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CADERNO
DIGITADO
DIREITO DO
CONSUMIDOR
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
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1.2.Idade Média: Isso nos leva a crer que na essência do ser humano, teremos um ser
consumista, pois precisa sobreviver. Na etapa medieval houve uma manutenção
desse consumo de forma latente porque os feudos estavam encarregados de uma
autoprodução para o atendimento das necessidades daqueles que estavam
inseridos. Contudo, ainda assim, determinados itens eram produzidos e
intercambiados entre as estruturas feudais. É exatamente com o renascimento da
burguesia e a retomada do poder pelos sujeitos que começavam a se dedicar ao
comércio que se teve o emergir da sociedade de consumo.
Boaventura de Sousa Santos trata sobre o capitalismo na obra pela mão de Alice,
afirmando que o sistema capitalista, na fase preliminar era caracterizado por um
capitalismo liberal ou criativo, pois não existiam regras, era a etapa inicial da revolução
industrial e se objetivava a produção e desenvolvimento de vários itens de consumo. Não
existia uma estratégia previamente organizada. Nesta época vigorava o direito civil, não
existia uma disciplina específica para tratar do consumidor. Existia o cliente, o freguês, o
comprador, mas não o consumidor dentro da ótica vista na pós-modernidade.
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O capitalismo passou por uma intervenção por parte do Estado, principalmente após
a segunda guerra mundial, sendo que este ditou determinadas regras, surgindo o direito
das relações do consumo, como ramo jurídico necessário para proteger o sujeito mais
frágil que não consegue ditar as regras do jogo contratual. Inclusive, em matéria de
responsabilidade civil, adoutou-se o critério da responsabilidade objetiva, independente
da demonstração de culpa.
O estado que estava afastado, pois o Código Civil tem raízes napoleônicas, com raízes
burguesas, individualistas e patrimonialistas, precisava adentrar nesse espaço apara que
providências salutares fossem tomadas para proteger o consumidor.
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Ressalte-se que, após este conhecido discurso, em que o presidente afirmou como
direitos básicos dos consumidores: o direito à segurança, o direito à informação, o direito
de escolha e o direito a ser ouvido, diversas leis contendo normas de proteção dos
consumidores foram aprovadas nos EUA. Ademais, em 1972 realizou-se em Estolcomo,
a Conferência Mundial do Consumidor, em que os aludidos direitos foram reafirmados.
A primeira obra a tratar sobre a questão dos trabalhadores é Jungle (Upton Sinclair)
que versa sobre condições de operação da atividade laborar inacreditáveis. Neste livro,
um trabalhador é moído com uma máquina e vendido em conjunto com o quitute e
presunto. Começa-se a se discutir o absurdo de consumir uma carne com um ser humano.
O Estado do bem-estar social não foi criado e desenvolvido com a boa vontade dos
fornecedores, mas porque o trabalhador necessitava sobreviver para garantir a mais-valia
(sistema algoz que necessitava ser mantido). Por isso, o direito do consumidor surge na
mesma época do direito do trabalho.
A atual União Europeia aprovou a Resolução 543, que deu origem à Carta de
Proteção dos Consumidores. Posteriormente, um número crescente de países deu início à
elaboração e promulgação de leis com a finalidade de proteção aos direitos do
consumidor. O Código de Defesa do Consumidor é uma réplica desta resolução e é um
dos maiores e mais qualificados do mundo. Segundo o professor Marcelo Gomes Sodré,
na obra a Evolução do Direito do Consumidor, o CDC é extremamente avançado,
contudo, falta efetividade.
A proteção dos consumidores frente aos riscos para a sua saúde e segurança.
Promoção e proteção dos interesses econômicos dos consumidores.
O acesso dos consumidores a uma informação adequada que lhes permita fazer
eleições bem fundadas, conforme os desejos e necessidades de cada qual.
A educação do consumidor.
A possibilidade de compensação efetiva ao consumidor.
A liberdade de constituir grupos ou outras organizações pertinentes de
consumidores e a oportunidade para essas organizações de fazer ouvir suas
opiniões nos processos de adoção das decisões que as afetem.
Promoção de modalidades sustentáveis de consumo.
b) Outras Diretrizes.
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O Código de Defesa do Consumidor vai ser promulgado em princípio dos anos 90,
cumprindo a determinação constitucional específica sobre o tema (art. 48 dos Atos das
Disposições Constitucionais Transitórias). Estabelece normas declaradamente de ordem
pública (art. 1º), conferindo-lhes efetividade através da atribuição de competência
jurisdicional, cível, criminal e administrativa a diversos órgãos do Estado, assim como
reconhece papel de destaque à auto-organização da sociedade civil, por intermédio das
associações de consumidores e demais entidades de defesa do consumidor.
Segundo George Ripert: “A liberdade não basta para assegurar a igualdade, pois os
mais fortes depressa se tornam opressores, cabendo ao Estado intervir para proteger os
fracos”. Isto posto, o direito pós-moderno (Guiseppe Galasso) tem sido orientado por
uma maior intervenção do Estado na relação dos particulares e o aumento das inter-
relações entre temas tradicionalmente divididos como de direito público e de direito
privado.
Conforme Norberto Bobbio, vivenciamos uma fase da Era dos Direitos, em que vige
o fenômeno da especificação. A defesa dos consumidores, em consonância com José
Afonso da Silva, responde tanto a razões econômicas, derivadas do modo segundo o qual
se desenvolve grande parte do tráfico mercantil, assim como a adaptação do texto
constitucional ao estado de coisas atual, na sociedade de consumo. Contudo, mais do que
isso, tem por objetivo a proteção da necessidade de consumir na sociedade de consumo.
Referências Bibliográficas:
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Trata-se de cláusula pétrea (art. 60, §4º, IV, CF/88). A inserção do direito do
consumidor no Título II: “Dos Direitos e Garantias Constitucionais” fez com que a
doutrina e jurisprudência brasileira enunciasse que a localização do preceito
constitucional neste setor o coloca a salvo da possibilidade de reforma pelo poder
constituinte instituído.
Conforme Robert Alexy, “os direitos humanos só podem desenvolver seu pleno
vigor quando garantidos por normas de direito positivo”. O constituinte, afeito a esta
constatação, não apenas garantiu o direito dos consumidores como direitos e princípios
fundamentais, como determinou ao legislador a realização de um sistema com caráter
normativo, que garantisse a proteção estabelecida pela constituição. A Constituição, desse
modo, assinala o dever do Estado de promover a proteção, indicando a decisão de como
realiza-la ao legislador ordinário.
relação a alguns serviços públicos), ao próprio Estado (art. 22 do CDC). Dessa forma,
estabelece-se, a partir da Constituição, um dever de agir, de atuar positivamente na
realização dos direitos fundamentais.
V - defesa do consumidor;
Faz-se mister redesenhar o tecido do direito civil à luz da nova Constituição. Há que
se intervir nas relações de direito privado modificando o eixo de referência deste, do
Código Civil para a Constituição. A Constituição Federal de 1988, incorporou a tendência
mundial de “constitucionalização do direito civil”. Segundo Cláudia Lima Marques, a
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Constituição seria a garantia e o limite de um direito privado construído sob seus valores,
transformando-o em um “direito privado solidário”.
V - produção e consumo;
determina o seu caráter de lei cogente, o que se pode observar claramente na hipótese de
nulidade das cláusulas abusivas determinadas pelo art. 51, ou ainda antes, quando refere
às práticas comerciais abusivas (arts. 39 e 41), o que manifesta a limitação da autonomia
das partes e da sua liberdade de contratar, aos estritos limites determinados em lei.
Segundo Nelson Nery Júnior, a expressão “ordem pública” aduz que, nas relações
de consumo, o juiz poderá apreciar qualquer matéria de ofício, não se operando a
preclusão, podendo ser revistas e decididas a qualquer tempo e grau de jurisdição. No
tocante à atuação de ofício pelo juiz nas relações de consumo, a doutrina consumerista é
pacifica em aceitar tal situação, principalmente porque o CDC é “norma de ordem
pública”.
