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br/artigos/60674/a-autonomia-da-vontade-como-determinante-do-feminismo
Definir feminismo não é tarefa fácil diante de várias comunidades ditas feministas na
sociedade brasileira.
O feminismo é um movimento, uma ideia, uma potência de vontade das mulheres. Posso
dizer que, em síntese, o feminismo é um movimento contra as opressões, históricas, à
mulher. Essa opressão se resume em delimitar a vontade de potência da mulher, ou
limitar, direcionar, proibir a autonomia da vontade feminina. Desmembra-se o feminismo na
busca de vários direitos, os civis, os políticos, os econômicos, os reprodutivos, os sexuais
e os culturais.
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.
A aproximação do bebê com o corpo da mãe traz conforto e segurança ao bebê; à mãe,
uma ligação emocional muito maior. A produção de leite materno, pelo sugar do bebê,
aumenta a produção do leite materno. Leite materno, fresco, possui todos os nutrientes
necessários para o desenvolvimento do bebê. Somente em caso de dificuldade de
produção de leite materno é que se usa, por exemplo, o banco de leite materno.
Vamos imaginar que não fora inventado o absorvente feminino. A mulher menstrua, que é
o deslocamento da placenta; e menstruar é sangrar. Não existindo absorvente íntimo,
poderia existir licença menstruação? Homem não menstrua, não suja de sangue os
estofamentos dos assentos, os pisos.
As feministas, dentre vários direitos exigidos por elas, querem que suas vozes sejam
ouvidas, sem quaisquer censuras. E seus atos não sejam censurados. Neste aspecto,
o boicote pode ser uma censura, já que, por exemplo, na Grécia a.C. as mulheres tinham
posição social análoga aos escravos (não ateniense). Se o boicote é tentativa de
silenciar/acabar com alguma voz, manifestação, expressão artística, mesmo não existindo
normas jurídicas proibitivas à liberdade de expressão de determinados grupos, pela
ideologia predominante na cultura, o boiote é uma censura, disfarçada de Não fui/fomos
ditador/ditadores.
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Há vários meios de se boicotar (censurar) alguma coisa, sem violência física. Por exemplo,
prevalecer da condição econômica, dos meios de produção, através de coesões de
ideologias análogas, ou simétricas, para contrapor, cercear, diminuir a autopossessão, a
autodeliberação de quem não seja considerado igual.
Se livros de Kama Sutra fossem produzidos e, por exemplo, algum cidadão quisesse
compra algum exemplar, mas o Estado entende que é perversão, há censura. Se o Estado
não faz objeções, mas os valores culturais, da ideologia ou da crença predominante,
impedem de alguém comprar o exemplar, já que todos os importadores nacionais são
contra o conteúdo na Kama Sutra, o possível comprador tem censurado o seu direito de
ler/possuir o que bem quiser.
Se algum comerciante deseja importar Kama Sutra, sem quaisquer objeções estatal, mas,
pela maioria, através do tipo de ideologia ou crença religiosa, faz pressões, como
econômica, pichações na loja do comerciante etc., autopossessão e autodeterminação do
comerciante estão censuradas.
Lembremos dos romanos e os primeiros cristãos. A maioria (romanos) ditava regras sobre
minorias (cristãos). Ditar regras, não necessariamente pela quantidade, mas pela
potencialidade ofensiva contra quem está em desacordo com o tipo de utilitarismo.
Digamos que existam 120 mil (cento e vinte mil) habitantes em certa localidade. 115 mil
(cento e quinze mil) estão censurados, perda da autopossessão e autodeliberação, pelos 5
mil (cinco mil). Estes possuem armas bélicas capazes de neutralizar quaisquer tentativas
de revolução, rebelião, manifestação. Logo, censura/boicote pode ser qualitativa e não
quantitativa.
"... que viva sob uma estreita vigilância, veja o menor número de coisas possível, ouça o
menor número de coisas possível, faça o menor número de perguntas possível". (Xenofonte
sobre condição da mulher)
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De certa forma, as mulheres tiveram direitos. As feministas mentem? Não, pois
diferentemente dos acontecimentos após a Segunda Guerra Mundial, as mulheres tinham
autopossessão e autodeterminação limitadas por crenças religiosas, ideologias políticas e
filosóficas.
Por exemplo, a CRFB de 1988 garante direitos e deveres iguais aos homens e mulheres,
indiferentemente de posições social e econômica, de sexualidade, se pessoa com
necessidade especial ou não, morfologia, etnia, crença, contudo, segundo relatórios
produzidos pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) de direitos humanos,
nacional e internacional, e pelo próprio Estado brasileiro, as mulheres ainda se distanciam
do que é proposto pela CRFB de 1988 é pelo que há na realidade cotidiana. Ou seja, há
um divorciamento entre formal e material.
"O que torna uma ação moralmente valiosa não consiste nas consequências ou nos resultados
que dela fluem. O que torna uma ação moralmente valiosa tem a ver com o motivo, com a
qualidade da vontade, com a intenção, com as quais a ação é executada. O importante é a
intenção."
Não importa como, importa ser. Eis a autopossessão e a autodeliberação da mulher. Ser
feminista é defender o ser, como ser é opção. Se há mulheres que discordam uma das
outras, por suas diferenças ideológicas, filosóficas ou por crenças religiosas, mas cada
qual é o que é pela autopossessão e autodeliberação, os imbróglios são humanisticamente
compreensíveis, pois ninguém é clone do outro.
Se, somente se, a escolha pessoal é determinada pela superstição ou pelo medo, não há
autodeterminação e autopossessão. O que vale na escolha é a intenção. Se a intenção
possui fulcro na razão, há autopossessão, autodeliberação. Se a intenção possui fulcro no
medo ou na superstição, principalmente pelos valores utilitaristas, e suas pressões
coercitivas, iminentes ou eminentes, a intenção não é verdadeiramente concretizada pela
autopossessão e autodeterminação, mas uma inclinação, uma necessidade de se igualar
para não sofrer, emocional, psíquica e/ou economicamente.
Encerro. Quando alguém perguntar o que é feminismo, quem é feminista, mesmo entre as
mulheres, recomende este texto.
Obrigado!
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