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AMBIENTAL
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Pós-Doutor em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutor
em Sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP/UERJ). Mestre em Sociologia
pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Advogado formado pela
Universidade Federal Fluminense (UFF). Cientista Social formado pela Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (UERJ). Aperfeiçoamento em Direitos Fundamentais pela Universidad
Complutense de Madrid (UCM), em Empreendedorismo pela University of Maryland (UM) e
em Coaching pela University of Cambridge (UCA). Professor visitante da Fundación
Universitaria Los Libertadores (FUL). Foi Visiting Scholar da Universidade de Coimbra (UC).
Membro da Comissão Tutorial do Programa Internacional Erasmus Mundus (União Européia).
Membro vitalício da Academia Luso-Brasileira de Ciências Jurídicas (ALBCJ). Membro Efetivo do
Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). Senior Member da Inter-American Bar Association
(IABA). Membro Benemérito do Instituto Latino-Americano de Argumentação Jurídica (ILAAJ).
Membro do Comitê Consultivo Nacional da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS-Integralidade).
Membro Titular da Red Iberoamericana de Derecho Sanitario (RIDS). Membro do Conselho
Curador do PenseSUS (Fiocruz). Membro da Asociación Latinoamericana de Sociología (ALAS).
Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade Santa
Úrsula (USU) e da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Professor convidado da FGV, PUC,
IBMEC e Ambra College (EUA). Editor Adjunto da Coleção Integralidade na CEPESC Editora.
Presidente do Conselho Editorial da Editora Ágora21. Presidente da Comissão de Gestão
Jurídica da OAB-RJ. Diretor do Instituto Diálogo. Diretor administrativo do Centro de Estudos e
Pesquisa em Saúde Coletiva (CEPESC). Consultor para o Brasil do World Justice Report
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Doutoranda em Saúde Coletiva – DINTER IMS/ UERJ & UEA. Mestre em Direito
Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas. Especialista em Administração Pública
com ênfase em Direito Público. Professora Assistente “D” de Direito Administrativo da
Universidade do Estado do Amazonas. Bacharela em Filosofia – Universidade Federal do
Amazonas.
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Pós Graduando em Direito Público - Universidade do Estado do Amazonas & OAB/AM.
Bacharel em Direito – Universidade do Estado do Amazonas.
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Resumo: O presente trabalho busca analisar a nova interpretação dada ao Interesse
público, no Estado de Direito contemporâneo. Por esta perspectiva, a pesquisa utilizou
concepções doutrinárias para tecer algumas considerações acerca do tema. Neste
cenário, o interesse público deixa legalidade administrativa e abre espaço para uma
visão mais moderna de um agir. Com a constitucionalização do Direito Administrativo,
a doutrina contemporânea buscou dar espaço a proporcionalidade na dinâmica de
interpretação, apresentando o interesse público na sua forma líquida. Assim o objetivo
deste texto é aliar a análise deste interesse público, tendo como base a Constituição
Federal, frente a proteção ambiental dada aos bens estatais. Este conteúdo, traz um novo
pensar a respeito da aplicação da Supremacia do Interesse Público na preservação dos
bens ambientais e na propriedade.
Abstract: The present work seeks to analyze the new interpretation given to the Public
Interest in the contemporary State of Law. From this perspective the research used
doctrinal concepts to make some considerations about the subject. From this perspective
the public interest leaves administrative legality and opens space for a more modern
view of an action. With the constitutionalisation of Administrative Law contemporary
doctrine sought to give space to proportionality in the dynamics of interpretation by
presenting the public interest in its liquid form. Thus the objective of this text is to
combine the analysis of this public interest based on the Federal Constitution regarding
the environmental protection given to state assets. This content brings new thinking
about the application of the Supremacy of Public Interest in the preservation of
environmental goods and property.
