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FICHAMENTO – CIÊNCIA TECNOLOGIA E SOCIEDADE - CTS

Texto/aula 4
BAZZO, W. A Introdução aos estudos de CTS

FICHAMENTO CAPÍTULO 1

I. O QUE É A CIÊNCIA?

1.1 INTRODUÇÃO

[...] serão estabelecidas algumas considerações que podem possibilitar


identificar a ciência, em especial com relação àquilo que as contribuições da
investigação filosófica, histórica e sociológica sobre a ciência ressaltam como
significativo com relação a um conjunto de aspectos vinculados com o método
científico, o processo do desenvolvimento e mudanças da ciência, a articulação
entre a experimentação, observação e teoria.

Prefere-se limitar as análises àqueles aspectos que tornem possível uma


compreensão social do conhecimento científico contemporâneo e, de maneira
especial, sua articulação com o plano educativo através da concepção CTS.

1.2 CONCEPÇÃO HERDADA DA CIÊNCIA

Concepção tradicional
De acordo com a concepção tradicional ou “concepção herdada”
daciência, esta é vista como um empreendimento autônomo, objetivo, neutro e
baseado na aplicação de um código de racionalidade distante de qualquer tipo
de interferência externa

Método científico
Este consistiria de um algoritmo ou procedimento regulamentado para
avaliar a aceitabilidade de enunciados gerais baseados no seu apoio empírico e,
adicionalmente, na sua consistência com a teoria da qual devem formar parte.

Empirismo clássico – método indutivo


Dentro da tradição do empirismo clássico, casos de Francis Bacon e John
Stuart Mill, o método científico era entendido basicamente como um método
indutivo para o descobrimento de leis e fenômenos. Tratava-se, portanto, de um
procedimento ou algoritmo para a indução genética, quer dizer, um conjunto de
regras que ordenavam o processo de inferência indutiva e legitimavam seus
resultados.
Valor e a justificação do conhecimento, segundo Bacon, consistem
sobretudo de sua aplicação e utilidade prática; sua verdadeira função é estender
o domínio da raça humana, o reinado do homem sobre a natureza

Giro lógico
Rechaço ao empirismo clássico Giro lógico” (uma expressão de T.
Nickles) que se produziu durante o século 20. Com tal giro, impulsionado por
autores como J. Herschel e W. S. Jevons, o método científico passa a ser
entendido como um procedimento de justificação post hoc e não de gênese ou
descobrimento. Tal procedimento de justificação consiste em aplicar o método
hipotético-dedutivo (H-D) para o desenvolvimento da ciência, onde o apoio da
experiência às hipóteses gerais continua sendo de caráter indutivo, porém se
trata de uma indução ex post ou indução confirmatória. Em outras palavras, o
método consistiria de um apoio que as hipóteses recebem de maneira indireta a
partir da constatação da experiência baseada nas implicações contrastantes que
derivam dedutivamente dessas hipóteses

Núcleo comum
Todos esses intentos de capturar em um método ou estratégia a
característica da ciência compartilham, apesar de suas diferenças, um certo
núcleo comum: identificar a ciência como uma combinação peculiar de raciocínio
dedutivo e inferência dedutiva (lógica + experiência) auxiliadas quem sabe por
virtudes cognitivas como a simplicidade, o poder explicativo ou o apoio teórico. É
uma versão do casamento entre a matemática e o empirismo, ao que Bertrand
Russell atribuía o nascimento da ciência moderna

1.2.1 A reação ao Positivismo Lógico

A reação antipositivista. Thomas S. Kuhn, Paul Feyerabend, N. R. Hanson, S.


Toulmin ou W. Quine. Vamos analisar brevemente alguns desses problemas

 Carga teórica da observação. O que se vê depende tanto


dasimpressões sensíveis como do conhecimento prévio, das expectativas,
dos pré-juízos e do estado interno geral do
 observador.

