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Educação Ambiental: possibilidades e limitações*

Lucie Sauvé
Université du Québec à Montréal

No correr dos últimos trinta anos, os que servar). Na origem dos atuais problemas
atuam na área da educação ambiental têm gra- socioambientais existe essa lacuna fundamen-
dualmente tomado consciência da riqueza e da tal entre o ser humano e a natureza, que é
amplitude do projeto educativo que ajudaram importante eliminar. É preciso reconstruir
a construir. Deram-se conta de que o meio nosso sentimento de pertencer à natureza, a
ambiente não é simplesmente um objeto de esse fluxo de vida de que participamos. A
estudo ou um tema a ser tratado entre tantos educação ambiental leva-nos também a ex-
outros; nem que é algo a que nos obriga um plorar os estreitos vínculos existentes entre
desenvolvimento que desejamos seja sustentá- identidade, cultura e natureza, e a tomar
vel. A trama do meio ambiente é a trama da consciência de que, por meio da natureza,
própria vida, ali onde se encontram natureza e reencontramos parte de nossa própria identi-
cultura; o meio ambiente é o cadinho em que dade humana, de nossa identidade de ser
se forjam nossa identidade, nossas relações vivo entre os demais seres vivos. É importante
com os outros, nosso “ser-no-mundo”. também reconhecer os vínculos existentes
A educação ambiental não é, portanto, entre a diversidade biológica e a cultural, e
uma “forma” de educação (uma “educação valorizar essa diversidade “biocultural”.
para...”) entre inúmeras outras; não é simples- • A seguir, o meio ambiente – recurso (para
mente uma “ferramenta” para a resolução de gerir, para repartir). Não existe vida sem os ci-
problemas ou de gestão do meio ambiente. clos de recursos de matéria e energia. A educa-
Trata-se de uma dimensão essencial da educa- ção ambiental implica uma educação para a
ção fundamental que diz respeito a uma esfe- conservação e para o consumo responsável e
ra de interações que está na base do desenvol- para a solidariedade na repartição eqüitativa
vimento pessoal e social 1 : a da relação com o dentro de cada sociedade, entre as sociedades
meio em que vivemos, com essa “casa de vida” atuais e entre estas e as futuras. Trata-se de
compartilhada. A educação ambiental visa a gerir sistemas de produção e de utilização dos
induzir dinâmicas sociais, de início na comuni- recursos comuns, tanto quanto sistemas de tra-
dade local e, posteriormente, em redes mais tamento de resíduos e sobras. A educação
amplas de solidariedade, promovendo a abor- ambiental integra uma verdadeira educação
dagem colaborativa e crítica das realidades econômica: não se trata de “gestão do meio
socioambientais e uma compreensão autônoma ambiente”, antes, porém, da “gestão” de nossas
e criativa dos problemas que se apresentam e próprias condutas individuais e coletivas com
das soluções possíveis para eles. respeito aos recursos vitais extraídos deste meio.
Mais do que uma educação “a respeito do,
para o, no, pelo ou em prol do” meio ambiente, o
objeto da educação ambiental é de fato, fundamen- * Traduzido do original L’éducation relative à l’environnement: possibilités
et contraintes, Connexion (Revista de Educação Científica, Tecnológica e
talmente, nossa relação com o meio ambiente. Para Ambiental da UNESCO), v. XXVII, n. 1-2, p. 1-4, 2002. Tradução de Lólio
intervir do modo mais apropriado, o educador deve Lourenço de Oliveira.
1. Na base do desenvolvimento pessoal e social encontram-se três esferas de
levar em conta as múltiplas facetas dessa relação, interação, estreitamente ligadas entre si: a esfera das interações consigo
que correspondem a modos diversos e complemen- mesmo (lugar de construção da identidade); a esfera de interações com os
tares de apreender o meio ambiente: outros (lugar da construção das relações com outras pessoas); e, finalmente,
a esfera de interações com o meio de vida compartilhado, Oïkos, lugar da
• Consideremos inicialmente o meio ambiente – educação ecológica e da educação econômica, onde se enriquece a significa-
natureza (para apreciar, para respeitar, para pre- ção do “ser-no-mundo” mediante as relações com o “mundo não-humano”.

