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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

PRODUÇÃO DE ETANOL

SÃO LUÍS

2018
2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ALUNOS: BRENO JORDAO, DAVIDSON LUCAS, JOHN KENNEDY, PEDRO


MIGUEL E THAIS HORTZ.

PRODUÇÃO DE ETANOL

Relatório apresentado a Prof. Dr. Jemmla


Trindade, docente ministrante da disciplina
Fundamentos de Química Orgânica e
Biotecnologia do Curso Bacharelado
Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da
Universidade Federal do Maranhão, para
obtenção parcial da terceira nota.

SÃO LUÍS

2018
3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4
2. HISTÓRICO ................................................................................................. 5
3. ASPECTOS ................................................................................................. 6
3.1. ASPECTOS ECONÔMICOS DA PRODUÇÃO DE ETANOL NO
BRASIL ........................................................................................................... 6
3.2. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DO ETANOL E SUAS
IMPLICÂNCIAS ............................................................................................. 12
3.3. ASPECTOS TECNOLÓGICOS ........................................................... 14
4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................... 20
5. CONCLUSÃO E RESULTADOS .................................................................. 21
REFERÊNCIAS........................................................................................................22

ANEXOS...................................................................................................................23
4

1. INTRODUÇÃO

Embora existam registros da extração e utilização de etanol realizados em


1805, foi apenas em 1860 que o combustível passou a chamar a atenção, após
o americano Nicholas Otto utilizá-lo em experiências com motores de
combustão interna. Porém, foi a partir da Segunda Guerra Mundial que o etanol
passou a ganhar verdadeira importância internacional.

No século XXI, diante das inúmeras preocupações humanitárias


(preservação ambiental, instabilidade do preço do petróleo, o esgotamento das
fontes tradicionais não renováveis de energia, etc.), as fontes de recursos
renováveis, principalmente de biomassa, se apresentam como as melhores
alternativas para uma humanidade sustentável.

Vale ressaltar que essa preocupação se agravou mais devido aos


cumprimentos das metas estabelecidas no Protocolo de Kyoto1. Debates sobre
energia e estratégias de produção vêm estando presentes nas discussões de
especialistas e de autoridades de níveis mundiais.

A oferta de etanol brasileiro cresceu no período 1994-1998, quando se


iniciou uma crise devido aos altos níveis de estoque e a redução no mercado
doméstico. Nessa ocasião, o preço do açúcar no mercado internacional
aumentou e, consequentemente, a oferta no mercado interno despencou,
ocasionando uma queda de 75,5% para 0,06% de veículos movidos a etanol.
Esse cenário se reverteu no ano de 2001, quando motores a etanol
recomeçaram a ser produzidos, surgindo uma nova indústria de etanol para os
motores biocombustíveis (também denominados flex.-fuel).

Dadas às vantagens de custos na produção devido a abundancia da


matéria-prima e da mão-de-obra, a produção brasileira é destinada
especialmente para os mercados externos, principalmente, os norte-
americanos e europeus.

1É um acordo internacional que estabelece metas de redução de gases poluentes para os


países industrializados. O protocolo foi finalizado em 1997, baseado nos princípios do Tratado
da ONU sobre Mudanças Climáticas, de 1992.
5

Há, entretanto, empecilhos para as exportações do biocombustível


brasileiro em razão de a produção do etanol de cana ser considerada uma
atividade geradora de danos ambientais.

2. HISTÓRICO

O Brasil utiliza o etanol como aditivo da gasolina desde a década de 1920


e oficialmente, o combustível produzido a partir da cana-de-açúcar foi
adicionado à gasolina a partir de um decreto assinado em 1931. Entretanto,
somente com a criação do programa ProÁlcool, em 1975, é que o Brasil
estabeleceu definitivamente a indústria do etanol combustível.

