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lAje de sANtos
As surpresas que esta pedra esconde
edição nº 8 | dezembro/janeiro 2014/2015 | r$ 12,00
roteiro
de verão
Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de
UbatUba a Paraty
PENSAMOS EM VOCÊ
NESTA EDIÇÃO...
DE UBATUBA... Centro Histórico - Paraty
TUDO O QUE VOCÊ ESPERA DE UMA MARINA
pág. 50
POR JORGE DE SOUZA
JORGE DE SOUZA
milhas náuticas
da baía da
cidade: quem a
damos todas as dicas para esta deliciosa viagem
vê assim, não
imagina o que
ela esconde
debaixo d´água
agenciaeutueles.com.br
A PEDRA Q
uem sair da baía de Santos e
navegar umas 20 milhas adiante
encontrará esta grande pedra em
forma de baleia, no meio do oceano.
Ela não tem vegetação, nenhum ponto
de desembarque, muito menos praia. Ou seja, nenhum
atrativo visível que justifique o passeio até lá. Mesmo
DA VIDA
Só quem já mergulhou assim, ao chegar, é bem provável que se encontre outros
nas águas limpíssimas barcos ancorados ao redor deste bloco de granito, que se ergue
e cheias de vida da solitário no meio do mar. E a razão disso está dentro dele. Basta
...A PARATY
LAJE DE SANTOS enfiar a cara na água para entender o porquê de tamanha fama e Ilha Anchieta - Ubatuba
sabe quão bonita uma popularidade da Laje de Santos, nome deste quase obstáculo natural
s i m p l e s p e d ra n o no caminho de entrada do mais movimentado porto do país. Primeiro,
meio do mar pode ser verá uma água com transparência difícil de acreditar, até por conta do lugar
onde está, bem na rota dos navios que entram e saem do porto de Santos.
JORGE DE SOUZA
E, em seguida, se impressionará ainda mais com a quantidade e variedade de
espécies marinhas que ela abriga. A Laje de Santos é uma pedra cheia de vida.
AR
50 NÁUTICA SUDESTE NÁUTICA SUDESTE 51
O NAVEGADOR DO
OS MACETES DO CORRICO
direitinho o que fazer com
F
é aconselhável usar também um
A maneira mais fácil é corricando. Veja aqui como
J
destorcedor, para evitar nós na amarra.
oi um feito, no mínimo, ousado —
á passou pela sua cabeça deram lugar ao ferro — daí
para não dizer inusitado. Três me-
que, para permanecerem um dos nomes pelos quais Haste
A
Além de unir a amarra ntes de mais nada, é bom saber que a pesca de na pesca de corrico é muita ação — a começar pelo
parados na água, mesmo as âncoras são conhecidas. ses atrás, o piloto e aventureiro pro-
às patas, que é a parte que prende a
os barcos mais modernos Depois, elas passaram a âncora ao fundo, é uma das peças mais A bordo de um parapente motorizado, o aventureiro profissional fissional Lu Marini decolou com o corrico — ou seja, aquela feita com uma linha a
reboque no barco em movimento, que os cariocas
próprio barco, que precisa estar em movimento. Mas
não basta amarrar uma linha com anzol na popa do
dependem de um primitivo ser feitas de aço e, mais pesadas do ferro e ajuda na sua fixação.
Lu Marini fez a mais inusitada travessia do Tietê que se tem notícia: seu paramotor (um parapente mo-
também chamam de “pesca de arrasto” — difere em barco e sair rebocando a isca. Para experimentar a
peso preso a eles? É que recentemente, de alumínio, Quanto mais próxima do solo ela ficar,
torizado), de Salesópolis, nas imediações de tudo das pescarias tradicionais. Não tem, por exemplo, deliciosa sensação de ser brindado com uma fisgada
ninguém jamais conseguiu este um material bem mais
melhor a eficiência do fundeio. voou, do começo ao fim, sobre o rio mais famoso e polêmico de São Paulo São Paulo, onde nasce o Tietê, e com ele per- nada a ver com a paz contemplativa das pescarias de enquanto passeia com sua lancha ou veleiro é preciso
desenvolver algo mais eficiente leve e apropriado para correu toda a extensão do mais longo e polê- beira de rio ou costeiras. Ao contrário, o que não falta outros cuidados. Como estes aqui.
para impedir que um barco se se transportar a bordo, Unhas São as pontas das
mico rio do estado. Levou 18 dias na empreita-
patas e as partes que de fato “espetam”
mova ao sabor dos ventos e das já que a função do da, voando cerca de duas horas por dia a baixa
o solo. Numa boa ancoragem, elas CARRETILHA É firmemente a algo a bordo. Manter a vara são muito dinâmicos e desaparecem tão
correntezas do que as âncoras, peso numa âncora desaparecem no fundo e não ficam altitude e a relaxantes 50 km/h — o suficiente MELHOR DO QUE MOLINETE nas mãos gera movimentos involuntários rapidamente quanto surgem. Se vir algum
equipamentos tão antigos é apenas levá-la visíveis.
para ir admirando a paisagem e registrando to- As carretilhas são mais eficazes na pesca que podem afugentar os peixes. E se, cardume, circule ao redor dele e não
quanto a própria história da até o fundo — de corrico. E devem estar carregadas depois de sentir a fisgada, a linha afrouxar, apenas passe sobre os peixes, para que o
dos os problemas do rio mais poluído e triste-
navegação. A única diferença
é que, ao longo dos tempos,
o que segura uma
embarcação
Patas São as partes que mente famoso do país.
com bastante linha. O ideal é, pelo
menos, 400 metros. As carretilhas de
recolha um pouco, para ver se ela volta
a ficar tensionada. É que, muitas vezes,
motor não os afugente.
nas embarcações do passado, nas páginas a seguir. e como enfrentá-las. Como, por exemplo, faz sororocas, cavalas e pode trazer bons resultados, porque as A profundidade ideal da isca deve ser a meia
Cruz Junção entre a haste e Dona Maria, uma humilde moradora da beira
bicudas possuem
mandíbula frágil,
cracas dos cascos acabam atraindo peixes.
Correntes de âncoras são melhores ainda,
água, mas a mesma isca pode atingir diferentes
profundidades, dependendo da velocidade
o cepo. Pode ser usada para soltar a do rio entrevistada por Marini, que, na falta de que se rompe porque descem até o fundo, atraindo ainda do barco. Quanto mais rápido ele navegar,
âncora, quando não se consegue
içá-la pela haste.
peixes para pescar e sustentar sua família, tro- com facilidade mais espécies. Mas tome cuidado maior será a pressão da água na barbela,
quando redobrado com a navegação. fazendo com que ela desça mais. Portanto,
cou de atividade e hoje vive de vender as porca- submetida a uma fique atento à velocidade de navegação.
rias que recolhe do rio, feito uma espécie de fer- súbita pressão. NÃO SE DEIXE LEVAR
70 NÁUTICA SUDESTE NÁUTICA SUDESTE 71
DO COMEÇO ro-velho fluvial. “Assim, também ajudo a limpá PELOS CARDUMES MUITO CUIDADO
PRENDA A VARA Os corricos são a maneira mais eficiente de NA HORA DE EMBARCAR
AO FIM o rio”, disse Dona Maria àquele inesperado na-
pág. 70
Lu Marini em EM VEZ DE SEGURÁ-LA cobrir grandes áreas numa pescaria. Mas Muito cuidado na hora de embarcar o
ação, voando
vegador, que, ao contrário de todos os que ela Durante o corrico, deixe a vara firme não se deixe levar pela eventual visualização peixe, para não perdê-lo na hora agá.
sobre o ponto já viu passar pelo Tietê, chegou pelo ar e não no porta-varas do barco ou presa de cardumes na superfície, porque eles O ideal é cansá-lo um pouco e ir
onde o Tietê
pela água — mas munido da mesma curiosida-
desagua no
Paraná e termina de sobre a outra face do rio que virou sinônimo 76 NÁUTICA SUDESTE
sua trajetória. de poluição e descaso com a natureza e o meio
Infelizmente,
pág. 76
nem tudo que ambiente. “Foi uma expedição reveladora, tan-
ele viu no rio foi to da natureza do rio quanto dos sérios proble-
tão bonito assim
mas ambientais que o assolam”, preferiu definir
Marini, que já viajou com sua vela motorizada
DIVULGAÇÃO
por diversos lugares do Brasil e do mundo. Mas
pág.62
jamais sobre um rio inteiro.
LAJE DE SANTOS
DIgITAL são paulo rio de janeiro minas gerais espírito santo
SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO
LAGO JAGUARA
SÃO PAULO RIO DE JANEIRO MINAS GERAIS ESPÍRITO SANTO
AS NOVIDADES DO
gRÁTIS!