O STJ consagrou a Súmula 381, com o seguinte teor: “Nos contratos bancários, é
vedado ao julgador conhecer, de ofício, a abusividade das cláusulas”, revelando um
grande retrocesso, tendo em vista que conforme o art. 51, “são nulas de pleno direito as
cláusulas abusivas nas relações de consumo”.
As normas do CDC também são de interesse social, o que significa dizer que as
normas de proteção aos consumidores possuem importância relevante para a sociedade
como um todo, não interessando somente às partes, consumidores e fornecedores.
Conforme Cláudia Lima Marques, as leis consumeristas são “leis de função social”, pois
não só procuram assegurar uma série de novos direitos aos consumidores, mas também
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Nelson Nery Jr. entende que ser de interesse social significa a possibilidade de o
Ministério Público poder atuar em todas as lides coletivas de consumo, inclusive as que
tratam sobre os direitos individuais homogêneos.
Direito Privado:
Segundo Cláudia Lima Marques, existe um diálogo de subsidiariedade e
complementariedade entre o CDC e o CC/02. Verifica-se o caráter especial, teleológico
(proteção do vulnerável) e hierárquico (fundamento constitucional) do CDC, e o caráter
subsidiário do Código Civil.
Ademais, verifica-se também a existência de uma complementariedade conceitual,
em que o Código Civil assume o caráter de base conceitual geral. Nesse sentido, o CDC
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continua – como lei especial – a ser aplicado de forma prioritária às relações de consumo.
Uma definição legal de conteúdo genérico presente no Código Civil, contudo, poderá ser
utilizada como base conceitual do sistema do CDC, quando este não contar com uma
definição própria. (diálogo sistemático de coerência).
Direito Processual Civil:
As normas processuais do direito do consumidor confiam ao juiz um papel ativo
na condução da relação processual, seja no exame das circunstâncias de um dos litigantes
– o consumidor – e a realização do seu direito de acesso à justiça e na facilitação da defesa
dos direitos de que é titular (com a oportunidade da inversão do ônus da prova), ou mesmo
no aumento dos poderes instrutórios do magistrado, de direção da relação processual.
A tutela processual do consumidor, prevista no CDC, afasta-se de uma perspectiva
meramente individualista do processo, a partir da definição de novas categorias de direitos
ou interesses a serem tutelados processualmente (interesses ou direitos difusos e coletivos
e individuais homogêneos), de modo a permitir a tutela coletiva destes direitos e sua
consideração metaindividual, em vista da proteção da parte ou mesmo de toda a
coletividade.
Direito Penal:
Considerando que o direito do consumidor é um direito fundamental, este é o
fundamento para a tipificação penal de condutas dos fornecedores, que ofensivas aos
interesses dos consumidores, com o objetivo de garantir a efetividade da proteção jurídica
conferida pela legislação (direito penal do consumidor).
Nesse sentido, foram previstas ao menos 12 condutas típicas, abrangendo
diferentes aspectos da relação de consumo, desde a sua formação (pela oferta ou
publicidade, por exemplo), até o oferecimento de produtos e serviços nocivos ou
perigosos ao consumidor. Constituem-se todos os tipos penais previstos no CDC crimes
de perigo ou de mera conduta, uma vez que não vão necessitar da ocorrência de efetivo
dano ao consumidor.
Direito Administrativo:
O direito do consumidor e o direito administrativo relacionam-se na medida em
que o dever de proteção do consumidor, estabelecido a partir da norma constitucional,
vincula todos os poderes públicos, visando à realização dos direitos fundamentais em
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Trata-se da possibilidade de uma lei servir de base conceitual para outra. No caso,
o Código Civil, como centro do sistema de direito privado, forma os conceitos básicos
para a interpretação e aplicação do direito do consumidor. O que seja responsabilidade
civil, prescrição e contrato, define o Código Civil; a aplicação específica desses institutos,
em face da existência de uma relação de consumo, estabelece o CDC.
Referências bibliográficas:
I. A relação jurídico-consumerista:
1. Considerações:
1.1. Conceito de “consumo” (CANCLINI)
1.2.Ausência de definição no CDC:
Conceito de consumidor:
o Conceito Econômico:
o Conceito Psicológico:
o Conceito Sociológico:
Emergiu, por conseguinte, a corrente extensionista, que afirmava que ainda que
o indivíduo contratasse um arquiteto ou eletricista para realizar um serviço em sua
residência, deveria ser alvo da Justiça do Trabalho, ainda que o contraente fosse o
destinatário final. Contudo, outra corrente discordou, afirmando a necessidade de analisar
a questão do destinatário final.
contrato o pintor para pintar minha residência, mas esta NÃO será vista quando esse
pintor pintar apartamentos que serão alugados.
Advogado:
própria família, há relação de consumo; mas caso a adquira para a produção de bolos para
a venda, não se constata relação de consumo. Comprar item para produzir outro item a
ser inserido no mercado não caracteriza relação de consumo (o CDC é um microssistema
de exceção).
Consumidor é aquele que paga para ter acesso ao serviço ou serviço, mas existem
situações em que a remuneração está embutida, é indireta (ex: milhas, caderneta de
poupança). Não precisa ter dinheiro envolvido, se tem uma contraprestação, ainda que
não seja pecuniária, verifica-se a relação de consumo.
a) divisíveis ou cindíveis;
b) advindos de uma origem comum.
1. O art. 29 do CDC:
1.3.Análise dos interesses ou direitos difusos (art. 81, parágrafo único, inciso I,
do CDC):
Assim, por exemplo, um transeunte que, passando pela calçada é atingido pela
explosão de um caminhão de gás que realizava entregas, ou quem é ferido pelos estilhaços
de uma garrafa de refrigerante que explode em um supermercado, mesmo não tendo uma
relação de consumo em sentido estrito com o fornecedor, equipara-se a consumidor para
efeito da aplicação das normas do CDC.
1. O sistema europeu;
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4.1. Corrente finalista: Corrente segundo a qual para ser consumidor há que se
averiguar, de forma incisiva, se há destinação final fática e econômica.
Assim, o consumidor seria o não profissional, não especialista, ou seja, aquele que
adquire ou utiliza um produto para uso próprio ou de sua família. O elemento
característico desta interpretação é o fato de não haver finalidade da obtenção de lucro
em uma dada relação jurídica, nem de insumo ou incremento a uma determinada atividade
negocial. Em outros termos, de que o consumidor é aquele que adquire ou utiliza produto
ou serviço de modo a exaurir a sua função econômica, da mesma forma como, ao fazê-
lo, determina com que seja retirado do mercado de consumo.
1
Nesse sentido, quando uma fábrica têxtil adquire algodão, ela não pode ser considerada como
consumidora, pois está adquirindo insumo, matéria prima a ser utilizada no processo produtivo. Presume-
se, nesses casos, que a pessoa jurídica conhece bem o produto ou o serviço que está adquirindo, não
havendo desequilíbrio na relação contratual. Agora, quando a mesma fábrica têxtil adquire veículo para
transporte de seus funcionários, ou contrata serviço de segurança ou limpeza, por não serem produtos
ou serviços utilizados diretamente no processo produtivo, poderia ser considerada consumidora.
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Essa corrente propõe uma ampliação do conceito de vulnerabilidade para além das
situações que são usualmente reconhecidas, posto que todos os elementos citados podem
estar presentes e o comprador ainda ser vulnerável pela dependência do produto; pela
natureza adesiva do contrato imposto; pelo monopólio da produção do bem ou sua
qualidade insuperável; pela extremada necessidade do bem ou serviço; pelas exigências
da modernidade atinentes à atividade, dentre outros fatores.
corrente buscava avaliar como essa prestação de serviço ocorria, analisando a existência
de destinação fática e destinação econômica (Bezerra Leite, Fernandes Goudinho).