O extinto Instituto de Açúcar e do Álcool (IAA) e a Escola Superior de


Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) desempenharam papel muito importante
para o crescimento do setor alcooleiro no país, ao buscar, no exterior, a melhor
tecnologia então disponível para a fabricação do álcool etílico. No fim dos anos
1930 foram realizadas novas aquisições de máquinas e as Usines de Melle,
instaladas na França, responsáveis pelo desenvolvimento e pela patente do
processo de fermentação com reciclo do fermento.

O governo brasileiro, ao criar o Proálcool (Decreto no 76.593), tinha o


objetivo de estimular a produção do combustível, visando ao mercado interno e
externo. De acordo com o decreto, a produção oriunda da cana-de-açúcar, da
mandioca ou de qualquer outro insumo deveria ser incentivada por meio da
expansão da oferta de matérias-primas, com especial ênfase no aumento da
produção agrícola, na modernização, na ampliação e instalação de novas
unidades produtoras e na construção de unidades armazenadoras.

Os veículos movidos a álcool chegaram a atingir 85% das vendas totais


no país, como em 1985 quando ocorreu uma reviravolta no cenário, com a
redução dos preços do petróleo e a recuperação dos preços do açúcar nos
respectivos mercados internacionais. Isto desmotivou a produção de etanol e
gerou um quadro de dificuldades que encerrou a fase de expansão do
Proálcool. Em 1986, o governo federal reviu as políticas de fomento, retirando o
subsídio ao álcool, o que reduziu a rentabilidade média da agroindústria
canavieira e estimulou ainda mais o uso da cana para a fabricação de açúcar
para exportação.

Uma consequência duradoura da crise de abastecimento, em meados de


1989, foi à perda de confiança do consumidor brasileiro, levando a uma
inevitável queda das vendas dos carros movidos exclusivamente a etanol, além
disso, houve uma descontinuidade na oferta do produto, onde foi necessária a
redução do teor de álcool anidro na composição da gasolina. Assim, as vendas
6

de veículos a etanol atingiram uma participação de apenas 11,4%, em 1990


(SCANDIFFIO, 2005). Somente a partir de meados de 2003, com o lançamento
dos veículos flexíveis ao combustível, a produção e o consumo do etanol
hidratado voltaram a crescer de modo expressivo.

Até o início dos anos 1990 as características estruturais básicas da


agroindústria sucroalcooleira, no Brasil, eram resultantes de décadas de
controle estatal, com a produção agrícola e industrial sob controle das usinas,
além de uma heterogeneidade produtiva – especialmente na produção da
cana. Adicionalmente, o reduzido aproveitamento de subprodutos e a
competitividade eram fundamentados, em grande medida, nos baixos salários
– que assim permanecem – e na produção extensiva da cana.

Outra importante medida implantada no começo dos anos 1990, que


revisou o papel do Estado na economia nacional, foi que o governo brasileiro
desencadeou o processo de desregulamentação do setor. Em 2001 os
controles governamentais ainda impostos ao mercado, no que se referiam a
preços e cotas, foram totalmente retirados, passando a prevalecer a livre
competição entre os produtores.

3. ASPECTOS

3.1. ASPECTOS ECONÔMICOS DA PRODUÇÃO DE


ETANOL NO BRASIL

O Brasil e os Estados Unidos estão no topo da lista dos maiores


produtores de etanol do Mundo. Cerca de 90% da oferta mundial está
concentrada nesses dois países. Ao longo das últimas décadas, o Brasil tem
sido visto como referência mundial na produção sustentável e eficiente do
biocombustível, utilizando como matéria-prima a cana-de-açúcar.

Porém, a liderança na geração deste biocombustível é dos Estados


Unidos. No entanto, diferentemente do Brasil, eles produzem etanol tendo
como matéria-prima o milho. Outros países também são referência na
fabricação do álcool: Canadá, que faz o uso do trigo e do milho; a China, que
utiliza mandioca, sorgo e milho; a Índia, também com cana-de-açúcar.
7

Maiores Produtores Mundial de Etanol


1.30% 0.80% 0.80% 1.50%
1.70%
3.20% EUA
5.40% Brasil
EU
China
Canadá
27.70% 57.50% Tailância
Argentina
Índia
Outros

Fonte 1: RFA, Bradesco.

