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Os sons produzidos pela fala humana são identificados como sendo vibrações com frequências

que possuem intensidades e durações características, produzidas por uma corrente de ar em


movimento iniciada nos pulmões na fase expiratória do processo de respiração. Este ar
percorre o chamado aparelho fonador que tem como função a produção da voz. Ao falarmos,
produzimos uma corrente de ar que sai dos pulmões e vai até a cavidade oral. Com o objetivo
de aumentar a sua produção sonora uma pessoa passa a inalar ainda mais rápido e profundo o
ar. Quando alguns desses órgãos agem sobre essa corrente de ar, são produzidos os sons da
fala, ou seja, os sons são produzidos quando há mudança nessa corrente de ar. Na produção
da fala, a duração da expiração é em média de 4 a 20 segundos, sendo mais longa que a
inspiração. Na respiração em silêncio, a expiração é constante com duração média de 2
segundos e na respiração normal o ar passa livremente pelas cavidades supralaríngeas. Mesmo
assim, os órgãos utilizados para produzir os sons da fala não têm como função principal o
processo de fonação. Primeiramente eles servem para respirar, mastigar, engolir, cheirar, etc.
A partir da exemplificação destes atos, pode-se ter uma ideia de quais são os órgãos
envolvidos no processamento da fala. Dessa forma, o aparelho fonador é dividido nas regiões
subglóticas e supraglóticas. Essa divisão começa na glote, em função desta se encontrar acima
das cavidades responsáveis pelas ressonâncias vocais. Abaixo da glote, encontram-se os
responsáveis pelo suprimento de energia, então é a partir daí que são gerados os sons da fala.
Pode-se então dizer que o aparelho fonador é formado pelos órgãos que compõem os
sistemas respiratório, articulatório e fonatório, o qual será detalhado a seguir.

SISTEMA FONATÓRIO

O sistema fonatório é um dos três sistemas que constituem o aparelho fonador. Assim como
os outros sistemas a sua função fisiológica primária está relacionada a outras atividades
humanas. A fala é então sua função fisiológica secundária realizada em conjunto com os
demais órgãos dos sistemas respiratório e articulatório. Este sistema é constituído pela laringe,
um órgão fibromuscular que permite a passagem de ar que sai dos pulmões para a faringe. Na
laringe encontram-se uma série de músculos e cartilagens que desempenham funções
distintas, mas que ao mesmo tempo são complementares. Estes músculos e cartilagens são: a
glote, a epiglote e as pregas vocais. Cada um deles tem uma determinada função primária, mas
quando são usadas para a produção da voz suas funções se complementam. Desta forma, a
função primária da laringe é atuar como uma válvula que obstrui a entrada de comida nos
pulmões por meio do abaixamento da epiglote. Sendo a sua função secundária a produção da
voz em conjunto com os demais órgãos do aparelho fonador. O órgão responsável pela
obstrução da entrada de comida nos pulmões é a epiglote que está localizada no final da
língua e acima da laringe. Este órgão por meio do movimento de abaixamento também
funciona como um separador do sistema fonatório/respiratório do digestório. Há ainda na
laringe a presença de dois pares de músculos estriados que, por meio de movimentos de
afastamento e fechamento, obstruem a passagem do ar. Quando estão em repouso estes
músculos não produzem sons, pois entre eles há um afastamento que permite o escape do ar.
Este afastamento ou espaço existente entre as pregas vocais é denominado glote. Na glote,
apenas o par de pregas vocais inferiores está relacionado ao processo de fonação por meio de
sua vibração. Os sons produzidos podem ser divididos em dois grupos: os sons vozeados que
são produzidos por meio de vibração e os sons desvozeados que são produzidos pela não
vibração das pregas vocais.

2. A parte fonatória

A parte fonatória é constituída pela laringe, órgão situado na parte superior da traqueia que
faz a comunicação entre essa e a faringe permitindo a passagem do fluxo de ar.

A laringe é formada por cartilagens, músculos e ligamentos (tecido elástico). Está ligada à
traquéia por meio da cartilagem cricoide e tem como maior cartilagem a tireoide, cartilagem
formada por duas asas simétricas que formam um ângulo cuja proeminência, externamente
saliente, é popularmente conhecida como pomo-de-adão, por ser mais proeminente nos
homens. O tamanho do ângulo formado pela tireóide varia conforme a idade, o sexo e a
constituição física da pessoa e é um dos determinantes do tipo de voz. Ligadas à cricóide há
duas pequenas cartilagens altamente móveis, as aritenoides, cujos movimentos são
responsáveis pela aproximação e afastamento das cordas vocais. Por último, ligada à tireoide,
encontra-se a epiglote, cartilagem cuja função principal é fechar a entrada para a laringe
impedindo que, durante a alimentação, comida ou líquido passe por ela e pela traquéia
chegando até os pulmões, onde causariam problemas à saúde (Arnold, 1957). No interior da
laringe, encontram-se as cordas ou pregas vocais, duas estruturas altamente flexíveis,
semelhantes a dois grandes lábios, constituídas por um músculo e um ligamento cada. Em
estado de repouso as cordas vocais ficam separadas e aparece um espaço entre elas. Esse
espaço recebe o nome de glote.

A laringe é um órgão móvel. Ela se movimenta para cima durante a inspiração, deglutição,
pronúncia da vogal [e] e, para baixo na expiração, após a deglutição e na pronúncia da vogal
[u]. O alargamento, ou estreitamento do espaço supraglótico, decorrente dos movimentos de
descida e de subida da laringe, tem implicação direta na ressonância dos sons de forma que
quanto mais largo o canal, maior a ressonância (Arnold, 1957).

