You are on page 1of 10

1189

O segredo da longevidade

ARTIGO ARTICLE
segundo as percepções dos próprios longevos

The secret of longevity in the perception of the old-aged

Karina Pavão Patrício 1


Helena Ribeiro 2
Katsumasa Hoshino 3
Silvia Cristina Mangini Bocchi 4

Abstract Many studies point to factors capable of Resumo Estudos apontam fatores que podem
increasing longevity but many questions regard- aumentar a longevidade; no entanto, muitas ques-
ing this subject were still not elucidated. The per- tões pertinentes a este tema ainda não foram elu-
ceptions of the old aged themselves with respect to cidadas. Percepções do próprio longevo a respeito
factors that contribute to longevity are important, dos fatores contribuintes para longevidade são im-
allowing to identify each factor and its interac- portantes, permitindo levantamento de cada fa-
tions with other variables promoting longevity. tor e suas interações com demais variáveis que
This article presents the results of an investigation promovem a longevidade. O presente artigo relata
about “the secret of longevity”, according to old- dados da investigação sobre “o segredo da longevi-
aged themselves, analyzed through grounded the- dade”, segundo percepções dos próprios longevos,
ory. Thirty old-aged men, former railroad work- analisados pelo referencial metodológico da groun-
ers, were interviewed in the city of Botucatu (SP). ded theory. Foram entrevistados trinta ferroviá-
The analysis of their discourse led to the conclu- rios longevos do município de Botucatu (SP). A
sion that the perception of the factors can be análise das falas dos longevos possibilitou deter-
grouped around progressively inclusive categories minar que a percepção dos fatores se aglutina em
that culminate in the collective representation that torno de categorias progressivamente abrangen-
longevity depends on the balance between nega- tes que culminam na representação coletiva de
tive life-destroying factors and healthy, life-gener- que a longevidade é dependente do embate entre
ating and life-preserving factors. The lack of social fatores prejudiciais que aniquilam a vida e fatores
1
and state control over these factors is generating a saudáveis que geram e preservam a vida, sobre o
Departamento de Saúde
Pública, Faculdade de pessimistic view for the future. qual a falta de controle social e do Estado torna
Medicina, UNESP. Distrito Key words Longevity, Grounded Theory, Ageing pessimista a visão do futuro.
de Rubião Jr, Cx 549. Palavras-chave Longevidade, Grounded theory,
18618-970 Botucatu SP.
pavao@fmb.unesp.br Envelhecimento
2
Departamento de Saúde
Ambiental, Faculdade de
Saúde Pública, USP.
3
Departamento de Ciências
Biológicas, Faculdade de
Ciência, UNESP.
4
Curso de Enfermagem,
Faculdade de Medicina de
Botucatu, UNESP.
1190
Patrício, K.P. et al.

Introdução verificado e, cada vez mais, tenta-se identificar


genes responsáveis pela longevidade12,13. A mai-
O aumento da expectativa de vida, no século XXI, oria dos estudos, com enfoque genético, tem de-
tem sido uma preocupação e um campo de mui- monstrado que, aproximadamente, 25% do tem-
tas discussões. No entanto, vários esforços aca- po de vida das pessoas são determinados por
bam sendo centralizados em pesquisas voltadas componente genético. Uma das dificuldades me-
mais para tentar aumentar a longevidade huma- todológicas em se estudar estes fatores é que a
na do que para compreendê-la1. Hayflick2 cha- longevidade envolve um complexo fenômeno14,15.
ma a atenção para o fato de que os determinan- Paralelamente à procura dos genes, existem es-
tes da longevidade devem ser diferenciados da- tudos que analisam a contribuição da heredita-
queles do envelhecimento, embora os temas se riedade16-18. Observou-se que os filhos dos cen-
sobreponham parcialmente. Ele coloca duas per- tenários tinham riscos reduzidos para as doen-
guntas fundamentais: Por que envelhecemos? Por ças associadas com a idade, como infarto, hiper-
que vivemos tanto tempo quanto vivemos? Ape- tensão e diabetes. Além disso, percebeu-se que
sar das pesquisas sobre envelhecimento terem se eles apresentavam um processo de envelhecimen-
intensificado há trinta anos, pouco se avançou to mais lento e que as doenças, quando se mani-
também no sentido de compreender o complexo festavam, ocorriam em idade bem avançada19.
fenômeno do envelhecimento, pois elas enfoca- Observou-se, também, que mulheres que ti-
ram mais as patologias associadas com o enve- nham filhos após os seus 40 anos mostravam
lhecer, como critica esse autor. maior chance de viver mais. Isto não estava as-
Acreditava-se anteriormente que o tempo sociado simplesmente ao fato de terem filho com
máximo de vida do ser humano seria de 100 anos, esta idade, mas porque seu sistema reprodutor
mas, atualmente, considera-se 125 anos2. Por funcionava muito bem e, provavelmente, os ou-
outro lado, estudos têm demonstrado que o ser tros órgãos também, tendo um processo de en-
humano, em condições ambientais ótimas e ten- velhecimento mais lento20.
do comportamentos saudáveis, pode alcançar Com base em trabalhos realizados com po-
uma expectativa de vida média de 85 anos3. O pulação de centenários italianos, notou-se que
aumento no tempo de vida está muito associado os idosos que mantinham uma boa atividade
aos avanços da tecnologia da saúde, que dimi- mental viviam mais quando comparados aos que
nuíram as taxas de mortalidade. Atualmente, apresentavam algum problema, como isolamen-
nota-se que a queda da mortalidade não teria to e falta de atividade intelectual, que tendiam a
mais tanto impacto no aumento da expectativa morrer mais precocemente21,22. Por outro lado,
de vida, como teve no século XX, com o controle pessoas com hábitos não-saudáveis, como uso
das doenças infecto-parasitárias, medidas de sa- de álcool e falta de atividade física, podem apre-
neamento básico e imunizações, entre outros sentar envelhecimento e doenças crônicas pre-
avanços4. maturamente3. Outros autores confirmam que
Em um cenário de envelhecimento populaci- a atividade física é uma grande aliada da longevi-
onal e aumento da expectativa de vida, aliados à dade, além de diminuir o risco de aparecimento
motivação instintiva humana de preservar a vida de algumas doenças. Jones e Eaton23, entretanto,
ao máximo quando se pode usufruí-la com qua- demonstraram que somente exercícios vigoro-
lidade, gerou a necessidade de se estudar quais os sos teriam a propriedade de aumentar direta-
fatores reais que interferem ou que promovem mente a longevidade.
aumento da longevidade. A questão alimentar A existência de uma área do noroeste e outra
tem sido bastante enfatizada. Sabe-se que a in- no sul do Estado de São Paulo onde predomina-
gestão excessiva de alimentos pode estar associa- vam idosos do sexo masculino na década de 1990,
da à obesidade e a outras doenças que acabam ao contrário da maior longevidade feminina em
por encurtar o tempo de vida. Demonstrou-se, todas as regiões adjacentes, aponta um possível
em experimentos laboratoriais, inicialmente com envolvimento de fatores ambientais na longevi-
camundongos, que a restrição alimentar (redu- dade. Atualmente, na região sul do estado, este
ção percentual da quantidade de alimentos ou predomínio ainda existe24,25.
redução calórica) de 30 a 50% sobre a oferta de Frente a essa diversidade de pesquisas e fato-
alimentos, nos períodos iniciais da vida, aumen- res apresentados, verifica-se que a longevidade
tava em até 40% a expectativa de vida desses ani- humana é um tema bastante complexo e que
mais5-10. Entretanto, ainda não se conseguiu com- muitas perguntas ainda precisam ser respondi-
provar esta propriedade na espécie humana11. das. Kirkwood26, que tem publicado vários arti-
Já o papel desempenhado pela genética é fato gos discutindo envelhecimento e longevidade, em
1191