No Brasil a produção de cana está concentrada nas Regiões Centro –


Sul e Norte-Nordeste. Devido ao seu parque industrial, base tradicional da
pesquisa agropecuária do país, a Região Centro-Sul é a que apresenta os
melhores resultados. Na Região Norte-Nordeste, a atividade enfrenta
dificuldades de topografia e clima, além de sofrer também com a falta de
política agrícola.

Produção de Cana-de-açúcar
(por região - safra 2015/2016)

7.70%

CENTRO - SUL
N/NE

92.30%

Fonte 2: CONAB, Bradesco.


8

Produção de Cana-de-açúcar por Região


(por região - safra 2015/2016)
0.50%

6.70%
7.20%
Sudeste

19.70% Centro - Oeste


Nordeste
65.80%
Sul
Norte

Fonte 3: CONAB, Bradesco.

Produção de Cana-de-açúcar por UF


(safra 2015/2016)
2.10% 2.00% 3.60%
2.60% SP
6.70%
GO

7.00% MG
MS
10.10% 55.20%
PR

10.70% AL
MT
PE
Outros

Fonte 4: CONAB, Bradesco.

O último levantamento feito de unidades processadoras de cana-de-


açúcar foi em 2008, o Brasil contava com 410 unidades produtoras de açúcar e
etanol, 254 unidades produzem os dois tipos de produtos; 141 produzem
9

exclusivamente etanol, e 15, unicamente açúcar. O Estado de São Paulo, como


já mostrado, é o líder no ranking de produção por possui 195 fábricas. 2

Figura 1: Localização das usinas de açúcar e bioetanol no Brasil. Fonte: CTC – NIPE (2005)

2 Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimentos (2008) divulgado no


documento eletrônico “Relação das unidades produtoras cadastradas no Departamento de
Cana-De-Açúcar e Agroenergia”.
10

30% Mercado
Interno
47% Açúcar
10% China, 10%
70% Exportação Bangladesh e 8%
Cana-de-açúcar Argélia
(685 milhões de
toneladas) 40% Anidro
94% Mercado
(misturado à
Interno
gasolina)
53% Etanol
60% Hidratado
50% EUA, 25%
(usado como 6% Exportação
Coréia do Sul
combustível)

Figura 2: Produtos da Cana (safra 2016/2017) Fonte: CONAB E SECEX, Bradesco.

Ainda em 2007, as unidades processadoras de cana moeram, em


média 1,5 milhão de toneladas de cana por safra na região Centro-Sul e pouco
mais de 1 milhão como média nacional. Já aquelas destilarias, autônomas ou
anexas, produziram em média cerca de 400 mil litros de etanol por dia; no
início do Proálcool (anos 70) as unidades produziram entre 120 mil e 180 mil
litros/dia, tendo havido, portanto um significativo aumento de escala.

Já em abril de 2018, a produção total de etanol do Brasil deve


aumentar 4,6% na safra 2018/2019, projetou a consultaria F.O Licht, durante
um evento em São Paulo. De acordo com a forte demanda, a fabricação de
etanol no país deve subir para 29,2 bilhões de litros, ates 27,9 bilhões na safra
anterior.

A produção de açúcar do Brasil na safra 2017/18 caiu 2,1% ante o


ciclo, passado, para 37,87 milhões de toneladas, em meio a uma oferta de
cana reduzida e a uma maior destinação de matéria-prima para o etanol,
projetou a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em 2018.
11

Produção Nacional de Etanol em Safras


(milhões de litros)
35.000
30.462
30.000 27.695 28.660 27.808
26.662 26.000 27.123 26.451
24.926
25.000 23.007 23.123

20.000 17.471

15.000

10.000

5.000

0.000
06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16 16/17 17/18

Fonte 5: CONAB, Bradesco.

Produção Nacional de Açúcar em Safras


(mil ton)
45.000
38.168 38.000 37.878 38.691 38.702
40.000 35.968 35.560
35.000 33.075 33.489
30.224 31.245 31.622
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0.000
06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16 16/17 17/18*

Fonte 6: CONAB, Bradesco.