3. A parte articulatória

A parte articulatória do aparelho fonador é constituída pelas três cavidades situadas acima da
laringe, portanto, acima da glote, por onde flui a corrente de ar em direção à saída do aparelho
fonador. São as chamadas cavidades supraglóticas: a faringe, a cavidade oral ou bucal e a
cavidade nasal (v. Fig. 8). Essas cavidades, além de suas funções primárias, têm duas funções
importantes na produção dos sons da fala: a) funcionam como caixas de ressonância, amplifi
cando os sons produzidos na laringe, b) também são responsáveis pela diferenciação que
fazemos entre os sons que produzimos ao falar. A faringe é o canal que faz a conexão entre a
laringe e as cavidades oral e nasal. Sua função primária consiste em realizar os movimentos
peristálticos necessários para o transporte do bolo alimentar da boca para o esôfago. Como
ressoador, sua função secundária, o canal faringal pode ser estreitado ou alargado causando
diferenças acústicas nos sons produzidos (Arnold, 1957). A cavidade oral é delimitada na sua
parte superior pelo palato; na parte posterior, pelo véu palatino; pelas bochechas, em ambos
os lados; pela língua e chão da boca, na parte de baixo e pelos lábios na parte anterior. Sua
função primária está relacionada com a ingestão, mastigação, digestão inicial Fig. 8 - A laringe -
constituição Licenciatura em Letras Língua Portuguesa 24 modalidade a distância (saliva) e o
ato de engolir os alimentos. É nessa cavidade que ficam os chamados órgãos articuladores,
como os lábios, a língua e o véu palatino, responsáveis pela diferenciação de grande parte dos
sons que produzimos. A língua, além de ser um componente importante no mecanismo de
mastigação e deglutição dos alimentos, é o principal órgão do sabor. É ela que nos permite
perceber e diferenciar os vários sabores dos alimentos. Em decorrência de sua grande
flexibilidade e mobilidade, a língua desempenha função importante na classifi cação dos sons
da fala. O véu palatino, ou palato mole, é a parte final e móvel do palato, popularmente
conhecida como céu da boca. Durante a respiração, o véu palatino se encontra relaxado e
abaixado permitindo a passagem da corrente de ar pela cavidade nasal. Durante a
alimentação, no ato de engolir, o véu palatino levanta e fecha a passagem para a cavidade
nasal, separando o canal da alimentação do canal da respiração (Arnold, 1957). Esse
mecanismo de abaixamento e levantamento do véu palatino é muito importante para a
produção dos sons da fala, como veremos na próxima atividade, onde estudaremos
detalhadamente esses articuladores e trataremos particularmente do processo de produção
dos sons da fala.

REFERÊNCIAS

SILVA, Thais Cristófaro. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de


exercícios. 9 ed. São Paulo: Contexto, 2007.

SEARA, Izabel Christine. et al. Fonética e fonologia do português brasileiro: 2º período.


Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011.
Anatomia da laringe e cordas vocais
As cartilagens que constituem a laringe são:
 Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui a laringe. Nela há uma
proeminência popularmente chamada de pomo-de-adão. Protege as cordas vocais.
 Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hialina que fica na parte
inferior da laringe, ligando-a à traqueia.
 Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se fixam as cordas vocais.
 Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a comunicação da laringe com a
traqueia durante a deglutição, impedindo que o alimento entre nas vias aéreas.
As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre si por ligamentos e
articulações, desse modo as cartilagens podem deslizar, uma sobre a outra, realizando
movimentos comandados pelos músculos da laringe.
Os músculos do laringe são de três tipos:
 Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e oblíquo, eles aproximam
as cordas vocais, ou seja, fazem com que ela feche. São também chamados de
constritores da glote (esse é o nome da abertura entre as pregas) e atuam principalmente
na fonação.
 Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afastam as cordas vocais,
abrindo-a. Também são conhecidos como dilatadores da glote e participam da
respiração.
 Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que fazem a distensão das
cordas vocais, sendo atuantes na fonação.
Funções da Laringe

A epiglote bloqueia a laringe para impedir a entrada de alimentos


A laringe participa do sistema respiratório e, além disso, é o principal órgão
responsável pela fonação. Na respiração, a laringe recebe o ar vindo da
faringe (também participa do sistema digestório, portanto transporta ar e
alimentos) e evita que alimentos passem para a traqueia, por meio da
epiglote, que se fecha durante a deglutição.
Fonação

As pregas vocais abrem e fecham para a respiração e fonação, respectivamente.


A emissão de sons é uma característica de diversos animais que possuem respiração
pulmonar. No ser humano, a fala é produzida através da modulação do fluxo de ar vindo
dos pulmões. Esse ar encontra as pregas vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo
pulsos sonoros.
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e nas cavidades nasal e oral,
pois sem isso, esse som não seria percebido. Além disso, os diferentes movimentos
realizados pelos músculos permitem que diferentes sons sejam produzidos.

https://www.todamateria.com.br/laringe/
Epiglote
A epiglote é uma saliência amarelada cartilaginosa, que se encontra no início da laringe.
Ela se parece com uma espécie de lâmina que se encontra na parte traseira da língua,
que serve para fechar a ligação da faringe com a glote, evitando assim que o sistema
respiratório se ligue ao sistema digestivo. Ela funciona como uma espécie de válvula da
laringe. A função da epiglote é evitar que alimentos e bebidas entrem na via
respiratória; ela se abre quando engolimos algo, permitindo que os alimentos que
ingerimos passem com segurança para o sistema digestório. A falha desta abertura
resulta em engasgamento.

Durante a deglutição, a laringe se eleva, enquanto a epiglote se abaixa, ocasionando o


fechamento da laringe, permitindo assim a passagem do alimento para
o esôfago; durante a respiração a epiglote se eleva permitindo assim um acesso livre
para a laringe permitindo a passagem de ar.

Essa função geralmente é automática, como procedimento padrão da deglutição.


Existem maneiras de prevenir que ocorra o engasgo acidental, como por exemplo,
quando estamos comendo, devemos respirar pelo nariz, e não pela boca. Respirar pela
boca durante a alimentação pode fazer com que partículas de alimento entrem na
laringe.
Nem sempre a epiglote fica no local onde deveria ficar: quando dormimos a
epiglote pode ir para trás da glote ocasionando a dificuldade de respirar; o local
normal que ela teria que ficar seria no topo da laringe.

Existem doenças que podem afetar a epiglote, como por exemplo, a epiglotite, que
seria a inflamação da epiglote, causada por uma bactéria, ocasionando obstrução
da via respiratória. Alguns sintomas comuns da epiglotite são dor de garganta,
rouquidão, frequente febre alta, dificuldade em deglutir e respirar. Em crianças, a
dificuldade em deglutir faz com que a criança babe.

Esta doença é mais comum em crianças, mas já existem vacinas contra a bactéria,
que geralmente é aplicada quando se tem 2 meses de idade. A infecção geralmente
se inicia no trato respiratório, com uma inflamação no nariz ou na garganta e acaba
alcançando a epiglote. O tratamento é baseado em antibióticos e pode durar de
entre 1 e duas semanas.

https://www.infoescola.com/anatomia-humana/epiglote/

Laringe: é um tubo sustentado por peças de


cartilagem articuladas, situado na parte superior do
pescoço, em continuação à faringe. O pomo-de-
adão, saliência que aparece no pescoço, faz parte de
uma das peças cartilaginosas da laringe.

A entrada da laringe chama-se glote. Acima dela


existe uma espécie de “lingueta” de cartilagem
denominada epiglote, que funciona como válvula.
Quando nos alimentamos, a laringe sobe e sua
entrada é fechada pela epiglote. Isso impede que o
alimento ingerido penetre nas vias respiratórias.

O epitélio que reveste a laringe apresenta pregas,


as cordas vocais, capazes de produzir sons durante
a passagem de ar.
Pregas vocais
As pregas vocais localizam-se na laringe e são as estruturas responsáveis pela emissão de
sons.