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• O meio ambiente – problema (para prevenir, lugar em que se vive, ou seja, o “aqui e agora”
para resolver). Exige o desenvolvimento de das realidades cotidianas, com um olhar reno-
habilidades de investigação crítica das reali- vado ao mesmo tempo apreciativo e crítico tra-
dades do meio em que vivemos e de diagnós- ta-se também de redefinir-se a si mesmo e de
tico de problemas que se apresentam. Trata- definir o próprio grupo social com respeito às
se, inicialmente, de tomar consciência de que relações que se mantém com o lugar em que
os problemas ambientais estão essencialmen- se vive. Podem surgir projetos de aprimora-
te associados a questões socioambientais li- mento, de modo a favorecer a interação social,
gadas a jogos de interesse e de poder, e a o conforto, a segurança, a saúde, ou ainda o
escolhas de valores. E de resto, a educação aspecto estético dos lugares. Mediante essa
ambiental estimula o exercício da resolução exploração do meio e a concretização de tais
de problemas reais e a concretização de pro- projetos, a educação ambiental visa a desen-
jetos que visam a preveni-los. O desenvolvi- volver um sentimento de pertencer e a favore-
mento de competências nessa área fortalecerá cer o enraizamento. O lugar em que se vive é
o sentimento de que se pode fazer alguma o primeiro cadinho do desenvolvimento de
coisa, e este sentimento, por sua vez, estimu- uma responsabilidade ambiental, onde apren-
lará o surgimento de uma vontade de agir. demos a nos tornar guardiães, utilizadores e
• O meio ambiente — sistema (para compreen- construtores responsáveis do Oïkos , nossa
der, para decidir melhor). Pode ser apreendido “casa de vida” compartilhada.
pelo exercício do pensamento sistêmico: medi- • O meio ambiente — biosfera (onde viver
ante a análise dos componentes e das relações junto e a longo prazo). Leva-nos a considerar
do meio ambiente como “eco-sócio-sistema” a interdependência das realidades socio-
(segundo a expressão de Louis Goffin, 1999), ambientais em nível mundial, que James
pode-se alcançar uma compreensão de con- Lovelock nos induz a considerar como um
junto das realidades ambientais e, desse modo, macro-organismo (Gaia) em reequilíbrio cons-
dispor dos inputs necessários a uma tomada tante. É o lugar da consciência planetária e
de decisão judiciosa. Neste ponto é que a até mesmo cósmica: a Terra como uma matriz
educação ecológica intervém de maneira fun- de vida, esse jardim compartilhado que alimen-
damental, levando a que se aprenda a conhe- ta o universo simbólico de inúmeros povos in-
cer a respeito de toda a diversidade, a rique- dígenas. É o lugar da solidariedade internacio-
za e a complexidade de seu próprio meio nal que nos leva a refletir mais profundamente
ambiente; a definir seu próprio “nicho” huma- sobre os modos de desenvolvimento das socie-
no dentro do ecossistema global e, finalmen- dades humanas. Aqui se encontra um contexto
te, a preenchê-lo adequadamente. Dentro de privilegiado para utilizar de maneira vantajosa
uma perspectiva sistêmica, a educação a junção entre a educação ambiental e a edu-
ambiental leva também a reconhecer os vín- cação para o desenvolvimento.
culos existentes entre aqui e alhures, entre o • O meio ambiente — projeto comunitário (em
passado, o presente e o futuro, entre o local e que se empenhar ativamente). É um lugar de
o global, entre as esferas política, econômica cooperação e de parceria para realizar as mu-
e ambiental, entre os modos de vida, a saúde danças desejadas no seio de uma coletividade.
e o meio ambiente etc. É importante que se aprenda a viver e a traba-
• O meio ambiente — lugar em que se vive lhar em conjunto, em “comunidades de apren-
(para conhecer, para aprimorar). É o ambiente dizagem e de prática”. O meio ambiente é um
da vida cotidiana, na escola, em casa, no tra- objeto compartilhado, essencialmente comple-
balho etc. Uma primeira etapa de educação xo: somente uma abordagem colaborativa fa-
ambiental consiste em explorar e redescobrir o vorece uma melhor compreensão e uma inter-