12

3.2. ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS DO ETANOL E SUAS


IMPLICÂNCIAS

Uso da terra

 Monoculturas, populações rurais e acesso à terra

Práticas agrícolas monoculturais em grandes extensões de terra têm sido


apontadas por movimentos sociais e ambientalistas como geradoras de
desigualdades no campo, bem como um entrave à reprodução social de
populações tradicionais. A ausência de uma legislação eficaz da estrutura
fundiária brasileira, capaz de regular e limitar os usos das propriedades,
associado à disponibilidade de mão-de-obra barata, tem contribuído para a
expansão das monoculturas. Impactos sobre a da agricultura familiar e
mudanças no padrão de produção agrícola têm sido verificadas em regiões que
se especializaram na produção de cana-de-açúcar (GUEDES et al, 2006).

Como o crescimento da produção é possível verificar a redução de outros


cultivos e uma reconfiguração do espaço rural. Nota-se uma redução dos
cultivos de tomate, amendoim das águas e laranja, que estão sendo
substituídos por cana-de-açúcar (IEA/SP, 2006). Da mesma forma,
levantamentos para a safra de café indicam redução na área plantada sempre
em decorrência do crescimento da produção canavieira na região Sudeste
(CONAB, 2006). A partir disso, percebe-se que, ao contrário do afirmado pela
agroindústria canavieira, a ampliação no cultivo de cana influi diretamente e
impõe restrições à produção de gêneros alimentícios nas regiões por ela
extensivamente ocupadas.

Condições de Trabalho

 Carga de trabalho, salários, saúde e segurança no trabalho

A mão-de-obra na agroindústria canavieira é empregada nas fases de


produção de mudas, plantio, combate de formigas, conservação de estradas e
carreadores, operação de máquinas, colheita manual e retirada de sobras. De
todas essas atividades a de maior demanda por mão-de obra é a colheita
manual responsável por mais de 60% do contingente de trabalhadores. A
13

constante pressão para aumento da produtividade no corte de cana tem


provocado enormes problemas para a saúde do trabalhador (GONÇALVES,
2005).

Nos últimos anos a fiscalização sobre as condições de trabalho no setor


sucroalcooleiro foi intensificada. O governo brasileiro assinou as
recomendações nº. 182, 138 e 146 da OIT – Organização Internacional do
Trabalho –, que proíbe as formas mais precárias de trabalho infantil e define a
idade mínima de 18 anos para inserção em atividades penosas. De fato,
observa-se uma queda do trabalho infantil na última década.

 Queima mecanização e desemprego

Empresas com gestão moderna, sobretudo aquelas que pretendem


participar do mercado internacional, começaram a cuidar melhor das condições
de trabalho e introduziram programas especiais para a educação, alimentação
e preparação física dos trabalhadores. De modo geral, estão também
preocupadas em evitar os prejuízos causados com greves, doenças e
processos judiciais, os quais podem provocar quedas na produção e afetar a
imagem da empresa no exterior.

Tanto as condições precárias de trabalho no corte manual como as


implicações ambientais e à saúde humana do uso da prática de queimadas
prévia ao corte da cana têm impulsionado o debate em favor da adoção da
prática de corte mecanizado para a modernização do setor. Com a expansão
da mecanização da produção canavieira os trabalhadores que experimentavam
condições precárias de trabalho passaram a se preocupar com o aumento do
desemprego.

 Treinamento e condições de vida

O trabalho que mais emprega no setor canavieiro, mesmo com o avanço dos
processos de mecanização, ainda é o corte da cana. Consiste numa atividade
repetitiva, que é penosa e reduz a expectativa de vida útil para o trabalho em
10 anos. Um cortador de cana dá em média 6 a 10 mil golpes de facão com
flexões por dia e anda 4 mil metros entre as linhas plantadas com cana. No
14

geral, os EPI e as regras rígidas para o corte e o empilhamento da cana são


dados pela empresa e monitorados pelos feitores no campo.

