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Prezados(as) Senhores(as),
No decorrer dos últimos vinte anos o Brasil tem avançado positivamente, mesmo que não na
velocidade e intensidade desejada, na proteção ao patrimônio arqueológico. A portaria IPHAN
230/2002, apesar de apresentar lacunas e falhas, mudou drasticamente os procedimentos da
Arqueologia, podendo ser considerada um marco na defesa ao patrimônio.
No último mês, a publicação de carta redigida pelo Sr. Marcos Paulo de Souza Miranda, intitulada
“O fim da Arqueologia Preventiva”, trouxe à tona a elaboração, por parte do IPHAN, de uma
Instrução Normativa (IN), cujo conteúdo e teor foram duramente questionados pelo autor, em
razão de incongruências com o atual processo de licenciamento ambiental, com a legislação
vigente e com os princípios que regem a proteção do Patrimônio Cultural.
O IPHAN então se manifestou de maneira inconclusiva, parcial, passional e fugidia acerca das
questões colocadas pela dita carta, abstendo-se, naquele momento, de circular e abrir a elaboração
do documento à discussão pública, e cujo conteúdo, até então, era restrito aos escritórios e
corredores do órgão. Tal pronunciamento sobre os questionamentos da dita carta não lhe responde
adequadamente, maquilando e minimizando a participação do IPHAN enquanto um órgão voltado
à proteção patrimonial e tecendo ataques pessoais e desqualificadores acerca da carta e de seu
autor.
Ao observador desavisado, a morosidade dos processos de licenciamento denota que estes em sua
própria natureza são culpados pela lentidão dos avanços no desenvolvimento econômico e social
do país. No entanto, cabe atestar que na imensa maioria dos casos, as etapas mais demoradas dos
licenciamentos são as que cabem justamente ao próprio governo. A inversão da responsabilidade
se opera de forma dissimulada, colocando sobre os ombros dos pesquisadores os entraves hoje
encontrados pela sociedade brasileira em seu desenvolvimento, desvinculando o problema de seu
maior proponente e perpetuador, a estrutura mal aparelhada e subdesenvolvida do governo federal
para atender a estas demandas.
Não acreditando em mal entendidos ou boas intenções desvirtuadas pelas circunstâncias, sob a
pena de em outra forma nos vermos obrigados a entender que os envolvidos são inadequados para
o desenvolvimento de suas funções ao não serem conscientes das consequências de seus atos, só
nos resta ver o decorrer destes acontecimentos como um esforço deliberado em prol de interesses
específicos.
Assim, sendo claros, acreditamos que ao optar pela redução da proteção direcionada ao patrimônio
como meio de correção a barreiras institucionais impostas pela própria estrutura burocrática do
país, o IPHAN e demais proponentes da nova Instrução Normativa são parte de um esforço
consciente no intuito de avançar os interesses políticos do governo federal ao custo do patrimônio
e da infração de suas obrigatoriedades constitucionais de proteção deste, sob um discurso
falacioso de desburocratização do processo de licenciamento.
Muito pelo contrário, entendemos que a conciliação da celeridade dos licenciamentos com a
preservação e estudo adequado do patrimônio é possível, e passa muito mais pela reestruturação
e reaparelhamento dos órgãos institucionais responsáveis do que a sujeição dos bens patrimoniais
a um regime que a eles não é inerente, o do jogo político. Nós aqui signatários deste documento
escolhemos essa última posição.
Elaborado de forma coletiva durante as duas reuniões ocorridas nos dias 24 e 29 de setembro na
cidade de Belo Horizonte, com a participação de arqueólogos Pós-Doutores, Doutores, Mestres e
estudantes de graduação, viemos repudiar veementemente esta proposta de Instrução Normativa.