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venção mais eficaz. É preciso que se aprenda a plementar e de preferência integrada aos do
discutir, a escutar, a argumentar, a convencer, conjunto do sistema dos atores da educação
em suma, a comunicar-se eficazmente por ambiental, e também às demais dimensões as-
meio de um diálogo entre saberes de diversos sociadas da educação fundamental, particular-
tipos — científicos, de experiência, tradicionais mente a educação para a cidadania (preocupa-
etc. A educação ambiental introduz aqui a da com a consciência da diversidade humana,
idéia de práxis: a ação está associada a um mais especificamente com as questões de de-
processo constante de reflexão crítica. A edu- mocracia, paz e solidariedade) e a educação
cação para a democracia, base da educação para a saúde (associada às questões da nutri-
para a cidadania, torna-se essencial. Os aspec- ção, da educação ao ar livre e à educação de
tos políticos das realidades socioambientais risco ).
tornam-se patentes. No correr dos anos, um número cada
vez maior de atores da educação ambiental in-
Por certo, outras representações do meio troduziu uma dimensão de pesquisa ou de re-
ambiente podem ser identificadas e caracteriza- flexão em suas intervenções no terreno da prá-
das. Por exemplo, o meio ambiente — território tica. Desenvolveu-se, assim, um “patrimônio
entre os povos indígenas (onde a relação de pedagógico” que contém rica diversidade de
identidade com o meio ambiente é particular- proposições teóricas, de modelos e de estraté-
mente importante) ou, ainda, o meio ambiente — gias, capaz de estimular a discussão e de ser-
paisagem, o dos geógrafos, que abre caminho vir de inspiração para os que trabalham na
para a interpretação dos contextos locais, des- prática2 . A análise dessas proposições permite
tacando sua dinâmica de evolução histórica e identificar uma pluralidade de correntes de pen-
seus componentes simbólicos. A relação com o samento e de prática na educação ambiental:
meio ambiente é eminentemente contextual e naturalista, conservacionista, solucionadora de
culturalmente determinada. Portanto, é mediante problemas, sistêmica, holística, humanista, crítica,
um conjunto de dimensões entrelaçadas e com- bio-regional, feminista etc. (Sauvé, 2002), que
plementares que a relação com o meio ambien- correspondem a outros tantos modos comple-
te se desenvolve. Uma educação ambiental limi- mentares de ligar-se ao meio ambiente.
tada a uma ou outra dessas dimensões fica in- A área da educação ambiental evolui, pois,
completa e alimenta uma visão enviesada do que de modo construtivo. Todavia, ela enfrenta proble-
seja “estar-no-mundo”. mas importantes que podem comprometer suas
Em vista de sua amplitude e por exigir metas fundamentais. O principal desafio contem-
mudanças em profundidade, o projeto educativo porâneo é a predominância da ideologia do desen-
da educação ambiental é certamente de difícil volvimento (Rist, 1996), expressa pela proposição
realização. Ele requer o envolvimento de toda a da “educação para o desenvolvimento sustentável”.
sociedade educativa: escolas, museus, parques, Aí, a educação é vista como um instrumento a
municipalidades, organismos comunitários, em- serviço da conservação a longo prazo do meio
presas etc. Cabe a cada ator definir seu “nicho”
educacional na educação ambiental, em função
2. Entre outras, identificamos nove revistas de pesquisa dedicadas espe-
do contexto particular de sua intervenção, do cificamente à educação ambiental, que são testemunhas da vitalidade cres-
grupo alvo a que se dirige e dos recursos de cente, da credibilidade e do reconhecimento dessa área de reflexão e de
que dispõe: trata-se de escolher objetivos e intervenção educativa: The Journal of Environmental Education,
Environmental Education Research, Environmental Education and
estratégias de modo oportuno e realista, sem Communication, The International Journal of Environmental Education and
esquecer, contudo, do conjunto de outros ob- Research, International Research in Geographical and Environmental
Education, The Australian Journal of Environmental Education, The Canadian
jetivos e estratégias possíveis. É importante Journal of Environmental Education, Éducation relative à l’environnement –
encarar cada intervenção específica como com- Regards, Recherches, Réflexions, e Tópicos en Educación Ambiental.

