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CIÊNCIAS SOCIAIS
MARCELO ALARIO ENNES
CÍCERO LIMA JÚNIOR
juniorjuniorlima5@gmail.com
REFERÊNCIA
DURKHEIM, Èmile. Educação como processo socializador: função homogeneizadora e
função diferenciadora. In:_____. Educação e Sociologia. 4. ed. São Paulo: Edições
Melhoramentos, 1955. p. 01-14.
IDEIA GERAL
A educação, desde o surgimento do homem primitivo, sofreu constantes mudanças
advindas das formas como o indivíduo se relaciona com o próximo e o mundo. Isso diz
respeito aos níveis de complexidades que a educação alcançou, ao servi como objeto de
estudo sociológico na busca de entender os porquês de cada sociedade possuir
determinantes que condicionam o indivíduo a ser educado e, torná-lo membro desse
meio. Por sua vez, a educação é um divisor de águas que diferencia uma sociedade da
outra, que cria no seu indivíduo uma identidade de autopertencimento e insere-o no
mundo familiar. Desta forma, o principal o enfoque do fichamento, é, centrado, no
ponto chave da educação e seu desenvolvimento é norteado na perspectiva de entender e
analisar sua influência nos vários âmbitos sociais.
IDEIA PRINCIPAL
As civilizações romana, grega e medieval foram períodos da história que marcaram
decisivamente o conceito e a institucionalização da educação para com os seus jovens.
Os vários percursos em que a educação passou, são reflexos da constante busca pela
educação ideal. O ideal é usado como via de afirmar a educação como ferramenta
imprescindível ao ser humano, sem a questão do ideal, o homem se torna mero homem,
e não indivíduo. E, é por meio do exposto, que Émile Durkheim irá delinear as
definições dela em diversas sociedades e sistema de classe, ao trazer à tona a questão da
educação engendrada na vida social de todos, e sua força de atuar como incógnita
homogeneizadora das socializações internas e diferenciadora ao transformar o indivíduo
em ser social de uma comunidade e sociedade.
O que se refere a educação, ela não pode ser designada sobre um único conceito
ou vista como exceto. Através desse ponto de partida, Durkheim (1955) tentará mostrar
sobre uma visão universal as diversas faces do conceito da educação ao fazer ligações
com a natureza humana e suas complexidades. Num primeiro momento, para que haja
efetiva aplicação da educação, Durkheim (1955) utiliza a concepção de Stuart Mill
permutando as diferentes características que influencia sua aplicabilidade. Para Mill,
‘‘tudo aquilo que fazemos por nós mesmos, e tudo aquilo que os outros intentam fazer
com o fim de aproximar-nos da perfeição de nossa natureza. [...]’’ (DURKHEIM, 1955,
p. 1). Ou seja, o caráter, as leis que nos regem, o aspecto geográfico e temporal são
determinantes massificadoras da realidade de cada ser humano, e, é nesse contexto que
o processo da formação educacional se estabelece quando forças exteriores e interiores
atuam de modo a preencher nele, vazios antes existentes. Tais forças são produto da
criação humana e da natureza, concretizadas pela interligação do homem com o seu
ambiente, e surgi daí, a harmonia do seu interior com o exterior.
No pensamento de Kant, a harmonia, termo utilizado no parágrafo anterior, é
uma condicionante da perfeição e a busca por ela é a última fase da educação, o qual
seria o ideal supremo da convivência equilibrada entre indivíduos. Mas, Durkheim
(1955) ao analisar a afirmação Kantiana, ele diverge sobre de duas instâncias a
possibilidade de julgar o conceito de harmonia em relação a educação. A primeira, ele
cita, a contradição que há em interligar harmonia com a condição de que cada indivíduo
possui suas particularidades, o que nega que seria impossível a existência da harmonia
em meio a diferentes formas de pensar, pois para haver um ambiente harmônico, todos
teriam que concordar, sem criticar, suas atitudes perante a opinião geral. Já a segunda se
refere a incapacidade da harmonia ser contrária ao funcionamento da sociedade, ou
melhor a impossibilidade de almejá-la sem pensar na coesão social, que si sairá
prejudicada, produzindo uma desarmonia. Nesse sentido, Durkheim (1955) elementa
que para existir educação tem de haver a harmonia entre as partes, e isso justifica a
forma de pensar dos indivíduos serem diferentes umas das outras.
Além da educação ser classificada em termos como perfeição e harmonia, James
Mill injeta na educação seu princípio ao se fundamentar como instrumento. Durkheim
(1955) sobre Mill, discute que a educação no conceito dele, perde sua finalidade ao
considerá-la como ferramenta de felicidade. Para Durkheim (1955), a felicidade
relacionada a educação, não teria sentido de ser classificada, em decorrência do
sentimento de felicidade ser um mero adjetivo de circunstâncias e não de influenciador
do processo da educação.
Menos satisfatória, ainda, é a definição utilitária, segundo a
qual a educação teria por objeto "fazer do indivíduo um instrumento
de felicidade, para si mesmo e para os seus semelhantes (James Mill);
porque a felicidade é coisa essencialmente subjetiva, que cada um
aprecia a seu modo. Tal fórmula deixa, portanto, indeterminado o fim
da educação, e por consequência a própria educação, que fica entregue
ao arbítrio individual. [...]. (DURKHEIM, 1955, p. 2).
Os conceitos ditos anteriormente por Stuart, Kant e James denotam o que seria
uma educação ideal, perfeita e harmônica ao padronizar como único significado válido e
universal. Porém, para cada época há suas necessidades, as definições de educação
foram se adaptando a diferentes contextos de diversas civilizações da história, o que
tornou promissor estudar suas sociedades com uma visão mais aprofundada a fim de
buscar a gênese do conhecimento educador que foi o estopim das relações sociais para o
progresso de uma nação. Durkheim (1955) faz uma síntese do passado grego, romano e
medieval procurando entender os moldes da educação. No mundo grego, principalmente
em Atenas, era constante a busca de transformar, espiritualmente, os cidadãos em
indivíduos formosos com grande escala de adjetivos que fortalecessem seu caráter e
fosse possível a conquista de prazeres. Já em Roma para que fosse efetivo moldar um
homem romano, desde criança, era preciso que todos se mostrassem valentes e fortes
em grandes batalhas. Enquanto na Idade Média, a educação dizia respeito a agir de
acordo com a religião, o cristianismo. Dessa forma, é notório que o conceito de
educação foi modificado no percurso da história conforme as exigências de cada
período e, que, para ela ser ideal tem que respeitar as prioridades dessas épocas. Sendo
assim, Durkheim (1955) se referindo ao contexto atual, diz que, a ciência é o guia da
busca da educação, ou seja, é por meio dela que a educação ganhou mais universalidade
e se tornou uma peça fundamental da transformação da criança em um indivíduo
chamando de coisa por ele, onde ser inserido na sociedade. De acordo com Durkheim
(1955, p. 3):
[...] A educação tem variado infinitamente, com o tempo e o
meio. Nas cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a
subordinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da
sociedade. Hoje, esforça-se em fazer dele personalidade autônoma.
Em Atenas, procurava-se formar espíritos delicados, prudentes, sutis,
embebidos da graça e harmonia, capazes de gozar o belo e os prazeres
da pura especulação; em Roma, desejava-se especialmente que as
crianças se tornassem homens de ação, apaixonados pela glória
militar, indiferentes no que tocasse às letras e às artes. Na Idade
Média, a educação era cristã, antes de tudo; na Renasça toma caráter
mais leigo, mais literário; nos dias de hoje a ciência tende a ocupar o
lugar que a arte outrora preenchia.