Não existe uma definição da questão, deve-se seguir o melhor entendimento para
cada um. Existe um Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil que proíbe a publicidade
Existe uma corrente que defende que o advogado não é fornecedor (ex: Paulo Luiz Neto
Lobo), porém todos os consumeristas defendem que o representante causídico é
fornecedor. Enunciado Sumular 362 segundo o qual o advogado deve ir para a justiça
comum.
I. Aspectos Introdutórios:
firmados entre dois consumidores não profissionais ou com comerciante que não atue em
sua atividade-fim, por não fazê-lo com habitualidade, aplicando a estes, o Código Civil 2.
O Brasil aceita como fornecedor qualquer sujeito que queira se inserir no mercado,
não é somente uma empresa constituída por uma finalidade que pode figurar como
fornecedor.
1.1.Pessoas Físicas
1.2.Pessoas Jurídicas
a) De Direito Privado
b) De Direito Público (interno ou externo): As pessoas jurídicas públicas
também poderão ser enquadradas como fornecedores quando do fornecimento
de serviços ou produtos em que haja uma contraprestação direta pelos
consumidores (serviços de água, luz, telefone etc). Contudo, os serviços
realizados mediante o pagamento de tributos não se submetem aos preceitos
consumeristas, pois não há um consumidor propriamente dito, mas um
contribuinte,
2. A Participação de todos os integrantes da cadeia produtiva:
2
As normas do Código de Defesa do Consumidor não se aplicam às relações de compra e venda do objeto
totalmente diferente daquele que não se reveste da natureza do comércio exercido pelo vendedor. No
caso, uma agência de viagem. Assim, quem vendeu o veículo não pode ser considerado fornecedor à luz
do CDC (STJ, AGA 150829/DF, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 11/05/1998).
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3. A questão da “habitualidade”:
O serviço uti universe são prestados de modo difuso para toda a coletividade, não
são passíveis de mensuração, sendo custeados por intermédio de impostos pagos pelos
contribuintes (impostos, contribuições de melhoria ou taxas - relações de direito
tributário), tais como, como obras que são realizadas nas vias públicas, construção de
estradas, pontes e viadutos, o ensino público gratuito e a saúde pública prestada pelo
Estado. Verifica-se que são remunerados através de determinados valores que afastam a
incidência do CDC.
Toda vez que se deparar com imposto e contribuições de melhoria, não será
relação de consumo (direito administrativo e tributário). Contudo, com relação às taxas,
se verifica um problema, segundo Pfeiffer, deve-se analisar a jurisprudência, para
verificar se há um entendimento sobre o que é relação de consumo regido pelo pagamento
da taxa ou não. Há que se apurar também a existência de leis específicas sobre o tema,
pois não poderão sobrepujar o CDC, se se tratar de serviço uti singuli, ou remunerado por
tarifa ou preço público e taxas envolvendo relações de consumo.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
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V. Entes Despersonalizados:
3. O espólio.
O mesmo não se diz com relação aos contratos que tenham por objeto a locação
de imóveis, que, segundo a jurisprudência majoritária, trata-se de relação jurídica
regulada por Lei Especial (Lei de Locações), sendo relação puramente civil. Contudo,
quando intervier na relação um profissional, como é o caso da imobiliária ou da
administradora de imóveis, é possível considerar-se a aplicação do CDC como
instrumento de proteção, seja para proteger o locatário ou o locador do bem, em relação
à administradora de imóveis ou a imobiliária.
3
Aplicam-se às normas do Código Civil, quanto às solenidades, regras de transmissão da propriedade e
outras pertinentes, sobretudo, ao direito das coisas. E ao CDC cumpre regular o aspecto dinâmico da
contratação, assegurando o equilíbrio das prestações, o direito à informação do consumidor, assim como
a repressão a práticas e cláusulas abusivas, dentre outros.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
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2. Objetivo Geral:
possuindo um papel fundamental, uma vez que condicionam a interpretação a ser feita
pelo código.
Trata-se de um fórum de discussões, contudo há uma enorme pressão por trás dos
profissionais do SENACON. A agência reguladora foi criada para
normatizar/regulamentar e fiscalizar as relações de consumo, a questão é que não fazem
o que devem. Captura desses entes: político, ideológico (a sistemática adotada e defendida
será sempre em prol dos mais fortes – das empresas), estrutural e econômica (falta de
estrutura de trabalho – A ANS atende a Bahia e Sergipe também). Existem inúmeras
situações de fragilidade e precariedade.
5. Objetivos específicos:
5.1.Atendimento às necessidades dos consumidores;
5.2. Respeito à dignidade, saúde e segurança;
5.3.Harmonia entre consumidores e fornecedores.
caso da assistência jurídica gratuita para o consumidor carente, a qual é prestada pelas
Defensorias Públicas (ou advogados nomeados por juízes para este mister), não só deverá
haver a devida orientação aos consumidores, mas também, se necessário, a devida
representação em juízo. Este instrumento encontra suporte na própria Constituição
Federal (art. 5º, LXXIV).
Toda vez que for aplicado o art. 109, I, CF/88, deve-se ter a presença do
Procurador da República (“Promotor Federal”). O Ministério Público Federal tem a
função de investigar questões coletivas que tenham a União ou Empresas Públicas
Federais, entes autárquicos ou fundacional que gravitam em torno do campo federal (ex:
Transporte aéreo – Resolução nº 400/16 da Agência da Aviação Nacional Civil, existe
uma ação civil pública proposta pelo MPF em virtude de uma série de abusividades).
Pode existir atuação em conjunto do MPE e MPF.
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Por mais que esta política tenha a sua estrutura criada na esfera federal, tem-se a
participação de todos esses atores, constantes no art. 5º do CDC. Obra pioneira sobre o
assunto foi escrita pelo autor da PUC-SP - Marcelo Gomes Sodré – “A Construção do
Direito do Consumidor” e outra obra é a “Tutela Administrativa do Consumidor”.
Ademais, se tem a obra da Professora Lúcia Rêgo e José Geraldo Brito Filomeno,
1. Princípios: conceito;
2. Funções exercidas:
2.1.Critérios de Integração;
2.2.Função Prospectiva;
2.3.Função de Interpretação.
3. Princípios Constitucionais:
3.1. Soberania (autodeterminação e tratados internacionais):
3.2. Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III e art. 3º, I).
3.3. Liberdade;
3.4. Justiça;
3.5. Solidariedade;
3.6. Isonomia.
4.1. Vulnerabilidade:
Ressalte-se que Paulo Valério Dal Pai Moraes apresenta outros três tipos de
vulnerabilidade: vulnerabilidade política ou legislativa; vulnerabilidade biológica ou
psíquica e vulnerabilidade ambiental. A vulnerabilidade política ou legislativa é a que
identifica a ausência ou debilidade de poder do consumidor em face do lobby dos
fornecedores nas casas parlamentares e demais autoridades públicas, pressionando para a
aprovação de leis favoráveis aos seus interesses.
Trata-se de princípio de extrema relevância, uma vez que à época que o direito
civil existia para a solução de todas as contendas, inclusive as de natureza consumerista,
o estado percebia a necessidade de uma participação maior, diante de inúmeras práticas
arbitrárias, por isso surge ramo específico para o tratamento da matéria.
Dessa forma, o Estado passa a ter um papel ativo no processo econômico e social,
inclusive com a tarefa precípua de organizar e recompor os diversos interesses presentes
na sociedade. Em decorrência do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor,
surge a necessidade de se promover a proteção do elo mais fraco pelos meios legislativos
e administrativos, visando garantir o equilíbrio e harmonia nas relações de consumo.
Conforme Eros Roberto Grau: “a promoção da defesa do consumidor há de ser lograda
mediante a implementação de específica normatividade e das medidas de caráter
interventivo”.
