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1 NOGUEIRA, Octaviano, Coleção constituições brasileiras, v.1, 3.ed. Brasília: Senado Federal,
2012, p.65.
2 BONAVIDES, Paulo, Curso de direito constitucional, 31.ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 89.
São os Poderes do Império do Brasil: “Os Poderes Politicos reconhecidos pela
Constituição do Imperio do Brazil são quatro: o Poder Legislativo, o Poder
Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial.”3
O Imperador, como Chefe Supremo da nação, e seu Primeiro representante,
deveria, então, manter a harmonia entre os Poderes. Todavia, para isso, o
próprio Dom Pedro I poderia interferir em todos os demais Poderes quando lhe
fosse devido. Diante de tantos privilégios, não seria exagero acrescentar que o
Imperador era considerado inviolável, sagrado e não podendo ser
responsabilizado por coisa alguma (arts. 98 e 99). Porém, vale ressaltar que o
Imperador poderia ser impedido de algumas medidas como: sair do país sem o
consentimento da Assembleia Geral, se o fizesse, entender-se-ia que o mesmo
abdicou (art. 104).
A Constituição de 1824 é a única na história brasileira a se considerar
confessional, adotando a Religião Católica Apostólica Romana (art. 5) como
religião oficial do Império do Brasil, o que não significava que outras religiões
não pudessem coexistir entre a população brasileira – todavia, com trás expresso
no texto constitucional, haviam algumas restrições para todas as outras religiões
permitidas. O texto constitucional diz no art. 5º: “A Religião Catholica Apostolica
Romana continuará a ser a Religião do Imperio. Todas as outras Religiões serão
permittidas com seu culto domestico, ou particular em casas para isso
destinadas, sem fórma alguma exterior de Templo”4. Vale ressaltar, inclusive,
que nem mesmo a Igreja Católica estava fora de certos controles – uma das
principais atribuições do Imperador como, também, Chefe do Poder Executivo,
era a de nomear Bispos (art 102, II). A relação Igreja e Estado, desde o início do
Brasil nação demonstrou-se problemática – a Igreja, inclusive, foi uma das
principais forças para o fim da monarquia no Império do Brasil.
A Carta de 25 de março de 1824 é considerada uma Constituição semirrígida
devido sua disposição do art. 178, que diz: “E’ só Constitucional o que diz
respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos
Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional,
póde ser alterado sem as formalidades referidas, pelas Legislaturas ordinárias”5.
Em matéria Judiciária (o Poder Judiciário era chamado de Poder Judicial), os
juízes, Juízes de Direito, poderiam ser suspendidos pelo Imperador por queixas
contra “elles feitas, precedendo audiencia dos mesmos Juizes, informação
necessaria, e ouvido o Conselho de Estado. Os papeis, que lhes são
concernentes, serão remettidos á Relação do respectivo Districto, para proceder
na fórma da Lei”(art.154)6.
Em matéria eleitoral, infelizmente a Constituição de 1824 não trouxe grandes
avanços. O voto era censitário e para homens maiores de vinte cinco anos são
algumas disposições prescrições expostas para os eleitores da época. As
A Constituição de 1891
7 A Constituição de 1824 dizia quem eram considerados Cidadãos Brasileiros no art. 6º de seu
texto.
8 BALEEIRO ALIOMAR, Coleção Constituições brasileiras, v.2, 3.ed. Brasília: Senado, p.11
9 BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de, História constitucional do Brasil, ed. OAB, Brasília,
p 213
novembro de 1889, e constitue-se, por união perpetua e indissoluvel
das suas antigas provincias, em Estados Unidos do Brasil.
Art. 2º Cada uma das antigas provincias formará um Estado, e o antigo
município neutro constituirá o Districto Federal, continuando a ser a
capital da União, emquanto não se der execução ao disposto no artigo
seguinte.10
12 POLETTI, Ronaldo, Coleção Constituições brasileiras, 3.ed. Brasília: Senado Federal, 2012,
p. 11.
13 Constituições brasileiras, Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações,
2005, p. 7.
14 BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. Op. Cit. p. 329-330.
15 Idem, p. 328.
Constituição de 1937
Como não lembrar, em relação a esses dois vultos, Maquiavel?
Quanto ao mineiro que, cortejando “o novo Príncipe”, elabora, para o
Chefe, a receita do poder sem disfarces; que lhe justifica o mando; e
que mergulha, como o florentino, na tragédia do servidor recusado.
