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Os arquivos e o ofício do historiador

Marcia Eckert Miranda


Universidade Federal de São Paulo
mmiranda@unifesp.br

Propriedades dos monarcas, os arquivos eram, até o final do século XVIII,


instrumentos, cujo acesso era restrito, subordinado ao sigilo e ao arbítrio dos governantes.
A Revolução Francesa (1789) transformou essas instituições em patrimônio nacional
cujo acesso tornou-se direito de todo cidadão francês. A abertura dessas instituições, os
debates seguidos sobre a organização desses acervos com a definição do princípio da
proveniência1 e a publicação do “Manuel de Arquivistas Holandeses” em 1898 marcaram
o surgimento da Arquivologia como área autônoma em relação à História (REIS, 2006).2
Ao longo do século XIX, os arquivistas assumiram o papel de agentes neutros
e passivos, cuja função principal era a preservação dos documentos, sem qualquer
influência direta sobre os processos de produção, eliminação e destinação desses à guarda
permanente.3 Os historiadores, sob a influência do Positivismo, passaram a valorizar as
fontes documentais textuais como base para a determinação da verdade sobre o passado
e a considerar a Arquivologia uma ciência auxiliar da História ao lado da Paleografia e
da Diplomática. Posturas essas que contribuíram para o distanciamento entre essas áreas
de conhecimento e para que os historiadores, confinados às salas de pesquisas, deixassem
de refletir sobre os arquivos e seus acervos, atribuindo, a esses últimos, naturalidade nos
processos de acumulação e recolhimento e neutralidade no seu arranjo e descrição.
Seguindo trajetórias paralelas, as últimas décadas do século XX impuseram
novas perspectivas teóricas e metodológicas à Arquivologia e à História. A abordagem
pós-moderna, desenvolvida principalmente pela Arquivologia canadense a partir dos anos
de 1980, abriu o debate sobre o papel dos arquivistas, sobre a natureza dos arquivos e dos
documentos e sobre sua relação com a memória. Advogando a necessidade de releitura
dos princípios da Arquivística, essa corrente negou a postura de neutralidade e colocou em
evidência o contexto frente ao texto, as relações de poder, os significados e a necessidade
de desnaturalizar tudo que era tomado como natural (COOK, 1991). Na História, a
terceira geração dos Analles, na década de 1970, redefiniu a concepção de documento,
adotando instrumentos e abordagens teóricas de outras ciências sociais (BOUTIER, 1998).

1  Princípio adotado no arranjo dos acervos nos arquivos franceses a partir da circular do Ministério do
Interior de 24 de abril de 1841. Segundo esse princípio, os documentos produzidos por uma administra-
ção/entidade/pessoa/família devem ser mantidos separados daqueles produzidos por outras (BELLOTTO,
2006, p. 130 e ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 136).
2  Sobre a história da Arquivística, ver REIS (2006), JIMERSON (2008) e KETELAAR (2007).
3  Postura defendida por Sir Hilary Jenkinson (1882-1861) no Manual de administração de arquivos,
publicado em 1922 (JIMERSON, 2008).
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Essas novas perspectivas historiográficas aliadas à crescente valorização da memória


estimularam o surgimento de novos “lugares da memória” (NORA, 1993), os quais se
distinguem dos arquivos por serem essencialmente instituições dedicadas à produção e
reunião de coleções de documentos em diferentes suportes4 e proveniências.5
Nesse cenário de transformações, a postura dos historiadores frente aos arquivos
tem mudado, ainda que lentamente, passando da sala de pesquisa aos demais espaços
dessas instituições. A valorização da memória e as novas temáticas da historiografia
estimularam a criação de centros de memória e documentação e transformaram o
historiador em um agente ativo na constituição, organização e disponibilização de acervos,
obrigando-o a repensar seu papel nas instituições de memória e a buscar o diálogo com
outras disciplinas da Ciência da Informação. Mas, ainda hoje, quando esses profissionais
se limitam à sala de pesquisa dos arquivos, questões como origem dos documentos, seu
contexto de produção, avaliação, história custodial, arranjo e descrição raramente são
objetos de reflexão (BOSCHI, 2011). Assim, apesar de os princípios da Arquivologia, de
seus métodos e teorias terem implicações relevantes sobre o ofício do historiador, esses
temas são explorados por poucos programas de graduação em História.
Seja na sala de pesquisa ou nas salas destinadas à guarda do acervo e a seu
tratamento técnico, é importante que o historiador amplie seus conhecimentos acerca
dessa área. Neste texto, essas questões são abordadas buscando salientar a importância
da reflexão sobre a relação entre essas instituições de memória, seus acervos e o ofício do
historiador, pois