4.3. Harmonização/Harmonia:
Segundo José Geraldo Brito Filomeno, três instrumentos devem ser utilizados na
harmonização das relações de consumo: o marketing da defesa do consumidor (SACs); a
convenção coletiva de consumo e as práticas de recall. A harmonia indicada pelo CDC,
todavia, pressupõe a igualdade substancial das partes, razão pela qual suas normas, na
medida em que protegem o consumidor, devem ter o objetivo a garantia desta igualdade
material.
4.4. Equilíbrio:
Ademais, serão consideradas nulas pelo CDC, não apenas as cláusulas contratuais
relativas ao equilíbrio econômico das prestações das partes, mas também aquelas que
“coloquem o consumidor em desvantagem, como é o caso da cláusula de eleição de foro
diverso do domicílio do consumidor”, ou a que pré-autoriza de modo amplo o fornecedor
a agir em nome do consumidor para satisfazer interesse preponderante do representante
(cláusula-mandato).
4.6.Efetividade:
Segundo Técio Sampaio Ferraz Jr., norma efetiva é aquela recebida pelo povo e
respeitada. A Constituição Federal traz o direito consumidor como direito de matriz
fundamental, mas no plano concreto se depara com inúmeras abusividades. A proteção
da vida, saúde e segurança, vetores que norteiam o surgimento das relações de consumo
não é efetiva, outrossim, esse princípio não está sendo, de fato, materializado. Os
princípios são mandamentos de otimização e são importantes para solucionar questões
concretas vivenciadas no cotidiano.
4.7. Solidariedade:
Existe uma obra do professor Ronaldo Porto Macedo Jr, em que este versa sobre
contratos relacionais (contratos cativos de longa duração – nomenclatura trazida pela
Professora Cláudia Lima Marques para o Brasil, mas alcunhada por Carlos Alberto
Ghersi), realizando uma abordagem interessante sobre contratos que se protraem no
tempo (ex: plano de saúde, contratos bancários, energia elétrica).
A boa-fé objetiva foi evidenciada pela primeira vez, em 1900, no §242 do BGB,
este determina que os contratantes devem comportar-se de acordo com a boa-fé e os usos
do tráfico. Constatou-se que o primeiro a dissertar sobre o assunto foi Joseph Esser,
diferenciando-a da boa-fé subjetiva, aduzindo que não importa a conjectura interna do
indivíduo.
Segundo ensina Karl Larenz, “o princípio da boa-fé significa que cada um deve
guardar fidelidade com a palavra dada e não frustrar a confiança ou abusar dela, já que
esta forma a base indispensável de todas as relações humanas”. Assim sendo, o
desenvolvimento posterior dessa cláusula geral de boa-fé vai defini-la como fonte de
deveres jurídicos não expressos, ou seja, deveres que não estão estabelecidos na lei ou no
contrato, mas que decorrem da incidência do princípio sobre uma determinada relação
jurídica, implicando o reconhecimento dos deveres jurídicos de conduta.
A função integrativa desse princípio insere novos deveres para as partes diante
das relações de consumo (“deveres anexos” ou “deveres laterais”). Os deveres anexos se
dividem, basicamente, em três: de informação, de cooperação e de proteção (ou cuidado).
A integração se dá através de situações como o reajuste dos planos de saúde dos idosos –
(ex: Santa Casa, plano transferido para a HAP VIDA).
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
A conduta de acordo com a boa-fé objetiva deve ser observada mesmo antes da
formalização de uma determinada relação e, do mesmo modo, estende-se para além do
momento da sua extinção formal. Destarte, este princípio impõe deveres tanto antes da
sua celebração formal – como os deveres de informar corretamente, ou realizar uma oferta
clara, sem equívocos, assim como durante a execução e após a sua extinção, podendo
permanecer, findo o ajuste, deveres a serem respeitados pelas partes (ex: garantia contra
vícios).
O art. 6º, inciso II, do CDC prevê expressamente que é direito básico do
consumidor: “a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações”. Nesse
sentido, a educação deve ser encarada sob dois aspectos: a) educação formal, que é aquela
ministrada no primeiro grau, nas escolas públicas e privadas, abordando o tema em
disciplinas; b) educação informal, de responsabilidade dos próprios fornecedores,
procurando bem informar o consumidor em relação às características dos produtos e
serviços colocados no mercado de consumo.
Tem-se como exemplos deste princípio: a Lei 12.291/2010 que tornou obrigatória
a manutenção de exemplar de Código de Defesa do Consumidor nos estabelecimentos
comerciais; a Lei 12.741/12 que dispôs sobre as medidas de esclarecimento ao
consumidor sobre os tributos incidentes nos preços dos produtos e serviços e o Estatuto
da Pessoa com Deficiência, que estabelece que a informação deve ser acessível aos
deficientes.
Não existe bem mais importante do que a vida, saúde e segurança. O Professor
Bruno Miragem afirma que o Código se refere à vida de milhares de consumidores, não
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apenas de um. Então, há uma visão difusa, transindividual desses bens considerados vitais
para a nossa existência e sobrevivência.
O direito à vida, previsto no art. 6º, I, primeira parte, constitui, dentre os direitos
básicos do consumidor, aquele que assume o caráter mais essencial, antes de ser um
direito básico do consumidor, configura-se como direito essencial da personalidade e
direito fundamental consagrado na Constituição, razão pela qual terá preferência em
relação aos demais direitos em hipótese de colisão.
Ao se tratar de vida, o autor Bruno Miragem salienta que não se trata da vida de
uma pessoa individualmente, se constitui um bem ofertado a uma coletividade. Por
conseguinte, verifica-se a vida, sob um aspecto difuso, coletivo. Trata-se da dimensão
transindividual do direito à vida, em que deve-se proteger de modo comum e geral uma
coletividade de consumidores efetivos e potenciais, quanto aos riscos e demais
vicissitudes do mercado de consumo, o que determina a vinculação desse direito subjetivo
a outros, como o direito à segurança e ao meio ambiente sadio.
A segurança e saúde são bens essenciais, trazidos pela Carta Europeia como
direitos básicos e fundamentais. O direito à proteção da saúde e à segurança do
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Ressalte-se que não basta para atendimento do dever de informar pelo fornecedor
que as informações consideradas relevantes sobre o produto ou serviço, sejam
transmitidas ao consumidor. É necessário que esta informação seja transmitida de modo
adequado, eficiente, ou seja, de modo que seja percebida ou pelo menos perceptível ao
consumidor.
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salvo se de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a
qualquer das partes.
consumidor com a legislação pertinente aos serviços públicos, que observe a modicidade
tarifária.
O direito básico à efetiva prevenção de danos indica aos demais destinatários das
normas de proteção estabelecidas no CDC uma série de deveres conducentes à eliminação
ou redução dos riscos de danos causados aos consumidores, em razão da realidade do
mercado de consumo. Tais deveres são determinados basicamente aos fornecedores e ao
Estado.
O acesso à justiça possibilita ao consumidor a defesa real dos seus interesses. Esse
direito consagra o direito fundamental previsto no art. 5º, XXXV, da CF/88 (“a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
3.1.Âmbito de Aplicação:
a) Resolução das demandas dos consumidores: o SAC deve funcionar
ininterruptamente, 24 horas por dia, de forma gratuita. As demandas de
qualquer consumidor devem ser resolvidas no prazo de 05 dias e o seu contato
para a reclamação deve ser imediato.
b) Atividades excluídas: Constam no art. 2º - oferta e a contratação de produtos
realizadas por telefone (se aplica para etapa pós-compra).
3.2.Acessibilidade ao Serviço:
a) Período de funcionamento;
b) Divulgação do número do SAC: Várias empresas atuando em conjunto,
necessário número de contato;
c) Gratuidade das ligações;
d) Prévio fornecimento de dados pelo consumidor: Não é obrigatório.
e) Tempo máximo para o contato direto: 60 segundos – a portaria 2014/08
enuncia que depois de feriados, o tempo passa a ser de 90 segundos.
f) Garantia das opções de reclamação e cancelamento;
g) Opção de atendimento pessoal;
h) Vedação de finalização indevida da ligação;
i) Pessoas com deficiência auditiva ou de fala.