Começando, elencamos abaixo os princípios da legislação federal, das Cartas Patrimoniais das
quais o Brasil é signatário, e técnico-científicos que julgamos terem sido violados direta ou
indiretamente pela redação proposta na nova Instrução Normativa do IPHAN:
- A Constituição Federal, em seus artigos 23 inciso III, que postula como competência
compartilhada entre União, Estados e Municípios, “proteger os documentos, as obras e outros
bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os
sítios arqueológicos”e IV “impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural”; 216A especialmente no que tange aos
incisos VII, IX, X, XI, quais sejam, a transversalidade das políticas culturais, a transparência e
compartilhamento de informações, democratização dos processos decisórios com participação e
controle social, descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações.
Afrontam-se assim os princípios da Proteção, da Fruição Coletiva (dado pelo caput do Art. 214),
da Prevenção de Danos (colocados pelo parágrafo 4°do art. 216), da Responsabilização (art. 225
par. 3°) e da Solidariedade Intergeracional (caput do art. 225);
- O Decreto Lei n°25 de 1937, art. 23, que determina que a União e Estados desenvolverão
acordos para a coordenação e desenvolvimentos de atividades relativas à Proteção do Patrimônio
Histórico e Artístico e o Art. 25, que pressupõe que o IPHAN procurará entendimentos com a
sociedade, especialmente instituições eclesiásticas, científicas, históricas ou artísticas, para obter
sua cooperação em benefício da preservação deste mesmo patrimônio. Além disso, destaca-se a
afronta ao princípio da Vinculação de Bens Culturais;
- A Lei Federal 3.924 de 1961, que determina em seu art. 1° a responsabilidade do Poder
Público em promover a proteção dos bens arqueológicos e o art. 3, que destaca que não podem
ser realizadas a destruição, mutilação e aproveitamento econômico das jazidas
arqueológicas antes que sejam devidamente pesquisadas;
- A Portaria IPHAN 07 de 1988 que trata, em seu art. 6°, dos prazos cabíveis à manifestação
do órgão acerca de pedidos de pesquisa, no caso, 90 dias, sem prejuízo da necessidade de
eventuais complementações, que reiniciam o prazo, e o artigo 9° e seu parágrafo único que
consideram o arqueólogo fiel depositário do material arqueológico inserido no âmbito da
pesquisa;
- A resolução CONAMA 237 de 1997, em seus artigos 2°e seu parágrafo 1°, que dispõe
sobre os empreendimentos sujeitos ao Licenciamento Ambiental, dadas pelo Anexo I, 3°que
considera obrigatória a realização de Estudo de Impacto Ambiental anteriormente referido, e os
art. 8°e 10°, que colocam as licenças ambientais a serem emitidas no âmbito dos licenciamentos.
- O Princípio do Equilíbrio (Miranda, 2009), que pressupõe a busca, por meio de políticas
públicas, do balanceamento e conciliação da preservação com o crescimento econômico, tendo
em vista o desequilíbrio observado na IN em prol dos projetos de desenvolvimento;
- A Carta de Nova Delhi (1958), da qual o Brasil é signatário, que recomenda a definição
clara de critérios de proteção e gestão desse patrimônio, manifestas também por meio da
Recomendação sobre os Princípios aplicáveis às escavações Arqueológicas (1958), a
consideração da arqueologia como integrante do conjunto de bens patrimoniais históricos, a
criação de uma documentação central que congregue os elementos e mapas de bens patrimoniais,
a consideração da Preservação in situ como medida de proteção dos Sítios e sua ambiência e a
exigência de garantias recíprocas, que pressupõem que as permissões arqueológicas emitidas
pelos governos só sejam concedidas a profissionais qualificados ou pessoas que ofereçam sérias
garantias científicas, morais e financeiras;
- As normas de Quito (1967), por sua vez, colocam que os monumentos de interesse
arqueológico, histórico e artístico são também recursos econômicos, assim como as riquezas
naturais, devendo fazer parte dos planos de desenvolvimento. Trata-se, segundo a carta, “de
incorporar a um potencial econômico um valor atual; de pôr em produtividade uma riqueza
inexplorada mediante um processo de revalorização”, passando do domínio de exclusividade das