Os arquivos são, ao mesmo tempo, o elemento mais importante e o menos


discutido da construção histórica. A ausência de um diálogo efetivo entre
historiadores e arquivistas, bem como a falta de conhecimento técnico e teórico
sobre a ciência do “outro” são responsáveis pela situação lamentável em que se
encontram duas pontas da mesma realidade, assim como pela enorme distância
que as separa (LOPEZ, 1996, p. 33).

O historiador na sala de pesquisa

A pesquisa em fontes primárias, especialmente em fontes textuais manuscritas, é


atividade comum ao trabalho do historiador. Como observou Marc Bloch, os documentos
tem sua história e não podem ser tomados como resultado simples da decantação natural
do processo de produção documental:

Não obstante o que por vezes parecem pensar os principiantes, os documentos


não aparecem, aqui ou ali, pelo efeito de um qualquer imperscrutável desígnio
dos deuses. A sua presença ou a sua ausência nos fundos dos arquivos, numa
biblioteca, num terreno, dependem de causas humanas que não escapam de
forma alguma à análise, e os problemas postos pela sua transmissão, longe de
serem apenas exercícios de técnicas, tocam, eles próprios, no mais íntimo da
vida do passado, pois o que assim se encontra posto em jogo é nada menos do
que a passagem da recordação através de gerações (BLOCH, 1941/42 apud LE
GOFF, 1996, p. 544).

4  Suporte: “Material no qual são registradas as informações” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 159).
5  Sobre o surgimento de centros de memória e documentação junto às universidades brasileiras ver,
SILVA (1999a e 1999b).
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Nos arquivos, independente das indagações que os historiadores pretendam fazer


aos documentos, os historiadores lidam com uma série de variáveis externas (as causas
humanas citadas por Bloch no trecho acima), as quais podem impor limites e vieses aos
caminhos que tencionam percorrer e às conclusões que possam chegar em suas pesquisas.
A pouca clareza dos historiadores acerca da rotina interna das instituições arquivísticas
contribui para que esses entraves ocultos se interponham entre o acervo e sua pesquisa.
Segundo Le Goff (1996, p. 547), todo documento é “antes de mais nada o resultado
de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, de uma sociedade
que o produziram [sic.]”; no entanto, cabem algumas reflexões sobre essa firmação.
Um documento é sempre monumento? O que é o documento de arquivo?
Os arquivos não são criados com o objetivo último de subsidiar a pesquisa. Um
documento de arquivo é uma informação sobre um suporte e que possui, dentre outras
qualidades específicas, a imparcialidade na sua produção, a naturalidade na acumulação
e a organicidade.6 A imparcialidade decorre do fato de que os documentos de um arquivo
não são produzidos com o objetivo de promover uma determinada leitura do passado,
mas em decorrência das atividades da entidade produtora. Esses documentos produzidos
e/ou recebidos por essa instituição, família ou pessoa são “naturalmente” acumulados,
formando um arquivo (ARQUIVO NACIONAL, 2005).7 Desse processo decorre a
organicidade que caracteriza esses documentos, ou seja, a relação de interdependência que
existe entre as unidades desse conjunto, em reflexo das atividades da entidade produtora/
acumuladora.8
Assim, considerando a imparcialidade, um documento de arquivo, na sua origem,
não é um monumento. No entanto, o mesmo não pode ser dito em relação a outras etapas
do tratamento dos conjuntos documentais recolhidos aos arquivos permanentes,9 pois:
Os critérios de seleção e os métodos de arranjo e descrição dos documentos são portadores de carga
ideológica e podem condicionar a construção de uma memória embasada em elementos exógenos; podem
ainda, a despeito da seriedade e espírito crítico do historiador, propiciar uma visão restrita da história
(LOPEZ, 1996, p. 16).

