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Estruturas mistas aço-concreto: origem, desenvolvimento e


perspectivas
Composite structures: source, development and perspectives

Silvana De Nardin (1); Alex Sander Clemente de Souza (2);


Ana Lucia C. Homce El Debs (3); Mounir Khalil El Debs (3)

(1) Pesquisador pós-doutorado, Departamento de Engenharia de Estruturas


Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo
email: snardin@sc.usp.br

(2) Professor Titular, Centro Universitário de Lins


email: alexsander@fpte.br

(3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas


Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo
email: analucia@sc.usp.br; mkdebs@sc.usp.br

Departamento de Engenharia de Estruturas, Av Trabalhador Sancarlense, 400


São Carlos – SP - CEP: 13566-590
Resumo
O uso eficiente dos materiais estruturais, especialmente do concreto e do aço que são os materiais
estruturais mais utilizados em todo o mundo, é a chave para o desenvolvimento da construção civil. Um tipo
de associação desses dois materiais (concreto e barras de aço) já produziu o concreto armado, de uso
eficiente e consagrado em grande parte das aplicações estruturais. Outras associações entre perfis de aço
e concreto estrutural produzem as denominadas estruturas mistas aço-concreto, que trazem novas
aplicações tanto para o aço quanto para o concreto e vantagens importantes para a construção civil. Este
trabalho pretende apresentar como surgiram as estruturas mistas aço-concreto, o estágio atual de
desenvolvimento no Brasil e as perspectivas de utilização. Além disso, reúne conceitos, definições
fundamentais e as filosofias de projeto para os principais elementos mistos aço-concreto, entre eles: lajes
mistas, vigas mistas e pilares mistos.
Palavras-Chave: estruturas mistas, vigas mistas, pilar misto, laje mista

Abstract
The efficient application of the structural materials, mainly concrete and steel, that are the most utilized
materials in the world, is the key to the construction development. One type of steel bars and concrete
association produced the reinforced concrete. Another kind of associate between steel profile and structural
concrete generate the steel-concrete composite structures. Composite structures bring new applications for
steel and concrete and advantages for the building constructions. This study intends to present the
composite structures source, development state in Brazil and the perspectives of utilization. Furthermore,
this study presents basics concepts, definitions and design philosophy for the main steel-concrete composite
elements, as composite slabs, composite beams and composite columns.
Keywords: composite structures, composite columns, composite beam, composite slab
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1 Introdução
O meio técnico está familiarizado a utilizar, dimensionar e verificar estruturas de concreto
armado ou estruturas metálicas. Nas estruturas de concreto armado, vigas, pilares e lajes
são constituídas por concreto de qualidade estrutural e barras de armadura
adequadamente dimensionadas e detalhadas, imersas no concreto simples. Nas
estruturas metálicas, vigas e pilares são perfis laminados, dobrados ou soldados,
adequadamente dimensionados e detalhados, cuja junção é feita pelas ligações, que
podem ser soldadas ou parafusadas.
Tanto nas estruturas de concreto armado quanto nas estruturas de aço, a laje costuma
ser executada em concreto armado. Sendo assim, o que diferencia uma estrutura de
concreto armado de uma estrutura de aço, são os materiais utilizados nas vigas e pilares.
Nas três últimas décadas, uma nova forma de associação aço-concreto vem sendo
utilizada nos sistemas estruturais de edificações, entre outras. São as estruturas mistas
aço-concreto, que se diferenciam das estruturas em concreto armado e de aço pela forma
como o aço é apresentado. Uma estrutura mista aço-concreto é composta por elementos
mistos.
As estruturas mistas são formadas pela associação de perfis de aço e concreto estrutural
de forma que os materiais trabalhem conjuntamente para resistir aos esforços solicitantes.
Desta forma é possível explorar as melhores características de cada material tanto em
elementos lineares como vigas e pilares, quanto nas lajes e ligações.
A utilização de elementos mistos e, por conseqüência, de sistemas mistos aço-concreto
amplia consideravelmente o conjunto de soluções em concreto armado e em aço. De
maneira geral, a crescente utilização de estruturas mistas é atribuída a diversos fatores,
entre os quais a necessidade cada vez maior de grandes áreas livres por pavimento, que
resulta em grandes vãos para as vigas, acréscimo de força vertical nos pilares e um maior
espaçamento entre eles.
Neste tipo de situação, os elementos mistos possibilitam a redução das dimensões da
seção transversal, ampliando as áreas livres e reduzindo as forças verticais que chegam
nas fundações. Outro aspecto importante é a necessidade de atender aos prazos de
entrega da edificação, fator que requer o emprego de sistemas estruturais para os quais
seja possível obter rapidez e facilidade de execução, sem grandes acréscimos no custo
final da edificação. Também é importante a localização da edificação que, por vezes,
resulta em espaço reduzido para montagem de canteiro de obras e limitações impostas
pela vizinhança.
Por fim, corroboram para a crescente utilização de estruturas mistas, os avanços
tecnológicos das últimas décadas, que permitiram e permitem obter concretos e aços com
alta resistência. Tais avanços possibilitaram também o surgimento de equipamentos que
facilitam o transporte e posicionamento dos elementos mistos.
Além da variedade de opções e combinações possíveis para as estruturas mistas,
especificamente em relação às estruturas em concreto armado verifica-se a possibilidade
de dispensar fôrmas e escoramentos, reduzindo custos com materiais e mão-de-obra, a
redução do peso próprio da estrutura devido à utilização de elementos mistos
estruturalmente mais eficientes e o aumento da precisão dimensional dos elementos. Por
outro lado, em relação às estruturas de aço, as estruturas mistas permitem reduzir o
consumo de aço estrutural e substituir parte do aço necessário para resistir às ações pelo
concreto, que tem menor custo.
O conjunto de todos estes fatores é o grande responsável pelos avanços tecnológicos
verificados nos processos construtivos. É importante frisar que o emprego de elementos
mistos constitui não só uma opção de sistema estrutural, mas também de processo
construtivo e, como tal, suas vantagens estendem-se também a estes aspectos desde
que sejam adotadas técnicas construtivas condizentes.
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O surgimento dos elementos mistos e sua associação com elementos em concreto


