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Filtros LC Butterworth E

Filtros ativos (veja o Capítulo 6) são convenientes em bai-


xas frequências, mas não são usados em frequências de rádio
pelos requisitos de taxa de variação e largura de banda que
exigem dos amplificadores operacionais. Em frequências de
100 kHz e acima (e muitas vezes em frequências mais bai-
xas), é melhor projetar um filtro passivo com indutores e ca- n ímpar n par
pacitores. (Em frequências UHF e micro-ondas esses filtros
de “componentes concentrados” são substituídos por filtros
stripline e de cavidade.)
Tal como acontece com os filtros ativos, existem muitos
métodos e características de filtro que podem ser usados com
filtros LC. Por exemplo, você pode projetar os filtros clássi-
cos Butterworth, Chebyshev e Bessel, cada um nas variedades n ímpar n par
passa-baixas, passa-faixa, passa-altas e rejeita-faixa. O filtro
FIGURA E.1 Configurações π e T. Veja a Tabela E.1 e texto.
Butterworth é particularmente fácil de projetar, e podemos
apresentar em uma ou duas páginas todas as informações de
projeto essenciais para filtros Butterworth LC passa-baixas e
passa-altas, incluindo, até mesmo, alguns exemplos.
E.2 FILTRO PASSA-ALTAS
E.1 FILTRO PASSA-BAIXAS Ao projetar um filtro passa-altas, siga o mesmo procedimen-
A Tabela E.1 dá os valores de indutâncias e capacitâncias to para determinar qual configuração de filtro usar e quantos
normalizados para filtros passa-baixas de várias ordens, a polos são necessárias. Então faça a transformação do passa-
partir dos quaisos valores de circuitos reais são obtidos pelas -baixas universal no passa-altas mostrado na Figura E.2, que
regras de escalonamento de frequência e impedância consiste simplesmente em substituir indutores por capacito-
res, e vice-versa. Os valores dos componentes reais são de-
terminados a partir dos valores normalizados na Tabela E.1
pelas seguintes regras de dimensionamento de frequência e
impedância:

em que RL é a impedância da carga e ω representa a frequên-


cia angular (ω⫽2πf ).
A Tabela E.1 apresenta valores normalizados para fil-
tros passa-baixas de dois a oito polos para os dois casos mais
comuns, a saber: (a) impedâncias de fonte e carga iguais e (b)
impedâncias de fonte e carga muito diferentes. Para usar a ta- 1
C (real) =
bela, primeiro decida quantos polos você precisa com base na L (tabela)
RL␻L (tabela)
C (real)
resposta Butterworth (gráficos são plotados na Figura 6.30).
Em seguida, use as equações anteriores para determinar a RL
configuração do filtro (T ou π; veja a Figura E.1) e os valores L (real) =
␻C (tabela)
C (tabela) L (real)
dos componentes. Para impedâncias de fonte e carga iguais,
qualquer configuração é adequada; a configuração π pode ser passa-baixas passa-altas
preferível porque requer menos indutores. Para obter uma normalizado real
impedância de carga muito maior (menor) do que a impedân- FIGURA E.2 Transformação de passa-baixas para passa-
cia da fonte, utilize a configuração em T (π). -altas.

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1110 Apêndice E Filtros LC Butterworth

TABELA E.1 Filtros passa-baixas Butterwortha

Notas: (a) Valores de Ln, Cn para resistência de carga de 1Ω e frequência de corte (⫺3dB) de 1 rad/s. Veja o texto para regras de
dimensionamento.

E.3 EXEMPLOS DE FILTROS Exemplo II Projete um filtro passa-baixas de três polos


para uma impedância de fonte de 50 Ω e impedância de carga
Aqui estão alguns exemplos que mostram como criar filtros de 10k, com uma frequência de corte de 100 kHz.
passa-baixas e passa-altas. Usamos a configuração T, porque RS  RL Para RL ⫽
Exemplo I Projetar um filtro passa-baixas de cinco polos 10k, as regras de dimensionamento resultam em
para impedâncias de fonte e carga de 75 Ω, com uma fre-
quência de corte (⫺3 dB) de 1 MHz.
Usamos a configuração π para minimizar o número de
indutores necessários. As regras de dimensionamento nos dão

O filtro completo é mostrado na Figura E.4.

O filtro completo é mostrado na Figura E.3. Note que todos


os filtros com impedâncias de fonte e carga iguais serão si-
métricos.

FIGURA E.4 Circuito para Exemplo II. Passa-baixas de três


polos e 100 kHz com fonte de 50 Ω e carga de 10k.

Exemplo III Projete um filtro passa-baixas de quatro


polos para uma impedância de fonte zero (fonte de ten-
FIGURA E.3 Circuito para o Exemplo I. Passa-baixas de cinco são) e uma carga de 75 Ω, com uma frequência de corte de
polos e 1 MHz com impedâncias de fonte e carga iguais. 10MHz.

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Apêndice E Filtros LC Butterworth 1111

Usamos a configuração em T, como no exemplo anterior, O filtro completo é mostrado na Figura E.6.
porque RS  RL. As regras de dimensionamento resultam em

FIGURA E.6 Circuito para o Exemplo IV. Passa-baixas de dois


polos e 10 MHz com fonte de corrente e carga de 1k.

Exemplo V Projete um filtro passa-altas de três polos para


impedâncias de fonte e de carga de 52 Ω, com uma frequên-
cia de corte de 6MHz.
O filtro completo é mostrado na Figura E.5.
Começamos com a configuração T, em seguida, transfor-
mamos indutores em capacitores, e vice-versa, resultando em

FIGURA E.5 Circuito para o Exemplo III. Passa-baixas de qua-


tro polos e 10 MHz com fonte de tensão e carga de 75 Ω.
O filtro completo é mostrado na Figura E.7.

Exemplo IV Projete um filtro passa-baixas de dois polos


para uma fonte de corrente que aciona uma impedância de
carga 1k, com uma frequência de corte de 10kHz.
Usamos a configuração π porque RS  RL. As regras
de dimensionamento resultam em

FIGURA E.7 Circuito para o Exemplo V. Passa-altas de três


polos e 6 MHz com impedâncias de fonte e carga iguais.

Gostaríamos de enfatizar que a área de projeto de fil-


tros passivos é rica e variada e que esta simples tabela de
filtros Butterworth é um pequeno começo.

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F Retas de carga
O método gráfico de “retas de carga” geralmente apare- O método de retas de carga obtém a resposta a este
ce cedo em livros de eletrônica. Evitamos isso, porque ele tipo de problema imediatamente. Imagine qualquer disposi-
simplesmente não é útil em projetos com transistor da forma tivo conectado no lugar do diodo; o resistor de 1,0k ainda é
como o era em projeto com válvulas termiônicas. No entan- a carga. Agora plote, num gráfico V-I, a curva da corrente do
to, pode ser usado no tratamento de alguns dispositivos não resistor em função da tensão do dispositivo. Isto é fácil: em
lineares (diodos túnel, por exemplo), além de ser uma ferra- zero volts a corrente é apenas V⫹/R (queda completa sobre o
menta conceitual útil. resistor); em V⫹ volts a corrente é zero; os pontos entre esses
dois se situam em uma linha reta. Agora, no mesmo gráfi-
co, traçamos a curva V-I do dispositivo. O ponto de operação
F.1 UM EXEMPLO encontra-se em ambas as curvas, isto é, na intersecção, como
Vamos começar com um exemplo. Suponha que você quer mostrado na Figura F.2.
saber a tensão sobre o diodo na Figura F 1. Suponha que você
sabe a curva tensão-versus-corrente (V-I) no díodo (claro Curva V-I de uma caixa preta
que ele teria uma “amplitude de valores” de fabricação, bem (aqui um diodo)
como uma dependência da temperatura ambiente); que pode-
ria ser algo como a curva traçada. Como você descobriria o
ponto quiescente1?
Podemos supor um valor aproximado de corrente, di- Ponto de operação
gamos 0,6 mA, e usar a curva para obter a queda sobre o re- Reta de carga caixa
(definida por V⫹ e R) preta
sistor, e estimar novamente a corrente (neste caso, 0,48 mA).
Este método iterativo é sugerido na Figura F.1. Após algumas
iterações, este método irá obter uma resposta, mas deixa mui-
to a desejar.
FIGURA F.2 A “reta de carga” permite encontrar o ponto de
operação diretamente.

F.2 DISPOSITIVOS DE TRÊS TERMINAIS


Retas de carga podem ser usadas com um dispositivo de
três terminais (válvula ou transistor, por exemplo) pela re-
presentação gráfica de uma família de curvas para o dis-
positivo. A Figura F3 mostra que isso seria similar a um
transistor de efeito de campo (FET) de modo depleção,
com a família curva parametrizada pela tensão porta-fonte.
Você pode ler a saída para uma dada entrada deslizando
FIGURA F.1 Encontrando o ponto de operação por iteração. ao longo da reta de carga entre as curvas correspondentes
à entrada de que dispõe, então projetando sobre o eixo de
1 O ponto quiescente, também conhecido como o ponto de operação, des- tensão. Neste exemplo, fizemos isso, mostrando a tensão
creve as várias tensões CC e correntes de um circuito sem sinais de CA apli- de dreno (saída) para uma variação de porta (entrada) entre
cados. o terra e ⫺2 V.

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Apêndice F Retas de carga 1113

reta de carga

FIGURA F.3 Solução de reta de carga para um dispositivo de


três terminais.

Apesar de bom, esse método tem uso limitado para o


projeto com transistor ou FET por algumas razões. Por um
lado, as curvas publicadas para dispositivos semicondutores
são “típicas”, com amplitude de valores de fabricação que
pode ser tão grande quanto um fator de cinco. Imagine o que
aconteceria com essas soluções agradáveis da reta de carga
se todas as curvas diminuíssem para um quarto de sua altura!
Outra razão é que para um dispositivo inerentemente logarít-
mico como um diodo de junção, um gráfico de reta de carga
linear pode ser usado para oferecer resultados precisos ape-
nas sobre uma região estreita. Finalmente, os métodos não
gráficos que usamos neste livro são totalmente adequados
para lidar com projetos de estado sólido. Em particular, esses
métodos enfatizam os parâmetros com que você pode con-
tar (re, lC versus VBE e T, etc.), em vez daqueles altamente
FIGURA F.5 Retas de carga e características de transferência
variáveis (β, Vth, etc.). No mínimo, o uso de retas de carga em
para o circuito do diodo túnel.
curvas publicadas para transistores dá uma falsa sensação de
segurança, uma vez que a amplitude de valores do dispositivo
também não é mostrada.
teriores. Assim, uma variação do sinal irá gerar uma família
de retas de carga paralelas que se cruzam com uma única cur-
F.3 DISPOSITIVOS NÃO LINEARES va V-I do dispositivo (Figura F.5). Os valores apresentados
são para um resistor de carga de 100 Ω. Como podemos ver,
As retas de carga são úteis para a compreensão do compor-
a saída varia mais rapidamente à medida que a variação de
tamento do circuito de dispositivos altamente não lineares.
entrada cruza a reta de carga na porção de resistência negati-
O exemplo do diodo túnel ilustra dois pontos interessantes.
va da curva do diodo túnel. Ao ler os valores de Vout (proje-
Vamos analisar o circuito na Figura F.4. Note que, neste caso,
ção sobre o eixo x) para vários valores de Vin (linhas de carga
Vin toma o lugar da tensão de alimentação nos exemplos an-
individuais), você tem as características de “transferência”.
Este circuito em particular tem algum ganho de tensão para
tensões de entrada próximas de 0,2 V.
Uma coisa interessante acontece se as retas de carga se
tornam mais plana do que a parte do meio da curva do diodo.
Diodo túnel Isso ocorre quando a resistência de carga excede à magnitude
da resistência negativa do diodo. Em seguida, é possível ter
dois pontos de interseção, como na Figura F.6. Um sinal de
FIGURA F.4 O diodo túnel: um dispositivo não linear de dois entrada crescente leva as retas de carga para cima até que o
terminais com uma região de resistência negativa (veja a Figu- ponto de interseção não tenha para onde ir e salte para um
ra F.5). valor Vout mais alto. No retorno, as retas de carga semelhante

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1114 Apêndice F Retas de carga

FIGURA F.6 Tendo |Rload| ⬎ |Rneg| produz comportamento de


comutação de histerese no circuito do diodo túnel.

levam o ponto de intersecção inferior até que ele tenha que


saltar novamente para trás. A característica de transferência
total tem histerese, como mostrado. Diodos túnel são usados
deste modo como dispositivos de comutação rápida (dispa-
radores).

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Traçador de curvas G
Um instrumento útil para explorar o comportamento de tran-
sistores, tanto BJTs (Capítulo 2) quanto MOSFETs (Capítulo
3), é o traçador de curvas. De forma simplificada, podemos
dizer que ele traça a corrente de coletor versus a tensão de
coletor para uma família de correntes de base igualmente es-
paçadas (ou, se você quer ser um Ebers-Mollian, tensões de
base), e com um resistor do coletor de limitação de corrente
selecionável.1 A Figura G.1 mostra o que você obtém a par-
tir de um 2N3904 aleatório, acionado com sete degraus de
corrente de base sucessivos de 5 μA cada, enquanto varre a
tensão de coletor de 0 a 50 V. Você pode ver claramente o au-
mento de beta com a tensão de coletor, e o aparecimento da
ruptura um tanto abaixo de 50 V (VCEO máximo é especifi-
cado como 40 V). Este traçador de curva em particular exibe
os fatores de escala, incluindo “β por div”, que é de cerca de FIGURA G.1 Tela do Traçador de Curvas 576 da Tektronix
200 para este tipo (a folha de dados especifica 100≤b≤300 para um 2N3904.
em IC ⫽ 10 mA). Um traçador de curva torna mais fácil sele-
cionar pares estreitamente casados. Uma alternativa mais barata é usar uma “unidade de
Infelizmente, o tradicional traçador de curva desapa- alimentação e medição” (SMU – source-measure unit),
receu dos produtos da maioria dos fabricantes T & M (tes- instrumento interessante que permite fornecer tensões e
te e medição), incluindo a venerável Tektronix. Você ainda correntes nos terminais selecionados de um dispositivo (ou
pode encontrá-los usados, por exemplo no eBay, por mil dó- subcircuito), ao mesmo tempo medindo e registrando outras
lares ou menos. A Agilent oferece alguns belos instrumen- tensões ou correntes. Você pode programar a excitação como
tos contemporâneos sofisticados que irão fazer o trabalho, CC, rampas, degraus ou pulsos, e pode exibir os resultados
mas é melhor sentar ao perguntar os preços; são chamados registrados com um software executado em um notebook co-
de Analisador de Parâmetros de Semicondutores (Semicon- nectado; você também pode salvar os dados registrados como
ductor Parameter Analyzer) (modelo 4155C) ou Traçador de uma planilha editável. Dê uma olhada, por exemplo, na Figu-
Curva/Analisador de Dispositivos de Potência (Power Device ra 8.39; estes dados plotados foram obtidos com um SMU.
Analyzer/Curve Tracer) (modelo B1505A).

1 Você pode operá-lo como base comum, se quiser; e tem muitos botões di-
vertidos para brincar.

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Linhas de transmissão e
H casamento de impedância

H.1 ALGUMAS PROPRIEDADES DE LINHAS DE


TRANSMISSÃO Aberto
(s/ termin.)

Tensão (volts RMS)


Na Seção 12.9 introduzimos as linhas de transmissão, que
mais comumente assumem a forma de cabo coaxial, por
exemplo, os “cabos BNC” (cabos RG-58 com conectores
BNC macho em cada extremidade) muito usados para trans- Terminação
de 50 Ω
portar todos os tipos de sinais entre instrumentos. Como ob-
servamos lá, para aplicações de baixa frequência é comum (e
correto) pensar em tal cabo simplesmente como um fio bem
blindado com ∼9 pF/m de capacitância. No entanto, em fre-
quências elevadas (por exemplo aquelas para as quais o cabo
é de pelo menos 1/20 do comprimento de onda) o compor- Frequência (MHz)
tamento é fundamentalmente diferente: como um exemplo
FIGURA H.1 Amplitude medida no conector de saída de um
estranho, um cabo com terminação em aberto ironicamente
oscilador de onda senoidal de amplitude 1 V (circuito aberto),
parece com um curto-circuito em uma frequência para a qual sob duas condições: acionando um cabo coaxial RG-58 (50 Ω)
o comprimento elétrico do cabo é λ/4. Para um comprimento de 3 m, aberto na outra extremidade; e acionando o mesmo
de 1,5 m de cabo coaxial, que acontece em cerca de 32 MHz. cabo com um resistor de 50 Ω conectado na extremidade.
Uma consequência importante é que você não pode simples-
mente ligar um cabo BNC deste tipo a partir de um gerador
de sinal para algum circuito de alta impedância em teste e uma impedância característica Z0 (o que é sempre real:
considerar que ele irá proporcionar uma boa fonte de sinal uma resistência) que depende de apenas de sua construção
na entrada do circuito; em vez disso você vai ver enormes física
depressões e saliências conforme sintonizar a frequência,
porque o gerador vê uma impedância de carga que varia de
um curto-circuito (em múltiplos ímpares de 32 MHz) para
um circuito aberto (em múltiplos pares de 32 MHz). Talvez
surpreendentemente, se você em vez disso conectasse um onde L e C são a indutância e a capacitância por unidade
resistor de exatamente 50 Ω na extremidade do circuito do de comprimento, que, como indicado, dependem apenas do
cabo, teria um sinal de amplitude constante (igual a metade diâmetro exterior, a, do condutor interno, do diâmetro inter-
da amplitude de saída de circuito aberto do gerador de sinal) no, b, do condutor externo, e da constante dielétrica, ε (em
à medida que variar a frequência. Este comportamento não relação ao espaço livre), do material de isolamento que os se-
intuitivo é bem ilustrado nos dados medidos mostrados na para. Para uma propagação de onda ao longo de uma linha de
Figura H.1. E ainda mais não intuitivamente, na extremidade transmissão, Z0 é a razão entre a tensão e a corrente do sinal.
de acionamento de tal cabo “terminado” a capacitância desa- A linha de cabo coaxial mais popular para fins genéricos é o
parece totalmente – você vê, em vez disso uma carga resistiva RG-58, com uma impedância de 50 Ω (suas dimensões são
pura de 50 Ω! a ⫽ 0,81 mm b ⫽ 2,95 mm e ε ⫽ 2,3, para o qual a equação
acima dá Z0 ⫽ 51 Ω). Esta impedância se tornou o padrão
para uso de radiofrequência, com exceção de aplicações de
H.1.1 Impedância Característica vídeo em que o padrão é Z0 ⫽ 75 Ω; o tipo de cabo popular
Este exemplo simples ilustra a importância da terminação: correspondente é chamado de RG-59. Na eletrônica de pulso
o cabo coaxial é uma forma de linha de transmissão, com às vezes você vê cabo de 93 Ω (RG-62).

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Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância 1117

O sinal se propaga ao longo do cabo, a uma velocidade de se referem a eles casualmente como cat-3 e cat-5.1 As LANs
Ethernet que usam essas taxas de dados são denominadas
“10baseT” e “100baseTX”, onde o “T” significa “torcido”; a
designação correspondente para Ethernet sobre coaxial fino
(“thinnet”) é “10base2.”
que é uma fração de vezes c (em que c é a velocidade Na eletrônica de alta velocidade, muitas vezes é neces-
da luz no vácuo, 3 ⫻ 108 m/s). O fator é denominado sário tratar trilhas em uma placa de circuito impresso como
fator de velocidade, e varia de 0,66 (polietileno sólido) a linhas de transmissão. Uma variante popular acrescenta um
0,80 (espuma de polietileno) para cabos coaxiais flexíveis par de trilhas aterradas de cada lado – isso é chamado de guia
disponíveis. Na ausência de um dielétrico o fator de velo- de onda coplanar aterrado (GCPW – grounded coplanar wa-
cidade é de 1,0, isto é, ondas se deslocam na velocidade da veguide). Existe também a geometria da stripline, onde a(s)
luz em uma linha coaxial de espaços de ar. O “comprimen- trilha(s) é(são) imprensada(s) entre camadas de plano terra.
to elétrico” visto por um sinal que se propaga em um cabo
de comprimento físico L é maior pelo fator ou seja,
Lelét ⫽ Lfísico H.1.2 Terminação: Pulsos
Note que a indutância e a capacitância do cabo não po- Uma linha de transmissão em baixas frequências (compri-
dem assumir quaisquer valores antigos porque eles são limi- mento de onda muito maior do que o comprimento do cabo)
tados pelo fato de seu produto LC estar relacionado com a parece simplesmente uma capacitância, tipicamente da or-
velocidade da luz. A partir disso, é fácil mostrar que, se você dem de 30 pF/pé (98,4 pF/m). No entanto, em altas frequên-
sabe a impedância característica e o fator de velocidade, pode cias, ou, equivalentemente, quando se trata de sinais com
então encontrar a capacitância por unidade de comprimento tempos de subida rápidos, o comportamento é diferente. A
(ou vice-versa) por fim de entender o comportamento curioso ilustrado na Figu-
ra H.1.2, é bom olhar primeiro para o que acontece quando
um pulso simples é aplicado a um comprimento de linha de
transmissão. Suponha que conectamos um gerador de pulso
rápido com impedância de 50 Ω de saída (a impedância de
Por exemplo, RG-8 tem uma impedância especificada de saída padrão de geradores de sinais, geradores de função e
52 Ω e um fator de velocidade de 0,66; a equação acima, geradores de pulsos) a um comprimento de cabo coaxial de
então, resulta em C ⫽ 97,1 pF/m, ou 29,6 pF/pé, em boa 50 Ω, em curto na extremidade. O impulso no início desapa-
concordância com o valor especificado de 29,5 pF/pé rece em uma impedância Z0 (assim, a amplitude do sinal é
(96,8 pF/m). metade da do gerador sem carga), mas depois de um tempo
de deslocamento, o pulso refletido de polaridade oposta re-
A. Par Trançado e Trilhas de PCB torna (Figura H.2). Se, em vez disso, for aplicado um sinal de
degrau rápido, o efeito da reflexão é o de converter o degrau
As linhas de transmissão não são obrigadas a serem de geo- em um pulso (Figura H.3). Uma linha de terminação aberta
metria coaxial. Uma forma extremamente popular de linha produz uma reflexão da mesma polaridade, com os efeitos
de transmissão contemporânea é o par trançado, que é exa- apresentados na Figura H.4. Para uma resistência de carga
tamente o que parece: um par de fios isolados, suavemente arbitrária R, a relação entre a amplitude da onda refletida e a
torcidos, e envolto integralmente por um revestimento iso- incidente (o coeficiente de reflexão) é dada por
lante (muitas vezes sem qualquer condutor de blindagem
geral). Estes podem muito bem ser a espécie dominante de ρ ⫽ Ar /Ai ⫽ (R ⫺ Z0)/(R ⫹ Z0)
linha de transmissão em nosso tempo, porque eles são o
material básico de redes locais (LANs). Geralmente vemos Note que uma resistência de terminação de R ⫽ Z0 não
quatro pares trançados agrupados em um único revestimento produz nenhuma reflexão. Um sinal aplicado a tal linha é ab-
blindado; este é o chamado “UTP” (par trançado não blin- sorvido pela resistência de terminação (em forma de calor) e
dado), e é a forma mais comum de um cabo LAN. Ele está desaparece para sempre. A fonte de sinal vê uma resistência
disponível também com uma blindagem (par trançado blin- de carga igual a Z0. (É por esta razão que não precisamos
dado, “STP”). Cabos UTP e STP contemporâneos têm 100
1 Padrões de desempenho mais elevados incluem a Categoria 5e (“e” para
Ω de impedância nominal, e caracterizam-se (em termos de
impedância e atenuação) para a operação de até 10 Mbps melhorado) e a Categoria 6, impulsionadas pelo desenvolvimento da Gigabit
Ethernet – literalmente 1 gigabit/s sobre um par trançado não blindado – tam-
(megabits por segundo) ou 100 Mbps; são chamados de ca-
bém conhecida como 1000baseT. Para conseguir essa taxa de dados, todos
tegoria 3 e categoria 5, respectivamente, e parecem diferir os quatro pares são usados simultaneamente com codificação de amplitude
principalmente no passo da torção. Aqueles que o conhecem de 5 níveis.

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1118 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

gerador de sinal (Z = 0)

entrada do cabo

FIGURA H.2 A. Um pulso acionando um comprimento de linha de transmissão em curto reflete no curto e retorna como um pulso de
polaridade oposta. B. Forma de onda de osciloscópio obtida com 70 pés (21,3 m) de cabo RG-8/U com dielétrico de espuma (fator de
velocidade de 78%), em curto-circuito na extremidade. Vertical: 1 V/div; horizontal: 40 ns/div. Para esta figura e as seguintes utilizamos
uma ponta de prova de osciloscópio de alta impedância para evitar a introdução de efeitos de linha de transmissão adicionais.

nos preocupar antecipadamente sobre os pulsos refletidos razão pela qual a maioria das fontes de sinal é padronizada
que refletem novamente a partir do gerador de pulso – sua numa impedância de 50 Ω).
impedância de fonte de 50 Ω absorve quaisquer sinais que
retornam de um cabo terminado inadequadamente, que é a
A. Terminação em Série
Este último ponto – em que os sinais de retorno (refletidos)
gerador de sinal (Z = 0) são completamente absorvidos se a impedância da fonte de si-
nal casa com a da linha – leva a uma boa técnica chamada ter-
minação em série (ou terminação de retorno), frequentemen-
te utilizada para sinais lógicos de alta velocidade (e em outras
situações em que a carga tem uma alta impedância de entra-
da). Observe a Figura H.5: uma fonte de sinal em série com
entrada do cabo um resistor (igual à impedância da linha) aciona uma linha de
transmissão cuja extremidade não tem terminação (ou seja, é
aberta). Agora imagine uma entrada em degrau de amplitude
Vsinal na fonte de sinal; ela se propaga na linha com metade

FIGURA H.3 Um osciloscópio mostrando a forma de onda de


um pulso aplicada a um cabo RG58AU (dielétrico de polietileno
sólido, fator de velocidade de 66%) de comprimento 8 pés (2,44
m), em curto-circuito na extremidade. Vertical: 1 V/div; horizon-
tal: 40 ns/div.

gerador de sinal (Z = 0)

aberto
(ou carga de alto Z)

entrada do cabo

FIGURA H.5 Terminação em série de uma linha aberta: a linha


é alimentada a partir de uma fonte de sinal de impedância ca-
sada; o degrau de metade do tamanho na entrada se propaga
para a outra extremidade, a partir da qual ele reflete em fase
FIGURA H.4 Osciloscópio mostrando a reflexão de uma forma para produzir um degrau de retorno igual em amplitude ao do
de onda a partir de uma linha coaxial de terminação aberta. gerador sem carga. Uma carga de alta impedância na extremi-
Mesmos parâmetros que aqueles na Figura H.2B dade vê apenas um único degrau de tamanho completo.