3.3. ASPECTOS TECNOLÓGICOS

O etanol não é um produto encontrado na natureza puro, mais para


produzi-lo, é necessário extrair o álcool de outras substâncias. A forma mais
comum de obtenção que é através das matérias açucaradas (mel, milho
sacarino, cana-de-açúcar, beterraba, suco de frutas), matérias amiláceas e
feculentas (agrupamento de grãos amiláceas, raízes e tubérculos feculentos) e
substâncias celulósicas, como a madeira e o papel. O processo que utiliza
essas matérias-primas para a produção é a fermentação, porém há mais duas
maneiras de produzir álcool, que consiste em reações químicas controladas em
laboratório.

Dentre todas as matérias primas do etanol presentes na natureza. A


cana-de- açúcar é a mais produtiva e que em condições de clima, temperatura,
topografia e condições de adaptação dá ao Brasil uma vantagem, visto que
esse é o principal produto de extração de etanol no país. A produtividade média
de geração de etanol por hectare de cana, por exemplo, é de 7500 litros,
enquanto a mesma área de milho, principal matéria prima do álcool produzido
nos Estados Unidos, é de 3 mil litros.

No Japão, a produção do etanol é feita a partir da coleta de resíduos


agrícolas do cultivo da palha de arroz, principal matéria prima e fonte
econômica produzida no país. Já na Europa, no norte da França a beterraba
branca é um dos principais produtos agrícolas do país de paladar açucarado
que dá uma alternativa viável para o país na produção do etanol utilizado como
combustível para carros Flex quando adicionado 5% do teor de gasolina. Ainda
no Brasil, outra fonte alternativa de produção de etanol se encontra na raiz
açucarada, a mandioca doce, com rendimento de 14 𝑚3 de álcool por hectare
ao ano. Na China, a matéria prima utilizada para produzir etanol está na a
mandioca, batata- doce e sorgo.
15

FORMAS DE PRODUÇÃO DO ETANOL

O processo e o método de produção do etanol a partir da cana-de-


açúcar consistem na fermentação. Essa técnica consiste em adicionar ao caldo
da cana-de-açúcar micro- organismos (leveduras) que quebram moléculas de
açúcar (𝐶6 𝐻12 𝑂6), transformando-a em duas moléculas de etanol (2(𝐶2 𝐻5 𝑂𝐻)) e
mais duas moléculas de gás carbônico(2 𝐶𝑂2). Nas usinas produtoras de etanol
são utilizados vários processos até chegar ao resultado final que pode obter
delas os álcoois anidros e hidratados. A diferença entre ambos deve-se apenas
à concentração de água em sua composição. O anidro tem o teor de água
equivalente a 0,5%, enquanto o hidratado apresenta teor de 5%.

O processo de fermentação da cana-de-açúcar ocorre em sete


etapas:

 Primeira Etapa: Lavagem


Processo no qual a cana-de- açúcar em sua forma pura é colocada em
uma esteira rolante. Onde é submetida a uma lavagem que retira sua
poeira, areia, terra e outros tipos de impurezas. Por conseguinte, a cana
é picada e passa por um eletroímã, que retira materiais metálicos do
produto.

 Segunda Etapa: Moagem


Nesse processo, a cana é moída por rolos trituradores, produzindo um
líquido chamado melado que possui um grande teor de sacarose
(C12H22O11). Cerca de 70% de produto original viram esse caldo,
enquanto os 30% da parte sólida se transforma em bagaço. Do melado,
continua-se o processo de fabricação do etanol, enquanto o bagaço
pode ser utilizado para a geração de energia elétrica na usina.

 Terceira Etapa: Eliminação de impurezas


Para eliminar os resíduos presentes no melado (restos de bagaço, areia,
etc.), o líquido passa por uma peneira. Em seguida, ele segue em um
tanque para repousar, fazendo com que as impurezas se depositem ao
fundo- processo chamado de decantação. Depois de decantar, o melado
16

puro é chamado de caldo clarificado. O último processo de extração de


impurezas é a esterilização, em que o caldo é aquecido para eliminar os
micro-organismos presentes.