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ambiente, considerado este como um reserva- relação com o mundo não pode ficar limitada
tório de recursos a serem explorados em fun- a uma dinâmica de “gestão de recursos”; as
ção de um desenvolvimento (crescimento) eco- atividades humanas não podem ser interpreta-
nômico sustentável, encarado como a condição das unicamente dentro do quadro de referên-
primeira do “desenvolvimento humano” (Sauvé; cia do “desenvolvimento”, utilizando exage-
Berryman; Brunelle, 2000). O esquema conceptual radamente a linguagem da sustentabilidade (ou
do desenvolvimento sustentável, muitas vezes viabilidade, ou durabilidade) 3 , num tipo de
ilustrado sob a forma de três esferas interligadas newspeak que se impõe em escala planetária,
(economia, sociedade e meio ambiente), conside- sobrepondo-se às diversas culturas e reduzin-
ra a economia como uma entidade à parte, fora do as possibilidades de se pensar as realidades
da esfera social, e que determina a relação das de maneira diversa. Deve-se reconhecer tam-
sociedades com o meio ambiente. Se isso corres- bém que a ética da sustentabilidade é produto
ponde à atual alienação das sociedades com de uma “heurística do medo” (segundo a ex-
respeito a uma economia exógena e dominan- pressão de Hans Jonas, 1992) associada à cri-
te, deveremos, ainda assim, promover essa vi- se atual de segurança (sendo uma de suas ma-
são de mundo como a meta suprema de toda nifestações o interesse pela clonagem humana).
a humanidade? Se ela pode constituir um primeiro degrau na
Por certo, a proposição do desenvolvimen- direção de uma mudança ética para melhor,
to sustentável mostra-se pertinente sob certos certamente não dispõe da amplidão suficiente
aspectos e em determinados contextos, como para fundar um projeto de sociedade, menos
quando se torna a chave que permite dar início ainda um projeto de humanidade.
a um diálogo entre os atores das áreas da econo- Em face das intensas críticas vindas de
mia, da política e do meio ambiente. Aliás, foi toda parte (dos filósofos, dos sociólogos, dos
numa perspectiva desse tipo que surgiu esse educadores, dos próprios economistas etc.) re-
conceito: ele se impôs como fruto de um “con- lativas à idéia do desenvolvimento sustentável4 ,
senso” social, nesta época de derrocada dos “va- a tendência atual é a de que cada um redefina
lores sólidos”, em que a fabricação de consensos a seu modo esse conceito inevitável, que já en-
(oriundos de negociações entre certos atores tão se impôs nas diversas esferas da sociedade.
sociais privilegiados, em um contexto histórico Concorda-se, assim, que o desenvolvimento
específico), confere legitimidade às decisões e sustentável não seria um fim claramente defini-
permite “gerir” a diversidade das abordagens do, mas sim um caminho para atingi-lo, caben-
possíveis às problemáticas em questão. do a cada um traçá-lo de acordo com sua con-
Não haverá, porém, um equívoco quan- veniência. Depois do argumento da existência
do se confunde a estratégia do desenvolvimen- de um consenso universal pelo desenvolvimen-
to sustentável (por mais hábil que ela seja) com to sustentável, este novo argumento da legiti-
um projeto de sociedade, e quando se impõe o midade – e até mesmo da necessidade de iden-
enquadramento de toda a educação, em todos tificar caminhos diferentes em direção a essa
os países, em função dessa visão de mundo meta – parece eficaz para promover a idéia (já
tornada hegemônica? A concepção utilitarista então percebida como incontornável) de um
da educação e a representação “recursista” do “desenvolvimento sustentável”, salvador da hu-
meio ambiente, adotada pela “educação para o
desenvolvimento sustentável”, mostram-se niti- 3. Fala-se, por exemplo, de “refeições sustentáveis”, de “indústria mi-
neira sustentável”, de “consumo sustentável”, de “água viável”; buscam-
damente reducionistas com respeito a uma edu- se “critérios de sustentabilidade” para a educação etc.
cação fundamental preocupada em otimizar a 4. A propósito, ver o debate relatado em Jarnet, Ann, Bob Jickling, Lucie
Sauvé, A. Wals e P.Clarkin. The Future of Environmental Education in a
teia de relações entre as pessoas, o grupo so- Postmodern World? Whitehorse: Yukon College (Canadian Journal of
cial a que pertencem e o meio ambiente. A Environmental Education), 244 p.

