Boletim informativo nº 3, outubro de 2017 - Distribuição Gratuita
ção Coletiva Publicação coletiva dos grupos: Ativismo ABC, Biblioteca Terra Livre, Centro de Cultura Social/SP e Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri
EDITORIAL A NOVA CARA DO CAPITALISMO E A
ALTERNATIVA ANARQUISTA Nos últimos anos temos vivido um cons- ploram seus meios de produção (seus carros, tante aumento nos custos de vida, nos impos- suas casas e suas vidas) apenas fazendo papel tos, e nas descobertas de esquemas de corrup- de intermediador entre clientes e trabalhado- ção envolvendo o estado e as empresas. Não só res, ficando com uma fatia gorda da renda ge- no Brasil, mas no mundo inteiro uma série de rada. Todo esse lucro vai para as sedes dessas políticas liberais, como terceirizações, cortes empresas, que ficam em outros países. Aí está de programas sociais e desmonte de direitos uma ótima forma de explorar mão de obra ba- trabalhistas tem sido imposta. Empresas como rata sem investir em meios de produção! Essa Uber, Cabify, Airbnb tem causado grande im- é a nova cara do liberalismo. Dados levantados pacto nas relações de trabalho e tem sido de- pelo ministério do trabalho revelam que de fendidas como grandes salvadoras no contexto 2012 à 2016, 3,5 milhões de acidentes de tra- de crise. Será que essas novas plataformas de balho foram registrados no Brasil. Mais de 75 venda de serviços, a chamada economia com- mil pessoas foram afastadas de seus trabalhos partilhada, vem para melhorar a situação do devido a depressão e ansiedade. As privatiza- povo ou para impor novas e mais cruéis for- ções e essas empresas de economia comparti- mas de exploração? Qual é o olhar anarquis- lhada estão na linha de frente da precarização ta sobre todo esse contexto e o que propomos do trabalho. como saída? Mas o que nós, anarquistas, propomos Um recente estudo feito pelo especialista diante deste cenário? Organização, coopera- em desigualdade Thomas Piketty nos fornece ção e autogestão! números assustadores sobre o Brasil. Apenas Após mais uma crise cíclica do capitalismo, 1% de privilegiados são donos de 27% da ren- no início dos anos 2000, na Argentina, diver- da do país! O que nos leva a outra discussão. sas empresas como a fábrica têxtil Brukman, Os pobres, proporcionalmente, pagam mais o hotel Bauen, a madeireira Córdoba e várias impostos que os ricos, pois no Brasil, as maio- outras faliram e demitiram seus funcionários res taxas de impostos estão sobre o consumo, do dia para a noite. Através de sua auto-orga- o que incide diretamente sobre a população nização, os trabalhadores resolveram ocupar pobre do país. E nesse país, que é um paraíso as fábricas e assumir a gestão de todo proces- para os milionários, o governo perdoa dívidas so produtivo. Onde antes havia um dono ex- da Oi (50 bilhões), do banco Santander (338 plorando o lucro, agora existem trabalhadores milhões), banco Itaú (25 bilhões). Lembran- em regime de autogestão, decidindo coletiva- do que os bancos registraram altos índices mente sobre todo processo e colhendo os be- de lucro nos últimos anos, e o que o governo nefícios!!! A partir daí, diversas empresas to- faz? Perdoa suas dívidas! Mas caso você traba- maram esse rumo, através de cooperativas e lhador, deixar de pagar um boleto se quer, te experiências autogestionárias. O trabalhador, tomarão a vida e suas poucas posses. É assim participando diretamente da gestão da empre- que funcionam todos os governos: são aliados sa é capaz de propor condições adequadas de da burguesia e das empresas e nas constantes trabalho, equalização de salários, revolucio- crises do capitalismo, prefere castigar o povo nando as relações de trabalho!!! E no Brasil a reduzir um privilégio que seja daqueles que também existem diversas empresas que foram exploram nosso trabalho! recuperadas pelos trabalhadores, e até a Cen- Com quase 14 milhões de desempregados, tral de Cooperativas e Empreendimentos Soli- o Brasil oferece uma nação de trabalhadores dários, que reúne cooperativas do Brasil todo. dispostos a se submeter aos piores salários e Não podemos lutar contra a realidade dos condições de trabalho. É nesse contexto que aplicativos e da economia compartilhada. Mas vemos empresas de economia compartilha- devemos lutar contra os grandes monopólios da, como a empresa de transportes Uber e a que estão se formando, concentrando renda empresa de hospedagem Airbnb surgirem. A e destruindo qualquer empresa concorrente. curto prazo, parece uma saída que beneficia Através de muita organização, seria possível os diversos trabalhadores e os ajuda a gerarem trabalhadores que são explorados pelo Uber, uma renda extra e até mesmo uma renda prin- por exemplo, criarem seus próprios aplicati- cipal em um momento difícil. Mas precisamos vos e socializarem, entre eles, o lucro, unindo estar atentos: essas empresas, sem oferecer a lógica das cooperativas e da autogestão com estabilidade ou direitos aos trabalhadores, ex- a economia compartilhada e a tecnologia. Fa-
