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O Erotis mo e o Sagra do: passàg_ens

por Freud e Batail le

Júlia Vilaça RESUMO: Através do livro O Erotismó de Georges Bataille (1957), busca-se entender a ambigüidade
Goyatá presente na relação dos homens diante das interdições sociais, tema amplamente discutido por Sig-
mund Freud em Totem e Tabu (1913), e sua relação com a idéia de sagrado.
Graduanda do Curso
de Ciências Sociais ABSTRACT: Drawing upon the book Eroticism, by George Bataille (1957), one seeks to understand the
UFMG ambiguity in the relation between men and social interdictions, a theme thoroughly discussed by Sig-
mund Freud in Totem and Taboo (191 ~). and how it relates to the idea of the sacred.
Palavras chave:
erotismo, sagrado,
transgressão,
interdito. "Existe em todo homem, a qualquer mo- 'termos de erotismo dos corpos, do coràção ou
mento, duas postulações simultâneas, do sagrado, como ele os distingue.
Keywords: uma para Deus, a outra para Satã. A O primeiro, o erotismo dos corpos, tem algo
eroticism, sacred, invocação de Deus, ou espiritualidade, de pesado porque lida com a materialidade dós
transgression, social é um desejo de subir de grau. A de corpos, com uma violação do ser dos parceiros
interdictions. Satã, ou animalidade, é uma alegria de que destrói a estrutura do ser fechado. O er-
deséer." CBAUDELAIRE apud REYNAUD, otismo dos corações é mais livre, podendo se
2001 ' p. 127-1 28) separar da fusão corporal ou encaminhar-se
para ela:
Erotismo, Continuidade e Morte "O ser amado para o· amante é a
transparência do mundo. {... ] É o ser
A afinidade entre o erótico .e o religioso é
pleno, ilimitado, que não limita mais a
tema central na obra do filósofo Georges Ba-
descontinuidade pessoal. É, em síntese,
taille intitulada O Erotismo (1957). ContinÚidade,
a- continuidade do ser percebida como
transgressão, misticismo e morte estarão aí
· uma libertação a p'artir do ser do aman- ·
associados ao tema qúe dá nome à obra. Para
te" ( 1987, p. ?Ol.
além do discurso da ciência e a favor de uma
filosofia que .não se quer especialista o autor
Por fim, o erotismo sagrado, a grande preo-
proclama: "O erotismo é a aprovação da vida até
cupação do filósofo, segue essa mesma lógica,
na morte'tBATAILLE, 1987, p. 11 l.
a da visão do ser amado como ilimitado. Bataille
Bataille inicia seu argumento afirmando a
diz que há nele uma verdade de milagre. Isso
descontinuidade constituinte dos seres huma-
porque diante· dos ritos sagrados tangencia-
nos e o abismo que· os separa tanto uns em
mos, assim como no encontro erótico, a con-
relação aos outros quanto em relação à morte.
' tinuidade perdida. A base do sacrifício religioso
Esse- abismo é, então, irredutível e dele senti-
póde ser pensada -em paralelo à ação erótica:
mos apenas uma vertigem.
"o sagrado é justamente a continuidade dó ser
revelada àqueles que fixam sua _atenção, num rito
"Em nossa origem, há passagens do con-
solene, na morte de um ser descontínuo"C1987,
tínuo ao. descontínuo ou do descontínuo
p. 21).
ao contínuo. Somos seres descontínuos, .
No entanto, o que é mais interessante é jus-
indivíduos que morrem isoladamente
tamente a aproximação feita entre os três tipos
numa aventura ininteligível, mas' temos
de erotismo, com destaque para a questão do
a nostalgia da continuidade perdida. Não sagrado, que principalmente ao longo da história
aceitamos muità bem a idéia que nos
do Cristianismo tornou-se algo absolutamente
relaciona a uma dualidade de acaso, à
oposto ao erótico - na medida em que a religião
individualidade perecível que somos" CBA-
vai condenar os "excessos da carne" -e que Ba-
TAILLE, 1987, p. 15l.
taille resgata para esse campo. Independente
de suas classificações ele ressalta que "toda
O que é central nesse caso é pensarmos
concretização do erotismo tem por fim atingir o
então . em que momentos somos capazes de
mais íntimo do ser, no ponto em que o coração
experimentar essa vertigem que nos dá o sen-
nos falta" (1987, p. 16).
timento da continuidade perdida. Para Bataille
Se quiséssemos resumir poderíamos dizer,
(1957) essa experimentação será dada na rela-
_por conseguinte, que a experiência do erotismo
ção dos sujeitos com o erótico, seja ela dada em
O EROnSMO E O SAGRADO: PASSAGENS POR FREUD E BATAILLE REVISTA TRI!l:S (eee) PONTOS
6.2