minorias eruditas para o conhecimento e fruição de maiorias populares. Dispõe também que bens
arqueológicos, históricos e artísticos devem ser preservados e utilizados em função do
desenvolvimento, com incentivos ao turismo. Reiteramos assim os requisitos prévios voltados à
revalorização do patrimônio, quais sejam, legislação eficaz, organização técnica e planejamento
nacional;
- O Princípio da Precaução, colocado pela Carta do Rio (1992), postulando que, quando
houver perigo de dano grave ou irreversível, a incerteza científica não deverá ser utilizada como
razão para postergar a adoção de medidas eficazes para impedir a degradação do meio ambiente,
entre os quais se insere o Patrimônio Cultural;
A responsabilização pela fiscalização dada pelo art. 54 realmente se mostra necessária. Porém, o
sucateamento do IPHAN e superintendências regionais, a escassez de técnicos, meios e
instrumentos para tal fiscalização devem ser alvo de políticas específicas que visem aparelhar o
órgão para tal, antes da publicação da IN, de modo a respeitar o Princípio da Prevenção de Danos
e da Precaução. Considera-se que a ausência de manifestação do órgão na situação em que se
encontra, provocará inevitavelmente a concessão da licença à revelia. Ou seja, como o órgão não
tem condições logísticas e financeiras de realizar as vistorias, e sendo essas condições para a
análise do cumprimento das obrigações patrimoniais dadas pela IN, prevê-se que a maior parte
das Licenças será concedida à revelia da Manifestação Conclusiva do IPHAN.
O termo, citado nos artigos 24 ao 30, 35, 36, 39 e 40, carece de embasamento conceitual e
clarificação jurídica, pois deixa em aberto quais aspectos deverão ser claramente abordados. Em
termos gerais, tal compreensão parece ser semelhante à Anuência atualmente vigente. Porém,
deve-se ressaltar a carência de indicações claras de quais deliberações tal manifestação deverá
trazer, acerca de cada etapa do Licenciamento relacionado ao Patrimônio Cultural.
Acreditamos que a ‘Manifestação conclusiva’ não deve se eximir de tecer as considerações
necessárias acerca da aprovação do relatório de Gestão dos Bens Culturais Tombados, Valorados
e Registrados nos empreendimentos de nível III e IV. O texto atual sugere que somente a análise
desse relatório proverá a manifestação conclusiva acerca dos estudos, sem colocar a
obrigatoriedade de aprovação dos relatórios de execução, resultando na impressão de que só sua
existência é suficiente para a obtenção da manifestação. Considerando o pressuposto de que
somente a execução dos estudos e apresentação dos relatórios acerca desses bens são suficientes
para prosseguimento do processo desse ponto de vista, se desconsidera a possibilidade de
Preservação in situ e a obtenção de segurança científica a ser colocada ao processo decisório,
afrontando o princípio da Precaução.
Nos artigos 13, 16, 18, 20 a 23, 27, 31 a 34, 36, 37 e 40 da referida IN, não há clareza em relação
a qual momento do processo de licenciamento deverá ser dada a manifestação conclusiva do
IPHAN a que se refere. À Licença Prévia (LP), momento de diagnóstico e avaliações de
viabilidade do empreendimento, não foi atribuída claramente a rubrica necessária ao cumprimento
da Resolução CONAMA 01/86 e 237/97. Nesta, no artigo 8 parágrafo 1, a licença prévia é
“concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua
localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos
e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação”. Sendo essa a
fase de definição das alternativas e traçados dos empreendimentos e de verificação e garantia de
de
sua viabilidade ambiental, sua omissão na presente IN decorre na minimização das possibilidades
de Preservação in situ, das exigências análise de relevância científica e cultural, de conciliação
dos empreendimentos com a preservação do Patrimônio, de restrição do processo seletivo para
preservação aos momentos em que já estão definidos os projetos executivos desonerando os
estudos de diagnósticos obrigatórios, desclassificando sua necessidade e secundarizando o
Patrimônio Cultural diante de demandas político-econômicas.