Pensar sobre os arquivos é, pois, requisito para que os pesquisadores possam


explorar o potencial informativo desses acervos, para que tenham clareza sobre os limites
impostos à análise desses documentos e para que possam ter consciência de que os
documentos de arquivo podem ser, em alguma medida, um monumento. A desmontagem
desse “monumento” tem por requisito a compreensão dos mecanismo que operaram essa
transformação. Assim, a compreensão do ciclo vital dos documentos,10 dos princípios da
Arquivologia e a análise da história custodial dos conjuntos documentais são importantes
para o que o historiador possa explorá-los, furtando-se dos vieses decorrentes da

6  Sobre as características de um documento de arquivo (imparcialidade, autenticidades, naturalidade na


acumulação, organicidade e unicidade) ver BELLOTTO (2011).
7  Acumulação: “reunião de documentos produzidos e/ou recebidos no curso das atividades de uma enti-
dade coletiva, pessoa ou família” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 20).
8  Organicidade: “relação natural entre documentos de um arquivo (1) em decorrência das atividades da
entidade produtora” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 2).
9  Arquivo Permanente: “1. Conjunto de documentos preservados em caráter definitivo em função de
seu valor. 2 Arquivo (2) responsável pelo arquivo permanente (1). Também chamado arquivo histórico”.
(ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 34).
10  Ciclo vital dos documentos: “Sucessivas fases por que passam os documentos de um arquivo (1), da
sua produção à guarda permanente ou eliminação” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 47).
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monumentalização e de outros obstáculos.


A partir da segunda metade do século XX, com o crescimento do volume de
documentos produzidos, a eliminação11 passou a ser considerada um mal necessário. A
avaliação documental é um recurso técnico que busca estabelecer os prazos de guarda
dos documentos e determinar seu destino: a eliminação ou o recolhimento a um arquivo
permanente. Assim, a avaliação busca, através do estabelecimento de critérios objetivos
e transparentes, viabilizar a redução do volume de documentos a serem preservados,
minimizando o impacto sobre a perda de informações. No entanto, como salienta
Jardim (1995), esse processo tem uma dimensão política importante. A pretendida
“destruição controlada” (Nora, 1993, p. 15) envolve critérios definidos historicamente
e correspondentes a uma dada cultura política (LOPEZ, 1996).
O processo de avaliação envolve a aferição de valores primário e secundário
dos documentos. O valor primário relaciona-se ao valor jurídico, administrativo e fiscal,
refletindo a importância do documento para seu produtor; o valor secundário é associado
aos interesses de outros usuários pelos documentos como evidência/prova e como fonte
de informação (COOK, 1997). Os documentos com valor secundário são acessados por
pesquisadores diversos, que os usam para diferentes fins e neles encontram significados
e sentidos distintos daqueles para os quais foram produzidos.12 Mas, ao arbitrar o que
deve ser preservado ou não, o arquivista e os demais membros da comissão de avaliação
de documentos13 também atribuem, intencionalmente ou não, significados, narrativas e
sentidos a esses registros (KETELAAR, 2001).
Se a avaliação documental é um mal necessário, a sua realização sem critérios ou
por pessoas incapacitadas, assim como a destruição sem quaisquer considerações técnicas,
são ainda mais prejudiciais. Daí a necessidade de que essa avaliação seja realizada por
comissões multidisciplinares, que, além das questões administrativas e legais, possam
utilizar critérios diversos para aferir o valor dos documentos.
Para além da eliminação, outros problemas podem envolver os conjuntos
documentais recolhidos aos arquivos permanentes, tais como a dispersão de fundos14 e o
arranjo inadequado.
Nem todos os documentos considerados de valor secundário e, por isso, destinados
à guarda permanente, encontram na mesma institução de custódia. Ainda que a princípio
um arquivo seja “uma espécie de duplo da instituição” (Camargo, 2003, p. 5), questões
relativas à origem dessa e às transformações nas suas funções e estrutura podem implicar
numa duplicidade distorcida. Como observa Costa (2000), em 1838, quando da fundação
do Arquivo Público do Império e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, as
concepções acerca do papel de cada uma dessas instituições na formação da nacionalidade