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manidade. Foi assim que surgiu o conceito de para o desenvolvimento de sociedades responsá-
Educação para um futuro viável. Este último tem veis. Esta última expressão tem o propósito de
a vantagem de propor um quadro integrador esclarecer a deliberada nebulosidade que envolve
das diferentes dimensões da educação contem- a palavra “desenvolvimento” (geralmente centrada
porânea (relativa à paz, à democracia, à coope- na economia) vinculando-a ao desenvolvimento
ração internacional, ao meio ambiente etc.). O das sociedades (cada uma integrando uma econo-
problema é que esse quadro é reducionista e, nele, mia cujas escolhas lhe são endógenas) e associan-
a educação ambiental se vê limitada a não ser do a ela uma ética da responsabilidade fundamen-
mais do que um instrumento, entre um sem nú- tal, nitidamente mais rica do que a ética da
mero de outras “formas de educação temáticas”, sustentabilidade ou da viabilidade, essencialmen-
a serviço do desenvolvimento sustentável. Além te minimalistas (“desde que isso perdure”, ou “des-
do mais, a educação ambiental perde seu reco- de que se sobreviva”). Para além de uma aborda-
nhecimento como lugar de interdisciplinaridade e gem cívica legalista de direitos e deveres, trata-se
de diálogo de saberes (saberes ligados às ciênci- de uma responsabilidade de ser, de saber e de agir,
as biofísicas e humanas, saberes tradicionais, da o que implica compromisso, lucidez, autenticida-
experiência, do senso comum etc.) para tornar-se de, solicitude e coragem.
mais estreitamente ligada ao domínio das ciências Façamos votos para que a Década das
biofísicas e da tecnologia, domínio privilegiado da Nações Unidas para a educação com vistas a um
nova “economia do saber”. desenvolvimento sustentável, que se inicia em
No entanto, é possível ter em vista uma 2005, possa oferecer a oportunidade de esti-
educação ambiental que, ainda que considerando mular, afinal, um verdadeiro debate sobre o
a perspectiva do desenvolvimento sustentável “consenso” em que se apóia esse projeto de
(como importante fenômeno sócio-histórico), não humanidade, que se mostrou problemático e
se restrinja a isso. A educação ambiental não pode muito pouco fecundo a partir da precedente
realizar-se senão em um espaço de crítica social, cúpula do Rio de Janeiro. Seria extremamente
sem entraves. A relação com o meio ambiente não mais importante estimular o debate junto aos
é, a priori, uma questão de compromisso social, e atores da área da educação, que é ao mesmo
menos ainda de consenso planetário. A educação tempo “espelho e cadinho” do desenvolvimento
ambiental acompanha e sustenta de início o das sociedades, e mais especificamente junto aos
surgimento e a concretização de um projeto de atores da educação ambiental, a qual não pode
melhora da relação de cada um com o mundo, desenvolver toda a amplitude de seu projeto
cujo significado ela ajuda a construir, em função educativo a não ser com o reconhecimento e a
das características de cada contexto em que inter- valorização da diversidade dos modos de apreen-
vém. Numa perspectiva de conjunto, ela contribui der o mundo e de a ele vincular-se.

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Referências bibliográficas

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SAUVÉ, L. Courants d’inter


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SAUVÉ, L.; BERRYMAN, T.; BRUNELLE, R. International proposals for environmental education: analysing a ruling discourse. In:
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