está ligada à experiência primordial da continui- Banquete. Nessà obra o filósofo b~sca discutir
dade, que não é conhecível, mas é experienciada a função de Eros, que para ele pode traduzir"se
por nós em alguns momentos e em algumas como a energia que nos leva a ascender à idéia
relações; à destruição da estrutura do ser de Kalón, que em grego congrega tanto a idéia
fechado, já que o erotismo abre para a morte; à de Bondade quanto à idéia de Beleza. Tendo em
negação da duração individual e à experiência do vista o J;lualismo clássico entre corpo e alma
limite, na medida em que este está diretamente na obra do autor - sendo o corpo diretamente
ligado à relação entre interdito e transgressão, ligado à morte e à corrupção e a alma ligada à
tão cara à antropologia. imortalidade e à busca da verdade - podemos
Para explicitar essa primeira questão, a da compreender sua preocupação em entender
continuidade/descontinuidade do ser, Bataille . como despojar-se desse corpo contaminado
recorre primeiramente à biologia: na reprodução para atingir o campo das idéias e da alma, que
assexuada há a produção de dois seres descon- encerram o que verdadeiramente importa: o
tínuos a partir da morte de um ser primitivo que Bom e o Belo.
os gera. Esses dois seres são, dessa forma, Em O Banquete vemos um grupo de figuras
iguais e prqdutós do primeiro, portanto a pas- importantes da.cena cultural grega que se per-
sagem entre eles implica necessariamente um guntam sobre Eros e sobre o amor, e, vale res-
momento de continuidade. Já na reprodução saltar, que fazem isso comendo, ou seja, em
sexuada a passagem à continuidade é de out- festa, como não poderia .deixar de ser. O que
ra natureza, já que um novo ser descontínuo quero destacar aqui, porém, é o discurso de ap-
é' gerad,o por duas células igualmente descon- enas um desses homens, a saber, Aristófanes.
tínuas que se unem para formá-lo. "O novo ser E:ste discursa a partir de um· mito de origem
é, ele mesmo, descontínuo, mas traz em si a que dizia da existência de cri.aturas perfeitas
passagem à continuidade, a fusão, mortal para que viviam em paz diante de sua imortalidade.
cada um deles, dos dois seres distintos" (1987, Estas poderiam ser masculinas, descendentes
p. 141 Trata-se da morte que é inptaurada no do sol, femininas, da terra ou andróginas, da
momento da continuidade, ou seja, no momento lua.
de repartição de uma célula em duas ou no mo-
mento de fusão das duas células em uma. Como "Depois, inteiriça era a forma de cada
comenta Evaldo Balbino da Silva: homem, com o. dorso redondo, os flan-
cos em círculo; quatro mãos ele tinha,
"Se o movimento erótico busca a quebra e as pernas o mesmo tanto das mãos,
da descontinuidade humana em prol de dois rostos sobre um pescoço torneado,
uma continuidade, ele vai também pro- semelhantes em tudo; mas a cabeça so-
mover a instauração da própria descon- bre os dois rostos opostos era uma só,
tinuidade. Mais do que a imagem do e quatro orelhas, dois sexos, e tudo o
óvulo e do espermatozóide abandonando mais como desses exemplos se poderia
sua individualidade para erigir uma ter- ·supor"CPLATÃO, 1974, p.22J.
ceira existência, podemos falar do_ indi-
víduo que se anula na fusão com o outro. Disso resulta que certo dia. essas criatu-
Cada vez que me perco no outro, fugindo ras, fàrtes e vigorosas, voltaram-se contra os
ao meu isolamento e à minha carência, deuses (porque queriam ascender aos céus) e
assisto ao espetáculo de minhas mortes por isso, como castigo e maneira de torná-las
sucessivas: deixo momentaneamente de mais fracas, Zeus decidiu cortá-las em duaE; .
ser eu, na minha incompletude e mortali- . Daí em diante, conclui Aristófanes, o desejo da
dade, para experimentar uma existência outra metade passou a perseguir os homens de
imiscuída com a do parceiro, uma doce maneira que o sentiam enquanto falta, carên-
ilusão de eternidade e completude" [SI L- cia do todo qué eram outrora. "É então de há
.VA, 2005, p. 661 tanto tempo que o amor de um pelo outro está
implantado nos homens, restaurador da nossa
Inicialmente, o que Bataille faz então é as- antiga natureza, em sua tentativa de fazer um só
. saciar o erotismeJ à morte, na medida em que a de dois e de curar a natureza humana" ( 197 4,
continuidade proporcionada por ele só pode ser p. 24).
experimentada em sua radicalidade naquela: Esse discurso mítico, inserido. no contexto
do Banquete, parece nos dar a dimensão exata
'I:\ vida é acesso ao ser: se a vida é
mortal, a continuidade do ser não o é.
A aproximação e a embriaguez da con-
tinuidade dominam a consideração da
morte. {... } E, para além da embriaguez
que se abre à vida juvenil, é-nos dado o
poder de abordar a morte de frente, e .
de aí ver, enfim, a abertura à continui-
dade ininte/igível, desconhecível, que é o ,
segredo do erotismo, e cujo segredo só
o erotismo desvenda" CBATAILLE, 1987,
p.22J.