11  Eliminação: “Destruição de documentos que, na avaliação, foram considerados sem valor permanen-
te. Também chamada expurgo de documentos.” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 81).
12 ���������������������������������
Exemplo disso são os documentos produzidos pelos órgãos e estruturas vinculadas à perseguição e
ao extermínio de judeus e de outros segmentos da sociedade e que foram utilizados nos julgamentos de
Nuremberg como prova dos crimes cometidos pelas autoridades nazistas no decorrer da II Guerra (Quin-
tana, 2008).
13  Comissão de avaliação e destinação: “Grupo multidisciplinar encarregado da avaliação de documen-
tos de um arquivo (1), responsável pela elaboração de tabela de temporalidade” (ARQUIVO NACIO-
NAL, 2005, p. 53).
14 ���������������������������������������������������������������������������������������������
Fundo: “Conjunto de documentos de uma mesma proveniência. Termo que equivale a arquivo” (AR-
QUIVO NACIONAL, 2005, p. 97).
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e de assessor jurídico-instrumental do Estado implicaram no direcionamento diferenciado


de documentos:

...o Arquivo brasileiro limitou-se a recolher os documentos legislativos


e administrativos que diziam respeito quase que exclusivamente à rotina
administrativa do governo imperial e ao aparato legal necessário à organização
da nova sociedade. Parte considerável da documentação referente ao Estado,
enquanto instância política e jurídica definidora das relações do governo
com os outros Estados-nações, isto é, documentos relativos, por exemplo, à
delimitação das fronteiras nacionais e à preservação da unidade territorial e
política do Império, permaneceram no Ministério dos Negócios Estrangeiros
e integram hoje o fundo do Arquivo Histórico do Itamaraty. Da mesma forma,
a correspondência política entre membros da classe dirigente, relatando, por
exemplo, as medidas repressivas adotadas pelo governo em face das rebeliões
provinciais que ameaçavam a unidade nacional, integra as coleções privadas
hoje sob a guarda do IHGB ou do Museu Imperial em Petrópolis (2000, p.
11-12).

Opções feitas no passado podem ter motivado a dispersão de fundos. O caso dos
documentos produzidos/recebidos e acumulados pela Câmara de Porto Alegre no período
colonial ilustra essa possibilidade. As câmaras municipais no período colonial exerciam
funções administrativas, judiciais, policiais e fazendárias,15 daí o fato de seus acervos
serem formados por uma diversidade de tipos documentais16 decorrentes dessas diversas
atividades/funções. Hoje, esses documentos encontram-se dispersos por duas instituções
distintas: os livros de registros e de transmissões do Primeiro e do Segundo Tabelionato,
os livros de registro geral e os livros de registro de correspondência da Câmara encontram-
se no Arquivo Público do Rio Grande do Sul (APERS), já os livros de registros dos
provimentos dos corregedores da comarca na vila de Porto Alegre e os livros de atas
de vereança fazem parte do acervo do Arquivo Histórico Municipal Moyses Vellinho.17
As razões dessa dispersão não estão claras; possivelmente relacionam-se, em parte, à
lei de 1º de Outubro de 1828 que transformou as câmaras municipais em corporações
com funções exclusivamente administrativas, subtraindo-lhes a jurisdição contenciosa,
levando à separação dos arquivos de acordo com cada função. Hipótese, no entanto, que
não explica a presença dos livros de registro da câmara no APERS.
Esses fatos demonstram que, ao utilizar um conjunto de documentos, é importante
que o historiador procure compreender questões relacionadas a esse acervo, ou seja, a
história administrativa da instituição que o produziu e a história custodial ou arquivística
deste conjunto documental.
A história administrativa da instituição produtora permite identificar as funções
que esta exercia, as transformações em sua estrutura, quais as tipologias documentais
devem ser encontradas e os fluxos desses documentos. Ao mesmo tempo, também permite
15  Sobre a câmara municipal de Porto Alegre no período ver MIRANDA (2000).
16  Tipo documental: “Divisão de espécie documental que reúne documentos por suas características
comuns no que diz respeito à fórmula diplomática, natureza de conteúdo ou técnica do registro. São
exemplos de tipos documentais cartas precatórias, cartas régias, cartas-patentes, decretos sem número,
decretos-leis, decretos legislativos, daguerreótipos, litogravuras, serigrafias, xilogravuras” (ARQUIVO
NACIONAL, 2005, p. 136).
17  Sobre o acervo do APERS ver o site da instituição em http://www.apers.rs.gov.br/portal/index.
php?menu=notas>; sobre esse acervo ver Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés
Vellinho (2009).
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identificar lacunas e inclusões, mudanças nas tipologias documentais e a temporalidade