 Quarta Etapa: Fermentação


Após estar completamente puro, o caldo é levado a domas (tanques) no
qual é misturado e a ele um fermento com leveduras (fungos, sendo
mais comum a levedura de Saccharomyces cerevisia ). Nesse processo
as leveduras originam outra enzima, a zimase, que catalisa a
transformação da frutose e da glicose em cerca de 10% de etanol e gás
carbônico:

𝐶6𝐻12𝑂6 𝑍𝐼𝑀𝐴𝑆𝐸 2 𝐶2𝐻5𝑂𝐻 2 𝐶𝑂2


→ +
𝐺𝐿𝐼𝐶𝑂𝑆𝐸 𝑂𝑈 𝐹𝑅𝑈𝑇𝑂𝑆𝐸 𝐸𝑇𝐴𝑁𝑂𝐿 𝐺Á𝑆 𝐶𝐴𝑅𝐵Ô𝑁𝐼𝐶𝑂

Atuação da zimase como catalisadora da reação de formação do etanol a partir da

Figura 3: Atuação da zimase como catalisadora da reação de formação do etanol a partir da


glicose e frutose.

Observando a imagem acima nesse processo de fermentação, ocorre a


liberação intensa de bolhas. Isso ocorre pela presença do gás carbônico que foi
liberado na reação anterior. Essa reação também é bastante exotérmica, ou
seja, libera muito calor.
17

 Quinta etapa: Destilação


Nesse processo, o líquido é colocado em colunas de destilação, nas
quais ele é aquecido até evaporar. Na evaporação, seguida da
condensação é separado o vinho do etanol. Com isso, fica pronto o
etanol hidratado, usado como etanol combustível, com grau alcoólico em
cerca de 96%.

 Sexta etapa: Desidratação


Processo no qual é retirado o restante da água contido nele para se
fazer o álcool anidro. Essa etapa da desidratação pode-se utilizar
diversas técnicas. Uma delas a desidratação, em que o solvente
colocado ao álcool hidratado mistura-se apenas com água, com os dois
sendo evaporados juntos. Outros sistemas, chamados de peneiração
molecular e pevaporação, utilizam tipos especiais de peneira que retêm
apenas as moléculas da água. Após ser desidratado, surgi o álcool
anidro, com graduação alcoólica de 99,5%, utilizado misturado à
gasolina como combustível.

 Sétima etapa: Armazenamento


Nesta etapa, o etanol anidro e hidratado são armazenados em enormes
tanques, até serem levados por caminhões que transportem até as
distribuidoras.

Outros Métodos de Produção de Etanol

a) Hidratação do etileno
Processo que consiste em uma síntese química entre moléculas de água
(𝐻2 𝑂), e às moléculas de etileno (𝐶2 𝐻4 ) tendo como produto final etanol
(𝐶2 𝐻6 𝑂). Expresso pela equação abaixo:

𝐶𝐻2 = 𝐶𝐻2 + 𝐻2 𝑂 → 𝐻3 𝐶 − 𝐶𝐻2 − 𝑂𝐻


18

Em países onde não há muito território disponível para plantações,


costuma-se utilizar esse processo para a produção de álcool. Para acelerar a
reação, usa-se o ácido sulfúrico (𝐻2 𝑆𝑂4), ou o ácido fosfórico (H3PO4) como
catalisador. Este método não é muito utilizado no Brasil, contudo estima-se que
90% de todo o álcool produzido nos Estados Unidos seja de hidratação de
etileno.

b) Produção de etanol por Redução de Acetaldeído

O acetaldeído é um composto orgânico de fórmula (C2H4O). Também


conhecido com etanal, de estrutura muito semelhante ao álcool etílico,
diferindo apenas pela ausência da hidroxila (OH), o acetaldeído ganha um
íon de (H+), produzindo como produto final o etanol.