3.3.Qualidade do atendimento:
a) Obediência aos princípios vetores;
b) Capacitação dos atendentes;
c) Transferência para o setor competente;
d) Reclamação e o cancelamento do serviço: Pode-se pedir cancelamento, mesmo
que se esteja discutindo determinada parcela.
e) Histórico informatizado sobre o cliente:
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4.2.Tratados e Convenções
4.3.Convenção de Varsóvia
4.4.Outros direitos oriundos da analogia, princípios gerais de consumo,
equidade.
I. Teoria da Imprevisão
1. Breve escorço histórico;
Contudo, esse cenário sofre sensíveis modificações ao longo do final do século XIX
e decorrer do século XX. Desenvolveu-se na França a teoria do abuso do direito, a partir
de casos judiciais que reconheceram limites ao exercício do direito de propriedade
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Inicialmente, a discussão jurídica foi levada para o Poder Judiciário francês que
enunciou, baseado no Código de Napoleão, ‘quis it contratuele, dit sacré’ (o que está
previsto em sede contratual não pode ser descumprido). Capitant e Colin já estudavam
possível modificação da estrutura contratual, contudo isto não era fácil, pois o contrato
era imodificável e fazia lei entre as partes, conforme Foullé.
A companhia vai através dos seus advogados propor uma ação, pugnando por uma
revisão contratual. Após discussões judiciais, chegou-se à conclusão de que o contrato
deveria ser revisto, ou passava pelo crivo da alteração ou a companhia não conseguiria
sobreviver. As atividades atinentes àquela companhia estavam fadados ao insucesso se
não houvesse o aludido reajuste.
2. Teoria da Imprevisão:
A teoria da Imprevisão foi incorporada no CC/16, sendo mais uma vez acolhida
no CC/02, através de dois artigos específicos: art. 317 e 478. Conforme o art. 317, se as
prestações forem de difícil execução, é possível a revisão do contrato.
O CDC traz também à tona a teoria da base objetiva do negócio jurídico, que surge
na Alemanha, a priori na França, em que observa-se os estudos de Josserand, Ripert e
Planiol sobre o tema e na Alemanha, posteriormente temos os estudos de Oertmann:
situações nas quais não se constatava nenhum elemento ou fator inesperado, mas
situações ordinárias da vida, em que o sujeito esquece de pagar uma conta ou faz opção
de não pagar uma conta e pagar outra, mas não em razão de desemprego, doença,
problemas socioculturais ou financeiros.
Oertmann lança a ideia de observar a estrutura contratual não como algo pronto,
abstrato, fechado, mas como um panorama que deve ser interpretado, conforme Enzo
Roppo: ‘o contrato constitui a veste econômica de um negócio jurídico’. Conforme
Larenz, em livro pequeno, traz a teoria da base objetiva do negócio jurídico, que permite
uma revisão/modificação do contrato independentemente de situações extraordinárias ou
imprevisíveis, simplesmente com esteio na onerosidade excessiva, vantagem excessiva
de uma parte em face da outra.
Juros Remuneratórios:
A CF/88 foi alterada por uma emenda específica, o art. 192, §3º, que estabelecia
que os juros remuneratórios (reais) não poderiam ser superior a 1% ao mês, não podendo
ultrapassar 12% ao ano. Atualmente, no Brasil, os juros podem chegar a mais de 400%
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ao ano. Por isso, a empresa não entra com ação contra pessoa que está devendo o cartão
de crédito, pois quanto mais tempo ela continuar devendo, uma bola de neve será
desenvolvida e os juros se acumularão. Começaram a limitar o pagamento apenas do valor
mínimo.
No processo coletivo, podemos ter danos materiais e morais, mas podemos ter
também o dano moral coletivo. O dano moral pode ser visto sob a ótica individual e
coletiva. O dano moral coletivo surgiu objetivando que o sujeito que pratique uma
conduta indevida passe a ter uma noção de que o dano causado pode ser visualizado se
expandindo para a sociedade.
O dano moral coletivo surge na década de 80, quando emergiu a lei que versa
sobre a Política Nacional do Meio-Ambiente, visto que quando se tem uma tragédia como
a de Mariana, o sentimento de tristeza e decepção é da sociedade como um todo e não
apenas das vítimas diretas, o mesmo ocorre com a Boate Kiss. O dano moral coletivo diz
respeito aos valores que estão vigendo em dado momento em certo meio social.
Em uma ação coletiva, é possível trabalhar com danos morais individuais, mas
também com danos morais coletivos. Caso se entre na justiça e diga: “determinado
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fornecedor está colocando no mercado produtos com validade vencida e esses produtos
afetaram determinadas pessoas, essas pessoas terão indenização sob o aspecto material e
moral? Sim, pois temos interesses ou direitos individuais homogêneos (origem difusa)”.
Nesta ação, pode-se pedir também o reconhecimento do dano moral coletivo, que,
a priori, no STJ foi rechaçado e criticado, em um julgado em 2006, em que se pleiteava
um dano moral coletivo na área ambiental. O falecido Teori Zavaski se questionava como
reconhecer danos morais sociais se a sociedade não é um corpo, não sente, mas ele
próprio, em votos posteriores, diante de acirradas discussões, começa a reconhecer a
necessidade de se punir o fornecedor para que não volte a reincidir naquela conduta
danosa.
2. Pressupostos:
Existência de uma lesão que afete muitas pessoas;
Trata-se de um bem jurídico relevante;
Perceber a conduta do fornecedor (como age? É uma empresa que muitas pessoas
questionam a conduta? É um fornecedor que atuou de forma indevida uma vez ou
vem atuando de forma reiterada na prática de ilicitudes?).
3. Importância:
1. Histórico:
O primeiro diploma legal que trouxe essa possibilidade foi o CDC, que terminou
por abarcar uma teoria que existe desde 1980. O professor Wilson Alves de Souza
escreveu o primeiro artigo sobre a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova.
Ressalte-se que os professores processualistas argentinos, Peyrano e Lépori, já defendiam
essa ideia também – teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova.
3. Pressupostos:
Verossimilhança OU hipossuficiência.
José Carlos Barbosa Moreira, autor mais consagrado do direito processual civil
brasileiro, afirma que a verossimilhança é o início de se crer que o direito, de fato, persiste
(é como se fosse a nata do leite, no momento em começa a ferver, você vê que aquele
leite é de origem animal e de qualidade razoável quando se percebe a natureza daquele
bem).
Questão bastante discutida diz respeito ao momento processual em que deve ser
prolatada a decisão judicial que defere ou não a inversão do ônus da prova em favor do
consumidor.
A inversão do ônus da prova não significa que a parte que terá sua prova invertida
está em posição de sucumbência, porém, temos algumas peculiaridades no campo
pericial. A inversão probatória traz para o fornecedor a obrigação de demonstrar a
situação concreta como ela se configurou, mas o STJ afirma que não se pode obrigar o
fornecedor a pagar a perícia. Observemos a questão da obsolescência planejada: as coisas
são feitas para não durar.
1. Aspectos introdutórios:
Art. 8º a 24 do CDC. O consumidor tem direito a comprar um produto/serviço que
atenda às suas necessidades/expectativas.
2. A proteção da saúde e da segurança:
2.1. A necessária prevenção:
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4. Espécies de periculosidade:
4.1.Inerente: É a periculosidade ínsita ao produto ou serviço, outrossim, faz parte
da natureza do próprio bem, sendo a insegurança normal e previsível (ex: faca
de cortar alimentos, motosserra, medicamentos controlados).