do processo de produção documental. Já a história custodial ou arquivística contribui para
que o pesquisador compreenda como se deu a produção desse conjunto documental, seu
processo de acumulação e custódia, explicitando a ocorrência ou não de dispersão dos
documentos (ARCE, 2011; BRASIL, 2006).18
No caso de arquivos pessoais, como observa Heymann (1997), o sentido da
acumulação dos documentos ganha destaque. Ao trabalhar com esses documentos,
o historiador deve romper com as ideias preconcebidas de que esses arquivos sejam
portadores de uma unidade e totalidade, já que o processo de acumulação envolve diversos
sentidos, obedecendo a diferentes critérios atribuídos pelo titular ao longo da sua vida ou
por terceiros. Assim o arquivo pessoal ou familiar também pode ser objeto de vários
reordenamentos e exclusões promovidas não apenas pelo titular, mas por seus familiares
ou terceiros. Essas características permitem questionar a naturalidade da acumulação
de alguns desses “arquivos” privados, o que torna essencial a análise da sua história
custodial, caminho necessário para desvendar as intenções ocultas em sua conformação
final.
Obstáculo pode ser gerado pela forma como foram classificados os documentos
de um fundo institucional ou pessoal. O processo de arranjo19 nos arquivos permanentes
é norteado pelo princípio da proveniência e da ordem original,20 os quais preservam a
integridade do conjunto, seu contexto de produção e a organicidade.
Ainda que no passado os acervos fossem organizados obedecendo a classificações
temáticas e/ou cronológicas, já no final do século XVIII observaram-se as dificuldades
e equívocos que esse sistema poderia causar seja pela diversidade de interesses, seja
pelos inúmeros sentidos que os pesquisadores podem atribuir aos documentos.21 Assim,
ao adotar-se o princípio da proveniência, o arranjo dos fundos documentais passou a ter
como alicerce um atributo intrínseco e permanente aos documentos (SOUZA, 2003). Esse
princípio implica em manter juntos os documentos produzidos por uma entidade/família/
pessoa, sem misturá-los aqueles produzidos por outros agentes. Quando não observado,
pode-se gerar a dispersão dos documentos produzidos por uma mesma instituição/família/
pessoa por diferentes grupos documentais e atribuir-se equivocadamente organicidade a
conjuntos que não a tem.
O chamado “fundo Requerimentos” do Arquivo Histórico do Rio Grande do
Sul (AHRS) é um caso exemplar. Esses documentos de uma mesma tipologia foram
coletados em diferentes fundos documentais, por um antigo gestor dessa instituição
para subsidiar suas pesquisas de genealogia.22 Assim, esse conjunto documental foi

18  A história custodial e a história administrativa do órgão produtor são elementos de contextualização
na produção de descrição de documentos arquivísticos, conforme Norma Brasileira de Descrição Arqui-
vística (BRASIL, 2006).
19  Arranjo: “Seqüência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos documentos de
um arquivo (1) ou coleção, de acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido” (ARQUIVO
NACIONAL, 2005, p. 37).
20  Princípio do respeito à ordem original: “Princípio segundo o qual o arquivo (1) deveria conservar o
arranjo dado pela entidade coletiva, pessoa ou família que o produziu” (ARQUIVO NACIONAL, 2005,
p. 137).
21 �����������������������������������������������������������������������������
Sobre a história da Arquivologia e dos métodos de arranjo ver SOUZA (2003).
22 ���������������������������������������������������������������������������������������������
Conjuntos constituídos com os mesmos critérios no acervo do AHRS são o dossiê açorianos e o
dossiê Real Feitoria do Linho Cânhamo. É comum a existência de coleções nos arquivos públicos, no
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criado artificialmente para atender os interesses de um pesquisador, sem qualquer