Impassível não lembrar de. Platão e de seu


REVISTA TR~S (e e e) PONTOS Júlia Vilaça Goyatá .
6.2

daquilo que Bataille chama de descontinuidade no max1mo, podem defender-se quando


original. Como ressaltado anteriormente, con- atacadas: pelo contrário, são criaturas
stituído pela falta o homem busca a ilusão da entre cujos dotes instintivos deve-se levar.
completude por toda ·a vida até encontrá-la, por em conta uma pocJerosa quota de agres-
fim, na morte. Segundo Silva, numa interpre- sividade" (FREUD,1i969, p, 1161
tação do texto platônico: ''Eros, por fim, é um
desejo outorgado pelos deuses, essa mania que Essa "tendência" à agressividade e à destru-
nos domina, essa loucura erótica que nos toma e ição. refletir-se-ia na sociedade causando o
nos direciona para o Bem, para uma fusão com a referido mal-estar, já que a última estaria fun-
Beleza Ideal" (SILVA, 2005, p. 611 damentada sobre o trabalho e o interdito, nos
Entretanto, em Bataille, numa direção con- termos de Bataille, e não sobre a transgressão.
trária à do dualismo platônico, essa continui- No entanto, é importante esclarecer em que
dade aberta por Eros não' conduz o homem ao sentido a teoria freudiana trata a idéia de pu/são
Bem e à Beleza, mas ao contrário. o conduz à vi- de morte. É importante esclarecer que a pulsão,
olência mesma. Isso porque o erotismo se opõe · apesar da preocupação de Freud em derivá-la de
ao mundo da razão e se manifesta na medida uma explicação científica, baseada na biologia,
em que a violência prevalece sobre o trabalho. não pode ser interpretada como um instinto. É
O erotismo provoca movimentos tumultuosos necessário diferenciar esses dois conceitos, já
que ganham espaço na festa e no jogo e não no que a pulsão não é da ordem da necessida.de,
trabalho, onde se exige uma conduta sensata: nem pode ser satisfeita, "é ·uma força constan-
te e, portanto, não conhece o apaziguamento,
':4 maior parte do tempo o trabalho é a porque se chegasse a ele, a fulsão desaparece-
ocupação de uma coletividade, e a coletiv- ria" (KAROTHY. 2001, p. 521 . .
idade deve se opor, no tempo reservado Pulsão sexual e pulsão do eu são os dois
ao trabalho, ao movimentos de excesso grupos pulsionais que Freud conceituou inicial-
contagioso em que nada mais existe, a mente até a "virada" de sl.ia teoria em 1920,
não ser o abandono imediato ao excesso. em Além do Princípio do Prazer, quando reúne
Isto é, a violência" (BATAILLE, 1987, p. estes grupos pulsionais e lhes dá uma nova
38). . denominação: são as pulsões de vida. Também
conceitua um novo grupo que são as pulsões
A violência e a agressividade estariam, então, de morte. Estas últimas tornaram-se uma das
do lado do amor, da festa, do jogo e da morte e mais escandalosas idéias freudianas: a idéia que
1 Sobre o interesse de Ba-
opostas ao trabalho, à razão e à seu comple- o homem poderia ter uma força dirigida para a
taille na obra de Freud comenta
Roudinesco: "Grande leitor de mento: o interdito, É ç:omo se a violência apa- morte e que poderia inclusive se satisfazer com
Freud desde sua descoberta de
'Psicologia de grupo e análise
recesse como explosão e o trabalho enquanto ela pareceria, principalmente para a concepção
do ego' , Bataille também to- compressão. Numa analogia com' o coração: são cristã, bastante absurda. Segu'ndo o próprio
mava nota daquela teoria da
pulsão de morte que revol- sístole e diástole. Freud, em Para. além do princípio do prazer, a
via a história do movimento É déssa forma, ao introduzir o tema da vio- respeito de seu trabalho sobre as pulsões:
:psicanalítico. Assim, a morte