NAZARÉ PAULISTA ILHA ANCHIETA As mais lindas águas do
As surpresas que esta pedra esconde A represa que é uma surpresa A Alcatraz de Ubatuba interior paulista Os lançamentos do último salão náutico
EDIÇÃO Nº 5 | JUNHO 2014 | R$ 12,00 EDIÇÃO Nº 6 | AGOSTO-SETEMBRO 2014 | R$ 12,00 EDIÇÃO Nº 7 | OUTUBRO/NOVEMBRO 2014 | R$ 12,00
edição nº 4 | abril 2014 | r$ 12,00
as Melhores
EDIÇÃO Nº 8 | DEZEMBRO/JANEIRO 2014/2015 | R$ 12,00
As 12 Melhores
Roteiro CoisAs de Marinas
de verão
Um roteiro completo, com todas as dicas, para você ir com seu barco de Acesse www.
ilhAbelA
Ou uma dúzia de motivos que
tornam a ilha mais bonita de São
Paulo ainda mais gostosa
do litoral
UbatUba a Paraty SanTíSSima
nautica.com.br/ Nas Águas de Trindade
Paraty
A ex-vila caiçara, que, primeiros os hippies, depois os
Os lugares mais indicados para guardar um barco entre Rio de Janeiro e São Paulo surfistas e os turistas adotaram, ainda enche os olhos com
a beleza de suas praias – algumas ainda virgens e as últimas
nauticasudeste
desse tipo no litoral entre Ubatuba e Paraty
EDIÇÃO DE ANI
V ERSÁRIO 1º AN O E PARA COMEMORAR...
GRÁTIS
DO ASFALTO NÃO FAÇA RIO BOAT SHOW XI, NÃO PEGA... PRANCHA PRA QUE ISSO? SEM FAZER UMA LANCHA, TRÊS
PARA A ÁGUA ONDA! 18 bons motivos Tudo o que você DE PESCA As tralhas inúteis ONDA Os 10 mais lindos lugares MOTORES
Os passeios turísticos Você sabe o que para você ir precisa saber sobre Um stand up paddle mais comuns a bordo Como enfrentar para passear de barco, O que muda numa lancha
CONVITE
e baixe, de gra-
em ônibus-anfíbios são uma simples marola ao salão baterias, para não para quem gostar de dos barcos e como com segurança as mostrados no primeiro ano quando só o que muda
a nova onda no Rio é capaz de fazer? ficar a ver navios... remar e pescar elas atrapalham Cadastre e visite! ondas e marolas de NÁUTICA SUDESTE é a potência do motor?
POSTO NÁUTICO - CONVENIÊNCIA - HELIPONTO - PISCINA com BORDA INFINITA - BAR MOLHADO - RESTAURANTE - SERVIÇO 24h
PRESIDENTE E EDITOR cOlAbORARAm NESTA EDIÇÃO: Haroldo J. Rodrigues (arte), Raquel barhum Hailer raquel@nautica.com.br
Ernani Paciornik Aldo macedo (imagens), maitê Ribeiro (revisão) Guilherme Rabelo guilherme@nautica.com.br
VIcE-PRESIDENTE leide Ortega leide@nautica.com.br
Denise Godoy REDAÇÃO E ADmINISTRAÇÃO
Av. brigadeiro Faria lima, 1306, 5o andar, cEP 01451-001, PARA ANuNcIAR
São Paulo, SP. Tel. 11/2186-1000 publicidade@gr1editora.com.br Tel. 11/2186-1022
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6 Náutica SudeSte
Aconteceu...
LaNÇaMeNtO RiO
BOat SHOW 2015
Um concorrido almoço no Rio de Janeiro marcou a
GRUPOS
DE AMIGOS Representantes das principais marcas de barcos do
MUITA GENTE
Acima, a equipe
da CL Barcos,
analisando
os espaços
disponíveis, e
Como a Marina da Glória e o Píer Mauá estão em obras para as Jorge Freire, da
Smart Pier. Ao
Olimpíadas, o próximo Rio Boat Show acontecerá no Riocentro lado, Jaime Alves,
da Flexboat,
cOMO SERá O com Antonio
RIO bOAT ShOw Carlos Lobato, da
A apresentação Verolme, e Pedro
do próximo Boat Guimarães,
Show reuniu da Marina da
representantes No Riocentro haverá ainda mais Glória. Abaixo,
Guto e Kadu, da
dos principais
estaleiros do espaço para a exibição dos barcos Kadu Marine
país, como André
Motta, da Ventura,
Josué Amaral, da
Coral, e Allysson
Yamamoto, da
Intermarine
(fotos ao lado)
MOStRa de BaRcOS
MaRiNa POuSada dO SOL
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(12) 3887-2637
Foto: Alcídio Baldo
ID: 672*2511
FOTOS DIVULGAÇÃO
barcos e um 1. 2. 3. 4.
total de 130
animadíssimas CHARTER BY THE DAY CHARTER COM LAZER EM PARATY
pessoas. BAREBOAT Day charter TRIPULAÇÃO Turismo, cultura
Algumas (sem tripulação) e Day skipper (skipper e hostess) e gastronomia
jamais haviam
dormido a
bordo dos seus
O Saco do Eustáquio é um dos mais
barcos bonitos refúgios náuticos de Ilhabela
AF_anuncio_nautica_JG.pdf 1 11/11/13 13:58 Vamos ao mar com uma frota constantemente renovada para oferecer conforto e segurança absolutos.
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SUA EMBARCAÇÃO SEM
DOCUMENTO VIRA ENFEITE
D E S P A C H A N T E N A V A L
Inscrição e Transferência de Embarcações. L I P A R I 4 1 E VO L U T I O N S U N O DY S S E Y 5 0 9 S U N O DY S S E Y 4 6 9
78 TRADIÇÃO
anos de
S U N O DY S S E Y 4 3 9 S U N O DY S S E Y 3 7 9 WIND 34 NG
jorge de souza
damos todas as dicas para esta deliciosa viagem
...A pArAty
Ilha Anchieta - Ubatuba
jorge de souza
enseada do Pouso
saco da Velha
Ilha da Cotia
Paraty--Mirim
C
Praia de jurumirim
saco do Mamanguá
ParaTY
São apenas
Trindade
60 milhas
de percurso.
Mas o ideal
Praia de Picinguaba é fazê-lo em
ansado de fazer quatro ou
sempre o mesmo pas- cinco dias
Ilha das Couves
seio com o seu barco? En- de roteiro
tão, que tal mudar de destino
e fazer logo uma viagem? Es-
Ilha do Prumirim
te roteiro é curto o suficiente para
poder ser feito com qualquer lancha
ou veleiro acima de 30 pés de com-
primento (ou mesmo abaixo dis-
so, desde que com atenção redobrada ENTRE
Praia do Cedro
nas condições climáticas), mas variado PRAIAS E ILHAS
Ubatuba tem
o bast ante para durar vários dias muitas praias.
(ou simples horas, no caso de os planos Paraty, várias ilhas.
Este roteiro une as
mudarem e você resolver voltar para casa mais duas coisas num
cedo). Vai de Ubatuba a Paraty, ou vice-versa, já que grande passeio,
que só pode ser
o roteiro é o mesmo e na água não há mão de direção, e feito de barco
uBaTuBa para quem sair de uma dessas cidades e chegar a outra, pelo ca-
minho mais bonito que há: pelo mar. Que tal, então, sair da ro-
tina neste verão e fazer esta travessia? Nós damos todas as dicas. Ilha de Ubatumirim - Ubatuba
fernando monteiro
Cachadaço - Trindade, Paraty
CHEGAR E
DESEMBARCAR
Picinguaba é uma
típica vila caiçara
Entre uma
e uma alternativa
de ancoragem.
Mas na deliciosa
cidade e outra,
piscina natural do
Cachadaço, em
algumas vilas
Trindade (foto menor
à direita), só se caiçaras. Como
fotos jorge de souza
chega de bote e se
o mar nem sempre
tranquilo da região
Picinguaba e
deixar
Trindade
Picinguaba - Ubatuba
fernando monteiro
Costa de Ubatuba
U E
batuba, no extremo nor- ntre Ubatuba e Paraty, a estrada passa bem longe
te do litoral paulista, tem do que a natureza reservou para esta região de mui-
mais de 80 praias e algu- tas reentrâncias e topografia acentuada (daí a difi-
mas lindas ilhas. Parati, na culdade de acesso por terra), além de lindas praias,
ponta sul do litoral carioca, muitas ilhas e diversas cachoeiras. Só mesmo com
tem, também, estas duas coisas que os brasilei- um barco é possível conhecer o que se esconde entre Ubatu-
ros tanto apreciam: praias e ilhas — além dc sa- ba e Paraty. A começar pelo formidável Saco do Mamanguá,
cos e enseadas bem preservadas. Mas o melhor é considerado o único “fiorde” do Brasil (ou quase isso), que
que uma cidade fica ao lado da outra. Então, por que também fica entre estas duas cidades, mas só pode ser aces-
não juntá-las num só roteiro e fazer um grande pas- sado pela água. Só o Mamanguá já vale a viagem.
