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BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 1

2| BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


editorial
S e em 2017 a SBCS comemorou os 70 anos, em Começamos com o tema “Solos Arenosos”. A realiza-
2018 será a oportunidade de externar os júbi- ção do II Simpósio Brasileiro de Solos (SBSA) em maio
los desta longa vivência realizando o 21th Word de 2017, concomitante com V Reunião Paranaense de
Congress of Soil Science — o primeiro congresso desta Ciência do Solo, suscitou o tema —como ressaltou o
natureza na América Latina. Há tempo que estamos Editor Técnico da matéria, Marcelo Augusto Batista, da
de “mangas arregaçadas” para esta empreitada, mas UEM — quem também coordenou o II SBCS. O assunto
agora que chegamos à reta final, as forças se multipli- é de fato relevante! Ainda que os solos arenosos — em
cam e se sobrepõem à natural ansiedade. O desafio é geral com menos de 15 % de argila — representem ape-
grande, mas as incertezas vêm sendo gradativamente nas cerca de 6 % do território nacional, eles totalizam
superadas pelo trabalho dedicado e altruísta da Co- 50 milhões de hectares. Sua relevância se destaca ainda
missão Organizadora e um efetivo assessoramento das mais se considerarmos que ocupam áreas de grande re-
Divisões Especializadas, tanto da SBCS como da IUSS. levância para o agronegócio brasileiro, como no Para-
ná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul,
Nesta primeira edição do Boletim Informativo de 2018, Mato Grosso, além ocupar 15% da região denominada
trazemos um cenário geral de indicadores numéricos Matopiba — tida como última grande fronteira agrícola
relativos ao 21th WCSS com os quais se vislumbra a do Brasil. Estes solos são hoje responsáveis por expres-
grandiosidade do evento. Também é destaque a esco- siva contribuição para a produção de cana de açúcar,
lha do Tatu Pedólgo como mascote do Congresso, de- algodão, soja e pecuária e com produtividade iguais ou
pois de uma acirrada disputa com o, igualmente sim- superiores à das terras argilosas. Outrora tidas como
pático “Papagaio Cientista do Solo”. terra de baixo valor, foram gradativamente ocupadas
pela pressão da expansão da fronteira agrícola. Ainda
Ainda que o 21th WCSS seja o grande projeto das SBCS que houvesse know-how com respaldo do conhecimen-
para 2018 as atividades e ações rotineiras são igual- to científico para a produção agrícola nas terras areno-
mente relevante e seguem o seu rumo natural. É vida sas do oeste do Paraná, oestes e sudoeste de São Pau-
que segue! Nosso Boletim Informativo chega ao che- lo — áreas sob domínio subtropical — pouco se sabia
ga ao seu 44º volume sem descontinuidade e com um a respeito do manejo destes solos nas áreas tropicais
contínuo aprimoramento. Além do caráter informativo úmidas. Os artigos que compõem a seção abordam,
ele tem sido um efetivo repositório da memória da direta ou indiretamente estas questões, trazendo à luz
SBCS. Para produzi-lo, há um continuo envolvimento um panorama realístico a respeito das potencialidades
do staff editorial e de inúmeros sócios; uns que fazem e o manejo sustentável deste solo.
os fatos que viram notícias e outros que gentilmente
produzem artigos de grande relevância, dando aos Com o propósito de fortalecimento dos Núcleos Regio-
sócios uma boa noção dos temas contemporâneos da nais e Estaduais, reservou-se ainda um espaço para as
Ciência do Solo brasileira. atuais diretorias mostrarem suas realizações e o plane-
jamento para o biênio 2017/2019.
Iniciamos 2018 com uma sutil, mas significativa mu-
dança. A seção outrora denominada OPINIÃO, passa Finalizando antecipamos, em primeira mão, que o se-
ser agora a se chamar EM FOCO. O propósito inicial gundo fascículo do BI será especial. Ele focará a contri-
da seção, que foi suscitar um confronto ético e respei- buição da ciência do solo brasileira para os diferentes
toso de opiniões sobre temas de destaque na Ciência segmentos da sociedade. Será publicado em inglês e
do Solo e áreas correlatas só foi alcançado em raros distribuído à todos os participantes do 21th WCSS,
momentos. Prevaleceu, de fato, a convergência de opi- além da circulação usual que atinge a todos os sócios
niões e pontos de vista sobre assuntos de grande rele- da SBCS — é o Boletim Informativo além da fronteira
vância. Esta parece ser a consolidação de uma tendên- do Brasil.
cia prevalecente em nosso meio. Portanto, nada mais
natural a nova denominação proposta. A composição Desfrutem de uma boa leitura e no vemos no Rio de
do EM FOCO continuará sendo sobre temas relevante Janeiro em agosto!
atuais e, como já é usual, contaremos com a partici-
pação de editores técnicos voluntários com expertise Reinaldo Bertola Cantarutti
no tema. Secretário geral da SBCS

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CONSELHO DIRETOR
Biênio 2017/2019
NOTÍCIAS
4 Os preparativos para o 21st World Congresso
PRESIDENTE
Fatima Maria de Souza Moreira (UFLA) of Soil Science
Vice-presidenteS
Milton Ferreira de Moraes (UFTM)
Antonio Rodrigues Fernandes (UFRA)
7 A equipe que vai representar o Brasil no 3rd
Soil Judging Contest
SECRETARIA EXECUTIVA (UFV)
Secretário Geral

7
Reinaldo Bertola Cantarutti (UFV) Brasileiros vencem concurso de logomarca
Secretário Adjunto
da década do Solo promovido pela IUSS
Raphael B.A Fernandes (UFV)
Tesoureiro
Igor Rodrigues de Assis (UFV)

Ex-presidentes 8 Amazon Soil é realizado no Maranhão

Gonçalo Signorelli de Farias


Flávio A. Camargo (UFRGS)

Editor da RBCS
José Miguel Reichert (UFSM)
9 A XII Reunião Sul Brasileira de Ciência do
Solo

DIRETORES DAS DIVISÕES ESPECIALIZADAS


Divisão 1: Solo no Espaço e no Tempo
Lucia Helena Cunha dos Anjos (UFRRJ)
Divisão 2: Processos e Propriedades do Solo
10 SBCS participa de evento sobre conservação
do solo
Dalvan José Reinert (UFSM)
Divisão 3: Uso e Manejo do Solo
Ildegardis Bertol (UDESC)
Divisão 4: Solo, Ambiente e Sociedade
Cristine Carole Muggler (UFV)

DIRETORES DOS NÚCLEOS DA SBCS


Núcleo Regional Amazônia Ocidental (Amazônia e RR):
Hedinaldo Narciso Lima (UFAM)
Núcleo Regional Amazônia Oriental (MA, TO, PA, AP)
Antonio Rodrigues Fernandes (UFRA)
Núcleo Regional Noroeste (AC e RO)
Paulo Guilherme Salvador Wadt (Embrapa-RO)
Núcleo Regional Nordeste (BA, SE, AL, PB, PE, CE, RN, PI)
Júlio César Azevedo Nóbrega (UFRPE)
Núcleo Regional Centro-Oeste (MT, MS, GO, DF)
Robélio Leandro Marchão
Núcleo Regional Leste (MG, ES, RJ)
André Garçoni Martins
Núcleo Estadual São Paulo (SP)
Rafael Otto (Esalq-USP)
Núcleo Estadual do Paraná
Oromar João Bertol (Emater-PR)
Núcleo Regional Sul (RS e SC)
Maurício Vicente Alves (Unoesc-SC)

SECRETARIA DA SBCS
Cíntia Fontes
Denise Cardoso
Denise Machado

www.sbcs.org.br
Tel: 31 3899-2471

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em foco
Solos arenosos
12
Opções de manejo nos solos
arenosos 14
Indicadores de qualidade biológica
para manejo sustentável de solos 20
arenosos

Manejo físico e hídrico em


pastagens para solos da formação 26
do Arenito Caiuá

Manejo da fertilidade de solos


arenosos no Cerrado mato- 31
grossense

ARTIGO
O Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento e a conservação de 36
solos no Brasil

Núcleos SBCS
Panoramas e perspectivas dos Núcleos
Regionais e Estaduais da SBCS 41

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NOTÍCIAS

Welcome to Rio
F alta pouco! Entre os dias 12 e
17 de agosto, o Brasil vai se-
diar o 21º Congresso Mundial
de Ciência do Solo (21WCSS), no
Rio de Janeiro. Esta será a primeira
trangeiros, 60 % são homens, 59
% são profissionais das diferentes
áreas da ciência do solo e a maioria
virá da Ásia e Europa. Entre os bra-
sileiros, a maioria virá do sudeste
evento para o Brasil e promovendo
relações internacionais para pro-
piciar aos participantes uma exce-
lente programação científica e uma
boa impressão da Ciência do Solo
vez que o evento será promovido (SP, MG, RJ) seguida do estados do brasileira.
na América Latina e uma grande sul do país (RS e PR)
oportunidade para que o mundo O evento será realizado no Wind-
todo conheça a Ciência do Solo O 21WCSS é promovido pela União sor Expo Convention Center, na
brasileira. E o mundo todo estará Internacional de Ciência do Solo Barra da Tijuca. O bairro é conheci-
representado. As inscrições para (IUSS) e organizado pela SBCS. O do pelas diversas opções de hospe-
apresentação de trabalhos já ter- evento será presidido pelo profes- dagem, lazer, gastronomia e cultu-
minaram e dão uma noção do que sor Flávio Camargo, da UFRGS, que ra e conta com a praia mais extensa
será o 21WCSS. Mais da metade há quase uma década vem fazen- do Rio de Janeiro, 18 quilômetros
dos participantes (52 %) serão es- do todos os esforços para trazer o de mar e areia branca.

estatísticas do evento
Origens dos participantes que inscreveram trabalhos científicos 30%
*Os números não refletem o total de participantes, uma vez
que as inscrições ainda estão abertas. 17% 24%
Cote D’Ivoire....................... 2
Croatia................................ 1
Cuba................................... 7
Czech Republic................. 16
Foreigners Brazilian Denmark............................. 2
Ecuador............................ 11
52% 48% Egypt................................... 5
6%
El Salvador.......................... 2
Estonia................................ 8 17%
Ethiopia.............................. 1
Finland.............................. 14 3303 6%
France............................... 35 registered
Algeria................................ 4 French Guiana.................... 2
Argentina.......................... 64 Georgia............................... 4
Australia........................... 77 Germany........................... 65 Female Male
Austria................................ 9 Ghana................................. 6 39% 60%
Azerbaijan........................... 1 Guam.................................. 1
Bangladesh......................... 5 Guatemala.......................... 1 not declared: 1%
Belgium.............................. 4 Haiti.................................... 1
Bolivia................................. 2 Honduras............................ 4
Bosnia And Herzegovina..... 1 Hungary............................ 20 Luxembourg........................ 1 Norway............................... 1 Saudi Arabia....................... 3 Thailand.............................. 8
Botswana............................ 2 India.................................. 39 Madagascar........................ 1 Pakistan............................ 10 Senegal............................... 5 Tunisia................................ 5
Brazil............................. 1601 Indonesia.......................... 12 Malawi................................ 1 Panama............................... 4 Serbia................................. 8 Turkey................................. 5
British Indian Ocean Iran................................... 25 Malaysia............................. 2 Paraguay............................. 9 Singapore............................ 1 Ukraine............................... 5
Territory.............................. 1 Iraq..................................... 1 Mexico.............................. 37 Peru.................................. 20 Slovak Republic................. 10 United Kingdom................ 42
Burkina Faso....................... 5 Ireland................................ 1 Moldova............................. 1 Philippines.......................... 8 Slovenia.............................. 2 United States.................. 173
Cameroon........................... 1 Israel................................... 6 Mongolia............................ 1 Poland.............................. 13 South Africa...................... 21 Uruguay............................ 23
Canada.............................. 33 Italy................................... 21 Morocco............................. 1 Portugal.............................. 6 Spain................................. 21 Uzbekistan.......................... 3
Chile.................................. 74 Japan................................ 60 Mozambique...................... 1 Puerto Rico......................... 1 Sri Lanka............................. 5 Venezuela........................... 2
China.............................. 249 Jordan................................. 1 Nepal.................................. 3 Romania............................. 1 Sudan.................................. 3 Vietnam.............................. 8
Colombia.......................... 84 Kenya.................................. 3 New Zealand..................... 30 Russian Federation........... 73 Sweden............................... 4
Congo................................. 1 Korea................................ 36 Niger................................... 1 Saint Vincent And Switzerland....................... 12
Costa Rica......................... 23 Lithuania............................. 1 Nigeria.............................. 33 The Grenadines.................. 1 Taiwan.............................. 17

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Tatu será o mascote do 21WCSS

NOTÍCIAS
A Comissão Organizadora WCSS
promoveu uma enquete para que
os participantes escolhessem um
mascote para representar o evento.
Quem se inscreveu até o final do
mês de março pôde escolher entre
um tatu e um papagaio para repre-
sentar o Brasil e a Ciência do Solo.

A figura de um simpático Tatu, com


jeito de pesquisador e vestido com
um colete de pedólogo, venceu
O 21 WCSS será realizado na Barra
da Tijuca, Rio de Janeiro. com 79 % dos votos e irá ficar na
memória do primeiro Congresso
Mundial de Ciência do Solo reali-
Novidades da organização A organização pretende ainda zado na América Latina. A escolha
Todas as informações sobre o Con- contabilizar a emissão de carbo- contou com a parti-
gresso e a comunicação com os no em todas as etapas do evento cipação de 1116
participantes será feita por meio para possibilitar a prática do Car- votantes.
de um aplicativo para celulares e bono Zero. O trabalho será coor-
tablets produzido especialmente denador pela Embrapa Solos que,
para o evento. durante o evento, também fará o
lançamento oficial do Programa
Estão previstas ainda uma mostra Pronasolos.
de filmes, uma feira de solos com
exposição de equipamentos, mono-
litos e amostras de interesse geral.

10%
16%
9%

44%

AC....................................... 5
AL........................................ 9
AM.................................... 29
BA..................................... 34
21%
CE..................................... 21 Professionals Students
DF..................................... 17
ES...................................... 21
59% 48%
GO.................................... 57
MA.................................... 29
MT.................................... 63
MS.................................... 22
MG.................................. 231
PA..................................... 45 RS.................................... 173
PB..................................... 29 RO..................................... 24
PR................................... 111 RR..................................... 19
PE...................................... 88 SC...................................... 57
PI...................................... 24 SP.................................... 309
RJ.................................... 144 SE........................................ 2 O Tatu pedólogo será o
RN....................................... 8 TO..................................... 20
mascote do 21WCSS

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Excursões e passeios
NOTÍCIAS

A organização do WCSS ofereceu


diversas opções de excursões téc-
nicas aos participantes. As inscri-
ções já estão encerradas e foram
confirmados os seguintes itinerá-
rios:

E1-Western Amazon Region: Via-


gem de oito dias por aproximada-
mente 2.500 km da região oeste da
Amazônia, no estado de Rondônia.
A excursão começa no dia seguinte
ao encerramento do WCSS e fará
parte da Reunião de Classificação e
Correlação de Solos (RCC).

E2-Recovered landscape of Rio: E4-Agroecological transition - do Rio de Janeiro até o maciço mon-
A viagem de campo de um dia co- Atlantic Forest: Após o Congresso tanhoso de Itatiaia (2700 m).
brirá um itinerário de aproximada- os participantes percorrerão cer-
mente 260 km de paisagem e solo ca de 950 km pela área de transi- A programação do evento também
(geomorfologia, vegetação e uso) ção agroecológica no bioma Mata oferece mais de 200 possibilidades
na região metropolitana e serrana Atlântica nos estados do Rio de Ja- de passeios turísticos no Brasil, an-
da cidade do Rio de Janeiro neiro e Minas Gerais. tes e após o evento, com descontos
para participantes.
E3-Recovered landscape of Rio- E9-Brazilian highlands soils and oxi-
Atlantic Forest: Viagem de quarto sols from deep-weathered saproli- Confira a programação e os deta-
dias por paisagens recuperadas e tes: Viagem após o evento por cerca lhes da organização do evento no
plantação de frutas nas montanhas de 1.250 km de áreas de solos e pai- site www.21wcss.org/ e nas Fan
do estado do Rio de Janeiro. sagens desde a Depressão tectônica Pages do 21WCSS e da SBCS.

Soil Judging
Contest
Entre os dias 8 e 11 de agosto tam-
bém acontecerá a 3rd Soil Judging
Contest. A competição ocorrerá
no campus da UFRRJ e envolve-
rá equipes de todo o mundo que
irão classificar e correlacionar
solos. As equipes inscritas foram
indicadas pelas sociedades nacio-
nais de solos.

A equipe brasileira será formada


pelos estudantes Taciara Z Horst
(UFSM) Cleidimar Steinke (UFFS),
Jordana Duarte (UFFS) e Flávio de
A equipe brasileira, escolhida pela SBCS, foi a indicada pelo Núcleo Regional Sul durante a III
Lara Lemes (UFFS). O técnico será Competição Sul Brasileira de Identificação de Solo, realizada durante a XII Reunião Sul Brasileira
o professor Douglas Kaiser (UFFS). de Ciência do Solo, em abril.

8| BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


NOTÍCIAS
Conheça melhor a equipe brasileira para a 3rd Soil Judging Contest
Taciara Cleidimar
Zborowski Horst Gersone Steinke
Tem 27 anos, é de Ijuí, RS, É estudante de agronomia
e engenheira florestal com na UFFS, tem 21 anos e
mestrado em solos pela vem de Senador Salgado
UFSM. Atualmente faz dou- Filho, RS.
torado também na UFSM. “A classificação de solos
“Aprender a descrever e é uma importante tarefa
classificar o solo no campo é parte fundamental no de- para tomada de decisões e, com a participação na 3rd
senvolvimento do cientista do solo. Além de conhecer International Soil Judging Contest, espero agregar ain-
estudantes de outros países, competir e interagir com da mais o conhecimento nesta área, além de que é uma
eles durante a 3rd International Soil Judging Contest honra representar o Brasil em uma competição tão im-
será uma ótima experiência. Esse é o tipo de competi- portante na área agronômica!”
ção em que todos saem vencedores”.

Jordana Flávio
Duarte de Lara Lemes
Nasceu em Ijuí, RS, em Nasceu em Caibaté, RS
1998 e é estudante de em 1995 e é estudante de
Agronomia na UFFS, Cam- graduação em agronomia
pus de Cerro Largo, RS. na UFFS, Campus de Cerro
“Além de ser uma realiza- Largo, RS.
ção pessoal, a competição “Sou filho de pequenos agri-
me auxilia na escolha de uma pós-graduação. Acredito cultores e, quando criança, brincava nas voçorocas que
que será uma grande experiência e uma oportunidade existiam na propriedade sem saber as causas, processos de
única para firmar conhecimentos e aprender cada vez formação e os impactos causados ao meio ambiente. Meu
mais nessa grande área. É também uma oportunidade objetivo nesta competição é expressar todo o conhecimen-
de fazer novas amizades, conhecer novos lugares e as to adquirido durante a graduação na área de solos e buscar
características diferentes dos solos de outras regiões”. o melhor resultado possível, com o máximo aprendizado”.