•Concreta e carnal do homem lência, e com ele o da transgressão, oposta ao
·desenhado por Masson sig- trabalho e ao interdito, que o autor percebe a "O conceito de 'sexualidade' e, ao mesmo
nificava a morte de todo sujeito
que pretendesse pensar seu abertura do erotismo à morte. Ao falar do Mar- tempo, de instinto sexual, teve, é ver-
destino apoiado na razão: 'so- quês de Sade ele ressalta que há na humanidade dade, de ser ampliado de modo a abrang-
mos ferozmente religiosos' ,
escrevia Bataille, ' e, na medida "o desejo de destruir e arruinar, de fazer uma er muitas coisas que não podiam ser
em que nossa existência é a
fogueira de nossos recursos" e que,- classificadas sob a função reprodutora,
condenação de tudo o que é
reconhecido hoje, uma ex- e isso provocou não pouco alarido num
igência quer que sejamos igual-
mente imperiosos. O que em-
"é esta geralmente a felicidade que nos mundo austero, respeitável, ou simples-
preendemos é uma guerra· .. dão a consumição, a fogueira, a ruína mente hipócrita" (1 969, p. 711 ·
(ROUDINESCO, 1994, p.l45),
que nos parecem divinas, sagradas e que
só provocam em nós atitudes soberanas, As pulsões de morte foram identificadas
2 No Dicionário comentado isto é, gratuitas, sem utilidade, com um através dos sintomas verifjcados no que ele
do alemão de Freud encontra-
mos diversos significados para fim em si mesmas, nunca subordinadas a caracteriza como neurose traumática - na qual
a palavra Trieb, traduzida por
instinto: "A tradução de Trieb é resultados ulteriores" (BATAILLE, 1987, os pacientes apresentavam sonhos que convo-
uma das mais polêmicas, devi- p. 174-1751 cavam experiências reprimidas - e através da
do à extensa gama de signifi-
cados e conotações do termo observação de um jogo infantil, chamado jogo
em alemão, bem como devido
É nesse sentido qy.e a violência da qual Ba- do Fort-Oa - uma criança arremessava um car-
à peculiaridade no emprego
freudiano do termo. ( ...) No taille nos fala, essa que praticamos apesar e retel para longe de si e o acercava repetidam-
artigo 'A Questão da Análise
Leiga' ( 1926), Freud, indicando
para além da vida na coletividade, está implicada ente pronunciando sempre "o-o-o-o" quando
estar ciente das peculiaridades no excesso, na busca de uma continuidade ideal o objeto ia e "da" quando voltava. Trata-se de
'do termo, menciona que Trieb
é uma palavra pela qual muitas inalcançável. uma repetição. como na neurose traumática, da
línguas modernas invejam o Nessa direção Bataille se aproxima· também vivência penosa da saída de sua mãe de casa.
alemão. Trieb, tal qual usado
em alemão, entrelaça quatro da concepção freudiana de pu/são de morte 1. Nos dois casos o que se podia perceber era
momentos, que conduzem do Esta se relacionaria aos impulsos agressivos que havia uma certa compulsão à repetição das
geral ao singular. (... ). Estes
significados estão todos muito destacados em O mal-estar na civilização de experiências desprazerosas para esses sujei-
próximos e sempre correlacio- 1929: tos; o que contradizia o império do princípio do
nados com um núcleo básico
de sentido: algo que 'propul- prazer, fo,rmulado anteriormente por ele - que
siona' , 'coloca em movimen-
"O elemento de verdade, elemento que dizia que o aparato psíquico tendia ao equilíbrio,
to'" (HANNS, 1996, p.338),
as pessoas estão tão dispostas a repu- isto é, seria regulado a partir de um principio

a diar, é que os homens não são criaturas


gentis que desejam ser amadas e que.
de prazer, que faria com que a quantidade de
excitação na vida anímica fosse equilibrada, já
O EROTISMO E O SAGRADO: PASSAGENS ~R FREUD E BATAILLE. REVISTA TRII5S (eee) PONTOS
6.2