armado e de aço impulsionaram o surgimento das estruturas híbridas. É cada vez mais
comum compor o sistema estrutural de uma edificação com pilares de aço, vigas mistas,
núcleos ou paredes de concreto armado que garantem a estabilidade horizontal.
Os primeiros elementos mistos utilizados foram as vigas; os perfis eram envolvidos com
concreto, não estrutural, a fim de aumentar a resistência ao fogo. Posteriormente esse
concreto passou a ser de melhor qualidade e considerado na resistência da viga.
O dimensionamento de elementos mistos foi inserido inicialmente nas normas técnicas já
existentes para elementos de aço. Isso ocorreu, por exemplo, com a norma americana
AISC-LRFD, com a norma canadense CAN/CSA-S16.1 e com a norma britânica BS 5400.
A norma americana para estruturas de concreto armado, ACI 318, também incluiu o
dimensionamento de pilares mistos em seu texto.
No Brasil, a NBR 8800 de 1986 aborda somente o dimensionamento de vigas mistas. O
dimensionamento de pilares mistos e lajes mistas em temperatura ambiente, que não
eram abordados pela NBR 8800, foram incluídos num dos anexos da NBR 14323:1999
que aborda o dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio. Atualmente
em elaboração, a nova versão da NBR 8800 contemplará o dimensionamento de lajes
mistas, vigas mistas, pilares mistos e ligações mistas.
A primeira "norma" criada com o objetivo de abordar exclusivamente o dimensionamento
e verificação de elementos mistos foi o código europeu EUROCODE 4, que serviu de
diretriz para a elaboração do texto para revisão da NBR 8800:2003.

2 Trabalho conjunto aço-concreto


Numa estrutura mista aço-concreto, o aço é utilizado na forma de perfis laminados,
dobrados ou soldados, que trabalham em conjunto com o concreto simples ou armado.
Existem diversas maneiras de fazer com que o perfil de aço trabalhe em conjunto com o
concreto. Para garantir o comportamento conjunto (misto) deve-se garantir que os
materiais aço e concreto se deformem como um único elemento, (Figura 1). A interação
aço-concreto pode ser mecânica, a partir da utilização de conectores de cisalhamento,
mossas, saliências, etc ou por atrito. Em alguns casos, a aderência e a repartição de
cargas é suficiente para garantir a ação conjunta aço-concreto como, por exemplo, nos
pilares.

a) sem ação mista b) com ação mista


Figura 1 - Comportamento misto aço-concreto em vigas

Em vigas mistas o comportamento misto é garantido pela conexão entre concreto e perfil
de aço por meio de conectores de cisalhamento, que podem ser flexíveis (pino com
cabeça ou stud bolt) ou rígidos (perfil U). A classificação entre rígidos e flexíveis está
ligada à ductilidade da ligação. Os conectores são dimensionados para o fluxo de
cisalhamento longitudinal entre a seção de momento máximo e momento nulo. A
determinação da resistência de conectores é apresentada na Tabela 1.
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Tabela 1- Resistência de conectores de cisalhamento


Conector tipo pino com cabeça Conector tipo U
≥ 1 ,5 d

d h ≥4d

 1 A cs ⋅ f ck ⋅ E c
 s
Lc

qRd ≤ 2 1,25 Resistência de um conector
 A cs ⋅ fucs
 1,25
Fator de redução para resistência do conector em vigas mistas com
lajes mistas: tw
 b  h 
C Rd = 0,6 F  cs − 1 ≤ 1 nervuras paralelas à viga
 h F  h F  tf
C Rd =

0,85 b F h cs
 
 
− 1 ≤ 0,75 nervuras perpendiculares à 0,3(t f + 0,5t w )L cs ⋅ f ck ⋅ E c
qRd =
n cs  h F  h F  1,25
viga

Para vigas em conjunto com lajes mistas a resistência dos conectores tipo pino com
cabeça deve ser penalizada por um coeficiente redutor (Cred) que leva em conta a
geometria dos conectores e da forma de aço, posição desta em relação à viga e dos
conectores em relação à forma. Esses coeficientes são determinados experimentalmente
e dados na Tabela 1.
No caso das lajes mistas, a forma metálica deve ser capaz de transmitir o cisalhamento
na interface aço-concreto garantindo o trabalho solidário dos dois materiais. A aderência
natural entre a forma de aço e o concreto não é suficiente para garantir isto, e a
solidarização entre os dois materiais é conseguida basicamente de duas maneiras
distintas: ligação mecânica por meio de mossas (Figura 2a); ou ligação por meio do atrito
gerado pelo confinamento do concreto em formas reentrantes (Figura 2b).