4.2.Exagerada: Espécie dos bens de consumo de periculosidade inerente, mas
que a informação adequada aos consumidores não serve para mitigar os
riscos, não podendo, em hipótese alguma ser colocados no mercado
(defeituosos por ficção). Exemplo trazido por Herman Benjamin: brinquedos
com peças pequenas, vendidos para crianças sem recomendação expressa de
limite de idade
4.3.Adquirida: O fornecedor não sabe do risco, ab initio, mas, ao verificá-lo
posteriormente, avisa ao Poder Público e aos consumidores. Tornam-se
perigosos em decorrência da existência de um defeito que apresentam. Caso
fosse sanado o defeito que trazem, o produto ou serviço não apresentaria risco
superior àquele legitimamente esperado pelo consumidor (defeitos de
fabricação, defeitos de concepção e defeitos de comercialização). (Ex:
sistema de rebatimento do crossfox, que deu um grande problema há anos).
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5. O instituto do Recall:
5.1.Conceito:
O recall é um sistema de chamamento que é dever do fornecedor. Instrumento
através do qual o fornecedor, de forma voluntária ou compulsória, comunica aos
consumidores e resolve demandas detectadas, impedindo ou buscando impedir, ainda que
tardiamente, que o consumidor sofra algum dano ou perda em função de vício que o
produto ou o serviço tenham apresentado após sua comercialização.
5.3.Formalização:
O fornecedor precisa arcar com 03 planos, que serão por ele custeados e avaliados
pelo Poder Público: mídia, atendimento e demonstração. A divulgação precisa ser ampla
e o serviço deve ser satisfatório, com atendimento organizado. O PROCON e o
CODECON precisam ficar atentos a esse procedimento de recall.
disciplina europeia para a responsabilidade pelo fato do produto foi fonte indireta de
inspiração do legislador brasileiro ao regular a matéria no CDC.
Entretanto, essa visão foi abalada pelo atual Código Civil, que não concebe mais
o contrato apenas como instrumento de satisfação de interesses pessoais dos contratantes,
mas lhe reconhece uma função social. Posto isto, esse princípio não é absoluto, a relação
entre A e B de alguma forma vai reverberar na sociedade e, por isso, os indivíduos não se
encontram em um universo fechado.
Existem contratos que afetam inúmeras pessoas, por isso, esse princípio possibilita
que terceiros que não são propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão
de serem direta ou indiretamente por ele atingidos. O princípio da relatividade dos efeitos
do contrato, embora subsista, foi bastante atenuado pelo reconhecimento de que as
cláusulas gerais, por conterem normas de ordem pública não se destinam a proteger
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unicamente os direitos individuais das partes, mas tutelar o interesse da coletividade, que
deve prevalecer quando em conflito com aqueles.
É importante ressaltar que a autonomia da vontade está assegurada nos art. 421 e
425 do Código Civil, sendo permitido que os indivíduos possam celebrar contratos
atípicos (resulta de um acordo de vontades não regulado no ordenamento jurídico, mas
gerado pelas necessidades e interesses das partes).
Código Civil de 2002, cláusula geral de responsabilidade objetiva, prevista no art. 927,
parágrafo único, do Código Civil. Essa regra consagra a teoria do risco criado, indicando
que aquele que dá causa à atividade da qual resulta o dano, responde pelo dever de
indenizar.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
3.1. Conduta ou omissão: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência”.
A conduta é o comportamento humano voluntário que se exterioriza através de uma
ação ou omissão (aspecto físico), produzindo consequências jurídicas. É o primeiro
pressuposto da responsabilidade civil. Trata-se da ação humana.
Ação:
Omissão:
pós-modernidade é estudada por Stuart Mill. É um conceito jurídico normativo que exige
cuidado veemente.
Assim, o juiz deve eliminar os fatos que foram irrelevantes para a efetivação do
dano. O critério eliminatório consiste em estabelecer que, mesmo na ausência desses
fatos, o dano ocorreria. Causa será aquela que, após esse processo de eliminação, se
revelar mais idônea para produzir o resultado.
4
Analisa-se se a conduta do agente deu causa ao resultado (dano).
5
Verifica-se se o agente tinha capacidade de entendimento e se podia agir de forma diferente.
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6
STJ, REsp 719.738/RS, Primeira Turma.
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1. Definição:
O Código de Defesa do Consumidor, em sua Seção III (arts. 18 a 25) se ocupa dos
vícios de adequação, sob o título da “Responsabilidade por Vício do Produto e do
Serviço”, em que os produtos ou serviços não correspondem às expectativas geradas pelo
consumidor quando da utilização ou fruição, afetando, assim, a prestabilidade, tornando-
os inadequados. A responsabilidade por vício busca garantir a incolumidade econômica
do consumidor.
2. Sistemática do Código:
O produto durável é aquele que não se exaure em um único uso, mas em usos
sucessivos, o produto não durável apresenta a sua essência exaurida por usos mais rápidos
e fluídos.
4.1. Produto impróprio para o consumo (art. 18, parágrafo 6o, I a III):
g) Disparidade de informações;
h) Produtos com valor diminuído;
O fornecedor tem, desde o recebimento do produto com vício, 30 dias pata saná-
lo sem qualquer ônus. Eventuais ônus surgirão somente após os 30 dias se o serviço de
saneamento do produto não tiver sido feito. Em algumas situações específicas, o
consumidor não precisa aguardar tal prazo, conforme o § 3°, do art. 18.
Art. 18 § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão
do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a
qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou
se tratar de produto essencial.
O prazo de 30 dias é um limite máximo que pode ser atingido pela soma dos períodos
mais curtos utilizados.
c) Vício Diferente:
O que permite a utilização do prazo de 30 dias por uma segunda ou terceira vez é o
surgimento de vícios diversos.
Dano circa rem: coisa em si. Ex: celular quebrou e quer devolução do
dinheiro.
5.3.Substituição do produto:
5.6.Perdas e danos.
1. Histórico:
A origem da responsabilidade civil pelo fato do produto ou serviço/por acidentes
de consumo remonta o direito norte-americano, ao longo do século XX, tendo se
apresentado mais recentemente no direito europeu – a partir das normas de direito
comunitário. Tem-se como exemplo o caso McPherson x Buick Motor Co., decidido pelo
Tribunal de Apelações de Nova York, estabelecendo a responsabilidade do fabricante em
relação ao comprador do produto e quaisquer usuários do automóvel.
2. Definição:
O Código de Defesa do Consumidor disciplina em sua Seção II (arts. 12 a 17), a
responsabilidade por vícios de segurança, em que a utilização do produto ou serviço é
capaz de gerar riscos à segurança do consumidor ou de terceiros, podendo ocasionar um
evento danoso, denominado “acidente de consumo”. O defeito ocorre na concepção,
produção, comercialização ou fornecimento de produto ou serviço, determinando seu
dever de indenizar pela violação do dever geral de segurança inerente a sua atuação no
mercado de consumo.
A responsabilidade do fato centraliza suas atenções na garantia da incolumidade
físico-psíquica do consumidor, protegendo a sua saúde e segurança.
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I - sua apresentação;
2. O produto defeituoso:
2.1.Inexistência da segurança esperada:
I - sua apresentação;
Análise da apresentação;
O uso e os riscos esperados
A época na colocação em circulação.
3. O serviço defeituoso:
Contudo, ocorrendo qualquer das hipóteses do arr. 13, ele passa a integrar, em
conjunto – e, portanto, solidariamente – com os demais responsáveis indicados no art. 12
do CDC – o rol de fornecedores que poderão ser demandados pelo consumidor.
gerando uma situação no mínimo contraditória, pois de acordo o CDC, norma protetiva
da vítima, o comerciante só responderia por danos causados por produtos colocados em
circulação em situações bastante restritas. Assim sendo, em termos práticos, seria mais
vantajoso ao consumidor alegar a aplicação do art. 931 do CC/02 do que o art. 13 do
CDC.