A emissão de sons é uma importante forma de comunicação entre os animais, ajudando-


os a encontrar um parceiro, marcar território e até avisar outros membros de uma
população sobre um possível perigo. Nos seres humanos, a emissão de sons permite uma
comunicação ainda mais especializada, pois possibilita a troca ampla de ideias e
conhecimentos.
As pregas vocais, anteriormente denominadas de cordas vocais, são as responsáveis
pela emissão de sons nos seres humanos e em algumas espécies de animais, como o
cachorro. Essas estruturas, localizadas na laringe, vibram em virtude da pressão do ar
vinda do pulmão, o que gera a produção de sons, que são modificados de acordo com a
articulação feita pela boca e amplificados graças à chamada caixa de ressonância, que é
formada pela laringe, faringe, boca e nariz.
Cada pessoa possui duas pregas vocais, sendo cada uma delas formada por um corpo e
uma cobertura. O corpo da prega é uma estrutura muscular formada pelo músculo vocal,
enquanto a cobertura é formada por um epitélio e a camada superficial da lâmina própria.
Entre o corpo e a cobertura existe uma camada de transição formada pela camada
intermediária e profunda da lâmina própria. O corpo tornar-se rígido no momento da
fonação, enquanto a cobertura é móvel e capaz de vibrar.
No momento em que estamos respirando normalmente, as pregas vocais apresentam-se
separadas e formam uma abertura com formato triangular entre elas. Quando as pregas
vibram, no momento da fonação, elas ficam muito próximas uma da outra. Observe a
figura seguir:

No momento da fonação, as pregas vocais ficam próximas uma das outras


As pregas vocais vibram muito rapidamente para produzirem sons. Em homens, essa
vibração pode atingir cerca de 100 vezes por segundo, enquanto em mulheres ela
acontece cerca de 200 vezes. Além disso, as pregas vocais masculinas crescem mais do
que as das mulheres, proporcionando uma voz mais grave a esse grupo.
A voz de uma pessoa pode ser modificada em decorrência de algumas doenças que
atingem as pregas vocais, como é o caso de tumores, pólipos, edema de Reinke e os
nódulos. Os tumores, assim como o edema de Reinke, caracterizam-se pelo surgimento
de um inchaço nas pregas vocais, sendo comuns em fumantes. Os pólipos, por sua vez,
podem ocorrer em qualquer idade e são alterações benignas que surgem em apenas uma
das pregas.
Em cantores e professores, principalmente, é constante o surgimento de nódulos
vocais como consequência do uso incorreto da voz. Esses nódulos são protuberâncias
bilaterais que causam a perda de voz persistente ou recorrente. O tratamento
normalmente é feito por meio de fonoterapia, repouso vocal ou se tratando os problemas
que podem predispor o surgimento de nódulos, como o refluxo gastroesofágico e a
hidratação insuficiente. Vale destacar que, em alguns casos, pode ser necessário o
tratamento cirúrgico.

https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/pregas-vocais.htm
O que são a glote e a epiglote?

A glote e a epiglote são estruturas anatômicas localizadas na laringe. A glote localiza-


se na porção final da laringe, tem a função de impedir a entrada de alimentos para
a árvore brônquica e facilitar a entrada e a saída de ar para os pulmões. Ela também
ajuda na função fonatória, uma vez que as pregas vocais e vestibulares localizam-se
dentro dela. A epiglote, por sua vez, é uma lâmina cartilaginosa, localizada na
porção final da laringe, logo atrás da língua, e serve para fechar a ligação
da faringe com a glote durante a deglutição. É ela que regula a comunicação entre os
aparelhos respiratório e digestivo. Quando o indivíduo ingere alimentos,
a epiglote fecha a glote, impossibilitando que eles entrem na laringe. Quando
respiramos, ela se abre para dar passagem ao ar. Por esse motivo, não podemos
respirar ao mesmo tempo em que deglutimos ou vice-versa.
Epiglote
A epiglote é uma estrutura cartilaginosa encontrada na região da laringe que
garante que o alimento siga seu caminho em direção ao esôfago.

A epiglote é uma estrutura cartilaginosa localizada na laringe

A epiglote é uma estrutura cartilaginosa encontrada na laringe. Ela está relacionada,


principalmente, com a proteção do sistema respiratório contra a entrada de alimentos.
→ Localização e estrutura da epiglote
A epiglote é formada por uma cartilagem que se assemelha a uma aba ou porta. Está
localizada na região atrás da boca, mais precisamente na porção inicial da laringe, e
prolonga-se em direção à faringe. Está fixada no osso hioide e na cartilagem tireoide.

→ Função da epiglote
A epiglote impede que o alimento entre no sistema respiratório. Isso é importante porque o
alimento, quando entra no sistema respiratório, pode causar asfixia e, até mesmo, morte.

Observe como a epiglote move-se a fim de impedir a entrada de alimento na traqueia.


Ao engolirmos um alimento, a epiglote é pressionada contra a laringe (veja figura
acima). Isso faz com que a traqueia seja tampada, impedindo o alimento de entrar nessa
região. Como a entrada da traqueia está tampada, o alimento só possui um caminho a
seguir: o esôfago. Vale frisar que a epiglote não impede a passagem de substâncias
gasosas, não obstruindo, portanto, a respiração.
→ O engasgo e sua relação com a epiglote
Algumas vezes, a epiglote falha em sua tarefa de fechar a passagem do sistema
respiratório. Nesses casos, o alimento chega à laringe em vez de seguir para o esôfago.
Quando o alimento entra em contato com a laringe, ocorre a reação da tosse para garantir
que as estruturas respiratórias sejam desobstruídas. Assim sendo, o engasgo acontece
porque o alimento está atrapalhando a passagem do ar, e o ato de tossir é uma forma de
contornar o problema.
→ Diferença entre glote e epiglote
Muitas pessoas utilizam os termos glote e epiglote como sinônimos, entretanto, são dois
conceitos distintos. A epiglote é a estrutura cartilaginosa que garante que o alimento siga
em direção ao sistema digestório, impedindo sua entrada no sistema respiratório. A glote,
por sua vez, é uma região localizada entre as duas pregas vocais
Neste trabalho foram adotados os termos vozeados e desvozeados para se referir aos sons
sonoros e surdos, respectivamente, em razão de ser mais apropriado à descrição da ocorrência
de produção, pois preserva mais a característica sonora.