Brasileiros vencem concurso de logomarca da década do Solo promovido pela IUSS

A
União Internacional do Solo mado por membros do Comitê Exe- “A criança é a origem e o destino. Nós
(IUSS) divulgou no boletim 154 cutivo da IUSS. Os vencedores imaginamos uma imagem que
(abril 2018) o resultado do con- ganharam uma premiação é simples como um desenho
curso para a logomarca da “Década de U$ 2.500 do fundo IUSS de uma criança, ainda que
dos Solos “(2015/2025), uma iniciativa Stimulus. conceitualmente complexo
para aumentar a conscientização so- o suficiente para simboli-
bre os principais papéis desempenha- Alessandro Samuel-Rosa é zar as múltiplas funções
dos pelos solos. Os vencedores foram agrônomo, sócio da SBCS, e serviços fornecidos pelo
os brasileiros Alessandro Samuel Rosa pesquisador na área de pe- solo”. Ainda para eles, a com-
e Monique Lima de Oliveira. dometria e professor na Uni- plexidade do tema é simbo-
versidade Tecnológica Federal em lizada pela exploração de diferentes
O concurso foi lançado pela IUSS no Santa Helena, Paraná. Monique Lima formas e cores. A forma exterior circu-
ano passado e registrou 22 propostas de Oliveira é jornalista e pesquisado- lar do ícone do solo simboliza a Terra.
concorrentes. A ideia era buscar um ra na área de sociologia, na Unicamp.
símbolo gráfico capaz de representar Segundos os autores a trajetória da for- Samuel e Monique também foram os
os principais serviços ecossistêmicos mação e desenvolvimento humanos foi autores da logomarca que representa
do solo. O comitê de seleção foi for- a inspiração para criação da logomarca. os 70 anos da SBCS.

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Amazon Soil é realizado no Maranhão
NOTÍCIAS

Reinaldo Cantarutti (SBCS), Gregori Ferrão (UFMA) Nair Portela (reitora UFMA), Mychel Ferraz (MAPA),
Allan Kardec (pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFMA)

O Núcleo Regional Amazônia


Oriental da SBCS promo-
veu, entre os dias 25 e 29 de
março, a terceira edição do Ama-
zon Soil, na cidade de Chapadinha-
foi representada, no evento, pelo
Secretário Geral, Reinaldo Canta-
rutti.

Segundo Gregori, além de possi-


construiu um elo forte entre a so-
ciedade local, produtores rurais,
pesquisadores da área de solos de
todo o país e a UFMA. “Acredito
que este elo sirva para que possa-
MA. O evento foi realizado pelo bilitar a discussão sobre as poten- mos consolidar a pesquisa e parce-
Centro de Ciências Agrárias e Am- cialidades dos solos maranhenses rias além de propiciar aos nossos
bientais da Universidade Federal e a perspectiva de maximização egressos maior chance de empre-
do Maranhão (CCAA/UFMA) com o da produtividade, nesta terceira gos e possibilidades profissionais”.
tema “O solo e o seu papel na sus- edição o evento deixou de ter um
tentabilidade dos agroecossiste- caráter meramente científico para O evento contou com o apoio da
mas”. O Amazon Soil foi presidido identificar-se com iniciativas de Aprosoja, MAPA, Governo do Es-
por Gregori Ferrão, coordenador extensão. “Tivemos aporte de di- tado via Sagrima, Prefeitura Mu-
do curso de Agronomia da UFMA versas empresas, principalmente nicipal de Chapadinha, Embrapa,
(Chapadinha). aquelas de insumos agrícolas da Inovagro, Cajueiro Sementes, Agro-
região Meio Norte. Aqui em Cha- verdes, Polo Agrícola, FAEMA entre
O evento contou com a participa- padinha existe uma produção de outros.
ção de 270 inscritos e foram reali- quase 100 mil hectares com uma
zadas 14 palestras com pesquisa- possível expansão de outros 100 Veja mais fotos e detalhes do even-
dores de diversos estados do Brasil, mil com grande potencial de inser- to em: https://www.facebook.
além de quatro mini-cursos e uma ção no mercado”. com/amazonsoil2018/
visita técnica a uma fazenda com a
presença maciça de agricultores de Ainda segundo a avaliação do Saiba mais sobre o evento no site:
toda a região meio norte. A SBCS presidente, o Amazon Soil 2018 www.amazonsoil2018.com

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NOTÍCIAS
Equipe organizadora do evento

XII Reunião
públicas para a conservação do solo de Identificação de Solos (III CSBIS),
na região. “Acreditamos que o even- dias 15 e 16 de abril. A Competi-
to foi um momento de integração ção foi promovida em parceria com
Sul Brasileira para discussão desta temática pelos
profissionais, buscando fomentar a
a UFFS - Campus Chapecó, para es-
timular estudantes de graduação/

de Ciência ciência, a tecnologia e a inovação”,


disse Mauricio. A presidente Fatima
Maria Moreira também participou
pós-graduação a se interessarem
pela Pedologia e para promover a
integração e a troca de experiên-
do Solo do evento, representando a SBCS. cia entre estudantes, professores e
técnicos que atuam nesta área.
III Competição Sul Brasileira

O Núcleo Regional Sul da SBCS de Identificação de Solos Segundo o coordenador do evento,


(NRS) promoveu, entre os A XII Reunião Sul Brasileira de Ciên- professor Fernando Perobelli Fer-
dias 15 e 17 de abril, em Xan- cia do Solo começou com a promo- reira (UFFS), a Competição contou
xerê, SC, a XII Reunião Sul Brasileira ção da III Competição Sul Brasileira com a participação de cinco equi-
de Ciência do Solo. O evento teve
como tema “Solo, Água, Ar e Biodi-
versidade: componentes essenciais
para a vida” e foi organizado pela
Unoesc com apoio da Epagri, Uno-
chapecó e UFFS Campus Chapecó.

Segundo o diretor do Núcleo Regio-


nal Sul, Maurício Vicente Alves, o
evento contou com a participação
de 350 pessoas e apresentação de
215 resumos expandidos. Ao todo
foram oito palestras e uma mesa
redonda com a participação dos Se-
cretários de Agricultura dos estados
de Santa Catarina, Rio Grande do
Sul e Paraná debatendo as políticas
A mesa de abertura com o diretor do NRS, Maurício Alves, à frente.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 11


pes: uma da UFSC, uma da UFSM presentantes brasileiros no Soil • 2° Lugar: Cleidimar G Steinke
NOTÍCIAS

- Santa Maria, uma da UFSM - Fre- Judging Contest que acontecerá de (UFFS - Cerro Largo);
derico Westphalen e duas da UFFS 8-11 de agosto de 2018, preceden- • 3° Lugar: Jordana Duarte (UFFS
- Campus Cerro Largo. As equipes do o 21st World Congress of Soil - Cerro Largo);
foram compostas por quatro estu- Science, no Rio de Janeiro, e terão • 4° Lugar: Flávio de Lara Lemes
dantes, sendo que pelo menos um como técnico o professor Douglas (UFFS - Cerro Largo)
dos estudantes era da graduação. Kaiser da UFFS - Campus Cerro Lar-
Cada equipe teve também a par- go, com todas as despesas custea- Vencedores na categoria equipes:
ticipação de um técnico, professor das pelo NRS-SBCS. • 1° Lugar: UFSM - Santa Maria
da área da Ciência do Solo. • 2° Lugar: UFFS - Cerro Largo
Vencedores na categoria individual: • 3° Lugar: UFFS - Cerro Largo
Os quatro primeiros colocados na • 1° Lugar: Taciara Z Horst (UFSM
categoria individual serão os re- - Santa Maria);

Equipes participantes e organizadores da competição

SBCS participa de evento em


Brasília sobre conservação do solo
O Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(Mapa) realizou, no dia 15
de abril, o seminário "Conservação
de solo: Sustentabilidade na pro-
ganização das Nações Unidas para
a Alimentação e Agricultura (FAO),
Embrapa e empresários do setor.
A SBCS foi representada no evento
pela sua presidente Fatima Maria
na agricultura, planos para a con-
servação do solo e os desafios
para a produção sustentável foram
debatidos no seminário. Segundo
o chefe da Divisão de Agricultura
dução de alimentos e na seguran- Moreira. Conservacionista do Mapa, Mau-
ça hídrica”. O evento comemorou rício Carvalho de Oliveira, a con-
o Dia Nacional da Conservação de A atuação de empresas, estraté- servação do solo é essencial para
Solo e reuniu especialistas da Or- gias para inovações tecnológicas o Brasil, não só por sua importân-

12 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


NOTÍCIAS
Jonadam Ma, Elvison Ramos, Mychel Ferraz, Alan Bojanic, Maurício Oliveira, John Landers, Fatima Moreira e Elvécio Saturnino.

cia para a agricultura no presente Baixa Emissão de Carbono (ABC),


e no futuro, como também por Elvison Nunes Ramos, destacou a
seu papel na segurança alimentar importância do Plano “como uma Repositório Brasileiro
nacional e mundial. ”Temos que política pública que visa realmen-
estabelecer uma política capaz de te ajudar o produtor rural nesse
Livre para Dados Abertos
assegurar o desenvolvimento do processo de conservação do solo do Solo já está disponível
setor agrícola e o equilíbrio am- e que disponibiliza uma linha de
O Repositório Brasileiro Livre para Da-
biental, atendendo às necessida- crédito para ajudá-lo nessa mu-
dos Abertos do Solo (febr) visa servir
des das populações atuais, sem dança de um sistema menos con-
como instalação centralizada de ar-
comprometer as gerações futu- servador para um mais conserva-
mazenamento e compartilhamento de
ras”, disse ele. dor”.
todo e qualquer tipo de dado do solo no
Brasil. Isso tornará possível minimizar
Ainda para Maurício Oliveira, é A presidente da SBCS, Fatima Ma-
os esforços duplicados de recuperação
crucial que o país continue am- ria Moreira, elogiou a organização
e coleta de dados do solo, permitindo
pliando o uso de tecnologias do evento que permitiu a intera-
que os recursos existentes sejam usa-
como o plantio direto, a integra- ção com representantes da cadeia
dos para maximizar a colaboração entre
ção lavoura-pecuária-floresta e a produtiva do agronegócio. Em sua
cientistas do solo. Visite:
recuperação de pastagens degra- participação, ela ressaltou a inte-
dadas, todas previstas no Plano gração do conhecimento de física,
ABC (Agricultura de Baixa Emissão química e biologia nos projetos de
de Carbono) para reforçar a con- conservação do solo. “ Fiquei sur-
servação do solo, da água e dos presa com o conhecimento que o
recursos naturais. setor produtivo tem dos avanços
na área de biologia do solo e isso é
Saiba mais em: http://coral.ufsm.br/
O coordenador da implementa- muito positivo para o país”, disse a
febr/blog/2018/01/08/novo-febr/
ção do Plano de Agricultura de presidente.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 13


em foco

Solos arenosos
E ntre os dias 23 e 25 de maio bos os eventos foram promovidos estudantes e assistência técnica,
de 2017 foi realizada, em Ma- pelo Núcleo Estadual Paraná da todos desejosos em promover o
ringá–PR, a V Reunião Para- SBCS (NEPAR-SBCS) e organiza- uso e manejo sustentável dos solos
naense de Ciência do Solo (RPCS) do pela Universidade Estadual de arenosos do Paraná e do Brasil.
e o II Simpósio Brasileiro de Solos Maringá (UEM,) em parceria com
Arenosos (SBSA). A temática esco- a Cocamar Cooperativa Agroin- O evento inspirou a SBCS a trazer
lhida para os eventos foi: “Solos dustrial (COCAMAR). este tema para o Boletim Informa-
do Arenito: Usos, Desafios e Sus- tivo. Para isso, foram produzidos
tentabilidade”. As razões que nor- Apesar de ser um evento estadual, quatro artigos com base no conteú-
tearam a escolha deste tema fo- a execução da RPCS em conjunto do das palestras apresentadas no V
ram baseadas no fato de que cerca com o SBSA levou os dois eventos RPCS e II SBSA. Os autores, profes-
de 16 % dos solos paranaenses são a um nível superior, proporcionan- sores e pesquisadores de diferen-
derivados de arenitos; no Brasil, do um excelente ambiente para a tes instituições do país, apresen-
aproximadamente 8 % dos solos troca de experiências e o estabele- tam de forma direta e agradável,
são classificados como arenosos e cimento de fortes interações entre uma visão dos desafios que temos
também porque tem-se verificado instituições públicas e privadas, para manejar adequadamente os
um forte avanço da agricultura e organizações profissionais, produ- solos arenosos, bem como algumas
da pecuária sobre estes solos. Am- tores, pesquisadores, professores, alternativas de soluções no contex-

14 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


EM FOCO
Foto: Designed by welcomia / Freepik
to atual do conhecimento científico do Cerrado em sistemas intensivos catalisar o processo de confecção
sobre os temas abordados. de produção de grandes culturas. dos artigos deste boletim e aos
autores que, de forma muito co-
Os artigos abordam a caracteriza- Obviamente seria difícil abranger laborativa, entenderam a missão
ção dos solos arenosos, definin- todas as condições e locais com e objetivo deste trabalho. Nossa
do muito bem o objeto principal formações consideráveis de so- intenção é despertar o interesse
desta edição que é a abrangência los arenosos no país. Porém, esta daqueles que não atuam nestes
nacional do tema; as experiências edição do Boletim Informativo da solos e que possamos inspirar pro-
do manejo físico-hídrico no solos SBCS poderá oferecer uma visão dutores, professores, consultores e
paranaenses derivados de Areni- geral dos principais problemas e pesquisadores que já atuam nestes
tos da formação Caiuá; os avanços prováveis soluções para estes so- solos frágeis, porém muito impor-
associados ao conhecimento mi- los. tantes para a agropecuária brasilei-
crobiológico dos solos em função ra.
dos sistemas de manejo, a fim de Agradeço aos professores da Área
quantificar a qualidade biológica de Solos do Departamento de Boa leitura a todos!
dos mesmos; as experiências do Agronomia e do Programa de Pós-
manejo químico para fins de fertili- graduação em Agronomia da Uni- Marcelo Augusto Batista - UEM
dade dos solos arenosos da região versidade Estadual de Maringá por Editor técnico

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 15


EM FOCO

Figura 1. Voçoroca em área de cana-de-açúcar na região


de Pulinópolis-PR após intensas precipitações (2017).

Opções de manejo nos


solos arenosos
José Luiz Ioriatti Dematte
Marcos Rafael Nanni

L evando-se em consideração o
aumento da população mun-
dial, de 6 bilhões no ano 2000
para 9 bilhões de pessoas em 2050,
há um grande desafio para o setor
observado o aumento de consumo
per capita nos países em desenvol-
vimento e as mudanças dos hábitos
alimentares nas diversas regiões
do globo (Tabela 1). Dessa forma, a
vel mais elevado, no qual o consu-
mo é mais exigente, como é o caso
dos EUA, Europa ocidental e Japão,
onde a cobrança por alimentos
mais nobres, fibras e produtos é
agrícola, que deverá se responsa- agricultura deverá não apenas ele- mais expressiva.
bilizar com a produção de alimen- var a produção, mas também a sua
tos, pastagens, fibras, combustíveis diversificação, uma vez que deverá Diante desse cenário, o setor agrí-
renováveis e florestas plantadas atender às necessidades básicas de cola deverá arcar também com
para todo esse contingente. Asso- sobrevivência, tanto do nível mais as crescentes restrições físicas
ciado ao crescimento populacional baixo localizado principalmente na de recursos naturais, com legisla-
e à urbanização acelerada, tem-se Ásia rural e África, como para o ní- ções cada vez mais restritivas sob

16 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


Tabela 1. Características da demanda mundial de consumo Paulo, noroeste do Paraná, sul do

EM FOCO
População (bilhões de Consumo Mato Grosso e oeste de Goiás. Es-
Região
pessoas) Principais demandas Foco da demanda ses apresentam assim, menor dre-
grãos, raízes, arroz, nagem, o que, consequentemente,
Ásia rural, África 1,3 Sobrevivência
feijão possibilita a permanência de exces-
carnes, lácteos, açú- so de água em superfície que, asso-
China, Índia 3,7 Produtos de base
car, frutas, vegetais ciado às condições de relevo local,
Europa oriental, Amé-
1,0 Conveniência, snacks Variedade
acabam sendo mais susceptíveis à
rica Latina erosão. Nesses casos, destacam-se
EUA, Canadá, Europa
1,0
alimentos dietéticos e
Qualidade os Latossolos de textura média e
ocidental, Japão funcionais
os Argissolos com relação textural
Fonte: Rabobank, ICONE, FAO.
1,5. Como o conjunto desses solos
apresenta na paisagem grandes
o ponto de vista ambiental, tra- atividades agrícolas. Portanto, são teores de areia na camada super-
balhista e ocupacional, para a ex- solos extremamente delicados em ficial, torna-se difícil a separação
pansão de novas áreas, associado termos de sistemas de manejo, entre eles, uma vez que, superfi-
ainda ao aumento dos custos de principalmente quando conduzi- cialmente os teores de argila são
produção. Portanto, nos próximos dos com baixo nível tecnológico. similares.
50 anos, o setor agrícola deverá Na sua grande maioria, as princi-
gerar um volume de alimentos, pais classes de solos representan- Portanto, o termo aqui utilizado
fibras e derivados semelhante ao tes dessas áreas compreendem os “solos arenosos” contempla diver-
que foi produzido nos últimos 8 Latossolos com textura arenosa na sos perfis diferenciados em pro-
mil anos, independentemente da superfície e os Neossolos Quartza- fundidade. De qualquer maneira, o
variação do nível de consumo. rênicos. principal fator limitante à produção
De fato, este será um tremendo agrícola desses solos é a grande
desafio, para o qual seguramente O percentual dessas terras do Bra- suscetibilidade à erosão hídrica.
será necessária a incorporação de sil é grande (na ordem de 5,82%)
solos de textura mais arenosa no ou basicamente 50 milhões de hec- Por outro lado, os solos arenosos
processo produtivo para atender à tares. No Cerrado do Brasil Central são quimicamente mais fáceis e
grande demanda. ocupam praticamente 15 % da área baratos de serem recuperados; as
e, na região designada de Matopiba reações químicas se processam
Mas afinal, o que seriam esses so- (estados do Maranhão, Tocantins, com maior rapidez devido à baixa
los de textura mais arenosa e qual Piauí e Bahia) representam 11,05 % quantidade de cargas elétricas; e
sua distribuição no Brasil? do território. Esses solos são ainda as reações com o fósforo são ate-
disseminados em extensão variável nuadas, o que reduz o custo com
Basicamente, são terras profun- praticamente em todos os estados as adubações fosfatadas. A quan-
das, aproximadamente com 3,00 do Brasil, como no Rio Grande do tidade de água para se atingir a
m, podendo apresentar, no entan- Sul, Piauí, Alagoas, Amazonas, São saturação adequada é menor.
to, 15 ou mais metros de profundi- Paulo e Paraná, podendo apresen- Dessa forma, nos períodos secos
dade; com baixos teores de argila tar percentuais mais elevados dos ou de estiagem momentânea, as
(menor que 15 %); bem drenados; que foram aqui indicados. brotações de culturas perenes
localizados em relevo plano a sua- (pastagem) ou semiperenes (cana-
ve ondulado (0-8 %), raramente Entretanto, esses solos podem de-açúcar, eucalipto, seringueira,
em relevos mais acentuados (> 20 estar associados a outros, tam- etc.) são melhores. Como apresen-
%); de baixa retenção de umidade; bém arenosos, profundos e bem tam menor saturação por água, a
baixa fertilidade natural; elevado drenados, mas com teor de argi- maturação de frutas ou de outras
teor de alumínio que, na maioria la um pouco maior (15 % a 20 %), culturas atinge valores mais ele-
dos casos, tem seus valores au- ou ainda associados com solos de vados de açúcares e, em períodos
mentados em profundidade; bai- teores de argila variável em pro- chuvosos, a eficiência do plantio
xíssimo teor de matéria orgânica fundidade, arenoso na superfície ou da colheita é maior, e menor é a
e muito suscetíveis à erosão hí- (< 15% de argila) e mais argiloso compactação devido ao trafego de
drica. Essas características coloca em subsuperfície (15 a 25 % de máquinas. Em regiões de inverno
a maioria das áreas que apresen- argila). Isso ocorre em determina- úmido, permitem ainda o plantio
tam esses solos como marginais às das regiões, como no oeste de São sem irrigação.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 17