seio de barco que tem a cara do verão? Esta é a nos- Mas tem mais. Muito mais. Praias, por exemplo, são
sa proposta: ir de Ubatuba a Paraty, ou vice-versa, de de perder a conta. Algumas têm areias bem amareladas,
barco, curtindo sem pressa cada cantinho deste litoral. contrastando fortemente com o verde da água. Outras,
Não mais de 80 quilômetros pelo asfalto da Rio-San- grandes pedras fincadas na areia e, muitas vezes, racha-
tos separam Ubatuba de Paraty. É um trecho tão curto que das pela natureza com tamanha precisão que mais pa-
pode ser feito em pouco mais de uma hora de carro. Mas, rece terem sido cortadas à faca. Tem, também, aque-
apesar do lindo visual que se tem em alguns trechos desta las praias de comercial de bronzeador: um praião
estrada, nada se compara às praias, ilhas e paisagens que você deserto, sem viva alma por perto. Este roteiro é para
encontrará fazendo esta mesma viagem pela água. E por um quem gosta de variar de praia todos os dias.
s
hãe
simples motivo: esta parte do litoral entre São Paulo e Rio de Mas isso exige um bom planejamento do ro-
l
aga
Janeiro está entre as mais inacessíveis (e por isso mesmo preser- teiro, a fim de aproveitar os melhores lugares
io m
vadas) da costa destes dois estados. Praia Vermelha - Paraty sem comprometer o avanço da viagem. Exi-
hÉl
N
osso roteiro parte do principal polo náutico de
Ubatuba, o Saco da Ribeira, e avança até o cen-
tro histórico de Paraty — ou vice-versa, bastando
inverter a sequência dos lugares. Mas o objetivo
não é apenas chegar (o que poderia ser feito em
cerca de três horas de navegação com qualquer lancha de médio
porte ou pouco mais de 12 horas com um veleiro) e sim aproveitar o
Ilha do Algodão - Paraty que há de melhor entre um e outro lugar. Por isso, o ideal é que esta
viagem seja feita em quatro ou cinco dias, com três ou quatro pernoi-
AzUL E vERDE
A Praia Grande
da Cajaíba, nas
O trecho tes, que, no entanto, terão de ser feitos no próprio barco, porque tam-
pouco existem pontos de hospedagem ao longo do roteiro – mas dormir
águas de Paraty,
está entre
as principais
entre Ubatuba a bordo pode ser outro diferencial em relação aos passeios convencionais.
Por ser um trecho que combina as pacatas enseadas de Paraty com
atrações deste
roteiro. Mas há
e Paraty o mar aberto nas águas de Ubatuba, a navegação nem sempre é tão tran-
quila do começo ao fim, especialmente na travessia da Ponta da Juatinga,
muitas outras,
como a cor do
mar na Ilha do
é o mais onde sempre balança um pouco. Mas fica bem mais suave no verão, quan-
Algodão
(ao lado)
preservado do os ventos diminuem drasticamente na região. Mesmo assim, em nome do
bem-estar a bordo, convém evitar os ventos de leste, se estiver indo de Ubatu-
do litoral ba para Paraty, e os de sudoeste, se vier na direção contrária. Também é bom
ficar atento à direção dos ventos quando for ancorar em alguma praia, porque
entre São nem todas são tão abrigadas quanto parecem, especialmente no trecho entre Pi-
cinguaba (ainda em Ubatuba) e a Enseada do Pouso (já em Paraty). O bom sen-
Paulo so recomenda fazer este trecho numa esticada só, ignorando as praias da região
e Rio de Trindade, que podem se tornar arriscadas para os barcos sob ventos mais fortes.
Mas, se o mar estiver calmo, dá para ir costeando sem maiores problemas e até visi-
tar uma ou outra dessas praias (todas lindas e praticamente desertas, do tipo que todo
fotos fernando monteiro
fáCIL, fáCIL
A Ilha Anchieta
tem meia dúzia
de praias e
praticamente
todas são
acessíveis
aos barcos
uza
e so
ge d
Praia do Leste - Ilha Anchieta, Ubatuba
jor
Primeira parada:
Ilha Anchieta
Quem já conhece, adora. Imagine,
então, quem só a descobre agora!
P
ara quem tem barco em Ubatuba, a Ilha Anchieta,
a míseros 500 metros do continente e bem diante do
principal polo náutico da região, o Saco da Ribeira,
não é nenhuma novidade. É um passeio quase obri-
gatório de fim de semana. Mesmo assim, com lin-
das praias, a ilha sempre agrada. Imagine, então, para quem não tem
muita intimidade com o litoral norte paulista, nem conhece em de-
A Ilha Anchieta é bem talhes a história do famigerado presídio que existiu na ilha? Por isso, a
Ilha Anchieta é a primeira (ou última, dependendo da direção do rotei-
conhecida pelos donos de barcos. ro) parada desta viagem. Com a desativação do presídio (do qual ainda
restam ótimas ruínas, que podem ser visitadas), a ilha tornou-se um parque
Mas sempre agrada, com suas estadual e virou uma espécie de playground da natureza.
Sua principal praia, bem diante do presídio, é encantadora, mas a mais
praias, natureza e história abrigada para ancoragens é a praia Grande, que fica ao lado. Já o verdadei-
ro paraíso da Ilha Anchieta chama-se Praia do Sul e fica escondida numa en-
seada bem fechada na face sul — claro! — da ilha, onde o mar penetra, entre
encostas forradas de vegetação e grandes pedras. Do outro lado da ilha, há ou-
tra praia do mesmo gênero, a praia do Leste, ainda mais virgem. É difícil acre-
s
hãe
Praia Grande - Ilha Anchieta, Ubatuba ditar que lugares assim tão intactos fiquem a menos de dez minutos de barco do
l
aga
centro da cidade. Ancore, desembarque e fique lá, pelo menos, um par de horas.
io m
hÉl
Será, sem dúvida, um ótimo início (ou final) de viagem.
hÉlio magalhães
Praia do Cedro - Ubatuba
jorge de souza
D
Só dependerá de onde ependendo do lugar escolhido
você preferir ancorar para para o primeiro (ou último, para
dormir no mar quem vem de Paraty) pernoite
TRêS PARAÍSOS
deste roteiro, a idílica Praia do A praia do
Cedro, praticamente dentro de Cedro (no alto,
à esquerda) é
Ubatuba, mas providencialmente isolada da cida- considerada a
de pela sua localização na ponta de uma penín- mais tranquila de
sula, aonde só se chega a pé ou de barco, pode, ou Ubatuba e merece
uma parada. Já a
não, ser incluída nesta viagem. Quer um conselho? Ilha das Couves
Inclua. Nem que seja para um simples mergulho nes- (ao lado) tem
duas prainhas e é
ta prainha, que é considerada a mais tranquila de Uba- ótima opção para
tuba. E com ancoragem idem. um pernoite, bem
como a Ilha do
Só desista se a opção for pernoitar na igualmente lin-
Prumirim (acima)
uza
PRAIAS E
MAIS PRAIAS
A prainha da Ilha
das Couves
(ao lado) é coisa
de cinema.
Mas, nas águas
de Ubatuba,
há outras
do mesmo
gênero. Como
a deliciosa
praia com dois
lados da ilha
do Prumiriam
(abaixo, à
esquerda), a da
vila caiçara da
Ponta Negra
(ao centro) e
a encantadora
Praia do Sul, na
Ilha Anchieta
(abaixo)
No trecho
de Ubatuba,
há uma
praia depois
da outra.
Mas cada uma
de um jeito
diferente
s
hãe
l
aga
io m
Ilha das Couves - Ubatuba
hÉl
fotos jorge de souza
mozart latorre
O
trecho entre a Ilha das Cou-
ves, ainda nos limites de Uba-
tuba, e a Enseada do Pouso,
já nas águas de Paraty, é lindo.
Mas nem sempre pode ser visi-
tado pelos barcos, porque este trecho do lito-
ral, bem na divisa entre São Paulo e Rio de Janei-
ro, não é nada abrigado. Por isso, quem escolher o
jorge de souza
dia de vento errado não poderá visitar as maravilho-
sas praias (algumas totalmente desertas) da região de
Trindade, o que, sem dúvida, será uma pena. Praia dos Antigos - Trindade
Mas, quem der sorte de pegar um dia de mar bem
tranquilo e sem vento, poderá até arriscar um desembar- DEPENDE
DO TEMPO
que nas imediações da vila de Trindade e, desde que tenha Nem sempre o mar
um pequeno bote para isso (algo, por sinal, essencial nesta via- está tranquilo na
roberto torrubia
Ponta da Juatinga
gem), visitar a maior atração da região, a piscina natural da praia
(no alto), que
do Cachadaço, onde enormes pedras represam o mar e criam separa as enseadas
uma piscina de fato. Nas mesmas condições, também dá para ten- de Paraty do mar
Piscina do Cachadaço - Trindade, Paraty
aberto de Ubatuba.
tar desembarcar nas praias do Sono e Ponta Negra, onde há peque- Mas, se estiver, dá
nas comunidades caiçaras, ou nas formidáveis areias desertas da praia até para chegar
de barco às lindas
dos Antigos e Martim de Sá. Mas, de novo, só se o mar deixar. praias da região
Um dos problemas é que não existe nenhum ponto de ancora- de Trindade, como
a dos Antigos
gem razoavelmente abrigado nesta região, exceto o elegante condomí- (acima) e do Sono
nio Laranjeiras, onde, porém, barcos de não moradores só podem parar (ao lado), sem falar
na piscina natural
em situações de emergência — e olhe lá! Outro problema deste trecho é
do Cachadaço
a proximidade com a temida Ponta da Juatinga, uma estreita faixa de terra (ao centro)
que avança mar adentro, onde a navegação quase sempre não é nada tran-
quila, ao contrário do restante deste roteiro. A melhor maneira de vencer a
Juatinga, jocosamente apelidada de “Enjoatinga”, porque costuma fazer os
barcos sacudirem adoidado, é passando bem longe dela, cerca de duas ou três
milhas mar afora — ou nem tentar, se o mar estiver realmente ruim, coisa que,
felizmente, é bem mais rara nos meses de verão. Por isso, muitos donos de barcos
optam por simplesmente pular esta parte do litoral, seguindo direto, em linha reta,
roberto torrubia
da Ilha das Couves até a Enseada do Pouso, em vez de ir costeando as praias de Trin-
dade. Mas vale mais escolher bem a data da viagem, em função das condições climá-
ticas, do que desperdiçar esta linda parte do roteiro.