Figura 2 – Forma de aço: mecanismo de aderência

As mossas são confeccionadas quando da conformação da chapa que gera a forma e


consistem de pequenas saliências que promovem uma ligação mecânica com o concreto
impedindo deslocamentos relativos entre aço e concreto. As formas reentrantes, além de
propiciarem aderência entre os dois materiais por meio do atrito gerado pelo
confinamento, também restringem a tendência de separação entre a forma metálica e o
concreto.
Nos pilares mistos, em geral, não são utilizados conectores de cisalhamento e considera-
se que a aderência natural entre aço e concreto seja suficiente para propiciar a ação
mista. A NBR 8800:2003 recomenda o uso de conectores quando a tensão de
cisalhamento na interface aço-concreto, calculada com base nas propriedades elásticas
da seção não fissurada, exceder determinados valores limites. No entanto, a aderência
.

entre aço e concreto em pilares mistos ainda é um ponto que merece estudos mais
aprofundados, especialmente quanto ao mecanismo de transferência de esforços,
(PARSLEY et. al., 2000). Os autores deste trabalho estão iniciando pesquisas sobre a
aderência aço-concreto em pilares mistos preenchidos.
A seguir, são apresentados diversas combinações entre perfis de aço e concreto
resultando em elementos mistos como vigas, lajes e pilares abordados pelo texto base
para revisão da NBR 8800. Além destes elementos previstos na norma brasileira, são
apresentados os pisos mistos de pequena altura.

3 Elementos mistos

3.1 Vigas mistas


A viga mista é composta por um perfil I, conectado à laje de concreto por conectores de
cisalhamento. Na Figura 3 é vista a morfologia de uma viga mista em que a laje de
concreto é composta por blocos de concreto pré-moldado que recebem uma capa de
concreto moldada in loco, a qual faz a junção laje-viga. Também são apresentadas duas
configurações típicas de vigas mistas.

Figura 3 - Vigas mistas

A NBR 8800:2003 aplica-se a vigas mistas formadas por perfis simétricos em relação ao
plano de flexão e lajes de concreto armado ou com forma de aço incorporada,
posicionada acima da face superior do perfil (Figura 3). As vigas mistas podem ser
biapoiadas, contínuas ou semicontínuas. Vigas mistas contínuas são aquelas em que o
perfil de aço e a armadura da laje têm continuidade total nos apoios internos. Nas vigas
mistas semicontínuas a ligação metálica ou mista é semi-rígida ou de resistência parcial.
Os sistemas contínuos e semicontínuos apresentam as seguintes vantagens em relação
ao sistema biapoiado: menor relação altura/vão, reduções de peso, menor fissuração da
laje de concreto junto aos apoios, são menos susceptíveis a vibrações pois a freqüência
natural é mais elevada. Por outro lado, a continuidade requer o emprego de ligações mais
complexas e onerosas e a análise estrutural torna-se mais trabalhosa, por se tratar de
sistemas estaticamente indeterminados e com rigidez à flexão variável.
O comportamento das vigas mistas varia em função da resistência da ligação aço-
concreto e do processo construtivo. Quando o número de conectores for suficiente para
absorver a totalidade do cisalhamento longitudinal na interface aço-concreto tem-se
interação completa. No entanto, é possível utilizar um número menor de conectores sem
reduções significativas no momento resistente da seção mista; neste caso tem-se
interação parcial.
Em construções escoradas, o elemento estrutural entra em serviço somente após a cura
do concreto (resistência superior a 75% de fck) ou seja, após a retirada do escoramento e
o desenvolvimento da ação mista, quando todas as cargas são suportadas pela seção
mista. Em construções não escoradas, a viga de aço deve ser dimensionada para as
cargas de construção (peso do concreto e sobrecarga construtiva). Admite-se que a viga
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de aço seja travada lateralmente para efeito de flambagem lateral desde que a forma
tenha rigidez suficiente para tal.
Na determinação do momento resistente da seção mista pode ser admitida a plastificação
total da seção mista desde que h / t w ≤ 3,76 E / f y , ou seja, sem flambagem local da
alma. O momento fletor resistente, assim determinado, deve ser reduzido pelo coeficiente
βvm que considera a impossibilidade de plastificação total da seção mista no interior dos
tramos das vigas contínuas e semicontínuas. Para as vigas mistas contínuas, βvm = 0,95 e
para as vigas mistas semicontínuas pode ser 0,85, 0,90 ou 0,95, dependendo da
capacidade de rotação da ligação mista.
A largura de laje que trabalha como parte da viga mista é denominada “largura efetiva” e
tem conceito similar à largura colaborante em vigas T de concreto armado.
Tem sido utilizada, nos últimos anos, vigas mistas com seções diferentes daquelas
previstas na NBR 8800:2003. Por exemplo, as vigas denominadas parcialmente
revestidas, revestidas e preenchidas. A viga revestida surge da combinação entre uma
viga I de abas paralelas e desiguais, que após a execução da laje, passa a trabalhar
como uma viga revestida por concreto, como ilustrado na Figura 4.