respeito à origem administrativa dos documentos. Nesse processo, documentos foram
desmembrados e descontextualizados, fundos documentais diversos tiveram documentos
subtraídos. Ainda que esses documentos sejam portadores de informações relevantes,
outras se perderam para sempre, tais como: os fundos originais de cada documento, a
relação com outras unidades documentais e o seu contexto de produção. Neste caso, a
pesquisa requer cuidados redobrados do historiador, principalmente porque não se trata
de um fundo documental, mas de uma coleção.23 Ao contrário dos fundos, as coleções
são resultado da ação intencional de seu criador. As informações que trazem podem ser
de extrema importância ao pesquisador, no entanto, é preciso que esse tenha clareza das
razões que levaram à constituição desse conjunto documental e da artificialidade de sua
constituição. No exemplo citado acima, não é possível que o pesquisador faça quaisquer
análises quantitativas a cerca das áreas mais demandadas pelos súditos às autoridades
régias, pois a representatividade da amostra, ou seja, dos requerimentos da coleção, é
incerta em relação à totalidade daqueles que teriam sido encaminhados às autoridades
régias no período.
Esse caso particular chama a atenção para outra questão: a imprecisão da
terminologia empregada. Como observa Bosch (2011, p. 16):

...em se tratando de fundos, coleções, séries, ou qualquer outra denominação


que tenham os volumes mais alentados de documentos escritos, torna-se
imprescindível que, antes de mais, verifiquemos a pertinência e a correção
dessas terminologias, sob pena de comprometermos as inferências que delas
extraímos.

Em parte, essas questão pode ser esclarecidas a partir da análise da história administrativa
e a história custodial de um conjunto documental, as quais devem estar a disposição
do pesquisador nos instrumentos de pesquisa. Esses instrumentos (guias, catálogos,
inventários, índices, etc.) são as vias de acesso aos documentos, por isso, a definição
de uma política de descrição documental24 deve ser balizada por critérios que visem
ao atendimento das demandas do público, considerando a disponibilidade de recursos,
as prioridades de conservação das informações, a política de difusão do acervo e as
tendências historiográficas (BELLOTTO, 2009). Mas nem sempre isso ocorre. A política
de descrição, ou seja, as definições de quais conjuntos documentais serão descritos e
com qual nível de profundidade, pode envolver um “projeto de fazer história”, influindo
como o passado deve ser investigado e quais fontes devem ser utilizadas (SALOMONI,
2011, p. 45). Assim, a eleição de fundos, grupos ou séries documentais25 merecedoras
de descrições detalhadas pode implicar na monumentalização de partes de acervos em
detrimento de outras (JARDIM, 1995, p 8). Deste modo, a utilização de fontes editadas
ou daquelas digitalizadas e disponibilizadas on-line também exige alguns cuidados por
entanto, os instrumentos de pesquisa devem alertar ao pesquisador acerca da natureza e origem dos docu-
mentos destes conjuntos documentais.
23  Coleção: “Conjunto de documentos com características comuns, reunidos intencionalmente” (AR-
QUIVO NACIONAL, 2005, p. 52).
24  Descrição: “Conjunto de procedimentos que leva em conta os elementos formais e de conteúdo dos
documentos para elaboração de instrumentos de pesquisa” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 67).
25  Série: “Subdivisão do quadro de arranjo que corresponde a uma seqüência de documentos relativos a
uma mesma função, atividade, tipo documental ou assunto” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 153).
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parte do historiador. 26
Ao analisar os Documentos interessantes para História de São Paulo, série
de fontes editadas e publicadas a partir de 1894 pela então Repartição de Estatística e
Arquivo do Estado de São Paulo, Mendes (2010) observou que a seleção dos conjuntos
documentais obedeceu a critérios variados, diversas temáticas e cortes cronológicos, no
entanto, esta seleção envolveu “a (re)construção constante de representações diversas
sobre um determinado passado”, reafirmando a posição autônoma e pioneira de São Paulo
(MENDES, 2010, p. 12).
No Rio Grande do Sul, a eleição da Coleção Varela como fonte documental
merecedora da publicação da transcrição de todas suas unidades documentais parece
obedecer a critérios similares. Essa coleção de cerca de treze mil documentos tem sido
objeto prioritário da política de publicações do Arquivo Histórico do Rio Grande do
Sul (AHRS) através de seus Anais desde 1978.27 Interessante observar que, em nenhum
dos dezessete volumes publicados, há informações sobre a organização desse conjunto
documental ou sobre esse projeto de edição. Com relação à história custodial, em algumas
das apresentações dos Anais reafirma-se apenas que essa coleção teve origem nos
documentos reunidos por Domingos José de Almeida e que fora acrescida pela coleção de
Alfredo Varela, servindo de subsídio à elaboração da obra mais extensa desse historiador,
os seis volumes de a “História da grande revolução: o cyclo farroupilha no Brasil”,
publicados em 1933. Mas, outras informações, tais como a trajetória dessa coleção das
mãos de Domingos José de Almeida, passando por seus herdeiros até chegar a Varela,
assim como o contexto de sua doação ao AHRS em 1936, seu arranjo original e atual, não
são disponibilizadas ao pesquisador nos Anais.28
A opção de dedicar uma grande quantidade de recursos à divulgação dessa
coleção evidencia a valorização desse conflito pela historiografia e no imaginário gaúcho.
No entanto, a manutenção desse projeto de publicação por um período tão prolongado e
ainda inconcluso instiga alguma reflexão sobre as diretrizes seguidas pela instituição na
definição das suas políticas de descrição e divulgação do acervo.
Assim, mesmo que os fundos documentais sejam formados por um processo
“natural” de acumulação, os arquivos permanentes guardam em si uma multiplicidade de
significados, os quais devem ser objeto de reflexão e análise pelos profissionais que com