Ciência & Saúde Coletiva, 13(4):1189-1198, 2008


um de seus artigos mais recentes coloca: Feito o que se obtenha o conhecimento amplo e correto
progresso para entender a função e evolução dos dos fatores envolvidos na longevidade.
fatores genéticos e não-genéticos na longevidade
humana, são necessários mais detalhes de estudos
teóricos sobre como ocorrem as variações dentro Objetivo
das populações, e como fatores socioeconômicos
influenciam a seleção de forças que modelam a his- O presente artigo tem como objetivo ampliar a
tória de vida. compreensão sobre os possíveis fatores associa-
Esses fatores socioeconômicos não podem ser dos ao aumento da longevidade humana, atra-
separados dos fatores psicológicos, principal- vés do relato e análise de dados oriundos de in-
mente emocionais, pois os próprios idosos as- vestigação sobre “o segredo da longevidade”, se-
sociam como fatores, responsáveis por uma vida gundo as percepções dos próprios longevos.
mais longa, a postura perante a vida (modo de
ser - “viver bem e ser feliz na vida”; serenidade;
autocontrole emocional) e o engajamento social Material e métodos
(profissão, sociedade, família e lazer)27. O prin-
cipal obstáculo para se estudar esses fatores são A presente pesquisa foi realizada em uma amos-
as dificuldades de se abordá-los diretamente em tra de trinta ex-ferroviários da Estrada de Ferro
seres humanos, pois, além do tempo que as pes- Sorocabana, residentes no município de Botuca-
quisas demandam, há escassez de métodos epi- tu (SP). Diante da inexistência de uma definição
demiológicos para a sua investigação17,14. internacionalmente aceita para longevo, na pes-
A dificuldade metodológica das pesquisas que quisa definiu-se como sendo aqueles indivíduos
dependem de informações verbais de entrevista- com idade dentro do último quartil da popula-
dos é patente quando se considera a natureza de ção de idosos do município, considerando como
dados obtidos, cujo exemplo é “viver bem e ser idosos aqueles com sessenta anos e mais27. Se-
feliz na vida”. Ser feliz na vida é relativo, pois uns gundo este critério, foram identificados como
podem ser felizes com pouco, outros somente longevos aqueles com idade igual ou superior a
com muito. Isto leva a crer que ser feliz é resul- 74,8 anos para o município de Botucatu em 2002.
tante da percepção de um conjunto de eventos Elaborou-se uma entrevista semi-estrutura-
agradáveis, ou seja, uma representação percep- da, que foi realizada individualmente na amos-
tual geral atribuída à soma dos elementos co- tra delineada, atingindo a saturação da amostra
muns existentes nas coisas ou eventos particula- na 30º entrevista, ou seja, quando as respostas
res que formam uma categoria. A pesquisa qua- começaram a se repetir, seguindo um mesmo pa-
litativa é adequada para a abordagem dessas re- drão de resposta e não acrescentando novos ele-
presentações perceptuais e a técnica da grounded mentos aos pontos investigados29.
theory28 tem mostrado grande poder heurístico Para a análise das entrevistas, que foram to-
na abordagem e determinação dessas categorias. das gravadas em fitas magnéticas K7 e posteri-
Por meio desta técnica metodológica chega-se à ormente transcritas na íntegra, foi utilizada a téc-
formulação de um modelo teórico geral que, por nica da grounded theory28. Esta técnica consiste
sua vez, fundamenta todos os dados particula- na obtenção de dados, sistematicamente coleta-
res coletados. Sua aplicação na abordagem dos dos e analisados ao longo do processo da pes-
fatores psicológicos e sociais da longevidade se quisa. É um método de indução sistemático,
afigura, portanto, como promissor na geração desde a coleta de dados até a análise, para cons-
de novos conhecimentos. truir um modelo teórico que explique as vivênci-
As percepções do próprio longevo a respeito as relatadas. Ou seja, hipóteses e teorias emer-
dos fatores contribuintes para a sua longevidade gem durante o procedimento de coleta e análise
são de extrema importância, pois permitem o le- de dados, gerando categorias analíticas com base
vantamento geral inicial que possibilitará o estu- nos dados, chegando a um modelo teórico que
do subseqüente de cada fator e sua interação com explique todo o processo investigado29.
as demais variáveis na promoção da longevidade. A base central da grounded é fazer compara-
As percepções e significados das coisas e dos acon- ções – comparações teóricas, de forma sistemá-
tecimentos são construídos pelas relações dos in- tica e criativa, levantando questões e descobrin-
divíduos com um meio ambiente determinado e do propriedades e dimensões que podem estar
ao longo da história que nele transcorre. Assim, é nos dados30-32. Os passos iniciais da grounded
justificável que estas percepções sejam determi- theory são semelhantes a outras metodologias
nadas em cada região e em função do tempo para qualitativas, ou seja, as entrevistas são transcri-
1192
Patrício, K.P. et al.