Níveis de manejo dos solos das pastagens cultivadas, responsá- ha. Quando se utiliza da prática de
EM FOCO

Entende-se como manejo de solos veis por mais de 55 % da produção integração associada a sistemas de
“toda atividade aplicada ao siste- nacional de carne, encontram-se manejo com preocupação com a
ma solo-planta-atmosfera com o em algum estádio de degradação, qualidade física e química dos so-
intuito de aumentar a produtivi- segundo diversos autores, particu- los, os aumentos de produtividade
dade agrícola tendendo para um larmente Macedo et al. (2009). são ainda maiores (2,0 UA/ha).
mínimo possível de degradação
ambiental”. Portanto, as práticas Entretanto, nesses últimos anos, Ou seja, apenas a adoção simples
de manejo para solos arenosos (Ta- há de se enaltecer os órgãos de da integração já possibilita ganhos
bela 2) dependem dos níveis tec- pesquisas, principalmente a Em- mesmo com baixo investimento
nológicos aplicados à cultura, que brapa e universidades, coopera- em insumos, uma vez que a média
também são funções dos conheci- tivas, empresários, produtores e nacional de ocupação está na faixa
mentos relacionados com as ati- demais envolvidos no processo de de 0,7 UA/ha.
vidades agrícolas, mercado, clima desenvolvimento de tecnologias
e investimentos empregados. Dos para o aumento de produtividade. Atualmente, os agricultores de to-
níveis muito baixo ao muito alto de Com muito trabalho e dedicação, das as regiões - particularmente de
manejo, aumenta o nível de conhe- os envolvidos conseguiram - e es- áreas com predominância de solos
cimento de tecnologia e de recur- tão conseguindo - a elevação da arenosos - têm que conviver com
sos que devem ser empregados. produtividade das terras arenosas, uma série de dilemas. De um lado,
decorrente do melhor conheci- o constante aumento nos custos de
As expansões verificadas em so- mento das suas características e do produção (incluindo os custos da
los arenosos de baixa fertilidade e quão delicadas são as atividades de terra ou do arrendamento) e, do
a implantação de pastagens num manejo dessas áreas. Ações como outro, a necessidade premente do
sistema de baixo nível de aplicação a adoção de sistemas como plantio aumento da produtividade. Nessa
de tecnologia fizeram com que a direto, integração lavoura-pecuá- condição, a busca pelo aumento
evolução da pecuária no Brasil so- ria, sistemas agroflorestais, bem puro e simples da produção, atrela-
fresse profundo impacto negativo como elevação do nível de manejo, do à expansão de áreas para o cul-
de produtividade. Houve, portanto, tanto para culturas isoladas como tivo, não se justifica por essas apre-
degradação de áreas de difícil recu- florestas e pecuária, estão sendo sentarem baixa produtividade. Tais
peração, não somente em solos are- desenvolvidos e implementados, expansões se justificam somente se
nosos, mas também naqueles com inclusive para aplicação em solos houver produtividade compatível e
maiores teores de argila. Tal degra- de textura mais fina. sustentável. Portanto, a escolha de
dação tornou-se um dos principais novas áreas agrícolas, mesmo que
sinais de baixa sustentabilidade Como exemplo, podemos desta- incluam terras arenosas, deverá
da pecuária nas diferentes regiões car os resultados obtidos no setor ocorrer com a adequada aptidão
brasileiras, para todas as classes pecuário. Áreas de integração de para agricultura sustentável. Caso
de solos atualmente ocupadas por pastagens com lavouras ou flores- contrário, poderemos estar privan-
essa atividade. No Brasil, dos 2,6 tas utilizando-se sistemas de baixo do as futuras gerações de um dos
milhões de quilômetros quadrados nível de manejo (pastoreio extensi- nossos maiores patrimônios.
ocupados por pastagens, cerca de 1 vo, sem correção de solo etc.), têm
milhão são de pastagens cultivadas apresentado ganhos de produtivi- Em relação ao nível mais elevado
(IBGE, 2016). No Brasil Central, 80 % dade de 0,5 Unidade Animal (UA)/ de manejo, por um lado já se veri-
ficam o grande emprego de capital
e de tecnologia e, por outro lado,
Tabela 2. Solos arenosos e principais níveis de manejo a menor importância relativa do fa-
Níveis de manejo Com irrigação
Aplicação de
Atividade
Nível de tor terra. Nesse caso, a capacidade
tecnologia degradação gerencial assume grande impor-
Muito baixo não rara pastagem muito alta tância para equilibrar e harmonizar
Baixo não muito pouca pastagem alta o emprego de todos os fatores de
pastagem + produção (capital, terra e mão de
Médio não pouca média
cultura obra). Além do mais, agricultor ne-
Alto semiplena média
pastagem +
baixa
nhum irá utilizar práticas de mane-
cultura jo se a relação custo/benefício lhe
Muito alto plena alta cultura muito baixa for desfavorável.

18 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


meio de sistemas de do Brasil, nos cultivos de tomate,

EM FOCO
manejo, de tentar ate- abacaxi e outras culturas no Brasil
nuá-las ou eliminá-las. central, ou ainda em cafezais na re-
Assim tem sido feito gião do oeste da Bahia.
na maioria dos casos,
não somente em so- A produtividade da cana-de-açú-
los mais argilosos, mas car em sistema de preparo redu-
também em arenosos. zido ou plantio direto tem sido
Com isso, o desenvol- maior em solos arenosos na região
vimento dos sistemas oeste de São Paulo. Considerando
indica que grande a média de cinco cortes no ano
parte dos desafios em agrícola 2016/17, enquanto nos
relação ao manejo solos arenosos obteve-se 84,1 t/
desses solos arenosos ha, com 11,3 ATR1/ha, em solos ar-
está sendo resolvida, gilosos verificou-se 79,2 t/ha, com
porém apenas em ní- 10,7 ATR/ha. No caso dessa cultu-
vel de manejo que se ra, que apresenta um sistema de
mostre compatível manejo calcado nas condições cli-
com as atividades agrí- máticas do ano agrícola, totalmen-
Figura 2. Erosão laminar/sulco em área de cana-de-açúcar colas, ou seja, de nível te diferente das culturas anuais e
na região de Inajá-PR após intensas precipitações (2018).
médio a muito alto. das perenes, a produtividade é
Caso contrário, os so- dependente do nível de manejo,
los podem degradar, tais como época de plantio e de
Apesar do tema aqui abordado como tem ocorrido no noroeste corte, manejo varietal, percentual
estar especificamente relaciona- do Paraná, onde os solos sob con- de irrigação com vinhaça ou com
do ao solo, é importante lembrar dições de mata nativa apresen- água ou sem irrigação (Tabela 4).
que, para manejar adequadamen- tam, em média, teores de carbo- Observa-se que a produtividade
te uma área, é necessário profundo no acima de 1,2 %, enquanto nas agrícola e, em consequência, o
conhecimento em relação aos so- áreas de pastagem, esse valor se ATR/ha desses exemplos indica
los, à cultura e, principalmente, às reduz para 0,8 % a 1 %, e nas áreas que, sem o sistema de irrigação,
condições climáticas (precipitação de plantio de cana-de-açúcar, não com água ou com vinhaça, a pro-
de chuvas no ano agrícola, balan- ultrapassam 0,5 % (às vezes com dutividade agrícola tende a ficar
ço hídrico, veranicos, período seco, teores menores do que aqueles na faixa de 63,5 t/ha - considerada
geadas etc.). encontrados nos horizontes B de baixa quando comparada com as
solos argilosos). 77 t/ha nesse mesmo ano agríco-
Como exemplo, tem-se a região la na safra 2017/18 para a região
de Campo Verde, no Mato Grosso, Níveis elevados de manejo nos so- Centro-Sul.
onde a produtividade em sistema los arenosos, inclusive com irriga-
lavoura-pecuária, inclusive em solo ção via gotejo ou pivô, têm propor- ATR = açúcar total recuperável, estimativa
1

arenoso, tem se desenvolvido mui- cionado produtividades elevadas. que representa a qualidade da cana-de-açú-
car para a agroindústria, sendo utilizada no
to bem. Disto resulta que os pecua- Esta situação tem sido observada cálculo do pagamento do produto entregue
ristas e produtores de grãos estão na fruticultura na região semiárida na usina pelo agricultor.
entusiasmados com a produtivida-
de e com o sistema empregado. No
entanto, o clima da região ainda Tabela 3. Produção de grãos de soja e milho em solos de textura arenosa nas safras
tem sido fator limitante, como se 2012/13 e 13/14 na região de Campo Verde (MT)
observa na Tabela 3. Teor de argila Safra Cultura t/ha de grãos Observações
Estiagem e
< 15 % 2012/13 Soja 1,05
Desafios em relação ao manejo nematoides
dos solos arenosos < 15 % 2012/14 Soja 2,88 Sem estiagem
O desenvolvimento do conheci- < 15 2012/14 Soja 3,48 Sem estiagem
mento de solos implica basica- 10 a 20 % 2012/14 Soja 1,37 a 3,30 18 dias veranico
mente no reconhecimento de suas 10 a 20 % 2012/14 Soja e milho 3,48 a 7,32 Sem estiagem
limitações e na possibilidade, por Fonte: Donagemma et al. (2016) modificado.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 19


Tabela 4 Produtividade solos arenosos em cana de açúcar (média de cinco cortes) em diversas regiões do país com e sem irrigação
EM FOCO

Produtividade Acréscimo de produtividade pela irrigação


Período climático (t/ha) (t/ha)
Região
maio a setembro
Sem irrigação Com irrigação Convencional Plena
Oeste São Paulo Seco e Quente 68 105 (gotejo) 37
Sudoeste São Paulo Úmido e Frio 65 72 (convencional) 7
Centro São Paulo Seco e Frio 72 78 (convencional) 6
Goiás Seco e Quente 62 95 (pivô) 45
Noroeste Paraná Úmido e Frio 60 72 (convencional) 12
Guadalupe Piauí Semiárido e Quente 55 190 (gotejo) 135
Mato Grosso do Sul Úmido e Frio 64 72 (convencional) 8
Minas Gerais Seco e Quente 72 105 (pivô) 33
Média 63,5 79,8 8 62,5
Fonte: Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Dados da safra 2017/18 e dados pessoais.
Irrigação com vinhaça em 30% da área e com água em 20%, exceto Guadalupe/PI.
Período climático: outubro a abril chuvoso, maio a setembro seco ou úmido. Irrigação convencional: auto propelido somente para brotar cana.
Irrigação com vinhaça, colocar acréscimo de 6 t/ha.

De acordo com a Tabela 4, obser- De qualquer maneira, o aumento blocos de colheita), o que tem pro-
va-se que irrigação com água seria da tonelagem de cana para viabili- piciado aumento significativo de
viável somente em regiões secas e zar o sistema de manejo com irriga- erosão e, muitas vezes, inviabili-
quentes e no período de maio a se- ção plena ou semiplena deve estar zando o projeto, numa direção to-
tembro, enquanto que, em regiões acima de 20 ou 25 t/ha de acrés- talmente contrária à limitação do
de período frio, tanto seco como cimo em relação à produtividade solo. Infelizmente, perdas de terra
úmido, produtividade é baixa, mes- sem irrigação. por erosão, anteriormente na faixa
mo com irrigação. Nesse caso, o que de 12 t/ha/ano, já estão na faixa de
poderia ser feito? Novamente, veri- Um alerta se faz importante: na 25 t/ha/ano.
ficar as limitações da região e ate- tentativa de se aumentar a eficiên-
nuá-las com práticas de manejo. cia do corte mecanizado e do trans- Dada a grande fragilidade dos solos
porte (responsável por 35 % a 40 arenosos em relação aos processos
Portanto, o sistema de irrigação em % do custo da tonelada de cana), erosivos, é imprescindível que tais
cana-de-açúcar não implica eleva- muitas usinas têm-se utilizado de solos devam estar sempre prote-
das produtividades, a não ser em sistemas empíricos de conservação gidos por práticas de conservação
períodos climaticamente aceitáveis do solo (como remoção de terra- do solo e, principalmente, cobertos
como indicado. Em Guadalupe, no ços, aumento da distância vertical com culturas ou com a palhada, ou
Piauí, onde a temperatura média (tiro longo), sulcação reta, grandes ainda por ambos.
está acima de 28°C e com irrigação
de gotejo em solos leves, a produ-
tividade média de dois cortes está
na faixa de 190 t/ha, com 25,1 ATR/
ha, contra 10,8 de ATR/ha do esta-
do de São Paulo, de acordo com
dados de 2016 do Centro de Tecno-
logia Canavieira (CTC). Em área ex-
perimental da Usina Gasa – Andra-
dina (SP), a produtividade agrícola
com gotejo encontra-se na faixa de
130 t/ha com quatro cortes e com
16,7 ATR/ha. Isso indica, portanto,
que o aumento da produtividade
com elevado nível de tecnologia
depende, seguramente, das con- Figura 3. Preparo de solo para plantio de cana-de
dições climáticas, como tem sido -açúcar na região de Maringá-PR (2018).
enfatizado.

20 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


Considerações finais em profundidade, possibilitando mente no caso dos solos arenosos

EM FOCO
Historicamente, os solos mais are- a diminuição da contaminação de e coesos da Formação Barreiras,
nosos foram severamente conde- lençol freático (sulfatos, nitratos, principalmente no Nordeste do
nados à exploração restrita às pas- cloretos e micronutriente), assim país, são ainda necessárias opções
tagens em baixo nível de manejo. como de sistemas de proteção de de manejo visado romper as res-
Com a escassez de áreas disponíveis fertilizantes em relação às reações trições físicas ao desenvolvimento
de solos com teores de argila supe- com o solo. radicular devido ao bloqueamento
rior a 20 % e com crescente deman- de poros.
da mundial de alimentos, esses so- Outra demanda para esses solos é
los passaram a ser incorporados nos quanto ao uso do gesso como op- Bibliografia consultada
sistemas de produção também de ção de manejo para melhorar qui- Centro de Tecnologia Canavieira
grãos. Atualmente, o território ocu- micamente a subsuperfície, uma (CTC). Relatório de fechamen-
pado por eles é considerado a nova vez que a maioria das fórmulas to de safra. Piracicaba, SP. Dez.
fronteira agrícola do Brasil, porém para aplicação são empíricas. Por- 2017.
sendo sustentável apenas em níveis tanto, o uso indiscriminado pode INSTITUTO BRASILEIRO DE GEO-
adequados de manejo, qual sejam, acarretar no empobrecimento de GRAFIA E ESTATISTICA (IBGE).
de médio a muito alto. outros nutrientes, como o magné- Mudanças na cobertura e uso
sio, como já está ocorrendo. da terra do Brasil: 2000 – 2010
Entretanto e, como todo sistema – 2012 – 2014. Rio de Janeiro.
agrícola, os solos arenosos ainda O desenvolvimento de material ge- 2016.
carecem de mais conhecimen- nético, com modificações ou não, MACEDO, M.C.M. Integração la-
tos para o seu adequado manejo. mais tolerantes à seca, ao elevado voura e pecuária: o estudo da
Como solos quimicamente pH de- teor de alumínio trocável em pro- arte e inovações tecnológicas.
pendentes, semelhante aos solos fundidade, a baixa demanda de Revista Brasileira de Zootecnia,
mais argilosos, a quantidade de nu- umidade, a resistências a maioria v.38. p.133-146, 2009.
trientes, corretivos, água pode ser de pragas e doenças podem ser
similar, porém sendo requeridas alternativas para se buscar incre-
aplicações em menor quantidade mentar o potencial produtivo dos José Luiz Ioriatti Dematte é professor
solos arenosos. Igualmente são re- do Departamento de Ciência do Solo da
e mais frequentes, algo ainda não
Esalq.
bem estabelecido. Da mesma for- queridos investimentos no desen- Marcos Rafael Nanni é professor Titu-
ma, é necessário o desenvolvimen- volvimento de práticas mecânicas lar do Departamento de Agronomia da
to de sistemas que visem a redu- e agronômicas de proteção desses UEM.
ção da translocação de nutrientes solos contra a erosão. E, especifica-

Figura 4. Área de preparo convencional


para plantio de cana-de-açúcar na região
de Piracicaba-SP (2017).

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 21


EM FOCO

Indicadores de qualidade
biológica para manejo
sustentável de solos arenosos
Iêda de Carvalho Mendes
Djalma Martinhão Gomes de Sousa
Fábio Bueno dos Reis Junior
André Alves de Castro Lopes

O s baixos teores de argila e


de matéria orgânica dos
solos arenosos conferem a
eles um caráter peculiar, de ele-
vada fragilidade e alta suscetibili-
produtivos. Contudo, utilizando
práticas adequadas de manejo,
é comum a obtenção de produ-
tividades semelhantes ou até
maiores em solos de Cerrado de
Solo saudável é aquele capaz de
fornecer importantes serviços ecos-
sistêmicos, tais como a capacidade
de produção biológica (produção de
grãos, carne, madeira, agroenergia,
dade à degradação por processos textura média e arenosa compa- fibras, etc.), a promoção da saúde
de diferentes naturezas. Nos am- rativamente aos de textura argi- das pessoas, plantas e animais (so-
bientes tropicais, a combinação losa (Santos et al., 2008). Nesse los saudáveis, ambientes saudáveis)
da ocorrência frequente de chu- contexto, os estudos de qualida- e a preservação da qualidade am-
vas potencialmente erosivas com de biológica dos solos arenosos biental (armazenando e filtrando
a elevada erodibilidade dos solos tropicais constituem um tema água, sequestrando carbono, etc.).
faz com que a erosão se constitua fascinante, cujo conhecimento Um aspecto importante desse con-
numa das principais ameaças à ainda é incipiente, mas, que está ceito é que a saúde do solo vai além
sustentabilidade nesses sistemas avançando. da produção de grãos, carne, ma-

22 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


deira, agroenergia e fibras. É pos- tomadas de decisão com relação ao na MOS é relativamente pequena,

EM FOCO
sível ter elevadas produtividades manejo do solo na propriedade agrí- variando de 1% a 5% do carbono
num solo de baixa qualidade, mas cola. Entre os parâmetros utilizados orgânico no solo (COS).
relacionadas com as entradas de para caracterizar o componente bio-
adubos e pesticidas, uma condição lógico dos solos e avaliar a sua saú- A atividade enzimática do solo é o
que não é sustentável a longo prazo. de/qualidade, destacam-se as ava- somatório das atividades das enzi-
liações de biomassa microbiana e de mas produzidas por plantas, macro
O funcionamento de um solo é de- atividade enzimática. e microrganismos. Além de partici-
terminado pela interação entre as parem das reações metabólicas in-
propriedades físicas, químicas e A biomassa microbiana do solo tracelulares que ocorrem nos seres
biológicas. Contudo, a maquinaria expressa a massa (mg) dos micror- vivos, no solo, as enzimas extracelu-
biológica é o componente que movi- ganismos no solo em termos de C, lares também desempenham papel
menta essa complexa engrenagem. N, e/ou P por quilograma de solo. fundamental, atuando em várias rea-
Por constituírem a parte viva e mais É a parte viva e mais ativa da ma- ções que resultam na decomposição
ativa da matéria orgânica do solo, é téria orgânica do solo (MOS), sen- de resíduos orgânicos (ligninases, ce-
possível utilizar alguns indicadores do constituída principalmente por lulases, proteases, glucosidases, ga-
biológicos (aqui, denominados bioin- fungos, bactérias e actinomicetos. lactosidases), ciclagem de nutrientes
dicadores) para avaliar o seu biofun- Apesar da sua importância, a par- (fosfatases, amidases, urease, sulfa-
cionamento e, dessa forma, embasar ticipação dos componentes vivos tase) e formação da MOS.