Praia do Sono - Trindade, Paraty
34 Náutica SudeSte Náutica SudeSte 35
de ubatuba
ubatuba a paraty
a paraty
fernando monteiro
Praia Grande da Cajaíba - Enseada do Pouso, Paraty
O
A praia Grande da Cajaíba tem óTIMA
PARA TODOS
Quem ancorar
nome Enseada do Pouso já
dá uma boa ideia da tranqui-
um riozinho que conduz a uma e desembarcar
na tranquila
lidade das praias que você irá
encontrar nesta quase baía,
série de cachoeiras. Como esta aqui praia Grande
da Cajaíba e
subir o riacho
de águas bem abrigadas, logo
que desagua na após o costumeiro mau humor do mar na Pon-
areia encontrará ta da Juatinga. Só o que ele não diz é que elas
poços e
cachoeiras também são lindas. A principal é a praia Grande
assim. E ainda da Cajaíba, que é grande não só no tamanho, mas
jorge de souza
poderá dormir
tranquilo, numa
também na beleza: uma generosa faixa de areia le-
enseada bastante vemente amarelada, com um rio rasinho desaguan-
abrigada para os
do no meio dela. Num dos cantos, ficam alguns bo-
barcos
tecos bem rústicos e, atrás deles, uma trilha conduz a
uma cachoeira próxima, a não mais que 15 minutos de
caminhada. Depois, subindo o tal riozinho pelas pedras,
surgirão outras cachoeiras, morro acima, mas só a primei-
ra, bem pertinho da praia, já vale a parada.
Na praia Grande da Cajaíba, você escolhe se quer to-
mar banho de água doce ou salgada. Ou os dois, quase ao
hÉlio magalhães
As tranquilas
águas de Paraty
escondem
praias assim.
E os barcos
podem chegar
bem pertinho
da areia
NO DIA
CERTO
A Praia
Vermelha,
bem perto de
Paraty, atrai
muitas escunas
de passeio
nos finais de
semana, mas,
fora disso, está
sempre assim:
vazia e linda
s
hãe
l
aga
io m
O fIORDE
BRASILEIRO
No Saco do
Mamanguá, o
mar penetra
terra adentro, Próxima parada:
o melhor da viagem
entre altas
montanhas,
dando a
impressão de
um fiorde. Do
pico do Pão de
o Saco do Mamanguá é atração de
Açúcar (ao lado primeira grandeza deste roteiro. Mas
e abaixo), dá
para ver todo o é preciso navegá-lo até o fim para
Saco. Mas bem descobrir as belezas que ele esconde
melhor do que
isso é navegá-lo
O
Saco do Mamanguá é um bra-
ço longilíneo de mar que pene-
tra oito quilômetros terra adentro
e dá a sensação de ser um canal.
Mas não é, porque não leva a lu-
gar algum. Também é considerado o único fiorde
do Brasil, já que é margeado, dos dois lados, por al-
tas montanhas, como nas típicas paisagens da No-
ruega. Mas tampouco é isso também. Tecnicamente,
No Saco do Mamanguá, o mar avança trata-se de uma ria, ou leito de rio que, um dia, o mar
entre montanhas e forma uma espécie tomou para si, o que, no entanto, o torna ainda mais
fotos fernando monteiro
hÉlio magalhães
Paraty-Mirim - Paraty A ilha da
Cotia tem duas
Aqui, história
O
caminho de volta no Saco do Ma-
manguá é tão bonito quanto o de
prainhas, com
ida, pela óbvia razão de que se tra- águas tranquilas
e natureza se ta da mesma paisagem. Mas o ide-
al é fazê-lo pela outra margem, e clarinhas. É
completam
aproveitando assim os dois lados. Para quem estiver
indo na direção de Paraty, a próxima parada inevita- o melhor lugar
Nesta parte da travessia, o
velmente será na imperdível Ilha da Cotia, depois de
uma escala na histórica vila de Paraty-Mirim.
para dormir
roteiro combina a histórica
paraty-Mirim com as deliciosas
A Ilha da Cotia é altamente recomendada para pernoi-
tes, porque, além de graciosa, com duas prainhas, uma de
no barco, no
águas da Ilha da Cotia cada lado da ilha, mas interligadas pela mesma faixa de areia e
banhadas por uma água quase transparente, é totalmente abri-
litoral de Paraty
gada na parte de dentro. Já Paraty-Mirim, que batiza a própria
Só PARA
OS BARCOS enseada onde fica, é uma vila mais histórica até do que a pró-
jorge de souza
A centenária pria Paraty, com uma antiga igrejinha de frente para uma praia tão
igrejinha de Paraty-
Mirim fica bem tranquila que, no passado, serviu de porto para os navios portugue-
diante da praia, que, ses, que traziam escravos e levavam ouro. As crianças vão adorar a
no passado, foi um
porto histórico. Mais
prainha de Paraty-Mirim, e os adultos, a rica história desta vila.
adiante, fica o ainda Um pouco adiante ficam outros dois sacos, que merecem uma
mais bucólico Saco
visita – ou bem mais do que isso. Um deles é o Saco do Fundão,
do Fundo (abaixo)
com água tão tranquila que reflete o verde da mata ao redor. O ou-
tro, é o Saco Grande — anote esse nome —, uma plácida lagoa es-
condida após uma sucessão de reentrâncias, que só mesmo a curiosida-
de faz seguir em frente. Você vai entrando com o barco e se escondendo
s
hãe
cada vez mais na paisagem. No final, após a última curva, surge uma
l
aga
Mas, bem antes disso, vale a pena parar e comer (muito bem) na casa
Paraty-Mirim - Paraty
do Seu Zizinho, um velho pescador do Mamanguá, na margem esquerda IMAGINE
de quem está saindo do Saco, cuja mulher prepara, possivelmente, o me- vOCê AqUI
A prainha de
lhor peixe frito com farinha do Hemisfério Sul. O “restaurante” é improvi- fora da Ilha
sado na varanda da casa e os peixes vêm direto da água para a panela, mui- da Cotia mais
uza
parece uma
e so
tas vezes pescados no próprio trapiche do Seu Zizinho. O almoço ali promete piscina. Até na
ge d
deixar tantas lembranças quanto a beleza do Mamanguá. cor da água Ilha da Cotia - Paraty
jor
Para
começar
ou terminar
bem Paraty fica logo adiante e ali termina
o trecho final até paraty é
curto, mas merece paradas
de praia em praia. ou, ao
o roteiro. Na volta, começa tudo de novo
menos, nestas aqui Praia de Jurumirim - Paraty
E
ntre Paraty e a quase vi-
TODAS
zinha Paraty-Mirim (não SãO LINDAS
confundir, porque são lu- A praia Vermelha
gares diferentes, apesar do (acima) tem
sempre um ou
nome em comum), há uma outro barco e
sucessão de praias ao longo da península Jurumirim, a
“praia do Amyr”,
que divide estas duas enseadas. E todas tão normalmente
bonitas que é impossível resistir à tentação tartarugas
na água (no
de fazer uma — ou várias — paradas ao longo detalhe). Já a
deste pequeno, mas delicioso trecho. prainha (ao lado)
é a favorita de
Se o tempo for curto, opte por parar apenas no quem mora nos
Saco da Velha, uma praia de cartão-postal e repleta barcos de Paraty
de lindas pedras, que simplesmente não pode ser igno-
rada neste roteiro. Muitos barcos optam por pernoitar lá
mesmo, atraídos pela ancoragem segura e pela paisagem
de calendário de parede. Mas, se tiver tempo, faça tam-
bém outras escalas nas praias Vermelha (meio muvucada
nos fins de semana, por causa dos passeios de escunas, mas
ainda assim belíssima), Jurumirim (a “Praia do Amyr”, já que
sua única casa pertence a Amyr Klink e onde sempre há tarta-
rugas na água) e na prainha da ponta do Cantagalo, esta tam-
bém conhecida como a “Praia dos Vagabundos”, porque é ali
que o pessoal que mora nos barcos de Paraty se encontra para ani-
mados churrascos na praia. E na hora em que você a vir, entende-
za
ali terminará este roteiro. Mas não fique triste, porque na vol-
os j
Prainha - Paraty
44 Náutica SudeSte
ubatuba a paraty
Combustível de sobra
Além de tudo o que você já viu, o que você Não existe nenhum posto de
também não pode perder entre Ubatuba e Paraty abastecimento em todo o rotei-
ro. Para as lanchas, o ideal é ter
autonomia para o dobro do per-
curso, ou seja 120 milhas.