tas na íntegra e, depois, passam por uma micro- vivências. As duas técnicas foram utilizadas neste
análise, linha por linha, gerando as categorias e trabalho.
os códigos iniciais. Deve-se ter senso analítico, Em relação aos aspectos éticos, o presente
não somente descritivo. Desta forma, as falas são estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pes-
quebradas em pequenos pedaços, para se enten- quisa da USP, tendo cumprido todos os princípi-
der a lógica do processo. Depois, faz-se uma or- os éticos contidos na Declaração de Helsinki.
ganização conceitual (organizando os dados em
categorias de acordo com suas propriedades e
dimensões). Enquanto se estudam os dados, são Resultados
elaboradas categorias. O processo de se elaborar
categorias é feito por meio do exame de cada li- O procedimento metodológico empregado per-
nha de dados e definindo-se ações ou eventos mitiu detectar três fenômenos principais na ma-
dentro destes – linha por linha, apontando ne- triz axial: aniquilando a vida; gerando vida; fal-
xos e guiando em direção ao foco, durante a co- tando controle social e do Estado. Neste artigo,
leta subseqüente dos dados. Ao longo da análise, será discutido somente o segundo fenômeno axial:
trabalha-se com diagramas, que são artifícios “gerando vida”, visto que nele aparecerem os fa-
visuais que retratam a relação entre os conceitos tores que favorecem a longevidade. Este eixo
e auxiliam a descobrir as categorias, subcatego- emergiu da composição de quatro temas, dos
rias, elementos, chegando a uma matriz axial quais o mais específico foi “Favorecendo alcan-
condicional, que é um diagrama analítico, que çar maior longevidade”. Os outros temas do eixo
mapeia as mudanças de condições e conseqüên- considerado apontam também os fatores que
cias relativas ao fenômeno ou categoria. podem ter contribuído para a longevidade dos
A grounded theory preconiza um rigor siste- ferroviários, que vêm reforçar os do tema ante-
mático desde o delineamento da amostra, a cole- rior. O terceiro tema descreve como a saúde pode
ta de dados, a análise, culminando com a teoria. ser influenciada pelo meio ambiente, sendo a
Todos os passos, todas as etapas são feitas de poluição prejudicial à saúde e sendo esta melhor
forma sistemática, permitindo que a mesma pes- em locais com maior área verde. Outro tema den-
quisa seja reproduzida, no sentido de ser reavali- tro deste fenômeno trata das riquezas geradas
ada e validada. Para fazer a validação deste mo- pela ferrovia, levando desenvolvimento e progres-
delo, existem algumas técnicas. Uma é voltar aos so às cidades. Os quatro temas que compõem
dados, às falas e verificar se este modelo explica a este fenômeno axial são apresentados visualmen-
maioria delas. Outro é apresentar os resultados te no Diagrama 1.
aos sujeitos entrevistados e averiguar se eles jul- O primeiro tema derivou de fatores que pu-
gam que o modelo representa a maioria de suas deram ser agrupadas nas categorias mostradas
no Diagrama 2.

Ferrovia gerando riquezas

Favorecendo alcançar GERANDO VIDA Meio ambiente


maior longevidade influenciando a saúde

Observando fatores que podem ter


contribuído para a maior longevidade
do ferroviário

Diagrama 1. Fenômeno 2 – Gerando vida: temas.


1193

Ciência & Saúde Coletiva, 13(4):1189-1198, 2008


Não existindo consenso se Envolvendo-se com
Sentindo prazer nas
habitat harmônico e sem o trabalho e tendo
ações realizadas
poluição é positivo para a renda para se
longevidade sustentar

Crendo na
FAVORECENDO ALCANÇAR espiritualidade e
MAIOR LONGEVIDADE na sorte
Percebendo
vários fatores
Possuindo fatores
associados
biológicos e genéticos
favoráveis Sendo e estando
Adotando estilo tranqüilo e feliz
de vida saudável Controlando a
e sociável própria saúde

Diagrama 2. Favorecendo a alcançar maior longevidade: Categorias.