A maior vantagem dos bioindicadores


é que eles são mais sensíveis às prá-
ticas de manejo do que indicadores
químicos e físicos, detectando com
maior antecedência as alterações
que ocorrem no solo. No Brasil, a per-
cepção da necessidade da inclusão
dos indicadores microbiológicos nas
avaliações de solo coincidiu com ado-
ção de sistemas conservacionistas de
manejo, como o sistema de plantio
direto (SPD), a integração lavoura
pecuária (ILP) e a integração lavoura
pecuária floresta (ILPF). Ao longo dos
últimos 20 anos, um grande número
de dados de pesquisa e de relatos de
produtores demonstravam que nem
sempre as alterações nas proprieda-
des químicas e físicas, em particular
nos teores de MOS, eram capazes de
identificar as modificações que ocor-
riam no solo em função da adoção
desses manejos conservacionistas.

Bioindicadores para acessar a me-


mória do solo
Embora oriundos de um Latossolo
Vermelho argiloso, os dados das
Tabelas 1 e 2 (Mendes et al., 2017)

Aspecto do solo e do sistema radicular da bra-


quiária nas áreas cultivadas com essa gramínea
na Fazenda Ribeirão 2, Itiquira (MT). Fotos:
João Batista Almeida

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 23


Tabela 1. Produção de grãos de soja e milho em solos de arenosa nas safras 2012/13 e 13/14 na região de Campo Verde (MT)
EM FOCO

Grãos MOS pH H+Al Ca Mg P K


Tratamento
sc.ha-1 g kg-1 H2O cmolc dm-3 mg.dm-3
Soja/pousio 29 28,2 6,3 3,0 3,8 2,2 15 131
Soja/braquiá-
59 42,3 6,4 2,5 4,4 3,1 16 151
ria
MOS – matéria orgânica do solo (Walkley & Black); H+Al (acetato de cálcio a pH 7,0); Ca, Mg e Al (KCl 1 mol L ), P e K extrator de Mehlich.
-1

ilustram a importância dos indica- semelhantes, não justificando as di- zes e palhada proveniente do uso
dores de qualidade biológica para ferenças observadas no rendimento da braquiária e seus benefícios ao
o manejo sustentável do solo. Tra- de grãos (Tabela 2). A única exceção longo do tempo. Já no tratamento
ta-se de um experimento de rota- era a MOS, cujo teor no tratamen- soja/pousio, a ausência de palhada
ção de culturas na soja, conduzido to com braquiária foi 1,5 vez maior na superfície culminou em visível
desde 2008 pela Fundaçao MT, na que no tratamento soja/pousio, ou perda da resiliência e do potencial
estação experimental Cachoeira seja, 50% a mais de MOS devido à produtivo da soja sob condição
(Itiquira, MT). Neste experimento presença dessa planta de cobertura. de estresse hídrico. Esses dados
são avaliados oito sistemas de cul- também demostram que, por ser
tivos/produção de soja, incluindo Na avaliação do funcionamento bio- biologicamente mais ativo, o solo
monocultivo, sucessão e rotação de lógico do solo nos dois tratamentos sob braquiária foi mais tamponan-
culturas. Cinco anos após o estabe- (soja/pousio e soja/braquiária, am- te, estável e resiliente, suportando
lecimento do experimento, não era bos em SPD), verifica-se que, em melhor uma situação de estresse
possível identificar diferenças sig- relação ao do monocultivo de soja, quando comparado àquele com a
nificativas nas produtividades de o tratamento soja/braquiária apre- utilização de soja e pousio no siste-
grãos entre os vários tratamentos. sentou 3,0 vezes mais carbono da ma de produção.
Nesses cinco anos, a produtivida- biomassa microbiana (CBM) e 4,0,
de média do pior tratamento, em 8,0 e 1,7 vezes mais atividades de β- A semelhança entre as característi-
termos de manejo (monocultivo de glicosidase, arilsulfatase e fosfatase cas químicas do solo nos tratamen-
soja sob preparo convencional do ácida, respectivamente (Tabela 2). tos soja/pousio e soja/braquiária
solo) era de 61 sacas por hectare Assim, embora as duas áreas apre- mostra a insuficiência do conceito
(sc ha-1) e não diferia dos demais sentassem características químicas mineralista de fertilidade de solo
tratamentos (em média 62 sc ha-1). semelhantes, o componente bioló- (baseado apenas nos teores abso-
gico era completamente distinto. O lutos dos nutrientes). A semelhança
No entanto, na sétima safra de cul- solo biologicamente mais ativo, por evidencia também a importância
tivo (2014/2015), com a semeadura meio da inserção da braquiária no dos indicadores de qualidade bio-
de uma cultivar de soja superpre- sistema de produção, foi também o lógica para avaliar a saúde do solo.
coce, a ocorrência de um veranico mais produtivo. É importante ressaltar que o maior
em janeiro/2015 possibilitou evi- teor de MOS e o melhor funciona-
denciar, pela primeira vez, o início No caso em questão, a estabilidade mento biológico do solo no trata-
do declínio dos tratamentos com produtiva do sistema soja/braquiá- mento soja/braquiária devem refle-
monocultivo de soja. Por exemplo, ria foi mantida pelo aporte de raí- tir também em melhores condições
no tratamento soja/pousio sob
SPD, a produtividade de grãos foi
de 29 sc ha-1, enquanto que no tra- Tabela 2. Biomassa e atividade enzimática do solo na camada de 0 a 10 cm nos trata-
mentos soja/pousio e soja/braquiária sob plantio direto do experimento de rotação de
tamento soja/braquiária sob SPD a culturas com soja, em Itiquira – MT (safra 2015/2016)
produtividade de grãos foi de 59 sc
Atributos
ha-1; ou seja, diferença de 30 sc ha-1 microbiológicos1
Soja/pousio Soja/braquiária Diferença
entre os dois tratamentos. CBM 131 410 3,0 vezes
β-Glicosidase 64 233 4,0 vezes
Entretanto, apesar da diferença
Arilsulfatase 28 223 8,0 vezes
significativa na produtividade de
grãos, as características químicas Fosfatase ácida 589 1005 1,7 vezes
do solo nos dois tratamentos (ca-
1
Valores de CBM (carbono da biomassa microbiana) expressos em mg de C/kg de solo; valores
de atividade de β-glicosidase, fosfatase ácida e arilsulfatase expressos em mg de p-nitrofenol
mada de 0-10 cm) eram bastante kg de solo-1 h-1

24 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


físicas do solo nesse tratamento. um Neossolo Quartzarênico, na Fa- teores de argila e MOS, mais redu-

EM FOCO
Amplia, assim, a disponibilidade de zenda Xanxerê, localizada no Oeste zida é a atividade biológica do solo.
água e o volume de solo explorado do estado da Bahia. Embora os dife-
pelas raízes, condição fundamental rentes talhões da propriedade apre- A questão da métrica diferencia-
para as culturas em situações de sentassem teores semelhantes de da dos solos arenosos também é
estresse hídrico. Também fica claro, MOS (em média 6 g kg-1), o talhão ilustrada na Figura 2, na qual são
nesse exemplo, que o solo guarda onde o milho era consorciado com comparados dados de atividade
em sua “memória” o tipo de ma- a braquiária em SPD apresentou o enzimática de solos argilosos e
nejo ao qual ele é submetido e que dobro de atividade da β-glicosidase arenosos sob cafezais (camada de
esse processo está relacionado ao que aquele sob preparo convencio- 0-10cm), com e sem braquiária
seu componente biológico. nal (PC). Todos os talhões sob SPD na entrelinha de cultivo. Nos dois
também apresentaram, em média, tipos de solo, verificou-se o efeito
A atividade enzimática é uma das o dobro de atividade da arilsulfatase benéfico da braquiária aumentan-
vias de formação da memória do que o talhão sob SPC. do a atividade enzimática do solo.
solo, por ser o somatório da ativida- Entretanto, as atividades das en-
de de enzimas associadas aos orga- A Figura 1 chama atenção pela bai- zimas β-glicosidase e arilsulfatase
nismos vivos (plantas, microrganis- xa atividade enzimática dos solos foram, respectivamente, duas e
mos e animais) e ao componente arenosos, consequência direta dos quatro vezes maiores no Latosso-
abiôntico (enzimas associadas à baixos teores de MOS e de argila. lo Vermelho argiloso (Planaltina,
fração não viva que se acumulam Conforme discutido anteriormen- DF; 60% de argila, MOS 25 g kg-1)
no solo, protegidas da ação de pro- te, a capacidade de um determina- do que no Neossolo Quartzarêni-
teases por meio de sua adsorção do solo estabilizar e proteger enzi- co (Luís Eduardo Magalhães - LEM,
em partículas de argila e na maté- mas do componente abiôntico está BA; 14% de argila, MOS 8 g kg-1).
ria orgânica). A capacidade do solo relacionada à sua textura e à sua
de estabilizar e proteger enzimas capacidade de armazenar e esta- Contudo, baixos níveis de ativida-
está relacionada à sua capacidade bilizar a MOS. Quanto menores os de biológica não constituem regra
de armazenar e estabilizar a MOS e
outras propriedades estruturais as-
sociadas (agregação e porosidade),
que são de difícil detecção num
curto período de tempo, diferente-
mente da atividade enzimática. O
acúmulo de atividade abiôntica no
solo, ao longo do tempo, faz com
que a atividade enzimática funcio-
ne como uma verdadeira impres-
são digital dos sistemas de mane-
jo aos quais o solo foi submetido, Figura 1. Atividade enzimática (mg de p-nitrofenol kg de solo-1 h-1) de um Neossolo Quartzarênico
permitindo, dessa forma, acessar (0-10 cm) sob diferentes sistemas de manejo na Fazenda Xanxerê (Correntina, BA). Teores médios de
MOS de 6 g kg-1
a “memória do solo”. A partição
entre os componentes bióticos e
abiônticos varia em função do tipo
de enzima. Isso fica claro no exem-
plo mostrado na Tabela 2, na qual a
β-glicosidase e arilsulfatase foram
mais sensíveis aos efeitos dos tra-
tamentos do que a fosfatase ácida.

Bioindicadores em solos arenosos


Da mesma forma que os solos ar-
gilosos, os solos arenosos também
guardam a memória do manejo do Figura 2. Atividade das enzimas β-glicosidase e arilsulfatase, em cafezais com e sem braquiária (ca-
solo. A Figura 1 apresenta dados de mada de 0-10 cm) localizados em um Latossolo Vermelho (60% de argila, MOS 25 g kg-1) – Planaltina
e, num Neossolo Quartzarênico do Oeste Baiano – LEM (14% de argila, MOS 8 g kg-1)
atividade enzimática obtidos em

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 25


para os solos arenosos. Quando
EM FOCO

manejados adequadamente, uti-


lizando gramíneas no sistema de
produção para garantir elevado
aporte de biomassa, solos areno-
sos com teores de matéria orgânica
na camada de 0-10 cm, superiores
a 15 g kg-1, podem apresentar ní-
veis de atividade biológica compa-
ráveis aos de Latossolos argilosos.

A Tabela 3 mostra dados obtidos


em três talhões da Fazenda Ribei-
rão 2 (Itiquira, MT), com teores de
argila no solo variando de 15% a
18%. Após 10 anos do uso de bra-
quiária nos sistemas de produção
da fazenda, os níveis de atividade
das enzimas β-glicosidase e arilsul-
fatase, na profundidade 0-10 cm,
se encaixaram na faixa moderada
da tabela de interpretação para
Latossolos argilosos sob SPD (Lo-
pes et al., 2018). Nesses talhões, os
níveis de produtividade da soja na
safra 2016/2017 foram superiores
a 48 sacas/ha, atingindo 82 sacas/
ha no talhão 3.

A comparação dos dados dos solos


de textura leve do Oeste baiano
(transição do bioma Cerrado para a
Caatinga) com aqueles obtidos em
Itiquira (MT) mostra a importância
de, em um país com as dimensões
continentais do Brasil, utilizar os
critérios listados por Donagema et
al. (2016), que diferenciam os solos
de textura leve: teor e mineralogia
da fração argila; teores de areia
grossa e areia total, em relação aos
teores de areia fina; diâmetro mé-
dio da fração de areia e capacidade Figura 3. Solo arenoso na região da Serra da Petrovina, MT. Foto: Ieda Mendes
de retenção de água. Esses dados
também demonstram que, em re- Tabela 3. Teor de argila, rendimento de grãos, MOS e atividade enzimática (0-10 cm) da
lação ao funcionamento biológico Fazenda Ribeirão 2 (Itiquira, MT)
do solo, aspectos, como distribui- Grãos β-glicosidase Sulfatase MOS
Talhão Argila (%)
ção de chuvas e a temperatura, (sc ha-1) mg de p-nitrofenol kg de solo-1 h-1 g kg-1
também precisam ser levados em T3 16 82 128 65 19,8
consideração, uma vez que inter- T8A 18 48 105 99 20,9
ferem na qualidade e quantidade
T8B 15 75 111 66 19,9
dos resíduos vegetais retornados
ao solo, influenciando no seu fun- 1
Classes de intepretação para Latossolos argilosos sob SPD (Lopes et al. 2018): β-glicosidase:
baixa <90, moderada 90-225, adequada>225; Sulfatase: baixa <26, moderada 26-145, adequa-
cionamento biológico. da>145.

26 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


EM FOCO
Figura 4. Fardos de braquiária em solos arenosos (Serra da Petrovina, MT ) cultivados com essa gramínea. Fotos: Ieda Mendes.

Conforme afirmado no início do ar- solos que ocupam em torno de Pesquisa Agropecuária Brasilei-
tigo, todas essas observações tor- 40 milhões de ha dessa região, já ra (Online), v. 51, p. 1003-1020,
nam o estudo e a compreensão do dispomos de três tabelas de inter- 2016.
funcionamento biológico dos solos pretação, duas das quais específi- LOPES, A.A.C., SOUSA, D.M.G., REIS
tropicais arenosos um assunto ver- cas para áreas sob SPC e SPD, com JUNIOR, F.B., FIGUEIREDO, C.C.,
dadeiramente fascinante. Embora amostras de solo coletadas na fase MALAQUIAS, J.V., SOUZA, L.M.;
uma linha tênue separe esses so- de floração (Lopes et al., 2018). MENDES, I.C. Temporal variation
los de um processo de desertifica- and critical limits of microbial
ção, em função da perda de maté- Para facilitar a adoção das análises indicators in Oxisols in the Cer-
ria orgânica, a adoção de práticas de indicadores biológicos (bio-a- rado, Brazil. Geoderma Reg., 12,
sustentáveis de manejo reforça a nálise de solo) pelos agricultores e 72-82, 2018.
quebra de mais um paradigma na laboratórios comerciais, a terceira MENDES, I.C; SOUSA, D.M.G.; REIS
agricultura tropical: o de que, para tabela utiliza o conceito FERTBIO JUNIOR, F.B., KAPPES, C.; ONO, F.
uma terra ser “produtiva” e biolo- de amostragem de solo (Mendes B.; SEMLER, T. D.; ZANCANARO,
gicamente ativa o solo precisa ser et al., 2018, submetido). Esse con- L.; LOPES, A.A.C. Qualidade bio-
de textura argilosa. ceito propõe a unificação da época lógica do solo: por que e como
de amostragem de solo para fertili- avaliar. Boletim de Pesquisa da
Bioindicadores em solos arenosos: dade química (FERT) e microbioló- Fundação MT. Rondonópolis:
Desafios gica (BIO), ambas realizadas na fase Fundação MT, v. 1, p. 98-105.
A adoção de práticas sustentáveis de pós-colheita. Também propõe a 2017.
de manejo de solo, que privilegiem unificação dos procedimentos de SANTOS, F. C.; NOVAIS, R.F.; LIMA,
o aporte de biomassa vegetal ao pré-tratamento das amostras de J.; FOLONI, J.M; ALBUQUERQUE
solo, é fundamental para o sucesso solo (com secagem do solo ao ar e FILHO, M.R.; KER, J.C. Produtivi-
do desenvolvimento agropecuá- peneiramento em malha de 2mm). dade e aspectos nutricionais de
rio nos solos de textura leve. Os Para os Latossolos argilosos, a Ta- plantas de soja cultivadas em
poucos dados apresentados neste bela FERTBIO de interpretação dos solos de Cerrado com diferentes
artigo evidenciam a importância bioindicadores resulta em expres- texturas. Revista Brasileira de
do uso de bioindicadores como su- siva redução dos níveis críticos. O Ciência do Solo, v. 32, p. 2015-
porte para tomadas de decisões de impacto da mudança na época de 2025, 2008.
manejo nos solos tropicais. amostragem, aliado à secagem das
amostras de solo, também está
Iêda de Carvalho Mendes, Djalma Mar-
Para suprir a lacuna que a ausên- sendo avaliado nos solos arenosos, tinhão Gomes de Sousa e Fábio Bueno
cia do componente biológico re- cujos níveis de atividade biológica dos Reis Junior são pesquisadores da
presenta nas atuais análises de so- já são naturalmente baixos. Embrapa Cerrados. E-mails: ieda.men-
los realizadas no Brasil, pesquisas des@embrapa.br, djalma.sousa@em-
brapa.br, fabio.reis@embrapa.br
visando à elaboração de tabelas Referências
de interpretação para os bioindi- DONAGEMMA, G. K.; et al., Charac- André Alves de Castro Lopes é douto-
cadores nos solos de textura leve terization, agricultural potential, rando na Universidade de Brasília (UNB).
já estão em andamento. Para os and perspectives for the mana- E-mail: andrealvesagronomo@yahoo.
com.br
Latossolos argilosos de Cerrado, gement of light soils in Brazil.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 27


EM FOCO

Manejo físico e hídrico em


pastagens para solos da
formação do Arenito Caiuá
Jonez Fidalski
Cássio Antonio Tormena
Celso Helbel Junior

O Arenito Caiuá na região No-


roeste do Paraná ocupa cerca
de três milhões de hectares.
Está localizado no Terceiro Planalto
paranaense, sobre o basalto da For-
o uso intensivo de lavouras cafeei-
ras e de algodão, que foram subs-
tituídas pelas pastagens, as quais
atualmente ocupam cerca de 70 %,
com espécies adaptadas aos solos
Arenito Caiuá, paralelamente ao de-
senvolvimento do sistema plantio di-
reto em solos argilosos paranaenses,
era o desconhecimento dos atributos
físicos em horizontes A de textura
mação Serra Geral, limitados entre de baixa fertilidade. Quando de- arenosa (< 150 g kg-1 de argila) sob
os municípios de Porecatu, Marin- gradadas, elas exigem sucessivas horizonte B de textura média (150-
gá, Cianorte, Umuarama e Guaíra, e reformas, acentuando o processo 350 g kg-1 de argila), para Latossolos e
os rios Paranapanena e Paraná, ad- de degradação física desses solos e Argissolos Vermelhos distróficos que
jacentes aos estados de São Paulo e perdas de água pela erosão. ocorrem no Noroeste do Paraná.
Mato Grosso do Sul.
Uma das maiores limitações enfren- Manejo físico do solo
O Noroeste do Paraná passou por tadas nas décadas de 1980/1990 para Os resultados de pesquisa obtidos
um processo de colonização com o manejo físico e hídrico de solos do para a região do Arenito Caiuá en-

Área de pastagem destinada ao cultivo de mandioca por meio do prepa-


ro convencional do solo numa pendente com Latossolo (terço superior),
Argissolo (terço médio) e Neossolo (terço inferior) da formação arenito
Caiuá, no noroeste do Paraná. Autor da foto: Jonez Fidalski

28 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


tre 1990-2010 não foram adotados de pesquisas para a implantação vada a sua eficiência nesses solos,