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2 - Ação Coletiva nº3, Outubro de 2017 zendo com que o lucro gerado seja dissolvido e a economia solidária como saída econômica Resenha: Carlo&Anita Aldegheri em cooperativas regionais, estimulando a eco- para crise. Lutamos por uma sociedade sem nomia local, e não indo para os bolsos de meia patrões, mestres, exploradores, escravos e ex- dúzia de burocratas. plorados. E apenas juntos, sem parasitas entre Ao contrário do que muitos nos acusam, de nós e com bastante diálogo, caminharemos sermos desordeiros do contra que só querem rumo ao horizonte libertário que nos espera. discordar de qualquer coisa, nós anarquistas propomos, como sempre, a ORGANIZAÇÃO COLETIVA dos trabalhadores, as cooperativas por Núcleo de Estudos Carlo Aldegheriv
ANARQUISMO INTERSECCIONAL: MOVIMENTOS MAIS
INCLUSIVOS COMEÇANDO PELO ACOLHIMENTO DE MÃES E CRIANÇAS Acaba de ser lançado o livro “Carlo & Anita Alde- gheri: Vidas Dedicadas ao Anarquismo”, formato 14 x 21 cm, 115 páginas, numa edição em conjunto en- No último ano uma das propostas traba- se reconheça que as mães ficam sobrecarre- tre o Núcleo de Estudos Libertários Carlo Aldegheri lhadas pelo coletivo Ativismo ABC tem sido gadas com os cuidados dos pequenos, poucas (NELCA) e o Centro de Cultura Social de São Paulo o que chamamos de Anarquismo Interseccio- pessoas tomam iniciativa de se oferecer para (CCS-SP). nal. Trata-se de discutir e oferecer atividades dividir os cuidados. Se uma criança chora, O livro contém uma biografia sobre a trajetória que aproximem o anarquismo das demandas precisa ir ao banheiro, ser alimentada ou sim- de Carlo & Anita Aldegheri, além de um texto de lembranças pessoais sobre a família, para finalmente do feminismo, das pessoas negras, periféricas plesmente demanda atenção para brincar, es- chegar na sua parte mais importante: duas entrevistas e LGBTQIAP. Nosso intuito é que os espaços pera-se que a mãe seja a pessoa a sair dos de- feitas com o próprio Carlo Aldegheri, uma em 1991, e anarquistas, em sua luta diária por autonomia bates e atividades para atender os pequenos. outra em 1994, poucos meses antes do seu falecimen- e autogestão sejam acolhedores e valorizem as “É preciso que as pessoas estejam abertas to. Além de ilustrações retiradas quase que exclusiva- diferenças no sentido da construção de uma a compartilhar responsabilidades. Muitas pes- mente de arquivo familiar... vida coletiva. soas estão dispostas a dar palpites na criação Apesar da edificante trajetória militante que o casal teve, quase foram completamente esquecidos, Uma das atividades realizadas nesse senti- e poucas se mostram abertas para ajudar”, inclusive, pelos próprios anarquistas. E o objetivo do foi a roda de conversa sobre Maternidade diz outra companheira. É importante que as desse livro é justamente resgatar essa história negli- e Espaços Políticos, realizada durante a Feira pessoas sem filhos perguntem aberta e dire- genciada... Libertária da Casa da Lagartixa Preta Mala- tamente às mães como ajudar e não esperar Carlo Aldegheri foi um anarquista italiano que gueñaSalerosa do mês de agosto.A ideia ini- que elas peçam auxílio. Isso pode ser feito de iniciou sua militância na França, na década de 20. cial era marcar uma conversa em que mães e várias formas, se oferecendo para ficar com a No início dos anos 30, muda-se para a Espanha, onde conhece sua companheira por toda a vida: Anita Al- crianças pudessem estar presentes juntas, pois criança enquanto a mãe participa de um deba- degheri. Nessa época, a polícia política italiana já in- se pensamos na construção de uma socieda- te, ajudar a carregar a criança ou sacolas com vestigava seus passos. de mais justa e igualitária é fundamental que fraldas, mamadeiras e outros materiais, etc. Ambos participaram de meetings (comícios) de mães e crianças estejam presentes. Isso incluiu os