Figura 4 - Vigas parcialmente revestidas, revestidas e preenchidas

Os exemplos de vigas mistas mostradas na Figura 4 estão inseridos dentro de um


sistema misto mais amplo denominado piso misto de pequena altura, que será abordado
no item 3.4. Em relação aos demais tipos de vigas mistas (Figura 3), as vigas revestidas
total ou parcialmente por concreto e embutidas no piso apresentam maior resistência ao
fogo e maior rigidez à flexão.
O uso de perfis formados a frio em vigas mistas não é admitido por normas técnicas, no
entanto Malite (1990) analisou essa possibilidade e a considerou viável.
Uma alternativa para grandes vãos são as vigas mistas treliçadas (treliças mistas aço-
concreto), cujo dimensionamento também é previsto pelo texto base para revisão da NBR
8800:2003. As vigas mistas treliçadas são treliças metálicas com o banzo superior
conectado a laje de concreto ou laje mista gerando um comportamento misto para resistir
a esforços de flexão – Figura 5.

Figura 5 – Treliça mista aço-concreto

Treliça mista tem se mostrado uma solução particularmente atrativa para vãos superiores
a 10m e apresentam algumas vantagens em relação às vigas mistas como, por exemplo:
são mais leves que as vigas de alma cheia e possibilitam uma solução fácil para
acomodação das instalações em geral. A forma da treliça, bem como os tipos de perfis
utilizados para compor os banzos e as diagonais são variados e dependem do tipo de
projeto. No entanto, a configuração mais utilizada é a mostrada na Figura 5, que foi a
empregada no Shopping Benfica em Fortaleza-CE com vãos de 14m e 16m.
.

3.2 Laje mista


Atualmente a utilização das lajes com forma de aço incorporada é uma alternativa
atraente porque permite a racionalização do processo construtivo e, por isso, são
empregadas com sucesso em edifícios de aço, de concreto armado e em pontes,
apresentando vantagens construtivas, estruturais e econômicas. Dentre as vantagens
advindas do uso de lajes com forma de aço incorporada cita-se as mais relevantes:
♦ A forma de aço substitui as armaduras de tração da laje, gerando economia de
tempo, material e mão de obra, pois os serviços de corte, dobramento e montagem
das armaduras são eliminados ou reduzidos;
♦ Elimina a utilização de formas de madeira, que constituem uma parcela significativa
do custo total de uma estrutura de concreto;
♦ Reduz sensivelmente a necessidade de escoramentos tornando o canteiro de
obras mais organizado, reduzindo o tempo gasto com montagem e desmontagem dos
escoramentos e retirada de forma;
♦ A forma de aço pode servir de plataforma de trabalho nos andares superiores e
proteção aos operários em serviço nos andares inferiores;
♦ As formas de aço são leves, de fácil manuseio e instalação;
♦ O uso de formas de aço facilita a execução das diversas instalações e a fixação de
forros falsos.
O somatório das características citadas anteriormente resulta em uma notável economia
na construção, reduzindo prazos, desperdício de materiais e mão de obra e
incrementando a qualidade do produto final.
Nas laje mista ou laje composta ou, ainda, laje com forma de aço incorporada a forma de
aço suporta as ações permanentes e sobrecargas construtivas antes da cura do concreto
e, após a cura, o concreto passa a trabalhar estruturalmente em conjunto com a forma de
aço que substitui, total ou parcialmente, a armadura positiva da laje. A morfologia mais
comum para a laje mista é mostrada na Figura 6.

Figura 6 – Laje com forma de aço incorporada

A utilização de lajes com forma de aço incorporada teve início no final da década de 30
nos Estados Unidos, no entanto a ação conjunta aço-concreto só passou a ser
considerada em meados da década de 50, a partir de estudos desenvolvidos na
Universidade de Iowa em conjunto com o AISI (American Iron and Steel Institute). Estudos
recentes tem mostrados que é viável a utilização de lajes com forma de aço incorporada
também em estruturas de concreto armado.

3.2.1 Materiais e dimensões limites


Em geral as formas metálicas são fabricadas em aço galvanizado ASTM A-653 Grau 40
(ZAR 280), com resistência ao escoamento de 280 MPa e espessuras finais variando
.

entre 0,8mm e 1,25mm. Deve ser utilizado concreto estrutural com resistência a
compressão inferior a 28MPa.
São utilizadas ainda armaduras adicionais para controle da retração e de fissuração por
temperatura. As armaduras adicionais devem ter área de no mínimo 0,1% da área de
concreto acima da face da forma. Em regiões de momento negativo, as armaduras devem
ser dimensionadas segundo a NBR 6118:2003. A Tabela 2 apresenta um resumo das
principais recomendações construtivas e limites de dimensões.