que o desprazér significava um incremento de religioso, é "a negação dos limites da vida que o
excitação no aparato psíquico. Essa repetição, trabalho ordena", a epifanização do que Reger
que indicava a presença das pulsões de morte, Callois chama de sagrado de transgressão, já
denotaria então o desequilíbrio do sistema. que para quem dela participa abre-se "o tempo
Nesse sentido, quando Bataille nos diz dessa das emocões intensas e da metamorfose do seu
sensação de continuidade produzida pela aber- ser" lBATAILLE, 1987, p.105; CALLOIS,1888,
tura do indivíduo à morte nos momentos de sua p. 97J.
relação com o erotismo - tanto no ato amoroso A festa é tempo de transgressão porque
qu_anto na relação com o religioso, nas festas permite a inversão .dos papéis sociais C!JStumei-
ou nos·êxtases- penso que podemos de alguma ros possibilitando a abertura à todas as pos-
maneira remontá-las à pu/são de morte, na me- sibilidades, é,· de fato, um retorno à brincadeira,
dida em que esta se relaciona à transgressão, onde qualquer um podé ser rei ou escravo -
à essa violência que gera o mal-estar na civili-.
zação. O erotismo seria, dessa maneira, uma ':4s pessoas esforçam-se por se con- '
espécie de retorno do reprimido para o sujeito duzir de forma exatamente contrária ao
envolvido, ou se]a, uma transgressão mesma comportamento normal[... ]. Os escravos
referente ao desejo barrado pelo interdito so- comem à mesa dos senhores, mandam
cial7 neles, troçam deles e estes servem-nos,
obedecem-lhes, sofrem afrontas e ad-
O Par·adoxo Fundante: Interdito moestações" (CALLOIS, 1988, p.119l.
e Transgressão. Bataille chama a atenção para o fato de que
tanto o interdito como a· transgressão são ex-
O argumento primordial de Bataille é, de fato, periências interiores, ligadas à radicalidade da
constituído principalmente pela associação que posição subjetiva e não a uma visão objetiva.'
ele faz entre o erotismo e a transgressão. Para Sublinhando a impossibilidade de um trabalho
chegar a esse ponto ele destaca a importân- -Científico quando estamos tratando desse tema
cia da experiência tanto do interdito quanto da ele ressalta: ·
transgressão, na medida em que a última só é
possível devido ao cumprimento do primeiro: "O pior é ·que a c1encia, cujo movimen-
to quer que ela trate o interdito objeti-
"O conhecimento do erotismo ou da re- vamente, procede do interdito, mas ao
ligião, exige uma experiência pessoal, mesmo tempo o recusa, posto que ele
igual e contraditória, do interdito e· da . não é racional! Só a experiência de den-
transgressão. Essa dupla experiência é tro lhe confere o aspecto. global, o as-
r_ara. As imagen_s eróticas suscitam em pecto em que ele é finalmente justificado"
uns os comportamentos do interdito, em (BATAILLE, 1987, p. 341. .
outros comportamentos contrários. Os
primeiros são tradJcionais. Os segundos Trata-se então da própria ambigüidade da
siio comuns, pelo menos sob a forma de relação entre essas duas esferas: a obediência
uma pretensa volta à natureza, à quál se estrita ao interdito mostra a negação de seu
opunha o interdito. Mas a transgressão próprio princípio, na medida em que não permite
difere da "volta à natureza": ela suspende brechas para a realização de sua contrapartida,
o interdito sem suprimi-lo. Aí esconde-se a transgressão. Explico-me: o sentimento que
o suporte do erotismo e se encontra, ao nos leva à transgressão só é possível porque
mesmo tempo, o suporte das religiões" sentimos, e digo sentimos na esfera do corpo
(1987. p. 33) 3 . mesmo e não apenas da linguagem, o peso da
interdição. Nas palavras de Bataille: "Se obse~
O que pa.rece que o autor quer destacar é a vamos o interdito, se a ele nos submetemos, não
questão de que a tran,sgressão não está no temos mais consciência dele. Mas sentimos no
campo da natureza, apesar de se opor àquilo momento da transgressão a angústia sem a qual 3 Grifo do autor.
que funda a própria sociedade, o interdito. A o interdito não existiria: é a experiência do peca- 4 Sobre esse ponto ]ames
transgressão acontece, ao contrário, dentro do" (1987, p.35l. Clifford ressalta que a obra de
desse mundo da proibição, inserida mesmo na É essa relação paradox!=JI que funda então o
Bataille de modo geral remonta
também à de Mareei Mauss,
esfera social. Bataille destaca como principais erotismo. Através do fascínio ·exercido por aq- principalmente em O erotismo:
interditos sociais aqueles ligados às máximas: uilo que é proibido constitui-se o sagrado de
"Métraux espectfica que sua
fórmula caracterfstica é apenas
"não matarás e não pecarás contra a castidade transgressão da qual nos fala Callois. A relação uma paráfrase de 'um daqueles
profundos aforismos, muitas
que se ligarão às proibições do assassínio e do é, pois, entre angústia e prazer. Isto é, se dá ap vezes obscuros, que Marce1
incesto" (1987, p. 391. · · pensarmos de que maneira, aquilo qué é proi- Mauss lançava sem se preocu-
par com a confusão de seus alu-
No entanto, a transgressão só pode acon- bido, que traz angústia se transgredido, dá ao nos'. Métraux escutara Mauss
tecer nesses momentos de suspensão dos in- homem satisfação. Enfim, a grande questão co- dizer, numa palestra, que 'os
tabus foram feitos para serem
terditos, em que podemos ceder aos impulsos locada pela obra literária de Sade e, posterior- violados' . Este tema, que Ba-
barrados pelo interdito, impulsos esses que mente, pela psicanálise freudiana: o prazer que
taille freqüentemente repetiria,
tomou..s;e uma chave para seu
podem ser ligados às pulsões de morte cita- há no sofrimento e na violência, a aproximação pensamento. A cultura é am-
das anteriormente. Daí a importância dos mo- da morte ao prazer sexual. Se refletirmos sobre
bivalente em estrutura. (...] A
ordem cuftural inclui tanto a
mentos festivos, que permitiriam então essa os prinêipais interditos aos quais estamos sub- regra quanto a transgressão"
suspensão, ou abertura se quisermos chamar. (CUFFORD, 2008, p.l31 ).