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foi lapidado pela doutrina contemporânea, a fim de demonstrar a nova razão de ser do
Direito Administrativo. Analisar o Interesse Público contemporâneo, neste caso, leva
em conta aspectos políticos, culturais, economicos, sociais e jurídicos, que versam sobre
a relação do Estado com a sociedade e o meio ambiente. Neste sentido, aliar a nova
visão do Direito, no que refere ao Interesse Público, com os princípios e normas
ambientais, traz maior proteção jurídica, em tese, sobre o meio ambiente, visto que a
qualidade do meio ambiente é objeto de tutela do Estado, posto que sua preservação,
recuperação ou revitalização implicam na boa qualidade de vida dos cidadãos. Por esta
perspectiva serão analisados os aspectos que compõe o interesse público, assim como a
análise dos bens públicos com o propósito de averiguar se Poder Público obedece os
dizeres legais e constitucionais que motivam a proteção ambiental. Justificativa: Esta
pesquisa se justifica pelo tratamento constitucionalizado dado a matéria, visto que com
o nascimento da Constituição Federal de 1988 o uso da interpretação tornou-se
fundamental para a aplicação do direito. Assim, tentou-se agregar essa nova visão como
alternativa de sopesar a falsa percepção de uma supremacia Estatal excessiva, visto que
o interesse público líquido harmoniza direitos individuais (como os de propriedade) à
finalidade pública. Dar função social a propriedade ou preservar um bem ambiental,
através do tombamento, são exemplos de como o interesse público concilia direitos
individuais com a sua finalidade, qual seja, o bem coletivo. Estratégia metodológica:
Da análise dos bens públicos e do conceito de meio ambiente no cenário pós-moderno,
buscou-se uma fundamentação para a nova aplicabilidade do poder estatal. Resultados:
Através deste estudo, percebeu-se que uma das características da pós modernidade é a
reformulação da relação dos cidadãos com o Estado. Atribuir o interesse público como
líquido fomenta a ideia de um Estado interpretador que enaltece os direitos individuais.
Conclusão: Assim, constatou-se uma nova compreensão do interesse público: a
legalidade deu lugar a juridicidade administrativa, fundamento que desvencilha a
Administração Pública da ideia positivista tradicional e, assim, abrindo espaço para uma
pluralidade normativa garantidora. Tal feito contribui para se entender que o interesse
público não visa apenas a supremacia da Administração Pública quando em conflito
com o particular. Embora seja uma expressão de difícil definição, o interesse público,
quando acobertado pelo espírito constitucional, reduz incertezas , obscuridades e abusos
na seara administrativa.
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2. INTERESSE PÚBLICO CONTEMPORÂNEO
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Embora este ramo do direito tenha nascido em uma sociedade autoritária, na
qual a legalidade serviu como privilégio do Estado que diminuía a autonomia dos
cidadãos, atualmente sua concepção busca observar preceitos constitucionais na
realização das atividades estatais, prevalecendo interesses coletivos em detrimento de
interesses individuais subjetivos. Alguns direitos – como a cidadania, o
desenvolvimento nacional e os valores sociais do trabalho – são realizados graças ao
exercício do interesse público líquido. (PIRES, 2014).
O Direito Administrativo está atrelado a um conjunto de regras e princípios que
dinamizam o Estado. Atualmente, tal ramo do direito vem se modificando por meio do
fenômeno da Constitucionalização. Tal mudança modifica preceitos normativos
basilares – como a legalidade e a supremacia do interesse público – com objetivo de
apresentar uma nova roupagem as garantias e direitos dos cidadãos. (SIQUEIRA, 2016).
A legitimação do Direito Administrativo, assim como a construção de suas
normas e a sua aplicação aos casos concretos devem necessariamente levar em
consideração as ideias de supremacia da Constituição.
O Direito Administrativo contemporâneo, e por consequência óbvia, o
interesse público que o permeia, não não ficaram alheios às transformações e inovações
no novo constitucionalismo. É exatamente neste universo de modificações que se
pretende discorrer sobre a ideia do interesse público. Para este novo olhar deu-se o
nome de “novo Administrativismo”. (SIQUEIRA, 2016, p. 10).
Essa nova visão do Direito Administrativo, influenciada pelo
neoconstitucionalismo, dinamiza a nova forma de se interpretar o interesse público, e se
ostenta como “caminho apto a sanar o hiato entre a compreensão tradicional dos
institutos administrativistas e o reconhecimento da necessidade de filtragem
constitucional de todo o direito”. (SIQUEIRA, 2016, p. 122).
O Interesse público deve vislumbrar o “dever ser” para além da concepção da
lei como norma positivada; deve estar amparado pela Constituição, além de reconhecer
a relevância da interpretação e dos princípios na construção do bem geral.