Tabela 2 – Limites de dimensões para lajes mistas


Item limite
Largura da forma meia altura (bF) > 50mm
Altura da nervura da forma de aço (hF) ≤ 75mm
Altura do conector acima da nervura da forma de aço ≥ 40mm >10
Altura da laje de concreto acima da nervura da forma ≥ 50mm >40 hc
hcs
Altura de concreto sobre o conector ≥ 10mm hF
ht
Diâmetro dos conectores tipo pino com cabeça (dcs) ≤ 19mm
Comprimento do conector após a instalação (hcs) ≥ 4*dcs
Resistência do concreto da laje (fck) ≤ 28 MPa
Espaçamento máximo entre conectores (emax) 8* ht
Espaçamento mínimo entre conectores (emin) 4* dcs

3.2.2 Dimensionamento
O dimensionamento de lajes mistas compreende a verificação da forma de aço durante a
construção e da laje mista após a cura do concreto. Antes da cura do concreto a forma de
aço deve ser verificada para ações construtivas, ou seja, peso do concreto fresco e
sobrecargas de construção. Por tratar-se de um elemento de aço formado a frio, a forma
metálica deve ser verificada segundo NBR 14762:2001.
Após a cura do concreto passa a haver o comportamento misto; nesta situação, a forma
de aço substitui total ou parcialmente a armadura convencional da laje.
Segundo o projeto de revisão da NBR 8800:2003 para o dimensionamento de lajes
mistas, devem ser verificados os seguintes estados limites últimos: resistência ao
momento fletor, cisalhamento longitudinal, cisalhamento vertical e punção. Na Tabela 3
são apresentadas as principais verificações para a forma de aço e para a laje mista.
Para lajes mistas contínuas, a região sobre o apoio pode ser comparada a uma laje de
concreto armado ou seja, a armadura da forma de aço pode ser desprezada.

Tabela 3 – Verificações para forma de aço e laje quanto à flexão com momento positivo: NBR 8800:2003

Forma antes da cura do concreto


Estado limite de utilização Estados limites últimos
Deslocamento máximo sob peso próprio + NBR 14762:2001
peso do concreto fresco: ≤ LF/180 ou Utilizar a análise elástica. Nas formas calculadas como contínuas, a
20mm determinação dos esforços solicitantes deve ser feita sem considerar
a variação de rigidez.
Laje após a cura do concreto
Momento fletor positivo de cálculo
MRd = Npa ⋅ (dF + 0,5a ) fcd Ncf MRd
a
dF

fyF Npa y
Npa = AF ⋅ a= Np
γF 0,85fcd ⋅ b
MRd = Ncf ⋅ y + Mpr

(
y = ht − 0,5hc − ep + ep − e ⋅ ) Ncf
Npa
.

 N  αf cd
Ncf Mpr MRd
Mpr = 1,25Mpa ⋅ 1 − cf  ≤ Mpa -
= + =

hc
 Npa  - -

dF
 y
f + Np +

e
Ncf = 0,85 fcd ⋅ hc ⋅ b fcd = ck C.G. da forma LNP da forma fyF/1,15
1,4

Momento fletor negativo de cálculo


As ⋅ fys ⋅ y As
MRd =
γs
Nts
As ⋅ fys 0,85 ⋅ beff ⋅ x ⋅ fck
Nts = Ncc =

dF
γs γc ds y
x
Nts x Ncc MRd
x= y = ds − beff
Ncc 2
Cisalhamento longitudinal
 m ⋅ AF  
b ⋅ dF ⋅   + k

VRd,l =  b ⋅ L s  
γ sl
L s = 0,25L F para cargas uniformemente distribuídas
L s = distância entre uma carga aplicada e o apoio mais
próximo para duas cargas concentradas simétricas
L s = relação entre o máximo momento fletor e a maior
reação de apoio para as condições de carregamento não
contempladas nos casos anteriores, inclusive combinação de
carga distribuída ou cargas concentradas assimétricas.
L s = 80% do vão real para vãos internos e 90% para vãos
de extremidade para lajes projetadas como contínuas.
Cisalhamento vertical
1000bo ⋅ dF ⋅ τRk ⋅ k v ⋅ (1,2 − 40η) (N) AF  d 
VRd,v = sendo η = ≤ 0,02 e k v = 1,6 − F  ≥ 1
γ c ⋅ bo
bo ⋅ dF  1000 
Punção
u cr h c τ Rk k v (1,2 + 40η)
VRd,p =
γ c = 1,4

AF dF
η= ≤ 0,02 k v = 1,6 − ≥1
b o dF 1000
ucr: perímetro crítico em milímetros
hc: altura de concreto acima da fôrma;
τRk: resistência ao cisalhamento em função do fck
AF: Área da fôrma calculada para a largura b0.

Na determinação do momento fletor negativo resistente, sobre apoios de lajes contínuas,


a contribuição da forma de aço para os esforços de compressão deverá ser levada em
conta somente se for contínua.
As propriedades da seção efetiva na forma devem ser calculadas levando em conta a
presença favorável do concreto, de forma que a largura efetiva não deva ser superior a:
E E
26,49 ⋅ 2,40 ⋅
d fyF d fyF
≤ para α ≥ 0,5 ≤ para α < 0,5
tF (13α − 1) tF α
.

