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Como eu te enviei tarde, tome essas leituras e sugestões principalmente para seu
mestrado a posteriori. Sua introdução poderia ser um capítulo dedicado a explicar o
surgimento da ideia de demônio no ocidente. Fora que não tem como não falar em
demonologia sem citar o paganismo! Para tanto, gostaria que procurasse por: Ronald
Hutton. "O triunfo da Lua" e "O livro de Baphomet" De Julian Wayne e Wikki Ward.
Para o futuro: Apreciar mais as tuas fontes! Veja que os fanzines demoram muito para
aparecer no seu trabalho, fora que você basicamente usa as capas, ignorando toda uma
gama de informações que poderia sair dali. Você coloca fotografias que não analisa e
praticamente não utiliza sua entrevista e seu diário de campo. Vale dizer que na banca,
quando eu pedi pra sua fonte aparecer mais, não é que você precisava viajar e gastar
grana pra coletar mais fontes. Basicamente eu queria que você utilizasse as que
conseguiu! Se não vai colocar no trabalho, não tem sentido colocar os diários de campo
ali. Aprender a lidar com fontes orais é preciso. Sua entrevista parece não estar com as
perguntas iguais as que você fez. A transcrição precisa ser o mais próximo possível do
que você produziu com o Pedro! Fica parecendo que a entrevista está manipulada para
você ter as respostas que quer com seu entrevistado. Outra coisa: pensar um método
para analisar a entrevista é preciso. O seu trabalho gira em torno de uma entrevista
temática, mas eu acho que ficaria melhor se você analisasse a trajetória de vida do
Pedro. Como ele chegou a ser um headbanger e passou a conviver com esses signos e
símbolos extremos? Eu te aconselharia a ler o Pedagogia profana do Jorge Larossa, ou
mesmo o Nietzche em Ecce Homo. Voltando a história oral leia o livro "Usos e abusos
da História Oral", um compilado de artigos organizado por Marieta ferreira e Janaina
amado. Vale a pena ler.
Cuidado com os tempos verbais. Veja que principalmente no teu resumo e na tua
introdução, ora você fala em primeira pessoa, ora em terceira. Acho legal ver o conceito
do corpo pesquisador da rolnik (cartografias sentimentais: Transformações
contemporâneas do desejo) aparecendo indiretamente. Mas se vai colocá-lo, coloque
direito. O texto teria que ser todo em primeira pessoa, pra dar certo.
Ver termos que você cita e não aprofunda no seu trabalho como por exemplo, o Poser.
Essas coisas poderiam ser exploradas em trabalhos futuros. Evite os preconceitos e
juizos de valor, pois na sua fala, você basicamente disse que o poser não interessava,
sendo que a exclusão de um determinado sujeito de um grupo implica um estudo
serissimos no ramo da sociologia chamado de sociologia do desvio. Howard Saul
beckers e gilberto velho possuem ótimos trabalhos nessa área. O livro outsiders:
Ensaios sobre a sociologia do desvio do proprio Howard, pode te ajudar a analisar esses
personagens excluídos.
Sobre fontes: Procurar a revista rock brigade. Essa revista ditou tendência sobre o que é
ser metaleiro, mostrando desde look, bandas, atitudes e posicionamentos políticos...Ver
onde o baphomet se encaixa nisso tudo seria bom. Você tem que entender que teu
trabalho não é exatamente focar no diabo, mas ver como um determinado grupo de
sujeitos subjetiva e cria reperesentações sobre o diabo partindo do que eles vivem no
cotidiano. Então a tribo, o movimento headbanger é o foco do seu trabalho. O diabo é
só o pretexto. Para ver quem são so headbangers, se tribo ou bando, temos o Deleuze no
livro "diálogos" e o Jose Pais Tribos urbanas: produção artística e identidades.
O seu trabalho é embebido na ideia de Torquato como alguém que por meio das
palavras procura fugir de capturas identitárias e cristalizações de sentido, vale entender
como o poder funciona no deslizar entre o marco e o micro. Como do infraestrutural, o
poder age também no ínfimo, nas mais banais relações cotidianas. Para tanto, você
precisa conhecer o conceito de biopoder. Minha sugestão é:
RABINOW, Paul; ROSE, Nikolas. O conceito de biopoder hoje. Revista Política &
Trabalho:Revista de Ciências Sociais, n. 24, p. 27-57, abril 2006. Disponível
em:<http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/6600/4156
>. Acesso em: 25 jan. 2016.
Cuidado com juízos de valor e com o tempo verbal no seu texto. Você padece do
mesmo mal do zé eduardo!!!! Você não é juiz para dizer o que é ou não importante.
Quanto ao tempo verbal, escolha se vai ficar na primeira, ou na terceira pessoa! Deve
também deixar claro que conceitos você utiliza quando fala em processo de
singularização, desfamiliarização, produção de sentidos, utopia, distopia e heterotopia.
Eu particularmente só trabalharia um ou dois desses conceitos. Sendo assim, vou lhe
sugerir um debate sobre a produção de sentidos proposto por uma psicóloga: SPINK,
Mary Jane P.; MEDRADO, Benedito. Produção de sentidos no cotidiano: uma
abordagem teórico-metodológica para análise das práticas discursivas. In: SPINK, Mary
Jane P. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações
teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 1999. p. 41-61.
Quando você fala nos anos 60, não tem como não pensar na ideia de aldeia global, onde
o mundo está ficando cada vez mais interligado e as fronteiras territoriais e de língua já
não são empecilho para a interação de sujeitos de diferentes culturas. Para tanto, vou
sugerir a você um livro do Marshall Macluan, filósofo e teórico da comunicação
canadense. A obra A galáxia de gutemberg vai te ajudar a aprofundar esse conceito no
teu trabalho.