Com este espírito, é possível que a Administração Pública construa uma
sociedade livre e solidária, que garanta o pleno desenvolvimento social, diminuindo os
preconceitos vividos pelas minorias e promovendo o bem estar coletivo. Analisar o
interesse público contemporâneo traz a ideia de um Direito Administrativo não
arraigado a legalidade – a lei em sentido estrito. Embora estejam intimamente ligados
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(legalidade e interesse público), para formação do bem comum, o Direito deve ter como
ponta de partida os textos jurídicos plurais. (SIQUEIRA, 2016).
Assim, a legalidade administrativa deu lugar a juridicidade – visão
contemporânea de um agir vinculado a Constituição Federal, que reconhece o “dever
ser” além da ideia positivista tradicional, dando espaço à pluralidade normativa,
utilizando-se de princípios e regras constitucionais para a sua aplicação.
Vale destacar que a legalidade não foi extinta do mundo jurídico, a esta foi
dada uma roupagem constitucional. Neste sentido, a análise do que é interesse público
deve passar pelo crivo da juridicidade administrativa.
O uso de textos jurídicos plurais, ou seja, a juridicidade, tem valor significativo
quando se busca analisar o que é interesse público. Isto porque a expressão é
considerada aberta – possui vários significados.
Além disso, como foi dito, a sociedade possui dinamicidade nas relações
sociais e, neste sentido, o uso de expressões abertas, como “interesse público”, reforça a
ideia de modernidade líquida, pois a todo momento esta expressão deve ser interpretada
e aplicada a determinada situação e em determinado momento.
Com isso, o uso da interpretação se faz necessário para exteriorizar o conteúdo
da norma de modo racional: “Aqui, a ideia é a de que o papel da Hermenêutica Jurídica
e o uso racional de seus ensinamentos são peças fundamentais na redução das incertezas
que permeiam a concretização da expressão interesse público” (SIQUEIRA, 2016, p.
148).
Tendo em vista a sua plurissignificação, a definição de interesse público deve
ser sempre feita diante do caso concreto. Ressalta-se que o constituinte originário, a fim
de evitar arbitrariedades e abusos de poder dispôs na Carta Magna a sua delimitação.
O fato do interesse público ser uma expressão plurissignificativa resulta no
entendimento de que não existe apenas um: este é plural. Isto decorre do processo de
civilização do Brasil, construído sobre a miscigenação de povos indígenas, negros e
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europeus, resultando em uma sociedade plural e desigual. Neste sentido, o interesse
público deverá ser múltiplo, tendo em conta as variedades de tutelas jurídicas que
compõem a coletividade. Quanto a aplicabilidade do Interesse Público, esta é feita em
favor de todos os cidadãos. Por este ângulo, deve-se levar em conta não apenas a
quantidade de pessoas, mas também a qualidade. Assim, mesmo que haja grande
quantidade de pessoas em determinado seguimento social, este grupo, em termos de
qualidade, pode não fazer jus a aplicabilidade do Interesse Público. Neste diapasão é
necessário analisar tais elementos, quais sejam, quantidade e qualidade, para se fazer jus
a tutela jurídica pretendida com fundamento no Interesse Público. (SIQUEIRA, 2016).
Em se tratando de minorias qualitativas - negros, índios, etc – não é razoável
ou compatível com a juridicidade constitucional excluí-las da hipótese de tutela
fundamentado na ideia de interesse público legítimo, pois o ordenamento jurídico
brasileiro consagra proteção a todos.
Por fim, deve-se esclarecer o uso da expressão “pedras de toque”, utilizada pela
doutrina brasileira, a exemplo do renomado administrativista Celso Antônio Bandeira
de Mello, para se referir a supremacia do interesse público sobre o privado e a
indisponibilidade do interesse público. Tais desdobramentos do interesse público
representam a base do regime jurídico administrativo.
Em relação a supremacia do interesse público sobre o privado, “trata-se de
verdadeiro axioma reconhecível no moderno Direito Público. Proclama a superioridade
do interesse da coletividade, firmando a prevalência dele sobre o do particular, como
condição, até mesmo, da sobrevivência e a asseguramento deste último” (MELLO,
2008, p. 69).
A supremacia do interesse público sobre o privado é pressuposto que não
possui previsão expressa na Constituição Federal, sendo verificada implicitamente e
alicerçada pela doutrina brasileira. Este pressuposto remete a ideia de que um interesse
privado não pode prevalecer quando em conflito com um interesse público.