Esta postura de secundarização do Patrimônio Cultural pode ser vista na qualificação dos
empreendimentos em níveis e nos procedimentos (artigos 9, 11, 14 a 16, 18, 20, 21, 28 a 30, 33 a
35 e anexos I e II) necessários para os mesmos no que tange a avaliação e proteção de bens
culturais. A existência de níveis de empreendimentos para os quais se excluem levantamentos
arqueológicos prévios, restringindo o patrimônio arqueológico encontrado na área dos mesmos
enquanto “achados fortuitos”, irá fatalmente levar à destruição, descontextualização e mutilação
do patrimônio. O acompanhamento da instalação do empreendimento em caso da identificação
de patrimônio cultural na ADA, associado a termos de compromisso assinados pelo
empreendedor, não tem o mesmo valor técnico-científico dos levantamentos prévios de
diagnóstico. Definir os procedimentos cabíveis à Arqueologia a partir da possibilidade de
alteração de alocação de estruturas em licenciamento é claramente priorizar empreendimentos em
detrimento do patrimônio, é estabelecer a viabilidade e implantação de estruturas impactantes a
priori, tornando o processo de licenciamento no âmbito do Patrimônio Cultural um engodo.
Baseado na legislação e nas cartas patrimoniais (Recomendação Paris 1968, Laussane 1990,
Veneza 1964, Nova Delhi 1956, Norma de Quito 1967) que versam sobre o patrimônio cultural,
consideramos que o enquadramento de empreendimentos e as práticas previstas no que tange o
patrimônio na IN contrariam os princípios científicos de preservação e gestão do patrimônio
citados até aqui.
Ademais, tem-se definido em outros diplomas legais o enquadramento dos empreendimentos em
classes, as quais não dialogam com os níveis previstos pela IN, e não os justificam. Essa
incoerência na classificação dos empreendimentos entre os órgãos gestores irá acarretar na
dificuldade de diálogo, comprometendo o processo de licenciamento.
A classificação em níveis de impacto não é adequada quando se trata de patrimônio cultural, uma
vez que sua manifestação não se dá de forma regular e previsível, tendo dimensões particulares e
de
contextuais específicas, não permitindo generalizações e estabelecimento modelos de atuação a
priori.
Pelo exposto, defende-se a necessidade de se manter todas as etapas previstas no processo de
licenciamento em todos os tipos de empreendimentos.
4. Universalização do impacto X política da preservação in situ
Desse ponto de vista, a ausência de prazo hábil para que os sítios arqueológicos sejam
devidamente estudados em razão de sua vinculação direta aos cronogramas dos empreendimentos,
dada pela IN, invertendo assim a periodização do Patrimônio pela periodização do
empreendimento, contraria aspectos metodológicos fundamentais da pesquisa arqueológica e
expõe esses bens à destruição, contrariando o princípio da Precaução e levando a uma visão ainda
mais parcial do contexto arqueológico resgatado.
O artigo 29 inciso I prevê somente a minimização dos impactos, mas não considera de maneira
contundente a possibilidade de que esses impactos não ocorram, dissimulando a possibilidade de
preservação in situ e da ambiência dos bens culturais e arqueológicos. Como trata dos
empreendimentos de nível IV, deve-se haver previsão de alteração dos projetos executivos.
No Inciso I do artigo 32°, se considera possível a preservação dos sítios impactados pelo
empreendimento, sendo que tal conciliação se apresenta impossível, considerando as reais
possibilidades de realizar sua preservação caso sejam impactados. Tal posição reitera que os bens
culturais mencionados no caput poderão sempre ser impactados, não cabendo medidas efetivas
de preservação e adequação do empreendimento à sua existência. Tal afirmativa os submete às
medidas mitigadoras, sob a égide da preservação, sem que, de fato, esta ocorra, já
que não há clareza acerca da obrigatoriedade de sua manutenção nas condições prévias ao
empreendimento.