Categoria 1 - Adotando estilo de vida É usar a mente eu acho, uma vida sadia, ativi-
saudável e sociável dade física, né, e a mente, eu acho que a mente
influi barbaridade, sem pensar em doença né, mais
Os entrevistados acreditam que é necessário se você pensar em ficar doente você fica, você sem
manter-se ativo física e mentalmente e com pen- pensando num fica viu. Eu acho que deve existir
samentos positivos, relacionando-se bem com uma relação muito estreita entre ambiente e o cor-
as pessoas e a família. Além disto, consideram po que funcionando harmoniosamente daí tudo
importante ter um sono regrado, adotar um há- bem e vice versa né, por motivo assim, a mente
bito alimentar saudável e, principalmente, não pode ser afetada e vice- versa. E outra, ficar tran-
ter vícios e não ser extravagante. qüilo, num esquentar muito a cuca não, tem gente
que se preocupa com tudo né, nunca vi coisa igual
Mantendo-se ativo física e mentalmente né, eu não me preocupo com as coisas não. (24.11)
e com pensamentos positivos
O primeiro fator remete à atividade física e Tendo um sono regrado
mental. Assinalam que é importante a pessoa Eles valorizam a importância de dormir bem,
manter-se sempre ativa, fazer exercícios físicos, indo cedo para a cama e não perdendo noites de
como caminhadas, e nunca ficar parada dentro sono em passeios.
de casa, procurando sempre estar disposta a fazer Nunca fui em noite, nada dessas coisas, sempre
outras atividades. Os ferroviários longevos desta- só no trabalho, em casa, trabalho, em casa, só. (3.6)
cam também a importância da atividade mental, Quando era mocinho, 9 horas meu pai coloca-
dizendo que o segredo para se viver bastante é va a gente para dormir, nem esperava chegar para
sempre exercitar a mente, mas não com pensa- falar, se não dava surra. (29.2)
mentos ruins ou preocupações que prejudicam.
Acho que tem que movimentar as coisas, tem Não tendo vícios e não sendo extravagante
que andar, não pode parar, sempre tem que ter uma Associam a maior longevidade ao fato de não
preocupação para o cérebro funcionar. Minha pai- terem vícios e não serem extravagantes. Julgam
xão é o Palmeiras, quando Palmeiras perde é uma que vícios, como beber e fumar, prejudicam a
tristeza. (18.7) saúde e podem encurtar a vida. Colocam que ser
1194
Patrício, K.P. et al.

extravagante (fazer bagunça, jogar, fumar, be- sítio, têm possibilidade de viver mais. Vale res-
ber) estraga a vida e faz viver menos, deve-se ter saltar que alguns julgam não haver associação
disciplina e comportar-se bem. Justificam isto entre meio ambiente e longevidade, justificando
apontando que os ferroviários que tinham ví- que a longevidade depende de cada organismo
cios ou vida extravagante já morreram todos. ou que a idade é predestinada. Outros se classifi-
Não fumar, nem beber, dormir cedo, não fazer caram como leigos, não podendo opinar neste
besteira, difícil né? (29.2) assunto.
mais tem uns que, já lá no começo, começa a Eu acho, dúvida nenhuma, dúvida nenhuma,
beber, começa a estragar a vida, o sujeito estraga a o ambiente é o principal da vivência da vida de
vida porque quer, num é mesmo? Estraga a vida qualquer pessoa, isso, o principal disso é o ambien-
porque nós, nós sim estragamos nossa vida porque te, não é mesmo, esse é o primeiro passo, número
nós queremos. (27.11) um, eu acho que é, né. Que a alimentação põe em
segundo plano, eu acho que o primeiro, pra mim
Tendo um hábito alimentar saudável no meu entender, primeiro é, eu acho que é o am-
Relacionam que ter uma alimentação de qua- biente. (15.9)
lidade - com frutas, leite e alimentos bem selecio- o meio ambiente é o viver né, é as pessoa que
nados, conforme a escolha da pessoa, evitando vivem, agora tem, tem pessoas que vivem melhor e
gordura - e não ter falta de comida garantem tem outras pessoas que vivem mais ou menos, isso
uma maior longevidade. depende da, do modo da família que cria os filho,
era tudo bom né, o alimento daquele tempo era isso já vem dos modo que se, que a gente vê, né. (8.5)
bom, arroz, feijão, tudo, tudo as coisas eram, eram Não, não a natureza, a natureza é pra você,
melhores. Na cooperativa a gente tirava Bacalhau, por exemplo, se você tiver um destino de viver 80
carne seca, lingüiça de todo o tipo tinha, a gente anos, ou 90 anos, você vive 80 anos. Agora se você
tirava né, tirava dava pro mês inteiro, sempre co- começar estravagar aí você num chega aos 80, num
mia bem né, sempre comia, fora a mistura da hor- chega nem os 60. Muitos colegas meus num chegou
ta, comia repolho, tomate, cebola, pimentão. (28.7) nem aos 60. (27.12)
Eu acho que a primeira coisa é comer bem (14.6)
As subcategorias aqui associadas foram:
Relacionando-se bem com as pessoas
e com a família Sendo difícil avaliar,
Acreditam que é importante não fazer ou não pois as condições ambientais
desejar o mal ao próximo e não se preocupar do município sempre foram boas
com a vida alheia. É importante procurar ter um Acreditam que o ar puro e a água limpa são
bom relacionamento social e familiar, tendo boas componentes importantes para a longevidade.
amizades. Refletem que, para Botucatu, é difícil fazer esta
começou pensar mal, desejar mal pros outros, comparação, porque a água e o clima da cidade
essas coisas, num presta, se eu não puder fazer o sempre foram bons.
bem, mal também não faço para ninguém. (28.6) A água ajuda muito viu, a água é. O ar puro
eu acho que a vida, o segredo de viver bem é a não tem uma coisa melhor na vida da gente, tem
gente não ligar pra vida do outro e ver a da gente que ser ar puro, você desce em São Paulo, você vê o
né, o que eu estou fazendo de bem, de mal, procu- ar de São Paulo, poluição, você vai no sítio é outra
rar se emendar também, né. (25.9) coisa. (14.7)
boas amizades, é muito importante, convivên- Aqui em Botucatu, eu acho que não. Eu acho
cia com a família também, né. (15.8) que não, porque nosso clima é muito bom, né Dir-
ce? É, aqui é ótimo. A água também é muito boa, a
Categoria 2 – Não existindo consenso água daqui mesmo, que era poço, era água tudo de
se habitat harmônico e sem poluição pedra embaixo. É o que estou dizendo, nós estamos
é positivo para a longevidade sentados em cima de pedra (risos). Por isso que a
água é boa! A água é muito boa! (4.6/7)
Um grupo dos entrevistados acredita que exis-
te associação entre meio ambiente e longevidade, Bons estímulos da natureza gerando vida
percebendo que o ambiente mais controlado e o Destacam que apreciar os bons estímulos que
modo de criação interferem, considerando que a a natureza nos proporciona pode contribuir para
contaminação do ambiente leva ao envelhecimen- uma maior longevidade. Consideram como bons
to precoce. Destacam que as pessoas que têm mais estímulos o aroma do mato e da terra, as belezas
contato com a natureza, como quem mora no da natureza, o conforto proporcionado pela
1195