26  As fontes digitalizadas disponíveis nos arquivos brasileiros foi objeto de pesquisa do Grupo do Pro-
grama de Educação Tutorial (PET) do Departamento de Historia da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) e suas conclusões podem ser verificadas no artigo “Fontes on-line em arquivos brasileiros:
Reflexões sobre a Internet no ofício do historiador” (BAUMANN, et ali., 2012).
27 �������������������������������������������������������������������������������������������������
A Coleção Varela é formada por 10.884 documentos manuscritos e 2.064 exemplares de jornais, dos
quais a maior parte foi transferida para o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. Apenas
o primeiro volume dos Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, publicado em 1977, não traz as
transcrições dos documentos da Coleção Varela, trazendo a transcrição do Livro de Registro do Comis-
sário de Mostras da Expedição de José da Silva Paes e da Provedoria da Fazenda do Rio Grande. Os vol-
umes 11 (1995) e 12 (1998) trazem, além da Coleção Varela, respectivamente o Inventário dos Registros
Gerais da Fazenda da Capitania e a Correspondência Expedida pelo Governador e Capitão General Paulo
José da Silva Gama. Interessante observar que, nos seus três últimos volumes, essa publicação passou
a apresentar títulos diferenciados, seguidos de um mesmo subtítulo: “A Coleção Varela – documentos
sobre a Revolução Farroupilha (1835-1845)”. Esses volumes, publicados todos em 2009, apresentam os
seguintes títulos: “Uma República contra o Império” (volume 16), “Guerra Civil no Brasil Meridional
(1835-1845)” (volume 17) e “Os segredos do Jarau” (volume 18).
28 ���������������������������������������������������������������
Sobre a história custodial da Coleção Varela, ver ARCE (2011).
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eles se relacionam (KETEELAR, 2001). Ainda que pontuais, os exemplos acima buscam
demonstrar que conhecimentos básicos de Arquologia e um diálogo ampliado com os
profissionais dessa área podem auxiliar o historiador como pesquisador a compreender
melhor os arquivos e seus acervos.