Dessa forma, procura-se entender como o aluno confunde a representação de fonemas


consonantais que se distinguem apenas pelo traço [-soante], ou seja, sons produzidos com
obstrução no trato vocal de tal forma que dificulta a sonoridade realizada pelas pregas vocais,
em posição inicial e medial na palavra. A fonologia é uma disciplina da linguística baseada na
função linguística dos sons da fala, que implicam na diferença de significado das palavras.
Assim, a fonologia dedica-se apenas à análise de traços distintivos: a consoante [b] é
classificada como sonora ou vozeada em oposição à consoante [p], que é surda ou desvozeada.
Portanto, a alternância entre /b/ e /p/ estabelece diferença de significado entre /bata/ e
/pata/. Já a fonética, classifica e descreve os sons da fala; fundamenta-se na análise da
realização fônica. Para isso caracteriza o aparelho fonador e estuda os processos de produção
da fala, os lugares e modos de articulação dos sons. Neste trabalho que focaliza os sons
vozeados e desvozeados, destaca-se o papel das cordas vocais, das cavidades oral e nasal,
ponto e modo de articulação da produção dos sons, porque a nomenclatura e a classificação
dos sons realizam-se por meio dos lugares de articulação e do modo como são produzidos.
Primeiro, é necessário entender a constituição do aparelho fonador, responsável pela
produção de sons da fala, formado pelos sistemas respiratório, fonatório e articulatório. O
sistema respiratório promove a respiração, localiza-se abaixo da glote, denominada cavidade
infraglotal, envolve os pulmões, os músculos pulmonares, os brônquios e a traqueia.

O sistema fonatório é formado pela laringe, cuja função primordial é obstruir a entrada de
comida nos pulmões através de sua parte superior, a epiglote. Na laringe encontram-se as
cordas ou pregas vocais, que podem dificultar a passagem da corrente de ar. E chama-se glote
o espaço que propicia a passagem de ar entre as pregas vocais. O funcionamento desse
sistema é importante para compreender a característica surdo/sonoro ou
vozeado/desvozeado na produção dos sons: quando os sons são produzidos pela vibração das
pregas vocais são denominados de sonoros ou vozeados e quando são produzidos sons sem a
vibração das pregas, ocorrem os chamados sons surdos ou desvozeados. Desse fenômeno
articulatório resulta a distinção entre vogais e consoantes, pois quando o fluxo de ar que sai
dos pulmões não encontra obstáculo, produz sons vocálicos – não se desconsidera a
possibilidade de vogais surdas ou sussurradas defendida por alguns autores como Cagliari
(2009). Por outro lado, na articulação dos sons consonantais a corrente de ar pode ou não ser
obstruída e vibrar as pregas vocais, por isso os sons consonantais podem ser surdos ou
desvozeados, ou sonoros ou vozeados.

O terceiro sistema, o articulatório, situa-se na parte superior da glote, é constituído pela


língua, nariz, dentes e lábios, que têm a finalidade primária de propiciar a mastigação. Cagliari
(2007) divide em quatro partes o sistema articulatório: a cavidade faríngea, a cavidade oral ou
bucal, a cavidade labial e a cavidade nasal, subdividida em duas partes: a cavidade
nasofaríngea e as fossas nasais. Cagliari (2007) explica ainda que os lugares de articulação
classificam os sons consonantais, que são denominados em razão do nome do lugar em que há
“o maior fechamento dos articuladores obstruindo a corrente de ar. Se o canal do aparelho
fonador ocorre na região denominada alveolar, o som será alveolar; se ocorre na região velar,
o som será velar, [...]” (CAGLIARI, 2007, p. 33). Por sua vez, os lugares de articulação são
definidos, de acordo com Silva (2001, p. 31), “A partir da posição do articulador ativo em
relação ao articulador passivo (podendo ou não haver o contato entre eles) [...].” Articulador
ativo é assim chamado porque se movimenta na produção sonora: a língua, o lábio inferior, o
véu palatino e as cordas vocais. Ao contrário, os articuladores passivos são: o lábio superior, os
dentes superiores e o céu da boca, dividido em alvéolos, palato duro, véu palatino (palato
mole) e a úvula, conhecida popularmente como campainha. Silva (2001) observa que o véu
palatino pode desempenhar o papel de articulador ativo, quando produz segmentos nasais, ou
pode exercer a função de articulador passivo na produção de segmentos velares. A autora
esclarece que no estudo da produção de sons consonantais deve-se considerar “o mecanismo
e direção da corrente de ar; se há ou não vibração das cordas vocais; se o som é nasal ou oral;
quais são os articuladores envolvidos na produção dos sons e qual é a maneira utilizada na
obstrução da corrente de ar. [...].” (SILVA, 2001, p. 26)
INTRODUÇAO
Quando falamos em sons produzidos pelo nosso aparelho fonador, lembramos em
primeiro lugar que ele ocorre devido as correntes de ar que respiramos e expiramos e
não devido a um músculo em específico (que tenha somente essa função). Essas
estruturas que o compõe são utilizadas também para outras funções como respirar e
comer.
Então, podemos concluir que o fator primordial para que os sons aconteçam é a
produção de uma corrente de ar que sai de nossos pulmões e vai até a nossa boca e
que em seguida encontra essas partes do corpo como “obstáculos” para produzir som.
Mas para que cada som seja produzido, contamos com as diversas estruturas
presentes ao longo da faringe até a boca. Nesse processo estão envolvidos três
sistemas:
-Sistema articulatório: consiste da faringe, da língua, do nariz, dos dentes e dos lábios. Ou
seja, das estruturas que se encontram na parte superior à glote (cf. figura 1). São várias as
funções primárias desempenhadas pelos órgãos do sistema articulatório. Estas funções
relacionam-se principalmente com o ato de comer e podemos salientar: morder, mastigar,
sentir o paladar, cheirar, sugar, engolir.
-Sistema fonatório: é constituído pela laringe. Na laringe localizam-se músculos estriados
que podem obstruir a passagem da corrente de ar e são denominadas cordas vocais. O espaço
decorrente da não obstrução destes músculos laríngeos é chamado de glote. A função primária
da laringe é atuar como uma válvula que obstruía entrada de comida nos pulmões por meio do
abaixamento da epiglote. A epiglote é a parte com mobilidade que se localiza entre a parte
final da língua (ao fundo da garganta) e acima da laringe (cf. figura 1). O ato de engasgar
envolve o fato de que a epiglote não obstruiu a entrada de alimento no sistema respiratório. O
ar dos pulmões sai então visando a impedir a entrada do corpo estranho (o alimento) no
sistema respiratório.

-Sistema respiratório: consiste dos pulmões, dos músculos pulmonares, dos tubos brônquios
e da traqueia. O sistema respiratório encontra-se na parte inferior à glote, que é denominada
cavidade infraglotal. A função primária do sistema respiratório é obviamente a produção da
respiração.

