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PROCEDIMENTOS PARA EXECUÇÃO DE LAJE NÍVEL “ZERO”: ADEQUAÇÃO


DE MÉTODOS EM ESTUDO DE CASO

Felipe Borsoi da Silva 1, Marcelo Costella 2

Resumo: Este artigo apresenta a descrição da execução de uma laje convencional com contrapiso
em um edifício na cidade de Chapecó-SC e, através de referenciais teóricos, sugere etapas
necessárias para tornar a laje nivelada e assim ter a possibilidade de assentar qualquer revestimento
em sua superfície. A principal mudança para a obtenção da laje nível “zero” está relacionada à
deformação de lajes em que ela não pode ultrapassara flecha estipulada pelo engenheiro estrutural.
Há também outros fatores que devem ser considerados na sua execução, como por exemplos como a
adoção de cimbramento metálico, cuidados na fixação da armadura e de instalações embutidas,
adoção de mestras rígidas e guarda-corpos postos há aproximadamente 50 cm para fora do
perímetro do pavimento para que a máquina power float possa desempenar as extremidades da laje,
entre outros. Além disso, o artigo apresenta como pesquisas adicionais modos de aprimoramento
para sua execução, como a utilização de concreto auto-adensável que se apresenta como uma boa
forma de aumento de produtividade das lajes, porém seu emprego é difícil devido ao seu alto custo.
Apresenta também algumas maneiras de diminuir o ruído da laje “zero”, sendo a principal delas, a
adoção de mantas com lã de rocha sobre o forro. Também apresenta uma pesquisa feita com
engenheiros das principais construtoras da cidade, onde procura saber qual é o principal motivo que
as impedem de não utilizarem o sistema construtivo em suas obras. De acordo com a entrevista uma
das principais dificuldades enfrentadas na execução da laje nível “zero” é a passagem de tubulação
de gás. Uma das alternativas apresentadas é a colocação de barrotilhos de madeira por onde passa
a tubulação. Este artigo pode servir como referência de pesquisa a construtoras, pois reúnem
informações sobre os problemas locais relacionados à execução de laje nível “zero” bem como
possíveis soluções.
Palavras-chaves: Nível “zero”. Formas. Laje.

1. Introdução
Empresas do ramo da construção civil estão sempre em busca maneiras para
se tornarem competitivas. Tal objetivo pode ser alcançado com o aprimoramento da
produtividade. Quando se fala em desperdício na construção civil não se trata
apenas de somente entulhos gerados. Há de se levar em conta também as perdas
geradas por consumos extras de materiais provenientes da má qualidade executiva,
sem contar aspectos não materiais como tempo e mão de obra. Portanto é possível
afirmar que o desperdício começa com o processo construtivo. Um dos métodos que
podem conduzir à redução do desperdício é a laje “zero” que são lajes acabadas
diretamente no momento de sua execução. A regularização é dispensada na
execução deste tipo de laje.

A justificativa deste artigo se deve ao fato da existência de dúvidas por parte


das construtoras na hora de se optar por este método construtivo recente, porém de
grandes benefícios na construção civil. Chapecó e região não possuem nenhuma
1
Acadêmico do Curso de Engenharia Civil, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: felipeb.s@unochapeco.edu.br
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Doutor em Engenharia de Produção - Área de ciências exatas e ambientais - UNOCHAPECÓ – costella@unochapeco.edu.br
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pesquisa a respeito dos problemas encontrados em suas obras para adequação


deste método. Para tanto, foi escolhido um edifício que executa atualmente lajes
convencionais com contrapiso. As observações e dados coletados nesta obra
servem como base para descrição dos procedimentos executivos a serem mudados.

2. Revisão bibliográfica
2.1. Acabamentos de lajes
Nas lajes de edifícios de concreto, há diversos métodos construtivos com
ampla aceitação no mercado da construção civil. Com as novas tecnologias
existentes para redução de custos, a aplicação destas rende muitos benefícios.

Segundo Melhado e Souza (2002) se o objetivo de execução de uma laje for


racionalizá-la, tal estrutura de concreto armado pode ser classificada como:

Laje convencional: não há um controle de seu nivelamento ou


rugosidade; a finalidade de tal laje é receber e transmitir carga e posteriormente irá
servir como base de aplicação do revestimento de piso.