companheiros que se iden- anarquistas como Buenaventura Durruti, Francisco A tarde chuvosa já nos deu a primeira indi- tificam como homens (cis e trans), pois na Ascaso, Juan Garcia Oliver, Federica Montseny entre cação de que para incluir mães e crianças nas maioria das vezes os cuidados com crianças outros... Tomaram parte da guerra civil espanhola (1936 atividades e espaços libertários não devemos ainda são vistos como algo feminino. É co- – 1939), Carlo lutando no front da guerra, na Milí- pensar apenas nos horários e dias da sema- mum que nos debates mistos sobre questões cia Alpina de Sabadell; Anita por sua vez era filia- na mais adequados, mas também no tempo, de gênero os homens, com ou sem filhos, par- da à C.N.T. (Confederación Nacional del Trabajo), a pois se as dificuldades de locomoção já são ticipem das discussões e deixem a responsabi- maior organização operária da época, trabalhava em grandes para adultos, elas se tornam maiores lidade de cuidar dos pequenos (e outras tarefas fábricas e no pronto socorro, além de ter participado para quem tem crianças pequenas, cuja saúde como limpeza e cozinha) a cargo das pessoas das manifestações do enterro do revolucionário Bue- naventura Durruti, em novembro de 1936, em Barce- é mais frágil. Assim, apenas três mães e uma não-homens (mulheres cis, trans e pessoas lona, com outras 250 mil pessoas. criança (de sete anos) puderam estar presen- não-bináries). Romper com esses padrões de Durante a ofensiva fascista, a família se muda tes colocando questões muito valiosas sobre o comportamento que são impostos socialmen- para a França e são separados. Anita vê-se obrigada a tema. te requer uma postura ativa de todos interes- trabalhar em uma fábrica de material de guerra, além Antes de prosseguir cabe uma explicação sados na construção de um novo modo de se de cuidar de sua filha Primavera. Carlo vai passar por sobre a opção de usar a palavra mães e não relacionar e atuar juntos politicamente. no mínimo 10 prisões diferentes, incluindo campos de refugiados franceses e campos de concentração mulheres para se referir a essas pessoas. Não Conforme cita Akire, do coletivo Fenikso- sob domínio fascista e nazista. se trata de uma redução da pessoa que tem Nigra, uma das maiores dificuldades inclusão Em 1943, Carlo consegue fugir de um campo de filhos à uma única função, mas o respeito à dos pequenos em espaço de militâncias é a concentração fascista e retoma a militância anarquista identidade de gênero de pessoas que são mães falta de empatia dos companheiros e compa- clandestina através do Comitê de Libertação Nacio- mas que não se identificam como mulheres. nheiras que relega as mães a uma posição de nal, é descoberto e preso novamente. Um dos pontos ressaltados foi a crítica a serviçais reprodutoras dóceis, chamando de Nos anos 50, a família Aldegheri muda-se para o Guarujá, integram-se ao movimento anarquista brasi- uma tendência, dentro do feminismo,de con- histéricas as mães que reagem a isso se colo- leiro. De José Oiticica à Jaime Cubero tiveram conta- siderar as mães como menos independentes cando com firmeza e sem rodeios. to com várias gerações de anarquistas. Participam de ou empoderadas por terem optado por ter fi- De acordo com as mães ouvidas para esta todos congressos anarquistas que podem, assim como lhos. “Não é porque sou mãe que minha vida reflexão, uma forma interessante dos espaços das atividades promovidas pelo Centro de Cultura acabou e nem a minha vontade de lutar, pois políticos incluírem mães e crianças é tomar Social de São Paulo e da Sociedade Naturista Amigos eu quero criar um ser humano maravilhoso para si a responsabilidade de educar para a de Nossa Chácara. Investem recursos financeiros em quantidade, e sem hesitar, nas atividades promovidas para ajudar a fazer deste mundo horrível um solidariedade e apoio-mútuo, pensando em pelo movimento anarquista brasileiro. lugar melhor”, afirmou uma das participantes. jogos e atividades que incluam a participação Quem tiver interesse em adquirir o livro, ou or- Outro ponto destacado foi o fato de que há de crianças e adultos para praticar cooperação ganizar o lançamento do livro na sua cidade ou no pouca sensibilidade com relação à solidão ma- e trabalho coletivo. seu bairro, basta entrar em contato com o Núcleo de terna. Embora em geral nos meios militantes Estudos Libertários Carlo Aldegheri ou com o Centro por Coletivo Ativismo ABCv de Cultura Social.