1 Cachoeiras do Cairuçu
Não são muito fáceis de achar nem de chegar. Mas
é garantido que ninguém se arrependerá. O Cairuçu
Água e galão
Também não existe nenhum
ponto formal de reabastecimen-
é um riachinho no meio da mata, bem no fundo do to de água doce no caminho.
fundo do Saco do Mamanguá, com uma sequência Portanto, encha bem os tanques
e leve um galão, para, se precisar,
de poços e cachoeiras assim. Para chegar até lá,
coletar água em casas, riachos e
troque o barco por um bote a remo (o rio é raso e cachoeiras.
motores são proibidos porque fica dentro de uma
reserva ambiental) e penetre no manguezal, até Bote de apoio
ele virar floresta e encontrar um pequeno porto Como tampouco há marinas ao
s
até a primeira queda d’água. Depois, há várias car nas praias sem se molhar —
io m
2
sup também cai bem nos pas-
restaurante seios das paradas.
da Ilha do algodão
A verde Ilha do Algodão fica bem diante Duas âncoras
da Enseada de Paraty-Mirim e só tem Como todas as paradas vão exi-
gir ancoragens e certamente per-
uma casa: a do viciante restaurante do
noites (porque não existem piers
Hiltinho (viciante porque todo mundo vai e, entre uma cidade e outra), con-
depois, quer voltar), no alto do morro, com vém exagerar na segurança e le-
uma vista estupenda. Mas os frutos do mar var duas âncoras — para usá-las
são tão bons que competem com a própria ao mesmo tempo ou como equi-
paisagem. Você não sabe se olha ou come pamento reserva.
primeiro. A saída? Sentar-se numa das mesas
Roupa de frio
externas, onde é possível fazer as duas coisas, ao
jorge de souza
3
(para o caso de chuvas, bem fre-
saco da Velha quentes nesta época do ano, por
Uma praia de filme de sinal) também são altamente re-
aventura, com grandes pedras comendados.
passeio! — prometem.
hel
46 Náutica SudeSte
ubatuba a paraty
Ancoragem imprópria ou perigosa Exige atenção se o vento aumentar Segura e tranquila com este vento
48 Náutica SudeSte
fotos divulgação laje viva/fausto campos e kadu pinheiro
bem mais que
uma pedra
A Laje de Santos,
a cerca de 21
milhas náuticas
da baía da
cidade: quem a
vê assim, não
imagina o que
ela esconde
debaixo d´água
A pedrA Q
uem sair da baía de Santos e
navegar umas 20 milhas adiante
encontrará esta grande pedra em
forma de baleia, no meio do oceano.
Ela não tem vegetação, nenhum ponto
de desembarque, muito menos praia. Ou seja, nenhum
atrativo visível que justifique o passeio até lá. Mesmo
dA vidA
Só quem já mergulhou assim, ao chegar, é bem provável que se encontre outros
nas águas limpíssimas barcos ancorados ao redor deste bloco de granito, que se ergue
e cheias de vida da solitário no meio do mar. E a razão disso está dentro dele. Basta
enfiar a cara na água para entender o porquê de tamanha fama e
L A J E DE SA N TOS
popularidade da Laje de Santos, nome deste quase obstáculo natural
sabe quão bonita uma no caminho de entrada do mais movimentado porto do país. Primeiro,
simples pedra no verá uma água com transparência difícil de acreditar, até por conta do lugar
meio do mar pode ser onde está, bem na rota dos navios que entram e saem do porto de Santos.
E, em seguida, se impressionará ainda mais com a quantidade e variedade de
espécies marinhas que ela abriga. A Laje de Santos é uma pedra cheia de vida.
S
e fora d’água a Laje de San-
tos pouco impressiona, a não
ser pelo seu formato curioso e
dimensões generosas (tem mais
de 500 metros de comprimento
por uns 200 metros de largura, com um solitá-
rio farol no cocuruto), basta colocar a máscara
e mergulhar para mudar radicalmente de opinião
– e adorar ter ido até lá. Em dias normais, quando
o mar não está batido demais, a visibilidade dentro
d’água costuma passar dos 15 metros de profundidade,
e, nos melhores, chega ao dobro disso. Nada a ver com
a habitual coloração do mar da região, que costuma es-
tar mais para o cinza do que para o azul do oceano.
Por isso mesmo, para os mergulhadores, que não por acaso
são os maiores frequentadores desta insólita rocha dentro d’água,
a Laje de Santos é uma espécie de playground da natureza. E, ain-
limpa e
da por cima, relativamente próxima, tanto de São Paulo quanto do permitida
A visibilidade
trecho mais frequentado do litoral do estado. No mínimo, fica muito submarina ao
fruto das fortes correntes marinhas que por ali passam, limpando constantemente a
água. Basta bater as nadadeiras rumo ao fundo para encontrar garoupas, olhos-de-
boi, budiões coloridos e (muitas, muitas…) tartarugas, que estão sempre por ali,
já que não existem outras formações rochosas ou ilhas que sirvam como concen-
tração de alimentos nas proximidades. Golfinhos também são frequentes e nu-
merosos. E as correntes marinhas também são responsáveis por levar para os
arredores da Laje visitantes, literalmente, de peso. Como as baleias, que, nos
meses de inverno, vira e mexe, aparecem por lá.
M
as nenhum outro frequentador da Laje de San-
tos é tão famoso, raro e imponente quanto as gi-
gantescas arraias mantas (também apelidadas de
“jamantas”, pelo seu tamanho de caminhão), que
surgem entre maio e setembro, com especial pre-
dileção pelo mês de julho. Não existe outro ponto do litoral brasi-
leiro onde estes dóceis mas enormes seres, com entre três a cinco
metros da ponta de uma nadadeira a outra e peso de até duas
toneladas, aparecem com tamanha frequência e quantidade.
Na Laje de Santos, as maiores arraias do mundo não só
podem ser vistas de perto pelos mergulhadores como são
estudadas por um instituto especializado, o Laje Viva,
responsável pelo Projeto Mantas do Brasil, que, des-
de 1993, registra e cataloga as mantas que surgem nas
imediações. Mesmo assim, até hoje, ou seja, mais de
As águas da
Laje também são
frequentadas por
baleias e muitas,
muitas tartarugas
P
or essas e outras é que a decisão bra-
sileira de proibir a captura e o comér-
cio das mantas no país, tomada no ano
passado, por meio de uma ação conjun-
ta dos ministérios da Pesca e do Meio Am- sempre tem
As tartarugas
biente, foi tão comemorada pela ONG que cuida destes são presença
constante nas
animais, na Laje de Santos. Não que ali ela fosse ostensi- água da Laje,
em qualquer
vamente pescada no passado, o que jamais aconteceu, até época do ano.
porque sua carne não é das mais saborosas. Mas sim porque, Já as baleias e as
arraias gigantes
ao proibir a pesca das mantas, o Brasil pôde se unir ao Equa- só chegam no
inverno
dor, país que tem uma das maiores populações deste tipo de ar-
raia no mundo, no esforço para incluir a espécie na lista interna-
cional dos animais mais ameaçados pelo comércio, o que foi feito
com sucesso. É que, em vários países asiáticos, a capacidade das
mantas de filtrar a água em busca de alimento levou à crendice de
que algumas partes do seu corpo são capazes de fazer o mesmo com o
sangue humano, gerando assim “remédios” de efeito tão inócuo quan-
to devastador para a espécie, que passou a ser capturada cada vez mais.
Mas esta mobilização internacional só aconteceu graças a um
lance fortuito. Dois anos atrás, durante um mergulho recreativo jun-
to com alguns especialistas em arraias, inclusive do Brasil, o então to-
do-poderoso secretário de governo do Equador testemunhou uma gran-
de manta tentando se desvencilhar de uma rede de pesca deixada no mar
e aquilo mexeu tanto com o político, que, ao sair da água, ele decretou que,
pelo menos no Equador, aquele animal passaria a ser protegido pela lei.
E
onde parar?
É permitido
ancorar na
m seguida,
Onde fica ?
face que fica
voltada para o
através da Laje continente, mas
Viva, o governo só a partir dos
58 Náutica Sudeste
O navegadOr dO
A bordo de um parapente motorizado, o aventureiro profissional
Lu Marini fez a mais inusitada travessia do Tietê que se tem notícia:
voou, do começo ao fim, sobre o rio mais famoso e polêmico de São Paulo
ar F
oi um feito, no mínimo, ousado —
para não dizer inusitado. Três me-
ses atrás, o piloto e aventureiro pro-
fissional Lu Marini decolou com o
seu paramotor (um parapente mo-
torizado), de Salesópolis, nas imediações de
São Paulo, onde nasce o Tietê, e com ele per-
correu toda a extensão do mais longo e polê-
mico rio do estado. Levou 18 dias na empreita-
da, voando cerca de duas horas por dia a baixa
altitude e a relaxantes 50 km/h — o suficiente
para ir admirando a paisagem e registrando to-
dos os problemas do rio mais poluído e triste-
mente famoso do país.