Existem dois entendimentos jurisprudenciais possíveis: a) Toda norma que
possuir maior conteúdo de proteção dos interesses dos consumidores deve ter preferência
na sua aplicação, tendo em vista que o CDC não exclui outros direitos decorrentes da
legislação interna ordinária – diálogo das fontes (art. 7º do CDC) – o que autorizaria a
aplicação do art. 931 do CC/02 como fundamento da responsabilidade direta e objetiva
do comerciante, em caso de danos causados por produtos colocados em circulação; b)
Aplica-se o art. 931 do CC/02 apenas às situações não abrangidas pelas normas previstas
pelo CDC, ou por outras que regulem a responsabilidade civil.
A despeito de ainda não se observar uma interpretação estável no direito
brasileiro, sobre a eficácia e aplicação do art. 931 do CC/02, entende-se que este não pode
afastar o regime legal do CDC, mas pode somar-se a este. Logo, pode se constituir um
reforço ao argumento da admissão da responsabilidade por riscos do desenvolvimento ou
extensão da responsabilidade dos comerciantes por acidente de consumo.
Quem vier a ser demandado e satisfizer a indenização, não sendo o culpado pelo
dano causado, poderá ingressar com competente ação de regresso contra o coobrigado
que o seja, mediante demonstração da culpa deste (art. 285 do CC + art. 13, parágrafo
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indenizatória tenha surgido antes da vigência do CC/02, e tenha se passado até a entrada
em vigor da lei nova, mais da metade do prazo previsto no Código Civil revogado (10
anos).
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos
por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver
transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei
revogada.
1. Introdução:
Previsão Normativa: O arts. 25 a 27 do CDC tratam de um tema de extrema
relevância.
Origens remotas do Homo Consumens: Por mais que estejamos vivendo a pós-
modernidade, o homem primata almejava satisfazer as suas necessidade, então, o
atendimento da sua expectativa sempre esteve presente.
Consumo de Bens e o Capitalismo: Quando o capitalismo começou a se firmar,
houve uma multiplicidade de bens de consumo lançados no mercado,
principalmente após a 2ª Guerra Mundial, logo inúmeros acidentes de consumo
ocorreram (Bruno Miragem – 1919, consumidor adquire carro e o volante do carro
solta; criança fica cega; problemas envolvendo talco na frança, que causou alegria
e óbito em várias pessoas vinhos)
Fase da Pós-Moderna do Capitalismo: Há um estímulo cada vez maior para que
os consumidores adquiram produtos e serviços distintos. O consumidor objetiva
ter um produto de qualidade, o que será assegurado por meio da garantia dos
produtos e serviços.
2.1. Espécies:
A garantia pode ser legal, contratual, assim como pode ser estendida.
É aquilo que está na lei, prevista no art. 26. Instrumento através do qual o
consumidor possui proteção perante o fornecedor perante os vícios detectados, com base
no ordenamento jurídico. O prazo para a reclamação é de 30 dias (produtos não duráveis)
e 90 dias (produtos duráveis). Será contado a partir da aquisição do produto/prestação do
serviço (vício extrínseco), ou, em caso de vício oculto, a partir de quando se tornar
evidente.
O prazo de existência esperado para o bem deve ser considerado, para considerar
o vício oculto, o STJ define o estágio de vida útil do bem, como sendo aquele em que o
bem permite uma fruição razoável, normal. A garantia legal é incondicional (não
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portar para resolver vícios que venham a florescer. Não se confunde, entretanto, com a
garantia legal, instituída por ele, que não pode ser eliminada pelo contrato. A população
é desinformada e acha que só vale o que dispõe a garantia contratual. Os autores Vidal
Serrano Nunes e Iolanda Serrano abordam as características inerentes a garantia legal e
contratual.
1.1.2.1.Garantia Estendida:
afirma que os prazos podem ser somados. Segundo Cláudia Lima Marques, o consumidor
deve utilizar o que for melhor para ele.
Ressalte-se que a letra da garantia contratual deve apresentar tamanho maior que
12, mas isso não é respeitado. A parte referente à garantia precisa estar registrada
mediante alguma forma de destaque (74% das garantias não cumpriram esse requisito).
88% das garantias examinadas na pesquisa não mencionavam a garantia legal, apenas
tratando da garantia contratual.
§ 2° Obstam a decadência:
pouca. No que podem resultar essas investigações? TAC, ação coletiva, arquivamento
(por ex, quando se trata de direito individual, ou quando o problema não mais persiste).
O arquivamento é submetido ao conselho, que poderá devolver ou enviar para promotor
substituto/procurador geral, o qual agirá manu militari, tendo que ajuizar a ação de modo
obrigatório, não há discricionariedade. O Conselho também pode, por óbvio, aceitar o
arquivamento. O art. 94 do CDC determina a obrigatoriedade de divulgar o ajuizamento
da ACP na imprensa, visto que, ajuizada a ACP, o prazo volta a correr, não há mais óbice.
OBS) O quanto previsto no CDC para as ações coletivas aplica-se a qualquer área,
e não somente ao direito do consumidor.
1. Histórico:
1.1. Direito Comparado:
Deveaux x banco dos EUA. O banco, em 1905, estava em declínio, de modo que
Deveau pede a desconsideração da personalidade jurídica, afim de alcançar algum
patrimônio. Situação bastante peculiar, porque ainda vigia o preceito romano do “societas
distat a singule”. Caso semelhante no Salomon, banco inglês. Na história, os países vão
aos poucos adotando a teoria do afastamento da personalidade jurídica. Na Espanha, surge
com o nome desestimação da pessoa jurídica, na Itália, levantamento da pessoa jurídica
(Pietro Veruccoli). Em 1952, é desenvolvida, na Alemanha, monografia, primeira
avaliação escrita discutindo a desconsideração da personalidade jurídica (Rolf Serick).
No Brasil, um dos doutrinadores que discutiu isso de modo inicial foi Orlando
Gomes, assim como Rubens Requião, que traz um artigo interessante sobre a temática,
não podendo olvidar-se de Fábio Conder Comparato e Lamartine Correia de Oliveira.
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O CC traz a existência deste instituto no art. 50. O CDC vai trazer no art. 28 o
instituto. A CLT, no art. 2º e ss. contempla a possibilidade de afastar a pessoa jurídica em
prol da proteção do trabalhador. O CTN apresenta o instituto nos arts 134 e 135. Existem
outras leis que contemplam a desconsideração a Lei 6938/81 (Política Nacional do Meio-
Ambiente); a Lei 12.529/11 que traça o sistema nacional de defesa da concorrência,
permitindo que o CAD (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) possa fazer uso
da desconsideração da personalidade jurídica (ex: carteis, fixação artificial de preços).
3.2. Requisitos:
Objetivo: Confusão Patrimonial;
Subjetivo: Desvio de Finalidade.
Para o consumidor seria difícil provar quaisquer desses requisitos. O diálogo das
fontes permanece, não abandonamos ele, porém, neste caso em específico, é melhor
aplicar o CDC, pois é mais facilitador, ao passo que o CC é mais restrito. O consumidor,
muitas vezes, sequer recebe um contrato de adesão, sendo difícil saber quais são as
finalidades das empresas. O consumidor não tem acesso ao patrimônio da empresa e sua
movimentação.
prova capaz de identificar a conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou
administradores da pessoa jurídica”.
1. Introdução:
2. Oferta e Publicidade:
Toda publicidade engloba uma oferta, contudo, não significa afirmar que toda
oferta esteja inserida em uma publicidade.
2.1.Modalidades de Oferta:
Presencial;
Não presencial: O grande cuidado da pós-modernidade em relação às
relações estabelecidas por meio da internet (ubiquidade,
extraterritorialidade, mobilidade), a despeito de ter produtos mais
variáveis, preços interessantes. Conforme Ricardo Lorenzetti (Ministro da
Suprema Corte Argentina), seria um espaço sem regra, sem Deus
(observação gritante de que precisamos ter cuidado, pois não detectamos
quem oferta o produto ou serviço e as fraudes e malefícios são visíveis).