Ciência & Saúde Coletiva, 13(4):1189-1198, 2008


mata, o som dos passarinhos, que trazem ale- Categoria 4 - Envolvendo-se
gria, distraem as pessoas e aumentam a possibi- com o trabalho e tendo renda
lidade de viver mais. para se sustentar
Não, por exemplo, que nem esse negócio das
matas, tudo que eles estão cortando, a mata trazia Acreditam que o trabalho é importante no
mais, mais conforto pra turma e tudo né, e ao pas- processo da longevidade, pois distrai e não per-
so do jeito que estão cortando, acabando com tudo, mite que fiquem com pensamentos ruins. Além
então vai, vai piorando a situação de todo mundo, disto, julgam essencial ter uma remuneração e
né. (23.6) não ter dívidas. Ressaltam o papel negativo da
Eu acho que sim, quando eu vou entrar no aposentadoria na vida e destacam a questão da
meio do mato, escuta o passarinho cantar, esquece sabedoria como componente que leva a maior
até que é vivo, é uma beleza, aquele cheiro de mato, longevidade.
passarinho catando. Isso ai que dá a vida pra gen- Subcategorias associadas à categoria 4:
te, viu. É uma maravilha, viu. (18.7)
Faz viver mais sim, faz viver mais. Por que o Aposentadoria gerando desestímulo à vida
senhor acha? Ah! Fica mais alegre, as árvores bo- Observam o papel negativo da aposentado-
nitas e você fica prestando atenção aquele ar puro, ria, percebendo que muitos morrem logo que se
vem aquele cheirinho do mato, aquele cheirinho aposentam, porque perdem a coragem e as ami-
de terra gostoso, tudo isso, ah, não tem dúvida. zades, começam a ter uma vida mais extrava-
(12.16) gante, bebendo, e vão perdendo tempo de vida
mais rapidamente.
Associando instabilidade climática porque o camarada não queria aposentar, por-
ao adoecimento que logo morria, é ferroviário é assim: ih! Vai apo-
Julgam que a instabilidade atual em relação sentar, então vai morrer logo, porque a pessoa apo-
às estações do ano favorece o adoecimento e a senta fica sem fazer nada, fica abandonada, não é
mortalidade mais precoce. abandonada, perde a coragem, é como meu pai fa-
Eu acho que é... A natureza, como se diz – ela é lava, já pensou, perde a coragem? Aí não reanima
variável, né, variável como se diz, uma ora é calor, mais, aí não tem. Senta no jardim, fica lá, não é
outra ora frio, não tem aquela temperatura certa, verdade? Fazendo o quê? Chega na hora, lá vem
né. (10.7) almoçar, depois chega lá, fica lá no jardim, fica lá
vendo livro, vendo besteira, ouvindo conversa que
Categoria 3 - Sentindo prazer num precisa ouvir, mas homem perdeu a coragem,
nas ações realizadas ele está liquidado. (17.7)