O aparelho fonador
Os órgãos que utilizamos na produção da fala não têm como função primária a articulação de
sons. Na verdade, não existe nenhuma parte do corpo humano cuja única função esteja
apenas relacionada com a fala. As partes do corpo humano que utilizamos na produção da fala
têm como função primária outras atividades diferentes como, por exemplo, mastigar, engolir,
respirar ou cheirar. Entretanto, para produzirmos qualquer som de qualquer língua fazemos
uso de uma parte específica do corpo humano que denominaremos de aparelho fonador. Com
o objetivo de compreendermos o mecanismo de produção da fala e da articulação dos sons é
que passamos, então, à descrição do aparelho fonador. Podemos dividir em três grupos os
órgãos do corpo humano que desempenham um papel na produção da fala: o sistema
respiratório, o sistema fonatório e o sistema articulatório.
Os três sistemas descritos acima caracterizam o aparelho fonador e são fisiologicamente
responsáveis pela produção dos sons da fala. Levando-se em consideração as características
fisiológicas do aparelho fonador, podemos afirmar que há um número limitado de sons
possíveis de ocorrer nas línguas naturais.
Isto deve-se ao fato de ser fisiologicamente impossível articular um som em que a língua toca a
ponta do nariz. Por outro lado, sons cuja articulação envolve a língua tocar os dentes incisivos
superiores são atestados em inúmeras línguas. Em outras palavras, enquanto certas
articulações são fisiologicamente impossíveis, outras são recorrentes.
Considerando-se, portanto, as limitações fisiológicas impostas ao aparelho fonador podem
dizer que o conjunto de sons possíveis de ocorrer nas línguas naturais é limitado. Na verdade,
um conjunto de aproximadamente 120 símbolos é suficiente para categorizar as consoantes e
vogais que ocorrem nas línguas naturais.
Considerando que seres humanos sem patologia apresentam um aparelho fonador
semelhante (variando quanto às dimensões dos órgãos), podemos deduzir que toda e
qualquer pessoa sem deficiências fisiológicas seja capaz de pronunciar todo e qualquer som
em qualquer língua. Tal afirmação é verdadeira. Porém, parece que na adolescência a
capacidade das pessoas de articularem sons novos (de líftguas estrangeiras) passa a ser
reduzida. Precisar exatamente esta idade e as razões que levam a essa perda da capacidade de
produção de sons novos, certamente nos levaria muito além do objetivo deste livro. O que
podemos explicar aqui é o fato de que as maiorias das crianças que venham a estar expostas a
uma segunda língua falarão esta língua sem qualquer sotaque. Adultos que sejam expostos a
uma segunda língua, quase que em sua totalidade apresentam sotaque com características de
sua língua materna.

Descrevemos acima o aparelho fonador. Nas próximas páginas discutimos a produção de


segmentos consonantais e vocálicos que são possíveis de ser articulados pelo aparelho
fonador. Nosso objetivo é fornecer um instrumental que permita a descrição e classificação
dos sons do português brasileiro. Portanto, damos ênfase à caracterização dos segmentos
consonantais e vocálicos que ocorrem nesta língua. Outras línguas podem ser utilizadas para
ilustrar aspectos que não ocorrem no português. Descrevemos inicialmente os segmentos
consonantais e, posteriormente, consideramos a descrição dos segmentos vocálicos.

SISTEMA FONATÓRIO

O sistema fonatório é um dos três sistemas que constituem o aparelho fonador. Assim como
os outros sistemas a sua função fisiológica primária está relacionada a outras atividades
humanas. A fala é então sua função fisiológica secundária realizada em conjunto com os
demais órgãos dos sistemas respiratório e articulatório. Este sistema é constituído pela laringe,
um órgão fibromuscular que permite a passagem de ar que sai dos pulmões para a faringe. Na
laringe encontram-se uma série de músculos e cartilagens que desempenham funções
distintas, mas que ao mesmo tempo são complementares. Estes músculos e cartilagens são: a
glote, a epiglote e as pregas vocais. Cada um deles tem uma determinada função primária, mas
quando são usadas para a produção da voz suas funções se complementam. Desta forma, a
função primária da laringe é atuar como uma válvula que obstrui a entrada de comida nos
pulmões por meio do abaixamento da epiglote. Sendo a sua função secundária a produção da
voz em conjunto com os demais órgãos do aparelho fonador. O órgão responsável pela
obstrução da entrada de comida nos pulmões é a epiglote que está localizada no final da
língua e acima da laringe. Este órgão por meio do movimento de abaixamento também
funciona como um separador do sistema fonatório/respiratório do digestório. Há ainda na
laringe a presença de dois pares de músculos estriados que, por meio de movimentos de
afastamento e fechamento, obstruem a passagem do ar. Quando estão em repouso estes
músculos não produzem sons, pois entre eles há um afastamento que permite o escape do ar.
Este afastamento ou espaço existente entre as pregas vocais é denominado glote. Na glote,
apenas o par de pregas vocais inferiores está relacionado ao processo de fonação por meio de
sua vibração. Os sons produzidos podem ser divididos em dois grupos: os sons vozeados que
são produzidos por meio de vibração e os sons desvozeados que são produzidos pela não
vibração das pregas vocais.

A descrição dos segmentos consonantais


Todas as línguas naturais possuem consoantes e vogais. Entenderemos por segmento
consonantal um som que seja produzido com algum tipo de obstrução nas cavidades
supraglotais de maneira que haja obstrução total ou parcial da passagem da corrente de ar
podendo ou não haver fricção. Por outro lado, na produção de um segmento vocálico a
passagem da corrente de ar não é interrompida na linha central e portanto não há obstrução
ou fricção. Certos segmentos têm características fonéticas não tão precisas, seja de consoante
ou de vogal. Estes segmentos são denominados na literatura de semivogais, semicontóides ou
glides. Adotamos o termo glide (pronunciase “gl[ai]de”) para referir a tais segmentos.
Segmentos vocálicos e glides são tratados após a descrição dos segmentos consonantais.

A descrição apresentada abaixo segue parâmetros articulatórios. Há ainda a possibilidade de


caracterizar segmentos adotando-se parâmetros acústicos. Tais parâmetros descrevem as
propriedades físicas dos sons da fala. Recomendamos a leitura de Fry (1979) aos interessados
em investigar aspectos teóricos da descrição acústica. Um texto em português que aborda
aspectos acústicos da fala é Motta Maia (1985).

Classificam os as consoantes de acordo com a proposta apresentada em Abercrombie (1967).