EM FOCO
pela maioria dos agropecuaristas. de pomares de laranja em áreas seja em experimento com a reapli-
As opções indicadas pela pesquisa de pastagens, obtidos nessa região cação anual de calcário ou com do-
incluiam: a reforma de pastagens, em experimentos de manejo de ses crescentes desse corretivo.
com a sucessão de culturas tempo- solo, conduzidos pelo Iapar, desde
rárias de verão (algodão e milho) e 1993. Os resultados desses expe- Paralelamente, os resultados das
inverno (aveia preta e tremoço) por rimentos permitiram inferir que o avaliações do experimento de inte-
dois anos; e a integração lavoura e uso dos solos pode ser realizado gração lavoura e pecuária possibili-
pecuária, com a sucessão de soja sem o seu revolvimento, ou par- taram concluir que houve melhoria
na primavera e verão e aveia preta cialmente nas faixas de 2 m de lar- da qualidade física de Latossolo
no outono e inverno. Devido a isso, gura destinadas ao plantio das mu- Vermelho distrófico típico, com tex-
as reformas das pastagens degra- das de laranjeiras, mantendo-se as tura arenosa na camada superficial
dadas prosseguiram com o cultivo entrelinhas com gramíneas e sem a 20 cm de profundidade, entre o
de mandioca de um e dois ciclos, o revolvimento do solo. Tais proce- terceiro e quinto ano de experi-
respectivamente, com duração de dimentos não comprometeram as mentação, respectivamente, para
um ano e um ano e meio. Ressal- qualidades física e hídrica do solo, as alturas de pastejo de 23 e 27
ta-se que a elevada mobilização e tampouco a fertilidade, a nutrição cm de braquiária Ruziziensis e Bri-
exposição do solo no sistema de e a produtividade de frutos das la- zantha (Figura 1). Essas pastagens
produção de mandioca, com pre- ranjeiras, além de serem efetivos mantiveram carga animal de 1000
paro convencional, acentuou a de- para o controle da erosão. kg de peso vivo por hectare, sob
gradação do solo, em função das pastejo contínuo, durante o inver-
perdas de carbono orgânico e das Uma das linhas básicas de condu- no. A melhoria da qualidade física
elevadas taxas de erosão. ção desse projeto de sistema de do solo foi expressa pela maior am-
integração lavoura e pecuária foi a plitude do intervalo hídrico ótimo
A utilização de pastagens do gê- implantação, sem revolver o solo, (IHO), após o terceiro período de
nero Brachiaria, especialmente a para a semeadura da soja em área pastejo de braquiária Ruziziensis.
partir de 2010, quando foi cultiva- de pastagem degradada, restrito às Além disso, pelo teor de carbono
da em substituição à aveia-preta, correções localizadas no sistema orgânico total e densidade do solo
contribuiu para a retomada expe- de terraceamento em nível. Houve sob braquiária Ruziziensis e Brizan-
rimental de sistemas de integração também adequações pontuais de tha, respectivamente, após quarto
lavoura e pecuária. Trouxe, assim, sistematização do terreno e ero- ao quinto, e sexto períodos de pas-
contribuições para o desenvol- sões, complementada à calagem tejo. Outros indicadores compro-
vimento de sistemas conserva- superficial, após ter sido compro- vam a melhoria da qualidade do
cionistas, com maior cobertura e
disponibilidade de palhada sobre
a superfície de solos com textura
arenosa. Uma das principais con- . Plantio direto de mandioca na região
de Paranavai-PR. Foto: Jonez Fidalski.
tribuições de integração lavoura
e pecuária para a região Noroeste
paranaense está sendo avaliada na
Estação Experimental de Xambrê,
do Instituto Agronômico do Para-
ná (Iapar). Nesses experimentos é
feita a avaliação, desde 2010, da
sucessão da cultura da soja e bra-
quiária; com pastejo contínuo da
braquiária no inverno, mantendo
alturas de pastejo de 10, 20, 30 e
40 cm, por meio de controle da car-
ga animal em função da produção
de forragem.

O manejo do solo para esse expe-


rimento se baseou nos resultados

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 29


ção de água em solo com maior
EM FOCO

proporção de areia da fração fina


(Formação Paranavaí), em detri-
mento de maior proporção da
fração de areia grossa (Formação
Caiuá), como pode ser observado
na Figura 2A. Este comportamen-
to decorre de uma frequência de
maiores diâmetros de poros em
solos da formação Caiuá, que
proporciona menor retenção de
água nesses solos (Figura 2B). Em
escala menor, com o aumento do
declive do terreno (terço inferior

Figura 1. Intervalo hídrico ótimo (IHO) em função da densidade do solo (Ds), para os limites críti-
cos de (θCC = 100 hPa), (θPMP = 15000 hPa), (θRP = 2 MPa) e (θPA = 0,10 dm3 dm‑3), nas camadas de
0-0,1 e 0,1-0,2 m de profundidade, após períodos anuais de pastejo contínuo no outono-inverno
com braquiárias (Urochloa ruziziensis e U. brizantha). Fonte: Fidalski (2017)

solo. Paralelamente, outros indica- disponibilidades de palhada na


dores avaliados no período experi- superfície do solo, durante o ciclo
mental de 2010-2015 vieram con- vegetativo desta cultura. Porém, o
firmar os benefícios da melhoria sinergismo das sucessões de soja
da qualidade física do solo, como o (aporte de nutrientes) e braquiá-
aporte de carbono, o aumento da ria (aporte de raízes e de resíduo
porosidade, a melhoria da estrutu- para cobertura), para a melhoria
ra e, por conseguinte, pela maior da qualidade física nesse solo ca-
taxa de infiltração de água. racterístico do Arenito Caiuá, con-
tribuiu para a maior produtividade
O manejo da altura de pastejo, pecuária, interrompendo degra-
mantendo a Ruziziensis e Brizan- dação do solo e gerando uma al-
tha, respectivamente, em 23 e 27 ternativa de sistema conservacio-
cm em sistema de integração la- nista para o manejo de solos para
voura e pecuária no outono-inver- essa região.
no, sem o revolvimento do solo
desde a sua implantação, ampliou Apesar das contribuições físicas
o intervalo hídrico ótimo após o e hídricas descritas nos experi-
terceiro e o quinto período de pas- mentos desenvolvidos em po-
tejo contínuo durante o inverno mares de laranja e em sistema
(Figura 1). Essa evolução temporal de integração lavoura e pecuá-
possibilitou inferir que o sistema de ria, havia muitas dúvidas sobre o
manejo conservacionista melhorou manejo da água para a irrigação
a qualidade física de Latossolo Ver- nesses solos com horizonte su-
melho distrófico típico, com textu- perficial arenoso. Houve, então,
ra superficial arenosa. uma evolução na compreensão
do comportamento hídrico em Figura 2. Curvas de retenção de água do solo
A produtividade de grãos de soja solo do Arenito Caiuá, na região (A) e curvas de distribuição de poros (B), a
não aumentou linearmente com do Noroeste do Paraná, com a 0-40 cm de profundidade nas Formações de
arenito (Caiuá e Paranavaí), na Região Noroes-
alturas de pastejo e respectivas caracterização da maior reten- te do Paraná. Fonte: Fidalski et al. (2013)

30 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


da paisagem), ocorre decréscimo que a retenção dos conteúdos de capacidade de armazenamento de

EM FOCO
da retenção de água na camada água diminui com o aumento dos água no solo.
superficial, em função da redução teores de areia total, sem alterar
dos teores de argila e aumento os valores de água disponíveis, Considerações para o manejo físi-
dos teores de areia total, decres- mantendo a capacidade de arma- co e hídrico do solo
cendo de Latossolo para Argissolo zenamento de água média de 1 Uma das contribuições sobre o
e Neossolo Quartzarênico. mm cm-1 para a camada de 60 cm manejo físico e hídrico de solos
(Figura 3). que apresentam camada super-
Manejo hídrico do solo ficial arenosa do Arenito Caiuá é
Definidos os sistemas conserva- Considerando-se que, de forma quanto ao gerenciamento do sis-
cionistas para o manejo físico, geral, as espécies forrageiras pos- tema de produção agropecuário.
com a manutenção da altura de suem maior concentração de raí- Deve-se evitar o uso de culturas
pastejo em solos que apresentam zes até 50 cm de profundidade, com elevada demanda hídrica nos
camada superficial em meados a capacidade de armazenamento solos, que apresentem maior pro-
de 2010 surgiu a demanda para de água seria a de uma lâmina de porção da fração de areia grossa.
definição de critérios para a irri- 50 mm para solos com diferentes Tal procedimento evitaria que fos-
gação em sistema de produção de gradientes texturais do Arenito se investido a mesma quantidade
pecuária bovina leiteira. De nada Caiuá da região Noroeste do Pa- de recursos com maior potencial
adiantaria dispor de um adequado raná. Supondo que a reposição de de resposta agronômicas e eco-
manejo físico desses solos, se os água pela irrigação em pastagens nômicas que se tem verificado
critérios técnicos para a irrigação fosse de 50 % da capacidade de em áreas com maior proporção
estivessem resultando em excesso armazenamento de água do solo, de areia fina. Além disso, há uma
ou deficiência hídrica. A variabili- considerando uma taxa de evapo- contribuição direta para redução
dade da água disponível em solos transpiração diária média de 5 mm do impacto ambiental dos siste-
do Arenito Caiuá foi verificada por após cinco dias (sem precipitação mas de produção, principalmente
meio de um levantamento realiza- ou irrigação), deveria ser iniciada em termos de redução do poten-
do em solos do Arenito e Basalto a reposição de água para manter cial das perdas de solo e água e
nas Unidades Hidrográficas do Alto a lâmina mínima de 25 mm até 50 contaminação dos recursos hídri-
e Baixo Ivaí da Região Noroeste cm de profundidade do solo. cos da região pela erosão hídrica.
do Paraná. Os conteúdos de água
correspondentes à capacidade de A sugestão de manejo da água para Outra contribuição foi o contro-
campo e ao ponto de murcha per- irrigação nesses solos subsidia a le da altura de pastejo específica
manente foram dependentes dos compreensão para futuras discus- para as espécies forrageiras das
teores de areia total. Isso significa sões sobre o seu manejo hídrico. pastagens, que maximiza a dis-
Por exemplo, avaliações da dinâmi- ponibilidade hídrica e reduz as
ca hídrica em diferentes gradientes limitações hídricas na camada de
texturais, o que poderiam acentuar 10-20 cm de profundidade, asso-
a taxa de evapotranspiração das ciada ao maior aporte de carbo-
culturas que apresentem maior de- no orgânico ao solo. A melhoria
manda hídrica. Caracterizada a bai- (promovida biologicamente pelas
xa capacidade de armazenamento raízes, sem o revolvimento inicial
de água nesses solos, correspon- do solo, e em sistema plantio dire-
dendo a 1 mm cm-1, ficou mais to) da qualidade física do solo na
didático e prático para assistência camada mais compactada - entre
técnica e para os agropecuaristas a camada superficial de textura
compreenderem porque ocorre arenosa (0-10 cm) e a subsuperfi-
o rápido secamento desses solos, cial de textura média (<20 cm) -,
que se acentua com o aumento reitera os princípios de se manejar
dos teores de areia total. Essa per- esses solos com mínima mobiliza-
Figura 3. Conteúdo de água no solo (θ) em cepção é com o solo mantido sem ção. Dessa forma, evita-se a expo-
função dos potenciais matriciais (Ψ) para
teores de areia total entre 550 e 910 g kg-1. cobertura, por formar encrosta- sição da camada superficial are-
Fonte: adaptado de dados originais de Helbel mento superficial após as chuvas, nosa às perdas do seu já reduzido
Junior e Fidalski (2017). As barras verticais reduzindo a taxa de infiltração e as conteúdo de carbono orgânico e à
correspondem a capacidade de armazena-
mento de água (CAD).
enxurradas, e, por conseguinte, a erosão hídrica.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 31


Essa seria a razão pela qual a Referências zenamento de água no solo na
EM FOCO

UEM já realizou estudo de plan- Fidalski J., Tormena C.A., Alves S.J., Região Noroeste do Paraná. In:
tio direto de mandioca após o Auler P.A.M. 2013. Influência Costa ACS, Muniz AS, Tormena
cultivo de aveia e o Iapar vem das frações de areia na reten- CA. et. al. (Org.). REUNIÃO PARA-
avaliando experimentalmente o ção e disponibilidade de água NAENSE DE CIÊNCIAS DO SOLO,
plantio direto de mandioca em em solos das formações Caiuá e 4; SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SO-
sistema de integração lavoura e Paranavaí. Revista Brasileira de LOS ARENOSOS, 2,. 2017, Ma-
pecuária no Polo Regional do Ia- Ciência do Solo, 3 7(3), 613-621. ringá. E-book... Maringá, 2017.
par de Paranavaí. Esse sistema Fidalski J. Disponibilidade de água p.87. Disponível em: <http://
se diferencia dos resultados ex- e comportamento físico dos so- www.sbcs-nepar.org.br/images/
perimentais que comprovaram a los da formação arenito Caiuá. nepar/publicacoes/anais-solos
eficiência do plantio direto sobre In: Costa ACS, Muniz AS, Torme- -arenosos-2017.pdf>. Acessado
culturas temporárias, como em na CA. et. al. (Org.). In: REUNIÃO em: 5 mar. 2018.
Santa Catarina e Mato Grosso do PARANAENSE DE CIÊNCIAS DO
Sul. A relevância desses resulta- SOLO, 4; SIMPÓSIO BRASILEIRO
Jonez Fidalski é pesquisador no Institu-
dos para o II Simpósio Brasileiro DE SOLOS ARENOSOS, 2, 2017, to Agronômico do Paraná (IAPAR).
de Solos Arenosos é que a evo- Maringá. E-book... Maringá, E-mail: fidalski@iapar.br
lução do conhecimento de ma- 2017. p.23-27. Disponível em:
Cássio Antonio Tormena é professor
nejo físico e hídrico de solos que <http://www.sbcs-nepar.org. da Universidade Estadual de Maringá
apresentam camada superficial br/images/nepar/publicacoes/ (UEM). E-mail: catormena@uem.br
arenosa é diretamente aplicável anais-solos-arenosos-2017.
em área de ocorrência de solos pdf>. Acessado em: 6 mar. 2018. Celso Helbel Junior é pesquisador no
Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).
similares a São Paulo e Mato Helbel Junior C., Fidalski J. Parâ- E-mail: celso@iapar.br
Grosso do Sul. metros técnicos sobre o arma-

Visão parcial de área do experimento de altura de pastejo em braquiária em su-


cessão a soja cultivada em semeadura direta sob sistema de integração lavou-
ra-pecuária num Latossolo da formação arenito Caiuá, na Estação Experimental
do IAPAR de Xambrê, no noroeste do Paraná. Autor da foto: Jonez Fidalski

32 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


EM FOCO

Manejo da fertilidade
de solos arenosos no Cerrado mato-grossense
Leandro Zancanaro
Evandro Antonio Minato
Marcelo Augusto Batista
Antonio Saraiva Muniz

O Brasil é referência mundial


quando o assunto é a agri-
cultura em clima tropical. A
agricultura prosperou no Cerrado
graças à habilidade e à capacidade
para a geração de riquezas, alavan-
cando a economia e os desenvolvi-
mentos regional e nacional.

A ocupação das terras no Brasil


da agropecuária tem ocorrido em
áreas marginais, que são incorpo-
radas ao processo produtivo. Tais
áreas são caracterizadas por solos
de textura mais arenosa que, por
tecnológica que desenvolvemos ocorreu inicialmente nas áreas que sua natureza, são frágeis e geral-
para transformar ambientes na- apresentavam maior potencial pro- mente apresentam menor poten-
turalmente restritivos à produção dutivo, que geralmente são as que cial para agricultura intensiva de
agrícola naqueles capazes de su- apresentam maiores teores de ma- produção de grãos.
portar a agricultura e/ou a pecuária téria orgânica, de argila e, conse-
economicamente rentável e am- quentemente, maior disponibilida- Com o advento de novas tecnolo-
bientalmente sustentável. A trans- de hídrica. Com a ocupação dessas gias genéticas, de insumos, má-
formação do Cerrado foi decisiva terras mais produtivas, a expansão quinas e de infraestrutura, esse

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 33


cenário tem-se alterado, sendo mente pela baixa capacidade de do solo produzir. Os solos desen-
EM FOCO

verificada a incorporação de áreas armazenamento de água, pela alta volvidos sob a vegetação de cer-
previamente sob pastagem e de suscetibilidade à erosão, baixos rados são naturalmente ácidos e
características essencialmente ex- teores de matéria orgânica (MO) deficientes em muitos nutrientes.
trativistas e de baixo investimento, e reduzida capacidade de reten- Contudo, apresentam condições fí-
ao processo de produção de grãos, ção de nutrientes, em face dos re- sicas adequadas e biológicas variá-
fibras, cana-de-açúcar, silvicultura duzidos valores de capacidade de veis. Dessa forma, quando se inicia
e pastagens cultivadas. troca catiônica (CTC) desses solos o cultivo nesses solos, geralmente
- atributo de grande importância a condição química é o fator mais
Dados recentes do Instituto Ma- quando nos referimos ao manejo e restritivo à produção. Uma vez
to-grossense de Economia Agríco- fertilidade do solo. Por outro lado, superada essa restrição, tanto as
la (IMEA) indicam que, em 2017, nesses solos, a CTC é altamente de- condições físicas como biológicas
Mato Grosso (903.366 km2) apre- pendente da MO, cuja manutenção deverão ser levadas em conside-
sentava apenas 9% da sua área ou aumento é uma tarefa comple- ração para que o sistema se torne
total ocupada com a agricultura e xa sob as condições climáticas do produtivo e sustentável.
26% com pastagem, demonstran- Mato Grosso.
do o enorme potencial para a ex- O conceito de fertilidade do solo do
pansão da agricultura no estado. O manejo de solos arenosos é de- ponto de vista puramente químico
Parte significativa das áreas sob pendente dos objetivos de produ- tem sido questionado. Exemplo
pastagem é cultivada em solos are- ção almejados dentro de limites disso são algumas áreas de solos
nosos. A introdução da agricultura impostos pelas aptidões de cada arenosos no Mato Grosso que mes-
nessas áreas tem se tornado um ambiente de produção, bem como mo após investimentos em práticas
desafio, devido à maior demanda pelas condições climáticas de cada de correção da acidez do solo e dos
de investimentos e conhecimentos região. Dessa forma, para se definir níveis de fósforo e micronutrien-
técnico-científicos visando reduzir o manejo químico de solos areno- tes, e com o manejo adequado da
o risco de insucesso de sistemas sos, há a necessidade de se conhe- adubação, constatam-se produtivi-
mais intensivos de produção. cer as limitações de cada ambiente dades sistematicamente menores,
e quais os atributos que podem ser mesmo sem haver necessariamen-
Entre as culturas anuais, a soja é alterados/manejados por práticas te restrições de ordem química.
predominante no Mato Grosso, agronômicas.
estimando-se que cerca de 9,5 Apesar dessas práticas serem fun-
milhões de hectares foram culti- Por exemplo, a textura é uma pro- damentais em solos de cerrados,
vados com a leguminosa na safra priedade permanente do solo e, principalmente no início da explo-
2017/2018. Nesse contexto, cerca portanto, não é possível de ser al- ração agropecuária ou florestal,
de 1,5 milhão de hectares são cul- terada. Já a estrutura desses solos em curto prazo elas não têm sido
tivados com essa cultura em solos é fracamente desenvolvida, o que suficientes para manter a capacida-
de textura arenosa, apesar das res- impõe ainda mais limites ao uso de produtiva do solo, muito menos
trições agronômicas impostas por agronômico dos solos arenosos. para melhorar os atributos biológi-
esses ambientes, confirmadas pela Assim, práticas de uso e manejo cos e físicos. Portanto, uma análise
queda e irregularidade das produ- que alteram o volume, a distribui- química de solo utilizada isolada-
tividades após os primeiros anos ção de tamanhos e a continuidade mente não tem expressado neces-
de cultivo e pela necessidade de al- de poros resultarão em modifica- sariamente a fertilidade do solo e,
tos investimentos em correção do ções na dinâmica e disponibilidade consequentemente, a expressão
solo e adubação das culturas. de água e ar e no crescimento das do potencial genético das culturas,
raízes. Já do ponto de vista quími- havendo, assim, a necessidade de
Solos arenosos, num contexto mais co, os atributos são mutáveis, uma integralizar os fatores físicos e bio-
genérico, são caracterizados por vez que, quando um solo arenoso lógicos ao sistema de produção.
ter menos de 150 g kg-1 de argila. apresentar reação ácida, é possível
Sob o ponto de vista agronômico, deixá-lo menos ácido, com a práti- A matéria orgânica (MO) é a pon-
são considerados muitos frágeis e/ ca da calagem, por exemplo. te que liga os três componentes da
ou marginais em relação ao poten- fertilidade do solo: química, física
cial de uso agrícola. O uso intensivo Do ponto de vista conceitual, a fer- e biológica. Devido à sua elevada
com culturas anuais para a produ- tilidade do solo está diretamente CTC, mesmo que em pequenas
ção de grãos é restrito, principal- relacionada à capacidade potencial quantidades, a MO contribui for-