Julgam que, se as pessoas fizerem só as ativi- Valorizando o conhecimento adquirido


dades de que gostam e dão prazer, tendo lazer Acreditam que é importante para a longevi-
também, aumentam as possibilidades de se viver dade ter sabedoria, ir adquirindo conhecimen-
mais. De forma semelhante, consideram que os tos ao longo da vida para viver mais.
ferroviários que desempenhavam suas funções ter mais sabedoria, aquela coisarada toda, está
na ferrovia com prazer e amor viviam mais. dentro da, dos limites da gente de viver melhor.
o segredo de viver bem, comigo eu trago isso da (26.6)
minha avó, minha vó gostava de tudo que era bom,
sabe, ela às vezes até tomava um golinho de pinga Categoria 5 - Crendo na espiritualidade
mesmo, 95 anos, ela ia pescar, ela gosta de andar, e na sorte
ela gostava de passear, ela gostava de comer bem,
criava os frango dela próprio, né, tinha pomar, Associam a maior longevidade ao desígnio
sempre fruta, então eu acho que isso é a vida, né. divino e à sorte.
(25.9) Aí, você fez uma pergunta difícil de responder.
Eu acho que é, se pudesse soltar mais a vida, A minha irmã morreu com 55 anos, meu irmão
solta mesmo, pra vale, a gente ia viver mais, né. morreu com 60, mas eu tenho muita fé de Deus.
[Soltar a vida de que jeito assim?] É, fazer o que Mas, então tem uma verdade absoluta: só Deus.
quiser. (6.3) (20.5)
criançada tudo de um pai só, uma mãe só, eles
todos não chegaram na idade que eu cheguei, estou
com 88. Deus é bom, eles deram menos sorte, né,
tiveram mais doença, né. (16.6)
1196
Patrício, K.P. et al.

Categoria 6 - Sendo e estando lo vai aumentando e isso aí prejudica bastante, né,


tranqüilo e feliz quer dizer, tem que se cuidar, né. (16.6)
e fazer que nem eu faço, de vez em quando,
Percebem o valor de ser e estar mais tranqüi- porque tem o que pode e o que não pode, fazer um
lo, mais sossegado, e criticam a correria diária checape lá pra saber se tem alguma coisa, né.(15.8)
das pessoas. Procuram ser e estar felizes, alegres,
de bem com a vida, pois a tristeza representa a Categoria 9 - Percebendo
morte para eles. vários fatores associados
Sossego de vida, sossego de vida, eu presto mui-
ta atenção nas coisa, invocar com as coisa eu num Percebem que existem vários fatores, um con-
gosto, por exemplo, minha filha faz um erro, eu junto de elementos, que podem garantir uma
fico invocado com aquilo, em um estado de nervo, maior longevidade.
aquilo perde possibilidade de vida. (27.10) Tomar um ventinho de vez em quando, se ali-
Não ser muito arvorado, agora hoje em dia mentar bem, andar um pouco também, não ficar
está ruim, porque sai na rua, aí tem que correr e feito coruja, é isso aí, ter uma, participar de uma
tudo, num tem mais jeito. (11.5) boa sociedade, pra conversar, ter mais sabedoria,
Pra viver bastante, olha pra dizer a verdade, aquela coisarada toda, está dentro da, dos limite da
tem que estar sempre alegre, disposto, né, na nossa gente de viver melhor. (26.6)
vida tem as partes alegres e as partes mais tristes, Ter tranqüilidade, saúde e dinheiro (risos).
né, mas não pensar só na tristeza, pensar na ale- Tranqüilidade, saúde e dinheiro, que mais que
gria, no dia de amanhã, num é isso? (15.8) quer? Mais nada! (13.7)
Ser feliz, sabe o que que é? O segredo é esse estar
de bem com a vida, eu vivo bem com a vida, viu?
Tristeza é morte. (25.8/9) Discussão

Categoria 7 - Possuindo fatores biológicos Ao percorrer as trajetórias das vidas transcorri-


e genéticos favoráveis das junto aos trilhos da Estrada de Ferro Soroca-
bana, por meio do relato das lembranças e per-
Fazem associação da longevidade com a va- cepções dos trinta longevos ferroviários entrevis-
riabilidade genética e individual, observando pes- tados em Botucatu, foi possível determinar que
soas de uma mesma família, que viveram bas- eles consideram vários fatores, de diferentes na-
tante e, ao mesmo tempo, irmãos que morreram turezas e suas inter-relações, como promotores
com diferentes idades. Fazem associação direta da longevidade humana. A análise desses dados,
entre longevidade e saúde, ou seja, constroem um com uso do referencial metodológico da groun-
raciocínio lógico: se a pessoa tem saúde e não ded theory, possibilitou determinar que a percep-
tem doença, vive mais. Destacam a importância ção desses fatores, embora fragmentada indivi-
de controlar e conservar a própria saúde, fazen- dualmente, se aglutina em torno de categorias
do exames regularmente, cuidando do corpo, progressivamente abrangentes que culminam na
principalmente quando ficam doentes. representação coletiva de que a longevidade é de-
Bom, um dia me perguntaram aqui, uns pa- pendente do embate entre os fatores prejudiciais
rentes: sabe, o que você faz que pra ficar sempre que aniquilam a vida e os fatores saudáveis que
assim? Eu não faço nada! (risos) Então é isso aí, né. geram e preservam a vida, sobre o qual a falta de
Eu acho que é, é isso aí, é, é congênito, né. Que meu controle social e do Estado torna pessimista a vi-
pai 96 anos, minha mãe 92, né, meus irmão tam- são do futuro. A determinação desses dois pri-
bém foram longe! E eu também estou indo, viu? meiros eixos matriciais é concordante com a pró-
(2.4) pria concepção de vida, cujo núcleo é um estado
de equilíbrio entre mecanismos de agressão e de-
Categoria 8 – Controlando a própria saúde fesa, com saldo favorável à defesa, garantida por
mecanismos inatos e aprendidos. Esses mecanis-
Acreditam que é importante cuidar da pró- mos que favorecem a prevalência dos mecanis-
pria saúde e do corpo, fazendo uma revisão mé- mos de defesa são, em parte, responsabilidade
dica (check-up), quando possível. social e do Estado na esfera do social. Sua falta
A gente tem que se conservar, né, o que estraga fragiliza a possibilidade de longevidade, constitu-
muito é extravagância, a gente se relaxa com o indo-se em fonte de desolamento. O quadro de
corpo, né, fica resfriado, num cuida dele, né, aqui- coerência entre os dados gerais obtidos com uso
1197