Para a doutrina moderna, o entendimento de que o interesse público é supremo
e absoluto em relação ao particular traz questionamentos e críticas: hoje, tomando por
base a ideia de supremacia da constituição, a dignidade humana e os direitos
fundamentais, o Poder Público não deve atuar a partir da lógica da supremacia do
interesse público, mas sim diante da máxima da proporcionalidade e a luz da
Constituição Cidadã. (SIQUEIRA, 2016).
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No que tange a indisponibilidade do interesse público pela Administração –
também chamado de finalidade pública (DI PIETRO, 2014, p. 67) – tal axioma refuta a
premissa de que “sendo interesses qualificados como próprios da coletividade – internos
ao setor público –, não se encontram à livre disposição de quem quer que seja, por
inapropriáveis”. (MELLO, 2008, p. 74).
Embora não haja previsão constitucional, este pressuposto não carece de
proteção jurídica, tal ideia está entranhada ao interesse público. Exemplos disso
encapam todo o Direito Administrativo: tombamento de bem público; permissão de uso
de bem público; afetação dos bens públicos; necessidade licitação para aquisição ou
alienação de bens, etc. Em alguns exemplos citados o particular até pode usar o bem,
porém encontra limites normativos que impedem a apropriação pelo particular.
Posto os conceitos doutrinários a respeito dos elementos que compõem o
interesse público, vale ressaltar o posicionamento moderno da doutrina
administrativista.
Atualmente as pedras de toque são vistas, pela doutrina mais moderna, como
regras, visto que “por serem mais exatas do que os princípios, seguem a lógica do tudo
ou nada, devendo ser aplicadas na exata medida daquilo que prescrevem”. (SIQUEIRA,
2016, p. 212).
O uso da proporcionalidade e da hermenêutica deve ser feito quando houver
conflitos de interesse público versus interesse privado. Além disso, estes últimos, sob a
ótica constitucional pós positivista, são visto como direitos fundamentais individuais,
devendo a ponderação ser feita quando houver colisão no caso concreto.
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Administração Pública intervém na propriedade, pois visa coibir abusos, desvios de
finalidade, delimita obrigações, etc.
Quando se fala dos bens públicos, alguns conceitos devem ser trazidos a baila
para que se entenda a pertinência da matéria. Estes são: domínio público; domínio
eminente; conceito de bens públicos e suas características.
Em relação ao domínio público, a doutrina aponta duas acepções do instituto,
embora afirme que seja uma expressão aberta sem um sentido preciso.
A primeira acepção é no sentido de que os bens públicos pertencem ao Estado,
ou seja, fazem parte do domínio da Administração Pública. “neste caso, o adjetivo
público fica entrelaçado à noção de Estado, a quem é conferido um poder de dominação
geral.” (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1155).
Noutro sentido, a expressão domínio público significa um conjunto de bens
designados a sociedade, seja de forma direta ou indireta. Por esta perspectiva, não só o
patrimônio estatal é considerado bem público; todos os bens utilizados pelo público em
geral são considerados desta forma. São bens públicos “mesmo quando fossem diversos
dos bens que normalmente são objeto de propriedade (como praças públicas, por
exemplo) ou quando se caracterizassem pela inapropriabilidade natural (como o ar,
verbi gratia).” (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1155).
Em relação ao domínio eminente, este leva em conta o poder político que o
Estado possui – poder decorrente de sua soberania – significando dizer que todas as
formas de intervenção da Administração Pública sobre a propriedade decorre do
domínio eminente.
A ideia de domínio eminente está intimamente ligado ao interesse público, pois
é considerado como um poder que influencia não só a propriedade, mas também as
pessoas e os bens que encontram no seu território. Da mesma forma que o interesse
público, o domínio eminente não é um poder arbitrário e está sujeito ao direito e
interpretações.
Por fim, vejamos o conceito de bens públicos:
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público e as associações públicas. (CARVALHO FILHO, 2014, p.
1157).
Como se percebe, este conceito, dado pelo nobre doutrinador José dos Santos
Carvalho Filho, limita a definição dos bens ao direito civil.
Atualmente a melhor interpretação busca integrar a propriedade privada
atrelada a uma finalidade pública. Neste sentido é o Enunciado n. 287 do Conselho da
Justiça Federal, concluído na IV Jornada de Direito Civil:
Assim é o regime jurídico da gestão dos bens públicos: quando estes forem
públicos estarão sujeitos ao regime de direito público. Quanto aos bens particulares,
caso sua finalidade esteja afetada a uma atividade pública, estes serão considerados
como propriedade pública. Todos estes possuem como características: inalienabilidade;
impenhorabilidade e a imprescritibilidade.