Laje nivelada: em sua execução há um controle de seu nivelamento. É


executada posteriormente uma camada de contrapiso que neste caso possui
espessura especificada no projeto e de no mínimo 2 cm para pisos aderidos a laje.

Laje acabada: o seu substrato possui adequada rugosidade superficial,


planeza e nivelamento ou declividade, necessários ao assentamento da camada
final de piso dispensando por completo o contrapiso (Figura 1).

A laje acabada mais conhecida como nível “zero” é o tema proposto no


presente artigo que tem o objetivo principal de descrever os métodos para a
realização desta deste tipo de laje que é pouco utilizado na cidade de Chapecó-SC

Figura 1: Representação de laje acabada (SOUZA; MELHADO, 2002, p. 19).


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2.2. Deformações nas lajes niveladas


De acordo com Carvalho (1998) apesar das vantagens da laje nível “zero”,
execução de um pavimento que dispensa a camada de regularização é
relativamente difícil de se executar.

Em decorrência das deformações por flexão da laje, é impossível


para um pavimento apresentar-se permanentemente plano, já que uma
parcela do carregamento é variável. Além disso, as deformações variam ao
longo do tempo, mesmo para carregamento constante, devido à fluência do
concreto. Mesmo assim, os pavimentos devem ficar praticamente planos
durante todas as etapas da construção e durante o seu uso (CARVALHO,
1998, pg.129).

O mesmo autor afirma que os valores máximos para os deslocamentos nos


pavimentos são dimensionados para requisitos de conforto visual e sensorial e,
principalmente, e evitar fissuras em paredes de vedação. As deformações de um
pavimento dependem do sistema estrutural, dos materiais utilizados e do processo
construtivo.

Carvalho (1998) ainda cita que devem ser calculados deslocamentos para os
pavimentos para várias combinações de carregamentos que atuam ao longo da vida
útil da edificação. Com isso, podem-se adotar os valores ideais, ou seja, uma média,
das contra-flechas a serem aplicadas. A definição dos valores das contra-flechas a
serem aplicadas é um aspecto de extrema relevância, pois ela deve compensar as
deformações que o pavimento vai sofrer quando da sua utilização para não ocorrer
nenhum erro no nivelamento.

3. Procedimentos metodológicos
3.1. Método de pesquisa
3.1.1. Método de abordagem
Segundo Gil (2002) o método de abordagem da pesquisa é dedutivo, pois
parte do principio de bibliografias e leis gerais dos procedimentos para execução da
laje nível “zero” que foram adequadas para um fenômeno particular representado por
um estudo de caso de uma laje convencional com contrapiso em um edifício da
cidade de Chapecó - SC.
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3.2. Caracterização da pesquisa


A pesquisa foi decomposta em três fases distintas: a) entrevista com
engenheiros de execução a respeito da não utilização do método construtivo em
Chapecó-SC e possíveis soluções para tais problemas; b) Observação bem como
descrição do método executivo da laje de um edifício da cidade de Chapecó-SC
além de recomendações baseadas em referenciais teóricos para mudar métodos de
execução e adequá-la para laje acabada; c) Pesquisas adicionais para
aprimoramento da execução da laje acabada.

4. Análise e interpretação dos dados


4.1. Resultados das entrevistas
A principal pergunta das dez entrevistas realizadas foi: Qual é o principal
motivo que faz com que o senhor não opte por este sistema construtivo de laje nível
“zero” em suas obras? O resultado obtido está apresentado na Figura 2:

Figura 2: Gráfico com as percentagens das opções escolhidas.

Como pôde ser visto na Figura 2 a qualificação de mão de obra é a principal


dificuldade encontrada entre as grandes construtoras de Chapecó-SC em fazer nível
“zero”. Como este é um sistema construtivo recente na cidade, este não foi ainda
difundido entre os trabalhadores de obra. Além disso, em qualquer inovação
aplicada na indústria da construção, a equipe de funcionários deve passar antes por
um treinamento para adaptação para conhecer métodos construtivos maquinas e
procedimentos necessários para a realização do serviço. No inicio da implantação do
sistema é relativamente normal à equipe passar por certas dificuldades de
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adaptação ao novo método. Portanto, os entrevistados elegeram a essa dificuldade


de adaptação da mão-de-obra como a principal para implantação.