34 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


temente para a fertilidade desses gem de nutrientes (K, Ca, Mg etc.), se aquelas que consideram os teo-

EM FOCO
solos, refletindo na absorção de é fundamental que esses solos não res de Al3+, Ca2+ e Mg2+ trocáveis e
nutrientes e no tamponamento do tenham restrições ao crescimen- aquelas que elevam a saturação por
solo. Somado a isso, a disponibili- to radicular devido à presença de bases (V%) a valores mais apropria-
dade de N, P e S para as plantas é Al3+ tóxico, de baixos teores de Ca dos para as culturas em questão.
controlada pela MO (p.e., 95% do e P em superfície e subsuperfície, Nesses solos, na maioria das vezes,
N no solo está na MO). Contudo, além de um adequado manejo da a metodologia de neutralização do
como já salientado, os teores de adubação nitrogenada para o cres- Al3+ trocável não tem se mostrado
MO dos solos arenosos são baixos cimento destas culturas. adequada devido à subestimativa
e a sustentação depende de eleva- nas doses de calcário a serem apli-
dos aportes de resíduos vegetais. Nos solos arenosos, a correção da cadas. Por outro lado, o critério de
acidez é feita pela aplicação de ma- saturação do solo por bases ainda
O manejo da MO é fundamental teriais corretivos (calcários), que não se mostrou o mais indicado
para o sucesso da agricultura e pe- aumentam o pH do solo, eliminam para os solos arenosos do cerrado
cuária em solos arenosos. Técnicas o Al3+ tóxico e disponibilizam Ca e mato-grossense.
que visem manter ou incrementar Mg. Essa prática é necessária quan-
os teores de M.O no solo são prio- do o solo apresentar condições li- Em dois trabalhos realizados pela
ritárias. Com base em alguns tra- mitantes ao desenvolvimento das Fundação MT, em solos com teor
balhos realizados pela Fundação culturas. Na maioria dos casos, há de argila de 100 g kg-1 e com CTC <
de Apoio à Pesquisa Agropecuária a necessidade de incorporação de 5,0 cmolc dm-3, em sistema de su-
de Mato Grosso (Fundação MT), calcário, o que num primeiro mo- cessão de culturas soja/milheto por
conclui-se que é obrigatório a ado- mento pode contribuir com redu- mais de 10 anos e com aplicação de
ção de sistemas de produção que ção nos teores de MO dos solos. calcário e incorporação, concluiu-
incluam frequentemente culturas se que as necessidades de calcário
com elevado potencial de produ- Devido aos reduzidos teores de argi- foram maiores que as quantidades
ção de resíduos para prover a co- la e de MO, os solos arenosos apre- recomendadas pelos critérios tra-
bertura do solo e a ciclagem de nu- sentam baixo tamponamento quí- dicionais, e que as maiores produ-
trientes, a exemplo das culturas do mico. Várias metodologias têm sido tividades foram obtidas quando se
milheto e da braquiária. Para que utilizadas para a recomendação da utilizou apenas calcário dolomítico
essas culturas promovam a cicla- calagem nesses solos, destacando- ou quando ele foi utilizado em com-

Figura 1. A área de verde mais escuro mostra uma


parcela com aplicação de gesso agrícola mostrando,
principalmente, a resposta das plantas a adubação
com o enxofre em solos arenosos.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 35


binação com calcário calcítico, de baixos níveis de magnésio, o uso um fertilizante de liberação contro-
EM FOCO

modo a permitir alcançar teores de de gesso em dosagens significati- lada, liberando paulatinamente o N
Mg no solo > 0,7 cmolc dm-3. O uso vamente maiores que as recomen- para as próximas culturas.
do calcário calcítico isoladamente dadas resultaram em deficiência
ou com baixa proporção de calcário desse nutriente e perda de produ- Nos solos arenosos do Cerrado,
dolomítico resultou, a partir do ter- tividade. Em diversos projetos de o enxofre tem sido um nutriente
ceiro ano de cultivo, em perdas con- pesquisa e validação de tecnolo- ignorado ou negligenciado nas es-
sideráveis de produtividade, inclusi- gia da Fundação MT, avaliando-se tratégias de adubação. Adicional-
ve com sintomas de deficiência de a dinâmica da acidez, concluiu-se mente, a utilização de fertilizantes
Mg2+ em situações em que os teores que a frequência da calagem e da fosfatados, concentrado em P e
eram menores que 0,7 cmolc dm-3. gessagem em solos arenosos, con- pobres em S, tem proporcionado
Dessa forma, tem-se observado siderando o baixo poder tampão a verificação de aumento cres-
que metodologias que consideram destes, deve ser maior do que a cente na resposta das culturas à
o aporte adequado de Ca2+ e Mg2+ considerada para os demais solos. adubação com enxofre. A dinâmi-
para a determinação da dose de ca do enxofre no solo tem várias
calcário têm gerado os melhores re- Os solos do Cerrado e da grande semelhanças com a do nitrogênio,
sultados, sob os pontos de vista de maioria das regiões tropicais do destacando-se a disponibilidade
correção e produção das culturas. Brasil apresentam naturalmente dependente da acidez do solo e
teores baixos ou muito baixos de da matéria orgânica, além de sua
As interações entre Ca, Mg e K de- P, os quais são limitantes à produ- suscetibilidade à perdas por lixi-
vem ser observadas com bastante ção vegetal. Porém, devido aos re- viação. Como o N e S são compo-
cuidado em solos arenosos. Alguns duzidos teores de argila dos solos nentes das proteínas, desbalanços
experimentos demonstram que al- arenosos, principalmente dos com- na nutrição desses dois elementos
tas doses de K (resultando em K > ponentes relativos aos óxidos de podem influenciar na eficiência de
5% da CTC) afetam negativamente Fe e Al, a fixação de P é menor do uso de ambos pelas plantas, com-
a produtividade, e que este efeito é que em solos de textura mais argi- prometendo a resposta produtiva
mais pronunciado nos tratamentos losa - o que é uma das vantagens das culturas.
com menores valores de Mg e que desses solos em termos de manejo A lixiviação de potássio torna-se
se acentuam com o passar dos anos. da sua fertilidade química. Em so- importante em solos de textura
los arenosos, também é necessário arenosa e sob condições de exce-
Aliada à técnica da calagem, a me- a correção dos teores de P, tanto dente hídrico. Nessas condições, o
lhoria do ambiente químico subsu- em termos das doses para o desen- parcelamento da adubação potás-
perficial do solo pode ser feita com volvimento adequado das culturas sica e sistemas de produção que
o uso de gesso agrícola. Devido à como em relação à localização no incluam plantas com sistema radi-
sua maior solubilidade em relação perfil (fósforo em profundidades cular profundo (ex.: milheto e bra-
aos calcários e à possibilidade de maiores). quiária) são imprescindíveis para
formar pares iônicos, os produtos o manejo do K em solos arenosos.
da dissolução do gesso podem se Devido à sua estreita relação com a Vários trabalhos têm sido desen-
movimentar para camadas mais MO, os teores totais de N em solos volvidos na Fundação MT visando à
profundas e minimizar os efeitos arenosos são baixos. Associado a compreensão dos processos para o
deletérios do Al3+, bem como au- isso e, em decorrência da tendên- estabelecimento de sistemas ade-
mentar as concentrações de Ca, cia do N em permanecer na forma quados de manejo visando uma
Mg e K no perfil do solo. Com isso, de NO3- e dada a elevada capacida- maior eficiência da adubação po-
cria-se um ambiente mais adequa- de de infiltração de água nos solos tássica nesses solos.
do para o crescimento de raízes. arenosos, estima-se que ocorram
Nesse contexto, o uso de gesso elevadas perdas deste nutriente A partir desses trabalhos con-
em solos arenosos é recomendado por lixiviação. Soluções para esses cluiu-se que, em solos arenosos,
quando a saturação por Al3+ for > problemas estão associados ao uso não é necessário utilizar doses
20% ou o quando o teor de Ca2+ for de culturas que tenham capacida- elevadas de K nas adubações
< 0,5 cmolc dm-3 na camada de 20 a de de associar-se com microrganis- (além daquelas recomendadas
40 cm de profundidade. mos que fixam o nitrogênio. Essas nos manuais). Além disso, o par-
culturas permitem a obtenção de celamento da aplicação do K du-
Nos solos arenosos do Mato Gros- MO mais rica em N, que quando rante o ciclo das culturas é uma
so cultivados por vários anos com incorporadas, podem atuar como prática fundamental para o me-

36 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


EM FOCO
Figura 2. A cobertura do solo com culturas (cobertura verde) ou pa-
lha (cobertura morta) torna-se mais importante em solos arenosos
controlando a dinâmica de nutrientes e água, além de combater
diretamente os problemas de erosão nestes solos frágeis.

lhor aproveitamento desse ele- do conhecimento do solo, das con- e milheto, mesmo com boa distri-
mento. Os sistemas modernos de dições climáticas e do potencial de buição de chuva no Mato Grosso,
produção deverão, obrigatoria- utilização das práticas em cada am- tem se observado fortes limitações
mente, prever um planejamento biente de produção, especialmen- para se manter ou mesmo incre-
da produção com a inserção de te em solos arenosos. Tais decisões mentar a produtividade e rentabi-
culturas de elevado potencial de ganham contornos mais críticos em lidade das culturas. Acreditamos
reciclagem de potássio que pode ambiente com precipitação pluvio- que tal comportamento enseja de-
migrar facilmente para fora do al- métrica irregular. safios maiores e fatores ainda mais
cance das raízes de culturas como restritivos em condições climáticas
milho e soja. Uma das questões fundamentais com precipitações menores e mais
é a necessidade de uma visão in- irregulares.
Em relação aos micronutrientes, o tegral do conceito de fertilidade,
estágio atual de conhecimento in- especialmente em sistemas de Em algumas situações, a explora-
dica baixas concentrações em so- produção com elevados investi- ção agrícola, pecuária ou florestal
los arenosos e aqueles fortemente mentos em correção e adubação. em solos arenosos depende neces-
dependentes da MO, como o B, Em termos práticos, técnicos e pro- sariamente do desenvolvimento de
podendo ser mais influenciados dutores devem estar cientes da im- sistemas de produção ajustados às
pelo sistema de manejo adotado. A portância da caracterização inicial condições climáticas regionais. No
maioria das culturas desenvolvidas do solo e, por consequência, das entanto, não podemos descartar a
em solos arenosos tem respondido práticas obrigatórias para manter opção de preservação dessas áreas
às adubações com B. Os micronu- a condição inicial sem limitações sob vegetação natural do cerrado.
trientes metálicos, principalmente para as culturas. Após a correção
Cu e Zn, apresentam a vantagem da acidez do solo, dos teores de P
de ser menos fixados, mais dispo- e dos micronutrientes, principal- Leandro Zancanaro é pesquisador –
Fundação MT, PMA, Rondonópolis-MT.
níveis às plantas, quando aplica- mente Zn e Cu, o manejo químico E-mail: leandrozancanaro@fundacaomt.
dos via adubações corretivas ou deve focar em manter a capacida- com.br
anuais; podendo ser menos one- de produtiva dos solos arenosos, a
roso o investimento para ampliar qual está diretamente relacionada Evandro Antonio Minato é doutorando
na Universidade Estadual de Maringá -
o uso dos mesmos nestes sistemas com a dinâmica do C e do N e, em PR. E-mail: evandro.minato@gmail.com
de produção. seguida, com a dinâmica do K, do
S e do B. Marcelo Augusto Batista e Antonio
Considerações Finais Saraiva Muniz são professores na Uni-
versidade Estadual de Maringá. E-mail:
A decisão sobre qual manejo quími- Em solos arenosos cultivados com mabatista@uem.br e asmuniz@uem.br
co adotar depende essencialmente culturas anuais como soja, milho

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 37


ARTIGO

Área de produção agropecuária com solo bem protegido, com


elementos que proporcionam boa infiltração de água de chuva
e retornos financeiros a curto, médio e longo prazos

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


e a conservação de solos no Brasil
Jefé Leão Ribeiro
Maurício Carvalho de Oliveira
Elvison Nunes Ramos

A vida, na forma como conhe-


cemos, seja na terra ou na
água, tem o solo como prin-
cipal suporte e regulador de fluxos
de energia e nutrientes, sendo que
São várias as atividades humanas
que impactam diretamente o solo e,
caso medidas de prevenção não se-
jam implementadas, geralmente re-
sultam na sua degradação e efeitos
em que o solo sofre os mais diferen-
tes tipos de degradação.

Nesse sentido, já em 1975 o gover-


no federal instituiu a Lei nº 6.225,
a água é o componente natural negativos nos fluxos de água, ener- que delegou ao então Ministério
de primeira ordem na manuten- gia e de nutrientes. Esses impactos da Agricultura a tarefa de indicar
ção dos ecossistemas. Portanto, normalmente vão além do local regiões para execução obrigatória
dependemos do solo e devemos onde as atividades são empreen- de planos de proteção ao solo e de
rotineiramente buscar meios e em- didas e, portanto, é necessário o combate à erosão. No mesmo ano,
preender ações para a sua conser- envolvimento dos governos para foi criado o Programa Nacional de
vação, que somente é possível com mediar, realizar pesquisas, difundir Conservação de Solos (Decreto nº
o conhecimento e o gerenciamen- conhecimento e exigir implementa- 76.470/75) e, no ano seguinte, a lei
to adequados. ção de ações reparadoras nos locais foi regulamentada pelo Decreto nº

38 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


77.775/76. Ainda em 1976, foi pu- campanhas de incentivo à ocupa- À medida que o trabalho avançou,
blicada a primeira portaria discrimi- ção, ao uso e ao manejo racional do fortaleceu-se o conceito sobre a

ARTIGO
nando nominalmente municípios solo e da água e de conscientização importância de se trabalhar tendo
dos estados de ES, RJ, MG, SP, PR, da população sobre o significado as microbacias como unidade de
SC e RS, nos quais a agropecuária das práticas conservacionistas; e planejamento, o que levou o Mi-
local somente poderia ser explo- c) coordenar a difusão de tecno- nistério da Agricultura, Pecuária e
rada economicamente mediante a logias e mecanismos de ação para Abastecimento (Mapa) à decisão
execução de planos de proteção do conservação do solo e da água. de, em 1987, mudar o nome do
solo e de combate à erosão. Pos- Nesse mesmo ano, foi aprovado o programa, passando de Programa
teriormente, outras portarias fo- modelo de regimento interno das Nacional de Conservação de Solos
ram editadas, expandindo as ações comissões de Conservação do Solo para Programa Nacional de Mi-
para os demais estados. e Água, no qual ficou estabelecido crobacias Hidrográficas – PNMH
que as reuniões deveriam ocorrer (Decreto nº 94.076/87). Porém o
Em 1981, foi atribuída competên- mensalmente. trabalho desenvolvido continuou a
cia aos então delegados federais do ser o mesmo. Na Figura 1 é apre-
Ministério da Agricultura de cada As CESSOLOs foram formadas em sentado o fluxograma do PNMH.
estado para criar as comissões de todos os estados da federação à
Conservação do Solo e Água – CES- época, e as Portarias sempre de- É importante ressaltar que a Lei
SOLO -, que tinham a finalidade de, terminavam que os projetos fos- nº 6.225/75 continua em vigor,
dentre outros: a) oferecer subsídio sem executados em nível de micro- assim como seu regulamento, De-
à revisão da política de conserva- bacias hidrográficas, especificadas creto nº 77.775/76, e o Decreto nº
ção do solo e água; b) desenvolver pelas respectivas comissões. 94.076/87.

Área produtiva com solos bem protegidos e


árvores ao longo das curvas de nível que também
proporcionará bons retornos financeiros

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 39


O ciclo do Plano Plurianual – PPA irrigada, oferecendo assistência téc- tras iniciativas, como os projetos
- 1996-1999 foi o último que des- nica e extensão rural para agriculto- TerraClass e Pradam. O TerraClass
ARTIGO

tinou recursos especificamente res familiares e pequenos produto- teve/tem como objetivo mapear a
para ações de manejo integrado res rurais dos projetos públicos de situação do uso e da cobertura da
de bacias hidrográficas no âmbito irrigação, quanto nas áreas de pro- terra, inicialmente, na Amazônia
do Mapa, especificando 200 pro- teção ambiental, abrangendo matas Legal e, posteriormente, ampliado
jetos a serem contemplados pelo ciliares e nascentes. Porém, essas para a região do Cerrado. Já o Pra-
Programa Especial. O próximo ciclo ações foram propostas no âmbito dam teve como principal objetivo
do PPA, que destinou recursos para dos ministérios da Integração Nacio- promover a recuperação de áreas
Projetos de Recuperação e Conser- nal e do Meio Ambiente. No Mapa, de produção em processo de degra-
vação de Bacias Hidrográficas, foi esse ciclo incorporou dois marcos dação mediante a difusão de conhe-
o ciclo 2004-2007, com o assunto importantes: o Plano Setorial de Mi- cimentos técnicos realizados por
já sendo tratado no âmbito do Mi- tigação e de Adaptação às Mudan- meio de cursos, palestras e apoio na
nistério do Meio Ambiente (MMA), ças Climáticas para a Consolidação instalação de diversas unidades de-
como resultado da publicação da de uma Economia de Baixa Emissão monstrativas nas áreas com maiores
Lei das Águas (Lei nº 9.433/97), que de Carbono na Agricultura (Plano índices de degradação identificadas
criou a Política Nacional de Recur- ABC) e o Plano Nacional de Agroe- pelo TerraClass na Amazônia.
sos Hídricos e o Sistema Nacional de cologia e Produção Orgânica (Plana-
Gerenciamento de Recursos Hídri- po), ambos construídos com ampla Em outra frente, executa projetos
cos, além de determinar que na im- participação institucional e social. com recursos originados de emen-
plementação da lei fosse promovida das parlamentares, cujas principais
a integração das políticas de uso, No Plano ABC, as ações de conser- ações são fornecimento de insumos
ocupação e conservação do solo. vação de solo estão presentes di- a pequenos produtores rurais para a
retamente em pelo menos quatro recuperação de solo, como calcário,
A partir do ciclo do PPA 2000-2003, subprogramas: a) Recuperação de adubo, sementes, etc., e tem busca-
no âmbito do Mapa, o tema con- Pastagens Degradadas; b) Integra- do ampliar esse rol de atuações.
servação de solos passou a ser con- ção Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)
templado no Programa Conserva- e Sistemas Agroflorestais (SAFs); c) Existe em tramitação uma propos-
ção de Solos na Agricultura, tema Sistema Plantio Direto (SPD); e d) ta de Lei de Conservação do Solo e
integrante do seu regimento inter- Florestas Plantadas. Já no Planapo, da Água, cuja aprovação moderni-
no, tendo como objetivo recuperar a conservação do solo é intrínseca à zará os mecanismos de atuação do
áreas degradadas com vistas à sua produção e técnicas de cultivo. Estado nesse tema, em áreas de
reincorporação ao processo produ- produção agropecuária. No tocan-
tivo, mediante a adoção de práticas Assim, consideramos que tanto o te ao conhecimento mais detalha-
conservacionistas de uso e manejo Plano ABC quanto o Planapo, am- do dos solos do Brasil, está em fase
adequados do solo e da água. bos ativos, incorporam, de forma de publicação um decreto que ins-
consistente, ações que levam à re- titui o Programa Nacional de Solos
No PPA 2004-2007, foi contemplado cuperação e conservação de solo do Brasil – Pronasolos.
no Programa Manejo e Conservação nas áreas agrícolas produtivas.
de Solos na Agricultura, com o obje- No bojo das discussões de cunho
tivo de assegurar o uso e o manejo No atual ciclo do PPA 2016-2019, ambiental surgidas principalmente
adequados do solo e promover a além das ações previstas no Plano nas décadas de 1970, com a cria-
recuperação de áreas degradadas, ABC e Planapo, foi incorporado, no ção da Comissão Mundial sobre
com vistas a garantir a produção âmbito do Mapa, uma meta para Meio Ambiente e Desenvolvimen-
sustentável de alimentos e a dis- promover a implementação de 15 to; na década de 1980, com o lan-
ponibilidade de água de qualidade projetos estaduais para adoção de çamento do Relatório Brundtland
para consumo humano e animal. En- práticas e sistemas conservacionis- e criação do Painel Intergoverna-
tretanto, no PPA 2008-2011, o tema tas de solo. mental sobre Mudanças Climáticas
conservação de solo não foi contem- – IPCC; e na década de 1990, com o
plado no Orçamento Geral da União. Além das ações de conservação de lançamento da Agenda 21, o tema
solo especificadas nos ciclos do PPA, “Solo” tem ganhado cada vez mais
No ciclo 2012-2015, o tema conser- bem como as ações de conservação relevância no cenário internacio-
vação de solo voltou a ser contem- inerentes aos Plano ABC e Planapo, nal, levando à recente criação da
plado tanto nas áreas de agricultura o Mapa também empreendeu ou- Aliança Mundial para Solo (GSP),

