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Módulo 3 – Pensando na capacitação da equipe

Apresentação do Módulo
É importante considerar que agir de forma comunitária, principalmente em rede, é algo
novo para algumas pessoas. Além disso, muitas vezes as pessoas da comunidade possuem boa
vontade, mas não necessariamente conhecimento sobre o tema. Daí a importância de investir
num processo de capacitação da equipe.

Neste módulo você estudará sobre os principais aspectos que devem orientar a
capacitação da equipe envolvida na mediação comunitária.

Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

 Identificar os conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais) e a


metodologia que deverão compor a malha curricular de um programa de
capacitação para os agentes de mediação comunitária.

Estrutura do Módulo

Aula 1 – O mapa de competência da capacitação


1.1. Mapeando as competências

As ações de capacitação deverão ter como ponto de partida a elaboração do mapa de


competências (Figura 1): um instrumento que auxiliará a pensar de forma estratégica sobre o
conjunto de competências que as pessoas da equipe deverão desenvolver durante o processo de
capacitação.

Figura 1. Mapa de Competências.


Antes de elaborar o mapa, é importante compreender o que significa competência e como
é possível identificá-la.

Dadas as transformações ocorridas na sociedade, notadamente no mundo do trabalho, o


conceito de competência tem sido tema de debates e discussões entre os teóricos. Por isso, faz-se
necessário explicitar o conceito adotado. Assim, temos competência como:

A capacidade de mobilizar saberes para agir nas diferentes situações da


prática profissional, em que as reflexões antes, durante e após a ação
estimulem a ‘autonomia intelectual’, traduzida por Altet (1992) como a
capacidade de ‘agir em situações diferentes, de gerir incertezas e poder
enfrentar as mudanças no exercício de sua profissão’. (PERRENOUD,
2002; ALTET,1992 e SHÖN, 2002, grifo nosso).

O termo mobilização de saberes deverá ser bem observado pelos profissionais


envolvidos nas ações formativas da equipe, pois possibilita, entre outras, a compreensão de três
pistas que evidenciam pontos importantes relacionados aos processos pedagógicos, à elaboração
do mapa de competências, à organização curricular e ao processo de ensino (metodologia).

A primeira pista nos encaminha para a compreensão de que os saberes a serem


mobilizados dizem respeito à capacidade de “saber”, “saber fazer” e “saber ser” (DELORS,
2000), ou seja, a pessoa necessitará mobilizar conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer) e
atitudes (saber ser).
Podemos aprender conhecimentos sistematizados (fatos, conceitos,
princípios, métodos de conhecimento etc.); habilidades e hábitos
intelectuais e sensor-motores (observar um fato e extrair conclusões;
destacar propriedades e relações das coisas; dominar procedimentos para
resolver exercícios; escrever e ler; usar adequadamente os sentidos,
manipular objetos e instrumentos etc.); atitudes e valores (por exemplo,
perseverança e responsabilidade no estudo, modo científico de resolver
problemas humanos, senso crítico frente aos objetos de estudos e à
realidade, espírito de camaradagem e solidariedade, convicções, valores
humanos e sociais, interesse pelo conhecimento, modos de convivência
social etc.). (LIBÂNEO, 2004, p. 83).

Assim, para elaborar o mapa de competências, a primeira ação é fazer uma lista dos
conhecimentos, habilidades e atitudes que serão desenvolvidos pela equipe, considerando:

 Os quatro pontos estudados no módulo 2 (As características físicas


e culturais da comunidade; as instituições públicas, privadas e ONGs presentes na
comunidade, bem como parceiros informais; os tipos de conflitos, passíveis de
mediação, mais frequentes na comunidade e as tarefas a serem realizadas pelos
membros da equipe);

 As competências estabelecidas no perfil para seleção da equipe,


estudadas no módulo 2;

 As repostas que, de acordo com Cordeiro (2008), completam as


seguintes sentenças: a ação de capacitação deverá criar condições para que os
participantes possam:

 ampliar conhecimentos para: ...

 desenvolver habilidades para: ...


 fortalecer atitudes para: ...