Além desses dois objetivos, a curiosa ex-
pedição (que inaugurou a navegação do Tietê
também pelo ar...), serviu para colher material
para um livro, um documentário e uma carti-
lha infantil sobre as questões ambientais do rio
e como enfrentá-las. Como, por exemplo, faz
Dona Maria, uma humilde moradora da beira
do rio entrevistada por Marini, que, na falta de
peixes para pescar e sustentar sua família, tro-
cou de atividade e hoje vive de vender as porca-
rias que recolhe do rio, feito uma espécie de fer-
do começo ro-velho fluvial. “Assim, também ajudo a limpá
ao fim o rio”, disse Dona Maria àquele inesperado na-
Lu Marini em
ação, voando
vegador, que, ao contrário de todos os que ela
sobre o ponto já viu passar pelo Tietê, chegou pelo ar e não
onde o Tietê
pela água — mas munido da mesma curiosida-
desagua no
Paraná e termina de sobre a outra face do rio que virou sinônimo
sua trajetória. de poluição e descaso com a natureza e o meio
Infelizmente,
nem tudo que ambiente. “Foi uma expedição reveladora, tan-
ele viu no rio foi to da natureza do rio quanto dos sérios proble-
tão bonito assim
mas ambientais que o assolam”, preferiu definir
Marini, que já viajou com sua vela motorizada
divulgação
por diversos lugares do Brasil e do mundo. Mas
jamais sobre um rio inteiro.
fotos divulgação
L
u Marini vive de suas expedições no tou Marini, ao fazer o 40o e derradeiro pouso da
o tietê é assim
ar. Aos 45 anos, casado e pai de dois travessia, na pequena cidade de Itapura, onde O Tietê nasce em
filhos, mora em Santos, tem patroci- o Tietê desagua no rio Paraná e finaliza o seu Salesópolis, bem
pertinho de São
nadores de peso, como a Amanco e a percurso, de impressionantes 1 100 quilômetros.
Paulo, e avança
Chevrolet, e, pelo menos uma vez por ano, em- “No primeiro caso, os problemas são realmen- até o rio Paraná,
barca numa aventura minuciosamente plane- te grandes, ainda mais com a estiagem que di- na divisa com o
Mato Grosso do
jada, a bordo de um paramotor. Com sua vela minuiu o nível do rio e expôs ainda mais o seu Sul. No total, tem
motorizada, já voou todo o litoral brasileiro, do lado imundo. Mas, felizmente, o segundo tam- cerca de
1 100 quilômetros
Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, bém é verdadeiro: o Tietê ainda é puro e lim- de extensão
boa parte do Pantanal e atravessou a cordilheira po mais ou menos de Barra Bonita em diante, e atravessa
o estado
de vulcões (um deles, ainda ativo) do México, apesar do atual baixo nível das águas”, resumiu praticamente
quando, inclusive, bateu o recorde continental o piloto aventureiro que ama a natureza e, por inteiro. Lu Marini
registrou todas as
de altitude com um veículo desse tipo. No ano isso mesmo, escolheu o Tietê como tema da sua
paisagens (acima)
passado, sobrevoou a malfadada rodovia Tran- mais recente expedição. A próxima também já e barragens
samazônica inteira. Agora, fez o mesmo no não está definida e será em outro rio: o São Francis- (ao lado) do rio
menos polêmico rio Tietê. co, que ele pretende “navegar” a sua maneira,
“Eu queria ver o nível de poluição e degra- ou seja, voando rente à água, no ano que vem.
dação do rio inteiro, e não apenas de um peda- Como se vê, a expedição aerofluvial de Marini
ço dele, bem como se era verdade que o Tietê no Tietê rendeu outros frutos, além de lindas fo-
São Paulo
volta a ser limpo da metade para a frente”, con- tos, como as que ilustram estas páginas.
divulgação
E a única esperança está nas crianças
preservada nas margens, entre Salesópolis e Mogi das Cru-
zes. Mas, acima de tudo, vi o Tietê de uma forma que, tal-
vez, até hoje ninguém tenha visto, inteirinho e de cima.
A travessia aconteceu da maneira que você previu?
Tecnicamente, sim. Levou apenas dois dias a mais do Você já conhecia o Tietê?
que eu imaginava, porque tive que esperar os ventos amai- Não, embora tenha nascido em São Paulo e seja neto
narem, na região de Araçatuba. Mas, do ponto de vista da de um dos fundadores do Clube Espéria, que organiza-
natureza, eu esperava encontrar um pouco mais de verde va competições de natação e remo no Tietê, no passado,
junto ao rio, de São Paulo em diante. O Tietê é um rio fa- quando ele era cristalino. Cresci ouvindo isso e, de cer-
dado a se tornar “urbano”, ou quase isso, em toda a sua ta forma, essas lembranças me influenciaram na criação
extensão, porque, além de atravessar muitas cidades, suas do projeto de sobrevoar o rio inteiro. Também ouvia dizer
margens estão dominadas pela agricultura. E as plantações que, mesmo hoje, o Tietê era puro e limpo de Barra Boni-
se estendem até a beira d’água, sem nenhum respeito às fai- ta em diante e resolvi ter certeza disso, indo até lá para ver.
xas de mata ciliar. Praticamente todo o “verde” que há nas Perto de Araçatuba fiz até questão de pescar, para ver se ti-
margens do rio vem da agricultura, não da natureza, o que nha mesmo peixe na água, como o pessoal dizia. E, feliz-
é uma pena. Daria perfeitamente para ter as duas coisas. mente, havia. Na parte final, a água do Tietê ainda é como
sempre foi: limpa e com vida. Pena que, com a estiagem
A ausência da natureza lhe trouxe algum violenta que assolou São Paulo, ele estivesse com tão pou-
tipo de problema durante a expedição? ca água. Nem as barcaças de carga conseguiam navegar.
Não chegou a ser um problema, mas me obrigou a
159.900
A partir de
• Costado interno alto proporcionando maior
,00*
ficar ainda mais atento durante os voos, do que normal- O principal objetivo da travessia era
R$
mente eu já fico. Eu voava procurando a todo instante al- conhecer o rio ou avaliar os seus problemas? segurança aos passageiros;
ternativas para eventuais pousos de emergências, o que As duas coisas juntas, mas com ênfase especial na
• Maior espaço interno da categoria; 50% à vista e saldo em 10 x sem juros.
nem sempre é fácil quando se está cercado de plantações questão do meio ambiente, que sempre me interessou bas-
ou construções, sem falar nas muitas torres de alta tensão tante, até porque o que eu faço está intimamente ligado • Maior homologação de passageiros da categoria; • Motor Mercruiser 5.7 300 HP Rabeta Bravo III.
que cruzam o rio. Na cidade de Sabino, acabei pousando à natureza. Eu queria, de alguma forma, contribuir para • Passagem lateral de embarque; • Pronta para navegar.
no meio da rua. Mas nada foi mais tenso do que a traves- conscientizar as pessoas sobre os problemas que o Tietê
• Única embarcação na categoria com escada de • Frete e opcionais não inclusos.
sia da cidade de São Paulo, que consegue ser estressante enfrenta e a maneira que encontrei para isso foi percorrê-
popa e proa. * Consulte condições de financiamento. Crédito sujeito à aprovação.
até para quem está voando. lo inteiro, para ver lá de cima a realidade do rio, e transfor-
mar essa experiência em livro, documentário e uma car-
Por quê? tilha para crianças, que sairão no início do ano que vem. Venda e Assistência Técnica:
Porque, além da absoluta falta de pontos alternati- Estou particularmente entusiasmado com a cartilha, por-
vos de pouso — já pensou ter que pousar nos canteiros que os problemas do rio são tão sérios que duvido que a
da Avenida Marginal? —, o tráfego aéreo sobre a cidade nossa geração os resolva. A esperança está nas crianças, por
é quase tão intenso quanto o terrestre. Tive que voar bem meio da educação ambiental desde pequenas. Na minha
abaixo dos helicópteros, quase rente ao rio, tão baixo que opinião, o futuro do Tietê depende disso. Av. Bady Bassitt, 4319 | Vila Bancários | São José do Rio Preto – SP
(17) 3234-3266 | www.castrosport.com.br
66 Náutica SudeSte
lu mariniini
descontrole
verde
No represamento
da barragem de
viu
Bariri, a cerca de
400 quilômetros
da capital, Marini
encontrou um rio
surpreendentemente
verde. Mas, em vez
de alegria, a imagem
trouxe preocupação,
porque o bonito
tom é consequência
da proliferação
descontrolada de
algas e vegetações
aquáticas, que roubam
oxigênio da água e já
chegam a impedir a
navegação em certos
trechos do rio.
seca violenta
Marini sobrevoou o
Tietê no auge da seca
que atingiu o estado
de São Paulo e isso se
refletiu, também, no
(outrora) caudaloso
rio. Logo após sua
nascente, ainda em
Salesópolis, ele viu
esta triste imagem:
o rio tão abaixo do
fotos divulgação
68 Náutica SudeSte
Você e seu barco Raio-X do feRRo
O bÊ-Á-bÁ
Como barcos não têm
freio de mão, o jeito é ter
O que é o quê numa boa âncora
J
destorcedor, para evitar nós na amarra.