Etanol do Milho

O maior produtor de etanol a partir do milho são os Estados Unidos,


contudo o etanol produzido por esta matéria orgânica é menor em comparação
ao da cana-de-açúcar, porque apenas os grãos do milho são usados, e muitos
produtos à base de petróleo, fertilizantes, pesticidas, etc.) são utilizados na sua
cultivação. Hoje, as biorrefinarias sofisticadas usam tecnologias de ponta para
converter grãos, bebidas e restos de comida, biomassa celulósica e outras
matérias-primas em etanol de alta octanagem. Aproximadamente 90% do
etanol de grãos produzido hoje vêm do processo de moagem a seco, com os
10% restantes provenientes de moinhos úmidos. A principal diferença entre os
dois está no tratamento inicial do grão. Observe a Figura 5, no Anexo.

Na moagem a seco, todo grão é primeiro triturado em “farinha” e depois


adicionados em água para formar um “mosto”. Enzimas são adicionadas ao
mosto para converter o amido em açúcar. O mosto é cozido, depois arrefecido
e transferido para fermentadores. A levedura é adicionada e a conversão de
açúcar em álcool começa. Após a fermentação, a “cerveja” resultante é
separada da restante “vinhaça”. O etanol é então destilado e desidratado,
depois misturado com cerca de 2% de desnaturante (como gasolina) para
torná-lo intragável e posteriormente distribuido. A vinhaça é enviada através de
19

uma centrífuga que separa os sólidos dos solúveis. Esses coprodutos acabam
se tornando grãos de destilaria, assim como óleo de destilador de milho.

Processo de produção do etanol do milho

O etanol é produzido a partir de milho como uma biomassa industrial


através de fermentação, destilação e tratamento químico. A produção de etanol
pode ocorrer através de dois métodos de transformação do milho: moagem
seca ou úmida. No processo a seco são obtidos produtos tais como: canjica
especial, canjicas para cereais matinais e para produção de pipocas
expandidas, canjicão, gritz de milho, óleo de milho bruto e refinado e a sêmola
de milho. Esse processo não requer muita tecnologia e os derivados
tecnologicamente superiores são oriundos do processamento via úmida.
No processo via úmida, o etanol é obtido após a hidrólise do amido liberando
as moléculas de açucares que são transformados em álcool pelo processo de
fermentação.

Nesse processo o milho passa por uma moagem. Ele sai em forma de
pó. Uma mistura feita com o pó desse grão, água e enzima entram em um
forno de aquecimento alto, onde ela é liquefeita. A enzima ajuda a quebrar o
composto do grão para ajudar no processo de liquefação. A mistura liquefeita é
resfriada e recebe outra enzima, esta enzima converte o amido em açúcares,
que podem ser fermentados pra fabricar álcool. A levedura é acrescentada à
mistura de açúcar para iniciar o processo de fermentação. Os açúcares são
quebrados em etanol e em dióxido de carbono, a mistura fermentada é
destilada. O etanol é separado dos sólidos, um processo de desidratação
remove a água do etanol separado, uma pequena quantidade de gasolina é
adicionada ao etanol para que ele não possa ser ingerido.
20

Figura 4: Fermentação de etanol a partir de amido cru de grãos de sorgo sacarino.

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Materiais e equipamentos

- 1L de caldo de cana

- 10g de fermento biológico

- Pano limpo para coar

- Termômetro

- Destilador

- Condensador

- Béquer

- Panela

- Garrafa pet 2L

- (equipamento utilizado no laboratório para aquecer)

Procedimento

Inicialmente todos os equipamentos foram esterilizados a fim de ser evitar


possíveis erros na prática realizada.

O caldo de cana foi filtrado no béquer com auxílio de um pano limpo para
que seja desprezado alguns resíduos sólidos presentes no conteúdo do caldo.
21

Com a ajuda de um termômetro, o caldo filtrado foi aquecido à uma


temperatura média de 100 graus Celsius por cinco minutos numa panela. Essa
etapa é realizada para matar as bactérias prejudiciais ao processo de
fermentação do caldo posteriormente. Ao se aquecer, nota-se uma “separação”
das partículas sólidas e o líquido ainda presentes nesta etapa. Por fim aguarda-
se que o conteúdo atinja a temperatura ambiente (29 º C).

