração rodoviária, ligando dois trechos da rodovia federal BR-101, começou a ser erguida em dezembro de 1968, nove dias antes da edição do AI-5, e só foi concluída no dia 4 de março de 1974. Como o crescimento do Rio de Janeiro foi acompanhado pela expansão de áreas municipais contíguas, situadas no entorno da Baía de Guanabara, a Ponte Rio-Niterói beneficiou muito as conexões entre os municípios que interligava. Mas sua importância não é apenas regional. A Ponte também é estratégica por ligar dois trechos da BR-101. Essa rodovia federal foi construída aos poucos a partir da década de 1950 e hoje percorre o extenso litoral brasileiro, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul.
Rio atual
Consagrada com o título de Paisagem Cultural Urbana em 2012, o Rio
de Janeiro se tornou a primeira cidade do mundo a receber o referido título da UNESCO de Patrimônio Mundial, tendo os seguintes locais selecionados e destinados à preservação da sua paisagem cultural: Pão de Açúcar, Corcovado, Floresta da Tijuca, Aterro do Flamengo, Jardim Botânico, a Praia de Copacabana, a entrada da Baía de Guanabara, os fortes do Leme e de Copacabana, o Arpoador, a enseada de Botafogo e o Morro do Leme. O crescimento urbano da cidade do Rio de Janeiro, ao longo de sua história, sempre esteve associado à intervenção no meio natural. As formas de intervenção alternaram-se e, na atualidade, têm sido cada vez mais condicionadas pelos debates acerca das políticas ambientais e do princípio da sustentabilidade. A elevação da cidade a Patrimônio Mundial na categoria paisagem cultural acentua a necessidade de ações direcionadas para a criação e a preservação da harmonia entre ocupação humana e uso da natureza. Como exemplo dessa mudança de mentalidade, temos que hoje o município possui uma árvore-símbolo, escolhida em junho de 2008 após processo de votação. Trata-se da Cariniana ianerensis, nome científico do Jequitibá-açu, considerada um das árvores mais imponentes da Mata Atlântica. Tipicamente carioca e em risco de extinção, o Jequitibá-açu é muito empregado em projetos de reflorestamento e de arborização de vias públicas, pela própria Prefeitura do Rio, a fim de propagar a espécie e garantir a sobrevivência da mesma.