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Figura 2 Os produtores devem estar cientes da importância da caracterização inicial do solo e das
ARTIGO
práticas obrigatórias para manter a condição inicial sem limitações para as culturas

na sigla em inglês, sendo que o A partir de todo o trabalho já desen- ção dos setores público e privado,
Brasil é dos seus fundadores e tem volvido até o momento pelos diver- na medida em que cada um tem
participado ativamente. Com vistas sos atores, em níveis nacional e inter- sua parcela a contribuir, seja promo-
a potencializar o alcance dos tra- nacional, entendemos que qualquer vendo pesquisa, fazendo difusão de
balhos desenvolvidos no âmbito iniciativa no sentido de promover a tecnologias, promovendo debates,
da GSP, foram criadas oito alianças conservação do solo é válida. Porém, incorporando e implementando prá-
regionais, sendo que o Brasil parti- essas iniciativas se tornam mais efe- ticas conservacionistas de solo, tanto
cipa da Aliança Sul-Americana para tivas se estruturadas e coordenadas na produção agropecuária quanto
o Solo - ASS. de forma que haja ampla participa- nos demais usos.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 41


Portanto, olhando à frente e bus- tor rural até a GSP, passando pelas
Jefé Leão Ribeiro. Departamento de De-
cando alternativas para que te- devidas instâncias de pesquisa,
ARTIGO

senvolvimento das Cadeias Produtivas


nhamos um ambiente no qual ensino e governo. e da Produção Sustentável (DEPROS) e
desde os produtores rurais, pas- Secretaria de Mobilidade Social, do Pro-
dutor Rural e do Cooperativismo (SMC),
sando pelas instâncias de gover- Dessa forma, a união de esforços do Ministério da Agricultura, Pecuária e
nos municipal, estadual e federal, dos diversos atores é uma estra- Abastecimento (Mapa). E-mail: jefe.ribei-
incluindo universidades e órgãos tégia para superar os desafios e ro@agricultura.gov.br
de pesquisa, é importante que construir uma base permanen-
Mauricio Carvalho de Oliveira. DEPROS/
todos possam, de forma conjunta te para discutir e tratar o tema SMC/MAPA, Chefe da Divisão de Agricul-
e interativa, aportar suas contri- conservação do solo e da água tura Conservacionista do Mapa. E-mail:
buições para orientar as políticas dentro dos marcos legais e insti- mauricio.oliveira@agricultura.gov.br
e práticas de conservação de solo tucionais.
Elvison Nunes Ramos. DEPROS/SMC/
no Brasil. Diante desse contexto, MAPA, Coordenador de Agropecuária
avaliamos ser oportuna a criação Dessa forma, também fazer fren- Conservacionista, Florestas Plantadas e
de uma Aliança Brasileira pelo te a uma demanda da sociedade Mudanças Climáticas e Coordenador da
Solo (ABS), a qual atuaria em linha e, consequentemente, contribuir Implementação do Plano Agricultura de
Baixa Emissão de Carbono. Email: elvi-
com a ASS e GSP. Assim, teríamos para uma agricultura cada vez mais son.ramos@agricultura.gov.br
um caminho direto desde o produ- sustentável.

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Núcleos
Regionais
AMAZÔNIA
AMAZÔNIA
OCIDENTAL
ORIENTAL

e Estaduais NOROESTE
NORDESTE

da SBCS CENTRO-OESTE

LESTE

A o associar-se à SBCS, os só- des. É essa regionalização que SÃO PAULO está
cios escolhem pertencer acolhe o sócio, dando a ele per- fazen-
a um Núcleo Regional ou tencimento e autonomia para na PARANÁ do e planejando
Estadual. A ideia de descentrali- promoção de eventos, proposi- para o mandato
zação das suas atividades nasceu ção de debates e publicações. SUL 2017/2019. Alguns
junto com a SBCS e fez parte do É assim, atuando em todo o eventos promovidos
seu primeiro estatuto, de 1947. Brasil com suas imensas dife- por estes Núcleos já
Em 1997, a reforma estatutária renças, que a SBCS se fortalece e foram divulgados neste
reforçou este propósito e, desde torna-se representativa. Boletim. Nesta edição, as
então, a Diretoria Executiva tem informações estão reunidas para
envidado todos os esforços para Para enfatizar ainda mais este que todos os sócios acompanhem
fortalecer seus nove Núcleos que, propósito, pedimos a cada dire- e inspirem-se nas idéias dos de-
juntos, cobrem o território nacio- tor dos Núcleos da SBCS que fizes- mais. A todos os que contribuí-
nal com todas as suas peculiarida- sem um pequeno resumo do que ram, a nossa gratidão.

O Núcleo Regional Amazônia


Oriental abrange os estados
do Tocantins, Pará, Maranhão e
Em 2017 foi realizado o XXXVI Con-
gresso Brasileiro de Ciência do Solo.
No evento, que teve a participação
Conheça a atual diretoria:
• Diretor: Antonio Rodrigues
Fernandes (UFRA)
Amapá. No último biênio, perío- de 1578 congressistas, foram sub- • I vice-diretor: Antonio Cle-
do de 2015/2017, teve como di- metidos 1636 trabalhos científicos, mentino dos Santos (UFT)
retor o professor Eduardo do Val- dos quais 1581 foram aprovados: • II vice-diretor: Khalil de Me-
le Lima, da Universidade Federal 74 para apresentação oral e 1562 nezes Rodrigues (UFMA)
Rural da Amazônia, campus Capa- para apresentação em pôster. • Secretário: Régia Maria Gual-
nema, local onde foi realizado o II A nova diretoria assumiu em setem- ter (IFMA)
Amazon Soil, em agosto de 2016, bro de 2017, com o objetivo de regu- • Tesoureiro: Vanis Silva de
com o tema O solo como base de larizar do Núcleo e tentar aumentar o Melo (UFRA)
sistemas produtivos sustentáveis número de associados, além de man-
na Amazônia. ter a organização do Amazon Soil.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 43


NÚCLEOS SBCS

O Núcleo Regional Nor-


te de Ciência do Solo
da Amazônia Ocidental
raima, em 2015. A dire-
ção do Núcleo e daquela
RCC vem trabalhando
(NRCSAO) representa para publicar o livro des-
a SBCS nos estados do sa reunião, o que ocorre-
Amazonas e Roraima e rá ainda neste ano. Vale
tem por finalidade con- ressaltar ainda a partici-
gregar pessoas e insti- pação efetiva nos even-
tuições para a promoção tos realizados pela SBCS,
do desenvolvimento da como CBCS, RCCs, além
Ciência do Solo naquela da contribuição às últi-
região. O Núcleo foi rees- mas edições da AMAZON
truturado a partir da saí- SOIL.
da dos estados do Acre e Durante o biênio 2018-
Rondônia, em decisão to- 2019, o núcleo regional
mada pela assembleia da da Amazônia Ocidental
SBCS, realizada durante terá como prioridades
o Congresso Brasileiro de promover eventos re-
Ciência do Solo, em Natal gionais, como cursos,
(RN). Tal reestruturação palestras, etc., visando
justifica-se em função das desenvolver uma política
dificuldades de logística de estudo dos solos ama-
e limitações geográficas zônicos fundamentada na
para reunir associados. Figura 1. Localização do Núcleo Regional Amazônia Ocidental
sustentabilidade de siste-
Apesar de ser composto mas e manutenção dos
por somente dois estados, serviços dos ecossistemas
é continental a dimensão Até 2017, a direção do núcleo esta- do solo.
territorial, com um número de as- va sob a responsabilidade do pro- O Núcleo mantém como ativida-
sociados pequeno e sérias dificul- fessor José Frutuoso do Vale Júnior, de permanente o museu de solos
dades financeiras (Figura 1). Essas da Universidade Federal de Roraima, em Roraima, com intensa progra-
características e limitações têm tor- com participações importantes de mação ao longo do ano, especial-
nado a manutenção das atividades associados pertencentes a outras mente visitas de estudantes dos
num grande desafio, fato já abor- Instituições de ensino e pesquisa dos ensinos médio e superior, insti-
dado na última reunião dos núcleos estados do Amazonas e de Roraima. tuições públicas e privadas e o
regionais, realizado durante o XXVI Atualmente, o Núcleo é dirigido pelo desenvolvimento dos projetos na
Congresso Brasileiro de Ciência do professor Hedinaldo Narciso Lima área de Educação em Solos (Figu-
Solo, em Belém (PA), 2017. (UFAM). ra 2).
Algumas ações Atual diretoria:
têm sido con- • Diretor: Hedinaldo Narciso
duzidas ao lon- Lima (UFAM)
go dos anos • 1º Vice-diretor: José Frutuoso
mais recentes, do Vale Júnior (UFRR)
com destaque • 2º vice diretor: Newton Paulo
para a realiza- Falcão (Inpa)
ção da XI Reu- • Secretário: João José da Costa
nião Brasileira Silva (UERR)
de Classificação • Tesoureiro: Gilvan Coimbra
Figura 2. Atividade de Educação em solos na comunidade indígena da e Correlação de Marins (Embrapa)
Malacacheta no Estado de Roraima Solos, em Ro-

44 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


NÚCLEOS SBCS
nhecimento que compõem a es-
trutura organizacional do NRNE/
SBCS. A honraria será concedida
anualmente, durante a edição da
RNCS e, ou em cerimônia espe-
cial realizada pelo Núcleo.

O Núcleo Regional Nordeste repre-


senta a SBCS (NRNE/SBCS) nos
estados de AL, BA, CE, PB, PE, PI, RN e
dida durante as edições da Reu-
nião Nordestina de Ciência do Solo
(RNCS), a um único profissional ou
Para o biênio 2018/2019, a atual di-
retoria pretende: i) Dar continuidade
das ações que geram captação de re-
SE. Entre seus objetivos, destaca-se a instituição que tenha, ao longo de cursos financeiros, objetivando a inde-
adoção de medidas agregadoras para sua trajetória acadêmica, profis- pedência financeira do NRNE; ii) Atrair
a promoção do desenvolvimento e a sional ou científica, contribuído mais sócios, principalmente entre
difusão da Ciência do Solo, com vistas extraordinariamente para o avan- os discentes de graduação e de pós-
ao melhor aproveitamento dos solos ço da ciência ou da tecnologia em graduação; iii) Apoiar a realização de
nas diversas atividades humana nos Ciência do Solo nos estados da re- eventos em Ciência do Solo; iv)Apoiar
estados sob sua jurisdição. O NRNE gião Nordeste sob sua jurisdição. a realização do curso Pedologia para
conta, atualmente, com cerca de 150 Na primeira edição, em 2016, o ho- Solos do Nordeste; v) Apoiar a Comis-
sócios, distribuídos entre alunos de menageado foi o Dr. Ignácio Héman são Organizadora para a realização da
graduação, pós-graduação e profissio- Salcedo. Em 2017 a homenagem foi V RNCS em Fortaleza (CE), em 2019; vi)
nais (professores e pesquisadores). para o Dr. Luiz Bezerra de Oliveira. Apoiar a publicação de livros de inte-
Entre os anos de 2016 e 2017, foram • Lançamento do Boletim Informati- resse regional para a Ciência do Solo,
implementadas várias atividades ob- vo do NRNE/SBCS, publicação se- a exemplo dos manuais de recomen-
jetivando o fortalecimento do Núcleo mestral on-line que tem por objeti- dação de corretivos e fertilizantes; vii)
como entidade científica promotora vo divulgar as principais atividades Intensificar o apoio à criação e divulga-
da Ciência do Solo, em nível regional. e notícias de interesse dos associa- ção de projetos voltados para a práti-
Entre elas, estão: dos, bem como estimular o deba- ca de educação em solos, nas escolas
• A implantação do site do NRNE te, por meio de artigos opinativos dos ensinos fundamental e médio, de
(http://www.sbcs-nrne.org.br) sobre temas de interesse da Ciên- forma a promover a popularização
e da Fanpage (https://www. cia do Solo, em nível regional. O da Ciência do Solo; viii) Intensificar as
facebook.com/diretoriasbcsnr- primeiro número teve como tema ações opinativas do NRNE sobre as po-
ne/?pnref=story), que vêm exer- A conservação do solo na região líticas governamentais voltadas para o
cendo papel de destaque na di- Nordeste e pode ser acessado pelo ensino, pesquisa e assistência técnica
vulgação de eventos e de editais endereço: http://www.sbcs-nrne. em Ciência do Solo, em nível regional,
de processos seletivos, concur- org.br/anexos/Boletim_Informati- e ix) Divulgar as contribuições cientí-
sos públicos e outras informa- vo_NRNE_SBCS_v.1,_n_.1_.pdf. ficas realizadas no presente e passa-
ções voltadas para a temática da • Confecção e venda de souvenirs do por grupos de pesquisa sediados,
Ciência do Solo; (camisas, canecas, bolsas, chavei- principalmente, na região Nordeste do
• Realização da III e IV RNCS. A III ros, agendas, etc.) visando con- Brasil em Ciência do Solo.
RNCS, realizada em 2016 na ci- tribuir para o aumento da visibi- Atual diretoria (2017/2019):
dade de Aracaju (SE) teve como lidade e consolidação da marca • Diretor: Júlio César Azevedo Nó-
tema Integração e uso do conhe- NRNE/SBCS, além de sua indepen- brega (UFRB)
cimento para uma agricultura dência financeira. • 1º Vice-diretor: Henrique Antunes
sustentável no Nordeste e reuniu • Criação do Prêmio Nordeste “Des- de Souza (Embrapa Meio Norte)
mais de 250 profissionais. Já a IV taque Acadêmico em Ciência do • 2º Vice-diretor: Valdomiro Seve-
RNCS, realizada em 2017 em Te- Solo”. Definido durante a III RNCS rino de Souza Júnior (UFRPE)
resina (PI), teve como tema Uso em Aracaju, o prêmio será outor- • Secretária geral: Adriana Maria
sustentável do solo. A V RNCS gado para a melhor dissertação de de Aguiar Accioly (Embrapa)
será realizada em Fortaleza (CE), mestrado e tese de doutorado de • Tesoureiro: Bruno de Oliveira
no primeiro semestre de 2019, programas de pós-graduação em Dias (UFPB)
sob a coordenação da UFC. Ciência do Solo nos estados sob
• Criação do Prêmio Nordeste de sua jurisdição, a ser selecionada Mais informações:
Ciência do Solo, honraria conce- em cada uma das divisões de co- http://www.sbcs-nrne.org.br.

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 45


NÚCLEOS SBCS

O Núcleo Regional Centro-Oeste


(NRCO) SBCS abarca os estados
de MT,MS,GO e DF e tem como ob-
com aproximadamente 1400 inscritos e
teve como tema Rumo aos Novos De-
safios. Foi organizada pela Universida-
Finalmente, para exemplificar o
espaço conquistado pelo NRCO,
o XXXVII Congresso Brasileiro de
jetivo central alavancar a Ciência do de Federal de Goiás (UFG), em parceria Ciência do Solo ocorrerá, de 21 a
Solo na região dos Cerrados, Dentre com a Universidade Federal do Mato 26 de julho de 2019, no Centro de
as principais ações propostas pela Grosso (UFMT), Embrapa, Instituto Fe- Eventos Pantanal, Cuiabá (MT).
gestão 2017/2019, destacam-se: (i) a deral Goiano (IFGoiano) e Universidade O evento será organizado pela
continuidade ao trabalho de apoiar de Brasília (UNB). UFMT, com o apoio das principais
e gerir eventos técnico-científicos Em 2016, por iniciativa da UFG e tam- instituições de ensino e pesquisa
nas diferentes vertentes da Ciência bém com o apoio do NRCO, foi organi- regionais. Também está sendo ar-
do Solo, tendo como foco principal a zado em Goiânia o I Simpósio de Nutri- ticulado, com efetiva participação
Reunião Centro-Oeste de Ciência do ção de Plantas no Cerrado (I SNPC), a do NRCO, o III Simpósio Brasileiro
Solo; (ii) o fomento à publicações téc- partir da necessidade de discussões re- de Solos Arenosos, com previsão
nico-científicas voltadas para o mane- ferentes às práticas de manejo do solo para ocorrer no Mato Grosso do
jo sustentável dos solos do Cerrado, e que visassem à nutrição de plantas de Sul. Além do apoio a eventos, a
(iii) continuar trabalhando para o for- forma adequada e eficiente, contem- atual diretoria tem como objetivos
talecimento e consolidação do núcleo plando ainda as inovações ou altera- finalizar o processo de legalização e
como braço forte da SBCS, tornando-o ções nos sistemas de cultivo modernos. formalização do NRCO, bem como
referência para região. O Simpósio foi idealizado em resposta à fomentar publicações técnico-cien-
A quinta edição da Reunião Centro demanda crescente por conhecimento tíficas voltadas para a região do
-Oeste de Ciência do Solo (RCOCS) técnico no tema, em especial no bioma Cerrado. Nesse sentido, destaca-se
aconteceu entre os dias 01 a 04 de Cerrado, no qual as produtividades al- a formação das comissões técnicas,
maio deste ano, na cidade de Goiâ- cançam cada vez maiores patamares e a exemplo do que já ocorre em ní-
nia-GO. A RCOCS se tornou um evento novos desafios têm sido recorrentes, vel nacional na estrutura da SBCS.
itinerante e tem como objetivo cen- visando à sustentabilidade da produção
tral discutir regionalmente os avanços agropecuária. Conheça a atual diretoria:
e entraves para a Ciência do Solo, na Está prevista, para 2020, na cidade de • Diretor: Robélio Leandro Mar-
região dos Cerrados. Foi realizada pela Sorriso, MT, a realização do VI Reunião chão (Embrapa Cerrados)
primeira vez, em 2011, na cidade de Ja- Centro-Oeste de Ciência do Solo. O • 1º Vice-diretor: Cid Naudi Silva
taí (GO) e , a partir de então, com forte evento terá como objetivo estimular Campos (UFMS)
atuação do NRCO, o evento vem ocor- a interação entre os diversos públicos • 2º Vice-diretor: Dácio Olibone
rendo sistematicamente, realizado nos interessados na sustentabilidade de sis- (IFMT)
anos de 2013, 2015 e 2016, nas cida- temas produtivos e promover sua atua- • Secretário: Cícero Célio de Figuei-
des de Rio Verde (GO), Barra do Garças lização sobre as principais inovações, redo (UnB)
(MT) e Chapadão do Sul (MS), respec- pesquisas e tecnologias relacionadas à • Tesoureiro: Rilner Alves Flores
tivamente. A partir de 2016, a RCOCS Ciência do Solo no Cerrado. (UFG)
migrou para os anos pares.
A partir da consolidação do
NRCO, foi possível também
retomar os eventos nacio-
nais da SBCS, tendo sido
organizada de 16 a 20 de
outubro de 2016 a FertBio,
na cidade de Goiânia-GO. A
FertBio 2016, promovida
pelo NRCO-SBCS, contou