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Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância 1119

da amplitude e, em seguida, reflete de volta a partir da extre- largura da trilha e espaçamento acima do plano de terra; essa
midade com amplitude total Vsinal. Embora qualquer ponto ao arte é conhecida como técnica de microstrip,3 útil tanto para
longo da linha veja uma forma de onda de dois degraus, o fato sinais digitais rápidos quanto para sinais em frequências su-
surpreendente é que a forma de onda vista na extremidade do periores cerca de 100 MHz (UHF e micro-ondas).
receptor é a de um único degrau de zero ao máximo Vsinal; Isso tudo é muito bom em teoria – mas na prática você
neste local, a onda incidente de metade do tamanho chega ao tem de lidar com fontes de sinais digitais rápidos que não são
mesmo tempo em que a onda refletida de metade do tamanho compatíveis com a impedância da linha. Isso acontece muitas
sai. Esse comportamento interessante é demonstrado na for- vezes em PCBs digitais onde as portas de saída digitais de
ma de onda do osciloscópio da Figura H.6. microprocessadores e FPGAs rápidos são mal casadas com
Você pode usar esta técnica para o envio de sinais lógi- as impedâncias das trilhas na PCB. Por exemplo, uma linha
cos CMOS através de um comprimento de cabo coaxial: três acionada por um sinal de impedância de fonte Z0/2 produz
buffers 74HC em paralelo (para uma impedância de fonte grande quantidade de oscilação em ambas as extremidades
baixa, cerca de 15 Ω) em série com um resistor de 33 Ω acio- de uma linha não terminada, incluindo overshoot de 33% na
nam satisfatoriamente comprimentos de cabos RG-174 ou extremidade do receptor; tais oscilações podem produzir fal-
RG- 316 (linha coaxial fina de 50 Ω), conectados à porta de sos clocks.
recepção no extremo sem terminação. A porta de recepção vê Para ilustrar o que isso parece, acionamos com um de-
sinais lógicos de variação completa. Essa técnica é frequente- grau um cabo coaxial RG-58U (Z0 ⫽ 50 Ω) de comprimento
mente preferível à técnica alternativa de carga casada – acio- 2,4 m sem terminação, medindo com um osciloscópio os sinais
nar diretamente uma linha que é terminada em 50 Ω – porque de entrada e saída. Fizemos isso em duas condições: (a) acio-
com a terminação em série o acionador vê uma resistência de nando com uma terminação em série de 50 Ω na entrada (ou
carga duas vezes mais alta (100 Ω, neste caso), e isso apenas seja, uma linha com “terminação de retorno”); e (b) acionado
para a duração de ida e volta do sinal (após a qual a carga se com um degrau de tensão de baixa impedância (RS ⫽ 1,5 Ω).
torna um circuito aberto).2 Para sinais lógicos muito rápidos Figura H.7 mostra os resultados, onde a amplitude de
(por exemplo, ECL 100K, ou processadores, memória e peri- circuito aberto do sinal (a denominemos VOC) é apresenta-
féricos CMOS de alta velocidade contemporâneos), pode ser da como uma divisão vertical. A terminação em série casada
necessário tratar uma trilha de circuito de apenas alguns cen- gera a recepção de um degrau “limpo” até VOC (e uma forma
tímetros como uma linha de transmissão. Tipicamente, a im- de onda de entrada com degrau inicial primeiro até VOC/2,
pedância da trilha da placa de circuito impresso (PCB) está em seguida até VOC depois de um atraso de ida e volta, as-
no intervalo de 50 Ω a 100 Ω, mas pode ser adaptada para sim como visto em escala ampliada na Figura H.6). Por ou-
uma impedância específica por meio da escolha adequada da tro lado, o acionamento de baixo Z impõe um degrau VOC
completo na entrada, o que é visto na outra extremidade com
amplitude 2VOC (porque a onda refletida não invertida dobra
a amplitude da onda que chega), posteriormente levada quase
gerador de sinal (Z = 0)
a zero (após um tempo de ida e volta) pela onda invertida

entrada do cabo (com RS=50Ω)

sinal
60% da extremidade recebido
(s/ termin.: (com RS=1,5Ω)
circ. aberto)
extremidade do receptor
(circuito aberto)

sinal
transmitido RS=1,5Ω
(na extremidade RS=50Ω
FIGURA H.6 Osciloscópio mostrando formas de onda na acionada) 2,4m RG-58 (50Ω)
entrada do cabo, no ponto médio e na outra extremidade, para
uma entrada em degrau terminada em série. O sinal de impe- FIGURA H.7 Sinais vistos na extremidade de uma linha de 50
dância zero do gerador também é mostrado; ele foi ajustado Ω de comprimento 8 pés (2,4 m) sem terminação quando acio-
para produzir um degrau de 2 V em circuito aberto. O cabo é um nada por um degrau unitário a partir de uma fonte de 50 Ω (tra-
RG-58/U (fator de velocidade de 66%) com 60 pés (∼18,3 m) e ço superior) e a partir de uma fonte de baixa impedância (traço
derivação em 36 pés (∼11 m) com uma sonda de tensão de alta médio). Os sinais correspondentes na extremidade de aciona-
impedância. Vertical: 1 V/div; horizontal: 40 ns/div. mento são mostrados na parte inferior. Horizontal: 100 ns/div.

2 Veja a Seção 12.10, onde vários métodos de acionamento de cabos com 3 Se você inserir os condutores que transportam o sinal entre um par de planos

níveis lógicos são descritos e ilustrados. de terra, terá uma stripline.

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1120 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

refletida a partir do acionador de baixa impedância. Esse pa-


várias
drão alternado continua, amortecido tanto pela perda de cabo portas
quanto pela perda resistiva no acionador de 1,5 Ω. Esse sinal
é uma bagunça! É por isso que vale a pena algum esforço
para casar a impedância do acionador com a impedância ca-
racterística de linhas cujo comprimento (dado os tempos de
subida do sinal) as qualifica como linhas de transmissão.4 diodos de
proteção internos

FIGURA H.8 A. Simples acionador de nível lógico para um


B. Um Enlace Lógico Robusto cabo de terminação em série; B. Receptor de nível lógico prote-
O tipo de comportamento de overshoot visto na Figura H.7 gido contra acionamento em excesso. Conectar estes em con-
pode destruir circuitos lógicos na extremidade da recepção. junto para formar um caminho de sinal completo.
Vemos essa vulnerabilidade particular no laboratório, onde
um sinal lógico de baixa impedância (ou a saída de um ge- positivos de 20 V (como aconteceu em nosso laboratório re-
rador de pulso) se desloca através de um comprimento de centemente).
cabo coaxial para uma entrada lógica em algum instrumento. Há uma discussão mais aprofundada sobre acionamen-
Essa última é muitas vezes sem terminação, para manter a to de cabos e interface lógica no Capítulo 12, começando na
impedância de entrada relativamente elevada (para evitar um Seção 12.10.
efeito de carga mais intenso e atenuação para uma fonte de
sinal incapaz de acionar 50 Ω).
Se você quiser fazer seus próprios projetos imunes a H.1.3 Terminação: Sinais Senoidais
esse perigo, você pode adicionar alguns componentes, como Temos falado sobre os sinais que se propagam ao longo das
mostrado na Figura H.8. Na extremidade receptora, um resis- linhas de transmissão, para maior clareza, usando o caso par-
tor em série R2 limita a corrente, grampeada com segurança ticular de pulsos ou degraus de tensão. Claro que uma onda
por diodos de proteção internos da porta lógica; o capacitor senoidal aplicada a um comprimento de cabo também produz
“speed-up” C1 evita a perda de velocidade (1 kΩ em uma reflexões, a menos que o cabo seja terminado adequadamen-
típica entrada e capacitância de fiação de 10 pF formam uma te. O efeito é alterar a corrente de entrada, para uma tensão
constante de tempo RC de 10 ns, quase uma eternidade no de entrada aplicada, de uma maneira que depende da impe-
mundo frenético da lógica digital). É sempre uma boa ideia dância de carga ZL (descasada), e também da relação entre o
incluir um resistor de entrada pull-down (R1) para garantir comprimento de onda λ do sinal no cabo e o comprimento
um nível lógico definido quando a entrada for desconectada. físico do cabo l. O efeito final é a produção de uma impedân-
Em um excesso de cautela, acrescentamos o resistor R3, cuja cia de entrada (complexa, em geral) dada por
função é evitar que um acionamento positivo em excesso for-
ce o trilho V⫹ para uma tensão positiva que pode danificar
outros CIs; este pode normalmente ser omitido, mas seria
uma boa ideia em um instrumento com um conector BNC
convidativo na frente e que contém apenas alguns CIs ali- A partir desta pode-se ver que:
mentados a partir de um pequeno regulador (como um 78L05
– veja a Seção 9.3.2, a Figura 9.6 e a Tabela 9.1), cuja saída (a) uma terminação casada (ZL ⫽ Z0 ⫽ [normalmente] 50
CC pode ser facilmente acionada em excesso. Ω) resulta em uma impedância de entrada igual à im-
Na extremidade do acionador, a conexão em paralelo pedância característica do cabo, independentemente do
de várias portas lógicas gera uma impedância de acionamen- comprimento ou frequência;
to baixa, cerca de 5 a 10 Ω, que, somada ao resistor em sé- (b) uma linha de quarto de onda inverte a impedância de
rie R0 adicionado, chega a uma resistência de acionamento carga, ou seja,
próxima da impedância característica do cabo de 50 Ω. Isso (c) uma linha de meia-onda preserva a impedância de car-
é o que você quer, é claro, o que por si só é suficiente para ga, isto é, Zin ⫽ ZL;
dar tranquilidade como um acionador de terminação em série (d) um pequeno pedaço de linha em circuito aberto l  λ
respeitável. Mas nunca é demais proteger a extremidade do parece capacitiva, a saber, Zin ≈ ⫺j/ωC′, em que C′ (a
receptor, como acabamos de discutir: você nunca sabe quan- capacitância efetiva) é a constante l/cZ0;
do alguém vai acioná-lo com um gerador de pulso, inadver- (e) um curto comprimento de linha em curto-circuito
tidamente ajustado para entregar pulsos negativos, ou pulsos l  λ parece indutiva, ou seja, Zin ≈ ⫺j/ωC ′, em que
L′ (a indutância efetiva) é a constante Z0l/c.

4 Um efeito análogo em linhas de transmissão de energia de longa distância é


As propriedades de alteração da impedância de linhas de trans-
missão podem ser usadas para combinar impedâncias, embora
conhecido como efeito Ferranti; diz-se que sobretensões causadas pelo efeito
Ferranti, se não forem adequadamente compensadas, podem causar danos aos qualquer esquema desse tipo será dependente da frequência;
comutadores da rede elétrica. quando você ouve palavras como “tocos” (stubs), você está

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Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância 1121

lidando com casamento de impedância de linha de transmis- em que V é a tensão CA (sinal), medida em pontos ao
são. Virtuosos nessa área fazem uso pesado de analisadores de longo da linha; e Af e Ar são as amplitudes das ondas refle-
rede, e vão tentar impressioná-lo com suas belas “Cartas de tidas e incidentes, respectivamente. Medições de tensão ao
Smith” (que estão muito além do humilde escopo deste livro5). longo de um cabo sem ondas estacionárias vão resultar em
Quando se tem sinais senoidais – com reflexões – sobre uma amplitude constante (daí VSWR ⫽ 1,0).
uma linha de transmissão, geram-se ondas estacionárias. Ou O VSWR é um número real, entre 1,0 (casamento per-
seja, você pode imaginar o resultado líquido das ondas que se feito, nenhuma onda refletida) e ∞ (“descasamento perfeito”,
propagam em ambos os sentidos (na mesma frequência) como a amplitude da onda refletida é igual à amplitude da onda
a soma de uma onda que não se propaga (daí o “estacionária”) incidente). Em termos do coeficiente de reflexão ρ, o VSWR
e alguma onda que se propaga adicional. Por exemplo, uma é exatamente
linha aberta produz uma onda refletida de amplitude total; o
resultado é uma onda estacionária pura da mesma frequência
e duas vezes a amplitude, com uma amplitude máxima de os-
cilação na extremidade aberta (e repetindo a cada meio com-
primento de onda), e nulos completos (“nós” – pontos sem Para um descasamento puramente resistivo podemos
tensão) a meio caminho. Para uma linha com extremidade em usar nossa expressão anterior para ρ para descobrir que
curto, uma coisa semelhante acontece, mas a onda refletida é
de amplitude oposta, produzindo um valor nulo na extremi-
dade do receptor (e repetindo a cada meio-comprimento de
onda), com máximos no meio. (Você obtém o mesmo padrão
se amarrar um comprimento de varal a uma cerca e, em se- A partir do VSWR pode-se encontrar o módulo (mas não a
guida, agitar a extremidade para cima e para baixo no ritmo fase) do coeficiente de reflexão:
certo.) Com uma terminação descasada você não obtém o
cancelamento completo em qualquer ponto.
Ondas estacionárias não são necessariamente ruins
(embora não sejam boas nunca6!). Mas elas fazem aumentar
tanto as tensões de pico quanto as perdas resistivas (veja a O VSWR é medido com um medidor de potência direcional.
Seção seguinte), em relação a uma linha casada, para a mes- Conhecendo os valores de potência incidente e refletida, sa-
ma potência transmitida. Elas são normalmente vistas como bemos, a partir da equação de definição acima, que
o sintoma de uma linha descasada. Assim, em sistemas de co-
municações, as pessoas tentam minimizar a relação de onda
estacionária [abreviado por SWR (standing wave ratio), ou,
por vezes, VSWR – relação de onda estacionária de tensão],
que é definida como a razão entre a amplitude máxima e a
amplitude mínima:
H.1.4 Perda em Linhas de Transmissão
No mundo real das linhas de transmissão não ideais, as coi-
sas não são tão boas como temos levado a crer. As linhas de
transmissão reais possuem perdas, o que significa que os
5 Cartas de Smith são tratadas na excelente referência Fields and Waves in
sinais são atenuados quando eles avançam na linha; também
Communication Electronics por Ramo, Whinnery e Van Duzer (Wiley, 1994), são um pouco dispersivos, o que significa que os sinais de
bem como em Radio-Frequency Electronics por Hagen (Cambridge Univer- frequências diferentes se deslocam com velocidades ligeira-
sity Press, 2009). mente diferentes. A perda é dependente da frequência: o seu
6 Bem, quase nunca! Para operação ao longo de uma estreita faixa de fre- valor (muitas vezes especificado como atenuação em “dB
quência, às vezes você explora as propriedades de variação de impedância de por 30,5 m”) aumenta proporcionalmente a ou seja,
linhas descasadas, que necessariamente têm ondas estacionárias. Exemplos
são: (a) o uso de comprimentos abertos ou em curto-circuito de linha, como
uma quadruplicação da frequência dobra a perda (em dB)
capacitores ou indutores de alto Q, (b) uma linha de meia-onda em curto ou de um dado comprimento de linha. Isso acontece porque
de quarto de onda aberta usada como um capacitor de desvio de RF, (c) uma a perda é dominado pelo efeito skin: quando uma corren-
linha de meia onda aberta ou de um quarto de onda em curto-circuito usado te alternada flui através de um condutor, a corrente não é
como um choque de RF, (d) o casamento de duas impedâncias diferentes (ca- uniforme por toda a massa – que se limita a uma camada
bos, fontes de sinal ou cargas) com a interposição de uma seção de linha de
transmissão de um quarto de onda cuja impedância característica é a média
exterior (denominada profundidade pelicular) de espessura
geométrica das duas impedâncias casadas (isto é análogo a um revestimento em que σ é a condutividade e f é a frequên-
anti-reflexão de um quarto de onda em óptica), (e) o uso de uma linha fendida cia.7 Devido à profundidade pelicular diminuir inversamen-
e uma sonda de alta impedância para uma medição direta do comprimento de
onda, e (f) o uso de linhas de transmissão para fazer “ring hybrid” e “rat-race
hybrid.” Agradecemos a Jon Hagen e Darren Leigh por essas aplicações de 7Para ser mais preciso, a densidade de corrente diminui exponencialmente,
“boas ondas estacionárias.” caindo para 1/e (37%) do seu valor de superfície a uma profundidade igual a δ.

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1122 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

te com a raiz quadrada da frequência, você tem que quadru-


plicar a frequência para dobrar a resistência (reduzir pela

Profundidade pelicular (mm)


metade a profundidade pelicular), o que é equivalente (em
termos de perda) a duplicar o comprimento da linha. Isso
explica o declive aproximado das curvas de atenuação de
linhas de transmissão (Figura H.9), onde as linhas de maior
diâmetro têm menores perdas. As perdas dielétricas contri-
buem com atenuação adicional nas mais altas frequências.
As curvas mostradas são para uma linha casada; se existem
reflexões (isto é, se o VSWR for maior do que 1,0), então a
perda, para uma dada potência líquida incidente na linha,
será maior.
Frequência (Hz)

100 FIGURA H.10 Profundidade pelicular no cobre como uma fun-


16 ção da frequência.
G3 ˝
,R 41
1 74 G58 0,1 ˝
RG R 5
0,2
Atenuação, dB/100ft

10
˝
0,5
das quando se usa linhas coaxiais cujo comprimento elétrico

at-
3) é uma fração significativa do comprimento de onda (pelo me-
c
P( -6) nos 1/20, por exemplo) das mais altas frequências que você
UT ou
-3
1 cat está usando. Dito em termos de tempo, em vez de frequên-
P( 8
UT RG cia, você tem que começar a se preocupar com a terminação
linha rígida de 50 Ω quando o tempo de propagação de ida e volta é de cerca de
20% do tempo de subida do sinal.
0,1
1 10 100 1000 10000 Já vimos que uma maneira simples de fazer isso é
Frequência, MHz terminar a linha em sua impedância característica (resistên-
FIGURA H.9 Atenuação (dB/100 pés) (100 pés ⫽ 30,5 m) cia), por exemplo, 50 Ω para a maioria das linhas coaxiais.
como uma função da frequência para vários tipos de cabos re- A terminação não é necessária em ambas as extremidades,
presentativos. porque uma extremidade terminada consome quaisquer si-
nais incidentes. Assim, você pode usar uma impedância de
fonte de sinal descasada para acionar uma linha terminada na
É útil perceber que os efeitos de profundidade pelicular extremidade do receptor; ou, como vimos acima, você pode
são significativos, mesmo em baixas frequências – a corrente fazer uma “terminação em série” da extremidade acionada
na frequência da rede elétrica de 60 Hz está confinada a uma de uma linha cuja outra extremidade não tem terminação (ou
camada superficial de aproximadamente 1 cm de cobre, para seja, alimentar uma carga de impedância muito maior do que
a qual a profundidade pelicular (em centímetros) à tempera- a linha). A prática usual, no entanto, é terminar ambas as
tura ambiente é dada por você não reduz extremidades na impedância característica da linha (um ins-
muito as perdas de transmissão de potência usando um fio tinto conservador que garante um mínimo de reflexões). Por
mais grosso do que esse. Em radiofrequências, a profundi- exemplo, você geralmente usa um cabo de 50 Ω para con-
dade pelicular é tão superficial (por exemplo, δ ⫽ 10 μm em finar o sinal a partir de um sintetizador ou gerador de sinal
40 MHz) que você pode fazer conexões de baixa perda, in- para uma carga casada de 50 Ω na extremidade do receptor;
dutores e assim por diante, dando um banho de prata em um se a carga for de alta impedância, você coloca um resistor de
mau condutor. Uma técnica comum para blindagem leve de 50 Ω na extremidade do receptor (ou usa uma terminação de
instrumentos e computadores é aplicar uma película metálica cabo coaxial de 50 Ω).
fina a um invólucro de plástico. A Figura H.10 mostra o grá- Às vezes você precisa casar uma linha com uma carga
fico da profundidade pelicular em condutores de cobre de 10 (ou fonte) de impedância diferente; por exemplo, você pode
Hz a 10 GHz. querer medir as propriedades de alguns cabos de vídeo de
75 Ω (que é a impedância que a indústria de vídeo escolheu,
para grande desgosto do restante da comunidade eletrônica),
H.2 CASAMENTO DE IMPEDÂNCIA e você tem instrumentos de teste de 50 Ω. Ou, você pode
Devido à obtenção de reflexões de linhas de transmissão sem querer casar a impedância de saída de um amplificador de
terminação (ou incorretamente terminadas), é obviamente alta frequência com um comprimento de cabo que vai para
uma boa ideia se certificar de que as impedâncias estão casa- uma antena.

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Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância 1123

Isso nos leva ao assunto de redes casadas. Nas seções Por exemplo, a rede em L de 50 Ω para 75 Ω anterior
a seguir tratamos do casamento de banda larga (a) resistivo tem uma perda de transmissão de 5,72 dB para sinais indo em
(com perda), (b) transformador (sem perda), e casamento de qualquer sentido. Com um casamento resistivo você tem que
banda estreita (c) reativo (sem perda). aceitar essa atenuação (isto é às vezes denominado módulo
de perda mínima). Vamos ver a seguir como fazer redes de
casamento sem perdas com transformadores ou com redes de
H.2.1 Rede de Casamento de Banda Larga Resistiva Ls e Cs (“redes de casamento reativas”).
(Com Perda) Como você pode imaginar, pode ser ainda pior, em
Você pode facilmente descobrir que dois resistores (sob a termos de perda, com uma rede que contém mais resistores!
forma de uma “rede L”, Figura H.11A) é tudo o que precisa Em particular, você pode adicionar outro resistor, transfor-
para casar com um par de impedâncias r e R (considerado mando em uma rede “T” ou uma rede “Pi”, que casa duas
resistivo, como todos os cabos são); ambos os lados estão impedâncias resistivas entre si, com perda maior do que a
“felizes” – cada um vê uma carga casada. Os valores dos re- perda mínima que encontramos anteriormente. Embora isso
sistores de casamento são não seja algo que você normalmente queira fazer, há uma
variação sobre esse tema que é frequentemente útil: uma
rede de atenuação resistiva entre um par de impedâncias já
casadas.

H.2.2 Atenuador Resistivo


em que r é a impedância menor e X é a relação de impedân-
cias: X ⫽ R/r. Tomando o exemplo anterior, você pode casar Em circuitos de radiofrequência, por vezes é necessário ate-
um instrumento de teste de 50 Ω com uma linha coaxial de nuar um nível de sinal – por exemplo, para evitar um aciona-
75 Ω (a variedade comum é denominada RG-59), colocando mento em excesso num estágio de ganho. Em outras situa-
86,6 Ω na porta de 50 Ω e conectando-o ao cabo através de ções, você precisa usar um atenuador resistivo para fornecer
uma resistor em série de 43,3 Ω (Figura H.11B). alguma isolação entre um componente de impedância sensí-
A boa notícia é que tal rede L resistiva é independente vel como um amplificador, misturador, ou cabo, por exem-
da frequência; a má notícia é que é com perdas. É fácil de plo, e um componente que não é de impedância casada; um
mostrar que a perda é exemplo deste último caso é um filtro, que tipicamente tem
impedância casada na sua faixa de passagem, mas é reflexivo
(descasamento grave) na sua faixa de rejeição. Alguns ampli-
ficadores irão oscilar se a sua saída acionar diretamente um
filtro de inclinação acentuada.
A solução para estes problemas é um atenuador de
impedância casada resistivo. As duas topologias são deno-
minadas de T e Pi, devido a sua aparência em um diagrama
esquemático (Figura H.12). Não é difícil deduzir os valores
dos resistores:

carga
de vídeo e
até 75 Ω

em que x é dado pela atenuação: aten.(dB) ⫽ 20log10x (ou,


FIGURA H.11 A. Uma rede L resistiva pode casar qualquer equivalentemente, x ⫽ 10⫺aten.(dB)/20) e Z0 (considerada re-
par de impedâncias reais (resistivas); o resistor em paralelo Rp é
sistiva) é a impedância na entrada e saída. Valores tabelados
colocado na porta r de baixa impedância. B. Exemplo de casa-
mento de uma fonte de sinal e um cabo de 50 Ω com um cabo
para fontes de 50 Ω e impedâncias de carga são apresentados
de vídeo de 75 Ω e carga (com uma perda de 5,72dB). na Tabela H.1.

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1124 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

TABELA H.1 Atenuadores T e Pi de 50 Ω

FIGURA H.12 Atenuadores resistivos T e Pi para impedâncias


de entrada e saída iguais.

H.2.3 Rede de Casamento de Banda Larga com


Transformador (Sem Perdas)
Se a perda inevitável de uma rede de casamento resistiva não
for importante na sua aplicação, este, certamente, é o método
mais simples. No entanto, em muitas aplicações é essencial
minimizar a perda – por exemplo, em um transmissor de co-
municações ou em circuitos de baixo nível cujo desempenho
é limitado pelo amplificador ou ruído térmico.
Nesse caso, você pode usar um transformador ou
uma rede de casamento reativa; no entanto, nenhum mé- Valores de resistores para atenuadores T e Pi para uso com fonte e carga de 50
Ω. Os valores mostrados podem ser dimensionados para o uso em qualquer outra
todo fornece acoplamento pleno até CC. O acoplamento
impedância, considerando impedâncias de entrada e saída iguais.
com transformador é quase de banda larga, mas é limita-
do em relações de impedância; o casamento reativo, pelo
contrário, casa impedâncias de forma flexível (incluindo
impedâncias reativas), mas apenas em torno de alguma fre- ticos completamente não condutores. Por causa dos efeitos
quência central escolhida. Tratamos de casamento reativo devastadores de capacitância e indutância parasitas, trans-
na próxima seção. formadores para uso em frequências de rádio altas (digamos
Transformadores para uso nas frequências de sinal acima de 10 MHz) geralmente são construídos a partir de
são semelhantes, em princípio, a transformadores de ali- linhas de transmissão (coaxiais ou paralelas) enroladas em
mentação CA normais, isto é, eles utilizam um par de en- torno de um núcleo magnético.
rolamentos que são acoplados magneticamente, e cuja re- Transformadores de casamento de impedância são
lação de espiras é a relação de tensão desejada. A relação amplamente disponíveis comercialmente, embora para apli-
de impedância é, então, o quadrado da relação de espiras. cações especiais possa ser necessário projetar e enrolar o
(Por exemplo, um transformador com uma relação de espi- seu próprio. Em frequências de áudio, muitos fabricantes
ras primário:secundário de 1:4, acionado com uma fonte de oferecem transformadores miniatura de impedância com
sinal de 50 Ω, apresentaria uma impedância de saída de 800 larguras de banda de “telefone” (200 Hz a 4 kHz) ou largura
Ω, e deveria ter uma carga com essa resistência.) No entan- de banda total de áudio (20 Hz a 20 kHz); as impedâncias
to, por causa dos sinais de frequências maiores, é necessário vão desde alto-falante e microfone (8 a 600 Ω) até valores
a utilização de núcleos magnéticos que não têm percursos de “alto Z” de 10k a 50 kΩ. Há uma discussão mais apro-
condutores significativos para correntes de Foucault. Em fundada na Seção 8.10.
frequências de áudio, a solução é usar o mesmo tipo de pi- Uma boa série de transformadores de frequência de
lhas de metal laminado usado em transformadores de po- rádio é feita pela North Hills, incluindo modelos que trans-
tência, mas com lâminas muito finas. Em frequências ainda formam 50 Ω ou 75 Ω para impedâncias de até 1200 Ω; es-
mais altas, núcleos laminados são substituídos quer por nú- tes abrangem a faixa de frequência entre 20 Hz e 100 MHz,
cleos de ferro em pó ou por materiais de “ferrite” magné- com uma faixa de frequência típica 1000:1 ou mais para um

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Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância 1125

dado transformador. Para frequências mais altas você pode


obter transformadores de casamento de banda larga a par-
tir da Mini-Circuits, cobrindo a faixa de 4 kHz a 2 GHz
com relações de impedância de 1:1 a 16:1, e com faixas de Ralta Rbaixa
frequência de 1000:1 ou mais para um determinado trans-
formador. Estes são construídos com técnicas de linha de
transmissão.
Vale a pena notar que o acoplamento com transforma-
dor fornece isolação galvânica: circuitos de entrada e saída
FIGURA H.13 Rede L reativa de casamento de impedância
não precisam compartilhar o mesmo terra. Isso é particular- sem perdas.
mente útil quando você precisa enviar um sinal (ou distribuir
um “ house clock”) entre os instrumentos cujos gabinetes
individuais são aterrados individualmente através de seus ca- 2. Agora selecione a forma da reatância em paralelo (ou
bos de alimentação ou trilhos. Vimos vários casos em que o seja, indutor ou capacitor), e defina o módulo de sua
“terra” do instrumento, no mesmo laboratório, diferia em até reatância igual a Ralta/QEL na frequência central. Em
vários volts CA de 60 Hz. Aqui, um transformador de banda outras palavras, Lparalelo ⫽ Ralta/2ϖfRalta, respectiva-
larga 50 Ω:50 Ω isolado é o ideal: por exemplo, o FTB1-6 mente.
(10 kHz – 125 MHz) da Mini-Circuits ou o 0016PA (20Hz- 3. Finalmente, defina o módulo da reatância em série
20 MHz) da North Hills. (isto é, o capacitor ou indutor, respectivamente) igual
a QELRbaixa na frequência central. Em outras palavras,
Csérie ⫽ 1/2πfQELRbaixa ou Lsérie ⫽ QELRbaixa/2πf, res-
H.2.4 Redes Reativas de Casamento (Sem Perdas)
pectivamente.
de Banda Estreita
Como exemplo, vamos casar uma fonte 1000 Ω (uma
Você pode casar qualquer par de impedâncias, real ou
saída de amplificador) com uma carga de 50 Ω (uma ante-
complexo, com apenas dois componentes reativos. O ca-
na) a uma frequência de 10 MHz. Encontramos QEL ⫽ 4,36
samento resultante é perfeito apenas em uma única fre-
e, escolhendo um indutor em paralelo na entrada, Lparalelo
quência, mas “suficientemente bom” ao longo de alguma
⫽ 3,65 μH e Csérie ⫽ 73 pF (Figura H.14). O Q da rede
banda modesta de frequências. Isto pode ser considerado
acoplada resultante é igual a QEL/2, mais ou menos Q ≈
uma alternativa ao casamento de transformadores (banda
2; sua largura de banda é, portanto, cerca de 50% entre os
larga), com flexibilidade consideravelmente maior nas im-
pontos de meia potência, embora o casamento seja perfeito
pedâncias alvo. Vale a pena notar que um casamento sem
apenas na frequência central. Note que o Q aumenta com
perdas entre impedâncias que não são puramente reais (ou
o aumento da relação de impedância, e que você não tem
seja, que têm um componente reativo) será sempre de ban-
nenhum controle sobre ele. A rede se torna um filtro de
da estreita.
banda estreita para relações de transformação de impedân-
A rede de casamento reativo mais simples é uma rede
cia muito grande.
L com um indutor e um capacitor (Figura H.13). Você pode
Se você quer um Q maior, pode obtê-lo através da adi-
escolher o indutor ou capacitor como o elemento em para-
ção de outro componente reativo, para formar uma rede Pi
lelo, mas a rede deve ter a reatância em paralelo localizada
(ou T). Você pode pensar nisso como um par de redes L, indo
em frente à porta com a maior impedância. O procedimento
para uma impedância intermediária que é muito mais baixa
de projeto é simples, e está muito bem motivado e explicado
(ou superior) do que qualquer impedância de porta. Cada se-
em Hagen (veja o Apêndice N). Isso equivale a escolher a
ção L, então, tem uma relação de impedância maior do que a
reatância em paralelo para produzir (em combinação com a
maior impedância de porta Ralta) a menor resistência correta
Rbaixa como a sua parte real, usando em seguida a reatância
em série para cancelar a reatância resultante.
O procedimento é assim.
1. Calcule a quantidade

FIGURA H.14 Exemplo de rede sem perda para casar uma


(Este será o dobro do valor real de Q, ou de seletivida- impedância de fonte de 1 kΩ com uma carga de 50 Ω em uma
de de frequência, da rede de casamento). frequência central de 10 MHz.