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Ao estabelecer a existência de um bem que tem duas características
específicas, a saber, ser essencial à sadia qualidade de vida e de uso
comum do povo, a Constituição de 1988 formulou a inovação
verdadeiramente revolucionária, no sentido de criar um terceiro
gênero de bem que em face de sua natureza jurídica, não se confunde
com os bens públicos e muito menos com os bens privados
(FIORILLO, 2013, p. 145).
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Embora existam numerosos entendimentos a respeito da natureza jurídica do
bem ambiental, este é considerado autônomo, imaterial e assentado no interesse público
em ambos os casos aqui expostos.
Transportando a ideia de bem ambiental para a esfera do interesse público,
nota-se que aquele é pertinente a toda sociedade, visto que não é interesse só de um
indivíduo, ou de uma minoria, ou até mesmo interesse só da Administração Pública; o
bem ambiental é abrangente e abstrato, devendo ser interpretado a luz de um Direito
moderno e constitucionalizado.
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Origem Tribunal: STJ acórdão: 03.11.1998 proc: RMS num: 9.629 ano: 1998. T. Origem: Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná. Recurso em Mandado de Segurança. Órgão Julgador 1ª Turma. Partes
recorrente: Cidadela S.A. Impetrado: Secretário de Meio Ambiente do Estado do Paraná. Recorrido:
Estado do Paraná. Relator Ministro Demócrito Reinaldo. Fonte DJ data: 01.02.1999.
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elementar para a preservação de direitos, é neste sentido que o Estado intervir na
propriedade.
Nestes casos, quando ocorre a colisão entre interesses individuais e interesses
públicos, o estudo da propriedade – sai do âmbito civil e passa a ser objeto de análise do
direito público. (DI PIETRO, 2014).
A Constituição da República de 1988, em seu art. 5º, incisos XXII e XXIII
garante o direito de propriedade e informa que esta atenderá a sua função social.
Outrossim, o mesmo documento indica – em seu art. 170, III – a vinculação da
propriedade na defesa do meio ambiente.
Percebe-se que o exercício da propriedade está subordinado a preservação do
meio ambiente em benefício do interesse coletivo; tais direitos se mostram compatíveis
entre si. Ainda sobre a função social da propriedade, a Constituição Federal deixa claro:
esta só é cumprida se garantida a qualidade ambiental.
Variadas são as formas de intervenção do Estado na propriedade –
desapropriação, ocupação temporária, tombamento, servidão administrativa, etc. Em
todos os casos, as concepções de proteção ambiental devem ser respeitadas, visto que o
interesse público está entranhado como fundamento basilar, não só em relação aos bens
públicos, de uso comum do povo, mas também aos bens particulares, quando ocorre o
tombamento, por exemplo – neste caso, a preservação de um o bem cultural passa a
assumir uma finalidade pública.
A aplicação do interesse público líquido se mostra cada vez mais viável na
busca de um meio ambiente saudável. A partir desta perspectiva, decisões mais
concretas podem ser tomadas pelo Poder Judiciário em relação a intervenção do Estado
na propriedade, por exemplo; O Poder Legislativo pode se inspirar na consecução de
leis que atendam os anseios sociais e o Poder Executivo pode se valer de uma
interpretação que não busca a sua supremacia absoluta em relação a um conflito com
um particular. A partir destas premissas, novas formas de proteção poderão ser postas
no mundo jurídico visto que nesses casos o Poder Público tem a obrigação de intervir,
visto sua posição de garantidor.
O interesse público, em sua forma líquida, pode ser ponto crucial – na pós
modernidade – para explicar e resolver os problemas da intervenção do Estado
propriedade de cunho ambiental, visto que dependem de uma interpretação mais
detalhada, precisa e igualitária.
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4.1 INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS AMBIENTAIS
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Luis Roberto Barroso, Neoconstitucionalismo: o triunfo tardio do direito constitucional no
Brasil, (http://www.conjur.com.br/static/text/43852). Acesso em 4 de julho de 2017.
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Tal direito é considerado direito fundamental por dois aspectos: primeiramente
o aspecto formal, visto que há previsão expressa na Constituição Federal; e o aspecto
material, pois é condição necessária para o exercício da dignidade da pessoa humana,
visto que todos têm direito a um mínimo existencial ecológico para satisfazer uma vida
digna (respirar ar puro, beber água limpa, alimentos sem substâncias prejudiciais a
saúde, etc).