Embora tenha sido publicado há tres décadas o texto de Abercrombie oferece recursos
teóricos ainda atuais, sendo a obra mais adequada para a caracterização dos parâmetros
articulatórios dos sons da fala. Na produção de segmentos consonantais os seguintes
parâmetros são relevantes: o mecanismo e direção da corrente de ar; se há ou não vibração
das cordas vocais; se o som é nasal ou oral; quais são os articuladores envolvidos na produção
dos sons e qual é a maneira utilizada na obstrução da corrente de ar. A descrição articulatória
de qualquer segmento consonantal é possível a partir das respostas a estes parâmetros.
Faremos uso das questões abaixo para a melhor compreensão desta descrição

Ql. Qual o mecanismo da corrente de ar? Poucos sons produzidos por seres humanos podem
ser descritos sem levarmos em consideração o mecanismo da corrente de ar. Entre os sons
que não fazem uso do mecanismo de corrente de ar em sua produção o mais conhecido é o
ranger dos dentes. A corrente de ar pode ser pulmonar, glotálica ou velar. Os segmentos
consonantais do português são produzidos com o mecanismo de corrente de ar pulmonar.
Este é o mecanismo utilizado normalmente no ato de respirar. O mecanismo de corrente de ar
glotálico não ocorre em português e o mecanismo de corrente de ar velárico ocorre em
algumas exclamações de deboche e negação.
Q2. A corrente de ar é ingressiva ou egressiva? Em sons produzidos com a corrente de ar
egressiva o ar se dirige para fora dos pulmões e é expelido por meio da pressão exercida pelos
músculos do diafragma. Os segmentos consonantais do português são produzidos com a
corrente de ar egressiva. Já nos sons produzidos com uma corrente de ar ingressiva o ar se
dirige de fora para dentro dos pulmões (como se estivéssemos “engolindo” ar). A corrente de
ar ingressiva ocorre em exclamações de surpresa de certos falantes do francês e não ocorre
em português.
Q3. Qual o estado da glote? A glote é o espaço entre os músculos estriados que podem ou não
obstruir a passagem de ar dos pulmões para a faringe. Estes músculos são chamados de cordas
vocais. Diremos que o estado da glote é vozeado (ou sonoro) quando as cordas vocais
estiverem vibrando durante a produção de um determinado som. Em outras palavras, durante
a produção de um som vozeado os músculos que formam a glote aproximam-se e devido a
passagem da corrente de ar e da ação dos músculos ocorre vibração. Em oposição,
denominamos o estado da glote de desvozeado (ou surdo) quando não houver vibração das
cordas vocais. Não há vibração das cordas vocais nem ocorre ruído durante a produção de um
segmento desvozeado. Isto se dá porque os músculos que formam a glote encontram-se
completamente separados de maneira que o ar passa livremente. Na verdade as categorias
vozeado e desvozeado podem ser interpretadas como limites de um contínuo que faz uma
gradação de sons vozeados a sons desvozeados (passando por sons que têm características de
vozeamento intermediárias). Por exemplo, os sons [b,d,g] no português são produzidos com a
vibração das cordas vocais e são portanto sons vozeados. Já em inglês os sons [b,d,g] são
produzidos com a vibração das cordas vocais em um grau menor do que aquele observado
para o português. Embora os sons [b,d,g] sejam vozeados tanto em português quanto em
inglês ao fazermos uma descrição destes sons em cada uma destas línguas devemos
caracterizar os diferentes graus de vozeamento: completamente vozeados em português e
parcialmente vozeados em inglês. Entretanto, estas duas modalidades - vozeado e desvozeado
- são suficientes para o propósito da descrição dos segmentos consonantais apresentada aqui.
Observe a vibração (ou não) das cordas vocais na produção dos sons v e f.

Q4. Qual a posição do véu palatino? Para observarmos a oposição entre um segmento oral e
um segmento nasal devemos nos concentrar na posição do véu palatino. Para isto, podemos
acompanhar o que acontece com a úvula, pois ela localiza-se no final do véu palatino ou palato
mole. A úvula é comumente chamada de “campainha”. É aquela “gota de carne” que vemos
quando observamos a boca de uma pessoa aberta (por exemplo para ver se a pessoa está com
dor de garganta (consulte a figura 5). Peça a um colega para alternar a pronúncia da vogal a
(como em “lá”) com a vogal ã (como em “lã”) mantendo a boca o mais aberta possível
(somente as vogais devem ser pronunciadas!). O que você deverá observar é que durante a
produção da vogal a a úvula deverá estar levantada portanto o ar não terá acesso à cavidade
nasal e não haverá ressonância nesta cavidade. Temos então um som oral. Na produção da
vogal ã a úvula deverá estar abaixada e o ar deve então penetrar na cavidade nasal havendo ali
ressonância. Temos então um som nasal. Concentre-se agora na posição assumida por sua
própria úvula na produção de um segmento oral e nasal.

Q5. Qual o articulador ativo? Os articuladores ativos têm a propriedade de movimentar-se


(em direção ao articulador passivo) modificando a configuração do trato vocal. Os
articuladores ativos 3 0 F on é tica — A d e s c riç ã o d o s se g m e n to s c o n s o n a n ta is
são: o lábio inferior (que modifica a cavidade oral), a língua (que modifica a cavidade oral), o
véu palatino (que modifica a cavidade nasal) e as cordas vocais (que modificam a cavidade
faringal). Eles são denominados articuladores ativos devido ao seu papel ativo (no sentido de
movimento) na articulação consonantal (em oposição aos articuladores passivos que são
discutidos abaixo). Identifique cada um dos articuladores na figura abaixo.

Q6. Qual o articulador passivo? Os articuladores passivos localizam-se na mandíbula superior,


exceto o véu palatino que está localizado na parte posterior do palato. Os articuladores
passivos são o lábio superior, os dentes superiores e o céu da boca que divide-se em: alvéolos,
palato duro, véu palatino (ou palato mole) e úvula conforme ilustrado na figura 4. Note que o
véu palatino pode atuar como articulador ativo (na produção de segmentos nasais) ou como
articulador passivo (na articulação de segmentos velares). Vejamos a relação entre
articuladores ativos e passivos. A partir da posição do articulador ativo em relação ao
articulador passivo (podendo ou não haver o contato entre eles) podemos definir o lugar de
articulação dos segmentos consonantais de acordo com as categorias listadas abaixo. Os
números que se encontram entre parênteses indicam o número correspondente ao articulador
- ativo ou passivo - na figura 4. Observe que as letras em negrito referem-se a pronúncia
associada a tal letra. A relação letra/som não é uma relação direta um-a-um. Temos casos em
que uma letra corresponde a dois sons diferentes - como por exemplo c em “cá” e em “cela”.
Temos também casos em que o mesmo som é representado por duas letras diferentes - como
por exemplo c em “cela” e s em “sela”. O leitor deve estar atento para o fato de que nos
exemplos apresentados aqui estamos interessados nos sons produzidos e não nas letras
correspondentes a estes sons. Para uma discussão detalhada da relação letra/som veja Lemle
(1987), Cagliari (1989) e Faraco (1994). Listamos a seguir as categorias de lugar de articulação
que são relevantes para a descrição do português.