A opção “dificuldade de passagens de instalações de gás” foi escolhida por


alguns engenheiros. Como a laje nível “zero” não tem contrapiso, devem-se estudar
outras maneiras para passar a tubulação no pavimento. Partindo deste principio, foi
escolhido este tema para servir como pesquisa adicional para aprimoramento da
execução da laje nível “zero”, descrevendo alternativas para esta passagem.

4.2. Observação da execução da laje


A edificação utilizada para a aplicação do estudo de caso é um edifício
comercial localizada no centro da cidade de Chapecó-SC e é composta por onze
pavimentos tipos, térreo e dois subsolos. O edifício foi chamado de “A” para
preservar a integridade.

Foi observado a execução da laje desta edificação que possui 952,44m² e


representa a terceira laje. Quando foi executada não foi pensada a possibilidade e
tornar a laje acabada. Apenas a partir do quarto pavimento esta idéia começou a
ganhar os primeiros frutos, sendo evidenciadas através de diferenças do processo
de execução entre as duas lajes.

Figura 3: Vista do edifício em construção.

Dentre as principais características do edifício é que suas lajes têm


aproximadamente 90% dela constituída de nervurada com cubetas os outros 10%
restantes de laje maciça localizada próxima a escadas e a própria. Outra
característica, é que a edificação não terá tubulação de gás, ponto este fundamental
para a possível aplicação do nível “zero”, pois uma das maiores dificuldades
encontradas por engenheiros na aplicação da laje “zero” é a execução de tubulação
de gás pela laje.
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Será descrito a seguir um breve resumo dos principais aspectos da descrição


da laje executada no edifício “A”.

4.2.1. Formas
As formas da laje do edifício “A” foram constituídas por escoras metálicas,
estrutura de madeira seguida de cubetas plásticas constituindo assim a laje
nervurada.

Figura 4: Vista da estrutura de madeira pronta e o principio da colocação das cubetas.

Para a realização das contra-flechas o mestre de obra regulou as alturas das


escoras metálicas de acordo com o sua experiência de obra, aumentando as alturas
em aproximadamente 2 cm no meio dos vãos. Este valor poderia aumentar ou
diminuir de acordo com o tamanho do vão encontrado. O procedimento foi assim
executado, pois, nesta etapa não havia projeto de contra-flechas na obra.

4.2.2. Armaduras positivas e negativas


As armaduras positivas foram dispostas entre as cubetas na direção
longitudinal e transversal postas sobre espaçadores plásticos espaçados a
aproximadamente um metro e meio. Entre as cubetas poderiam ser colocadas uma
ou duas barras dependendo do projeto estrutural que estava sempre presente na
obra sobre uma bancada.

No processo construtivo em geral das armaduras tanto negativas quanto


positivas não houve muita preocupação com pequenas imperfeições na sua
disposição como, por exemplo, a existência partes da malha da laje tortas ou
levantadas devido à passagem de funcionários sobre ela. Estas imperfeições,
mesmo que o concreto da laje não as cobrisse, este papel cairia sobre o contrapiso.
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4.2.3. Concretagem da laje


Antes de ser lançado o concreto, foram posicionados mestras de madeira
para servir de guia para o nível desejado com cinco metros de comprimento
formados por dois barrotes de seção 2,5x5,0 cm amarradas por arame a cada metro
e meio.

As mestras foram simplesmente dispostas na laje a seis metros de comprimento


uma da outra. Este espaçamento foi atribuído, pois habilita o futuro sarrafeamento
do concreto sendo que o sarrafo que será usado é de mais de seis metros.

Figura 5: Mestra utilizada no edifício.

Conforme o concreto era bombeado o mesmo era espalhado com ajuda de


pás e enxadas por três trabalhadores. Outro, com auxílio de uma enxada,
espalhavam o concreto para evitar que ficassem volumes maiores em um único
ponto.