metidos, àqueles ligados à morte e à atividade
da estrutura social fundada no interdito4 . Isso sexual, essa associação ainda parecerá fazer
porque a festa, geralmente relacionada ao ritual mais sentido: nascimento .e morte podem ser
REVISTA TR~S (e e e) PONTOS Júlia Vilaça Goyatá
\
6.2

tÓmados aqui em sua unidadf1. no útero, à invisibilidade, à escuridão, à bissexu-


O erotismo lista uma série-de exemplos pré- alidade, às regiões selvagens e a um eclipse do
his[esltóricos demonstrativos da atitude rev- solou da lua" ITURNER. 1974, p.117l.
erencial dos homens. ém diversas partes, em Nesse ponto, maiq intrigante ainda-, é per-
relação aos mortos e em relação às proibições ceber que esses elementos mârginais, limin-
sexuais, referentes ao incesto, à nudez e ao ares, a-estruturais e perigosos são aqueles
horror causado pelo contato com fluidos cor- que exercem o maior fascínio e que têm, como
porais. Atitudes que remontam aos princípios nos diz Oouglas, o maior poder:
mágicos descritos por Sir. James Frazer como
magia simpática: ' "Reconhecemos que a desordem é
destrutiva em relação às configurações
"Ambos os ramos da magia, o ho- existentes mas igualmente reconhec-
meopático e o contagioso, podem ser emos sua potencialidade. Ela simboliza
incluídos convencionalmend:! sob a de- ao mesmo tempo perigo e poder. O rit-
nominação geral de magia simpática, já ual reconhece a potência da desordem.
que ambos supõem a possibilidàde de Na desordem da mente, nos sonhos,
interação entre coisas que estão distan- no desmaio e no frenesi, o ritual espera
tes umas das outras, sendo o impulso descobrir poderes e verdades que não
transmitido de uma a oútra por meio do podem ser alcançadas pelo esforÇo con-
que poderíamos conceber como um éter sciente" (2007, p. 113) 5 .
invisível{. .. }"(1978, p. 351.
Aqui nos encontramos novamente com
No entanto, o mais interessante aqui é per- Freud. No clássico Totem1e Tabu (19131 o autor
ceber como a situação de contágio descrita por é inspirado jústamente pela obra de Frazer e
Frazer denota também o perigo da contamina- procura a partir daí fazer uma comparação en-
ção em relação àquilo que é considerado impuro tre a vida dos selvagens, em seus termos, e al-
e por isso é separado, proibido, interdito. Mary gumas observações feitas por ele em pacientes
Oouglas (1966) é quem explora esse aspecto de neuróticos. Resulta que, apesar da visão basi-
maneira primorosa. De acordo com ela o perigo camente evolucionista pela qual Freud trata os
reside justamente nessas relações ambíguas fenômenos do totemismo e das práticas mági-
ou indefinidas que caracterizam o sagrado. Ele cas, encontramos um ponto absolutamente
é ao mesmo tempo interdição e transgressão, fmportante que condiz tanto com a proposição
fasto e nefasto, puro e impuro. Assim, as pes- de Douglas, ·a respeito do poder e do perigo do
soas que se encontram em posiçõ!=!S sociais in- sagrado, quanto com a de Bataille e de Callois a
definidas, como as figuras do louco, do feiticeiro respeito do sagrado de transgressão6 .
e do marginal são tidas também como perigo- Para o-psicanalista, o que caracteriza a ati-
sas para a sociedade na medida em que são tude dos seJvagens em relação ao tabu é basi-
figuras ambivalentes, desordeiras. Sobre essa
ambigüidade do sagrado Callois nos diz:

':4 cisão do sagrado produz os bons e


os maus espíritos, o padre e o feiticeiro,
Ormazd e Arimâncio, Deus e o Diabo,
mas a atitude dos fiéis para com cada
uma dessas especializações do sagrado
revela a mesma ambivalência que seu
comportamento relativamente- às suas
manifestações indivisas" (1988, p. 371.

Para Oouglas é como se a relação com essa


5 Tradução minha da versão ambigüidade se situasse ·numa lógica (ou "a-
em espanhol.
lógica") que não caberia no conceito de estru-
6 Roudinesco e Plon a
tura social, na medida em que ultrapassa seus
propósito dessa questão res-
saltam: ')\o lado de Leonardo limites. A ambigüidade estaria do lado da desor-
da Vinci e uma lembrança de
sua infância e de Moisés e o
dem e da transgressão em oposição à ordem e
monoteísmo, Totem e Tabu ao interdito social. Victor Turner (19721 chama
f~gura entre os livros mais criti-
àdos de Freud. Os "três encer..: qe communitas essa situação de abertura na
ram, com efeito, erros patentes estrutura social, que abriga estados liminares,
e interpretações equivocadas
que não escapam ao olhar aqueles que se relacionam aos ritos de pas-
vigilante dos especialistas em sagem, nas quais noa encontramos com sujei-
arte, antropologia e história
das religiões. Ainda assim, es- tos vulneráveis e perigosos para a comunidade
ses três livros são verdadeiras
olbras-primas, tanto por sua
social, como já havia especificado Van Gennep
redação, digna da melhor lit- (19f:!Ol. Deparamos-nos aí com uma indefinição
eratura romanesca do século
XIX, quanto pelo desafio que
·referente à posição soçial convencional desses
lan-çam ao raciocínio cientffi- sujeitos: as mulheres grávidas, os bebês, os ad-
co." (ROUDINESCO & PLON,
1998, p.756).
olescentes iniciados, aqueles que vão se· casar
e os mortos encontram-se separados da comu-
nidade, estão à margem. ':Assim, a liminaridade
freqüentemente é comparada à morte, ao estar
O EROnSMO E O SAGRADO: PASSAGENS POR FREUD E BATAiu.E REVISTA TR~S (eee) PONTOS
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I, . , .
que levaria ao surgimento das f.)rat1cas magl-
cas e posteriormente às primeiras formas de
religião.
De maneira resumida podemos contar o
mit~ da seguinte maneira: numa horda pri-
m!3va, primeira forma de organização social
sugerida por Charles Darwin, o que encontra-
mos "é um pai violento e q_iumento que guarda
- todas as fêmeas para si próprio e expulsa os
filhos à medida que crescem". (1868, p. 168).
Certa vez, os irmãos que haviam sido expulsos
por esse pai retornam e o matam juntos, re-
alizando posteriormente uma refeição com a
vítima. Assim, alcançariam a identificação com
o Pai, adquirindo sua força através da refeição
e tomariam suas mulheres. Pcirém, "precisa-
mos apenas supor que a tumultuosa malta. de
irmãos estava cheia dos mesmos sentimentos
contraditórios que pudemos perceber em ação
nós complexos-pai ambivalentes de nossos filhos
e nossos pacientes neuróticos", admiravam-no e
odiavam-no ao mesmo tempo (1868, p. 1711 Di-
ante disso, o parricídio acaba por resultar tam-
bém num sentimentO de culpa por parte dos
irmãos, já que a afeição pelo Pai aparece com
mais clareza após o ato consumq_do. Este sen-
camente uma atitude ambivalente, ou seja, uma timento de remorso resultaria então na própria
atitude inspirada pela ambigüidad~ fundante do instituição da proibição da morte do totem e na
interdito: "O significado de 'tabu'; como vemos, regulação da exogamia, como tentativa de anu-
diverge em dois sentidos contrários. Para nós lação do próprio ato realizado contra o Pai pri- .
significa, por um lado, 'sagrado', 'consagrado', mevo. Dessa maneira seriam fundadas também
e, por outro, 'misterioso·, 'perigdso, 'proibido', as primeiras formas de culto religioso, sendo
'impuro'"(1868, p. 38). Contudo, é após a com- o totem um representante do Pai morto que
paração feita entre os selvagens e os neuróti- serviria para que todos não se esquecessem de