Para além da sala de pesquisa

Mas outras possibilidades de trabalho para o historiador surgiram nas últimas


décadas do século XX, levando-o a outros espaços e rompendo com o confinamento à
sala de pesquisa dos arquivos. A renovação da historiografia a partir da década de 1970
estimulou a descoberta de novos documentos, novas abordagens e temáticas. Essas
transformações implicaram na valorização de conjuntos documentais até então raramente
encontrados nos arquivos públicos, tais como os arquivos escolares, de associações
patronais, sindicatos de trabalhadores, movimentos sociais, partidos políticos, arquivos
pessoais de escritores, atores, militantes políticos, etc. Principalmente nas universidades,
esse movimento deu origem a centros de documentação e memória, os quais assumiram
uma posição ativa na identificação e aquisição desses fundos e coleções relacionados
a projetos de pesquisa específicos e, em alguns casos, também passaram a custodiar
arquivos produzidos pelo poder público (SILVA, 1999b).29.
Paralelamente, nesses anos marcados pela crescente valorização da memória,
foram criados centros de memória vinculados a diferentes esferas do poder público e à
iniciativa privada. Enquanto aqueles centros de memória ligados às universidades visam
prioritariamente o subsídio às atividades de ensino, pesquisa e extensão, aqueles outros
atendiam a demandas de grupos e movimentos sociais ou faziam parte de estratégias de
empresariais.
Assim, ainda que similares e relacionados a uma proposta de preservação do
patrimônio documental, a razões que motivam a criação desses centros são diversas, assim
como o papel que representam e, consequentemente, a ligação que mantem com diversos
públicos, fatos que influenciam nos processos de formação, tratamento e divulgação de
seus acervos.
Mas, independente das motivações para a criação desses espaços, estes buscam
custodiar e/ou formar coleções de documentos textuais, fundos de arquivos, acervos
museológicos e bibliográficos, fatos que impõem o desafio do trabalho interdisciplinar e
levaram o historiador para além da sala de pesquisa.
Assim, essas instituições de memória se colocam como espaços de trabalho
do historiador, instigando questões relativas à coleta, à classificação, à descrição e à
divulgação de acervos documentais de naturezas e suportes variados (SILVA, 1999a).
Ainda que em diversos centros, principalmente naqueles vinculados às universidades, haja
a preocupação em difundir o conhecimento a cerca do tratamento desses acervos, com

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Esses são os casos do Centro de Documentação e Apoio à Pesquisa da Universidade Estadual Paulista
“|Julio de Mesquita Filho” (CEDAP, UNESP-Assis), o qual custodia os fundos documentais do Fórum
da Comarca, da Câmara Municipal e da Prefeitura da cidade de Assis (http://www.cedap.assis.unesp.br/
menu/acervo.html) e do Centro de Memória da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que
custodia o grupo documental da Coletoria e Recebedoria do município e os fundos do Corpo Municipal
de Bombeiros e do Tribunal de Justiça de Campinas e de Jundiaí (http://www.centrodememoria.unicamp.
br/arqhist/fundos_colecoes.php#Peo).
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a realização de oficinas, cursos e com a criação de oportunidades para que graduandos


em História possam, através de projetos de iniciação científica, estágios e monitorias,
vivenciar o trabalho do historiador, os profissionais de História estão desbravando um
campo novo, que exige novas perspectivas na sua formação.
Esses espaços de custódia documental colocam ao historiador uma série
de desafios, para os quais é preciso um novo currículo. O conhecimento a cerca dos
princípios da Arquivologia e da rotina dessas instituições são pontos de partida para que
historiadores possam trabalhar em arquivos e em centros de documentação e memória,
atuando em comissões de avaliação, contribuindo para o arranjo a partir da análise da
história administrativa da instituição ou da biografia do titular de um fundo documental,
auxiliando na produção de instrumentos de pesquisa a partir da análise da história custodial
e atuando na divulgação desses acervos através da elaboração de programas de educação
para o patrimônio e para o ensino de História.
De certa forma, os desafios contemporâneos impostos pela Arquivologia e pela
História, assim como as questões relacionadas à memória, ao patrimônio documental e
à pesquisa histórica, colocam em destaque a necessidade do resgate de uma parceria há
muito perdida. Desde o final do século XIX, quando ambas as disciplinas passaram a
trilhar caminhos separados e divergentes, o crescente desconhecimento entre a História
e a Arquivologia trouxe grandes perdas a ambas. Não se trata de capacitar o profissional
de História a exercer as funções de um arquivista, mas de salientar a importância de
aprofundar a formação dos historiadores para capacitá-los a atuar como pesquisadores e
como profissionais nas instituições de custódia documental ao lado dos arquivistas.

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