A segunda pista diz respeito aos conteúdos e as possibilidades de abordagens sobre eles.
Uma boa orientação para a seleção daqueles que devam compor a malha curricular da ação de
capacitação é selecioná-los a partir do mapa de competências, categorizando-os como conteúdos
conceituais, procedimentais e ou atitudinais. Sendo:

 Conteúdos Conceituais – aqueles relacionados aos conceitos, ao


histórico, às leis, teorias e princípios que a equipe precisa saber (exemplo:
conhecimento sobre a comunidade);

 Conteúdos Procedimentais – aqueles que indicam os conteúdos


relacionados aos métodos, técnicas e procedimentos que equipe precisar saber
fazer (exemplo: as etapas do processo de mediação);

 Conteúdos Atitudinais – aqueles que expressam conteúdos


relacionados a valores, crenças e atitudes e que deverão ser fortalecidos pelas
situações vivenciadas (Exemplo: sigilo).

Importante – Esse trabalho não precisa ser feito por apenas uma pessoa. Alguns
membros da equipe poderão ajudar a pensar nos temas.

Veja a seguir um pequeno exemplo de como ficará o mapa de competências elaborado e


seu desdobramento para a malha curricular.

Figura 2 – Exemplo de mapa de competências para mediação comunitária


Figura 3 – Exemplo de malha curricular para mediação comunitária

Vamos à terceira pista?

Aula 2 – A metodologia adequada


2.1.Definindo a metodologia

De acordo com Perrenoud (2000), a transferência é um processo que ocorre


permanentemente e pode ser expressa como a capacidade de aplicar conhecimentos prévios em
novos contextos, com o objetivo de identificar similitudes e diferenças para agir em novas
situações. Essa questão remete à terceira pista relacionada à mobilização de saberes e ressalta a
importância de uma metodologia que tenha como ponto de partida situações problematizadoras
inerentes ao tema da capacitação.

São as situações problematizadoras que mobilizam os saberes e geram esquemas de ação,


filtros pessoais que tornam as situações compreensíveis e que envolvem esquemas de percepção,
decisão e avaliação.

A utilização das situações problematizadoras como recursos de aprendizagem nos cursos


a serem desenvolvidos deverão considerar as seguintes orientações metodológicas:

 A compreensão de quais competências serão desenvolvidas pelos participantes;

 Os conhecimentos prévios que os participantes possuem (é importante considerar


que, mesmo sendo da mesma comunidade, são pessoas diferentes);
 As situações problematizadoras a serem apresentadas devem ser pautadas na
realidade;

 As situações problematizadoras deverão estimular as atividades colaborativas e


cooperativas entre os participantes.

Os facilitadores responsáveis pela capacitação deverão selecionar as situações


problematizadoras a serem apresentadas ao grupo.

Para o desenvolvimento do programa de capacitação sugere-se que os encontros


aconteçam semanalmente, que não ultrapassem duas horas e que tenham a seguinte divisão:

Importante – A necessidade do grupo deverá ser priorizada.


Finalizando...
 As ações de capacitação deverão ter como ponto de partida a elaboração do mapa
de competências: um instrumento que auxiliará a pensar de forma estratégica
sobre o conjunto de competências que as pessoas da equipe deverão desenvolver
durante o processo de capacitação.

 São as situações problematizadoras que mobilizam os saberes e geram esquemas


de ação, filtros pessoais que tornam as situações compreensíveis e que envolvem
esquemas de percepção, decisão e avaliação.

 Os facilitadores responsáveis pela capacitação deverão selecionar as situações


problematizadoras a serem apresentadas ao grupo.

 Para o desenvolvimento do programa de capacitação sugere-se que os encontros


aconteçam semanalmente e não ultrapassem duas horas.

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