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A HISTÓRIA NEGADA Que tal verificar seus conhecimentos
sobre a Greve Geral de 1917? “Controlar o passado ajuda a dominar o assim provam. A forma brutal como a le- presente (...) São os poderosos dominantes Es- gislação trabalhista foi aprovada garan- tados, Igrejas, partidos políticos ou interesses privados que possuem e financiam veículos tindo precários direitos aos sindicatos que de comunicação e aparelhos de reprodução, obrigatoriamente aderissem a uma nova livros escolares e historias em quadrinhos, fil- forma de organização sindical inspirada mes e programas de televisão” (Marc Ferro) no fascismo italiano, etc, contribuíram Até a década de 1980 é como se no Bra- para o enfraquecimento do anarquismo e sil não existisse o anarquismo. Com pou- de sua força social entre os trabalhadores cas exceções, quando muito, era retratado e a população em geral. como movimento de trabalhadores anar- Negam a história acreditando dessa cossindicalistas do início do século passa- forma enfraquecer o anarquismo, mas do, utópico, atrasado, pequeno burguês. todo anarquista efetivamente atuante A historiografia brasileira não retrata a procura ter sua biblioteca, guardar seus história dos anarquistas brasileiros. Con- documentos, ser um estudioso de todas as sequentemente os livros didáticos escola- questões que afetam a vida em sociedade. Um dos princípios caros aos anarquistas 1) Anarcossindicalista acusado de mentor inte- res nada ou pouco trazem sobre o anar- lectual da greve (4 nomes) quismo. é o de ação direta que nos impulsiona a 2) Sinônimo de sindicalismo revolucionário Poucos filhos de trabalhadores cursam estudar e procurar as respostas para os 3) Importante anarcocomunista da época (2 no- a universidade, menos ainda continuam problemas que nos afligem sempre nos mes) estudando. O maior numero são de inte- associando com outros trabalhadores, ex- 4) Principal órgão da imprensa anarquista que plorados e oprimidos. divulgou a greve lectuais comprometidos com seus interes- 5) Primeira fábrica a paralisar por conta da gre- ses de classe social, filhos da classe domi- Sabem os anarquistas que não podem ve (2 nomes) nante ou políticos partidários, marxistas, esperar nem depender da academia, dos 6) Primeiro operário morto (2 nomes) liberais, etc, que negaram em seus traba- intelectuais para preservar, resgatar, ana- 7) Organização dos trabalhadores, desemprega- lhos acadêmicos a existência do anarquis- lisar e produzir sua própria história. As- dos e donas de casa (2 nomes) sim o faz o CCS/SP e tantos outros gru- 8) Organização criada para defender e organizar mo em nossa história. Existem exceções, os trabalhadores em greve (3 nomes) companheiros acadêmicos inclusive anar- pos e indivíduos. 9) Dois repressores da greve foram o prefeito e quistas comprometidos em dar o devido Nas últimas décadas o movimento o presidente (2 nomes cada) valor a história e importância do anar- anarquista floresceu, multiplicam-se os 10) Operária que desempenhou importante pa- quismo. grupos e as iniciativas libertarias em vá- pel na greve (3 nomes) A maioria dos trabalhos acadêmi- rios lugares do Brasil. Grupos de estudos cos que retratam o anarquismo o fazem dos mais diferentes temas, grupos das mais diferentes matizes convidam amplos de caçadas continuarão glorificando o ca- de forma equivocada indo até no máxi- setores da sociedade para reverem seus çador” (Eduardo Galeno) mo a década de 1930, depois é como se valores e princípios, suas formas de orga- A história negada está sendo resgatada o anarquismo tivesse deixado de existir. nização, de luta para a organização e de e escrita por aqueles que de fato necessi- As diversas lutas dos anarquistas, como organização para a luta. tam e acreditam nessa história os próprios as sindicais que foram apropriadas na le- Cresceu enormemente as produções anarquistas. gislação pelo Estado, pelo