Quanto ao gaúcho, a aproximação foi muitas vezes feita. Um livro de
Affonso Henriques leva, mesmo, esse título: Vargas, o Maquiavélico.16
Skidmore comenta: “Essa denominação era exata. Vargas também a
teria achado lisonjeira”.16
O eco do golpe nunca deixou o nosso país, mais uma vez aquele é ouvido. “No
início de novembro de 1937. Tropas da polícia militar do Distrito Federal
cercaram o Congresso e impediram a entrada dos parlamentares”17. O canhão
venceu a palavra mais uma vez, mas esta não será a última vitória. Começava
assim uma nova fase na política brasileira, o Estado Novo.
A Constituição de novembro de 1937, ou “A Poloca”, demonstrou ter grande
influência da Constituição Polonesa, de 23 de março de 1935. Autoritária e
centralizadora, estas eram algumas marcas da nova constituição brasileira no
final dos anos 30. Fortaleceu o Poder Executivo – com o mandado presidencial
de 6 anos. Permitindo a Vargas uma intervenção maior na elaboração das leis,
com a possibilidade da expedição de decretos-leis.
A Constituição de 1937 manteve em seu texto a República e a estrutura
Federativa como forma de Estado – claro, com várias restrições para o sistema
federalista. Porém, em seu sistema presidencialista, aboliu a figura do Vice-
presidente. Anulou a independência dos Poderes. Em matéria político-partidária,
ela retrocedeu muito com relação aos direitos e liberdades. E, houve um repúdio
por parte da Carta de 1937 da Justiça Eleitoral.
Além disso, a Constituição de 1937 mostrou-se fortemente estatizante e
nacionalista, dando ao Estado a função de coordenar a economia brasileira,
como demonstra o texto constitucional da seguinte forma:
Art. 143. As minas e demais riquezas do sub-solo, bem como as
quedas d’agua, constituem propriedade distincta da propriedade do
solo para o effeito de exploração ou aproveitamento industrial. O
aproveitamento industrial das minas e das jazidas mineraes, das aguas
e da energia hydraulica, ainda que de propriedade privada, depende
de autorisação federal.18
Vale ressaltar que: o Banco do Brasil passou a ter o monopólio de câmbio nesta
época.
2005, p. 8.
18 PORTO, Walter Costa, Op. Cit, p.86-87
A Constituição do “Estado Novo” demonstrou-se bastante repressiva instituindo
a pena de morte e a censura prévia nos meios de comunicação.
Apesar disso, a Carta Constitucional pretendeu assegurar as liberdades
individuais – com certas restrições, punições severas para os opositores do
governo. E, aumentou a proteção dos direitos dos trabalhadores.
Mas, como a Constituição anterior, a Carta de 1937 teve pouca duração, vigeu
por 8 anos. O colapso do nacional-socialismo e o espírito da “Guerra Fria”
influenciaram a reorganização mundial – o que atingiu, claro, o Brasil, que esteve
ao lado dos Aliados na Segunda Guerra.
Constituição de 1946
Os constituintes de 1946 partiam do princípio filosófico kantiano de que
o Estado não é fim em si mesmo, mas meio para o fim. Este fim seria
o homem. O Estado deveria fazer convergir seus esforços
precipuamente para elevar material, física, moral e intelectualmente o
homem.19
19BALEEIRO, Aliomar, Coleção Constituições brasileiras, v.5, 3.ed. Brasília: Senado Federal,
2012, p. 13.
Na área dos direitos sociais, os direitos trabalhistas foram reafirmados e
protegidos – a influência socialista e comunista fez diferença na Constituinte de
1946. Por exemplo, o direito a greve é reafirmado (art. 158), associação sindical
(art. 159) e a assistência aos desempregados (art. 157, XV).
Um grande avanço, no campo dos direitos individuais foi dado na Carta de 1946.
Segundo o dispositivo 141 § 4º, que disciplina: “A lei não poderá excluir da
apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual”20. Ou seja, a
inafastabilidade do controle jurisdicional.
Podemos ver, também, a preocupação do constituinte com relação a censura,
que foi muito presente no antigo regime varguista. A Constituição de 1961 diz
em seu artigo 141:
§ 5º E’ livre a manifestação do pensamento, sem que dependa de
censura, salvo quanto a espetáculos e diversões públicas,
respondendo cada um, nos casos e na forma que a lei preceituar, pelos
abusos que cometer. Não é permitido o anonimato. E’ assegurado o
direito de resposta. A publicação de livros e periódicos não dependerá
de licença do poder público. Não será, porém, tolerada propaganda de
guerra, de processos violentos para subverter a ordem política e social,
ou de preconceitos de raça ou de classe.21