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1126 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

transformação final, portanto, o valor de Q maior. Você pode +Vin


pensar que uma largura de banda estreita é ruim, mas na ver- Lcarga
dade muitas vezes é desejável em circuitos de comunicação, substitui um resistor
onde você deseja suprimir a energia do sinal fora da banda.
Alternativamente, você pode obter um Q mais baixo do L L L
que uma rede L simples lhe dá conectando em cascata um par
de Ls – um “duplo L.” Aqui, a transformação de impedância
C C C
é feita em dois passos – cada relação de seção é menor do que
a relação final, portanto, um Q menor.
disparo Tiratron
(chave)
H.3 LINHAS DE ATRASO DE ELEMENTO
transformador
CONCENTRADO E REDES DE FORMAÇÃO DE de pulso
PULSO FIGURA H.16 Rede de formação de pulso para a produção
A linha de transmissão contínua com capacitância e indu- de um pulso de alta tensão de alta energia. O tiratron é um tipo
tância por unidade de comprimento de L/l e C/I, respectiva- especial de válvula, projetado para comutação de tensões mui-
to altas e altas correntes (dezenas de kV, milhares de amperes:
mente, pode ser aproximada por uma matriz de N indutores
dezenas de megawatts!). O fragmento indutor-diodo mostrado é
discretos em série L e capacitores shunt C (Figura H.15). É uma maneira de implementar uma “carga ressonante” eficiente
fácil de mostrar que o circuito resultante se aproxima de uma de um capacitor a partir de uma tensão CC fixa.
linha de transmissão cujo tempo de propagação por elemen-
to é e cuja impedância é o tempo de
propagação total é
Você pode fazer uma linha de atraso desta forma, apro- Linhas de atraso concentradas são úteis como redes
ximando uma linha de transmissão longa. Grosso modo, tal de formação de pulsos, tal como mostrado na Figura H.16.
aproximação discreta para uma linha de transmissão contínua Aqui, a capacitância em paralelo de um conjunto de seções
irá preservar os detalhes da forma de onda apenas nas escalas de atraso LC é levada a uma tensão positiva alta; em segui-
de tempo abaixo de μi, ou 1/N do tempo total de propagação. da, o “condutor central” do coaxial equivalente é ligado ao
Por exemplo, uma linha de atraso concentrado de 1 μs com terra com um elemento de comutação de alta tensão, como
20 seções LC vai consumir detalhes mais curtos do que cerca uma válvula tiratron. O terminal comum (análogo à “blin-
de 50 ns. É um filtro passa-baixas que atenua frequências aci- dagem” do cabo coaxial), em seguida, produz um pulso de
ma de tensão negativa, de duração igual a duas vezes o tempo de
Linhas de atraso de elementos concentrados foram atraso de propagação da linha; a impedância da fonte é exa-
usadas nos primeiros osciloscópios analógicos para dar tamente a da linha de atraso. Isso pode acionar uma carga
tempo para a varredura começar antes de o sinal (em atraso) diretamente; muitas vezes é convertido para uma amplitude
atingir o circuito de deflexão; isto permite que você veja o diferente (e talvez polaridade oposta) com um transforma-
evento de disparo (e um pouco antes). Osciloscópios analó- dor de pulso, como mostrado. Redes de formação de pulsos
gicos posteriores usaram comprimentos de uma linha heli- encontram utilização em radares e outras aplicações em
coidal coaxial condutora para a mesma finalidade. Dê uma que a tensão e/ou a duração de pulso sejam inconvenientes
olhada na Seção H.4.3 para saber um pouco mais sobre essa para serem produzidas com o circuito de linha de transmis-
fascinante aplicação. são análogo.
É mostrado também neste diagrama o método de
“carga ressonante”, no qual um indutor Lcarga somado a
um diodo substituem o resistor de carga convencional com
a finalidade de carregar um capacitor Ctotal (os N capaci-
tores em paralelo). Isso tem várias vantagens: (a) a carga
não perde energia, enquanto que a carga resistiva desper-
diça exatamente 50%; (b) ela está completa depois de um
tempo igual à metade do período do circuito ressonante for-
mado por Lcarga e Ctotal; e (c), ele carrega o(s) capacitor(es)
com o dobro da tensão de alimentação. A carga ressonante
é uma técnica inteligente, e é usada também em conversores
FIGURA H.15 Linhas de atraso de elementos concentrados
formada com um arranjo de capacitores e indutores de valores e fontes de alimentação comutados, circuitos de lâmpada de
iguais. flash, entre outros.

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Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância 1127

H.4 EPÍLOGO: DERIVAÇÃO EM ESCADA DA em que a última etapa mantivemos somente o primeiro termo
IMPEDÂNCIA CARACTERÍSTICA da expansão binomial, ou seja, 1/(1 ⫹ ε) ⫽ 1 ⫺ ε.
O segundo termo desaparece quando
Num curso formal sobre “ondas” você está sujeito a uma aná- que é a fórmula para a impedância característica da linha de
lise que utiliza as equações de Maxwell para derivar a relação transmissão. Mas... não tão rápido – esse termo teria desapa-
entre o deslocamento dos campos e , a partir dos quais se- recido de qualquer maneira conforme δx → 0 no entanto, a
gue a relação entre a tensão e a corrente e, portanto, a impedân- nossa linha de transmissão teria desaparecido também! O que
cia. Como um bônus, você obtém a capacitância e indutância precisamos fazer é incluir os termos binomiais de próxima
por unidade de comprimento, e a velocidade de propagação. ordem, e ver o que acontece quando deixamos δx ir para zero,
Mas há uma forma de “circuito” interessante para con- mantendo o comprimento total da linha l constante; o número
vencer você mesmo que uma linha de transmissão devida- de seções, em seguida, aumenta, conforme N⫽l/δx.
mente terminada parece com uma resistência pura (de valor Você pode fazer os cálculos. Você verá que os próxi-
igual à sua “impedância característica”, por exemplo, 50 Ω): mos dois termos adicionam contribuições9 de ordem δx2 e
o seu modelamento com uma escada LC discreta (Figura δx3, fazendo Z1 aparecer como
H.17), que consiste em pequenos incrementos de compri-
mento δx, cada um tendo uma indutância em série e
uma capacitância shunt em que e são a indutân-
cia e capacitância por unidade de comprimento da linha coa-
e assim, conectando em cascata N dessas seções (em que
xial. Existem l/δx destes em todo o comprimento I da linha.
N⫽l/δx), com a condição os termos de ordem
superior desaparecem como e (para as partes
H.4.1 Primeiro Método: Linha Terminada real e imaginária, respectivamente) conforme As-
sim, a impedância de entrada de uma linha de transmissão de
Começamos8 por escrever a impedância olhando para a últi- comprimento I, terminada em sua impedância característica
ma seção de uma linha terminada (Z1 na Figura H.17), o que (resistência) R0, é pura e resistiva e igual a R0.
nos dará uma condição na relação para que Z1 seja,
aproximadamente, igual a R0. Então veremos que a impedân-
cia Zin olhando para toda a escada converge exatamente para H.4.2 Segundo Método: Linha Semi-Infinita
R0 conforme convertemos a aproximação da escada discreta
Aqui está um método inteligente10 que não requer apro-
para uma linha de transmissão contínua, tomando o limite
ximação ou preocupações sobre a convergência. A ideia é
conforme δx tende para zero.
olhar para uma extremidade de uma linha de transmissão
Vamos fazer isso. Z1 é apenas a impedância de
de elementos concentrados que se estende até ao infini-
em série com a impedância em paralelo de R0 e
to (Figura H.18), notando que ele se parece exatamente o
mesmo se deslocarmos um passo à direita. Então, chaman-
do a impedância (complexa) de entrada Z0, temos, sim-
plesmente,

Z0 também Z0

L L L L para ∞

C C C C

FIGURA H.18 Modelo de escada LC semi-infinita se torna em


FIGURA H.17 Modelo de escada LC de uma linha de trans- um cálculo simples.
missão de comprimento I. Estamos interessados em última aná-
lise no limite δx → 0 onde o número de seções N⫽l/δx → ∞.

9 Elessão se você quiser verificar a sua ma-


8 Estetratamento foi inspirado por Radio Frequency Electronics de Hagen: temática (ou a nossa!).
ver Apêndice P. 10 Sugerida a nós por Jene Golovchenko.

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1128 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

ajustes do
capacitor

indutores

placas de
deflexão
vertical

FIGURA H.19 Osciloscópios analógicos usaram linhas de atraso no caminho do sinal, para que você pudesse ver o evento de dis-
paro. O antigo tubo de vácuo de 1959 545A da Tektronix (à esquerda) tinha uma largura de banda de 30 MHz, e utilizava uma linha de
atraso de 200 ns de elementos concentrados nos dois canais que consistia de 50 pares de indutores e 50 capacitores trimmer (ajus-
táveis!); (Figura H.20); o antigo osciloscópio 2213 de estado sólido de 1982 (direita) tinha 60 MHz de largura de banda, e utilizava um
comprimento de cabo coaxial espiral de 2,5 m para a sua linha de retardo de 100 ns.

Multiplicando pelo denominador do último termo e reorgani- cabo; presumivelmente, eles também sentiram alguma satis-
zando os termos, obtemos uma equação quadrática para Z0: fação em explorar a teoria que aprenderam em um curso de
eletrônica que tinham feito anos antes.12 Os osciloscópios
analógicos posteriores substituíram a linha de atraso de ele-
mentos concentrados por uma linha de atraso coaxial inte-
com a solução ligentemente projetada com um par de condutores internos
em espiral; sua indutância maior por unidade de compri-
mento aumentou o atraso.13 do sinal e, felizmente, aumen-
tou a impedância característica também. A foto mostra um
exemplo, onde o cabo foi colocado em um espaço vazio na
Agora, para o golpe de misericórdia: deixamos os segmentos
parte traseira, convenientemente enrolado sobre o CRT.14
individuais encolher em direção a zero, mantendo o compri-
A Figura H.21 revela os segredos internos desta elegante
mento da linha completo. Os Ls e Cs individuais vão para
linha de atraso de par diferencial, cujo “condutor central”
zero, mas sua relação permanece constante. Apenas o termo
helicoidal contra-enrolado de forma entrecruzada produz
4L/C sobrevive, dando-nos a impedância (real)
um atraso de 3,6 ns/m. E a Figura H.22 mostra o atraso ob-
Sem aproximações!
servado quando a forma de onda do par de pulsos triangular
diferencial, lançado numa das extremidades, é recebida na
H.4.3 Pós-Escrito: Linhas de Atraso de Elementos outra extremidade.
Concentrados
12
Os projetistas inteligentes de osciloscópios analógicos, vol- Os capacitores na linha de atraso de elementos concentrados da Figura
tando na idade das trevas da eletrônica, encontraram uma H.19 são, de fato, conectados ao ponto médio de cada indutor, tal como pode
ser visto no esquema oficial da Figura H.20. Acontece que esta é uma imple-
maneira de obter o traço horizontal antes do evento de dis- mentação mais eficiente de uma linha concentrada finita, como nos explicou
paro, ou seja, atrasando o sinal exibido em ∼100 ns, usando durante um jantar de conversa interessante e cozinha persa por Larry Baxter
uma linha de atraso.11 Os projetistas dos primeiros oscilos- (“Mr. Capacitive Sensors”; veja o livro com o mesmo nome).
cópios de tubo vácuo (como o lendário 545A da Tektronix) 13 Por um fator de πnD, aproximadamente, onde n é o número de voltas por

usou uma linha de transmissão de elementos concentrados unidade de comprimento e D é o diâmetro da espiral. Uma vez que o passo
como a da Figura H.19 para alcançar o atraso (200 ns, neste largo da espiral está intimamente envolvida pela blindagem, você pode pensar
o sinal como se propagando em forma de saca-rolhas ao longo da espiral;
caso) que de outra forma teria exigido mais do que 30 m de
essa aproximação dá então essa expressão simples, sem necessidade de cal-
cular a indutância e capacitância por unidade de comprimento.
11 Osciloscópios digitais contornam esse problema usando memória digital 14 Este é um tubo de raios catódicos, para os nascidos no milênio anterior, e,

para armazenar algumas amostras pré-disparo digitalizadas. assim, privados da oportunidade de admirar um.

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DO AMPLIFICADOR VERTICAL
Apêndice H

PARA A
PLACA DE
DEFLEXÃO
INFERIOR

PARA A
PLACA DE
DEFLEXÃO
SUPERIOR

OSCILOSCÓPIO TIPO 545 REDE DA LINHA DE ATRASO

FIGURA H.20 Trabalhando duro para alcançar a perfeição: a Tektronix usou cinquenta pares de indutores e cinquenta trimmers para a linha de atraso do seu osciloscópio 545
Linhas de transmissão e casamento de impedância

(ilustrado na Figura H.19) dos anos de 1950. Reproduzido com a permissão da Tektronix Inc.
1129

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1130 Apêndice H Linhas de transmissão e casamento de impedância

entrada

saída
FIGURA H.21 Retiramos a carcaça do 2213 da Tektronix de
Brian Shaban e, depois de desmontar um pouco mais, veja o
que encontramos dentro! Medimos um atraso de 100 ns, e uma
impedância diferencial de 1550 Ω, para o cabo de 2,6 m que foi
usado neste osciloscópio. A hélice contra-enrolada consiste em FIGURA H.22 Lançamos esta forma de onda analógica no
dois fios isolados de 0,05 mm2, com um passo de 1,125 milíme- cabo da Figura H.21 para ver o atraso do sinal de ~95 ns. O si-
tros e um diâmetro médio de 2 milímetros, isolados a partir da nal atrasado é de boa fidelidade, com uma largura de banda de
malha de blindagem em torno de 3,25 mm de diâmetro interno. sinal de teste um pouco maior do que os 60 MHz do osciloscó-
pio. Vertical: 1 V/div; horizontal: 20 ns/div.

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Televisão: um tutorial compacto I
Este apêndice foi escrito a partir de um tutorial originalmente claro, a Internet – junto com os métodos de gravação, como
escrito para um público não técnico.1 Ele está organizado da videotape magnético (Betamax, VHS, D-VHS) e discos óp-
seguinte forma: ticos (Laserdisc, VideoCD, DVD,4 HD-DVD, Blu-Ray, e ou-
tros).
Televisão: Vídeo e Áudio
Combinação e Envio de Áudio ⫹ Vídeo:
Modulação l.1.1 O áudio
Gravação Em Formato Analógico Para TV Aberta ou à ¶ 3. A parte de áudio da televisão é, talvez, mais fácil de
Cabo entender, uma vez que difere pouco de técnicas de grava-
Televisão Digital: O que é? ção de som comuns. Um microfone converte as variações
Televisão Digital: TV Aberta e via Cabo de pressão acústica instantânea em um sinal elétrico; isto
Televisão Via Satélite é, ele cria como sua saída uma tensão elétrica que, em cada
Streaming de Vídeo Digital Através da Internet momento, é proporcional à pressão da onda sonora a que se
Vídeo Digital Via Cabo: Serviços Premium e Acesso Con- encontra exposto. A gravação e a transferência de áudio con-
dicional temporâneo geralmente empregam dois ou mais microfones,
Vídeo Digital Via Cabo: Vídeo Sob Demanda criando o som “estéreo” (ou seja, dois canais), ou o som mul-
Vídeo Digital Via Cabo: Radiodifusão Comutada ticanal (por exemplo, “som de 5.1 canais”).
Gravação de Televisão Digital
Dispositivos de Visualização (CRT; LCD; Plasma; OLED) ¶ 4. Tradicionalmente estes sinais foram processados,
Conexões de Vídeo (Analógico; DVI/HDMI; DisplayPort) armazenados e entregues por métodos “analógicos”, o que
significa simplesmente que os sinais foram tratados como
tensões que variavam suavemente conforme passavam pelos
I.1 TELEVISÃO: VÍDEO E ÁUDIO amplificadores, gravadores, moduladores, e assim por dian-
¶ 1. A televisão envolve o fornecimento remoto de uma te.5 A tecnologia “digital” contemporânea faz isso de manei-
imagem em movimento e som. É correto pensar no som como ra diferente: quase tão rapidamente quanto possível, o sinal
contínuo; no entanto, a imagem em movimento é capturada e, do microfone (a tensão variável que representa o som) é con-
em seguida, entregue como uma sucessão de imagens fixas, vertida para uma série de números (ele é digitalizado), e tudo
em um ritmo rápido o suficiente para que o espectador veja o que se segue é alguma forma de aritmética sobre esta tor-
uma cena em movimento contínuo.2 rente de números produzida na digitalização. Apenas na fase
final – com a reconstrução do som gravado para o ouvinte – a
¶ 2. A televisão se distingue também pela transmissão des- representação digital é convertida para uma tensão analógica
te conteúdo tipo filme para um espectador remoto. Original- e, em seguida, reproduzida no alto-falante, como a onda de
mente isso era feito exclusivamente por transmissão terrestre, pressão sonora original.
via ondas de rádio para a antena do aparelho de televisão do
espectador. Com o passar do tempo, foram acrescentados ¶ 5. Só para dar uma ideia da quantidade de números en-
outros meios de transmissão – cabo elétrico,3 fibra óptica, volvidos, na tecnologia de gravação padronizada do disco
transmissão direta por satélite por meio de micro-ondas, e, é compacto (CD) o som instantâneo é amostrado a uma velo-

4 “Digital Versatile Disc”.


1 Seguindo as convenções estilísticas desse público, os parágrafos são nume- 5 Tecnologias de gravação analógicos comuns, agora quase obsoletas, in-
rados sequencialmente.
cluem o disco de vinil (onde a forma de onda do sinal de áudio é gravada
2 Filmes em estilo cinema convencionais têm uma taxa de 24 quadros/se- como pequenos deslocamentos de uma ranhura fina) e a fita cassete de áudio
gundo; a TV nos Estados Unidos utiliza uma taxa de cerca de 30 quadros/ (em que a forma de onda do sinal de áudio é gravada como padrões de mag-
segundo. netização sobre uma fina camada de revestimento de óxido magnético sobre
3 Conhecida tecnicamente como linha de transmissão coaxial. uma fita de plástico flexível).

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1132 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

cidade de 44.100 vezes por segundo (simultaneamente em ¶ 8. Sistemas de vídeo começam com uma câmara que
ambos os canais estéreo), e cada par amostrado é convertido tem sensor eletrônico (análoga a uma câmera digital) e que
(“digitalizado”) para um número binário de 16 bits.6 Assim, converte a cena em cores bidimensional neste sensor em
os bits são fornecidos a uma taxa de 2 ⫻ 44.100 ⫻ 16 ⫽ uma sucessão de quadros, cada uma das quais representa a
1.411.200 bits por segundo, ou cerca de 100 milhões de bits imagem nesses instantes sucessivos (para a TV dos EUA,
por minuto.7 a taxa é de aproximadamente 30 quadros por segundo). Na
televisão analógica tradicional, a imagem bidimensional é
¶ 6. Pode-se perguntar por que alguém em sã consciência convertida num sinal elétrico pelo seguinte método: imagine
iria querer lidar com tal quantidade de números quando a um único quadro, isto é, uma imagem parada. Para mantê-lo
representação analógica original do som seria muito mais simples, imagine ainda que é monocromático; isto é, “preto
simples – apenas um par de tensões que variam no máximo, e branco”.11 Começamos no canto superior esquerdo e mo-
20.000 vezes por segundo.8 São várias as razões, mas elas se vemo-nos horizontalmente através da imagem, gerando uma
resumem à facilidade contemporânea e economia do proces- tensão elétrica proporcional ao brilho em cada ponto à medi-
samento digital, combinada com a maior eficiência e qua- da que passamos por eles. Quando chegamos à margem do
lidade de armazenamento e transmissão de áudio (e vídeo) lado direito, saltamos de volta para a margem esquerda, con-
devidamente digitalizados. Para ter uma noção dessas vanta- tinuando com outro caminho horizontal, ligeiramente abaixo
gens, basta verificar as belíssimas imagens transmitidas dia- do primeiro. Veja a Figura I.1. Continuamos desta forma até
riamente das sondas planetárias que visitam Marte e Saturno chegar ao canto inferior direito, momento em que termina-
– imagens livres de “neve” e outros artefatos adicionados à mos de varrer todo o quadro uma vez, que é conhecido como
transmissão analógica pelos inevitáveis efeitos de interferên- padrão raster (“grade” em alemão).12
cia elétrica – e veremos os benefícios da transmissão digital
livre de erros. E, para ter uma noção da densidade do arma- ¶ 9. O que fazemos, então, é gerar uma representação
zenamento digital, notamos que um disco óptico contempo- elétrica, com o tempo (uma tensão variável proporcional à
râneo de 5 polegadas (dupla camada de discos Blu-ray) tem luminosidade em cada ponto da imagem) de uma imagem
80 horas de áudio com qualidade de CD, ou dez vezes esse bidimensional única; ou seja, convertemos uma imagem bi-
valor se modestamente “comprimido”, em comparação com dimensional em uma tensão de saída unidimensional. Veja a
o armazenamento de meia hora de áudio analógico nos LPs Figura I.2.
de vinil do passado.9

l.1.2 O vídeo
¶ 7. O vídeo é de longe a parte mais complicada da tele-
visão. O desafio é reproduzir uma cena com movimento, na
cor, preservando a fidelidade e a ausência de artefatos ade-
quada. E isso deve ser feito dentro dos recursos dos canais
de armazenamento e entrega – isto é, com o armazenamen-
to e velocidade em disco finitos, e com largura de banda
(bandwidth)10 de transmissão finita (via torre de transmissão,
cabo, Internet ou satélite).

6 Isto é, um número que varia de ⫺32.768 a ⫹32.767, que delimita a faixa

“de fundo de escala” do som gravado. FIGURA I.1 A imagem bidimensional estática é “varrida” para
7A taxa de bits gravada é aproximadamente o triplo deste valor por causa da criar uma forma de onda de vídeo (Figura l.2) que representa a
codificação, redundância de correção de erros e similares. intensidade ao longo das linhas de varredura.
8 Ou 20 kHz, o limite superior do ouvido humano.
9E um contemporâneo disco rígido magnético de 3” e 3 terabytes que você
pode segurar em sua mão detém ainda um outro fator de 60, ou 50.000 horas 11 Ou, mais precisamente, em tons de cinza.
de excelente qualidade (128 kbps AAC) de áudio estéreo comprimido: que 12 A televisão de definição padrão tradicional (SDTV, usualmente chamado
corresponde a 15 anos de 40 horas por semana de música! de “NTSC,” para National Television System Committee, remonta à década de
10 Largura de banda é a faixa de frequências que podem ser transportadas no 1940) nos Estados Unidos divide a imagem inteira em 480 linhas horizontais
cabo ou outro meio de transmissão. É tecnicamente certo pensar nisto, por ao longo de cada uma das quais cerca de 640 recursos (elementos de imagem,
exemplo, como a faixa de estações no seletor do rádio que pode ser transpor- ou pixels) poderiam ser processados: um usuário de computador não ficaria
tada com fidelidade por um único cabo elétrico (ou outro meio). O termo é muito impressionado – ele diria que a televisão padrão NTSC tem apenas a
por vezes usado livremente para se referir à taxa de transferência de dados. resolução “VGA” (ou seja, 640x480).

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1133

nuvem árvores
branca escuras
branco
céu
azul
em cores
preto

100 101 branco

pulso de sincronismo

monocromático
FIGURA I.2 Uma porção da forma de onda de vídeo a partir preto
(“preto e
da Figura l.1, que representa uma das 240 linhas de varredura branco”) rajada
horizontal. de cor sincro-
nismo
1 linha horizontal (63,5 μs) típico

¶ 10. Esta tensão variável no tempo é chamada sinal de ví- FIGURA I.3 Sinal de vídeo analógico composto de uma linha
deo, e é o primeiro passo na criação de uma imagem de tele- horizontal, emoldurado por pulsos de sincronização horizontal.
visão. Na televisão analógica NTSC tradicional, este sinal foi O brilho (“luminância”) é representado pela sua amplitude. A cor
transmitido por métodos analógicos, depois de um processo é acomodada pela adição de uma subportadora de “crominân-
chamado modulação (mais tarde), e foi recuperado e utiliza- cia” de 3,58 MHz, cuja amplitude representa o grau de satura-
do pelo aparelho de televisão para pintar a imagem na tela, ção e cuja fase codifica as cores.
realizando a mesma varredura de grade (esquerda para a di-
reita, de cima para baixo). Cada quadro segue na sequência,
fim do primeiras linhas
apresentando uma sucessão de 30 fotos por segundo na tela retraço vertical (topo da tela)
de visualização do aparelho de televisão.13

¶ 11. Para completar o sinal de vídeo, é necessário adi-


cionar alguma informação de sincronização, de modo que o
aparelho de televisão sabe quando começar a pintar um qua-
dro, e também quando cada linha horizontal é iniciada. Na
televisão tradicional NTSC isso é feito através da adição de
um pulso de sincronismo horizontal no início de cada linha
horizontal, que é apenas um curto14 pulso de tensão que,
se fosse no meio de uma imagem, seria interpretada como”
mais preto do que o preto “. Veja a Figura I.3. O aparelho últimas linhas (parte de baixo da tela)
início do
retraço vertical
de televisão detecta estes pulsos e os usa para sincronizar a
sua varredura em cada linha. Da mesma forma, um pulso de FIGURA I.4 O retrato vertical (início de um novo campo) é
sincronização vertical único é transmitido para cada cam- sinalizado por um conjunto de pulsos de sincronismo sob medi-
po que informa ao aparelho de televisão quando retornar da, o primeiro e o último dos quais são mostrados aqui.
ao topo para começar a pintar o próximo campo ou quadro
(veja a Figura I.4). O sinal de imagem de vídeo completo,
com seus pulsos de sincronização acrescentados, é chamado I.2 COMBINANDO E ENVIANDO ÁUDIO E VÍDEO:
de vídeo composto. MODULAÇÃO
¶ 12. Continuando para o momento com a televisão tradi-
cional NTSC (em oposição a televisão digital, cujos padrões
13 Para complicar as coisas, NTSC usa um método conhecido como entre- são conhecidos como ATSC, definida pelo Advanced Televi-
laçamento, em que uma grade entrelaçada – que omite alternadamente as sion System Committee, e que será explicado mais adiante),
linhas horizontais – é realizada ao dobro da taxa. Assim, na televisão padrão
NTSC dos Estados Unidos, o espectador vê 60 imagens (“campos”) por
o vídeo composto, juntamente com o áudio, deve ser agora
segundo, cada um dos quais tem apenas 240 linhas horizontais; dois desses enviado, via torre de transmissão ou cabo, para o espectador
campos, com suas linhas entrelaçadas, formam um quadro completo de 480 em casa. Ingenuamente se poderia pensar em simplesmente
linhas. Isso às vezes é chamado de formato “480i”, para distingui-lo dos transmitir esses sinais “como estão”. No entanto, isto não é
formatos com maior resolução (por exemplo, TV Alta Definição, HDTV, feito por pelo menos duas razões: em primeiro lugar, se os
com 720 linhas ou 1080 linhas, ou “4K Ultra HDTV”, com 2160 linhas),
ou daqueles sem entrelaçamento (que são conhecidos como progressivo,
sinais de vídeo composto fossem transmitidos diretamente,
por exemplo, 720p). então quaisquer dois sinais de televisão iriam se sobrepor
14 Cerca de 4,5 milionésimos de segundo. e obstruir o outro (porque iriam todos compartilhar a mes-

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1134 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

ma banda de frequência, ou seja, do sinal de vídeo não pro- de Nova Iorque, a eletrônica do aparelho de televisão sele-
cessado em si); em segundo lugar, alguns comprimentos de cionava a estação de transmissão em 210 MHz (atribuído
onda são mais convenientemente gerados e propagados do pelo FCC como Canal 13), ou seja, WNET. A eletrônica no
que outros. Por estas razões, o conteúdo de áudio e vídeo aparelho demodulava o sinal recebido, recuperando o si-
de sinais de televisão (e, de fato, todas as comunicações e nal de vídeo composto e áudio. O vídeo, com seus sinais
sinais de transmissão) em vez disso são utilizados para variar de sincronização incorporados, é usado para pintar a tela,
algum aspecto de uma onda “portadora”, escolhida em al- quadro a quadro, enquanto o áudio é enviado para os alto-
gum comprimento de onda específico. Esse comprimento de -falantes.17
onda da portadora (ou, equivalentemente, frequência) define
o “canal”; e o processo de “imprimir” a informação (vídeo e ¶ 16. Televisão de radiodifusão (e rádio) ocorre sobre o que
áudio) sobre a onda portadora é conhecido como modulação. é muitas vezes chamado de “ondas públicas.” Alguém só pre-
cisa de um aparelho de televisão (ou de rádio) e uma antena
¶ 13. Estações de rádio usam a mesma técnica: estações para receber essas transmissões públicas vindas pelo ar (OTA
AM variam a força (amplitude) da portadora (por isso “mo- – over-the-air). Embora alguns países exijam licenciamento
dulação de amplitude”), enquanto que as estações de FM de aparelhos de recepção (rádios e aparelhos de televisão),
variam a frequência (“modulação de frequência”). A própria nos Estados Unidos, os serviços de transmissão estão dis-
frequência da portadora define o canal: nos EUA, às esta- poníveis a qualquer um dentro do alcance de uma torre de
ções AM são atribuídas as frequências portadoras entre 520 transmissão.
e 1710 quilohertz (kHz, milhares de ciclos por segundo), en-
quanto que para as FM é atribuída a banda de portadoras de ¶ 17. Dependendo da distância e do caminho da estação
88 a 108 megahertz (MHz, milhões de ciclos por segundo). de transmissão para o telespectador, a “antena” pode ser tão
Nos EUA, a televisão aberta começa em 54 MHz (canal 2), simples como uma “gravata borboleta” interna ou um par de
e termina em 698 MHz (canal 51), com espaços para FM, “orelhas de coelho”, ou tão elaborada como uma estrutura
aeronáutica e outros serviços.15 de vários elementos montada no telhado. Seja qual for a sua
forma, a função da antena é criar um sinal elétrico na linha de
¶ 14. Quando a informação (vídeo, por exemplo) é modu- alimentação, induzido pela passagem do sinal de transmissão
lada sobre uma portadora, o sinal resultante se espalha e ocu- que se desloca na velocidade da luz pelo local da antena. An-
pa uma pequena banda de frequências. Por exemplo, quando tenas de recepção destinadas a televisão aberta são projeta-
uma estação FM varia a frequência de sua portadora desig- dos para funcionar em toda a faixa de frequências utilizadas
nada para transportar o seu sinal de áudio, o sinal resultante pelas emissoras (veja ¶13); assim, o sinal elétrico entregue
ocupa cerca de 150 kHz. Assim, canais para estações FM são ao aparelho de televisão inclui várias estações, e é o trabalho
atribuídos separados por 200 kHz (para permitir uma “banda do sintonizador de TV selecionar e processar o canal a ser
de guarda” de 50 kHz, além de seu sinal de 150 kHz) -- e é visualizado.
por isso que as frequências de emissoras FM sempre termi-
nam em um número ímpar após o ponto decimal (por exem- ¶ 18. A televisão via cabo envia sinais de canais de TV
plo WNYC de Nova York está em 93,9 MHz), garantindo um analógicos tradicionais quase exatamente da mesma maneira
espaçamento mínimo de 0,2 MHz (⫽ 200kHz). que na radiodifusão. Uma diferença evidente, no entanto, é
que os sinais canalizados são recebidos na extremidade da re-
¶ 15. A transmissão de TV analógica NTSC padrão uti- cepção a partir de um cabo coaxial (em vez de recebidos pela
lizava uma variante do AM para o sinal de imagem (vídeo antena de televisão do espectador), e, em seguida, conectados
composto) e, separadamente, FM para o sinal de áudio.16 ao aparelho de televisão diretamente (ou seja, no conector de
Os canais atribuídos eram espaçados por 6 MHz, sendo que antena normal, na parte de trás). Alternativamente, para ser-
era permitido a cada estação ocupar quase esse montante, viços de cabo adicionais (como os canais premium), o cabo
deixando uma banda de guarda pequena. Os televisores “sa- de entrada se conecta a um “set-top box” (STB) fornecido
biam” as frequências atribuídas para cada canal e sintoni- pela empresa de cabo, cuja saída é conectada ao aparelho de
zavam a frequência correta quando o usuário escolhia o nú- televisão do espectador (ou monitor de tela plana, projetor,
mero do canal. Por exemplo, se (durante a era analógica de etc.; veja ¶56ff).18 As frequências dos canais também são um
televisão) alguém sintonizava o Canal 13 na área da cidade
17 Nesta introdução ignoramos detalhes associados com a reprodução de cor

(versus preto e branco).