No caso de achados fortuitos colocados pelo Art. 33, A IN pressupõe que qualquer bem
identificado na implantação de empreendimentos de nível I e II é, ingenuamente ou
propositadamente, obra do acaso, e não da omissão ou desconsideração da necessidade de estudos
arqueológicos em suas áreas de influência. Parte assim, do ponto em que a área é amplamente
conhecida e que achados arqueológicos são obra do acaso, desvios ou anomalias, sem que
anteriormente se tenham feito estudos especificamente voltados à caracterização do potencial
regional, atualmente sobre a rubrica Diagnóstico (Cf. Resolução CONAMA 01/86). Desse ponto
de vista, a incerteza científica não pode ser usada para justificar e tampouco desqualificar o
julgamento de baixo potencial arqueológico, ferindo abertamente o princípio da Precaução. A
desconsideração de necessidade de estudos minuciosos preliminares à obtenção da LP deve ser
revista e ajustada à legislação vigente e aos compromissos assumidos acerca do Patrimônio
Cultural pelo Brasil junto à comunidade internacional.
Além disso, quando do achado fortuito, já terá ocorrido impacto ao sítio durante a implantação
nos casos dos níveis de que trata o caput, ferindo a Lei 3.924 de 1961 onde se determina que
estudos minuciosos devem ser realizados antes que seja permitida a sua supressão ou mutilação.
Uma vez impactado, independentemente de sua relevância e significância cultural, já está
determinada a obrigatoriedade de seu resgate (inciso II item d), sem que se tenha avaliado a
efetiva necessidade de relocação do empreendimento diante dos critérios colocados pelas cartas
patrimoniais, em especial a Recomendaçãode Paris (1968). Outrossim, reiterando a já apontada
afronta ao princípio da Precaução, e também ao da Preservação in situ. Esse artigo deveria ser
suprimido e ajustados os níveis dos empreendimentos visando a ampla proteção e salvaguarda
dos sítios, independentemente do desconhecimento anterior de bens arqueológicos na área.
A proposta de IN suprime as relevâncias das áreas de influência direta e indireta nas avaliações
de potencial e de impacto ao patrimônio arqueológico. Tal medida ignora a importância do
contexto arqueológico regional e sua participação nas avaliações de relevância e significância
integrada dos sítios arqueológicos. Tais análises devem ser fundamentadas na participação das
escalas regional e local na constituição histórica e arqueológica dos vestígios. Tal supressão limita
a avaliação dos impactos cumulativos e sinérgicos dos empreendimentos, e impede a articulação
contextual e integrada dos bens culturais, assim como a indicação de potencial arqueológico
nessas áreas, e sua composição em diversas escalas. Nesses termos, o respeito às áreas de
influência já amplamente aplicadas nos licenciamentos ambientais visa suprir exatamente essa
problemática.
Portaria conjunta não define as responsabilidades, o que deixa clara a diminuição da autonomia
do arqueólogo sobre os processos junto ao órgão.
O IPHAN não apresenta contrapartida, no que tange ao Artigo 50, no sentido de fomentar a criação
das reservas regionais, locais e nacionais, sendo sua constituição de interesse único das
instituições declaradamente desejosas de receber tais depósitos, conquanto adotem procedimentos
padronizados pelo órgão. Para tanto, recomenda-se a consideração da obrigatoriedade de fomento
e de criação de coleções regionais destinadas a receber todos os bens arqueológicos oriundos de
pesquisas nessas regiões por parte do poder público, reforçando o princípio da Vinculação dos
Bens Culturais e unificando acervos correlatos numa mesma reserva.
