Ação Penal I Direito de Ação Penal, Características do Direito de Ação Penal, Conceito de Ação Penal, Espécies de Ação penal, Critério Identificador e Legitimidade Ativa Concorrente
Prof. M.Sc. Adriano Barbosa
Delegado de Polícia Federal Doutrina referência para a nossa aula: • Guilherme NUCCI - Código de Processo Penal Comentado. • Norberto AVENA – Processo Penal Esquematizado. • Nestor TÁVORA – Curso de Direito Processo Penal. • Renato BRASILEIRO – Manual de Processo Penal. Do Direito de Ação Penal Em verdade, o direito de ação tem fulcro na Lex Excelsa no seu art. 5º, XXXV, que ordena: Art. 5ª, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça do direito.
Dessa forma, este dispositivo constitucional
garante o direito de pedir ao Estado-Juiz a prestação jurisdicional mediante a aplicação do direito (penal objetivo) a um caso concreto. Como ensina NUCCI: Do crime nasce a pretensão punitiva estatal, mas não o direito de ação, que preexiste à prática da infração penal, aliás, como direito constitucional (art. art. 5º, XXXV, CF).
Como no dizer de TÁVORA:
É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto. Características do Direito de Ação Penal Conforme BRASILEIRO as principais características do direito de Ação Penal são: a) direito público - A atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. Daí se dizer que a ação penal é um direito público.
b) direito subjetivo: o titular do direito de
ação penal pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional, relacionada a um caso concreto; c) direito autônomo: o direito de ação penal não se confunde com o direito material que se pretende tutelar;
d) direito abstrato: o direito de ação
existe e será exercido mesmo nas hipóteses em que o juiz julgar improcedente o pedido de condenação do acusado. Ou seja, o direito de ação independe da procedência ou improcedência da pretensão acusatória; e) direito determinado: o direito de ação é instrumentalmente conexo a um fato concreto, já que pretende solucionar uma pretensão de direito material;
f) direito específico: o direito de ação
penal apresenta um conteúdo, que é o objeto da imputação, ou seja, é o fato delituoso cuja prática é atribuída ao acusado. Conceito de Ação Penal A Ação Penal é fase da persecução criminal onde se busca a satisfação da pretensão punitiva, em contraditório e com controle judicial, em face de um acusado que, por via de consequência, leva a termo o seu direito de ampla defesa em suporte à sua liberdade ambulatória. De acordo com os ensinamentos de NUCCI: É o direito do Estado-Acusação ou da vítima de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, representada pela aplicação das normas de direito penal ao caso concreto. Por via de consequência, a possibilidade da satisfação da pretensão punitiva só será viável com o devido processo legal.
Assim, garantindo-se o exercício do direito da
ação (acusação), seja pelo MP, seja pelo Querelante, também se garante, na mesma medida, o direito ao contraditório e à ampla defesa. Espécies de Ação Penal Há 02 espécies de Ação Penal - Summa Diviso – sob a perspectiva da legitimação ativa:
1) Pública – quando o autor é o MP, que se
subdivide em 1.1) Pública Incondicionada, quando o MP age de ofício, sem a requisição ou a representação de quem quer que seja; 1.2) Pública Condicionada, quando o MP somente está autorizado a agir, em caso de haver representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça. Vide art. 24, CPP. Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. ATENÇÃO
Não há rigor formal para ao oferecimento da
Representação. Ela pode ser apresentada oralmente ou por escrito tanto na Delegacia de Polícia, perante o Delegado de Polícia, quanto perante o Juiz ou MP. O relevante é que a vítima, ou seu representante legal, revele o interesse claro e inequívoco de ver o autor do fato investigado ou acionado judicialmente. Vide o art. 39, CPP: Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. ATENÇÃO
A Representação pode ser retratada
enquanto não oferecida a denúncia. O limite para a retratação da representação é o do oferecimento da exordial acusatória pelo MP. Uma vez oferecida a denúncia a representação torna-se irretratável. Vide o art. 25 do CPP: Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. 2) Privada – quando o autor é a Vítima ou o seu representante legal. A Ação Penal Privada também pode ser 2.1) Subsidiária da Pública (cf. art. 29, CPP) quando o direito de agir transfere-se ao particular em face do MP que se queda inerte diante do seu mister. Neste último caso, a AP inicia-se por Queixa e é tratada como Privada. Vide art. 30, CPP. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá- la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada. ATENÇÃO
São entendimentos sumulares do STF sobre
esta matéria: Súmula 608 - No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada.
Súmula 609 - É pública incondicionada a
ação penal por crime de sonegação fiscal. ATENÇÃO
O STF no bojo da ADIN 4424 em face da Lei Maria da
Penha já decidiu: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação direta para, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão, pouco importando a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente doméstico. Critério Identificador da Ação Pública ou Privada Tal critério é legal e ascende do CP no seu art. 100. Quando a lei silencia presume-se ser a Ação Penal Pública Incondicionada.
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando
a lei expressamente a declara privativa do ofendido. No caso das AP de iniciativa privada e pública condicionada há de haver menção expressa da lei neste sentido. §1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
§2º - A ação de iniciativa privada é promovida
mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. Legitimidade Ativa Concorrente Em regra a AP pode ser Pública (incondicionada ou condicionada) ou privada, sendo que uma exclui a outra.
Todavia, esta divisão comporta exceções:
A primeira exceção vem do que prescreve o art. 29, CPP: Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. A segunda exceção é a possibilidade de o funcionário público, ofendido em sua honra no exercício da função, que deveria sempre, quando desejasse ver processado o ofensor, representar ao MP para que este promova a AP pública, cf. o art. 145, parágrafo único, CP: Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, §2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante
requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §3o do art. 140 deste Código. O STF em sede Sumular tem o seguinte entendimento sobre esta última exceção, Súmula 714: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Direito Processual Penal Muito obrigado! Até a próxima.