15 Você pode baixar uma figura colorida de alocação do espectro do tama- 18 Para melhor qualidade de imagem, a última conexão geralmente não é fei-
nho de uma parede a partir de http://www.ntia.doc.gov/files/ntia/publicações/ ta na entrada de antena do aparelho (denominada “RF”, para frequência de
spectrum_wall_chart_aug2011.pdf. rádio, o que significa os canais modulados discutido acima, em ¶12 a ¶15),
16 Istoé, os sinais de imagem e som são transportados simultaneamente em mas nas entradas de áudio e vídeo especiais, com nomes como s-vídeo, vídeo
um par de frequências de portadoras designadas dentro do único canal de componente, vídeo composto, DVI, ou HDMI; veja ¶64ff. O último par são
televisão atribuído. conexões digitais, discutidos abaixo em conexão com TV digital.

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1135

pouco diferentes: os canais de 2 a 13 continuam usados para a cabo. Ela permite a entrega de conteúdo de alta definição,
transmissão terrestre, mas os canais restantes são deslocados com mais de 480 linhas de NTSC (até 1080 linhas, com a
para eliminar as lacunas; isto pode ser feito porque o cabo é melhor qualidade suportada atualmente). Finalmente, ela for-
um “mundo privado”, isolado de modo a não interferir em, nece uma maneira natural de gravar para ver depois, pausar
ou sofrer interferência de, outros serviços de transmissão. ou reproduzir programas ao vivo, pelo armazenamento em
disco rígido do tipo usado em computador.
¶ 19. Uma terceira diferença é que uma parte do conteúdo
do cabo é entregue como uma assinatura, para que o espec- ¶ 22. A transmissão analógica foi “aposentada” nos Esta-
tador pague os custos adicionais; exemplos são serviços pre- dos Unidos em junho de 2009, e toda a entrega de transmis-
mium, como a Home Box Office (HBO). Estes exigem algum são de televisão agora é feito por métodos digitais (mais a se-
método para permitir ou negar a visualização de canais ou guir). Este processo de conversão para digital está ocorrendo
programas selecionados. Continuando para o momento com em todo o mundo e provavelmente será concluído em 2020
cabo analógico (cujos dias estão contados!), isso pode ser ou até antes.
feito de várias maneiras: a mais simples é pela instalação de
filtros (para bloquear frequências de canal de não assinan-
tes) no poste da concessionária de energia, onde o cabo do I.3 GRAVAÇÃO EM FORMATO ANALÓGICO DA TV
assinante se separa do tronco que segue ao longo da rua;19 DE RADIODIFUSÃO OU CABO
Um método mais sofisticado envolve embaralhamento (co- ¶ 23. A gravação de vídeo era complexa e onerosa (e,
dificação) dos sinais analógicos de programas de assinatu- portanto, confinada aos estúdios de transmissão) até 1975,
ras transmitidos pelo cabo,20 e, em seguida, configurando o quando os dispositivos de gravação vídeo domésticos fo-
STB (via comunicação digital do provedor de cabo ao STB ram introduzidos nos EUA pela Sony (“Betamax”) e suas
do assinante) de acordo com os programas que podem ser concorrentes (“VHS”, para video home system). Estes dis-
decodificados. positivos replicam o estágio de entrada de um aparelho de
¶ 20. É interessante notar que as empresas de cabo têm sido televisão, para recuperar vídeo e áudio a partir do sinal de
obrigadas a transmitir no cabo os canais abertos na sua área, entrada (radiodifusão ou cabo), e usar um arranjo inteligente
normalmente como canais de cabo analógico.21 Cada progra- de um cabeçote de fita girante22 para capturar na fita mag-
ma ocupa um canal (frequência) do cabo. No entanto, eles nética uma réplica razoável de um programa de televisão
podem distribuir serviços adicionais pelos métodos digitais analógica NTSC. Essa técnica é totalmente analógica (sem
(“cabo digital”) em canais (frequências) adicionais, que os digitalização, sem números) e grava apenas em uma mídia
assinantes preferem; isso porque, com os métodos digitais, de fita de vídeo especial (nenhuma mídia de computador,
é possível transportar até dez programas de qualidade NTSC não há discos rígidos, etc.), como uma gravação magnética
(ou seja, SDTV, para a TV de definição padrão) em um único (análogo a uma gravação de fita de áudio analógico, veja a
canal. Isso é denominado multicast (multidifusão); a capaci- nota de rodapé em ¶4).
dade de transportar vários programas em um único canal (ou ¶ 24. A tecnologia do videotape foi ofuscado por alternati-
seja, frequência). E, note que um cabo pode transportar mais vas digitais, como a gravação de disco óptico (mais famo-
de 100 tais portadoras – permitindo mais de 1.000 programas sa na forma de DVDs e discos Blu-Ray, vendido ora com
simultâneos. conteúdo pré-gravado ou gravado com um gravador de dis-
¶ 21. Visualizando alguma característica adicional da tele- co), que cria uma cópia permanente do material de vídeo;
visão digital: TV a cabo digital permite assinaturas flexíveis, ou através da gravação para uma unidade de disco rígido
com um programa que está sendo autorizado instantanea- (HDD) do tipo usado em computador, onde a cópia de vídeo
mente (por exemplo, pay-per-view, ou video-on-demand). é armazenada como um arquivo de computador. Estes mé-
Ela também fornece um mecanismo natural de proteção de todos digitais exigem que o material do programa seja con-
conteúdo por meio de criptografia. Ela permite a participação vertido da forma analógica para a digital, se já não estiver
interativa, através de um canal de retorno para o provedor de neste formato. (Isto é feito internamente e automaticamente
em dispositivos como TiVo® e outros gravadores de vídeo
pessoais.) A televisão digital e vídeo digital são discutidos
19 Por em seguida.
exemplo, mediante a supressão dos pulsos de sincronismo horizontal
ou invertendo o vídeo (intercâmbio de preto e branco).
20 Antigos assinantes de cabo vão se lembrar que chamavam a empresa de
cabo para adicionar um canal de filmes, logo após um caminhão da empresa
aparecia, o funcionário subia no poste para mexer com alguma coisa (a troca 22 Isto é conhecido como uma cabeça de fita “helicoidal”, que cria sucessivas
do filtro), e, pronto, os filmes estavam disponíveis! faixas inclinadas estreitas em toda a fita que se move lentamente, cada uma
21 A menos que todos os assinantes tenham STBs que podem receber o sinal mantendo um campo de vídeo. A utilização de um cabeçote de fita que se
digital. move rapidamente elimina a necessidade da fita se mover rapidamente.

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1136 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

I.4 TELEVISÃO DIGITAL: O QUE É ISSO?


¶ 25. Da mesma maneira que um sinal de áudio podem portadora
“piloto”
ser digitalizado (isto é, a sua amplitude instantânea é me-
dida, em intervalos curtos, e convertida para uma sucessão
de números), e, subsequentemente, transmitida, armazena-
da, ou processada (¶4 a ¶6, acima), é possível digitalizar
o sinal de vídeo que representa os quadros de imagem su-
cessivos. Embora alguém possa simplesmente enviar a ver-
são digitalizada do tradicional NTSC como “TV digital”,
na prática se tira proveito da enorme sutileza de processa-
mento de produtos eletrônicos digitais contemporâneas para CH 47
economizar, pela compressão do sinal de vídeo original em 666 671 676

uma pequena fração de seu tamanho original, antes de ser Frequência (MHz)
entregue. O uso de compressão, juntamente com o fato de FIGURA I.6 O Canal 47 digital, conforme visto em maio de
um sinal digital ser “apenas números”, permite a entrega de 2009, preenche a sua alocação de espectro de 6 MHz com ví-
múltiplos programas no mesmo “espaço” que transportaria deo digitalizado. Ele carrega cinco vezes mais programas, com
apenas um único sinal de vídeo (programa), tipicamente por comparável (ou melhor) qualidade de imagem.
um fator de 5 a 10.

¶ 26. Há várias razões para esta melhoria. Uma delas é a rados diretamente da antena de casa de um dos autores, em
capacidade de detectar e corrigir erros de transmissão por março de 2009, em meio à transição para o digital quando
técnicas numéricas, permitindo que se possa operar com tanto transmissões analógicas e digitais ocorriam (veja tam-
níveis de sinal recebido que estão próximos do nível do “ru- bém a Figura I.7).
ído” (a partir de interferência ou perda de sinal devido à
faixa ou obstruções); com a transmissão puramente analó- ¶ 28. A compressão visa reduzir por um fator grande (dez
gica uma grande relação sinal/ruído recebida é necessária vezes ou mais) a quantidade de números necessários para
para reduzir os efeitos visíveis do ruído (“neve”) para níveis descrever a sucessão de quadros da imagem, sem degradar
aceitáveis. significativamente a qualidade da imagem. Esta tarefa apa-
rentemente impossível tira vantagens de redundância de uma
¶ 27. Uma segunda razão é a eficiência espectral da trans- imagem em movimento, e de limitações na percepção visual
missão digital – ou, mais precisamente, a sua melhoria em humana.
comparação com a ineficiência da sinalização análoga. Isto
pode ser visto nas Figuras I.5 e I.6, um par de espectros reti-

CH 38 CH 39 CH 40 CH 41 CH 42 CH 43
portadora (ana) (dig) (ana) (dig) (ana) (dig)
de vídeo
portadora
de áudio

portadora
de cor

602 632 662


Frequência (MHz)
CH 56
720 725 730 FIGURA I.7 Um país em transição: espectro de RF dos canais
36 a 45 (cada um com 6 MHz de espectro permitido) como
Frequência
visto na nossa linha de alimentação da antena, em Cambridge,
FIGURA I.5 O espectro de largura 6 MHz do canal analógico Massachusetts, em 6 de maio de 2009. O s canais analógicos
56 em Boston, como visto em maio de 2009. A informação de 38 e 40 transportam um programa em definição padrão (SDTV),
vídeo reside nas caudas de banda lateral, enquanto que a maior enquanto que os canais digitais 39 e 41 a 43 podem transportar
parte da energia transmitida é desperdiçada nas portadoras de até cinco programas SDTV cada um (embora seja mais comum
vídeo sem informação. ver uma HDTV e um programa SDTV).

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1137

¶ 29. A compressão de vídeo digital contemporânea é um ¶ 31. A troca de qualidade de imagem por taxa de bits é
tema rico e matematicamente complexo, o resultado de um gradual, e em algum lugar no processo de decisão é feita
enorme esforço nas comunidades de matemática aplicada quanto à taxa de bits final desejada.26 A principal restrição
e engenharia elétrica ao longo das últimas décadas. Mas é imposta pelo fato de que tanto o sinal de radiodifusão de
os truques básicos são bastante fáceis de entender. O pro- TV digital quanto via cabo digital nos Estados Unidos é en-
cesso começa explorando o fato de partes de uma imagem viado em canais que estejam em conformidade com o mes-
próximas umas das outras serem semelhantes; assim pode- mo espaçamento de canal de 6 MHz que tem sido utilizado
-se codificar e enviar as diferenças (menores) de brilho e para a televisão desde os anos de 1940. Na prática (veja ¶35,
cor a partir de um conjunto de pontos de referência, em a seguir), é possível enviar cerca de 20 milhões de bits por
vez de a descrição completa de brilho e cor em cada pon- segundo (Mbps) em um canal de transmissão digital pelo ar,
to. Da mesma forma, quadros sucessivos tendem a ser se- e quase o dobro de um canal a cabo ou de satélite digital.
melhantes, por isso, pode-se definir uma coleção espaçada A taxa de bits comprimida típica para vídeo digital pelo ar
nas imagens do índice e enviar apenas as diferenças para com qualidade NTSC (SDTV) é de cerca de 4 Mbps; assim,
intervir nos quadros.23 Um outro truque explora o fato de as estações de televisão digital de radiodifusão são capazes
que a imagem muitas vezes contém objetos em movimento de combinar até 5 ou mais programas em qualidade NTSC
ou uma câmera panorâmica; por isso é eficaz calcular os em um canal. (Lembre-se que um “canal” de frequência não
“vetores de movimento”, prevendo os movimentos aproxi- é mais um “programa” único, por causa de multiplexação.
mados e, então, enviar apenas as correções (menores) dos Mais sobre isso início em ‘¶33, a seguir.) O conteúdo de
valores previstos. alta definição (HDTV) exige quase a taxa de transmissão
completa, portanto, apenas um programa HDTV pode ser
¶ 30. Esses métodos reduzem significativamente a taxa de transmitido por radiodifusão em um canal. Por outro lado,
bits necessários (quantidade de números por segundo), e eles os sistemas via cabo ou satélite, que não são restritos à com-
o fazem sem qualquer perda de qualidade de imagem – eles pressão MPEG-2, são capazes de combinar até oito progra-
são “livres de perdas.” Isso é porque a imagem digital origi- mas de HDTV em um canal quando se utiliza a eficiente co-
nal pode ser totalmente e exatamente recuperada aplicando dificação H.264/MPEG-4. A segunda revisão do padrão de
as diferenças numéricas na ordem inversa. No entanto, uma transmissão (ATSC 2.0) incorpora esses codificadores mais
maior redução de taxa de bits é desejável (e muitas vezes ne- eficientes, bem como uma série de melhorias de transporte e
cessária), e isto é conseguido por compressão com perdas. entrega que são destinadas a visualização móvel e interativa,
Esta consiste essencialmente em descartar a informação me- permitindo assim a radiodifusão pelo ar competir com servi-
nos importante da imagem (do ponto de vista psicovisual); ços disponíveis na Internet.
O compromisso é um imagem um pouco degradada (o grau
de degradação depende do grau de compressão), que, no en- ¶ 32. Vale a pena admirar as reduções de taxa de bits im-
tanto, pode ser diferente da primitiva original de modo que pressionantes que esses métodos estão alcançando: um cál-
sejam dificilmente perceptíveis para o espectador.24 A mate- culo simples27 mostra que a digitalização de um programa
mática envolve métodos com nomes como transformada cos- HDTV sem qualquer compressão produziria uma taxa de
seno discreta, quantização variável e codificação Huffman; bits de cerca de 1.000 Mbps, enquanto que os métodos de
mas a conclusão é que esses métodos permitem uma grande compressão contemporâneos reduzem este a um modesto (e
redução na taxa de bits com uma redução relativamente pe- capaz de ser entregue) 20 Mbps, uma redução de 50 vezes!
quena na qualidade da imagem percebida.25 E reduções comparáveis são rotineiramente alcançado com
SDTV.

23 Mais precisamente, são as correções de uma suposição interpolada entre


I.5 TELEVISÃO DIGITAL: TRANSMISSÃO POR
os quadros de índice (ou pontos de referência dentro de um quadro) que são
enviados. RADIODIFUSÃO E VIA CABO
24 Se tais efeitos são visíveis, eles são chamados de artefatos de compressão;
¶ 33. A radiodifusão de TV digital pelo ar e a TV digital via
estes são por vezes vistos em fotografias “jpeg” ainda mais comprimidas, cabo usam “canais” de frequência tradicionais sobre os quais
como os blocos irregulares ou o “ruído mosquito” (efeito de Gibbis) em torno
das bordas. Considerações semelhantes se aplicam a perdas de compressão
eles colocaram um fluxo de números (o vídeo comprimido
de áudio, por exemplo os arquivos de música “MP3” altamente comprimidos. descrito em ¶25 a ¶32, além do associado áudio digitaliza-
25 A receita de compressão de vídeo usado atualmente para todas as transmis-

sões de TV digital nos EUA é denominada “MPEG-2” e descrita nos docu-


26 Que pode variar, assim como alterações de conteúdo do programa. Isto é
mentos A/53 e A/54 do Advanced Television Systems Committee (veja www.
atsc.org). Um conjunto melhorado de métodos de compressão é incorporado conhecido como de taxa de bits variável, ou VBR, como distinguida da taxa
no conjunto de normas conhecido como MPEG 4; este é largamente utilizado de bits constante, ou CBR.
por serviços de cabo e de radiodifusão via satélite, bem como para vídeo 27 Taxa de bits ≈ 1080 linhas ⫻ 1920 pixels/linha ⫻ 30 quadros/segundo ⫻
através da internet. 16 bits/pixel ⫽ 995.328.000 bits/segundo.

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1138 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

do28), em vez da forma de onda analógica contínua que foi comprimento de 188 bytes e cada um pertencente a um
utilizada na televisão NTSC tradicional. Por causa das taxas programa individual. Quando vários programas são envia-
de bits econômicas produzidas por compressão, existe uma dos em um fluxo de transporte, ele é chamado de “fluxo de
capacidade adequada de um único canal de frequência via transporte de multiprograma”, ou MPTS; se for um único
cabo (ou radiodifusão) de acomodar alguns programas simul- programa, é um “fluxo de transporte de programa único”
tâneos. Isto é denominado multicast, e permite até quatro ou (SPTS). Repetindo o que foi dito anteriormente: uma emis-
cinco programas SDTV (um “multiplex”) a serem transpor- sora pode colocar cinco programas de definição padrão (ou
tados em uma única frequência de canal de radiodifusão.29 um programa HD e um SD) em MPTS de um único canal
Pode-se pensar neles como subcanais.30 de radiodifusão. Os pacotes individuais são identificados
pelo programa, e eles são intercalados no tempo (veja a Fi-
¶ 34. Para qualquer transmissão digital por radiodifusão ou gura I.8).
via cabo, o set-top box (STB) ou hardware equivalente dentro
do aparelho de televisão recebe as múltiplas frequências de Pacote PES de MPEG-2 Legenda
canais, cada um com seu multiplex de programas. O STB ou Vídeo Cabeçalho
P1
Carga Útil PES P≠ = número do programa
V = Vídeo, A = Áudio,
PES Fluxo Elementar de Vídeo
o aparelho de TV sabe as atribuições do programa dentro de N = contador_continuidade NULO

cada canal e é capaz de retirar o subcanal que o espectador


seleciona, que ele identifica, atribuindo um “número de canal
virtual.” Isso é o que o espectador escolhe – ele é exibido no
STB e na tela durante a seleção. Por exemplo, o espectador Fluxo de Transporte MPEG-2 Atual
Indica a perda de
pode selecionar HBO, que é atribuído um canal virtual (por três pacotes TS

exemplo, 82) e que pode realmente ser apenas um dos dez


programas no subcanal transportado em uma frequência de
canal do cabo digital. O STB, em seguida, captura o fluxo de
bits da HBO, decifra e decodifica sua codificação MPEG-2,
e converte para vídeo mostrado em um monitor de televisão
(ou tela plana, etc.).

¶ 35. Em mais detalhe, e na linguagem da engenharia de


televisão digital, o canal de parto (radiodifusão digital ou FIGURA I.8 Vários programas podem ser intercalados em um
cabo digital) é chamado de “fluxo de transporte”, que pode fluxo de transporte digital, como um “fluxo de transporte de
ser pensado como um canal de dados que transporta cer- multiprogramas.” Seus pacotes de vídeo e de áudio individuais
ca de 20 Mbps (radiodifusão) ou 38 Mbps (cabo) em cada são marcados com identificadores de programa (PIDs), pelo
canal de frequência.31 A especificação ATSC determina qual eles podem ser selecionados e remontados (adaptado a
que os dados colocados sobre o fluxo de transporte devem partir da Figura 7.1 do ATSC Doc A/54A, cortesia de ATSC. Re-
comenda-se que os leitores verifiquem a versão atual do padrão
ser quebrados em pequenos pacotes de dados, cada um de
ou prática recomendada disponível no site do ATSC).

28 E também algumas informações de “acesso condicional” que permita aos ¶ 36. Dito de outra forma, os vários programas que serão
assinantes legítimos descriptografar e exibir o conteúdo protegido: veja ¶47.
29 O envio por cabo é mais eficiente, e permite até dez programas SDTV em
colocados em um fluxo de transporte de multiprogramas (um
“ multiplex de programa”) são cortados em pequenos peda-
um único canal.
30 Uma vez que o cabo (ou canal de radiodifusão) tenha uma taxa de bits total ços (pacotes, cerca de 40 μs de comprimento para cabo di-
fixa, as taxas de bits de cada um dos programas que estão multiplexados deve
gital), etiquetados com identificadores exclusivos (chamado
ser ajustada de tal modo que a sua taxa de bits total combinada corresponda à de PIDs, por “identificadores de programa”), e, em seguida,
capacidade do canal. Isso é denominado preparação de taxa de bit e envolve intercalados com as peças (pacotes) de outros programas que
null padding (adição de nulos, para aumentar a taxa de bits de um progra- compartilham o mesmo fluxo de transporte. No aparelho de
ma), compressão on-the-fly (para reduzir a taxa de bits de um programa), ou
televisão ou no STB os pacotes pertencentes ao programa se-
mesmo o deslocamento de tempo do conteúdo do programa (para impedir o
alinhamento infeliz de taxas de bits de pico dos vários programas). Os paco- lecionado são identificados (“filtrado”), olhando para os seus
tes de televisão digital incluem “selos de tempo de apresentação:” por isso PIDs, e depois remontados em um único fluxo de transporte
é correto mudar as coisas um pouco à medida que fluem através dos vários de programa a serem descodificados e exibidos. Na Figura
canais digitais em seu caminho para a tela da televisão. l.8 existem dois programas (P1 e P2), cada um com vídeo
31 A disparidade tem a ver com os esquemas de modulação particulares usa- (V) e áudio (A), com os seus PIDs correspondentes (1024,
dos: para a transmissão é chamada de “8-VSB”: enquanto que o cabo utiliza
1025, 377, 378); eles são mostrados como o fluxo de multi-
o mais eficiente “256-QAM”, explorando assim as melhores propriedades de
transporte de sinal do cabo para transportar cerca de duas vezes o conteúdo programa intercalado na parte superior, e como filtrado em
de informação. seus respectivos fluxos de programa único, na parte inferior.

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1139

I.6 TELEVISÃO VIA SATÉLITE de 35 satélites estacionados34 em órbita geoestacionária. A


linha de satélites em todo o céu do sul mergulha para baixo
¶ 37. Os satélites fornecem uma alternativa para a trans- para o horizonte nas suas extremidades oriental e ocidental.35
missão de programas de televisão pelo ar ou via cabo/fibra, Em segundo lugar (e tecnologicamente mais interessante), o
e a transmissão via satélite é particularmente bem-vinda em arranjo geométrico do prato de recepção é o que é chamado
áreas não servidas por conexões de banda larga com fio. de “offset-feed paraboloid.” Ou seja, os pequenos alimenta-
Essa transmissão é conhecida também como direta para casa dores cônicos são deslocados para baixo para que eles não
(DTH – direct-to-home), radiodifusão direta por satélite bloqueiem o sinal de entrada. Isso faz com que o prato pa-
(DBS – direct broadcast satellite), ou serviço de radiodifu- reça estar apontando para cerca de 25° mais baixo do que
são por satélite (BSS – broadcast satellite services), e explo- está, assim, a explicação para os satélites, aparentemente,
ra (geralmente) satélites da constelação geoestacionária, ou “subterrâneos.” Este arranjo peculiar é usado para eliminar o
seja, na orbita equatorial de “Clarke”32 de raio 42.200 km, bloqueio do sinal de entrada pelas cornetas de alimentação, e
onde o período de um satélite corresponde ao período de ro- também para reduzir a invasão de ruído de rádio térmico que
tação da Terra de 23h56m4s.33 Tão surpreendente que possa é emitido pelo ambiente circundante – um pouco de projeto
parecer, um único satélite com um transmissor de ~100 W inteligente, que permite a transmissão direta via satélite bem-
pode oferecer meia dúzia de programas de alta definição (ou -sucedida.
30 programas de “definição padrão”) simultaneamente para
pequenas antenas parabólicas nas casas em todo os EUA ¶ 40. Os canais de RF do transponder individual são de 27
continental. Satélites de radiodifusão direta típicos são equi- MHz de largura, com até 32 destes transponders em um saté-
pados com uma dúzia ou mais de tais “transponders”, e os lite, que (com bandas de guarda) acrescenta-se a uma largu-
que recebem antenas parabólicas usam vários “feeds” (até ra de banda total de enlace de descida (downlink) de ~1.000
quatro, para DirecTV ou DISH Network) para apontar para MHz. Transponders de satélite normalmente usam desloca-
vários satélites, disponibilizando muitas centenas de progra- mento de fase (QPSK, 8PSK), com taxas de bits de enlace
mas de televisão. de descida de 40 Mbps por canal, adequada para transmitir
uma meia dúzia ou mais de programas em HD 1080i com
¶ 38. Os primeiros sistemas de DBS utilizavam um enlace a eficiente codificação H.264/MPEG-4. Os canais do trans-
de descida de 4 GHz (banda C), e exigiam grandes antenas ponder são divididos em dois grupos, um de cada polarização
parabólicas (diâmetro >3 m) e equipamentos eletrônicos de circular em cada frequência de transponder, de modo que o
RF caros. Sistemas contemporâneos operam em cerca de 12 espectro total do enlace de descida ocupado por um dado sa-
GHz (banda Ku), com antenas parabólicas ovais de recep- télite é de cerca de 500 MHz. Isto é convertido para baixo no
ção produzidas em massa (normalmente 0,6 m ⫻ 0,8 m) que LNBF para um par de bandas de FI de 500 MHz de largura,
incorporam vários amplificadores RF de baixo ruído, cada centrado em 1,2 GHz e 1,9 GHz.
um com oscilador local, misturador conversor de descida e
amplificador FI em uma unidade LNBF (low noise block- ¶ 41. Mais recursos de hardware são gastos no enlace de
-downconverter plus feed) integrada que fica no foco do subida (uplink), com pratos direcionáveis de classe de ∼10
prato parabólico. Essa é uma quantidade impressionante de m de diâmetro (Figura I.9) iluminando os pratos de recepção
hardware por 100 dólares. do enlace de subida no satélite, com potência transmitida da
ordem de centenas de watts por transponder. Pratos desse
¶ 39. Alguém pode estar intrigado com a orientação pecu- tamanho produzem diâmetros de feixe de difração limitada
liar de antenas parabólicas de casa – por que elas estão, por de cerca de 0,15° (0≈λ/D), pequeno o suficiente para evi-
vezes, apontando tão baixo para o horizonte ou até abaixo tar a iluminação de um satélite em um slot orbital ao lado,
dele? Há duas partes para a resposta: em primeiro lugar, a mas requer alguma direção ativa para manter o alinhamento
constelação de satélites geoestacionários se estende por um no satélite desejado. Provedores de transmissão direta, tais
arco no céu do sul, povoando todo o mundo com cerca de como DirecTV e DISH Network gostam de posicionar seus
200 satélites; sobre as longitudes dos EUA sozinho há cerca

34 Dificilmente “estacionados”, é claro – eles estão em órbitas equatoriais,

voando ao redor da Terra em cerca de 1.127 km por hora, para manter-se com
32 Veja “Extra-terrestrial relays – can rocket stations give world-wide radio a rotação da Terra.
coverage?” [Sir] Arthur C. Clarke, Wireless World, outubro 1945. 35 Você pode obter um bom detector do arco do satélite com aplicativos
33 Há! Você pensou que era de 24 horas. Não é assim – estamos em órbita móveis como DishPointer ou Satellite Locator: quando você apontar seu
em torno do Sol, o que acrescenta um extra de 4 minutos (1/365 parte de um smartphone para o céu ele mostrará os satélites como círculos vermelhos
dia) ao verdadeiro período de rotação da Terra (o dia sideral) para chegar brilhantes (com suas localizações) em um arco vermelho, sobreposto na
ao dia solar de 24 horas (o tempo médio do meio-dia solar para o meio-dia imagem da câmera (com árvores que obstruem. etc.) visto pelo dispositivo
solar). móvel.