Nos comentários colocados após o artigo 41 no Capítulo III da IN, está destacado que não será
necessária a educação patrimonial nos empreendimentos de níveis I e II, substituída por ações de
divulgação. Ações de divulgação não são suficientes para que o patrimônio cultural seja
reconhecido considerando os interesses de públicos diversos. A educação patrimonial é um
instrumento para a construção conjunta de conhecimento, compartilhamento de saberes e lógicas
diversas, identificação de patrimônios culturais de forma conjunta com os públicos envolvidos e
tomada de medidas visando a preservação do patrimônio. Neste sentido, ressaltamos também a
importância do levantamento oral junto às comunidades afetadas, atividade que integra não só o
registro de informações sobre o patrimônio material, mas também sobre o imaterial, resultando
na produção de conhecimento sobre a história da região, sobre os saberes e fazeres de grupos
étnicos e sobre a relação das pessoas com o patrimônio. Consideramos que a educação patrimonial
também deve ser tratada como um projeto de pesquisa, deve estar presente desde o início do
projeto de licenciamento e não deve ser excluída de nenhum dos níveis de empreendimentos.
Em 2008, foi publicado o polêmico Decreto 6.640, que estipula a necessidade de valoração das
cavidades subterrâneas. Entre outros critérios, o decreto acrescenta, entre os itens a se valorar, o
Patrimônio Cultural. No entanto, não há neste Decreto qualquer menção quanto aos
procedimentos e parâmetros a esta valoração, e não há por parte do IPHAN qualquer comentário
ou regulamentação relacionados a estes. A valoração, na grande maioria das vezes, é feita por não
arqueólogos, o que coloca em grande risco o patrimônio arqueológico. A atual proposta de IN se
exime de apresentar os procedimentos e parâmetros para esta valoração, mantendo-a no limbo em
que se encontra.
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Nome RG Instituição
Adriano Batista de Carvalho MG5662010 - SSP/MG Peruaçu Arqueologia
Anaeli Queren Almeida MG12977307 - SSP/MG Cooperativa Cultura
Andreas Valtuille Lieber MG20205104 - SSP/MG UFMG
Ângelo Pessoa Lima MG10555878 - SSP/MG Peruaçu Arqueologia
Clarisse Callegari Jacques 1075783942 - SSP/RS UFPA
Edilaine Aparecida de Souza MG15608838 - SSP/MG UFMG
Elber Lima Glória MG15772781 - SSP/MG UFMG
Erik Alves de Oliveira MG14534862 - SSP/MG UFMG
Évelin Luciana Malaquias Nascimento MG9221460 - SSP/MG UFMG
Geraldo Pereira de Morais Júnior MG13682558 - SSP/MG UFMG
Júlio Jader Costa MG 6071434 SSP MG UFMG
Leandro Vieira da Silva MG11773423 - SSP/MG IEF/SISEMA
Lilian Cordeiro MG12279772 - SSP/MG UFMG
Luís Alberto Silveira da Rosa 8091474836 - SSP/RS UFMG
Luís Felipe Bassi Alves 434763974 - SSP/SP Peruaçu Arqueologia
Luísa de Assis Roedel MG13896862 - SSP/MG UFMG
Marcony Lopes Alves MG14233275 - SSP/MG UFMG
Nathalia R Dias Guimarães MG14262211 - SSP/MG UFMG
Patrícia Fernanda Carvalho de Sousa MG13271423 - SSP/MG Scientia Consultoria Científica
Rafael Esteffanio Miranda MG11110563 - SSP/MG UFMG
Raquel Caldas Nolasco MG15567055 - SP/MG UFMG
Rogério Tobias Jr. MG11607439 - SSP/MG Cooperativa Cultura
Taísa Corrêa Jóia MG17079636 - SSP/MG UFMG
Tallyta Suenny Araujo da Silva 5438467 - SSP/PA UFMG
Thiago de Souza Nascimento MG15205017 - SSP/MG UFMG
Valdiney Amaral Leite MG15274041 - SSP/MG UFMG
Vanessa Linke Salvio MG8987288 - SSP/MG UFMG
Vinícius Moreira Silva MG16825156 - SSP/MG UFMG