 A infradeterminação. O que o argumento da infradeterminação afirma é


que, dada qualquer teoria ou hipótese proposta para explicar um
determinado fenômeno, sempre é possível produzir um número indefinido
de teorias ou hipóteses alternativas que sejam empiricamente
equivalentes à primeira. A carga teórica da observação pode reforçar o
argumento da infradeterminação.
Como veremos mais adiante, a partir de Kuhn a filosofia toma consciência
da importância da dimensão social e do enraizamento histórico da ciência, ao
mesmo tempo que inaugura um estilo interdisciplinar que tende a dissolver as
fronteiras clássicas entre especialidades acadêmicas.

1.3 A DINÂMICA DA CIÊNCIA

1.3.1. A estruturas das revoluções científicas

Ciência normal
A ciência normal se caracteriza assim porque uma comunidade científica
reconhece um paradigma ou teoria, ou conjunto de teorias, que oferece soluções
aos problemas teóricos e experimentais que se investigam neste momento

Ciência revolucionária
A ciência revolucionária se caracteriza pelo aparecimento de paradigmas
alternativos, pela disputa entre as comunidades rivais e, eventualmente, pelo
possível rechaço de partes significativas da comunidade científica em relação ao
paradigma antes reconhecido. Isto significa que há uma mudança na produção
dos problemas disponíveis, nas metáforas usadas e nos valores da comunidade,
induzindo também uma mudança na imaginação científica. Com a consolidação
de um novo paradigma inicia-se uma mudança na forma de ver os problemas
que antes estavam sem solução

1.3.2. Orientações construtivistas

O EPOR tem lugar em três etapas.


Na primeira é mostrada a flexibilidade interpretativa dos resultados
experimentais, ou seja, científicos as descobertas científicas são susceptíveis a
mais de uma interpretação. Na segunda etapa, desvelam-se os mecanismos
sociais, retóricos, institucionais etc. que limitam a flexibilidade interpretativa e
favorecem o fechamento das controvérsias científicas ao promover o consenso
acerca do que é “a verdade” em cada caso particular. Por último, na terceira, tais
“mecanismos de fechamento” das controvérsias científicas se relacionam como
meios socioculturais políticos mais amplos.
1.4 NOVOS ENOQUES SOBRE A CIÊNCIA: TRANSCIÊNCIA E CIÊNCIA
REGULADORA

1.4.1. Transciência

Weinberg defende que muitas das questões que surgem no curso das
interações entre a ciência e a sociedade (os efeitos nocivos secundários da
tecnologia, ou as tentativas de abordar os problemas sociais mediante os
procedimentos da ciência) depende de respostas que podem dizer respeito à
ciência, mas que, no entanto, a ciência não pode responder ainda (Weinberg,
1972, p.1-2). Precisamente para poder enfrentar este tipo de questões aparece a
expressão questões transcientíficas.
 Exemplo dos reatores nucleares.
 Axiologia da ciência
 Republica da transciência (p. 27, 28, 29)

1.4.2. Ciência reguladora

Sheila Jasanoff (1995). sustenta que quando tem-se que levar à prática
programas de saúde, de controle ambiental etc., os especialistas devem revisar
e avaliar o estado do conhecimento científico, identificar áreas de consenso
sobre qual é o melhor dos seus conhecimentos e solucionar os problemas de
evidência incerta de acordo com as leis vigentes. Assim, para dar conta dessa
nova situação, Jasanoff (1995), utiliza a expressão “ciência reguladora.

Autora destaca com veemência as diferenças entre a ciência reguladora,


que proporciona as bases para a ação política e que leva a cabo suas atividades
com fortes pressões pela falta de acordo, a escassez de conhecimento e as
pressões temporais; e a ciência acadêmica, que, sem implicações políticas, se
move em um ambiente de consenso teórico e prático, impedindo a participação
do público e dos grupos de interesse.

1.5 CONCLUSÃO

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