Realiza-se então uma nova filtragem, na qual as partículas sólidas ficam


retidas. É adicionada uma quantidade de 10 gramas de fermento biológico e
coloca-se a mistura numa garrafa pet com alguns furos na tampa para que o
processo de fermentação ocorra e forme CO2 + etanol. O novo conteúdo é
descansado por três dias.

O caldo fermentado é colocado no destilador e aquecido por volta de 95º


C. O etanol e a água vaporizados entram no condensador e são despejados
num béquer no estado líquido. Obtém-se cerca de 200 ml da mistura etanol-
água.

Logo após, é adicionado à mistura novamente ao destilador a uma


temperatura média de 90 ºC, desta vez sem o condensador. O líquido é
despejado num béquer e obteve-se uma pequena quantidade de etanol.

5. CONCLUSÃO E RESULTADOS

Finalizando este trabalho pode-se observar que existem diversos tipos de


matéria prima que são usados na produção de etanol, como: a cana de açúcar
(utilizada neste trabalho), milho, mandioca, trigo, entre outros.

Também é importante citar as utilidades do etanol, que são: produção de


bebidas alcoólicas, aplicações na indústria química e farmacêutica, combustível
veicular e a produção de energia elétrica.

Com a utilização da cana de açúcar como matéria prima, pode-se


perceber que a quantidade final retirada de etanol do caldo de cana é de
aproximadamente um intervalo entre 7% e 12%. Assim, a cada 1L de caldo de
cana submetido a este procedimento, é retirado entre 70 ml a 120 Ml de etanol.
22

REFERÊNCIA

BASTOS, V. D. Etanol, alcoolquímica e biorrefinarias. Rio de Janeiro: BNDS


Setorial, 2007 p-p38.

BORGES, F.H.; TACHIBANA, W.K. A evolução da preocupação ambiental e


seus reflexos no ambiente dos negócios: uma abordagem histórica. XXV
Encontro nacional de Engenharia de Produção, Porto Alegre, 29 Novembro
2005.

CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Cana-de-Açúcar


Primeiro Levantamento Safra 2016/17. CONAB, 2016. Disponível em:. Acesso
em 23 jun. 2018.

GONÇALVES, Daniel Bertoli. Mar de Canal, Deserto Verde? Dilemas do


Desenvolvimento Sustentável na Produção Canavieira Paulista. Tese
(Doutorado Engenharia de Produção). São Carlos: UFSCAR/CCET, 2005.

GUEDES, Sebastião Neto Ribeiro et al. Mercado de Terra e de Trabalho na


(Re)Estruturação da Categoria Social dos Fornecedores de Cana de Ribeirão
Preto. In. AGRIC/SP. São Paulo, v 53, nº 1, 2006. 9. 107-122.

IEA – INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA/SP. Previsões e Estimativas


das Safras Agrícolas no Estado de São Paulo, Safra 2005/06. IEA/4º
Levantamento, 2006. Disponível em:< www.iea.sp.gov.br>. Acesso em 22 juN.
2018.

SCANDIFFIO, Mirna Ivonne Gaya Análise prospectiva do álcool combustível no


Brasil – cenários 2004-2024 / Mirna Ivonne Gaya Scandiffio.-- Campinas, SP:
[s.n.], 2005.
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ANEXOS

Figura 5: Processo de Fabricação do Etanol pelo Milho


24

Figura 6: Caldo de cana fermentado e devidamente filtrado em um béquer de 2 L.

Figura 7.
25

Figura 8.
26

Figura 9: Colocação do caldo de cana no balão volumétrico.


27

Figura 10.

Figura 11.

Figura12.
28

Figura 13: Processo de destilação do caldo de cana depois de ser fermentado e devidamente
filtrado.

Figura 14: Segundo método de destilação utilizado.


29

Figura 15.
30

Figura 16.
31

Figura 17: Etanol obtido através do caldo de cana

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