Para estados limites de utilização devem ser verificados: fissuração do concreto segundo
NBR 6118:2003 e deslocamentos verticais. Os deslocamentos verticais não devem ser
superiores a LF/350 considerando apenas o efeito da sobrecarga e LF na direção das
nervuras.

3.3 Pilares mistos


O concreto associado ao aço compondo elementos mistos surgiu como uma alternativa
simples e pouco onerosa de proteção contra o fogo e a corrosão e, portanto, sem função
estrutural. A idéia de proteção dos pilares metálicos impulsionou o surgimento dos
primeiros pilares mistos aço-concreto que, desde então, evoluíram e hoje apresentam
variações no arranjo e composição destes materiais.
Existem diversos tipos de pilares mistos, que diferem entre si pela posição que o concreto
ocupa na seção transversal. Em função desta posição, os pilares mistos podem ser
classificados em: parcialmente revestidos, revestidos e preenchidos. Nos pilares
revestidos, o concreto envolve o perfil de aço (Figura 7a). Quando o concreto é utilizado
somente no preenchimento do espaço entre as mesas do perfil I, o pilar misto é
denominado parcialmente revestido (Figura 7b). Um pilar preenchido é formado por um
perfil tubular (retangular ou circular) de aço preenchido com concreto (Figura 7c).
concreto

aço
perfil de

perfil
tubular
a) b) c)
Figura 7: Exemplos de pilares: a) revestidos, b) parcialmente revestidos e c) preenchidos

O primeiro registro da utilização de perfis de aço preenchidos com concreto como pilares
foi publicado por Sewell em 1901 quando, ao utilizar o concreto como elemento para
resistir a ferrugem interna do tubo de aço verificou que havia aumento de rigidez de cerca
de 25% (Johansson, 2002).
A crescente utilização dos pilares mistos preenchidos em países europeus, asiáticos e
americanos deve-se ao grande número de qualidades resultantes deste tipo de
associação de materiais. Tais qualidades abrangem aspectos construtivos, econômicos e
de comportamento estrutural tais como: alta resistência, rigidez e capacidade de absorver
energia, dispensa de formas e possibilidade de dispensa de armaduras, economia de
materiais e mão-de-obra.
Quanto aos pilares revestidos e parcialmente revestidos, são necessárias formas e barras
de armadura para evitar o fendilhamento do concreto. Os pilares parcialmente revestidos
podem dispensar as formas se a concretagem for executada na horizontal, executando o
preenchimento de um dos lados e, em seguida, o preenchimento do outro lado.

3.3.1 Materiais e dimensões mínimas


O texto base da NBR 8800:2003 estabelece limites os apresentados na Tabela 4 para
resistência dos materiais. Não se admite instabilidades locais dos elementos das seções
de aço, portanto a relação largura/espessura (esbeltez local) destes elementos deve
obedecer aos limites da Tabela 4.

Tabela 4 – Limites de resistência dos materiais e esbeltez local


Limites de resistência Esbeltez local
Concreto (MPa) Aço (MPa) Parcialmente revestidos Preenchidos
.

250 ≤ fy ≤ 450 RETANGULAR b Es


fU bf Es ≤ 1,76 ⋅
10 ≤ fck ≤ 50 ≥ 1,18 ≤ 1,4 ⋅ t fy
fY tf fy
CIRCULAR D E
≤ 0,1 s
t fy

Não há limitação de esbeltez local para seções revestidas pois o cobrimento de concreto
obedece a limites mínimos que impedem a instabilidade local dos perfis.

3.3.2 Dimensionamento a compressão simples


Para dimensionamento de pilares mistos à compressão simples é determinada a força
normal resistente da seção a plastificação (NRd,pl) e sobre este valor é aplicada a
influência da esbeltez do pilar utilizando o coeficiente χ, que é um parâmetro de
instabilidade global. Nos pilares preenchidos de seção circular é levado em conta o efeito
de confinamento, que aumenta a resistência a compressão uniaxial do concreto (fck) e
diminui a parcela de contribuição do aço (fy). A força norma resistente da seção é o
somatório das resistências dos materiais que a compõem, ou seja: perfil de aço (Aafy),
concreto (Acfck) e armaduras (Asfys). A formulação para o dimensionamento de pilares
mistos à compressão simples é apresentada na Tabela 5 de forma sintetizada. Para
maiores detalhes, consultar a NBR 8800:2003.