Lugar de articulação
Bilabial: O articulador ativo é o lábio inferior (11) e como articulador passivo temos o lábio
superior (5). Exemplos: pá, boa, má.
Labiodental: O articulador ativo é o lábio inferior (11) e como articulador passivo temos os
dentes incisivos superiores (6). Exemplos: faca, vá.
Dental: O articulador ativo é ou o ápice ou a lâmina da língua (13 ou 14) e como articulador
passivo temos os dentes incisivos superiores (6). Exemplos: data, sapa, Zapata, nada, lata.
Alveolar: O articulador ativo é o ápice ou a lâmina da língua (13 ou 14) e como articulador
passivo temos os alvéolos (7).
Consoantes alveolares diferem de consoantes dentais apenas quanto ao articulador passivo.
Em consoantes dentais temos como articulador passivo os dentes superiores. Já nas
consoantes alveolares temos os alvéolos como articulador passivo. Exemplos: data, sapa,
Zapata, nada, lata.
Alveopalatal (ou pós-alveolares): O articulador ativo é a parte anterior da língua (15) e o
articulador passivo é a parte mediai do palato duro (8). Exemplos: tia, dia (no dialeto carioca),
chá, já.
Palatal: O articulador ativo é a parte média da língua (16) e o articulador passivo é a parte final
do palato duro (8). Exemplos: banha, palha.
Velar: O articulador ativo é a parte posterior da língua (17) e o articulador passivo é o véu
palatino ou palato mole (9). Exemplos: casa, gata, rata (o som r de “rata” varia
consideravelmente dependendo do dialeto em questão. Indicamos aqui a pronúncia velar que
ocorre tipicamente no dialeto carioca. Uma discussão detalhada dos sons de r em português
será apresentada posteriormente).
Glotal: Os músculos ligamentais da glote (21) comportam-se como articuladores. Exemplo:
rata (na pronúncia típica do dialeto de Belo Horizonte).

As categorias listadas acima caracterizam os lugares de articulação dos segmentos


consonantais relevantes para a descrição do português. Uma vez definido o lugar de
articulação de um segmento sabemos qual é o articulador passivo e qual é o articulador ativo
envolvido na articulação. Além de identificarmos o lugar de articulação de um segmento,
devemos caracterizar a sua maneira ou modo de articulação. A maneira ou modo de
articulação de um segmento está relacionada ao tipo de obstrução da corrente de ar causada
pelos articuladores durante a produção de um segmento. Identificando o “grau e natureza*da
estritura” (ou seja, a maneira como se dá a obstrução da corrente de ar) estamos
caracterizando a sua maneira ou modo de articulação. As categorias referentes ao grau e a
natureza da estritura são listadas abaixo respondendo a sétima e última pergunta proposta por
Abercrombie (1967)

Q7. Qual o grau e natureza da estritura?


Estritura é o termo técnico para a posição assumida pelo articulador ativo em relação ao
articulador passivo, indicando como e em qual grau a passagem da corrente de ar através do
aparelho fonador (ou trato vocal) é limitada neste ponto [Abercrombie (1967:44)]. A partir da
natureza da estritura classificamos os segmentos consonantais quanto à maneira ou modo de
articulação. Definimos abaixo as categorias de estritura relevantes para a descrição do
português

Modo ou maneira de articulação

Oclusiva: Os articuladores produzem uma obstrução completa da passagem da corrente de ar


através da boca. O véu palatino está levantado e o ar que vem dos pulmões encaminha-se para
a cavidade oral. Oclusivas são portanto consoantes orais. As consoantes oclusivas que ocorrem
em português são (brevemente identificaremos os símbolos fonéticos que serão utilizados em
transcrições): pá, tá, cá, bar, dá, gol.

Nasal: Os articuladores produzem uma obstrução completa da passagem da corrente de ar


através da boca. O véu palatino encontra-se abaixado e o ar que vem dos pulmões dirige-se às
cavidades nasal e oral. Nasais são consoantes idênticas às oclusivas diferenciando-se apenas
quanto ao abaixamento do véu palatino para as nasais. As consoantes nasais que ocorrem em
português são: má, nua, banho.

Fricativa: Os articuladores se aproximam produzindo fricção quando ocorre a passagem


central da corrente de ar. A aproximação dos articuladores, entretanto não chega a causar
obstrução completa e sim parcial que causa a fricção. As consoantes fricativas que ocorrem em
português são: fé, vá, sapa, Zapata, chá, já, rata (em alguns dialetos o som r de “rata” pode
ocorrer como uma consoante vibrante, descrita a seguir, e não como uma consoante fricativa
indicada aqui. O r fricativo ocorre tipicamente no português do Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, por exemplo).

Africada: Na fase inicial da produção de uma africada os articuladores produzem uma


obstrução completa na passagem da corrente de ar através da boca e o véu palatino encontra-
se levantado (como nas oclusivas). Na fase final dessa obstrução (quando se dá a soltura da
oclusão) ocorre então uma fricção decorrente da passagem central da corrente de ar (como
nas fricativas). A Oclusiva e a fricativa que formam a consoante africada devem ter o mesmo
lugar de articulação, ou seja, são homorgânicas. O véu palatino continua levantado durante a
produção de uma africada. Africadas são, portanto consoantes orais. As consoantes africadas
que ocorrem em algumas variedades do português brasileiro são tia, dia. Imagine as
pronúncias “tchia” e “djia” para estes exemplos.

Para alguns falantes de Cuiabá, consoantes africadas ocorrem em palavras como “chá” e “já”
(que são pronunciadas como “tchá” e “djá” respectivamente). Na maioria dos dialetos do
português brasileiro temos uma consoante fricativa nas palavras “chá” e “já”.

Tepe (ou vibrante simples): O articulador ativo toca rapidamente o articulador passivo
ocorrendo uma rápida obstrução da passagem da corrente de ar através da boca. O tepe
ocorre em português nos seguintes exemplos: cara. brava.

Vibrante (múltipla): O articulador ativo toca algumas vezes o articulador passivo causando
vibração. Em alguns dialetos do português ocorre esta variante em expressões como “orra
meu!” ou em palavras como “marra”. Certas variantes do estado de São Paulo e do português
europeu apresentam uma consoante vibrante nestes exemplos.

Retroflexa: O palato duro é o articulador passivo e a ponta da língua é o articulador ativo. A


produção de uma retroflexa geralmente se dá com o levantamento e encurvamento da ponta
da língua em direção do palato duro. Ocorrem no dialeto “caipira” e no sotaque de norte-
americanos falando português como nas palavras: mar, carta.

Laterais: O articulador ativo toca o articulador passivo e a corrente de ar é obstruída na linha


central do trato vocal. O ar será então expelido por ambos os lados desta obstrução tendo,
portanto saída lateral. Laterais ocorrem em português nos seguintes exemplos: lá, palha, sal
(da maneira que “sal” é pronunciado no sul do Brasil ou em Portugal).

Classificamos os segmentos consonantais quanto ao mecanismo da corrente de ar (egressiva);


ao vozeamento ou desvozeamento; a oralidade/nasalidade; ao lugar e modo de articulação. A
notação dos segmentos consonantais segue a seguinte ordem.
Notação dos segmentos consonantais

(Modo de articulação + Lugar de articulação + Grau de Vozeamento)

Exemplos:

[pl Oclusiva bilabial desvozeada

[b] Oclusiva bilabial vozeada.