cos obsessivos que Freud nos dá uma idéia mais sua existência e de seu poder.
precisa· daquilo que chama de atitude ambiva- · Nesse sentido, a partir do parricí91o, a re-
lente de um sujeito em relação a um objeto ou a flexão a respeito da satisfação em relação
um ato em conexão com esse objeto: à morte ganha ainda mais corpo levando Freud
a reafirmar sua conclusão inicial:
"Ele deseja constantemente realizar
esse ato (o tocar) [e o considera seu 'V tabu sobre os mortos surge, como
gozo supremo, mas não deve, realizá-lo] os outros, do contraste existente entre
e também o detesta. L.. l A proibição é o sofrimento consciente e a satisfação
ruidosamente consciente, enquanto o inconsciente pela morte que ocorreu.
desejo persistente de tocar é inconsci- {... } A esse respeito, as observâncias
er:~te e o sujeito nada sabe a respeito dos tabus, assim como os sintomas
dele" (1868, p.48-50l. neuróticos, têm um sentido duplo. Por
um lado, em seu caráter restritivo, são
Freud deriva essa ambivalência da oposição expressões de pesar, mas, pelo outro,
precisa entre consciente e inconsciente, entre · traem claraménte a coisa que procuram
lei e desejo, entre o que se sabe e aquilo que ocultar - uma hostilidade contra o mor-
não se sabe. to disfarçada em autodefesa" (1868, p.
Assim, pensando nos significantes usados 83f
por Bataille, a transgressão pertenceria ao
campo do inconsciente e o interdito ao cam- Se considerarmos o esquema de Freud,
po da lei, da razão e da ordem social, que para para além de sua obsessão por uma exp_licação
Freud é entendido nesse momento como o cam- científica, como uma chave de leitura paralela
po da ação do Pai. Isso porque ele fará aqui uma à questão do erotismo trabalhada por Ba-
associação, dentro do contexto das sociedades taille veremos que os dois estão tratando da
primitivas, entre a figura do animal totêmico questão central que concerne à vida humana,
e a do Pai no complexo edipiano. Nesse caso, que se debate nesse constante confronto en- 7 Freud fará corresponder
o totem viria a corresponder ao Pai na medida tre lei e desejo, interdito e transgressão. No também essas proibições
totêmicas e edipianas aos dois
em que as duas proibições que constituiriam o entanto, é como se os dois autores estives- desejos primários das crianças,
âma.go da instituição arcaica do totemismo se- sem nos chamando a atenção justamente para matar.. o pai e ter relações in-
cestuosas com a mãe, relacio-
riam as mesmas correspondentes ao crime de aquilo que é da ordem do desejo, da pulsão, da nados por ele em Três ensaios
Édipo: a morte do Pai e o incesto 7 . contaminação, da desordem, da festa, da limin- sobre a teoria da sexualidade
(1903). .
Pensando numa linha cronológica, o autor aridade, da transgressão, do que se _refere ao
vai derivar o totemismo justamente da morte que toca o cor;'po mais que à estrutura social e
do Pai, ao pensar num primeiro mito fundante lingüística, em suma, para a ordem do sagrado.
REVISTA TRÉ!!S (eee) PONTOS Jú)ia Vilaça Goyàtá 1

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É como se nesse campo, o campo da desordem, "' acalmará e que o jogo da linguagem não
encontrássemos o ponto culminante da vida hu- saberia iludir! Estamos à procura de um
mana e social: ponto culminante. {... }'nesse momento
de profundo silêncio - nesse momento
"Se alguém me pergun,tasse o que nós de morte - revela-se a unidade do ser,
somos, eu lhe responderia assim: que so- na intensidade das experiências em que
mos essa abertura a todo o possível, essa sua verdade se desliga da vida e de seus
espera que nenhuma satisfação material objetos" CBATAILLE, 1987, p. 253-2541

Submetido em setembro de 2009


Aprovado· em novembro de 2009
O EROTISMO E O SAGRADO: PASSAGENS POR FREUD E BATAILLE REVISTA TRÊS (eee] PONTOS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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