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1140 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

I.7 STREAMING DE VÍDEO DIGITAL ATRAVÉS DA


INTERNET
¶ 43. Com melhorias contínuas em internet de banda larga
(ou seja, velocidade), tornou-se prático transmitir vídeo (e
áudio associado) através da mesma infraestrutura de inter-
net que serve computadores pessoais e dispositivos móveis
(celulares, tablets) com o seu e-mail, navegação na web e
assim por diante. Alguns exemplos familiares de streaming
de vídeo (fluxo de vídeo em pacotes) na internet são ser-
viços de notícias como CNN, serviços governamentais,
como a NASA TV, serviços de streaming de filmes, como
Netflix e Hulu, e serviços de ponto a ponto, como Skype.
Tal como aconteceu com transmissão por radiodifusão ou
cabo, a carga útil final é um fluxo de números que cons-
tituem o conteúdo de vídeo e áudio, em algum formato de
compressão eficiente que tira proveito de esquemas de co-
FIGURA I.9 Algumas das várias dezenas de antenas de trans- dificação sofisticados com nomes como “H.264” (também
missão nas instalações de enlace de subida da Network e da conhecidos como AVC, para advanced video coding), um
EchoStar em Cheyenne, Wyoming. dos favoritos atuais. No equipamento do espectador o con-
teúdo digital é decodificado37 para recuperar vídeo e áudio.
Para alguns serviços (por exemplo, Skype) um programa de
satélites próximos o suficiente ao longo da faixa de Clarke,
cliente dedicado deve ser instalado, enquanto que para ou-
de modo que um único prato com vários alimentadores (fee-
tros (por exemplo, NASA TV ou CNN) um navegador de
ds) pode captar os sinais do enlace de descida de vários deles;
internet padrão (como Internet Explorer, Safari ou Firefox)
por exemplo, tanto DirecTV como Dish Network oferecem
é suficiente.
um prato oval com três alimentadores, visando satélites se-
parados por 10° (atualmente nas longitudes de 110° W, 119° ¶ 44. Em comparação com a transmissão através de ra-
W e 129° W). diodifusão ou cabo, no entanto, a transmissão via Internet
dos dados de vídeo de tempo crítico apresenta alguns de-
¶ 42. Você conecta os cabos coaxiais do prato receptor a
safios. Isso é porque os dados enviados através da internet
uma set-top box (STB) (geralmente com DVR), semelhante
(via “Internet Protocol”, IP) se deslocam como pacotes
ao que é usado para a televisão por cabo, mas que é projetado
independentes de dados, cada um de tipicamente alguns
para alimentar a eletrônica do LNBF lá em cima no telhado,
milhares de bytes de comprimento, e cada um incluindo ca-
para selecionar a partir de vários alimentadores e polariza-
beçalhos que especificam o seu destino (endereço IP). Os
ções do prato, e para receber as bandas de frequência inter-
pacotes fazem o seu caminho através dos nós de múltiplas
mediária (FI) que desce do prato em um coaxial de vídeo de
conexões da Internet, e (geralmente) chegam ao seu destino.
75 Ω padrão (RG-6 quádruplo blindado, geralmente)36 Tal
Mas não existe uma via reservada para um fluxo de pacotes
como acontece com televisão via cabo, os provedores de con-
(como existe para a arquitetura de “comutação de circui-
teúdo controlam a sua programação disponível via descrip-
tos” do sistema de telefonia), e não há garantia de entrega
tografia de assinante habilitado. Os sistemas de satélites não
rápida, sequencial, livre de erros, ou, na verdade, de entrega
estão vinculados por padrões terrestres sem fio (por exemplo,
de qualquer espécie. Vários esquemas são usados para su-
codificação MPEG-2), e eles geralmente usam sistemas mais
perar estas deficiências evidentes, por exemplo, solicitando
eficientes, como MPEG-4. Quando comparado com serviços
a retransmissão de pacotes perdidos (eles são numerados)
de televisão via cabo ou fibra, a incapacidade para atingir
ou de pacotes corrompidos (que incluem revelação de erros
milhões de assinantes individualmente (juntamente com a
“checksum”). Estes funcionam bem, e um arquivo de dados
ausência de um canal de enlace de subida inverso para o sa-
que é baixado via “TCP/IP”38 é efetivamente garantido para
télite) limita as possibilidades de serviços interativos como
ser pouco perfeito.
video-on-demand.

37 Daí “codec”, uma contração de codificador-decodificador, geralmente ane-

xado ao nome do esquema de compressão, por exemplo, “o H.264 codec.”


36 Pode haver um módulo de intervenção ou dois, com nomes como “comu- 38Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), uma norma
tador” ou “nó”, para lidar com a seleção de polarizações e empilhamento de mundialmente utilizada para a transferência de dados que precisam ser trans-
bandas de FI. portados e reconstituídos sem erros.

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1141

¶ 45. Devido a essa “comutação de pacotes” desorgani- I.8.1 Cabo Digital: Video-on-Demand
zada de dados da internet, o streaming de vídeo pode sofrer
¶ 48. Como é possível fornecer material de programa es-
interrupções ou intervalos durante os quais a taxa de entrega
pecificamente para um assinante individual, por exemplo, a
média é reduzida. Por essa razão, é comum a extremida-
entrega “sob demanda” de um programa previamente trans-
de receptora armazenar (“buffer”) alguns segundos de ví-
mitido, ou de um filme, em uma rede de cabo que serve
deo além do que está sendo exibido; e se a velocidade de
uma cidade inteira?41 Esses serviços recebem nomes como
entrega da internet for inadequada (como evidenciado por
“video-on-demand” (VOD), que são possibilitados pelo fato
esvaziamento do buffer), o remetente irá reduzir a taxa de
de o provedor de cabo ser capaz de adequar os sinais trans-
dados (entregando assim vídeo de qualidade inferior). Con-
portados em seus cabos que vão para diferentes grupos de
temporaneamente a qualidade da radiodifusão de TV de
assinantes de cabo em uma área.
alta definição (conhecida como 1080i, o que significa que
a imagem é composta de 1080 ⫻ 1920 pixels, entregando ¶ 49. A rede de cabo em uma área metropolitana é mais
30 quadros/s) requer acima de 2 megabits/s de velocidade complexa do que se poderia imaginar a princípio: ao invés de
de download, disponível agora na maioria dos lares com li- uma distribuição em toda a cidade de material de programa
gação à Internet de banda larga (cabo, fibra óptica ou linha comum, a rede está organizada em agrupamentos menores
telefônica DSL39). Essa velocidade é bem dentro da capa- de nós e grupos de serviço. Um grupo de serviço consiste
cidade de conexões sem fio (Wi-Fi), de modo que o vídeo em segmentos de cabo, normalmente alcançando não mais
de alta definição pode ser entregue a dispositivos móveis, de 500 casas, carregando material idêntico; esses sinais são
como computadores portáteis e tablets. alimentados para o cabo em um “nó” na vizinhança, que por
sua vez é alimentado através da fibra óptica a partir de um
“hub” mais distante em que o fornecedor introduz o grupo de
I.8 CABO DIGITAL: SERVIÇOS PREMIUM E
canais que vão a esse grupo de serviço particular.
ACESSO CONDICIONAL
¶ 46. Provedores de televisão via cabo oferecem servi- ¶ 50. O truque para fornecer material sob demanda indivi-
ços premium, como Showtime, HBO e pay-per-view, para dual, então, é primeiro garantir que existem pelo menos al-
os quais o assinante paga taxas mensais adicionais. Um guns canais extra (em adição à linha padrão) disponíveis para
assinante cuja assinatura inclui Showtime, por exemplo, é transportar tal conteúdo; e, segundo, dividir a cidade em mui-
capaz de ver (e gravar, se o STB inclui um DVR) a progra- tos grupos de serviço, de modo que esses canais extra possam
mação emitida em canais Showtime. O provedor de cabo transportar um conjunto diferente de conteúdo sob demanda
precisa de um método para controlar o acesso de cada as- para os diferentes grupos de serviço. Por exemplo, suponha
sinante à programação completa de canais. Embora cada que há cinco canais disponíveis para o material sob deman-
cliente tenha um cabo entrando na casa (e, portanto, pode- da e que cada um pode levar dez programas (como descrito
-se imaginar que diferentes conteúdos são enviados a cada anteriormente); se um grupo de serviço inclui 500 casas, das
casa), na verdade, o mesmo sinal é enviado para todas as quais 200 são assinantes de cabo, então o provedor de cabo
casas de um grupo de moradores, conhecido como “grupo pode satisfazer 25% desses assinantes com a programação
de serviço.”40 simultânea sob demanda (devido aos cinco canais extra, cada
um enviando dez programas personalizados, entregarem 50
¶ 47. Para limitar o acesso dentro do conjunto completo programas simultâneos).
de programação distribuída, o provedor de cabo inclui infor-
mações de acesso condicional (AC) juntamente com o vídeo ¶ 51. A programação sob demanda requer também um ca-
e o áudio. Isto é feito através da inclusão de pacotes “AC”, nal reverso para cada assinante, de modo que o assinante pos-
juntamente com os pacotes de vídeo e áudio normais que sa escolher a programação, e também fazer uma pausa (ou
compreendem um programa dentro do fluxo de transporte de avançar ou retroceder) no material. No entanto, estes canais
multiprograma. O STB inclui hardware de descriptografia, e reversos precisam transportar apenas alguns comandos sim-
usa os pacotes de AC para fornecer a informação chave para ples ao fornecedor (em oposição ao vídeo de taxa de bits alta
desbloquear a criptografia que é imposta sobre os pacotes de que é baixado em resposta), e são facilmente acomodados
vídeo e áudio pela empresa de cabo. numa banda de sinalização de enlace de subida “interativo”
da rede de cabo.

39 Linha de assinante digital (DSL – digital subscriber line), tecnologia para


o transporte digital bidirecional através de linhas telefônicas analógicas. 41 O termo unicast (difusão ponto a ponto) é por vezes usado para distinguir
40 Ver ¶49, abaixo, para mais detalhes. tais fornecimentos individuais a partir de broadcast (difusão multiponto).

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1142 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

I.8.2 Cabo Digital: Transmissão Comutada sinal do cabo, gerar a saída capaz de ser exibida, responder
aos comandos do controle remoto infravermelho, e assim por
¶ 52. Alguns provedores de cabo usam outro serviço que
diante. Um STB contemporâneo típico com DVR contém um
explora a flexibilidade inerente à utilização da rede de cabo
chip processor dual, 64 MB de memória programa, 160 GB
de grupos de serviços distintos, a saber, “transmissão comu-
(mínimo) de disco rígido e vários hardwares adicionais rela-
tada.” A transmissão comutada oferece programas apenas
cionados com vídeo (sintonizador de entrada, memória de ví-
quando solicitado pelos telespectadores, em uma base de ser-
deo, controladores de display e áudio, etc.) Além do buffer e
viço de grupo, em comparação com a entrega de toda a pro-
armazenamento de conteúdo de vídeo e áudio, o STB contro-
gramação para todos os clientes. Isto permite que o operador
la o acesso, descriptografia e nova criptografia do conteúdo
de cabo ofereça mais opções de programação que poderia ser
de vídeo (protegido).
realizada simultaneamente no número disponível de canais.42
¶ 55. É importante notar que qualquer meio de armazena-
¶ 53. Apesar da transmissão comutada e VOD usarem mé-
mento digital de velocidade e capacidade adequadas pode
todos similares para entregar seu conteúdo para um assinan-
ser usado para armazenar conteúdo de vídeo digital; ao al-
te, vale a pena notar a diferença: o conteúdo da transmissão
cance do consumidor, existem muitos “gravadores de vídeo
comutada é entregue sempre que o material de programa é
pessoais” (PVRs – personal video recorders) que armaze-
normalmente agendado, e não ao sabor do assinante; o que o
nam programas em DVDs graváveis ou em chips de memória
distingue a partir de um material de programa normal é que,
“flash” de estado sólido. Há também gravadores de vídeo di-
de qualquer modo, ele não é colocado sobre o cabo do grupo
gitais que podem armazenar tanto SDTV quanto HDTV para
de serviço, se ninguém nesse grupo sintonizou o programa.
uma variante digital da fita VHS.
Uma vez que um assinante tiver sintonizado esse programa
(fazendo com que seja enviado para esse grupo de serviço,
sobre um subcanal em particular), esse mesmo programa está I.10 TECNOLOGIA DE DISPLAY
presente no cabo servindo quaisquer assinantes adicionais
nesse grupo de serviço, no mesmo sub-canal. Por outro lado, ¶ 56. Por mais de meio século, as imagens de televisão fo-
VOD é fornecido sob demanda, no momento em que é soli- ram exibidas com um tubo de raios catódicos (CRT), no qual
citado pelo assinante; da mesma forma, ele pode ser pausado os elétrons emitidos por um catodo quente e acelerado para
ou avançado rapidamente, etc. (tarefas que são executadas potenciais de quilovolts eram desviados (geralmente magne-
durante a operação pelo provedor de cabo, não pelo STB). ticamente) para pintar um raster, na taxa de quadro de ví-
Isso é possível porque o conteúdo VOD está sendo enviado deo, sobre uma superfície revestida de fósforo no interior da
em um subcanal especial somente no grupo de serviço do parte frontal do tubo de vácuo. A intensidade era modulada
assinante, e está disponível somente para o assinante que com um eletrodo de grade próximo do cátodo. CRTs antigos
requisitou (por meio de criptografia e “controle de direito” eram monocromáticos (preto e branco); tubos de cor utiliza-
de usuário específico, no caso de conteúdos protegidos). Os vam matrizes (tríades ou listras) de fósforo vermelho, verde
termos narrowcast e unicast são por vezes utilizados para se e azul, alinhados com uma máscara metálica de modo que os
referir à entrega de cabo para o serviço de grupo específico elétrons de cada um dos três cátodos de emissão de elétrons
destas duas variedades de conteúdo, isto é, material agenda- (ou, dirigido a partir de um único canhão de elétrons, na Tri-
do (“linear”) e material sob demanda de usuário específico nitron da Sony,) atingia uma única cor de fósforo.
interativo, respectivamente. ¶ 57. Os displays de tubo de raios catódicos funcionavam;
mas eram pesados (mais de 45 kg para uma TV com tela de
I.9 GRAVAÇÃO DE TELEVISÃO DIGITAL 32”), volumosos, e exigiam um difícil ajuste de “convergên-
cia” para obter o controle das cores. Encurtar o tubo para
¶ 54. A conversão de material analógico (áudio e vídeo do reduzir a profundidade do gabinete agravou os problemas de
mundo real) em formato digital é um trabalho árduo – mas convergência e geometria. CRTs são agora obsoletos, subs-
torna a tarefa de gravação simples. Isso porque um único tituídos por várias tecnologias, entre elas telas de cristal lí-
programa recebido no STB é, essencialmente, apenas um flu- quido (LCDs), displays de plasma e diodos emissores de luz
xo de números, o que pode ser filtrado a partir do fluxo de orgânicos (OLEDs).
multiprograma, montado numa memória temporária “buffer”,
e escrito em um arquivo de disco rígido, tal como qualquer ¶ 58. Em um LCD, uma camada de cristal líquido é impren-
arquivo de computador. Nesse sentido, um STB com DVR sada entre um par de polarizadores ópticos cruzados; um
é simplesmente um computador para fins especiais, com o campo elétrico aplicado altera as propriedades de polarização
processador de costume, disco rígido, etc., e tendo hardware da camada, variando assim a transmissão óptica. No display
adicional para fazer as tarefas especiais do STB – receber o clássico, há uma iluminação traseira uniforme branca (de
LEDs brancos, ou a partir de uma ou mais lâmpadas fluo-
42 Isso rescentes de cátodo frio – CCFLs, cold-cathode fluorescente
é às vezes chamado narrowcast, versus broadcast ou unicast.

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1143

lamps – combinadas com difusores e guias de luz); uma série surgiram pela primeira vez em pequenos displays (por exem-
de eletrodos aplica campos elétricos locais para os pixels da plo, telefones celulares e visores de câmera), mas, em 2014,
imagem, que são cobertos com filtros de cor vermelha, verde tiveram seu grande momento, com resolução 4K “Ultra HD”
e azul. A matriz de pixels de cristal líquido age como obtu- (3840 ⫻ 2160) e tamanhos de tela de até 65” e além. Ao con-
radores reguláveis de taxa de vídeo; toda a luz se origina no trário das tecnologias de visualização anteriores, os OLEDs
iluminador traseiro. podem ser flexíveis, e a moda atual são telas de TV curvas
(com capacidade de 3D, se você estiver interessado nisso). É
¶ 59. LCDs são dominantes em monitores de computador provável que o OLED seja o vencedor final, devido à sua fai-
e populares em televisores. Eles são finos (um centímetro xa dinâmica muito alta (1.000.000:1), amplo ângulo de visão,
ou mais) e brilhantes. Mas eles têm faixa dinâmica e velo- baixo consumo de energia, elegante fator de forma (3 mm de
cidade (ou relação de contraste: proporção de brilho má- espessura, leve e quase sem fronteiras) e potencial de pro-
ximo com “máxima escuridão”) um pouco limitadas e seu dução por um processo similar ao de jato de tinta. Eles têm
equilíbrio de cores e nível de preto degradam quando visto ganhado os prêmios de Melhor da Exposição, merecidos.44
fora do eixo. Tem havido grandes melhorias na velocidade e
no desempenho fora do eixo, devido a métodos com nomes ¶ 63. Duas outras tecnologias que pareciam boas, mas caí-
como in-plane switching (IPS), fringe-field switching (FFS) ram em tempos difíceis, são o field-emission display (FED) e
e semelhantes. E a faixa dinâmica pode ser melhorada usan- o surface-conduction electron-emitter display (SED). Ambas
do backlight (luz posterior) de matriz de LED, que pode ser envolvem uma matriz de células de fósforo (como o display
regulada localmente e rapidamente, adaptando-se às áreas de plasma), mas com a excitação de elétrons da substância
claras e escuras da imagem exibida.43 fosforescente (em vez de ultravioleta). Um protótipo SED da
Canon gerou grande entusiasmo45 na CES 2006, mas dispu-
¶ 60. Pela representação mais realista de material cinema- tas de patentes subsequentes e realidades econômicas cobra-
tográfico, no entanto, o display de plasma é superior ao LCD. ram seu preço. FED e SED podem subir novamente – mas
Ele é constituído por uma matriz de células pequenas, em não tenha muitas esperanças.
cada uma das quais uma descarga de gás comutável gera luz
ultravioleta que faz com que uma mancha de fósforo brilhe.
A tela de alta definição de 1080 ⫻ 1920 pixels tem três des- I.11 CONEXÕES DE VÍDEO: ANALÓGICAS
sas células para cada pixel (cada uma com fósforo vermelho, (COMPOSTO, COMPONENTE) E DIGITAIS
verde e azul) para gerar a cor final emitida do pixel. Ao con- (HDMI/DVI, DISPLAYPORT)
trário de um LCD (que filtra uma fonte de luz subjacente),
as células de um display de plasma geram a luz emitida dire- ¶ 64. De qualquer maneira, o que são todos aqueles cabos
tamente. Você pode pensar nisso como uma matriz de 6 mi- incompatíveis? Para aumentar a confusão analógico-digital,
lhões de pequenos CRTs (1080x1920x3), cada um comutado o mercado consumidor (de TVs de tela grande e painéis pla-
no tempo para atingir a intensidade de luz necessária. nos, etc.) e o mercado de computadores (monitores de LCD)
tomaram seus caminhos separados (na maioria das vezes).
¶ 61. Os displays de plasma mantêm a sua fidelidade de Aqui está um rápido resumo das conexões mais usadas; seus
cores e taxa de contraste, independentemente do ângulo de conectores são retratados na Figura I.10.
visão, e têm uma resposta rápida. Em tamanhos maiores,
estão atualmente um pouco menos caros do que LCDs. No ¶ 65. No mundo da televisão de consumo, existem quatro
entanto, não são tão brilhantes como os LCDs, e um padrão tipos de conexões (e conectores), as duas primeiras quase ex-
estático exibido por um longo período de tempo pode causar tintas.
alguma retenção de imagem, ou (em casos extremos) “quei- Vídeo composto. Baixa qualidade de definição pa-
mar” o fósforo. A sua relação de contraste é muito boa, mas drão (SDTV: 480i) de vídeo analógico, reconhecível
não é infinita, porque a descarga de gás em cada pixel deve pelo conector do tipo RCA amarelo (“conector fono”),
ser mantida a um nível baixo (ou seja, não pode ser desligada geralmente vem com um par de áudio (vermelho ⫽
completamente), para que possa ser modulada rapidamente. direita, branco ⫽ esquerda). A única linha amarela
¶ 62. LCD e Plasma têm dominado a tecnologia de exibi-
ção, mas o futuro é susceptível de ser governado pelo OLED
44 Os comentaristas estão espantados: “A melhor imagem que eu jamais vi
(LED orgânico), uma matriz de emissão direta de pequenos
em qualquer TV.” (CNET), “A TV mais bonita que eu já vi.” (Digital Trends)
LEDs (em três cores ou LEDs brancos com filtros). Estes
e “A melhor tela de visão direta – de qualquer tamanho e preço – que eu já
pus os olhos.” (HDTVtext, UK).
43 Para fins de marketing, estes LCDs são chamados às vezes “TVs de LED.” 45 Um comentário entusiasmado na SlashGear (19 de outubro de 2006) pro-
Não se deixe enganar: é uma LCD, mas com iluminação traseira de LED clamou “A TV SED é algo que nenhuma quantidade de palavras pode descre-
substituindo o CCFL. E pode ou não ter um dimmer local – leia as letras ver. É algo que deve ser VISTO para se acreditar; literalmente” e “A TV SED
miúdas! é o futuro das telas de imagem digitais, simples assim.”

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1144 Apêndice I Televisão: um tutorial compacto

composto S-Vídeo componente HDMI

VGA DVI-D DisplayPort


FIGURA I.10 Os conectores dos cabos para monitor de computador e sinais de vídeo. Linha superior: conectores de vídeo de TV, des-
de o antigo composto analógico até o contemporâneo conector HDMI de vídeo digital de alta definição. Linha inferior: conectores de mo-
nitor de computador, desde o antigo VGA analógico até o popular DVI digital e o mais recente DisplayPort (conectores padrão e mini).

transporta luminância (“luma”, abreviado com Y; es- teção de conteúdo; por essa razão, não é adotado por
sencialmente, a imagem em tons de cinza) e crominân- provedores de conteúdo, que podem impedir a saída
cia (“chroma”, abreviado com C, um par de sinais de de HDTV de resolução plena (1080 ⫻ 1920) nas to-
diferença de cor que são modulados em uma subporta- madas de componente (por exemplo, em um leitor de
dora de cor de 3,58 MHz) de largura de banda limita- Blu-Ray).
da, juntamente com linha e pulsos de sincronização de HDMI. Um formato puramente digital, cujas iniciais
quadro; às vezes, é chamado CVBS (vídeo composto, significam interface de multimídia de alta definição
apagamento e sincronismo). Não use essa conexão, a (high-definition multimidia interface). HDMI é a alter-
menos que não tenha nenhuma outra disponível! nativa digital para vídeo componente. Pode ser reco-
S-video. Vídeo analógico SDTV um pouco melhor, nhecido como um conector plano de 19 pinos similar
reconhecível pelo conector miniDIN de 4 pinos com ao USB (infelizmente, sem qualquer mecanismo de
pinos frágeis. Ele separa os sinais de luma (⫹ sinc) e travamento necessário), e eletricamente é equivalente
de croma, retendo mais largura de banda. Evitar este ao formato DVI-I (ver abaixo) de monitor de compu-
também, a menos que você goste de imagens difusas. tador. Ele carrega tanto áudio (até oito canais, digitali-
Vídeo componente. Agora sim! Este formato analó- zados para 24 bits, até 192 ksps) e vídeo (digitalizado
gico utiliza três linhas coaxiais de 75 Ω, com conecto- de 8 a 16 bits por componente, a taxas adequadas para
res do tipo RCA (normalmente) (ou, ocasionalmente, HDTV plena “1080p”, 1080 ⫻ 1920 progressiva a 60
BNCs) que são nas cores vermelho, verde e azul, e que Hz; versões HDMI 1.4 e posteriores suportam “4K”
podem transportar HDTV de largura de banda plena. pleno, 4096 ⫻ 2160, com 60 quadros por segundo pro-
As cores são enganadoras: a linha verde transporta lu- gressivo a partir da versão 2.0). Os dados de vídeo são
minância (⫹ sinc), enquanto azul e vermelho transpor- uma versão digitalizada do vídeo analógico: dados nu-
tam sinais de diferença de cor. Ou seja, os conectores méricos não compactados representam a amplitude dos
GBR coloridos denotam “YPbPr,” onde Y é luminância componentes de cor, enviados ao longo de quatro pares
(vermelho ⫹ azul ⫹ verde), Pb é azul menos Y, e Pr é trançados (R, G, B, clock). O HDMI suporta a proteção
vermelho menos Y. Tal como acontece com composto e de conteúdo digital (HDCP, high-bandwidth digital
S-vídeo, vídeo componente transporta apenas vídeo; o content protection), um protocolo pelo qual uma fonte
áudio precisa de cabos próprios. O vídeo componente de vídeo HD autentica um dispositivo display antes de
não sabe, ou não se preocupa, com coisas como pro- enviar dados (criptografados); desse modo, você tem

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Apêndice I Televisão: um tutorial compacto 1145

permissão para visualizar o vídeo em resolução ple- variantes, todas utilizando o mesmo conector (em que
na. De qualquer maneira, o HDCP parece funcionar alguns dos pinos não pode ser carregado): DVI-D é
a maior parte do tempo (embora você possa receber apenas vídeo, e vem nas variedades de enlace simples
mensagens irritantes e gliches). e duplo (este último necessário para resoluções supe-
riores a 1920 ⫻ 1200 a 60 Hz, por exemplo, a 2560 ⫻
¶ 66. No mundo dos monitores de computador, existem 1600 a 60 Hz utilizada em displays de 30”); DVI-A é
três tipos de conexões (e conectores) em ampla utilização. vídeo analógico (para compatibilidade com monitores
analógicos) e DVI-I (“integrado”) tem tanto vídeo di-
VGA analógico. Antigo enlace analógico, reconhecí-
gital (enlace simples ou duplo) quanto analógico. DVI,
vel pelo conector do tipo D de 15 pinos com parafusos
como VGA, não transporta áudio.
de fixação. VGA (Video Graphics Array) transporta si-
DisplayPort. Padrão mais recente, destinado a subs-
nais analógicos RGB separados, além de Hsinc e Vsinc
tituir o DVI, usa um conector de 20 pinos similar ao
(portanto, “RGBHV”). Em implementações contempo-
USB, com mecanismo de travamento, e suporta veloci-
râneas também tem um canal I2C para a identificação
dades de dados muito elevadas (até 4,3 Gbps em cada
e controle do monitor. A conexão VGA trabalha até re-
um dos quatro pares diferenciais, portanto, 17,3 Gbps).
soluções de aproximadamente 1600 ⫻ 1200 (não há li-
Ele parte do esquema de “grade digitalizada” do DVI/
mite especificado, mas você vai ver manchas indo para
HDMI, usando, em vez disso, um protocolo de dados
a direita de características nítidas ao aumentar a reso-
por pacotes; mas tem largura de banda o suficiente para
lução); muitos monitores abandonaram a VGA, porém,
lidar com a largura de banda de vídeo completo do DVI
em favor dos formatos digitais: DVI e DisplayPort.
de enlace duplo (que pode ser convertido em protocolo
DVI. Atualmente é a interface digital padrão, reco-
DisplayPort). Ele suporta até 16 bits por cor e 8 canais
nhecível pelo conector de 29 pinos (máximo), com
de áudio em 24 bits e 192 ksps. Inclui provisão para
parafusos de fixação. É eletricamente semelhante ao
fibra óptica (em vez de cobre) para grandes lances de
HDMI mais compacto e barato, abordado cima, que se
cabo (50 m ou mais), e suporta tanto HDCP de 56 bits
desenvolveu a partir dela para o consumidor do mer-
existente quanto seu próprio DPCP (proteção de con-
cado de televisão, e que inclui áudio (portanto, uma
teúdo do DisplayPort, com criptografia AES mais forte
única conexão de um conversor ou leitor de Blu-Ray
de 128 bits). A atual revisão do DisplayPort pode lidar
para o monitor de televisão). É fornecido em algumas
com 4K em 60 fps progressivo com facilidade.