Tabela 5-Dimensionamento de pilares mistos à compressão simples


Força normal resistente da seção: total e parcialmente revestidas e preenchidas retangulares
bf = bc bc b2
cx bf cx y
y
y
cy
ey ey ey t
x x d = hc b1
x x d hc x x
tf
tf cy
tw tw
ex y ex y ex y

A af y A c ⋅ fck A s f ys α =1 – seções preenchidas


NRd,pl = +α⋅ + α =0,85 – seções total ou parcialmente revestidas
γ a = 1,10 γ c = 1,4 γ s = 1,15
Força normal resistente da seção: preenchidas circulares (efeito do confinamento)
Aaf y   t  fy  A ⋅ f A s f ys  e
η1 = η10 ⋅ 1 − 10 ⋅ 
NRd,pl = η2 + 1 + η1    c ck + D
γ a = 1,10   D  f ck  γ c = 1,4 γ s = 1,15  
e
d
y
η 2 = η 20 + ⋅10 ⋅ (1 − η 20 )
D
η10 = 4,9 − 18,5 ⋅ λ rel + 17 ⋅ (λ rel )2 ≥ 0 ;
t

ey η 20 = 0,25 ⋅ (3 + 2λ rel ) ≤ 1,0


x
MSd,max
e=
NSd
ex y

Força normal resistente de cálculo de pilares sujeitos a instabilidade por flexão: NRd = χNRd,pl
Curvas de resistência α=0,21 para curva “a” - Pilares preenchidos;
χ=
1
2 2
[
≤ 1,0 ; β = 0,5 ⋅ 1 + α ⋅ (λ rel − 0,2) + λ2rel ] α=0,34 para curva “b” - Revestidos com
β + β − λo instabilidade em torno do eixo de maior
resistência do perfil;
NR,pl π 2 ⋅ (EI)e E c Ic
λ rel = ; Ne = ; (EI)e = E aIa + 0,8 + E sI s
Ne (kl ) 2 1,35 α=0,49 para curva “c” - Revestidos com
.

N R,pl = Aa f y + Ac f ck + As f ys instabilidade em torno do eixo de menor


resistência do perfil.
para pilares preenchidos circulares:
  t  fy 
N Rd,pl = η 2 A a f y + 1 + η1    A c ⋅ f ck + A s f ys
  D  f ck 

3.3.3 Dimensionamento a flexo-compressão


A formulação da NBR 8800:2003 para dimensionamento de pilares mistos a flexo-
compressão (Tabela 6) foi inspirada no EUROCODE 4:1994 porém utilizando as curvas
de interação da norma americana AISC-LRFD:1999. Nos pilares preenchidos de seção
circular flexo-comprimidos, o efeito benéfico do confinamento é considerado apenas para
situações em que a esbeltez do pilar ou a excentricidade do carregamento não exceder a
valores limites. O formulário básico para verificação da flexo-compressão é apresentado
na Tabela 6.
Tabela 6 -Dimensionamento de pilares mistos a flexo-compressão
N 8 M  Equações de interação
NSd/NRd Sd
+  Sd  ≤1
NRd 9  0,9 ⋅ MRd,pl 

NSd N 8 M 
≥ 0,2 → Sd +  Sd ≤1
NRd NRd 9  MRd,pl 

NSd MSd N Sd NSd M Sd


0,2 +
2 ⋅ NRd 0,9 ⋅ MRd,pl
≤1 < 0,2 → + ≤1
NRd 2 ⋅ NRd MRd,pl

0,9 1,0
MSd/MRd
Momento fletor resistente de plastificação de cálculo (seções duplamente simétricas)
fy f ck f ys
MRd,pl = (Z pa − Z pan ) + 0,5α (Z pc − Z pcn ) + (Z ps − Z psn )
1,10 1,4 1,15

Admite-se plastificação total da seção por flexão, portanto é necessário analisar a


distribuição de tensões na seção mista e determinar o eixo neutro e os módulos de
resistência plástico para cada material. O momento de plastificação total da seção será o
somatório dos momentos de plastificação do perfil ( f (Z − Z ) ), do concreto y
pa pan
1,10
( 0,5α fck (Z pc − Z pcn ) ) e da armadura( f ys
(Z ps − Z psn ) ). As expressões para o cálculo dos módulos
1,4 1,15
plásticos para as seções usuais são apresentadas na NBR 8800:2003 anexo R.
O texto base para revisão da NBR 8800:2003 contempla apenas pilares mistos com perfis
laminados; a possibilidade de uso de perfis formados a frio e suas implicações tem sido
estudados por De Nardin (1999) e De Nardin (2003).

3.4 Pavimento misto


A nomenclatura “pisos mistos de pequena altura” é utilizada para descrever um tipo de
sistema estrutural e construtivo no qual as vigas são embutidas na altura da laje de
concreto (Figura 8). Estes pisos mistos são formados por vigas I de abas desiguais e lajes
de concreto ou mistas, embutidas nestas vigas. Ou seja, a aparência compacta, fruto do
embutimento de parte da viga de aço no concreto da laje é a principal característica deste
tipo de piso.
.