46 | BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018


NÚCLEOS SBCS
O NR Leste é composto pelos es-
tados do RJ, MG e ES. No biênio
2015/2017, contava com 257 sócios:
objetivo de gerar e aprimorar conhe-
cimentos, levantar questionamentos e
atualizar informações sobre os entra-
cossistemas argentinos, brasileiros
e cubanos. O evento contou com a
participação de palestrantes dos três
17 do ES, 144 de MG e 96 do RJ e foi ves e possibilidades de crescimento da países.
dirigido pelo professor Marcos Ger- agricultura focada no estudo dos so- A nova diretoria do NR Leste tem
vásio Pereira, da UFRRJ. los. Ainda nesse ano, o NR Leste tam- com uma das principais metas para o
Durante o biênio 2015/2017, reali- bém realizou o IV Simpósio Mineiro de próximo biênio aumentar o número
zou os seguintes eventos estaduais: Ciência do Solo (SMCS), com o tema de sócios e a participação efetiva dos
Simpósio “Solos e Ambiente no Esta- Solos no espaço e tempo: trajetórias atuais nas ações que desenvolve.
do do Rio de Janeiro” (UFRRJ) e o “I e tendências. O IV SMCS, realizado na
Simpósio Capixaba de Solos e déficit UFV, também teve como objetivo inte- Conheça a atual Diretoria:
hídrico: Estratégias para uma agri- grar a discussão sobre aplicações das • Diretor: André Guarçoni Martins
cultura sustentável” (Ufes), ambos informações das classes e atributos do (Incaper)
realizados em dezembro de 2016, solo na agricultura entre pesquisado- • 1º Vice-Diretor: Felipe Vaz An-
em comemoração ao Dia Mundial res e professores de diversas institui- drade (UFES)
do Solo, quando também foi lança- ções brasileiras, com estudantes da • 2º Vice-Diretor: Renato Ribeiro
do o livro Reflexões sobre nutrição graduação e pós-graduação. Passos (UFES)
e adubação do cafeeiro, de André Também, em 2017, foi realizado, na • Secretário-geral: Marcos Gerva-
Guarçoni. UFRRJ, o II Simpósio Argentina-Bra- sio Pereira (UFRRJ)
Em 2017, foi promovido “II Simpó- sil-Cuba, cujo tema foi Indicadores • Tesoureira: Maria Catarina Me-
sio de Ciência do Solo” (Ufla), com o de qualidade ambiental em agroe- gumi Kasuya (UFV)

contou com apenas uma chapa ins-


crita, que terá mandato até agosto
de 2019.
No dia 24 de agosto de 2017, foi rea-
lizada assembleia geral de NESP, no
Departamento de Ciência do Solo,

O Núcleo São Paulo da SBCS rea-


lizou, em 2016, no IAC, o II En-
contro Paulista de Ciência do Solo
No mandato anterior (2015-2017), a
diretoria do NESP foi composta por: Zi-
gomar Menezes de Souza, da Unicamp
da Esalq/USP, em Piracicaba/SP. Na
Assembleia foram computados os
votos presenciais e recebidos por
(EPCiS), cujo tema foi Interação entre (diretor); Janaína Braga do Carmo, da e-mail. Após a contagem, foi eleita
grupos de pesquisa do estado de São UFSCAR (1º vice-diretora); José Mar- a nova diretoria do NESP, composta
Paulo. O II EPCiS foi realizado conjun- ques Júnior, da Unesp (2º vice-diretor); pelo professor Rafael Otto, da Esalq
tamente com o I Pedometrics Brazil e Rafael Otto, da Esalq (tesoureiro) e Ca- (diretor); dr. Estevão Viccari Mellis,
ambos contaram com a presença de rolina Fernandes, da Unesp (secretá- do IAC (1º vice-diretor); professor
215 participantes. O II EPCiS cumpriu ria); além dos professores Tiago Osório Thiago Assis Rodrigues Nogueira, da
seu objetivo, pois foi possível obser- Ferreira (Esalq), Maria Leonor Assad Unesp (2º vice-diretor); professor Re-
var grande interação entre os grupos (UFSCAR), Otávio Antônio de Camargo ges Heinrichs, da Unesp (Tesoureiro)
de pesquisa das diversas áreas da (IAC), Ricardo Marques Coelho (IAC), e professor Zigomar Menezes de Sou-
Ciência do Solo (Física e Conservação, Estevão Viccari Mellis (IAC) coko mem- za, da Unicamp (Secretário); além do
Fertilidade, Microbiologia, Nutrição bros do conselho fiscal. professor André R. dos Reis (Unesp),
de Plantas, Sensoriamento Remoto, Entre julho e agosto de 2017, foi eleita Dr. João Luís Nunes Carvalho (CTBE),
entre outros). a nova administração do Núcleo que Dr. Otávio Antônio de Camargo (IAC)

BOLETIM INFORMATIVO DA SBCS | JAN - ABR 2018 | 47


NÚCLEOS SBCS

como membros do Conselho Fiscal. O de colegas da área em se mante- Conheça a atual diretoria:
mandato da nova diretoria iniciou-se rem sócios. Isso resultou na dimi- • Diretor: Rafael Otto (Esalq )
em 01 de setembro de 2017 e encer- nuição de número de sócios nos • 1º vice-diretor: Estevão Viccari
ra-se em 31 de agosto de 2019. últimos anos. Vamos lutar para Mellis (IAC)
Dentre os principais objetivos de reverter esse cenário; • 2º vice-diretor: Thiago Assis
atual gestão, destacam-se: • Organizar o III Encontro Paulista Rodrigues Nogueira (Unesp)
• Fomentar a participação do de Ciência do Solo, que deverá • Tesoureiro: Reges Heinrichs
maior número possível de sócios ocorrer em novembro, em Ilha (Unesp) (Tesoureiro)
da SBCS, do estado de São Paulo, Solteira/SP. Já estão definidos o • Secretário: Zigomar Menezes de
no 21st World Congress of Soil chefe da comissão organizadora, Souza (Unicamp)
Science, a ser realizado no Rio que será o professor Thiago Assis • Conselho Fiscal: André R. dos
de Janeiro, em agosto; Rodrigues Nogueira, da Unesp-I- Reis (Unesp), João Luís Nunes
• Aumentar o número de sócios lha Solteira/SP. No momento a co- Carvalho (CTBE), Otávio Antônio
do estado de São Paulo na SBCS. missão está definindo o tema do de Camargo (IAC).
Devido a uma série de fatores, evento e as palestras, assim como
temos observado desinteresse os patrocinadores.

O NEPAR tem como missão con-


gregar os profissionais e institui-
ções atuantes no Paraná visando ao
presentação privada, inserindo defini-
tivamente o NEPAR como espaço de
discussão das questões referentes ao
conservacionistas na agricultura para-
naense e participou, junto com as insti-
tuições que compõem a Rede de Apoio
desenvolvimento da Ciência do Solo, uso e conservação dos solos e água no à Pesquisa Agropecuária (RedeAgro) do
com o aprimoramento das atividades Paraná. Paraná, do lançamento do primeiro edi-
de pesquisa, ensino, extensão rural Por conta de todo esse trabalho e tal de pesquisa com foco no monitora-
e assistência técnica. Visa ainda ao apoio, foram lançados o Manual de mento da erosão no estado.
adequado uso, manejo e conserva- Adubação e Calagem para o Estado do Com o propósito de dar sequência
ção do solo e da água, nos meios rural Paraná, o Guia Prático de Biologia do e implementar outras ações, a dire-
e urbano, alargando as possibilidades Solo e a cartilha Conservando os Solos, toria executiva eleita para o biênio
do desenvolvimento sustentável. que completa a série de materiais didá- 2017/19 estabeleceu um conjunto de
No biênio 2015/17, realizou intenso tra- ticos lançados para a educação básica. metas. Dentre elas, estão:
balho de institucionalização do no NE- Nesse período, também foram reali- • Continuar a parceria com a Rede
PAR, com o desenvolvimento de proces- zados o Seminário de Boas Práticas no de Apoio à Pesquisa Agropecuá-
sos e rotinas organizacionais internas e Uso e Manejo Sustentável dos Solos, ria (RedeAgro) e com o PROSOLO,
a utilização de recursos de mídia, que em parceria com a SEAB; a XXVII Re- atuando ainda na Rede Paranaen-
permitiram dar maior agilidade, segu- união Latinoamericana de Rizobiologia se de Agropesquisa e Formação
rança e visibilidade ao trabalho. (RELAR) e XVIII Reunião da Rede de La- Aplicada - o eixo do PROSSOLO
Outra frente de atuação foi no senti- boratórios para a Recomendação, Pa- que desenvolverá pesquisas para
do de alertar e sensibilizar governan- dronização e Difusão de Tecnologia de responder a problemas regionais
tes sobre os problemas do manejo Inoculantes Microbianos de Interesse de conservação de solos;
inadequado do solo e da água e a Agrícola (RELARE); a XX Reunião Brasi- • Promover o IX Simpósio Brasilei-
necessidade de apoio às instituições leira de Manejo e Conservação do Solo ro de Educação em Solo, entre
e de elaboração de programas es- e da Água, a V Reunião Paranaense de 15 e 18 de maio de 2018, em
truturados para promover soluções. Ciência do Solo (RPCS) e o II Simpósio Dois Vizinhos (PR), organizado
Somado a isso, estabeleceram-se Brasileiro de Solos Arenosos (SBSA). pela UTFPR - Campus de Dois
parcerias exitosas com o governo O NEPAR também participa do PROSOLO, Vizinhos. A temática central será
do estado e com entidades de re- programa que retomou o uso de práticas Educação em solos no meio ru-

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NÚCLEOS SBCS
ral: entre as escolas e a exten- hoje, é ter a capacidade de aju- por já ter se esgotado a 1ª edição,
são. O Simpósio deverá se cons- dar a sociedade, principalmente em função da qualidade da obra.
tituir em um excelente fórum as instituições públicas e privadas • Outras ações também estarão
para debater a educação em mais diretamente ligadas à agri- na pauta do NEPAR, como a par-
solo com os profissionais das cultura, a estabelecer estratégias ticipação do Núcleo no XXI Con-
instituições públicas e privadas técnicas e operacionais para uma gresso Mundial de Ciência do
que fazem assistência técnica e agricultura sustentável, numa Solo, este ano.
extensão rural no Paraná; velocidade que consiga evitar os
• Promover a VI Reunião Paranaen- prejuízos ao solo e à água; Para melhor atender às metas es-
se de Ciência do Solo, que ocorrerá • Elaborar um Manual Técnico de tabelecidas, especialmente para
em maio de 2019, em Ponta Gros- Conservação do Solo para o Para- ampliar o processo de comunicação
sa (PR), organizado pela Universi- ná. Diante dos níveis acentuados interno e com a sociedade, é impres-
dade Estadual de Ponta Grossa; de degradação que os recursos cindível a participação dos membros
• Ampliar o processo de comuni- naturais do estado (solo e água) do NEPAR, principalmente daqueles
cação do NEPAR, internamente, tem apresentado, o NEPAR foi de- que atuam nas comissões das suas
com o propósito de manter os mandado pelas organizações que diferentes divisões.
seus membros atualizados, em representam os agricultores para-
relação às ações programadas naenses para produzir um manual Atual diretoria:
e em andamento, e estimulá-los técnico destinado a profissionais • Diretor: Oromar João Bertol
a participar ativamente delas. de níveis superior e médio que (Emater-PR)
Externamente, pautando temas atuam no meio rural. Essa obra, • Vice-Diretor: Jeferson Dieckow
da ciência do solo que tenham que já está em elaboração, conte- (UFPR)
relação com a sociedade e com rá as informações técnicas de con- • Secretário: Paulo Cesar Concei-
os agentes públicos e privados servação do solo para o Paraná; ção (UTFPR)
tomadores de decisão. Um dos • Reeditar o Manual de Adubação e • Tesoureiro: Tiago Santos Telles
grandes desafios, nos dias de Calagem para o Estado do Paraná, (IAPAR)

nião Sul Brasileira de Ciência do


solo.
A) A diretoria do NRS, por meio
do diretor Mauricio Vicente
Alves, participou da V Reunião
Paranaense de Ciência do Solo/

E ntre 2015 e 2016, a diretoria do


Núcleo Regional Sul (NRS) parti-
cipou de datas comemorativas sobre
• apoiou a II Competição Sul Bra-
sileira de Identificação de Solos,
realizada nos dias 29 e 30 de agos-
II Simpósio Brasileiro de Solos
Arenosos, entre os dias 23 e 25
de maio de 2017, no Excellence
solos e atuou na elaboração de um to de 2016, no campus de Frede- Centro de Eventos, na cidade
folder informativo sobre o manejo e rico Westphalen, da UFSM, orga- de Maringá (PR).
a conservação do solo e da água, jun- nizada pelos professores e alunos B) Participação no IV Encontro
tamente com a Emater/RS-ASCAR, do Setor de Pedologia daquela Regional de Plantio Direto na
para divulgar a importância de um universidade. Palha por meio do diretor e
manejo adequado do solo. • na promoção da XI Reunião Sul da vice-diretora em Chapecó
O Núcleo também atuou: Brasileira de Ciência do Solo (XI (SC), de 25 a 27 de julho de
• na preparação da 11ª edição do RSBCS) entre os 31 de agosto a 02 2017.
Manual de Calagem e Adubação de setembro de 2016. C) Participação no XXVI Con-
para os estados do RS e SC, rea- gresso Brasileiro de Ciência
lizada durante a XI Reunião Sul Já a gestão 2017/2018 foi responsável do solo, com o diretor e a vi-
Brasileira de Ciência do Solo (XI pelas seguintes ações: ce-diretora, em Belém (PA),
RSBCS), em Frederico Westpha- 1. Atividades de divulgação do Núcleo de 30 de julho a 04 de agos-
len; e Regional Sul da SBCS e da XII Reu- to de 2017. Nessa oportuni-

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NÚCLEOS SBCS

dade, a diretoria e os sócios B) Apoio ao IV Encontro Regional de atividades desenvolvidas pelos


do NRS fizeram uma reunião Plantio Direto na Palha. sócios do NRS
para prestação de contas e
planejamento de ativida- 4. Atividades Futuras 5. Organização de eventos
des. A) A diretoria, pesquisadores e Organizamos a XII Reunião Sul Brasi-
D) Cursos de capacitação so- professores sócios do NRS estão leira de Ciência do Solo (XII RSBCS),
bre as atualizações do novo copilando o Manual de Métodos realizada entre 15 e 17 de abril. Or-
Manual de Calagem e Adu- Analíticos para Análises de solos ganizado pela Universidade do Oeste
bação – 2016, ministrados e Tecidos Vegetal, para uso dos de Santa Catarina, em parceria com
por membros da diretoria laboratórios da Rede Oficial de a Epagri e Universidade Comunitária
em Chapecó e Xanxerê (SC) Laboratórios de Análise de Solo e Regional de Chapecó. Seu tema foi
e Nonoai (RS). de Tecido Vegetal do Rio Grande Solo, água, ar e biodiversidade: com-
do Sul e de Santa Catarina. ponentes essenciais para a vida.
2. Venda de Livros B) Criação de um aplicativo baseado
Foram vendidos, em 2017, mais de na 11ª edição do Manual de Ca- Conheça a atual diretoria:
3000 livros da 11ª edição do Manual lagem e Adubação para os Esta- • Diretor: Mauricio Vicente Alves
de Calagem e Adubação para os Es- dos do RS e SC. Com a finalidade (Unoesc)
tados do RS e SC. de interpretar análise de solo e • 1° Vice-diretor: Carolina Malu-
3. Apoio a Eventos ser usado em celulares, tabletes che Baretta (Unochapecó)
A) Apoio à realização da III Com- e smartphones. Trabalho para • 2° Vice Diretor: Tales Tiecher
petição Sul Brasileira de Identi- a criação do CNPJ do NRS, bem (UFRGS)
ficação de Solos, realizada nos como um estatuto, pois hoje tem • Secretário: Leandro do Prado
dias 14 e 15 de abril deste ano, somente um regimento. Wildner (Epagri/ Cepaf)
no campus de Universidade C) E, por fim, a elaboração de um • Tesoureira: Jaqueline Machado
Fronteira Sul em Chapecó (SC). boletim técnico, com pesquisas e de Oliveira (Unoesc)

Carvalho e Carolina Augusto, além


de dezenas de outros colaboradores,
das várias instituições envolvidas. A
segunda etapa da RCC será realizada
de 1 a 8 de agosto e fará parte do

O
roteiro do XXI Congresso Mundial de
Núcleo Noroeste abrange (RCC de Rondônia). A reunião contou Ciência do Solo.
os estados do Acre e Rondô- com 82 participantes e com o apoio fi- Ainda em 2018, entre os dias 30 de
nia. Em setembro de 2016, nanceiro da Capes, Universidade Fede- julho e 01 agosto, será realizada a
foi realizada a I Reunião Regional de ral de Rondônia e Embrapa Rondônia, II Reunião Regional de Ciência do
Ciência do Solo, na cidade de Rolim além da Universidade Federal Rural do Solo, sob a coordenação da sócia
de Moura. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro de Karina Burity e do vice Paulo Wadt.
Em 2017, houve a mudança de dire- Geografia e Estatística (IBGE) e o Servi- O tema da reunião será Manejo e
toria por meio de eleições realizadas ço Geológico Nacional (CPRM). Conservação dos Solos de Rondônia,
via e-mail. Houve a inscrição de ape- No total foram visitados 14 perfis de aproveitando a presença de vários
nas uma chapa, que tomou posse em solos. Na opinião do participante Mau- pesquisadores da área que estarão
julho de 2017, a tempo de conduzir ricio Rizzato, “a RCC de Rondônia me participando da segunda excursão
a assembleia geral ordinária no Con- possibilitou conhecer solos que ja- da RCC de Rondônia.
gresso Brasileiro de Ciência do Solo, mais imaginei que poderiam existir”. Conheça a atual diretoria:
realizado em Belém. O evento foi coordenado por Paulo • Diretor: Paulo Wadt
Ainda em 2017, no período de 9 a 16 Wadt, José Francisco Lumbreras e Lú- • Secretária: Karina Burity
de setembro, foi realizada a primeira cia Helena Anjos, com a participação • 1º vice-diretor: Henrique Cipriani
excursão da XII Reunião Brasileira de de Francisco de Assis Corrêa Silva, Ka- • 2º vice-diretor: Elizio Frade
Classificação e Correlação de Solos rina Burity, Gabriela Morona, Daniele • Tesoureira: Marcela Campanharo

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