á passou pela sua cabeça deram lugar ao ferro — daí
que, para permanecerem
parados na água, mesmo
um dos nomes pelos quais
as âncoras são conhecidas.
Haste além de unir a amarra
às patas, que é a parte que prende a
os barcos mais modernos Depois, elas passaram a âncora ao fundo, é uma das peças mais
dependem de um primitivo ser feitas de aço e, mais pesadas do ferro e ajuda na sua fixação.
Quanto mais próxima do solo ela ficar,
peso preso a eles? É que recentemente, de alumínio,
melhor a eficiência do fundeio.
ninguém jamais conseguiu este um material bem mais
desenvolver algo mais eficiente leve e apropriado para
para impedir que um barco se se transportar a bordo, Unhas São as pontas das
patas e as partes que de fato “espetam”
mova ao sabor dos ventos e das já que a função do
o solo. Numa boa ancoragem, elas
correntezas do que as âncoras, peso numa âncora desaparecem no fundo e não ficam
equipamentos tão antigos é apenas levá-la visíveis.
quanto a própria história da até o fundo —
navegação. A única diferença
é que, ao longo dos tempos,
o que segura uma
embarcação
Patas São as partes que
enterram e fixam a âncora no solo.
elas sofreram mudanças de fato
na forma e na concepção,
tornando-se bem mais
são as
“patas”, ou
Cepo Parte perpendicular
à haste, que serve para derrubar e
eficientes e confiáveis. garras da âncora, posicionar a âncora, de forma que as
Primeiro, as pedras usadas como se verá patas penetrem bem no fundo.
Ilustração PIerre rousselet
1
depende muito do tipo de cabo preso a ela: a
escolha um local bem
“amarra”. Uma boa amarra precisa ser resistente, abrigado e com espaço livre
mas também ter certa elasticidade, a fim de o bastante para o seu barco
absorver o movimento da água na superfície. girar totalmente sem tocar em
Precisa, ainda, ter algum peso, para não flutuar e nada — especialmente em outros
acabar “puxando” a âncora para cima. as amarras barcos. e prefira
de cabo de náilon de três cordões são as mais
3
Há, no entanto, uma solução intermediária, que consiste depois de jogar a âncora,
em ter apenas um pedaço de corrente na parte que une a dê ré, em baixíssima
âncora à amarra de náilon. É a melhor solução para barcos de até velocidade, para a âncora
unhar bem o fundo. Quando não
médio porte. além disso, há também a manilha, uma espécie
conseguir mais segurar a amarra
de anel de metal que fixa a ponta da amarra à âncora
com as mãos, é porque o ferro
e que deve sempre ser a maior possível.
unhou bem.
Quanto ao diâmetro da amarra, depende
4
do tamanho do barco e do material do Solte uma quantidade
qual ela é feita. Se for um cabo de náilon de
três fios, ele deve ter, no mínimo, 12 mm de
de amarra na água
equivalente à profundidade
Revenda exclusiva em São Paulo capital.
espessura, para barquinhos de 20 pés de do local, na proporção de,
comprimento, ou 16 mm, para embarcações de no mínimo,
30 a 40 pés. Lembre-se: pouco adianta ter uma cinco vezes mais
5
ao içar a âncora, posicione
A s âncoras do tipo danforth e, principalmente, bruce, são são imbatíveis em fundos de areia. Também na relação peso
A
as mais usadas pelos donos de barcos no Brasil. Mas X eficiência, as danforth, especialmente as de alumínio, dão maioria dos problemas no fundeio acontece não
elas são bem diferentes entre si, tanto no formato quanto no um banho nas bruce. Mas sua desvantagem é o preço, bem pelo rompimento da âncora ou da amarra, mas sim
desempenho. as danforth se caracterizam por terem duas mais alto, especialmente as importadas, como a da marca porque o ferro “garra” no fundo — o que, no entanto, no
patas paralelas e pontiagudas, que, não importa o lado que americana fortress, considerada uma das melhores do mundo e jargão náutico, significa exatamente o contrário do que
caiam na água, conseguem unhar o fundo, porque a haste razoavelmente vendida no Brasil. o índice de resistência de uma parece, ou seja, que a âncora está sendo “arrastada” e não
se move e sempre permite o contato com o solo. Mas, por danforth da marca fortress (ou seja, a força que ela aguenta “agarrou” o fundo coisa alguma. Por isso, além de não
possuírem haste e cepo longos, ocupam mais espaço no para cada quilo que pesa), chega a ser sete vezes superior ao confundir os termos, é preciso, depois de jogar a âncora,
paiol e exigem cuidado no manuseio, já que a haste se das melhores bruces nacionais — que, no entanto, costumam ser o jeito certo verificar se ela unhou o fundo — este sim o termo correto.
Para saber se
move e pode machucar as mãos. as mais vendidas por aqui, justamente porque custam menos a âncora está Para tanto, enquanto o barco estiver dando ré, segure bem
Já as âncoras bruce têm três patas e do que as danforth. bem presa ao a amarra. Quando não mais aguentar segurá-la, é porque
haste fixa e curta, o que as tornam mais Qual é a melhor? Bem, como se vê, depende do fundo, dê ré no o ferro “unhou”. Mas, se ainda conseguir segurá-la, é sinal
barco e segure
compactas e seguras. Também em fundo tamanho do compartimento da âncora no barco e do tipo o cabo com as de que a âncora está “garrando” — ou seja, sendo arrastada
de pedras são mais resistentes e unham de fundo que há no local onde ela for ser usada com mais mãos. Quando no fundo. Nesse caso, solte mais cabo. Mas, se mesmo
rapidamente na lama, o que nem sempre frequência. Mas, uma coisa é certa: economizar na âncora é não conseguir assim o ferro continuar sendo puxado pelo barco, recolha
mais segurá-lo,
acontece com as danforth, que, no entanto, colocar em risco a sua própria segurança. é porque o ferro e recomece a manobra inteira. Não adianta ter pressa. Na
unhou hora de ancorar, é sempre bom duvidar.
Você e seu barco
puxando gradativamente para a borda pegar e do tipo de isca usada. Mas e as bicudas. Mas não se espante se
do barco. Depois, sem dar trancos, a mesma espécie pode atacar em for surpreendido no corrico por um
OS maceteS dO cOrricO
barco deve ser menor, para facilitar a do que linhada
Iscas vivas ou naturais dão muito visualização da isca pelos peixes. Varas rígidas e curtas
trabalho e não combinam com um simples (entre seis e sete pés de
passeio de barco. Para corricar, as melhores use linha resistente e líder comprimento), que têm
Que tal, durante o passeio pelo mar, tentar pegar um peixe para o almoço? iscas são as artificiais de barbela, de tamanho A resistência da linha de náilon deve fácil manejo dentro do
pequeno (entre 6 e 10 cm) e bem coloridas, variar entre 20 e 50 libras. Já o “líder” (ou barco e não incomodam
A maneira mais fácil é corricando. Veja aqui como
em forma de manjubas. Se, no entanto, seja, a parte reforçada da linha, que fica as outras pessoas, são bem mais
preferir usar isca natural, use anzóis do próxima à isca) deve ser mais grosso, com indicadas do que as linhadas. Um
A
tipo garateia, com várias pontas, que dão quatro a seis metros de comprimento. conjunto de varas com ação de
ntes de mais nada, é bom saber que a pesca de na pesca de corrico é muita ação — a começar pelo melhores resultados do que os convencionais. resistência entre 20 e 25 libras
corrico — ou seja, aquela feita com uma linha a próprio barco, que precisa estar em movimento. Mas alguns Peixes são mais fáCeis dá conta do recado. Mas, se for
reboque no barco em movimento, que os cariocas não basta amarrar uma linha com anzol na popa do navegue a baixa veloCidade Dependendo da época do ano, corricar com plugs de barbela
também chamam de “pesca de arrasto” — difere em barco e sair rebocando a isca. Para experimentar a A velocidade do barco no corrico os peixes mais frequentes no litoral comprida, que atingem
tudo das pescarias tradicionais. Não tem, por exemplo, deliciosa sensação de ser brindado com uma fisgada costeiro deve variar entre 3 e 6 nós, entre São Paulo e Rio de Janeiro são as profundidades maiores, use
Anúncio meia página.pdf 1 25/11/2014 09:56:32
nada a ver com a paz contemplativa das pescarias de enquanto passeia com sua lancha ou veleiro é preciso dependendo do peixe que se queira sororocas, as enchovas, as cavalas varas entre 30 e 40 libras.
beira de rio ou costeiras. Ao contrário, o que não falta outros cuidados. Como estes aqui.
que rompam sua mandíbula. Peixes como Corricar perto de navios e barcos ancorados Y
sororocas, cavalas e pode trazer bons resultados, porque as A profundidade ideal da isca deve ser a meia
CM
bicudas possuem cracas dos cascos acabam atraindo peixes. água, mas a mesma isca pode atingir diferentes
mandíbula frágil, Correntes de âncoras são melhores ainda, profundidades, dependendo da velocidade
MY
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que se rompe porque descem até o fundo, atraindo ainda do barco. Quanto mais rápido ele navegar, Cursos para arrias // motonauta // flyboard // hoverboard // wakeboard // S.U.P.