Após isso, dois outros funcionários sarrafeavam o concreto com auxilio de um


barrote no nível das mestras, este método fazia com que a responsabilidade da
altura da laje seja dada a própria mestra que estava em cima das cubetas.

Ao sarrafear o pano da laje, o mestre de obra posicionava as aranhas que


iriam receber os sarrafos para fixação dos aprumadores de pilar. Outro funcionário
estava responsabilizado de colocar tubos de PVC próximos a formas externas da
laje que iriam servir de encaixe de pontaletes dos futuros guarda-corpos (Figura 6).
Estes dois serviços deixavam rastros de botas espalhadas, assim um funcionário
com auxilio de uma desempenadeira de mão concertava os buracos deixados pelos
dois trabalhadores além de pequenos orifícios deixados pela mestra. Este retrabalho
acabava por fim desregularizando o nível da laje em alguns centímetros.

Após sarrafear a laje em toda a superfície da mestra, ela era retirada por um
funcionário. Este trabalho também deixava buracos profundos na laje, o que fazia
com que o funcionário corrigisse novamente a imperfeição deixada. Este retrabalho
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era necessário, pois os orifícios deixados eram consideravelmente grandes, sendo


assim o concreto não era coeso o suficiente para se corrigir sem o desempeno.

Figura 6: Desempenamento e colocação de tubos de PVC para guarda-corpos.

Durante os serviços de execução da laje acompanhada, a obra foi trabalhada


com dois andares escorados, ambos parcialmente. Nesses andares o
reescoramento foi feito com a permanência de alguns pontaletes localizados
aproximadamente no meio dos vãos. A distribuição consistiu em media de três a
quatro escoras sob os panos das lajes e fundos de viga.

4.3. Recomendações necessárias para a mudança para laje nível “zero”


4.3.1. Mudanças implementadas
4.3.1.1. Mestras
Na edificação em estudo, observaram-se erros e acertos encontrados na
execução da laje, e através de sugestões tentou-se adequá-lo para nível “zero”.

As mestras da laje do edifício em estudo eram formadas por barrotes de


madeira apoiadas sobre as cutebas. Porém, entre as mestras e a cubeta estava
posicionada a malha da laje. Esta fazia com que a espessura da laje fosse maior e
não garantia que o nivelamento ficasse preciso.

Então foi sugerido que a mestra fosse apoiada na base da cubeta para que
garantisse a espessura da laje definida em projeto.

Figura 7: Mestra sugerida e executada.


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A idéia aceita foi executada na concretagem da laje superior. A nova mestra


de madeira estava apoiada em pequenos pedaços de madeira com 20 cm de altura,
como se fosse um espaçador. Estes pedaços eram pregados nos barrotes
constituindo assim a mestra. Esta era apoiada na base da cubeta, diferentemente da
laje inferior em que era apoiada sobre a cubeta.

4.3.1.2. Peças pé-de-pilar


Foi observado na concretagem da laje que, após o sarrafeamento foram postos
peças pé-de-pilar, mais conhecidos como “aranhas” sobre a superfície do concreto
fresco que posteriormente receberam os sarrafos para fixação das formas do pilar.

Na laje nivelada, não é possível fazer este trabalho, pois para receber o
desempenamento, a superfície da laje deve estar sem objetos salientes no pano da
laje. Além disso, os trabalhadores que caminham sobre a superfície do concreto
fresco geram retrabalhos desnecessários de regularização.

Portanto a solução sugerida neste caso foi fixar as peças de pé-de-pilar com o
concreto já endurecido. Esta idéia foi utilizada no pavimento superior. Nesta laje, as
madeiras pé-de-pilar foram postas alguns dias depois da concretagem. Elas foram
fixadas ao redor dos pilares com dois pinos com cabeça cada peça.

4.3.2. Mudanças sugeridas


4.3.2.1. Formas
Foi observada execução de contra-flecha nas lajes da edificação do estudo de
caso. A contra-flecha faz com que haja uma pequena curvatura de parábola de
concavidade voltada para baixo nas formas. A mestra como possuía altura fixa,
transferiu esta curvatura para o concreto conforme visto no desenho da figura 8.

Figura 8: Curvatura transferida da contra-flecha para o concreto.