fim da explora- ção do trabalho infantil e da mulher, por sobre o anarquismo brasileiro. Muitos Sugestões Leitura: melhores condições de vida, as greves, grupos editam e publicam seus livros se- As greves de 1917 em são Paulo e o processo de algumas como a geral de 1917, que pro- jam clássicos, trabalhos acadêmicos ou organização proletária. Yara Aun Khoury. Cortez, autores associados. SP. 1981. https://drive.goo- porcionalmente foi a mais radical e que não que buscam dar conta da vida em so- gle.com/file/d/0B1Q0j8wrlF0GcDZ0clFNbW- envolveu maior número de trabalhadores ciedade sempre trazendo uma leitura crí- 1QLWM/view das que aconteceram depois, as publica- tica, sugerindo de forma pratica possíveis O espirito da revolta (A greve geral anarquista caminhos a seguir de forma livre, antica- de 1917). Chistina da S. R. Lopreatto. Tese Douto- ções, os centros de cultura, o teatro, tudo rado, 1996, Unicamp/SP.https://we.riseup.net/ isso simplesmente desapareceu da histó- pitalista, socialista, horizontal, autônoma, assets/188046/O%20esp%C3%ADrito%20da%20 ria brasileira. autogestionária, federativa, solidaria, en- revolta%20A%20greve%20geral%20anarquis- fim libertaria para uma nova sociedade. ta%20de%201917%20(Christina%20Lopreato).pdf O anarquismo foi o movimento mais O Movimento operário e a greve geral de 1917. reprimido durante as décadas iniciais do Os anarquistas têm a clareza do pro- Edgard Leuenroth. CCS/SP. 2016 século passado, as prisões, a colônia de vérbio africano “Até que os leões tenham Oiapoque, as deportações e assassinatos seus próprios historiadores, as histórias por Centro de Cultura Socialv Lançamentos Mujeres Líbres da Es- Lançamento do livro O O livro Leituras Libertá- panha: Documentos da Futuro de Nossas Crian- rias, resultado da tese de Revolução Espanhola de ças e Outros Escritos com mestrado de Lúcia Parra Margareth Rago e Maria coletânea sobre educação faz um estudo do perfil Clara Pivato Biajoli. A Bi- libertária, com textos de de leitura e circulação de blioteca Terra Livre reedi- Élisée Reclus, Dome- livros no meio libertário ta o livro, que reúne textos la Nieuwenhuis, Char- na década de 1930. O e documentos das partici- les-Ange Laisant, Émilie Centro de Cultura Social pantes do grupo Mujeres Lamotte e Jean Grave, edita o livro na mesma Libres, ativo durante o editado em conjunto pela linha de publicações que trata do movimento anar- período da Guerra Civil editora Intermezzo e Bi- quista no Brasil nesse Espanhola. blioteca Terra Livre. período mais próximo, a partir de 1930.
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VOTO CRÍTICO, ESTRELA OU PANELAS
Com quantos golpes se escreveu a história programa de governo, disfarçando essa rela- fazer o jogo da direita, como dizem por ai de dessa invenção chamada Brasil? O primeiro, ção com um populismo muito bem desenhado quem vota nulo ou não vota. Só não perde- decerto, foi dado pelos europeus há 500 anos. com programas sociais. As faculdades particu- remos tempo, uma vez que esse é um jornal Uma “pena” que ainda não existia facebook lares e as grandes construtoras, por exemplo, anarquista, que defende a revolução social e o e #ForaCabral para xingarem muito. Desde foram as maiores beneficiárias de programas poder popular, portanto é óbvio que Bolsona- então, golpes e mais golpes foram dados em como o “ProUni” e o “MinhaCasa, MinhaVi- ros, Moros, Aécios, Dórias e demais militares e quem trabalha muito para sobreviver, sem da”. Em tempos de vacas gordas, os bancos ga- almofadinhas são inimigos das trabalhadoras nenhuma pouca dignidade. Imperadores, no- nharam ainda mais dinheiro. Os ricos ficaram e trabalhadores. Assim como deveria ser óbvio bres, banqueiros, empresários, políticos, juí- ainda mais ricos, enquanto os miseráveis fica- que o PT, ou qualquer partido dito de esquer- zes…golpistas em geral. O Estado é um golpe ram pobres e alguns pobres subiram para a tal