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Spice Primer: introdução à versão
J gratuita ICAP/4 Demo
A versão gratuita do SPICE é fácil e divertida. Ela está dis- maior clareza no esquema; o SPICE vai tratar da
ponível para várias plataformas (Mac, Linux, PC). Aqui está mesma forma.
como a instalar e utilizar no Windows. • Você pode fazer um cc sobre o componente, em vez
disso, para abrir a caixa de diálogo de valor.
• Você pode adicionar parâmetros digitando o valor e
J.1 CONFIGURANDO O SPICE ICAP clicando em Apply; isso é necessário, por exemplo,
1. Faça o download do arquivo zip “ICAP/4Windows para uma fonte de tensão (adicionar CC ou CA, di-
Demo” (ICAP4Demo.zip) a partir de intusoft.com. gitar a amplitude). Ou pode clicar em »Add», que
2. Faça a extração do arquivo zip para alguma pasta tem- também adiciona o parâmetro para o desenho es-
porária. quemático.
3. Nessa pasta, clique duas vezes (abreviado daqui em • Fios:
diante como “cc”) em setup.exe. • digite w, em seguida, arraste um fio entre os pontos;
4. Execute ICAP/4: • você pode arrastar vários fios separados; tecle ESC
quando terminar.
(Programas → ICAP_4 demo → Start ICAPS). • Configurações:
• ative “Rubberbanding” em Options, para manter as
conexões ao arrastar componentes.
J.2 INSERINDO UM DIAGRAMA
• Adicione componentes padrão com
R resistor
J.3 EXECUTANDO UMA SIMULAÇÃO
C condensador Um circuito passivo, consistindo apenas de resistores e capa-
L indutor citores, pode ter ganho de tensão? A surpreendente resposta
o terra (a letra “o,” não o número zero) é sim. Vamos usar esse exemplo simples para ilustrar uma
v fonte de sinal ou tensão inserção e simulação no ICAP/4 SPICE.
Y ponto de teste de tensão
(Estes não são case sensitive: r ⫽ R, etc.)
• Para um componente de biblioteca, Parts → Parts Bro- J.3.1 Inserção de Esquemático
wser, Execute ICAPS, e coloque duas resistências (tecle a letra
• procurar por type e subtype, ou use Find, “r”), dois capacitores (tecle a letra “c”), e uma fonte de
• em seguida, Place. tensão (tecle a letra “v”) com o terminal inferior aterrado
• Movimentação e orientação: (tecle a letra “o” logo após teclar “v”). Se os componentes
• selecione um componente clicando e segurando; em estiverem muito pequenos para ver em sua tela, você pode
seguida, pode-se arrastar; redimensioná-los usando Options → Zoom (ou as teclas de
• quando destacado, tecle ⫹ para girar (90° no senti- função F6, F7 e F8). Arraste-os para conectá-los como mos-
do horário), ou – para virar 180°. trado na Figura J.1, e adicione um ponto de teste de tensão
• Edição de um rótulo do componente: de saída (tecle a letra “y” e altere o rótulo para Vout). Atri-
• selecione um rótulo clicando e segurando, arraste bua valores clicando duas vezes sobre cada componente, em
para reposicionar; seguida, introduza o valor no campo de valor (onde “???”
• quando um rótulo estiver destacado (selecionado), aparece inicialmente); note que ao pressionar a tecla Enter
cc no rótulo para editar valores. depois de cada valor, passa-se para outro campo na caixa
• Note os multiplicadores de unidades: f, p, n, u, de diálogo – você tem que clicar em OK para concluir a
m, k, meg (não M). operação.
• Note que o SPICE só precisa do multiplicador Para os capacitores, poderíamos ter utilizado micro-
de unidades, e não das próprias unidades. Por farads (por exemplo, 0,01uF em vez de 10nF); note que o
exemplo, para um capacitor, “1u” está OK para “F” pode ser omitido, mas sua inclusão faz a identificação
o SPICE; mas você pode digitar “1,0 uF” para mais clara no esquemático. Para a fonte de tensão, introduza

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Apêndice J Spice Primer: introdução à versão gratuita ICAP/4 Demo 1147

e escalas. Você pode alterar os rótulos do eixo clicando duas


vezes no rótulo, e pode alterar a escala na janela “Scaling”.
Para adicionar um gráfico de deslocamento de fase em
função da frequência, selecione “ph_Vout” na janela Add
Waveform, clique na caixa “With Like Traces” (a menos que
você queira um gráfico separado), e clique em “Add”. Fize-
mos isso para obter a Figura J.2, onde também usamos as
ferramentas de cursor na janela do IntuScope para marcar o
ponto de ganho de tensão máximo.

amplitude fase

0 1,20

FIGURA J.1 Um circuito RC com ganho de tensão! A inserção

Vout (amplitude, volts)


de esquemas em Intusoft ICAP/4 é rápida, levando não mais do –20,0 1,00
que um par de minutos. A impressão do esquema capturado

Fase (graus)
para “Adobe PDF” produziu esta figura.
–40,0 800m

o valor 1V (isto é, 1 volt) no campo “AC”, e então clique no –60,0 600m


botão ADD para que o valor apareça no esquema (o SPICE
usa o valor, mesmo se não adicioná-lo (ADD); mas é bom
–80,0 400m
mostrá-lo no diagrama de circuito). Como antes, o símbolo
de unidade “V” pode ser omitido.1 100 200 500 1k 2k 5k 10k
Frequência (Hz)

J.3.2 Simulação: Varredura de Frequência FIGURA J.2 Saída do “osciloscópio” do circuito de ganho RC,
mostrando amplitude e fase (“Análise AC “) para o circuito da
Agora, vamos para a diversão! Começamos por salvar o figura J.1. O cursor indica o pico do ganho de tensão, Vout/Vin
projeto para uma pasta de nossa escolha, usando o menu ⫽ 1,142 em f ⫽1,096 kHz. A fase de saída do IntuScope original
File→Save As. Em seguida, configuramos a simulação em foi plotada na cor azul, e a convertemos para uma linha traceja-
da preta; ampliamos o texto, também, para facilitar a leitura.
Actions→ICAPS/Simulation Control (ou clique no botão
com um lápis sobre uma linha ondulada). Escolha e clique
em “AC Analysis”, digite 20 pontos por oitava, inicie (start)
em 100 Hz, finalize (end) em 10 kHz (tecle 10k na caixa), e
J.3.3 Simulação: Formas de Onda de Entrada e
clique em OK. Em seguida, clique em DONE. Agora execu-
te a simulação, clicando na “pequena pessoa correndo” (ou Saída
Action→Simulation). Isso inicia o Spice, com uma pequena Realmente acreditamos neste gráfico de ganho em função
janela (“IsSpice4”) mostrando os status e erros, e (se bem da frequência? Todo mundo sabe que uma rede RC simples
sucedida) um pequeno gráfico do resultado. Executar a si- apenas reduz as coisas na saída – fase deslocada e amplitude
mulação também inicia o programa de display “IntuScope” reduzida. Não acreditamos que esse circuito tenha ganho de
(que pode ser iniciado manualmente, clicando no ícone do tensão, a menos que o SPICE nos mostre as formas de onda
osciloscópio ao lado do ícone de simulação ou por meio de do sinal de entrada e saída reais para uma onda senoidal per-
Action→Scope). Neste ponto, haverá várias janelas sobrepos- to da frequência de ganho máximo de tensão (e talvez nem
tas, que você deve redimensionar e arrastar para localizações assim!).
convenientes na tela e, em seguida, escolher Options→Save Veja como fazer isso: em primeiro lugar, adicione outro
Preferences para memorizá-las. Agora clique na caixa “Test ponto de teste de tensão na entrada (“y” de novo), e altere o
Pts Only” na janela “Add Waveform” que pertence a IntuS- rótulo para Vin. Em seguida, clique duas vezes sobre a fonte
cope, em seguida, selecione Vout2 e clique em “Add”. Aí está de tensão de entrada e clique no campo “Tran Generators” (o
– isto produz um agradável gráfico de Vout versus frequência SPICE chama qualquer forma de onda antiga, incluindo uma
(veja a Figura J.2), com rótulos pré-definidos de eixo, grades onda senoidal, de “transitório”). Select SIN, defina a ampli-
tude de pico em 1, o offset em 0 e a frequência em 1.096
kHz. Clique em OK e em OK. Em seguida, vá até Simulation
1 Para a análise CA do SPICE, o cálculo de ganho da varredura de frequência
Setup (lápis sobre linha ondulada), desmarque AC Analysis
é realizado com amplitudes de pequeno sinal infinitesimais, que são então
e selecione Transient. Na janela Transient Analysis que apa-
normalizados para a amplitude do sinal especificado. Aqui, por exemplo, o
SPICE usa um sinal de amplitude muito menor do que 1 V. rece, defina Data Step Time em 1 us, Total Analysis Time em
2 Ou, se você não tiver renomeado a saída para Vout, selecione-a entre os
105 ms e Time to Start Recording Data em 100 ms (isso dá
sinais com nomes como v2, etc., na lista de saída do eixo Y. o tempo de circuito para estabilizar em seu estado estacio-

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1148 Apêndice J Spice Primer: introdução à versão gratuita ICAP/4 Demo

nário). Deixe o campo Maximum Time Step em branco (ou


seja, aceitar o valor padrão). Clique no ícone do “corredor” saída
para executar a simulação. Neste ponto, a janela IsSpice4
deve mostrar um traço sinuoso. Agora vá para a janela In-
entrada
tuScope, limpe o gráfico anterior, pressionando a tecla DEL
para cada traço selecionado (você pode salvá-lo, se quiser, ou
iniciar um novo gráfico com File→New Graph) e Adicionar
“vin” e “vout” na sub-janela Add Waveform do IntuScope,
com a caixa “With Like Traces” verificada como antes.
Nada mau... mas as formas de onda parecem um pou-
co irregulares. Se você aumentar o zoom (arrastar os limites
da caixa na janela “Scaling”), verá que existem apenas cerca FIGURA J.4 Um osciloscópio real (TDS3044B da Tek) valida
de 20 pontos plotados por ciclo. Pedimos degraus de 1 μs, esse material do SPICE! Horizontal; 200 μs/div; Vertical; 0,5 V/div.
mas obtivemos na saída intervalos de ~50 μs! Isso é porque
não restringimos o Maximum Time Step na janela Transient J.4 ALGUMAS OBSERVAÇÕES FINAIS
Analysis. Volte agora (Simulation Setup→Transient) e ajuste
Maximum Time Step em 1us. Em seguida, clique sobre o íco- O programa de demonstração ICAP/4 inclui dez “filmes tu-
ne da “pessoa correndo” (a simulação vai demorar um pouco torial” (no menu Help), que são misericordiosamente curtos
mais, talvez um segundo completo desta vez); em seguida, (cerca de um minuto cada) e bastante úteis para um novato.
limpe o gráfico antigo e acrescente (Add) as duas formas de Tome dez minutos para vê-los! Você vai aprender, por exem-
onda em IntuScope. Você deve ver gráficos suaves, como na plo, que pode criar muitas fontes de sinal, indo diretamente
Figura J.3. Se você ainda tiver dúvidas sobre um circuito RC em Parts→Parts Browser→!Generators. Você também vai
com ganho de tensão, pode montar o circuito e verificar em aprender alguns truques para simplificar a inserção de esque-
um osciloscópio real, como fizemos (Figura J.4). Evidente- mático (copiar, dar zoom), e maneiras de fazer os rótulos dos
mente este ganho de tensão RC é real! componentes mais legíveis (opções “tall”, “wide” e “split”).
E, experimentando um pouco, você pode descobrir que tanto
Vout Vin o esquema quanto os gráficos de simulação podem ser copia-
dos (“Print”) para a área de transferência e depois colados no
1,00 Word ou Wordpad, caso existam gráficos dimensionáveis. Se
você imprimir para Adobe PDF vai ter um gráfico dimensio-
500m nável que pode ser colocado em ordem no Adobe Illustrator.
Vin, Vout (volts)

Temos utilizado a versão completa o “ICAP/4” Intu-


0 soft do SPICE por muitos anos; ele fornece um conveniente
ambiente de inserção e simulação de esquemáticos baseado
–500m no Windows, que usamos para explorar configurações de cir-
cuito. Normalmente começamos com um projeto de circuito
–1,00 de partida, fazendo anotações explicativas em um documento
101,1m 101,5m 101,9m 102,3m 102,7m 103,1m
do Word conforme trabalhamos no circuito. Copiamos e co-
tempo (segundos) lamos os esquemas e simulação gráfica no texto, fazendo um
FIGURA J.3 Saída do ‘’Scope” de circuito de ganho RC,
tipo de “relatório de laboratório”.
mostrando a resposta de onda senoidal (“Transiente Analysis”)
na frequência de ganho máximo para o circuito da Figura J.1. A
saída do lntuScope original plotou Vout em azul, que converte- J.5 EXPANDINDO O BANCO DE DADOS DE
mos em uma linha tracejada preta; ampliamos o texto, também, COMPONENTES
para facilitar a leitura.
Você pode adicionar livremente modelos SPICE para a bi-
blioteca de dispositivos ICAP/4. Uma maneira fácil de iniciar
o processo é para baixar a pasta AoE-PR a partir de nosso site
(www.artofelectronics.com) e colocá-la na pasta PR padrão.
Em seguida, acione File→Update Part Database.

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“Onde posso comprar eletrônicos?” K
Boa pergunta! Aqui estão algumas dicas, a partir de nossas O RISCO É POR CONTA DO COMPRADOR. Os comentá-
experiências. rios do fórum ajudam.

Alibaba. Pequenas empresas da costa do Pacífico com es-


I. Pedidos por Correio e Online toques de componentes obsoletos são facilmente encontrados
Digi-Key Corp (Thief River Falls, MN: 1-800-digikey). no Alibaba. Você pode colocar uma solicitação de cotação
Costumávamos dizer “Obtenha o seu catálogo!” – mas, infe- para um número de identificação e terá dezenas de fornece-
lizmente, eles abandonaram o papel, substituindo-o por uma dores úteis a preços razoáveis.
capacidade de busca impressionante. Você pode obter tudo
aqui, mesmo em pequenas quantidades, com entrega rápida. II. Índices e Localizadores
Muitas vezes vale a pena projetar com a página web deles
aberta na sua frente. Faça pedidos on-line e verifique o esto- Octopart, FindChips, netComponents (octopart.
que/preço: www.digikey.com. com, findchips.com, netcomponents.com). Forneça um nú-
mero de identificação e ela procura dezenas de distribuido-
Mouser Electronics (www.mouser.com). Grande distri- res, retornando informações (por vezes pouco confiáveis)
buidor de produtos, com serviço comparável ao da Digi-Key, sobre disponibilidade e preços.
e disponibilidade para enviar pequenas quantidades. Boa va-
riedade de passivos de precisão; e eles continuam imprimin- WhoMakeslt (www.whomakeslt.com). Um pouco como
do um abrangente catálogo de papel. o catálogo EEM, útil se você sabe a categoria do material que
você quer, mas não o fabricante, etc.
Newark Eletrônica + Farnell (1-800-2-Newark; www.
newark.com). O mais amplo distribuidor de produtos, com Google (www.google.com). Nosso verdadeiro “portal,” lê
serviço comparável ao da Digi-Key e boa seleção de ferra- sua mente e o conduz a boas mercadorias. Útil, às vezes, na
mentas; o catálogo de papel ainda é impresso. busca de dispositivos e fabricantes de equipamentos e forne-
cedores.
“Distribuidores de Produtos”. Estes são os canais
de distribuição padrão para compra em quantidade; nomes
como Allied (ainda publicando um catálogo de papel), Ar- III. Local
row, Avnet, FAI, Heilind, Insight, Pioneer, Wyle. Quantida- Às vezes é bom fazer compras pessoalmente; aqui estão os
des mínimas substanciais – geralmente não são úteis para a tipos de lugares para ir.
criação de protótipos ou pequena produção.
Radio Shack (www.radioshack.com). Eles se autodeno-
Direto dos Fabricantes. Muitos fabricantes de semi- minam o “Supermercado de Eletrônicos da América”; nós
condutores (Analog Devices, TI, Maxim,...) não só enviam a chamamos de “Loja de Conveniências de Eletrônicos da
amostras grátis com a menor provocação, como também ven- América”. Suas lojas estão por toda parte, e eles estocam
dem em pequenas quantidades através de cartão de crédito; uma coleção incomum de peças e suprimentos, de qualidade
confira Minicircuits para componentes de RF, e Coilcraft ou de duração incerta. No entanto, na mudança de mercado
para indutores, transformadores e filtros de RF. da eletrônica de consumo, seu caminho futuro é incerto.
Excêntricos. Marlin P Jones, Jameco, B & D, Herbach & Feira de Troca de Eletrônicos. Também conhecido
Rademan, Omnitron, ABRA, All Electronics; coleção efême- como “reuniões de troca,” talvez um pouco em declínio; dois
ra de material “excedente”, com alguns negócios reais. lendários encontros estão em costas opostas: no De Anza
College (Cupertino, Califórnia), todo segundo sábado do
eBay (www.ebay.com). Se você nunca acessou o eBay, mês, março-outubro) e no MIT (Cambridge, cada terceiro
provavelmente acabou de chegar de Marte. Um monte de domingo do mês, abril-outubro). O que se encontra são três
coisas, literalmente milhões de itens, um leilão online. Você culturas (eletrônicos, computadores, rádio amador); pechin-
pode conseguir uma abundância de material eletrônico, mas char é obrigatório; o risco é por conta do comprador.

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1150 Apêndice K “Onde posso comprar eletrônicos?”

Lojas de Suprimentos de Excedentes de Eletrô- sendo descontinuados. A Jameco também tem um monte
nica. Estes são bons demais! Vários redutos conhecidos de dispositivos obsoletos. Freetradezone tem listas de inter-
são Halted (www.halted.com; oficialmente “HSC Electro- mediários para dispositivos obsoletos. Além disso, tente a
nics Supply”), em Santa Clara, Sacramento e Santa Rosa; e lnterfet (www.interfet.corn), um fabricante de FETs de pe-
Surplus Warehouse de Murphy (www.murphyjunk.bizland. queno sinal, incluindo aqueles que os grandes fornecedores
com), em EI Cajon. abandonaram.

Fabricação de Placas de Circuito Impresso. Gos-


IV. Variados tamos de um lugar chamado Advanced Circuits, www.4pcb.
CIs Obsoletos. Seu melhor lugar para começar é a com; você pode obter cotações online,; eles fazem um bom
Rochester Electronics (www.rocelec.com), um lugar ma- trabalho e entregam rápido. Outra casa PCBs barata e rápida é
ravilhoso que, aparentemente, compra inventários de CIs a Alberta Printed Circuits, no Canadá (www.apcircuits.com).

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Instrumentos e ferramentas
de bancada L
Aqui estão alguns eletrônicos favoritos, material que real- Osciloscópio Digital
mente gostamos de usar ao projetar e construir circuitos ele- DP02024B da Tektronix (instrumento barato); DPO/MSO
trônicos. É melhor verificar catálogos e sites atuais - muitos série 3k, 4k e 5k
desses equipamentos se tornam obsoletos com uma enorme DSO/MSO da Agilent série 5k, 6k e 7k (resposta da Agilent
velocidade. ao instrumento barato da Tektronix)
Séries WaveRunner, WaveSurfer e WaveJet da Lecroy (um
Ferro de Solda monte de modelos, faça o seu trabalho de casa)
MX-500 da Metcal (não é barato; ele vai mudar a sua vida!)
Weller WSL (menos caro, temperatura variável) Gerador de Função Arbitrária
Série AFG3000 da Tektronix (de um e dois canais, até 240
Estação de Dessoldagem MHz e 2Gs/s)
MBT201-SD da Pace
Gerador de Função de Baixa Distorção
Protótipo e Retrabalho em Montagem em DS360 da SRS (0,01 HZ a 200 kHz, 0,001% de distorção)
Superfície Sintetizador de RF e Microondas
AirBath e AirPencil da Zephyrtronics
Metcal oferece “pinças” e outras ferramentas SMT N9310A da Agilent
Série SG380 da SRS (modelos de 2, 4 e 6 GHz, baixo ruído
DMM de Bancada de fase, veja a Seção 13.13.6B)
2100 da Keithley ( dígitos, com controle & leitura USB)
34410A da Agilent ( dígitos, com controle e leitura LAN Analisador de Espectro de Baixa Frequência
e USB) Modelo SR785 da SRS

DMM Portátil Analisador de Espectro de RF


37XR-A da Amprobe (barato, bom o suficiente) Série ESA da Agilent (depende do intervalo de frequências
289 da Fluke (não é barato, muito bom) e do valor)
U1252A153A da Agilent (favorito de todos ultimamente)
“Testador Inteligente de SMD” (medidor de SMD do tipo Unidade de Alimentação e Medição (SMU)
pinça com seleção automática de escala; hábil!) Série B2900 da Agilent (de um e dois canais)
Série 2600 da Keithley (de um e dois canais)
Fonte de Alimentação de Bancada Tripla
HP E3630A (excelente desempenho, preço razoável) Tempo de precisão e padrão de freqüência
Fonte de Alimentação de Bancada de Alta Tensão 4411A da Symmetricom (usa constelação de GPS)
Série PS300 da SRS (simples e simétrica, até 20 kV)
Software de Engenharia
Programador de Dispositivo (se necessário; JTAG no Altium System Designer, OrCad, ou Eagle (para captura de
próprio circuito está tomando conta, módulos a partir de fa- esquemático e leiaute; inclui simulação)
bricantes) Xilinx WebPack (para projeto de PLD e FPGA) e ferramen-
BP Microsystems 1610 (universal e de confiança; atualiza- tas análogas da Altera, Lattice, Actel, etc.
ções de algoritmo livre vitalícias) ICAP/4, LTspice (custo zero!), MicroCap 9, MMICAD, PS-
pice (para simulação)
Medidor LCR FilterCAD (custo zero!, da LTC), FilterPro (custo zero!, de
HP 4263B (o mais barato é o modelo SR720 da SRS) TI) (projeto de filtros analógicos simples)
MathCAD, MATLAB, Mathematica (planilhas de engenha-
Osciloscópio Analógicos ria/matemática)
B & K Precision e Hameg ainda oferecem alguns modelos, LabVIEWTM (instrumentos virtuais, controle de instrumen-
para largura de banda de 200 MHz tos reais)

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M Catálogos, revistas, databooks
Aqui estão algumas recomendações para databooks, catálo- Circuit Cellar Ink, ênfase em microcontroladores.
gos e revistas; alguns passaram a ser oferecidos apenas on- Nut and Volts, faça você mesmo coisas excêntricas, formato
-line (por exemplo, o IC Master). Você vai precisar de algum tablóide.
destes se você quer colocar em prática projetos eletrônicos. Make Magazine, coisas legais que você pode construir.

Catálogos “Master” Databooks; guia resumido/projeto. Kit seleção, com


EEM (Electronics Engineer’s Master): lista todas as catego- ênfase em produtos.
rias de material eletrônico. Altera: cPLD, FPGA.
IC Master: idem, para CIs. Analog Devices: todas as funções lineares; conversores; DSP.
Octopart: descobridor (e folha de dados) de dispositivos on- Atmel: PLDs e microcontroladores.
-line excelente. Avago (←Agilent←HP←Avantek): opto, rf.
Cirrus/Apex: AOPs de potência, etc.
Catálogos de Equipamentos e Dispositivos Cypress: memória, processadores.
Digi-Key Corp (distribuidor), grande variedade, entrega Diodes Inc/Zetex: discretos, etc.
rápida. Fairchild: discretos, linear, digitais.
Mouser Electronics (distribuidor), grande variedade, entrega Freescale: processadores, DSP, automotivo.
rápida. IDT, Micron, Samsung: Memória.
Newark/Farnell Electronics (distribuidor), melhor catálogo Infineon: discreto, potência, processadores, RF.
de ampla linha. Intel: microprocessadores e microcontroladores.
Allied Electronics (distribuidor), semelhante ao Newark. Linear Technology Corp: todas as funções lineares.
TechniTool (distribuidor), ferramentas de medição, monta- M/Acorn: RF e micro-ondas.
gem e teste. Maxim/Dallas: linear, digital, μC.
Stanley Supply & Services, (distribuidor) equipamento e su- MiniCircuits: RF – ampla linha, baixo custo.
primentos para a montagem. NXP (Philips): lógica, microcontrolador.
Keysight Technologies (Agilent, HP), o mais amplo fabri- ON Semi/Sanyo: linear, lógica, discreto.
cante de equipamentos de teste e medição. Renesas: discreto, memória, processadores.
Tektronix, equipamentos de teste e medição, especialmente TI/Nacional/Burr-Brown: linear, lógica, opto, potência, pro-
osciloscópios. cessadores, DSP.
Fluke, equipamentos de teste e medição. Xilinx: cPLD, FPGA.
Stanford Research Systems (SRS) equipamento de teste e Folhas de dados (em formato *pdf) estão disponíveis
medição; grandes documentação e notas de aplicações. on-line a partir do site de quase todos os fabricantes de se-
micondutores; experimente, por exemplo, www.analog.com,
Revistas e Tablóides
www.maxim-ic.com, www.linear.com, www.ti.com, etc.
EDN, mantenha-se atualizado sobre novos produtos e métodos.
Outra maneira de encontrar folhas de dados, preços e
Electronic Design, idem; um pouco “magra”, ultimamente.
disponibilidade é através de um site de busca como octopart.
Electronic Products, idem, ênfase apenas em produtos.
com ou findchips.com; estes exibem preços e inventário (e às
EE Times, formato tablóide.
vezes folhas de dados), e o conecta ao distribuidor.
Computer Applications Journal, mania de projetos de micro-
controlador.

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Leitura e referências adicionais N
GERAL Sheingold, D. H., editado por, The Best of Analog Dialog,
1967 to 1991. Analog Devices (1991). Excelente cole-
Ashby, D., editado por, Circuit Design: Know It All. Newnes ção de técnicas de engenharia analógica.
(2008). Uma coleção de coisas engenharia eletrônica Terman, F. E., Radio Engineers’ Handbook. McGraw-Hill
fascinantes a partir de 14 autores de renome. (1943). Sessenta anos depois continua a surpreender,
Camenzind, H., Much Ado About Almost Nothing, Man’s com excelentes seções sobre elementos de circuito pas-
Encounter with the Electron. Booklocker.com (2007). sivos e outras obras de engenharia básica.
Histórias fascinantes sobre eletrônica, pelo famoso Tietze, U. e Schenk, Ch., Electronics Circuits: Handbook for
projetista do 555. Design and Applications. Springer-Verlag (2ª edição,
Dobkin, B. e Williams, J., eds., Analog Circuit Design: A 2008). Espetacular referência ampla.
Tutorial Guide to Applications and Solutions. Newnes Williams, J., editado por, Analog Circuit Design: Art, Scien-
(2011). Excelente seleção de notas de aplicação infor- ce, and Personalities. Butterworth-Heinemann (1991).
mativas e bem escritas da Linear Technology. Anima- Coleção idiossincrática da sabedoria de 22 gurus de
das e divertidas, também. analógica.
Dunn, P. C., Gateways into Electronics. Wiley (2000). Abor- Williams, J., editado por, The Art and Science of Analog Cir-
dagem com base na física fascinante para eletrônica; cuit Design. Butterworth-Heinemann (1998). A conti-
cobertura profunda de áreas críticas. nuação: 16 gurus de analógica dispensam ainda mais
Jones, R. V., Instruments and Experiences: Papers on Measu- sabedoria.
rement and Instrument Design. Wiley (1988). Clássico
no projeto de instrumentos, com base em documentos
de Jones. HANDBOOKS
Lee, T. H., The Design of CMOS Radio-Frequency Integra-
Fink, D. G., e Beaty, H. W., editado por, Standard Handbook
ted Circuits. Cambridge University Press (2ª edição,
for Electrical Engineers. New York: McGraw-Hill (.
2003). A partir do originador do gigahertz CMOS vem
16ª edição, 2012). Artigos de tutorial sobre temas de
este ótimo livro, que abrange muito mais do que seu
engenharia elétrica.
humilde título sugere. Capítulo introdutório formidável
Jordan, E., editado por, Reference Data for Engineers: Ra-
sobre a história do rádio.
dio, Electronics, Computer, and Communications.
Pease, R. A., Troubleshooting Analog Circuits. Butterworth-
Howard W. Sams & Co. (9ª edição, 2001). dados de
-Heinemann (1991). O rabugento-chefe revela seus
engenharia de uso geral.
truques.
“Temperature Measurement Handbook.” Stamford, CT:
Purcell, E. M., e Morin, D. J., Eletricity and Magnetism.
Omega Engineering Corp. (revisado anualmente). Ter-
Cambridge University Press (2013). Excelente livro
mopares, termistores, pirômetros, termômetros de re-
sobre a teoria eletromagnética. Seções relevantes sobre
sistência.
a condução elétrica e análise de circuitos de corrente
alternada com números complexos.
Scherz, P. e Monk, S., Pratical Electronics for Inventors. BJTS E FETS
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Sedra, A. S. e Smith, K. C., Microelectronics Circuitos. Camenzind, H., Designing Analog Chips. Virtualbookworm.
Oxford University Press (6ª edição, 2009). O livro do com e disponível on-line (2005). Livro inspirado por
engenheiro clássico popular. um projetista de CIs analógicos do mundo real; inclui
Senturia, S. D., e Wedlock, B. D., Electronic Circuitos and a história do seu projeto do 555 na Signetics (agora
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1154 Apêndice N Leitura e referências adicionais

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ÁUDIO
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aprofundado sério de projeto de amplificador de baixo Self, D., Small Signal Audio Design. Focal Press (2010). No-
ruído. ções básicas de projeto de áudio e truques, com uma
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69: 728-741 (1981). Excelente revisão.
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Horowitz_Apêndice_E-P.indd 1154 23/02/17 08:46


Apêndice N Leitura e referências adicionais 1155

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este livro está fora de catálogo. Snelling, E. C., Soft Ferrites. Butterworth-Heinemann (2ª
Watkinson, J., The Art of Digital Audio. Focal Press (3ª edi- edição, 1988). A bíblia para projeto de indutor e trans-
ção, 2000). Outro bom livro sobre áudio digital. formador.