CY
com facilidade mais espécies. Mas tome cuidado maior será a pressão da água na barbela, CMY
quando redobrado com a navegação. fazendo com que ela desça mais. Portanto, K
mozart latorre
em baías, lagos e represas, costumam ter ângulos de apenas 10 ou 15 graus. Já
as de navegação costeira, entre 18 e 20 graus. E a oceânica, de 20 e 30.
“V”
O que mais conta é o “V” da popa
do
poder de penetração do casco na água — ou seja, com ângulos maiores tanto
de proa quanto, principalmente, de popa.
éo
Ângulos de popa maiores exigem mais velocidade para atingir o planeio, daí a
necessidade de motores mais potentes. No entanto, maior potência e velocidade
para o planeio podem tornar a navegação mais “molhada” e aumentar o balanço
“X”
do casco. Para atenuar esses pontos negativos é comum os projetistas incluírem
“nervuras”, ressaltos ou multiangulações no fundo do casco, a fim de buscar
soluções que mantenham as vantagens do V acentuado.
questão Como regra geral, projetos mais antigos de cascos costumam ter ângulos de V
de popa menores que os atuais. Isso acontece porque, para planar, um casco
precisa de velocidade, que, por sua vez, é consequência direta da potência
do motor. E antigamente os motores não eram tão potentes, o que levava os Mais que um restaurante, o Coqueiro Verde localizado no Saco do Céu
O fundo do casco mais projetistas da época a diminuir o “V” do casco, para não aumentar ainda mais o
ou menos acentuado tem tempo do planeio. é um ponto de apoio aos navegantes de Angra dos Reis.
diretamente a ver com a Um lugar para ancorar, relaxar e se deliciar com as saborosas moquecas
navegação. Veja por quê
Além do “V”, tem, também, os “degraus”
e risotos, a especialidade da casa. E quem quiser, ainda pode se hospedar
na pousada integrada ao restaurante.
Os desníveis (ou “degraus”) no fundo dos cascos de certos barcos servem
basicamente para diminuir a resistência da água, aumentando assim a
velocidade. Em altas velocidades, geralmente acima dos 40 nós, esses “degraus” Restaurante, Pousada, Pier, Poitas, Abastecimento de água e gelo
sugam ar para baixo do casco, diminuindo o atrito e aumentando a performance.
Além disso, fazem o casco sofrer menos com o caturro. No entanto, são mais
indicados para barcos com “V” bem acentuado, acima dos 20 graus.
Contatos
Telefone: (24) 3361.4394 / (21) 2685.0346 - Rádio VHF Canal 16
coqueiroverdepousada@oi.com.br www.coqueiroverdepousada.com.br
78 Náutica sudeste
cruzadas náuticas
Em respeito aos seus leitores e assinantes, a revista NÁUTICA faz este comunicado, pois
tomou ciência de que o referido anúncio era na realidade um golpe, situação que a revista
dANIEl bOTElHO
não teria como verificar antecipadamente à sua publicação já que foi utilizado o CNPJ de
Informamos também que a revista NÁUTICA já tomou as devidas providências (B.O.) buscan-
do assegurar que os órgãos responsáveis tomem as providências para que os estelionatários
não voltem a cometer o referido crime.
1 Formação localizada no rio Araguaia, a maior do mundo no seu gênero • 2 Circulação de ar • 3 Armazém junto a litoral marítimo, lacustre ou
Atenciosamente,
V
E fluvial para depósito de mercadorias em trânsito • 4 Aluno de Academia Militar • 5 Sair com o destino a • 8 Uma das capitais sul-americanas
R
T
I
banhadas pelo rio da Prata • 11 O segundo maior curso d’água da América do Sul • 12 Raia encontrada em águas tropicais, com até 6,5 m de
G. R. Um Editora Ltda
comprimento, também conhecida como morcego-do-mar ou peixe-diabo • 13 Relativo ao sul • 14 Patrulha de acompanhamento para proteção • 15
C
A A capacidade de carga de um navio • 16 Pequeno barco de formato variado usado em águas calmas, próprio para o lazer • 17 Mestre de qualquer
I
S
tipo de embarcação • 18 Revezamento alternativo em certas atividades • 19 Região costeira a prumo que facilita a aproximação de navio • 21 Revista Náutica e Náutica Sudeste
Um dispositivo de segurança para residências, carros, lojas etc. • 24 Barco movido pela energia gerada pelas partículas gasosas emanadas da água.
Diretoria
80 náutica SudeSte
3 perguntas
arquivo pessoal
“PESCAR tAmbém é CoiSA dE mulhER”
Uma das pioneiras da pesca esportiva do gênero feminino, a campineira Maraisa Ribeiro
garante que as mulheres que não pescam é porque ainda não experimentaram isso direito
E
m 1997, a então repórter de TV Maraisa Ribeiro foi das mulheres que mais pescam no Brasil — tanto que virou
escalada para fazer uma reportagem sobre um pes- colunista da revista Pesca Esportiva, além de ter um marlin
cador esportivo. Gostou tanto do assunto que virou tatuado nas costas, lembrança do maior peixe que pescou
uma especialista, tanto no âmbito profissional quanto pes- até hoje. “Como sempre, eu era a única mulher no meio
soal. Hoje, aos 52 anos, casada e com um marido que gosta de um monte de homens, e fui a única que pegou um da-
de pescarias bem menos do que ela, é, seguramente, uma queles peixões”, brinca, como conta nesta rápida entrevista.
1
Os homens não
estranham ter uma
mulher na pescaria?
“Quando eu comecei a pescar,
quase 20 anos atrás, sim. E muito. Ainda
mais porque eu fazia reportagens sobre
pescarias para a televisão e choviam
cartas dos telespectadores, todos homens,
2
As mulheres levam
alguma vantagem
nas pescarias?
“Sim (rindo): os homens não deixam
que eu carregue peso nem arraste o barco.
Sempre tem um cavalheiro que se oferece
para fazer o serviço mais pesado e eu, por
educação (rindo ainda mais), aceito. Ou seja,
3 Por que as
mulheres em geral
não gostam de pescar?
“Tenho certeza de que é apenas
porque ainda não experimentaram. Veja
as orientais, por exemplo. Pescar sempre
fez parte da cultura delas, porque, no
passado, era uma forma de buscar alimento
naturalmente, com piadas e comentários fico só com o melhor da pescaria, que é o e cabia à mulher cuidar da alimentação
nada elogiosos a respeito. O mínimo que prazer de sentir as fisgadas e trazer o peixe. da família. Hoje elas continuam pescando,
eles diziam é que o lugar de mulher na Mas é claro que nem todo grupo gosta apenas porque gostam de fazer isso. Mas
pescaria era no fogão, preparando os peixes de ter uma mulher por perto, porque isso é certo que as mulheres em geral prezam
pro almoço — sem falar nos comentários de tira um pouco da liberdade deles de falar o conforto mais do que os homens e isso
duplo sentido, envolvendo varas e coisas do bobagens e fazer besteiras. Eu tento deixar o nem sempre combina com certos locais
tipo. Mas, naquela época, mulher pescadora, pessoal à vontade e aviso logo que, quando de pescarias. Além disso, muitos maridos
ainda mais na pesca esportiva, que tem por eles quiserem fazer xixi, por exemplo, é só desencorajam propositalmente suas
objetivo apenas a diversão, já que os peixes me avisar que fico olhando a paisagem. mulheres, dizendo que tem cobra, mosquito
são devolvidos à água, era quase um ET. Não Mas, no fundo, sempre fui bem tratada, e outros bichos, porque querem ficar
havia pousadas de pesca preparadas para justamente porque era a única mulher no sozinhos e se divertirem também depois
receber mulheres, nem roupas femininas grupo. Mas acho que as mulheres têm mais das pescarias. Para estes, pescar virou
específicas. Eu era obrigada a me vestir sensibilidade e paciência, o que combina desculpa. Isso já foi bem mais comum do
como um homem e, por isso, várias vezes fui com pescarias. Sem contar que mulher não que é hoje, mas deixou a tradição de que
confundida com um sapatão. Mas hoje não. tem vergonha de perguntar e mostrar que pescaria é coisa de homem. Mas eu posso
Canso de ver casais pescando e acho que, não sabe, aprendendo assim mais rápido, garantir — e da maneira mais inequívoca
de certa forma, contribuí para isso.” coisa que os homens não fazem.” possível — que também é coisa de mulher.”
82 NáutiCA SudEStE
e verão
i a s d
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O T E s de
PAC AVAL!
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