Ciência & Saúde Coletiva, 13(4):1189-1198, 2008


da grounded theory e as concepções biológicas longevidade é particularmente significante neste
mais gerais mostra que a análise efetuada foi cor- sentido. Ele nada mais é do que a percepção in-
reta e confirma o valor heurístico do referencial tuitiva do conjunto dos artigos 5, LXVIII, da
metodológico escolhido. Constituição brasileira promulgada em 1988, que
A determinação do eixo matricial “gerando confere a qualquer cidadão a legitimidade para
vida” pelo agrupamento de temas que incluiu o propor ação civil pública que vise anular ato lesi-
meio ambiente como influenciando a saúde re- vo ao patrimônio público e social, à moralidade
vela o quanto os fatores do ambiente (“onde tudo administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô-
ocorre” na definição de um dos entrevistados) nio histórico e cultural, e do artigo 129, III, da
estão presentes na construção da representação mesma Constituição, que institui o Ministério
social da longevidade e que se expressam em fra- Público para instaurar inquérito civil e ação civil
ses como “água de qualidade é boa para a saú- pública para estes mesmos fins. Da mesma for-
de” e que o contato com a natureza é saudável. A ma, esta falta de controle social e do Estado emer-
identificação de um tema relativo à “ferrovia ge- ge das observações de ausência de ações eficazes
rando riquezas” agrupou uma série de categori- da sociedade e do Estado no real do cotidiano
as constituída por elementos relacionados ao de- para a promoção da qualidade de vida do idoso
senvolvimento e à melhoria da qualidade de vida que, por força dos artigos 227 e 230 da Consti-
promovidos pela ferrovia em um momento da tuição, lhes cabe cuidar. Estas concordâncias en-
história. O tópico mais interessante neste aspec- tre as percepções dos entrevistados e das leis pro-
to foi a detecção de que a memória de participa- mulgadas pelos doutos fazem sobressaltar a va-
ção nesta epopéia é um fator que preserva a lon- lidade da proposição do presente trabalho em
gevidade dos ex-ferroviários entrevistados33. Nes- estudar a temática da longevidade a partir das
se contexto ainda, observou-se a importância das informações por eles próprios fornecidas.
próprias representações a respeito de outros par- Nesta perspectiva, a abordagem do processo
ticulares da vida, por exemplo, do que é fazer saúde-doença, neste caso associado à longevida-
bem e mal para os outros, como fator de longe- de humana, necessita partir do princípio de que
vidade. As representações são revestidas de sig- todos os componentes interagem e são interde-
nificados individuais que geram respostas dife- pendentes, constituindo um sistema aberto e di-
rentes, fazendo com que a mesma situação, por nâmico, que incorpora historicidade e subjetivi-
exemplo, de estresse, seja percebida de maneiras dade dos aspectos socioambientais.
ou intensidades diferentes, podendo acarretar
doenças psicossomáticas direta ou secundaria-
mente a alterações no sistema imunológico em
alguns indivíduos e não em outros34,35. A per-
cepção desta propriedade parece ser a origem da
inclusão da própria representação como fator
de longevidade. O dado relevante, entretanto, é a
constatação de que os fatores de longevidade são
inúmeros, como destacados pelos próprios lon-
gevos entrevistados, e de diferentes naturezas,
assim como constam da literatura científica. Es-
tes dados fortificam a discussão da legitimidade Colaboradores
do conhecimento advindo do senso comum, no
sentido de retratar a realidade social e mostrar- KP Patrício foi responsável pela elaboração e exe-
se como uma rede de saberes e significados. Vale cução do projeto de pesquisa, bem como a for-
lembrar que o estudo do conhecimento do senso matação do artigo; H Ribeiro orientou toda a
comum rompe com as teorias clássicas do co- pesquisa e a redação do artigo; K Hoshino auxi-
nhecimento, trazendo inquietação e discórdia em liou na elaboração e análise da pesquisa, assim
relação à objetividade e a busca da verdade. como na redação do artigo e SCM Bocchi orien-
Spink36 enfatiza que esta ruptura caminha no sen- tou na metodologia e análise dos dados.
tido de “uma ampliação do olhar de modo a ver
o senso comum como conhecimento legítimo e
motor das transformações”. A emergência do fe- Agradecimentos
nômeno “falta do controle social e do Estado”
no eixo matricial em que os fatores que geram Os autores agradecem a FAPESP pelo financia-
vida e aqueles que a aniquilam na dinâmica da mento do projeto.
1198
Patrício, K.P. et al.