A seguir tratamos de aspectos de articulações secundárias que podem ser produzidos


concomitantemente com uma determinada articulação consonantal.

Articulações secundárias
Segmentos consonantais podem ser produzidos com uma propriedade articulatória secundária
em relação às propriedades articulatórias fundamentais deste segmento. Por exemplo, quando
pronunciamos uma seqüência como su certamente arredondamos os lábios durante a
articulação da consoante s. Uma vez que a articulação de segmentos consonantais
normalmente não envolve o arredondamento dos lábios dizemos que a labialização é uma
propriedade articulatória secundária da consoante em questão. Propriedades articulatórias
secundárias geralmente ocorrem de acordo com o contexto ou ambiente, ou seja, a partir de
efeitos de segmentos adjacentes. Para marcarmos uma propriedade articulatória secundária
utilizamos um diacrítico ou símbolo adicional junto à consoante em questão. A propriedade
adicional de labialização descrita acima é condicionada ao fato de uma consoante ser seguida
de uma vogal produzida com arredondamento dos lábios. Abaixo listamos as articulações
secundárias dos segmentos consonantais relevantes para o português.

Labialização: Consiste no arredondameto dos lábios durante a produção de um segmento


consonantal. A consoante que apresenta a propriedade secundária de labialização é seguida
de uma vogal que é produzida com o arredondamento dos lábios. A labialização geralmente
ocorre quando a consoante é seguida de vogais arredondadas (orais ou nasais) como em “tutu,
só, bolo, rum, som”.

““ Utilizamos o símbolo w colocado acima à direita do segmento para marcar a labialização:


p”, b”, tw, d", k", g", f v, v", sw, zw, J", 3 ", X". h \ m \ n \ l \ r'\ f " ;j\

Palatalização: Consiste no levantamento da língua em direção a parte posterior do palato


duro. ou seja, a língua direciona-se para uma posição anterior (mais para a frente da cavidade
bucal) do que normalmente ocorre quando se articula um determinado segmento
consonantal. A consoante que apresenta a propriedade secundária de palatalização apresenta
um efeito auditivo de sequência de consoante seguida da vogal i. A palatalização geralmente
ocorre quando uma consoante é seguida de vogais anteriores i, e, é (orais ou nasais). Ocorre
mais freqüentemente com consoantes seguidas da vogal i como em “aliado, kilo, guia”. Pode
ocorrer também em consoantes seguidas da vogal e como em “letra, leva, tento”. Utilizamos 0
símbolo j colocado acima à direita do segmento para marcar a palatalização: k1, gj, tJ. dj, 1'.
Velarização: Consiste no levantamento da parte posterior da língua em direção ao véu
palatino concomitantemente com a articulação de um determinado segmento consonantal. A
consoante lateral 1 apresenta a propriedade articulatória secundária de velarização em certos
dialetos do sul do Brasil e do português europeu. O contexto em que a velarização ocorre é
quando a lateral encontra-se em final de sílaba: sal, salta. Utilizamos 0 símbolo [\] para
transcrever a lateral velarizada que acabamos de descrever.

Dentalização: Algumas consoantes em português podem ser articuladas como dentais ou


alveolares. Por exemplo a pronúncia de t em “tapa” pode se dar com a ponta da língua
tocando os dentes (sendo portanto uma consoante dental) ou pode se dar com a ponta da
língua tocando os alvéolos (sendo portanto uma consoante alveolar). Consoantes dentais têm
como articulador passivo os dentes incisivos superiores e consoantes alveolares tem como
articulador passivo os alvéolos. Pode-se articular um segmento dental ou alveolar com 0 ápice
ou com a lâmina da língua como articulador ativo. Note que 0 fato da consoante ser dental ou
alveolar expressa uma variação linguística dialetal (ou de idioleto) c não uma variação que seja
condicionada pelo contexto (como é 0 caso de articulações secundárias apresentadas acima).
Geralmente as consoantes listadas abaixo apresentam a propriedade de dentalização no
dialeto paulista enquanto no dialeto mineiro ocorre uma articulação alveolar para as mesmas
consoantes. Marcamos a dentalização com 0 símbolo [ n ] colocado abaixo da consoante em
questão: t, d, s, z, n, r, 1.

Você deve avaliar o comportamento de sua fala em relação as articulações secundárias


discutidas acima. Ao fazer o registro fonético de palavras do português omitiremos as
propriedades articulatórias secundárias (exceto a velarização da lateral [i]). Nossa escolha
pauta-se em dois tipos básicos de transcrições que podem ser assumidas. Podemos ter uma
transcrição fonética ampla ou uma transcrição fonética restrita [(cf. Ladefoged (1982)]. Ao
transcrevermos foneticamente uma palavra como “quilo” podemos por exemplo registrá-la
como ['kjilwu] ou como ['kilu]. A transcrição ['kjilwu] explicita todos os detalhes observados
articulatoriamente. Este tipo de transcrição é denominado transcrição fonética restrita. Note
que na transcrição ['kjilwu] explicitamos a palatalização de [k] seguido de [i] e também a
labialização de [1] seguido de [ü]. Tanto a palatalização quanto a labialização são previsíveis
pela ocorrência do segmento seguinte: consoantes tendem a ser palatalizadas quando
seguidas de [i] e consoantes tendem a ser labializadas quando seguidas de [u].

Consideremos agora uma transcrição como ['kilu]. Este tipo de transcrição explicita apenas as
propriedades segmentais e omite os aspectos condicionados por contexto ou características
específicas da língua ou dialeto. Queremos dizer com isto que a palatalização e labialização
não foram registradas em ['kilu] (pois tanto a palatalização quanto a labialização são
previsíveis pela vogal seguinte). No registro do [1] pode-se interpretá-lo como um segmento
alveolar ou dental sem haver a necessidade de utilizar-se o símbolo [ 1 ]. Isto porque a
generalização quanto aos segmentos serem dentalizados deve ser expressa para a língua como
um todo. No caso da língua fazer distinção entre segmentos alveolares e dentais faz-se então
relevante acrescentar o diacrítico [ J à transcrição fonética. Denomina-se transcrição fonética
ampla aquela transcrição que explicita apenas os aspectos que não sejam condicionados por
contexto ou características específicas da língua ou dialeto: como ['kilu] (em oposição a
['kjiPvu] que é uma transcrição fonética restrita).
Neste trabalho adotamos a transcrição fonética ampla. Ao registrar os segmentos
consonantais omitimos o registro das propriedades articulatórias secundárias previstas por
contexto da vogal seguinte (palatalização, labialização) ou a dentalização (que pode ser
interpretada como uma característica dialetal). Marcamos, contudo, a velarização da lateral [i]
cujo contexto de ocorrência depende da estrutura silábica: posição final de sílaba.

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