Como descrito no princípio do trabalho Carvalho (1998) afirma que a fluência


representa cerca de 40% dos deslocamentos finais. Estes devem ser calculados
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para várias combinações de carregamentos que atuam ao longo da vida útil da


edificação, para que assim possa se fazer uma média da contra-flechas a serem
aplicadas. Sendo assim a aplicação de contra-flechas no sistema de fôrmas é uma
solução apenas parcial ou aproximada.

A consideração de carregamentos da laje pode ser diferente a da executada,


sendo assim poderia haver problemas no nivelamento das lajes. Portanto, é possível
afirmar que não é possível o emprego da contra-flecha para a obtenção do nível
“zero”.

Em se tratando de rigidez, a deformação excessiva pode causar desníveis ou


fissuras no concreto. Uma solução que poderia ser implantada na execução das
formas da laje do edifício seria o uso de guias metálicas que garante uma melhor
sustentação nas formas e gera poucas fissuras se comparado ao sistema com
madeira. Além disso, as peças têm dimensões padronizadas e não necessitam de
cortes ou ajustes.

4.3.2.2. Armaduras
Um dos principais problemas da execução da laje nível “zero” são as deformações.
O aumento da armadura de tração, mesmo que não necessário para a segurança no
Estado Limite Ultimo, pode diminuir significativamente as deformações das
estruturas de concreto armado.

Sendo assim, é recomendado o aumento da seção da armadura a tração para


diminuir a deformação da laje.

4.3.2.3. Acabamento da laje


A seguir será descrito os procedimentos de acabamento que faz a laje ser nivelada
no aspecto visual. As definições e características dos equipamentos descritos a
seguir possuem como referência o artigo de Melhado (1996).

O procedimento da concretagem da laje atual caracteriza o que é chamado de laje


tradicional, ou seja, ela deverá ter necessariamente contrapiso para regularizá-la. Se
aplicado o nível “zero” nesta laje, durante a concretagem, logo após o sarrafeamento
de um pano de aproximadamente 8m³ (volume de um caminhão betoneira) deve ser
aplicada a desempenadeira manual de cabo longo, denominada bullfloat. Ele
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comprime superficialmente o concreto, assentando os agregados e proporciona um


levantamento uniforme e homogêneo da pasta e finos do concreto. Este
procedimento deve ser feito em todos os panos da laje terminando próxima a escada
que serve de fuga dos trabalhadores já que, depois de aplicado esta
desempenadeira, não é possível mais pisar sobre a laje. Nas áreas de difícil acesso
com o equipamento deve-se usar a desempenadeira de cabo curto (handfloat).

Após algumas horas, em que for possível andar sobre o concreto deixando leves
marcas de sapato é possível prosseguir com o acabamento da laje. O tempo de
espera depende das características do concreto. Neste momento deve ser aplicada
a desempenadeira motorizada com disco chamada power float. Ela tem a mesma
função que o bullfloat, porém realiza o trabalho 10 vezes mais rápido do que o
equipamento manual.

Assim que for possível transitar pela laje sem deixar nenhuma marca, é possível
aplicar a desempenadeira motorizada do tipo power troweler esta maquina possui
pás acionadas por um motor que ao girarem na laje produzem uma superfície lisa e
uniforme.

Como a aplicação desses equipamentos é um processo demorado, é inevitável o


turno da noite para o desempenamento da laje. Por isso, um eletricista deve estar
presente no dia da concretagem para improvisar a instalação elétrica e assim auxiliar
o trabalho dos funcionários.

4.3.2.4. Recomendações em relação ao projeto estrutural


Após a concretagem e posterior desforma a laje irá deformar. Esta
deformação é prevista pelo projetista em seus cálculos. Se esta deformação for
menor ou igual à tolerância atribuída pelo engenheiro estrutural, esta não precisará
de regularização. Em outras palavras, em se tratando de nivelamento, a atribuição
de conceder a realização de nível “zero” na laje parte do próprio responsável em
atribuir as flechas (engenheiro estrutural).