Referências

1. Turner L. Life extension research: health, illness, 20. Perls T, Alpert L, Fretts R. Middle aged mothers live
and death. Health Care Anal 2004; 12:117-129. longer. Nature 1997; 389:133.
2. Hayflick L. The future of ageing. Nature 2000; 21. Marigliano V, Bauco C, Campana F, Cacciafesta M,
408(6809): 267-269. Bagaglini E, Fritz C, Ettorre E. Normal values in
3. Perls T, Kunkel LM, Puca AA. The genetics of excep- extreme old age. Ann N Y Acad Sci 1992; 673:23-28.
tional human longevity. J Am Geriatr Soc 2002; 22. Receputo G, Rapisarda R, Motta L. Centenari: stato
509:359-368. di salute e condizioni di vita. Ann Ital Med Int 1995;
4. Olshansky SJ, Carnes BA, Desesquelles A. Prospects 10:41-45.
for human longevity. Science 2001; 291:1491-1492. 23. Jones TF, Eaton CB. Exercise prescription. Am Fam
5. McCay CM, Crowell MF, Maynard LA. The effect of Physician 1995; 52:543-555.
retarded growth upon the length of life span and 24. Soares CA. Envelhecimento da população paulista:
upon the ultimate body size. J Nutr 1935; 10:63-79. uma análise do período 1970-91. Conj Demográfica
6. Ross MH. Life expectancy modification by change 1994; 29:17-31.
in dietary regimen of the mature rat. In: Proceedings 25. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo
of the 7th International Congress of Nutrition; New demográfico 2000: características demográficas da po-
York. New York: Pergamon; 1966. pulação e dos domicílios (resultado do universo). Rio
7. Stuchlikova E, Juricova-Horakova M, Deyl Z. New de Janeiro: IBGE; 2000.
aspects of the dietary effect of life prolongation in 26. Kirkwood TBL. Evolution of ageing. Mech Ageing
rodents. What is the role of obesity in aging ? Exp Dev 2002; 123:737-745.
Gerontol 1975; 10:141-144. 27. Patrício KP. Função adaptativa da longevidade induzi-
8. Masoro EJ, Yu BP, Bertrand HA, Lynd FT. Nutrition da pela restrição alimentar: avaliação dos aspectos me-
probe of the aging process. Fed Proc 1980; 39:3178- todológicos envolvidos no estudo comparativo em ido-
3182. sos humanos. Botucatu [monografia]. Botucatu (SP):
9. Weindrunch R, Walford RL. The retardation of aging Instituto de Biociências, Universidade Estadual Pau-
and disease by dietary restriction. Springfield: Charles lista; 1998.
C. Thomas; 1988. 28. Glaser B, Strauss A. The discovery of grounded theory.
10. Weindrunch R. Caloric restriction and aging. Sci Am Chicago: Aldine; 1967.
1996; 274:46-52. 29. Strauss AL, Corbin J. Basics of qualitative research:
11. Roth GS, Ingram DK, Lane MA. Calorie restriction techniques and procedures for developing grounded the-
in primates: will it work and how will we know? J Am ory. 2nd ed. California: Sage Publications; 1998.
Geriatr Soc 1999; 47:896-903. 30. Glaser BG. Basics of grounded theory analysis: emer-
12. Kirkwood TBL. Genetics and the future of human gence vs forcing. Mill Valley: CA Sociology Press;
longevity. J R Coll Physicians Lond 1997; 31(6):669- 1992.
673. 31. Denzin NK, Lincoln YS, editors. The handbook of
13. Petropoulou C, Chondrogianni N, Simões D, Agios- qualitative research. 2nd ed. Thousand Oaks: Sage; 2000.
tratidou G, Drosopoulos N, Kotsota V, Gonos ES. 32. Patton MQ. Qualitative evolution and research meth-
Aging and longevity: a paradigm of complementa- ods. 3rd ed. Newbury Park: Sage; 2001.
tion between homeostatic mechanisms and genetic 33. Patrício KP. Percorrendo os trilhos da ferrovia rumo às
control? Ann N Y Acad Sci 2000; 908:133-142. associações entre longevidade humana e fatores ambi-
14. De Benedictis G, Tan Q, Jeune B, Christensen K, entais [tese]. São Paulo (SP): Faculdade de Saúde
Ukraintseva SV, Bonafè M, Franceschi C, Vaupel JW, Pública, USP; 2006.
Yashin AI. Recent advances in human gene-longev- 34. Kjecolt-Glaser JK, McGuire L, Robles TF, Glaser R.
ity association studies. Mech Ageing Dev 2001; 122: Psychoneuroimmunology and psychosomatic med-
909-920. icine: back to the future. Psychosom. Med 2002;
15. Gudmundsson H, Gudbjartsson DF, Frigge M, 64(1):15-28.
Gulcher JR, Stefánsson K. Inheritance of human lon- 35. Biondi M, Zannino LG. Psychological stress, neu-
gevity in Iceland. Eur J Hum Genet 2000; 8:743-749. roimmunomodulation, and susceptibility to infec-
16. Westendorp RGJ, Kirkwood TBL. La transmission tious diseases in animals and man: a review. Psy-
héréditaire de la longevité en lignes maternelle et chother Med 1997; 66(1):3-26.
paternelle. Population (Paris) 2001; 56(1-2):253-268. 36. Spink MJ. Desvendando as teorias implícitas: uma
17. Gavrilov LA, Gavrilova NS. Etude biodémographique metodologia de análise das representações sociais.
des determinants familiaux de la longevité humaine. In: Guareschi P, Jovchelovitch S, organizadores. Tex-
Population (Paris) 2001; 56(1-2):225-252. tos em representações sociais. 2a ed. Petrópolis: Vozes;
18. Sri-Kantha S. Total Immediate Ancestral Longevity 1995. p. 117-145.
(TIAL) score as a longevity indicator: an analysis on
Einstein and three of his scientist peers. Med Hypoth-
eses 2001; 56:519-522.
19. Perls T, Terry D. Understanding the determinants of Artigo apresentado em 26/03/2007
exceptional longevity [miscellaneous]. Ann Intern Aprovado em 25/06/2007
Med 2003; 139 (5 Part 2):445-449. Versão final apresentada em 27/07/2007

You might also like