da, também são. Enquanto olhamos da direita por excelência. classe média. O principal movimento social do pra esquerda, o estado nos massacra de cima Como esperança para vencer o último gol- país, MST, combativo durante as décadas pas- pra baixo. pe e substituir o presidente não eleito e impo- sadas, também entrou no jogo e trocou o fogo No ano que a Greve Geral de 1917 com- pular, ressurge um herói conhecido: Pai Lula, o das barricadas pela água gelada nas mesas de pleta 100 anos fica um resgate esperançoso salvador dos pobres. Odiado por muita gente, negociação. Lula&Dilma, Partido dos Traba- da memória de resistência. Que o trabalho de idolatrado por tantas outras. Já conhecemos lhadores, fundamentais para o apaziguamento base volte à nossa prática. Que a ação direta essa parte da história: um pedaço de bolo para a da luta de classes no brasil, fundamentais para e o apoio mútuo voltem ao centro da luta das população e o restante inteiro para a manuten- o capitalismo. O PT deu um golpe nos traba- oprimidas e oprimidos. Existe política além ção do capital. E foi assim nos 4 mandatos do lhadores. Mas em tempos de Temer, cortes de do voto. Precisamos retomar a luta de classes, PT, que escolheu a conciliação de classes como direitos mínimos e regresso social e quem sabe por nós mesmos, nos nossos bairros, escolas, até uma nova ditadura militar, empregos, centros sociais, sem esperar que re- o menos pior volta a parecer presentantes façam algo. Buscar a autogestão e ótimo e o único lugar possível a horizontalidade. Só a luta muda a vida. Voto a se chegar. Em 2018 a estre- crítico, estrela ou panelas? Levanta a sua ban- la terá, além da imensa massa deira preta, anarquista! convicta, um grande aliado: o por Biblioteca Terra Livrev voto crítico. “Não gosto do PT nem do Lula, mas vou votar 13 pra direita não ganhar”, dirão Resposta da Quadrinha da p.3 muitas pessoas. E quem não fizer igual automaticamente torna-se reacionário, coxinha. E nesse cenário criam-se duelos: Petralhas x Coxinhas. #ForaTemer x Panelas. Carta Capital x Veja. Lula x Bolsona- ro. Lula x Moro. Lula X Alck- min. Lula x Dória. Não gastaremos linhas de- mais para falar mal dos opo- Expediente nentes de Luis Inácio. Não por Ação Coletiva nº 3 Outubro de 2017 VIII FEIRA ANARQUISTA DE SÃO PAULO TIRAGEM: 5.000 exemplares DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CONTATO: Diretamente com os coletivos A Biblioteca Terra Livre organiza a VIII Fei- Núcleo de Estudos Libertários ra Anarquista de São Paulo, dando continui- Carlo Aldegheri dade ao já tradicional encontro anual de anar- Rua Luiz Laurindo Santana, 40, Sala 1 quistas e simpatizantes do mundo inteiro. -Ferry Boat - Guarujá -SP C.P. 15 - Guarujá/SP - CEP 11410-971 Na edição deste ano, assim como nas ante- www.nelcarloaldegheri.blogspot.com.br riores, acontecerá mostra editorial e venda de facebook.com/nelca.carloaldegheri nelca@riseup.net livros, jornais, revistas, fanzines e outros mate- riais libertários. A Feira de São Paulo pretende Ativismo ABC reunir editoras libertárias do país e do exterior. Rua Alcides de Queiroz, 161 - Casa Branca - Santo André/SP Paralelamente à mostra editorial haverá facebook.com/groups/lagarti- palestras e debates, assim como diversas ati- xapreta email: ativismoabc@riseup.net vidades culturais, como exposições, poesias, apresentações teatrais, musicais e outras ativi- Biblioteca Terra Livre C.P. 195 - São Paulo/SP – CEP 01031-970 dades. facebook.com/bibliotecaterralivre www. bibliotecaterralivre.noblogs.org 05 de novembro de 2017 email: bibliotecaterralivre@gmail.com Local: Espaço Cultural Tendal da Lapa Rua Constança, 72 – Lapa, São Paulo/SP. Centro de Cultura Social Rua General Jardim, 253 sala 22 - Próximo à estação de trem e terminal de República - São Paulo/SP ônibus Lapaa C.P. 702 - São Paulo/SP - CEP 01031-970 www.ccssp.com.br Entrada Gratuita. facebook.com/CCSSP33 email: ccssp@ccssp.com.br