3. Publicidade e Propaganda:
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a)qualidade
b)quantidade
c)composição
d)segurança
e) riscos à saúde
f)prazo de validade
g)origem do bem
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1. Produtos Refrigerados
1.1.Exigência de informações indeléveis.
Existem produtos que podem ser objeto de divulgação, mas exigem cuidado
maior. Essa publicidade/oferta restrita se constitui em virtude dos malefícios causados,
outrossim, de alguma forma, colocam em risco a vida, saúde ou a segurança do
consumidor (nos arts. 220 e ss. da CF/88 existem normas que admitem a publicidade
restrita desses produtos).
2. Bebidas alcóolicas:
O álcool tem matado muito no Brasil. São necessário 13 graus Gay Lussac (muitas
bebidas não são consideradas bebidas, pois não atingem esse patamar).A lei veda a
associação de bebida ao esporte, prazer melhor, desempenho sexual, melhor situação na
esfera profissional.
O médico não pode fazer publicidade de forma tão ostensiva, pois se tem o CONAR –
Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (entidade privada composta por
representantes de rádio, televisão, revistas), auxilia o consumidor.
4. Defensivos agrícolas:
5. Armas de fogo.
Não existe publicidade de arma de fogo, pois são produtos perigosos. Podem ser
objeto de publicidade através de revistas/produtos específicos.
Produtos Alimentícios
Produtos Importados
Revogação da Oferta
De acordo com o CC/02, a oferta pode ser revogada (arts 471 e 472), inclusive se a oferta
não tiver os elementos essenciais referentes ao contrato, ela pode ser revogada, desde que
se faça com o mesmo aparato em que foi apesentada. Contudo, na esfera consumerista,
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Não é que a oferta não possa ser revogada, se houver erro crasso, pode haver a revogação,
desde que haja instrumento ágil e nos mesmos moldes (prevalece a teoria da declaração
e não da vontade). Puffing é o simples exagero.
Teaser – início da publicidade (pode ser feito, desde que em seguida se explique o produto
ou serviço a ser veiculado).
O art. 35 do CDC assevera que toda a publicidade ou oferta pode ser exigida pelo
consumidor, em juízo ou perante órgão público competente. Se o consumidor quiser o
cumprimento específico da oferta, ele tem esse direito.
Publicidade chamariz: expressão trazida pelo Professor Antônio Herman. Muitas vezes,
a promoção das lojas é uma farsa, somente para ir até o local, não é disponibilizado
nenhum produto, mas estimula o consumidor a entrar em contato com outros produtos.
PRÁTICA ABUSIVAS
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
Arts. 39 a 41 do CDC
1. Conceito:
CASO 1:
O Sr. João dos Santos, pessoa com idade superior a 60 (sessenta) anos, compareceu ao
Banco América S/A com o objetivo de adquirir um empréstimo. O gerente aquiesceu com
o mútuo, mas impôs que o mesmo também contratasse um seguro de vida. Ademais,
limitou a concessão de apenas metade do valor solicitado, mesmo tendo o consumidor
atendido os requisitos objetivos para que o contrato fosse formalizado.
O art. 39 tem três janelas, que permitem uma penetração e atingirmos diversas
situações que não estão detalhadas no art. 39 e seus incisos, a primeira delas é o art. 39,
inciso IV, que são as práticas que se aproveitam da fragilidade do consumidor; o art. 39,
inciso V (vantagem exagerada – ex: sujeito fica no estacionamento 10 a 15 min e o
estacionamento não tolera).
O fornecedor não pode se recusar a receber dinheiro, cartão pode, desde que
informe ao consumidor. Segundo o professor Bruno Miragem, nunca uma resolução, um
decreto pode ultrapassar os meandros normativos do CDC.
mesma loja, ou para outras do mesmo ramo, buscando outros produtos, não
consegue fazer o crediário, ainda que o nome dela não esteja sujo. É uma troca de
informações entre as empresas para evitar vender a pessoas altivas na qualidade
de consumidoras. A dificuldade é provar essa situação.
7. Orçamento referente a serviço (art. 40): O orçamento precisa ser detalhado, não
se pode apenas entregar o valor cheio e pronto.
Elemento obrigatório;
Prazo de validade: O orçamento tem o prazo de validade de 10 dias.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
ARQUIVOS DE CONSUMO
(arts. 43 e 44 do CDC)
Aspectos Introdutórios:
2. Características:
2.1.Caráter Público: Os dados referentes a consumidores e fornecedores
precisam estar registrados com informações claras, objetivas, precisas, exatas,
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
b) Cadastro de Fornecedores;
a) Material ou substancial:
Informações negativas verídicas: Sob pena de indenização.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
Funcionamento e Procedimento
Cadastro de Fornecedores
a) Função e Importância
b) Conteúdo
c) Periodicidade
d) Publicidade
“associado” = consumidor.
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
“O associado reconhece a fatura como prova de seu débito e que os valores nela
lançado constituem dívida a ser quitada no vencimento”.
O cartão de crédito é gerido por um Banco, porém, antigamente era gerido por
uma pessoa jurídica que nem sempre se confundia com o Banco. O cartão de crédito é
apresentado pelo fornecedor ao consumidor, que adquire o produto ou contrata o serviço
e conforme o que está no cartão, caso não se pague a fatura daquele mês, o cartão de
crédito poderá pegar junto ao Banco um aporte financeiro para pagar fatura que não foi
quitada. Atualmente, isto não ocorre mais, o Banco retira do universo patrimonial dele
próprio e paga a fatura.
Esta cláusula autoriza o Banco que coloque aporte financeiro, com base em juros
altíssimos, que cubra a fatura que não quitou, o que para o Banco é excelente, pois quanto
mais se demora para pagar a fatura, se torna uma bola de neve. Os juros moratórios (art.
406, CC), se não estiverem previstos de forma específica no contrato, deve-se aplicar o
percentual de 1% a.m, conforme o art. 161 do CTN. Contudo, os juros de mora estão
previstos em um patamar maior que 1%. O CDC estabelece que a multa de mora não pode
ser superior a 2%. Houve uma EC que alterou o art. 161, inciso I. No ano passado, houve
juros de quase 500%.
pois diz que o consumidor pode solicitar prestação de contas do banco sobre
os juros praticados, mas não se pode questionar a incidência desses juros].
O art. 51, inciso VII, considera cláusula abusiva a arbitragem. Não é que a
arbitragem seja ruim, se o consumidor quiser, pode admiti-la, mas dentro do contrato de
adesão não deve ser permitida, pois o consumidor não consegue discutir, não há
possibilidade de modificação.
O CPC/15 eliminou qualquer dúvida, pois o consumidor pode propor ação no seu
domicílio (tem esta opção) e não no domicílio do réu.
“Fica eleito, o foro da Comarca de São Paulo – SP para a solução judicial dos
conflitos advindos deste contrato”.
FALTAM AULAS
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
Aspectos Introdutórios
Esses estudos chegam ao Brasil através de José Carlos Barbosa Moreira, que se
reúne com a professora Ada Pellegrini e começam a estudar sobre a matéria, surgindo o
primeiro artigo sobre o assunto. Orlando Gomes, nos seus escritos: “Transformações
Gerais do Direito das Obrigações” já sinalizava que chegariam em determinado momento
com a existência de leis esparsas e saíram da ramificação do processo civil, sendo
necessário tutelar através do instrumento processual coletivo.
O processo coletivo é algo muito sério e, por isso, deve haver um rol de
legitimados (art. 82 da Lei 8.088/90 e na Lei 7387/45)
1. Ministério Público:
a) A defesa da coletividade;
b) Poder Exclusivo de Instauração do Inquérito Civil;
4. Defensoria Pública:
Existem autores que divergem sobre a natureza jurídica, para alguns se trata de
legitimidade extraordinária (Mafra e Macuso), para tereza Wambier, se trata de
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva.
Docente: Joseane Suzart.
Semestre: 2017.1.
A ação civil pública é uma nomeclatura utilizada para aquelas que o Ministério Público
dá entrada.