Como os vãos da laje analisados são relativamente grandes (13m de comprimento),


a tendência é que suas deformações atinjam grandes valores tal que não seja
possível o assentamento de revestimentos sobre sua superfície, necessitando assim
de uma regularização.
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Desta maneira pode se concluir que não seria possível o emprego da laje nível
“zero”, sendo que se esta fosse empregada, poderia haver problemas para assentar
pisos de grande dimensão com o risco de ocorrer sua ruptura.

4.3.3. Análise de viabilidade das sugestões


Nas mudanças sugeridas nem todas foram aplicadas, pois o método executivo
poderia ser afetado drasticamente. Se as mudanças fossem efetivamente aplicadas,
estas passariam por treinamento de mão de obra para adequação do novo método
ou mudanças em projetos, alterações de planejamento e/ou cronograma. Por estes
fatos apenas alguma das sugestões dadas foram aplicadas. Este é o inicio da
racionalização de lajes por parte da construtora. Esta caminha mudança a passos
curtos, porém cada mudança bem sucedida deve ser comemorada, que foi o caso
das sugeridas e posteriormente aplicadas.

Como dito, mesmo que tais mudanças forem implementadas na obra em estudo,
esta precisaria de uma reformulação no que diz respeito a projeto estrutural, como
por exemplo, aumento da resistência característica do concreto das lajes, aumento
da espessura, diminuição dos vãos, etc.

Além disso, precisaria ter um planejamento maior em relação a projetos relacionados


com o nivelamento e acabamento das lajes, com a criação dos “projetos para
produção” e o desenvolvimento de projetos com a especificação de revestimentos,
posicionamento de taliscas e definição dos sentidos da concretagem.

Porém apesar de todas as mudanças na parte de execução forem implementadas na


obra em estudo, não seria possível obter o nível “zero”, pois se assim fosse o feito
às deformações seriam maiores que as tolerantes. O ideal seria refazer o projeto
estrutural, aumentado à espessura, diminuindo vãos, aumentando a armadura, etc.
Nos outras partes da execução observada, não houve mudanças relevantes a serem
mudadas para se executar a laje. Portanto parte da pretensão da construtora em se
criar um planejamento para executar tal laje nos próximos empreendimentos.

4.4. Pesquisas adicionais


4.4.1. Concreto auto-adensável na laje nível “zero”
Uma das opções de concreto que permite um bom acabamento tanto na laje “zero”
quanto convencional é o auto-adensável. Como a laje nivelada é um processo
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demorado devido à sequência de execução e o tempo gasto em desempenar e


acabar a laje com máquinas apropriadas, o concreto auto-adensável tornaria o
processo mais rápido devido à exclusão da etapa de adensamento do concreto e o
desgaste dos operários é menor.

Em uma analise superficial, é possível observar que em termos financeiros não é


economicamente vantajoso optar pelo concreto auto-adensável na laje nível “zero”,
pois em Chapecó o concreto auto-adensável tem o dobro de preço do convencional.
Como o principal objeto da laje “zero” é a economia com a retirada de contrapiso, a
aplicação do concreto auto-adensável retiraria essa economia, apesar das
vantagens que ele proporciona.

4.4.2. Passagens de tubulação de gás na laje nível “zero”


De acordo com a pesquisa feita, uma das principais dificuldades encontradas
por construtoras que as impedem de executar a laje nível “zero” em seus
empreendimentos é a dificuldade de passagem tubulação de gás.

Convencionalmente a tubulação de gás corre pelo contrapiso, porém como na


laje nível “zero” não possui a camada de regularização, deve-se pensar outra forma
de se executá-lo.

A norma do Corpo de Bombeiro Militar de Santa Catarina Capítulo VII


Instalações de Gás Combustível Canalizado, impede a passagem de tubulação de
gás pelo forro, portanto deve-se pensar numa alternativa.

Nas lajes maciças uma das alternativas é realizar o caminho da tubulação


com barrotilhos (3,0x3,0 cm) para passagens individuas e tabuas de madeira (30x2,5
cm) para passagens coletivas. As peças de madeira podem ser colocadas sobre
espaçadores.

Após a concretagem e com a laje já acabada as passagens de madeira


podem ser retiradas com uso de martelete motorizado. Nos espaços criados após a
retirada, é colocado a tubulação de gás, e posteriormente com argamassa no
mesmo nível que o concreto.