Figura 8: Exemplos de pisos mistos de pequena altura – Malask(2000) e Queiroz(1999)

No piso misto de pequena altura pode ser utilizada uma laje mista ou alveolar, ambas
apoiadas sobre a mesa inferior da viga. No caso da laje alveolar em concreto armado, os
painéis pré-fabricados são posicionados sobre a mesa inferior da viga de aço e,
posteriormente, pode ser executada uma capa de concreto consolidando painéis de
concreto e viga de aço ou somente o preenchimento do espaço existente entre as mesas
do perfil de aço (Figura 8).
O embutimento da viga no piso é um dos princípios que caracterizam os pisos de
pequena altura e há registros de sua utilização no Reino Unido em 1845, quando foi
utilizado um sistema estrutural em que arcos de pedra eram integrados a vigas de ferro.
No final do mesmo século, perfis laminados foram utilizados embutidos nas lajes de
concreto (Paes, 2003).
Com o objetivo de reduzir a altura dos pisos ou pavimentos, a comunidade técnica
começou a estudar e caracterizar, na década de 1970, os pisos de pequena altura. Dentro
deste contexto, pesquisadores do Swedish Institute of Steel Construction desenvolveram
um perfil de aço de seção I cuja mesa inferior é mais larga que a superior. Sistemas
construtivos formados por pórticos de aço e pisos de pequena altura foram o sistema mais
utilizado para edifícios nos países nórdicos, na década de 1980 (Paes,2003). O sucesso
deste tipo de pisos impulsionou o surgimento de outros tipos de seções para as vigas e,
na Finlândia, em 1990 foram apresentadas a "Hava beam" e a "Delta beam" (Figura 9).

Figura 9 - Viga tipo "Delta beam"

Com o desenvolvimento das tecnologias de laminação de perfis, em 1997, a British Steel


lança um perfil laminado assimétrico denominado "Asymmetric Slimflor Beam" (ASB) com
mesa inferior mais larga que a superior; na mesa superior foram executadas ranhuras na
face externa para melhorar a aderência com concreto - Figura 10a.
.

a) b) c)
Figura 10 – a) Viga Asymmetric Slimflor Beam, b) Sistema Slimdek", c) Sistema RHSSB

A partir do perfil ASB, a British Steel desenvolveu e apresentou, em 1997, o sistema


patenteado como "Slimdek" (Figura 10b).
A companhia siderúrgica luxemburguesa ARBED, atual grupo Arcelor, desde 1991 tem
empenhado esforços para o desenvolvimento de um sistema de piso de pequena altura. E
este sistema é composto por vigas denominadas "Integrated Floor Beam" (IFB) e painéis
alveolares protendidos de concreto armado e continua sendo comercializado e divulgado
na Europa (Paes, 2003) – Figura 11a.
Visando ampliar a competitividade dos sistemas existentes e criar novos mercados de
consumo na União Européia, desde a década de 1990 os finlandeses vêm desenvolvendo
sistemas para pisos de pequena altura. Fruto deste esforço, o sistema "Slim floor" é um
perfil I laminado assimétrico utilizado em conjunto com lajes mistas com forma nervurada
de aço (Makelainen & Ma, 2000) - Figura 11b.

a) b)
Figura 11 - Sistemas mistos: a) IFB b) Slim floor desenvolvido na Finlândia

Com o desenvolvimento de diversas formas de seção transversal para as vigas, que


podem ser de aço (por exemplo, DELTA BEAM, ASB, IFB) ou de concreto armado como
as vigotas pré-moldadas, e para as lajes, que podem ser mistas com forma incorporada
ou painéis alveolares pré-moldados, os pisos mistos de pequena altura têm grande
versatilidade. Com a diversidade de materiais e morfologias para vigas e lajes, inúmeras
são as combinações para os sistemas construtivos de pisos mistos de pequena altura.
Existe ainda a possibilidade da utilização de treliças espaciais suportando lajes de
cobertura ou de piso. Uma solução eficiente, neste caso, é conectar a laje de concreto ao
banzo superior da treliça desenvolvendo um sistema de piso misto aço-concreto (El-
Sheikh,1993 e Giuliani & Giuliani,1996). Por exemplo, na Figura 12 é mostrado um
edifício construído na Itália empregando treliça espacial mista para compor os
pavimentos, em substituição às lajes nervuradas. Neste caso, o sistema misto apresentou
20% de aumento na capacidade de carga com acréscimo de 3% no custo.
.

Figura 12 - Sistema de piso com treliça espacial mista – Fonte: GIULIANI & GIULIANI (1996)

4 Comentários finais
Os elementos mistos surgiram da necessidade de proteção dos perfis de aço contra a
ação do fogo e da busca por maior rigidez destes elementos. Sua utilização, quer seja na
forma de vigas mistas, lajes mistas ou pilares mistos, tem apresentado um grande
crescimento nas últimas décadas. Devido à crescente utilização, critérios para
dimensionamento e verificação de elementos mistos foram incorporados a diversas
normas técnicas, sobretudo naquelas que abordam estruturas de aço. Isso ocorreu, por
exemplo, com a NBR 8800 cujo texto base para revisão incorporou o dimensionamento
dos elementos mistos. Apesar disso, alguns aspectos ainda limitam a utilização dos
elementos mistos como, por exemplo, os dispositivos de ligação entre vigas mistas e
pilares mistos, ainda não previstos nas normas existentes, tornando necessária e atual a
sua discussão, a fim de estimular a pesquisa das estruturas mistas em geral e possibilitar
a disseminação de sua utilização no Brasil.

Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo –
FAPESP pelo apoio para realização deste trabalho.

5 Referências
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reinforced concrete. Detroit, 1995.

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