FILTROS E OSCILADORES ÓPTICA E LUZ


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Lancaster, D., Active Filter Cookbook. Howard W. Sams & Graw-Hill (2003). O que isso está fazendo aqui? Bem, é
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ler. quixotesca (por exemplo, “grilos como termômetros.”)
Matthys, R. J., Crystal Oscillator Circuits. Wiley (1983), Graeme, J. G., Amplificadores Photodiode: Op Amp Solu-
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belas extensas para o projeto de filtros LC passivos e ley (2011).
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DIGITAL DE ALTA VELOCIDADE E RF
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confuso. por página.
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compensar uma malha de realimentação SMPS. cilação amortecida, diafonia, repique do terra, etc. Um
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de magnetismo com a análise de perda de resistência tions. McGraw-Hill (3a edição, 2001). Leitura agradá-
CA da mais alta importância. vel e texto utilizável.
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Supply Design. McGraw-Hill (3ª edição, 2009). Livro in Communication Electronics. (3a edição, 1994). Um
abrangente padrão para um curso introdutório de duas livro clássico de eletricidade e magnetismo, com ênfa-
semanas em projeto de SMPS. se em comunicações.

Horowitz_Apêndice_E-P.indd 1155 23/02/17 08:46


1156 Apêndice N Leitura e referências adicionais

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Sevick, J., Transmission Line Transformers. Noble (4ª edi- tas. Inclui a técnica M2L (lógica Mickey Mouse) am-
ção, 2001). Guia prático para a compreensão e constru- plamente utilizada (mas raramente mencionada).
ção de transformadores de RF. Rohde, U. L., Digital PLL Prequency Synthesizers. Prentice-
-Hall (1983). Teoria e muitos detalhes de circuitos.
Sheingold, D. H., editado por, Transducer lnterfacing Hand-
PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAL E book. Analog Devices (1980).
COMUNICAÇÃO
Bracewell, R. N., The Fourier transform and its applications. COMPUTADORES E PROGRAMAÇÃO
McGraw-Hill (3ª edição, 1999). O clássico neste campo.
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tions. Prentice-Hall (1988). Leitura agradável. (1982). Introdução para iniciantes.
Oppenheim, A. V. e Schafer, R. W., Discrete-Time Signal Harbison, S.P. e Steele, GL, Jr., C: A Reference Manual.
Processing. Prentice-Hall (3ª edição, 2009). Bem rece- Prentice-Hall (1987). De leitura agradável e definitiva;
bido clássico na análise de sinais digitais. tem extensões ANSI.
Sklar, B., Digital Communications: Fundamentals and Appli- Wescott, T., Applied Control Theory for Embedded Systems.
cations. Prentice-Hall (2ª edição, 2001). Bela introdu- Newnes (2006). Do autor do PID without a Ph.D.
ção a todos os aspectos da comunicação digital.
VARIADOS
LÓGICA, CONVERSÃO E MISTURA DE SINAIS Grätzer, G., More Math into LATEX. Springer (4ª edição,
Best, R. E., Phase-locked Loops. McGraw-Hill (6ª edição, 2007). Melhor referência na composição gráfica com
2007). Técnicas avançadas. LATEX (a linguagem de composição de software em
Brennan, P. V., Phase-locked Loops: Principles and Practice. que este livro foi escrito).
McGraw-Hill (1966). Kleppner, D. e Ramsey, N., Quick Calculus. Wiley (2ª edi-
Gardner F. M., Phaselock Techniques. Wiley (1979). O livro ção, 1985). O título é honesto, e é o caminho mais rá-
de PLL clássico; ênfase em fundamentos. pido para aprender cálculo. Não se deixe levar pela ca-
Kester, E., editado por, The Data Conversion Handbook. racterística clássica do livro (o próprio cálculo remonta
Newnes (2004). Inclui uma excelente história da con- quase quatro séculos).
versão de dados e muitos detalhes sobre as nuances da
conversão, temporização, largura de banda, etc.

Horowitz_Apêndice_E-P.indd 1156 23/02/17 08:46


O osciloscópio O
O osciloscópio é, de longe, o instrumento de teste de circuito entrada, com uma constante de tempo de cerca de 0,1 segun-
eletrônico mais útil e versátil1. Como habitualmente usado, do. A maioria dos osciloscópios também tem uma posição de
ele permite que você “veja” as tensões em um circuito como entrada aterrada, o que lhe permite ver onde o zero volts está
uma função do tempo, disparando em um determinado pon- na tela. (Na posição GND, o sinal não está em curto para o
to da forma de onda de modo que resulte em uma imagem terra, apenas desconectado do osciloscópio, cuja entrada está
estacionária. Osciloscópios contemporâneos são quase inva- conectada ao terra.) Entradas do osciloscópio são normal-
riavelmente digitais (os sinais de entrada são digitalizados, mente de alta impedância (1 MΩ em paralelo com cerca de
processados e apresentados) e eles fazem (e geralmente me- 20 pF), como qualquer bom instrumento de medição de ten-
lhor) o que seus ancestrais analógicos faziam. Para entender são deve ser.3 A resistência de entrada de 1 MΩ é um valor
como usar um osciloscópio, pensamos que é melhor começar preciso e universal, de modo que as pontas de prova de ate-
com o osciloscópio analógico tradicional de 2 canais (qua- nuação de alta impedância possam ser utilizadas (como será
se extinto), para o qual desenhamos um diagrama em blo- descrito mais tarde); infelizmente, a capacitância em paralelo
cos (Figura O.1) e um painel frontal típico (Figura O.2). Os não é padronizada, o que representa um pouco de incômodo
osciloscópios digitais avançam quase todas as suas caracte- quando se troca as pontas de prova.
rísticas, às quais se somam um impressionante conjunto de Os amplificadores verticais incluem um controle de
capacidades (e alguns riscos). posição (POSITION) vertical, um controle de inversão (IN-
VERTER) em pelo menos um dos canais, e uma chave de
modo de entrada (INPUT MODE). Esta última permite que
O.1 O OSCILOSCÓPIO ANALÓGICO você olhe para qualquer um dos canais, a sua soma (a diferen-
O.1.1 Vertical ça, quando um canal é invertido), ou ambos. Há duas maneiras
de ver ambos: alternado (ALTERNATE), em que as entradas
Começando com as entradas de sinal, a maioria dos oscilos- alternadas são exibidas em varreduras sucessivas do traço, e
cópios analógicos tem dois canais; o que é muito útil, porque recortado (CHOPPED), em que o traço salta para trás e para
muitas vezes você precisa ver a relação entre os sinais. Cada frente rapidamente (0,1 a 1 MHz) entre os dois sinais. O modo
canal tem uma chave de ganho calibrada, que define a esca- ALTERNATE é geralmente melhor, com exceção de sinais
la de VOLTS/DIVISÃO na tela.2 Há também um botão de lentos. Muitas vezes é útil ver sinais de ambas as maneiras,
ganho VARIÁVEL (concêntrico com a chave de ganho) no para se certificar de que você não está sendo enganado.
caso de você desejar enquadrar um determinado sinal em um
determinado número de divisões. Aviso: certifique-se que o
botão de ganho variável está na posição “calibrado” ao fazer O.1.2 Horizontal
medições de tensão! É fácil de esquecer. Os melhores osci- O sinal vertical é aplicado ao sistema eletrônico de deflexão
loscópios têm luzes indicadoras para avisá-lo se o botão de vertical, movendo o ponto para cima e para baixo sobre a tela.
ganho variável está fora da posição calibrado. O sinal de varredura horizontal é gerado por um gerador de
O osciloscópio é acoplado em CC, uma característica rampa interno, dando deflexão proporcional ao tempo. Tal
essencial: o que você vê na tela é a tensão do sinal, o valor como acontece com os amplificadores verticais, há uma cha-
CC e tudo mais. Entretanto, às vezes você pode querer ver ve de tempo/divisão (TIME/DIVISION) e um botão concên-
um pequeno sinal sobreposto em uma grande tensão CC; nes- trico variável; o mesmo aviso feito anteriormente se aplica
se caso, você pode comutar a entrada para ACOPLAMEN- aqui. A maioria dos osciloscópios tem uma lupa x10 (10ⴛ
TO CA (AC COUPLING), com acoplamento capacitivo de MAGNIFIER) e também permitem que você utilize um dos
canais de entrada para deflexão horizontal (isto permite gerar
1 Algumas vezes é dito que os praticantes de outras disciplinas de engenha- as amadas, mas geralmente inúteis, “figuras de Lissajous”,
ria têm inveja de Engenheiros Eletricistas, porque somos abençoados com destaques em livros elementares e filmes de ficção científica).
um instrumento tão esplêndido com o qual visualizamos o que acontece em
nossos circuitos.
2 Note que os dois canais podem ser ajustados para fatores de escala diferen- 3Osciloscópios destinados para medições de alta frequência, que vão além
tes, offsets e acoplamento. Isso vale também para osciloscópios digitais, que de 100 MHz, por exemplo, oferecem também uma opção de impedância de
normalmente têm quatro canais. entrada de 50 Ω.

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1158 Apêndice O O osciloscópio

AJUSTE DE GANHO
(volts/DIV)

MODO DE
CH2 ENTRADA
entrada

AJUSTE DE GANHO chave


(volts/DIV) eletrônica VARREDURA

CH1
entrada
gerador
FONTE DE de rampa
DISPARO B

DISPARO gerador
filtro de rampa
LINHA A

entrada de
disparo
externa

AJUSTE DE VELOC.
VARREDURA
MODO DE
(tempo/DIV)
DISPARO

FIGURA O.1 Diagrama em blocos de um osciloscópio analógico de 2 canais.

FIGURA O.2 Vista frontal de um osciloscópio analógico de 2 canais.

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Apêndice O O osciloscópio 1159

O.1.3 Disparo nuação da ponta em x1. Aterre as entradas verticais, aumente


a intensidade e mexa no controle de posição vertical até que
Agora vem a parte mais complicada: disparo (triggering).
uma linha horizontal seja exibida (se você tiver problemas
Temos sinais verticais e varredura horizontal; isso é o que é
neste momento, tente o localizador de feixe).4 Agora você
“necessário para um gráfico da tensão em função do tempo.
pode aplicar um sinal, desaterrar a entrada e atuar no disparo
Mas se a varredura horizontal não pegar o sinal de entrada no
(trigger). Familiarize-se com a forma como as coisas pare-
mesmo ponto na sua forma de onda a cada vez (considerando
cem quando o ganho vertical é demasiado elevado, quando a
que o sinal seja repetitivo), o visor vai ser uma bagunça –
velocidade de varredura é muito rápida ou lenta, e quando o
uma imagem da forma de onda de entrada sobreposta sobre si
disparo é ajustado de forma incorreta.
em momentos diferentes. O circuito de disparo (trigger) per-
mite selecionar um nível (LEVEL) e inclinação (SLOPE)
(⫹ ou ⫺) na forma de onda na qual inicia a varredura. Você O.1.5 Pontas de Prova
pode ver no painel frontal que há uma série de opções sobre
A capacitância de entrada do osciloscópio vista por um cir-
fontes de disparo e modo. O modo normal (NORMAL) pro-
cuito a ser testado pode ser indesejavelmente elevada, espe-
duz uma varredura somente quando a fonte selecionada cruza
cialmente quando o cabo de conexão blindado necessário é
o ponto de disparo que você definiu, se movendo no sentido
incluído. A impedância de entrada resultante (1MΩ em pa-
(SLOPE) que você tiver selecionado. Na prática, você ajusta
ralelo com 100 pF ou mais) é muitas vezes demasiado baixa
o controle de nível para uma exibição estável. Em automático
para circuitos sensíveis e exerce carga neles pela ação do di-
(AUTO), a varredura irá “correr livre” se nenhum sinal esti-
visor de tensão de costume; por exemplo, em 10 MHz, uma
ver presente; isso é bom se o sinal às vezes cai para valores
carga de 100 pF parece com 160 Ω – bem baixo! Pior ainda, a
pequenos, uma vez que o visor não vai desaparecer e fazer
capacitância pode fazer com que alguns circuitos não se por-
você pensar que o sinal foi embora. É o melhor modo de usar
tem bem, até mesmo ao ponto de entrar em oscilação. Nesses
se você está olhando para um monte de sinais diferentes e
casos, o osciloscópio, obviamente, não está agindo como o
não quer se preocupar em definir o disparo cada vez. A varre-
instrumento de medição “discreto” que esperávamos; parece
dura única (SINGLE SWEEP) é utilizada para sinais não re-
mais como um touro numa loja de porcelana.
petitivos. A seleção de linha (LINE) faz a varredura disparar
A solução usual é a utilização de “pontas de prova” de
na linha de alimentação CA, útil se você estiver olhando para
alta impedância. Na forma simplificada,5 a popular ponta de
um zumbido ou ondulação em um circuito. As entradas de
prova 10⫻ funciona como mostrado na Figura O.3. Em CC,
disparo externas (EXTERNAL) são utilizadas se você tem
ela é apenas um divisor de tensão 10x. Ao ajustar C1 para
um sinal “limpo” disponível no mesmo ritmo que algum si-
ser 1/9 da capacitância em paralelo de C2 e C3, o circuito
nal “sujo” que você está tentando ver; é frequentemente usa-
se torna um divisor de 10⫻ em todas as frequências, com
do em situações em que você está acionando algum circuito
impedância de entrada de 10 MΩ em paralelo com poucos
com um sinal de teste, ou em circuitos digitais onde algum
pF. Na prática, você ajusta a ponta de prova observando uma
sinal de “clock” sincroniza as operações do circuito. Os vá-
onda quadrada de cerca de 1 kHz, disponível em todos os
rios modos de acoplamento são úteis quando visualizamos
osciloscópios como CALIB, ou PROBE ADJ, ajustando o
sinais compostos; por exemplo, você pode querer olhar para
capacitor na ponta de prova para uma onda quadrada lim-
um sinal de áudio de alguns quilohertz que tem alguns picos
pa, sem overshoot. Às vezes, o ajuste está inteligentemen-
sobre ele. A posição HF REJ (rejeição de alta frequência)
te escondido; em algumas pontas de prova você deve torcer
coloca um filtro passa-baixas na frente do circuito de dispa-
o corpo da ponta apertando uma segunda parte com rosca
ro, evitando disparos falsos sobre os picos. Se acontecer dos
e bloqueando o ajuste. Uma desvantagem: a ponta de prova
picos serem de interesse, você pode disparar sobre eles, em
10⫻ torna difícil observar sinais de apenas alguns milivolts;
vez de selecionar a posição LF REJ.
para estas situações usamos uma “ponta de prova 1x,” que é
Muitos osciloscópios têm agora os controles de locali-
simplesmente um comprimento de cabo blindado de baixa
zação do feixe (BEAM FINDER) e visualização do disparo
capacitância com o hardware de ponta de prova usual (fio
(TRIGGER VIEW). O localizador do feixe é útil se você
“em forma de gancho”, clipe de terra, uma estrutura adequa-
está perdido e não pode encontrar o traço; é um dos favori-
da para manuseio, etc.). A ponta de prova 10⫻ deve ser a
tos dos iniciantes. A visualização do disparo exibe o sinal de
disparo; que é especialmente útil quando o disparo é a partir
de fontes externas. 4 Curiosamente, alguns osciloscópios (por exemplo, a série 400 da Tektronix,

que já foi popular) não varrem em AUTO, a menos que o nível de disparo
seja ajustado corretamente.
O.1.4 Dicas para Iniciantes 5 Na prática, o cabo em si é feito de fio de resistência, para amortecer os
Às vezes é difícil conseguir alguma coisa para mostrar no os- efeitos de linha de transmissão (pico de frequência e reflexões transitórias,
ver Anexo H), uma elegante invenção de 1959 por Kobbe e Polits (patente
ciloscópio. Comece ligando o osciloscópio; ajuste o disparo 2.883.619 dos EUA); você também vê truques, tais como um RC em série nos
para AUTO, DC COUPLING, CH 1. Ajuste a velocidade terminais do osciloscópio (por exemplo, 500 Ω e um capacitor trimmer), para
de varredura em 1 ms/div, posicione o botão em cal e a ate- fornecer uma linha de transmissão casada em altas frequências.

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1160 Apêndice O O osciloscópio

corpo da ponta ajuste de “compensação” da ponta de prova


de prova
1 m de cabo blindado
extremidade (baixa capacitância)
da ponta
de prova
C3 R2
C2 ∼ 30pF 20pF 1,0MΩ
(capacitância do cabo)
clipe de terra amplificador
do osciloscópio

FIGURA O.3 Uma ponta de prova 10⫻ passiva de osciloscópio atenua os sinais por um fator de dez em todas as frequências, con-
venientemente aumentando a impedância de entrada pelo mesmo fator. (Na prática, truques adicionais são utilizados para suprimir
os efeitos de linha de transmissão, veja o texto).

ponta de prova padrão, deixada conectada ao osciloscópio, O.1.6 Terras


com a ponta de prova 1⫻ sendo usada quando necessário. Al-
Tal como acontece com a maioria dos instrumentos de en-
gumas pontas de prova possuem uma escolha conveniente de
saio, a entrada do osciloscópio é referenciada ao terra do ins-
atenuação 1⫻ ou 10⫻ comutável na extremidade de medição
trumento (a conexão exterior dos conectores BNC de entra-
da ponta de prova.
da), que é, normalmente, eletricamente conectada à carcaça.
Mesmo com uma ponta de prova 10x, o efeito de car-
Essa, por sua vez, se conecta ao fio terra da rede elétrica,
ga sobre o circuito pode ser inaceitável; afinal, a sua me-
através do cabo de alimentação de 3 fios. Isto significa que
lhoria é exatamente o mesmo fator de dez pelo qual ate-
você não pode medir tensões entre os dois pontos arbitrários
nua o sinal de entrada. Você pode obter pontas de prova de
em um circuito, mas é obrigado a medir os sinais relativos a
100x, com impedância de entrada de valor mais elevado
este terra universal.
(por exemplo, a série P5100 da Tektronix), mas estes são
Um cuidado importante está em curso aqui: se você
destinados principalmente para a visualização de sinais de
tentar ligar o clipe de terra de uma ponta de prova de um osci-
alta tensão (o próprio osciloscópio é geralmente limitado a
loscópio a um ponto do circuito que está em algum tensão em
um máximo de ⫾400 V no conector de entrada), e não se
relação ao terra, vai acabar colocando esse ponto em curto-
destacam em características importantes tais como tamanho
-circuito com o terra. Isto pode ter consequências desastrosas
físico pequeno. O que você faz, em vez disso, é utilizar uma
para o circuito em teste; além disso, pode ser extremamente
ponta de prova ativa, que utiliza um seguidor FET na ponta
perigoso com circuitos que têm altas tensões em relação ao
para alcançar uma capacitância de entrada ⬍1 pF6. Pontas
terra (por exemplo, fontes de alimentação chaveadas alimen-
de prova ativas, destinadas para uso de banda larga, são em-
tadas pela rede elétrica). Se for imperativo olhar para o sinal
pregadas para acionar uma entrada de 50 Ω (disponível na
entre dois pontos, você pode fazer uma medição diferencial,
maioria dos osciloscópios de alta velocidade; se não, anexar
invertendo um canal de entrada e comutando para ADD, ou
um terminador de 50 Ω); elas exigem uma fonte de energia,
você pode usar um pré-amplificador diferencial externo (por
disponível no conector de entrada do osciloscópio (em os-
exemplo, o DA1855A da LeCroy). Em situações desespera-
ciloscópios digitais), ou fornecida por uma fonte autônoma,
das, sabemos como “flutuar” o osciloscópio, levantando o fio
como a 1103 da Tektronix.
terra no cabo de alimentação, mas isso não é recomendado,
Qualquer discussão de pontas de prova seria incom-
a menos que você realmente saiba o que está fazendo (e con-
pleta sem uma menção de pontas de prova de corrente: esse
corde em abrir mão de qualquer responsabilidade da nossa
dispositivo prático, quando preso em torno de um fio em al-
parte).
gum circuito, converte a corrente do circuito em uma onda de
Outro cuidado sobre aterramento quando você está me-
tensão que é mostrada no osciloscópio. As pontas de prova de
dindo sinais fracos ou altas frequências: certifique-se de que
corrente mais simples são inerentemente de acoplamento CA
o terra do osciloscópio seja o mesmo terra do circuito onde
(elas envolvem um enrolamento secundário em torno de um
você está medindo. A melhor maneira de fazer isso é através
núcleo magnético dividido que circunda o fio de uma espira,
da conexão do pequeno fio terra, fixado ao corpo da ponta de
o “primário”) e, portanto, não detectam corrente CC; os tipos
prova, diretamente ao terra do circuito.7 Em seguida, verifi-
mais extravagantes usam uma combinação de efeito Hall e
que, medindo a tensão do “terra” com a ponta de prova, ob-
acoplamento por transformador para obter uma resposta até
servando a ausência de sinal. Um problema com esse utensí-
CC. Exemplos destes últimos são a A622 (de até 100 kHz) e
lio é que aqueles pequenos clips de terra geralmente somem,
a TCP312A (de 100 MHz) da Tektronix; esta última requer o
se perdem! Mantenha os acessórios de pontas de prova em
amplificador TCPA300 correspondente.
uma gaveta em algum lugar.

6 Um dos nossos favoritos é o P6243 da Tektronix, <1 pF e 1 GHz de largura

de banda. 7 Veja a ilustração na Figura 12.32.

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Apêndice O O osciloscópio 1161

O.1.7 Outras Características de Osciloscópios O.2 O OSCILOSCÓPIO DIGITAL


Analógicos Osciloscópios analógicos são fáceis de usar, mas eles estão
Muitos osciloscópios têm uma varredura com atraso (DE- limitando seriamente o que você pode fazer. Por exemplo, (a)
LAYED SWEEP) que permite que você veja um segmen- é difícil ver um evento de “único disparo”; (b) você não pode
to de uma forma de onda que ocorre algum tempo após o armazenar um traço, ou comparar um traço atual com um
ponto de disparo. Você pode indicar o atraso com precisão traço obtido antes; (c) você não pode extrair um traço para a
com um ajuste multivoltas e uma segunda chave de veloci- medição ou ilustração; e (d) você não pode olhar para trás no
dade de varredura. Um modo de atraso conhecido como A tempo para ver o que aconteceu antes do evento de disparo.
INTENSIFICADO POR B (A INTENSIFIED BY B) per- Osciloscópios digitais sem esforço fornecem estas e
mite exibir toda a forma de onda na primeira velocidade de muitos outras capacidades; e, por causa da capacidade im-
varredura, com o segmento atrasado iluminado; isso é útil pressionante e baixo custo de conversão e processamento
durante a configuração. Osciloscópios com varredura atra- digital, eles são, ironicamente, menos caros do que um osci-
sada às vezes têm “varredura mista”, em que o traço começa loscópio analógico (se você puder encontrar um) de largura
em uma velocidade de varredura e, em seguida, muda para de banda comparável. A transição para osciloscópios digitais
uma segunda velocidade (normalmente mais rápida) depois utilizáveis e amigáveis foi difícil no início, mas eles estão
do atraso selecionado. Outra opção é começar a varredura agora em todas as partes e são universais.
atrasada ou imediatamente após o atraso selecionado ou no O esquema básico (Figura O.4) é digitalizar o sinal de
próximo ponto de disparo depois do atraso; há dois conjun- entrada após os estágios iniciais de ganho programável e limi-
tos de controles de disparo, para que os dois pontos de dis- tação de banda, capturar as amostras em uma memória buffer
paro possam ser definidos individualmente. (Não confundir circular rápida, e então usar um processador (ou múltiplos
varredura retardada com o “atraso do sinal.” Todos os bons processadores) para fazer todo o processamento de sinal, me-
osciloscópios analógicos têm um atraso no canal de sinal, dições, conversão para uma exibição significativa, interface
para que você possa exibir o evento que causou o disparo; do usuário e I/O. Vamos manter breve esta seção, e apenas
ele permite que você olhe um pouco mais para trás no tem- passar por algumas capacidades dos osciloscópios digitais.
po! Veja as fotos das linhas de atraso analógicas nas Figuras
H.19 e H.21).
Uma característica comum de osciloscópios analógicos
O.2.1 O que é Diferente?
é um controle TRIGGER HOLDOFF; ele inibe o disparo Em nenhuma ordem particular:
em um intervalo ajustável após cada varredura, e é muito útil
Front-end: O sinal que emerge dos amplificadores de
ao visualizar formas de onda complicadas sem uma periodi-
entrada (de ganho variável) é digitalizado em alguma
cidade simples, digamos, uma onda senoidal. O caso mais
taxa de amostragem fsamp (normalmente 1 GSPs ou
comum é uma forma de onda digital com uma sequência
mais, mas sempre acima da taxa mínima de Nyquist
complicada de 1s e 0s, que de outro modo não irá gerar uma
de 2fmax quando o osciloscópio é configurado em taxas
visualização estável (exceto pelo ajuste de vernier da veloci-
de varredura suficientemente rápidas para resolver a
dade de varredura, o que significa você não obter uma varre-
largura de banda fmáx do osciloscópio. Mas – impor-
dura calibrada).
tante – veja “aliasing”, abaixo). As amostras digitais,
Todos os osciloscópios (analógicos e digitais) in-
tipicamente de resolução de 8 bits, são armazenadas
cluem algumas opções de limitação de largura de banda
em velocidade máxima em uma memória de amostra
(BANDWIDTH LIMIT) do amplificador vertical (para
(ou “memória de captura”), muitas vezes de compri-
simplificar, não mostrado nas Figuras O.1 e O.2), úteis para
mento 1 Mpt ou mais por canal (e atingindo 1 Gpt em
reduzir a quantidade de banda larga “turva” na forma de
equipamentos de alta qualidade). Note que, apesar dos
onda mostrada quando você está trabalhando com sinais re-
osciloscópios digitais permitirem aumentar o zoom de-
lativamente lentos.
pois de um traço ser capturado, a resolução depende do
Durante o auge da era do osciloscópio analógico, você
fator de escala vertical, por causa da profundidade de
podia obter osciloscópios com “armazenamento” na tela
bits fixa de conversão.
(para a captura de um único disparo) e osciloscópios com
Simultaneidade em todos os canais: Osciloscópios digi-
uma impressionante variedade de módulos de plug-in que
tais digitalizam todos os canais simultaneamente; não
permitiam fazer muitas coisas interessantes, incluindo exi-
há os modos “alternate” ou “chop.” A maioria dos os-
bição de oito traços, ou análise de espectro, ou medições
ciloscópios digitais vêm com 2 ou 4 canais, aumenta-
precisas (digitais) de tensão e tempo de formas de onda, e
do em osciloscópios de “sinal misto” por dezesseis ou
assim por diante. Felizmente, essas funções e muitas outras
mais canais de 1 bit (ou seja, nível lógico).
(por exemplo, olhar para trás no tempo a partir do evento de
Pré-disparo: Devido aos sinais de entrada digitalizados
disparo) foram integradas no tipo de osciloscópio dominante,
serem despejados na memória, você pode definir uma
o osciloscópio digital. Vamos dar uma olhada.
condição de disparo (mais simplesmente, nível e incli-

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1162 Apêndice O O osciloscópio

entrada memória
de
CH2 amostra
atenuação

controles do painel
disparo

Processador(es)
atenuação
entrada memória
CH1 de
amostra

clock de memória
amostra

FIGURA O.4 Diagrama em blocos de um osciloscópio digital de 2 canais.

nação; mas veja “disparo inteligente,” a seguir) e, quan- turadas dentro de um intervalo de forma de onda.
do estiver satisfeito, você terá uma substancial “pré- Oferece maior resolução, e não necessita de um
-história” na memória de amostra. Do ponto de vista do sinal repetitivo, mas reduz a largura de banda.8
usuário, você pode simplesmente definir o ponteiro de Persistência: Engenheiros de barbas cinzentas enaltecem as
disparo exibido para a parte direita da tela para revelar belas gradações de intensidade com que osciloscópios
o que veio antes. E você pode andar para trás ou para analógicos exibem formas de onda. Osciloscópios di-
frente através da captura de um único disparo salvo gitais levaram um tempo para recuperar o atraso, mas
(ver “captura de um único disparo,” a seguir). agora eles alardeiam sua capacidade de fazer o mesmo,
Display: O intervalo de tempo entre pontos na forma de com termos como “fósforo digital”, “persistência do
onda exibida (o “intervalo de forma de onda”) é tipica- traço” e “persistência digital.”
mente mais (muitas vezes muito mais) do que o inter- Captura de um único disparo: osciloscópios digitais se no-
valo de amostragem 1/fsamp. Isto permite vários modos tabilizam na captura de um único disparo. Você pode
de processamento dos pontos amostrados para produzir vasculhar os dados amostrados pós-captura, seja ma-
a forma de onda mostrada, em particular: nualmente (ajustando os botões de rolagem e de au-
amostra. Um ponto de amostragem por intervalo de mento) ou com algumas ferramentas de pesquisa úteis
forma de onda é exibido; o restante é descartado. automatizadas (por exemplo, o “Inspector Wave” da
Simples, mas suscetível a aliasing, veja a seguir. Tektronix – o nome diz tudo).
detector de pico. Os maiores e menores pontos amos- Varredura lenta: osciloscópios analógicos não apresentam
trados em dois intervalos de forma de onda su- solução quando você deseja exibir uma forma de onda
cessivas são exibidos. Produz uma forma de onda que leva muitos segundos; osciloscópios digitais não
mais espessa, mas nenhum pico curto é perdido. poderiam se importar menos. Use o “modo rolling” em
envoltória. Semelhante ao detector de pico, mas com- taxas de varredura baixas.
bina min/máx de múltipla aquisições disparadas. Salvar/Reaver: Você pode salvar uma ou mais formas de
Útil para ver excursões a partir de uma forma de onda na memória, reavê-las para comparação, etc. Você
onda repetitiva ideal. também pode salvar o status do osciloscópio (ou seja,
média. Cada ponto da forma de onda exibida é a média as configurações).
calculada de amostras simples (como no modo Medidas: Todos os dados estão disponíveis, de modo que
de amostra) ao longo de muitas aquisições dis- os osciloscópios digitais não têm nenhum problema
paradas (um número configurável, por exemplo, de período, frequência, amplitude, intervalo de tempo,
2, 4, 8,... 512). Reduz significativamente o ruído, ciclo de trabalho, etc. de medição. Estas medições nor-
sem reduzir a largura de banda, mas requer um
sinal repetitivo. 8 Você pode pensar nisso como uma “média horizontal” ao longo de uma cap-
alta resolução. Cada ponto apresentado é calculado tura de forma de onda, em comparação com a “média vertical” de pontos de
como o valor médio das múltiplas amostras cap- amostra individuais em sucessivas ondas empilhadas no modo média.