Nas lajes nervuradas com cubetas uma das alternativas de passagem de


tubulação é correr a tubulação entre as cubetas abaixo da malha da laje. Na
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sequência de execução primeiro é posta armadura positiva nos fundos da cubeta


após isso é posto as tubulações de gás, a principio soltas sobre as armaduras. Por
final quando for posta as malha da laje, as tubulações que estavam soltas no fundo
da viga devem ser erguidas e amarradas com arame a cada metro na malha.

4.4.3. Soluções para diminuição de ruído na laje nível “zero”


De acordo com a NBR 15575 (2010) determina que um piso de um pavimento deve
transmitir até 80dB de intensidade sonora através do impacto. De acordo com
Yoshimoto (2009) o aumento da espessura da laje não é uma boa alternativa, pois,
além de ser desvantajosa economicamente, esta solução não gera um ganho
significativo de isolamento ao ruído de impacto. Quando a espessura da laje é
dobrada, usualmente o ganho é de apenas 9 dB.

O mercado atualmente possui produtos que melhoram o isolamento acústico no forro


como o Rollisol® com lã de vidro que pode ser utilizado em forros falsos para a
obtenção de conforto ambiental, seja através do isolamento térmico que
proporciona, seja através do isolamento acústico quando esses forros forem
vazados, proporcionando economia de energia em ambientes climatizados.

5. Considerações finais
Na busca de um sistema construtivo racionalizado, a utilização de laje nível “zero” se
torna uma solução muito conveniente, pois propicia varias vantagens em relação ao
sistema convencional como, por exemplo, eliminação do contrapiso; redução do
peso da estrutura; redução de custos, materiais e mão-de-obra; fácil manutenção e
limpeza.

As vantagens da laje nível “zero” são inúmeras, não somente com a economia do
gasto com contrapiso. Porem falta dedicação por parte dos engenheiros para tentar
adequar os procedimentos descritos neste artigo em suas obras. A laje nível “zero” é
rara de se ver em Chapecó e região, seu desenvolvimento é impedido, pois as
construtoras que o executam, se recusam a disponibilizar informações sobre o
planejamento da laje, pelo fato de ser segundo as empresas, “um segredo
profissional”.
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Há certo receio das construtoras de Chapecó-SC para aplicar esse novo método de
se executar a laje, pois há um padrão de procedimentos construtivos usados por
cada uma delas. Cada mudança passa por planejamentos, estudos e principalmente
ambição de se buscar um novo método que traz racionalização suas obras e
propicia não só a economia do contrapiso, mas encurta o cronograma da obra,
impede o estoque excessivo de materiais, diminui valores de cargas em todo o
pórtico da estrutura.

Portanto este artigo pode servir como referência de pesquisa há algumas empresas,
principalmente chapecoenses, pois reúnem informações sobre os problemas locais
enfrentados bem como possíveis soluções. Como o estudo de caso apresentado
pode representar uma visão muito especifica dos problemas, as pesquisas
adicionais foram realizadas e podem também servir como referência.

Outra conclusão retirada com os estudos realizados é que a laje nível “zero” é um
método executivo que recomendado em edificações de baixo padrão, pois o fato que
prevalece neste tipo de laje é a economia com materiais e a redução de etapas
construtivas. Como neste tipo de edificação a qualidade não é a principal
característica eminente, pequenos problemas da laje “zero” como falta de caimento
para ralos e o mal isolamento acústico passam despercebidos diante da economia
que esta laje traz. Este que é a qualidade fundamental em edifícios de baixo padrão
de qualidade construtiva

Referências
CARVALHO, Roberto Chust. Uso de contrapiso “zero” em pavimentos de
sistemas estruturais de lajes sem vigas. Escola Politécnica - Universidade de São
Paulo, São Paulo, nov. 1998.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.

MELHADO, Silvio Burrattino; SOUZA, Ana Lucia Rocha de. Projeto e execução de
Lajes Racionalizadas de concreto armado. Primeiros passos da qualidade no
canteiro de obras. 1 ed, ago. 2002.

YOSHIMOTO Mituso. Acústica. Revista Téchne. São Paulo, Ed. 142, jan. 2009.

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