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Apêndice O O osciloscópio 1163

malmente atualizam continuamente, e você pode usar ções sobre fator de escala útil (por exemplo, os ampe-
os cursores horizontais e verticais ajustáveis para defi- res/div de uma ponta de prova de corrente); elas usam
nir as regiões e intervalos de medição. essas conexões também para enviar alimentação para
Matemática: Indo mais longe, osciloscópios digitais permi- a ponta de prova (necessário, por exemplo, com pon-
tem calcular produtos (por exemplo, para medir a po- tas de prova de tensão ativas com FET ou pontas de
tência a partir de tensão e corrente), quocientes (para prova de corrente de efeito Hall). Entretanto, isso pode
normalizar uma forma de onda), jitter, histogramas, es- ser um aborrecimento, se os conectores de entrada do
pectros de frequência, etc. Possibilidades quase ilimi- seu osciloscópio são do formato errado (o que acon-
tadas, mas você pode preferir extrair os dados e fazer a tece mesmo dentro de ofertas de osciloscópios de um
matemática à parte. fabricante).
I/O: Você pode enviar formas de onda e dados para fora (via
Ethernet ou qualquer outra interface), e você pode con-
trolar as operações do osciloscópio remotamente. Um O.2.2 Algumas Precauções
sistema de aquisição de dados em rede! Não há muito a dizer contra os osciloscópios digitais. Mas
Sinais misturados: Muitos osciloscópios digitais vêm com aqui estão algumas precauções para evitar enganos pelos
um monte de canais de 2 níveis (normalmente 16 ou mais descuidados.
32), juntamente com os 2 ou 4 canais habituais com
resolução total; por isso funciona como um analisador
lógico, mas aumentado por alguns canais de visualiza- A. Aliasing
ção de formas de onda claras. Tal como acontece com Isto pode enganar até mesmo o usuário experiente de oscilos-
um analisador lógico tradicional, você pode disparar cópio: osciloscópios digitais são projetados de tal forma que
um conjunto definido de níveis, e isso pode fazer a a taxa de amostragem máxima é sempre adequada para sinais
decodificação de barramento, disparo de barramento e até a largura de banda total do osciloscópio de aplicação; mas
outras coisas extravagantes para você. quando você opera a uma velocidade de varredura mais lenta
Disparador inteligente: Bons osciloscópios digitais lhe no modo “sample” (ou seja, uma amostra por ponto de onda
permitem disparar em praticamente qualquer condição exibido) a taxa de amostragem efetiva é muito menor. Assim,
que você pode imaginar: largura de pulso <, >, ⫽, ou ⫽ você pode ver coisas sem sentido como sinal instável com
de algum valor; pulsos estreitos e gliches; a violações jitter, incapacidade de disparo (trigger), mudança estranha
dos tempos de setup e hold; intervalo especificado de da forma de onda quando a taxa de varredura é alterada, caso
tempos de subida ou descida; condições especificadas haja um sinal de alta frequência presente.
ou violações em barramentos seriais; disparo após n Se você suspeitar de aliasing, tente acelerar a varredu-
eventos; e assim por diante. (Confira na leitura agradá- ra, ou mudar para o modo PEAK DETECT. O aliasing pode
vel da folha de dados da Tektronix, LeCroy, Keysight/ ser realmente irritante quando você está lidando com os si-
Agilent, ou Rohde & Schwarz). nais que combinam escalas de tempo (um clássico ocorria na
Teste de limite/máscara: Você pode configurar um modelo televisão analógica, com uma portadora de cor de 3,59 MHz
e detectar formas de onda fora de especificação para o em uma frequência de linha horizontal de ~15 kHz).
teste de critério em uma linha de produção; idem para
jitter e outros parâmetros mensuráveis.
Autoset: É fácil se perder neste deserto multi-dimensional; B. Tempo Morto
osciloscópios digitais fornecem um botão de emergên- Para a percepção visual humana é necessário atualizar a exibi-
cia (ajuste automático – autoset –, escala automática, ção osciloscópio apenas aproximadamente ~100 vezes por se-
ou alguma variante linguística, dependendo do fabri- gundo. Se o osciloscópio capturar dados de forma de onda de
cante), que, pelo menos, consegue obter alguma coisa entrada apenas a essa taxa, a fração de tempo que é sensível a
na tela (mas veja os cuidados, a seguir). eventos de sinal importantes (como um glitch ou violação de
Assimetria da ponta de prova: Quando você estiver usando temporização) pode ser extremamente baixa. Por exemplo, a
vários sistemas diferentes de detecção (por exemplo, a uma taxa de varredura mediano de 1 μs/div (portanto, 10 μs
ponta de prova 10⫻ passiva, ponta de prova FET ativa, por varredura) um osciloscópio que estiver atualizando 100
ponta de prova de corrente), os atrasos de sinal podem vezes/segundo estará ativo apenas 0,1% do tempo.
variar em dezenas de nanosegundos ou mais, interrom- Quando os usuários de osciloscópios tomaram co-
pendo completamente a fidelidade do display de multi- nhecimento a respeito, os fabricantes de osciloscópio arre-
canal (opa!, você pode ser levado a pensar que tem uma gaçaram as mangas: como resultado, hoje fornecem alguma
violação da causalidade – efeito que precede a causa!). medida de taxa de atualização de verdade (geralmente sob a
Leitura e alimentação de ponta de prova: Pontas de prova forma de “formas de ondas por segundo”, normalmente na
para uso com osciloscópios digitais contemporâneos faixa de 100.000 a 1.000.000). Tenha cuidado ao avaliar tais
têm conexões extras pelas quais elas comunicam seu métricas, porque há mais do que um pouco de “arte de espe-
fator de atenuação (x1, x10, x100) e outras informa- cificações” acontecendo.

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1164 Apêndice O O osciloscópio

C. Perdido em um Espaço Vetorial Multidimensional um monte de “lixo”. E você ainda pode perder um minuto
não percebendo que o equipamento está em modo SINGLE-
Os osciloscópios analógicos são simples, e você pode ver a
-SWEEP ou STOP.
configuração completa do instrumento apenas olhando para
botões e indicadores. Não temos essa sorte com osciloscó-
pios digitais. Os primeiros eram particularmente problemáti- D. O Osciloscópio está Mentindo para Você
cos, sem indicadores visuais e (principalmente) botões. Eles
Ao observar sinais com um osciloscópio digital, você pode
melhoraram muito,9 mas ainda é muito fácil se sentar em
ser vítima de uma bênção (uma vasta gama de capacidades
frente a um osciloscópio que simplesmente não está sincro-
e configurações de medição) que se torna uma maldição (as
nizando ou mostrando sinais vitais significativos. É preciso
configurações do osciloscópio não são o que você pensa). É
uma intuição aguçada para saber qual o menu a abrir (hori-
fácil esquecer algumas configurações obscuras, mas impor-
zontal? Disparo? Modo?) para chegar ao problema. Pode ser
tantes, que falsificam as medições que você pensa que está
tão simples como sincronizar no canal errado; ou pode ser
fazendo. Por exemplo, é fácil esquecer (temos feito isso,
que você tenha deixado o display no modo de média (AVE-
muitas vezes) que você deixou uma compensação PROBE
RAGING), e a falta de um disparo repetitivo estável produz
SKEW anteriormente em vigor, ou que alguns canais ainda
têm ajuste de BANDWIDTH LIMIT. Esses descuidos cor-
9 Gostamos particularmente do recurso “QuickMenu” introduzido pela rompem suas medidas de maneiras pouco óbvias que você
Tektronix em sua série original TDS3000 de osciloscópios. Inexplicavelmen-
te, este recurso tão útil foi eliminado (apesar de nossos protestos) em oscilos-
pode não perceber por um bom tempo; e quando percebe,
cópios sucessores da Tektronix. Temos atormentado-os desde então. está condenado a repetir as medições corretamente.

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Acrônimos e abreviações P
Os engenheiros eletrotécnicos são afeiçoados (muito afeiçoa- BJT: transistor de junção bipolar
do, diriam alguns) a siglas e abreviaturas, uma conhecimento BNC: Baioneta Neill-Concelman (conector)
que todo projetista de circuito deve necessariamente adquirir. BPSK: deslocamento de fase binário
Para ajudar nesta educação, e como referência à mão, forne- BRT: resistor de polarização do transistor
cemos aqui uma pequena lista de termos usados neste livro. BSS: broadcast satellite services
BV: tensão de ruptura
A/D: analógico-digital BW: largura de banda
AC (T): CMOS avançado (família lógica)
ADC: conversor analógico-digital C0G: dielétrico de cerâmica de baixo coeficiente de tempe-
ADI: Analog Devices Inc. ratura (estável)
AES: Audio Engineering Society CA: acesso condicional
AFC: controle de frequência automático CA: literalmente “corrente alternada” (isto é, tensão alterna-
AGC: controle automático de ganho da); mais comumente um sinal que varia.
AGF: fibra totalmente de vidro CAN: Controller Area Network (barramento)
AHC (T): CMOS de alta velocidade avançado (família ló- CANH: Controller Area Network high (um sinal CAN)
gica) CANL: Controller Area Network low (um sinal CAN)
ALS: Schottky de baixa potência avançado (família lógica) CBR: taxa de bit constante (codificação)
ALU: unidade lógica e aritmética (em um processador) CC: corrente contínua (isto é, uma tensão fixa)
ALV: baixa tensão avançado (família lógica) CCD: Dispositivo de carga acoplada
AM: modulação de amplitude CCFL: lâmpada fluorescente de cátodo frio
ANSI: American National Standards Institute CCM: modo de condução contínua (em um conversor de po-
AOP: amplificador operacional tência)
APD: fotodiodo de avalanche CD: disco compacto (armazenamento óptico)
APF: fibra totalmente de plástico CDMA: acesso múltiplo por divisão de código
ARM: arquitetura de processador popular da ARM Holdings CDR: clock e recuperação de dados
ASCII: American Standard Code for Information Interchange CES: Consumer Electronics Show
ASF: fibra totalmente de sílica CF: compact flash (cartão de memória)
ASIC: circuito integrado totalmente personalizado de aplica- CFB: realimentação de corrente (AOP)
ção específica CHE: injeção de elétron quente do canal
ASSP: produto padrão de aplicação específica CI: circuito integrado
ATA: Advanced Technology Attachment (uma interface de CLB: Bloco de lógica configurável
disco; veja PATA, SATA) CML: lógica de modo de corrente
ATAPI: ATA packet interface (ATA generalizado) CMOS: semicondutor de óxido metálico complementar
ATE: equipamento de teste automatizado CMRR: índice de rejeição de modo comum
ATM: modo de transferência assíncrona codec: codificador-decodificador
ATSC: Advanced Television Systems Committee (padrões de cPLD: dispositivo de lógica programável complexo
TV digital) CPU: unidade central de processamento
AUC: CMOS de ultra-baixa tensão avançado (família lógica) CR: retorno do carro
AVC: CMOS de (baixa) tensão avançado (família lógica) CRC: ciclic redundancy checksum
AVR: família de microcontroladores de Atmel Corp. CRT: tubo de raios catódicos
AWG: American wire gauge CSMA: acesso múltiplo com detecção de portadora
AZ: auto-zero CSP: chip-scale package
CTR: relação de transferência de corrente
BBM: abre antes de fechar (chave) CTS: pronto para enviar (em um enlace serial)
BCD: decimal codificado binário CVBS: vídeo composto, apagamento e sincronismo
BGA: boll-grid array (um encapsulamento de CI) CVSD: modulação delta de rampa continuamente variável

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1166 Apêndice P Acrônimos e abreviações

D/A: digital-analógico FED: field-emission display


DA: absorção dielétrica FET: transistor de efeito de campo
DAC: conversor digital-analógico FFS: fringe-field switching (uma tecnologia de display LCD)
DAQ: sistema de aquisição de dados FFT: transformada rápida de Fourier
DBS: radiodifusão direta via satélite FG: porta flutuante
DCE: equipamentos de comunicação de dados (em um en- FGA: arranjo de porta flutuante
lace serial) FI: frequência intermédia (no receptor RF)
DCM: modo de condução descontínuo (em um conversor de FIFO: first-in-first-out (memória)
potência) FIR: resposta finita ao impulso (filtro)
DDR: taxa de dados dupla (memória) FM: modulação de frequência
DDS: síntese digital direta FOT: transceptor de fibra óptica
DFC: conversor de frequência digital FPBW: largura de banda de potência total
DIN: Deutsches Institut für Normung (uma organização ale- FPGA: arranjo de porta programável em campo
mã de padronização ); um conector série FR-4: “retardador de chamas 4” (material PCB-vidro epóxi)
DIP: dual in-line package FRAM (também FeRAM, F-RAM): memória de acesso alea-
DIR: direção (um sinal de controle) tório ferroelétrica
DMA: acesso direto à memória FSB: barramento front-side (de um processador de compu-
DMM: multímetro digital tador)
DNL: não linearidade diferencial FSE: equivalente à plena luz do sol (você viu aqui primeiro!)
DPCP: proteção de conteúdo do DisplayPort
DPDT: dois polos duas vias (chave) GAL: matriz lógica genérica
DRAM: memória de acesso aleatório dinâmica GBP, GBW: produto ganho-largura de banda
DSBGA: die-size ball-grid array (um encapsulamento de CI) GCC: compilador C GNU
DSL: linha de assinante digital (para dados sobre a linha te- GCPW: guia de ondas coplanar aterrado
lefônica) GDT: tubo de descarga de gás
DSP: processamento digital de sinal (ou processador) GIC: conversor de impedância generalizada
DSR: conjunto de dados pronto (em um enlace serial) GMR: magnetorresistência gigante
DTE: equipamento terminal de dados (em um enlace serial) GND: terra
DTH: direto para casa (TV via satélite) GPIB: barramento de interface de uso geral
DTL: lógica transistor-diodo GPL: linguagem de programação gráfica; licença pública ge-
DTR: terminal de dados pronto (em um enlace serial) ral (em GNU)
DUT: dispositivo sob teste GPS: sistema de posicionamento global
DVI: interface visual digital (para vídeo digital) GPU: unidade de processador gráfico
DVM: voltímetro digital GUI: interface de usuário gráfica
DVR: gravador de vídeo digital
HAPD: fotodiodo de avalanche híbrido (detector)
EAROM: memória apenas de leitura alterável eletricamente HBM: modelo do corpo humano
EAS: especificação de energia avalanche HC (T): CMOS de alta velocidade (família lógica)
ECL: a lógica de emissores acoplamentos HDCP: proteção de conteúdo digital de alta largura de banda
EEPROM: memória apenas de leitura programável e apagá- HDD: unidade de disco rígido
vel eletricamente HDL: linguagem de descrição de hardware
EIA: Electronic Industries Alliance (organização de padroni- HDMI: interface multimídia de alta definição (para display
zação e comércio) digital)
EMF: força eletromotriz ( ~tensão) HDTV: televisão de alta definição
EMI: Interferência eletromagnética HI: interface humana
ENOB: número efetivo de bits HP: Hewlett-Packard
EPROM: memória apenas de leitura programável e apagável HV: alta tensão
eSATA: external SATA interface
ESD: descarga eletrostática ICSP: programação serial no próprio circuito
ESL: indutância em série equivalente IDC: conector de deslocamento de isolamento
ESR: resistência em série equivalente IDE: ambiente de desenvolvimento integrado (para a codi-
ETF: 8 para 14 (codificação digital) ficação)
IEC: International Eletrotechnical Commission
F-N: tunelamento de Fowler-Nordheim IEEE: Institute of Electrical and Electronic Engineers
FCC: Federal Communications Commission IGBT: transistor bipolar de porta isolada
FDNR: resistor negativo dependente da frequência IGFET: transistor de efeito de campo de porta isolada

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Apêndice P Acrônimos e abreviações 1167

IIC (I2C): inter-integrated-circuit (um barramento serial) MOS: semicondutor de óxido metálico
IlR: resposta infinita ao impulso (filtro) MOSFET: transistor de efeito de campo de semicondutor de
INA: amplificador de instrumentação óxido metálico
INL: não linearidade integral (na conversão A/D) MOV: varistor de óxido metálico (filtro de linha)
IP: Internet protocol; propriedade intelectual MPTS: fluxos de transporte de multiprograma (em TV di-
IPS: comutação (uma tecnologia de display LCD) no plano gital)
IR: infravermelho MPU: unidade de microprocessador
ISA: International Society of Automation (uma organização MRAM: memória de acesso aleatório magnetoresistiva
de definição de padrão) MRI: imagem de ressonância magnética
ISI: interferência intersimbólica MSB: bit mais significativo
MSI: integração em média escala
JFET: transistor de efeito de campo de junção MUX: multiplexador
JTAG: Joint Test Action Group (uma interface de CI)
l/O: input-output NAN: não é um número
NC: normalmente fechado (chave)
LAB: bloco de matriz lógica (na lógica programável) NECL: lógica de emissor acoplado negativa
LAN: rede local NEMA: National Electrical Manufacturers Association (uma
LCD: display de cristal líquido organização de definição de padrões)
LCX: CMOS de baixa tensão crossvolt (família lógica) NIC: conversor de impedância negativa; cartão de interface
LDO: baixa queda de tensão (regulador de tensão linear) de rede
LE: elemento lógico (em lógica programável) NiCd: níquel-cádmio (bateria)
LED: diodo emissor de luz NiMH: níquel-metal-hidreto (bateria)
LFSR: registrador de deslocamento de realimentação linear NIST: National Institute of Standards and Technology
Li-ion: íon de lítio (bateria) NMI: interrupção não mascarável
LIFO: último a entrar e primeiro a sair (memória) nMOS: semicondutor de óxido metálico tipo n
LIN: rede de interconexão local (barramento) NMR: ressonância magnética nuclear
LKC: lei de Kirchhoff: para corrente NO: normalmente aberto (chave)
LKT: A lei de Kirchhoff para tensão NP0: dielétrico cerâmico de baixo coeficiente de temperatura
LNA: amplificador de baixo ruído (estável)
LNBF: low-noise block-downconverter plus feed (para TV NRZ: sem retorno para zero (código de dados)
via satélite) NRZI: sem retorno para zero invertido (código de dados)
LO: oscilador local (no receptor RF) NSC: National Semiconductor Corporation (agora parte da TI)
LPF: filtro passa-baixas NTC: coeficiente de temperatura negativo
LPT: impressora de linha (uma porta paralela) NTSC: National Television System Committee (padrão de
LS: Schottky de baixa potência (família lógica) TV analógica)
LSB: bit menos significativo NV: não volátil
LSI: circuito integrado de escala ampla NVM: memória não volátil
LUT: tabela de pesquisa
LV: baixa tensão (família lógica) O/C: coletor aberto (saída lógica)
LVC: CMOS de baixa tensão (família lógica) O/D: dreno aberto (saída lógica)
LVDS: sinalização diferencial de baixa tensão OCXO: oscilador a cristal controlado por forno
LVPECL: lógica de emissor acoplada de baixa tensão positiva OEM: fabricante de equipamentos originais
LVX: low-voltage crossvolt (família lógica) OLED: diodo emissor de luz orgânico
LXI: eXtensões de LAN para Instrumentação OSl: interligação de sistemas abertos (hierarquia de rede)
OSR: taxa de sobreamostragem
μC: microcontrolador OTA: over-the-air (radiodifusão)
MAC: multiplicador-acumulado; controle de acesso à mídia OTP: memória NV programável uma vez
MBB: fecha antes de abrir (chave)
MCU: unidade de microcontrolador PAL: lógica de matriz programável
MDAC: conversor digital-analógico multiplicador PARC: Palo Alto Research Center
MEMS: sistema microeletromecânico PATA: interface ATA paralela
MFB: realimentação múltipla (filtro ativo) PC: circuito impresso; computador pessoal
MIPS: milhões de instruções por segundo PCB: placa de circuito impresso
MLC: célula multinível (em memória não volátil) PCF: fibra revestida de plástico
MMU: unidade de gerenciamento de memória PCI: interface de componentes periféricos (um barramento
modem: modulador-demodulador de computador)

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1168 Apêndice P Acrônimos e abreviações

PCle (também PCI-E): PCI estendido RRO: saída trilho a trilho


PCM: modulação por codificação de pulso RTC: clock de tempo real
PCMCIA: Personal Computer Memory Card International RTD: detector de temperatura de resistência (ou dispositivo
Association (um padrão de interface de cartão) de temperatura de resistência)
PDA: assistente digital pessoal RTI: referenciado à entrada
PECL: lógica de emissor acoplado positiva RTL: a lógica resistor-transistor; nível de transferência de re-
PEN: naftalato de polietileno (um dielétrico de capacitor) gistradores (em HDL)
PFC: correção de fator de potência (em conversores com ali- RTO: referenciado à saída
mentação CA) RTS: pedido de envio (em um enlace serial)
PFD: detector de frequência-fase
PFM: modulação de pulso-frequência S/H: amostragem e retenção
PGA: amplificador de ganho programável SA: amplificador sensor
PI/PO: entrada paralela-saída paralela SACD: Super Audio CD
PID: proporcional-integral-derivativo (em sistemas de con- SAD: dispositivo avalanche de silício (ou seja, um zener
trole); identificador de programa (em TV digital) TVS)
PIN: positive-intrinsic-negative (diodo) SAR: registrador de aproximação sucessiva
PIR: infravermelho passivo (detector) SAS: Serial Attached SCSI (interface)
PLA: arranjo lógico programável SATA: serial ATA (interface)
PLC: ciclos da rede elétrica SAW: onda acústica de superfície
PLD: dispositivo lógico programável SBC: computador de placa única
PLL: malha de fase sincronizada SC: conector de assinante (um conector de fibra óptica)
PlV: tensão inversa de pico SCPI: comandos padrão para instrumentos programáveis
pMOS: semicondutor de óxido metálico tipo p SCR: retificador controlado de silício
PMT: tubo fotomultiplicador SCSI: small computer system interface
POF: fibra óptica de plástico SD: digital seguro (cartão de memória)
POL: ponto de carga SDI: entrada de dados seriais
PP: pico a pico (tensão) SDO: saída de dados seriais
PPS: sulfeto de polifenileno (um dielétrico de capacitor) SDR: taxa de dados simples (memória)
PRAM: memória de acesso aleatório de mudança de fase SDRAM: memória de acesso aleatório dinâmica síncrona
PRBS: sequência de bits pseudoaleatórios SDTV: definição padrão de televisão
PROM: memória apenas de leitura de mudança de fase SE: terminação simples
PSRAM: memória de acesso aleatório pseudoestática SED: surface-conduction electron-emitter display
PSRR: razão de rejeição da fonte de alimentação SEPIC: conversor de indutância primária de terminação sim-
PTAT: proporcional à temperatura absoluta ples
PUJT: transistor de unijunção programável SERDES: serializador-desserializador
PV: fotovoltaico (detector de luz) SHV: “tensão alta segura” (conector)
PVC: cloreto de polivinila (isolante) SI: entrada serial
PVR: gravador de vídeo pessoal SIP: encapsulamento de única linha
PWM: modulação por largura de pulso SMA, SMB, SMC: série de conectores coaxiais de RF sub-
miniatura
QAM: modulação de amplitude em quadratura SMI: interface pequena de mídia (um conector de fibra óp-
QPSK: modulação por deslocamento de fase em quadratura tica)
SMPS: fonte de alimentação de modo de comutação
RAM: memória de acesso aleatório SMT: tecnologia de montagem em superfície
RCO: saída de clock ondulante SMU: unidade de alimentação e medição
RD: recepção de dados (em um enlace serial) SNR: relação sinal-ruído
RF: radiofrequência SO: saída serial; small-outline (encapsulamento de CI)
RFI: interferência de radiofrequência SOA: área de operação segura
RG-nn: “Guia de Rádio” (designadores de cabo coaxial) SODIMM: módulo de memória em linha dupla de perfil baixo
RGB: vermelho-verde-azul (sinais de vídeo) SOIC: circuito integrado de perfil baixo
RISC: set de instruções reduzido de computador SOT: transistor de perfil baixo
RLL: sequência de comprimento limitado (códigos digitais) SPDIF: formato de interconexão digital Sony-Philips (para
RMS: raiz do valor médio quadrático áudio digital)
ROM: memória apenas de leitura SPDT: um polo e duas posições (chave)
RRI: entrada trilho a trilho SPI: interface de periférico serial (um simples barramento de
RRIO: entrada e saída trilho a trilho CI)

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Apêndice P Acrônimos e abreviações 1169

SPICE: “programa de simulação com ênfase em circuito in- UL: Underwriters Laboratories (uma empresa de certificação
tegrado” (software simulador de circuitos analógicos) de segurança)
SPL: nível de pressão sonora UPS: fonte de alimentação ininterrupta
sPLD: dispositivo lógico programável simples USB: universal serial bus (uma interface de dados)
SPST: um polo e uma posição (chave) UTP: par trançado sem blindagem (cabo)
SPTS: fluxo de transporte de único programa (em TV digital) UV: ultravioleta
SR: taxa de variação
SRAM: memória de acesso aleatório estática V/F: tensão-frequência (conversor)
SSD: unidade de estado sólido (uma memória NV) VBR: taxa de bits variável (codificação)
SSH: Secure Shell (um protocolo de rede) VCO: oscilador controlado por tensão
SSP: porta serial síncrona VCVS: fonte de tensão controlado por tensão (filtro ativo)
SSR: relé de estado sólido VCXO: oscilador a cristal controlado por tensão
ST: ponta reta (um conector de fibra óptica) VDE: Verband der Elektrotechnik, Elektronik und Informa-
STB: conversor (via cabo ou satélite) tionstechnik (uma organização alemã, cujas atividades
STP: par trançado blindado (cabo) incluem normas de segurança)
SWR: relação de onda estacionária (em uma linha de trans- VFB: realimentação de tensão
missão) VFD: display fluorescente vácuo
VGA video graphics array (vídeo analógico de 640x480)
T & M: teste e medição VHS: video home system (gravação de vídeo)
TAC: conversão tempo-amplitude VLSI: integração em escala muito ampla
TBH: take-back-half (um algoritmo de controle) VME: VERSAmodule Eurocard Bus (uma interface de cartão)
TCP: transmission control protocol (um protocolo da Inter- VOD: video-on-demand
net) VOM: volt-ohm-miliampère
TCXO: oscilador a cristal com compensação de temperatura VSWR: relação de onda estacionária de tensão (em uma li-
TD: transmitir dados (em um enlace serial) nha de transmissão)
tempco: coeficiente de temperatura VU: unidade de volume (um nível de áudio)
THD: distorção harmônica total
TI: Texas Instruments WL: latência de escrita (em memória do computador)
TNC: threaded Neill-Concelman (conector)
TO: transistor outline (por exemplo, TO-92, 220) X7R: um dielétrico de cerâmica
TSSOP: thin-shrink small-outline package XLR: uma série de conector de áudio profissional
TTL: lógica transistor-transistor XO: oscilador a cristal
TVS: supressor de tensão transitória
TWI: interface de dois fios (um barramento serial) Y5V: um dielétrico cerâmico
YIG: yttrium-irom garnet
UART: transmissor-receptor assíncrono universal
UDP: User Datagram Protocol (um protocolo da Internet) Z5U: um dielétrico cerâmico
UHF: frequência ultra alta; também um antigo conector co- ZCS: comutação de corrente zero
axial ZVS: comutação de tensão zero

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