Considerar o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito
fundamental traz como consequência a vedação ao retrocesso ecológico, devendo tal
proteção ser utilizada como fonte de inspiração para o legislador afim de que seja
assegurado o interesse da coletividade.
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STJ - AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO
ESPECIAL nº 1094873 SP 2008/0215494-3. (http://tinyurl.com/yccqeoof). Acesso em 29 de junho de
2017
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Com efeito, alguns princípios devem ser destacados neste trabalho com intuito
de se demonstrar a proteção dada ao meio ambiente e a importância da interpretação
constitucional das normas ambientais.
Primeiramente, destaca-se o princípio da Interpretação Conforme a
Constituição, tal preceito deve ser respeitado de forma a se priorizar os ditames
esculpidos na Carta Magna quando postos em casos de normas plurissignificativas.
Vejamos um exemplo deste tipo de interpretação:
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STJ - RECURSO ESPECIAL nº 1198727 MG 2010/0111349-9. (http://tinyurl.com/y94vl4z8).
Acesso em 29 de junho de 2017 .
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RAZOABILIDADE. ANALOGIA. 1. A interpretação da norma
administrativa, mercê da proteção do interesse público, privilegia
valores constitucionais elevados, como o da dignidade da pessoa
humana e da razoabilidade da norma. 2. O art. 1º, do Decreto-lei n.º
10.44/69 que dispõe sobre o tratamento excepcional para os alunos
acometidos por enfermidades preceitua que: "São considerados
merecedores de tratamento excepcional os alunos de qualquer nível de
ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções,
traumatismo ou outras condições mórbidas, determinando distúrbios
agudos ou agudizados [...]. 3. Mercê de o referido diploma previr o
abono de faltas ou a concessão de regime especial de trabalho
domiciliar ao próprio aluno acometido de enfermidades que
impossibilite sua freqüência às aulas, conspiraria contra a ratio essendi
da tutela da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III), da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (Lei n.º 9.394/96), bem como, da Lei
do Procedimento Administrativo (Lei n.º 9.784/99) e do Princípio da
Razoabilidade vedar a extensão de referido benefício, em situações
excepcionais, como a hipótese dos autos, em que o aluno ausentou-se
para acompanhar o tratamento de doença grave - neoplasia mamária -
de sua esposa, fora do território nacional, a qual, a posteriori, veio a
falecer. 4. Merece censura o ato administrativo que não guarde uma
proporção adequada entre os meios que emprega e o fim que a lei
almeja alcançar. Isto porque a razoabilidade encontra ressonância na
ajustabilidade da providência administrativa consoante o consenso
social acerca do que é usual e sensato. Razoável é conceito que se
infere a contrario sensu; vale dizer, escapa à razoabilidade "aquilo que
não pode ser [...].”8
8
Origem Tribunal: STJ acórdão: 02.06.2005 proc: RESP num: 658.458 ano: 2004. T. Origem: Tribunal
Regional Federal da 4ª Região – PR. Recurso Especial. Órgão Julgador 1ª Turma. Partes recorrente:
Roberto Gavião Gonzaga. Recorrido: Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu-PR. Relator Ministro Luiz
Fux. Fonte DJ data: 27.06.2005.
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desenvolvimento da sociedade de forma planejada, garantindo que patrimônio ambiental
não se esgote (FIORILLO, 2013).
Por este ângulo, o desenvolvimento sustentável é considerado interesse público
pelo constituinte originário, pois a preservação ambiental é necessária para a plena
evolução da sociedade, de modo que futuras gerações possam usufruir de todo
arcabouço ambiental.
Já o princípio do poluidor-pagador nos ensina que a ocorrência de danos
ambientais deve ser prevenida, entretanto, caso ocorra, deverá ocorrer a sua reparação.
Tal axioma está contido no §3º da Lei Maior e nos ensina que “condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados”.
Além destes preceitos, o princípio da prevenção também norteia o Direito
Ambiental. Segundo tal mandamento, a prevenção do dano é objetivo primordial.
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defesa do meio ambiente. Assim, o Estado e a sociedade civil têm o dever de preservar
o meio ambiente conforme nos informa o art. 225, caput, da Constituição Cidadã.
Consequentemente, caso haja omissão dessa participação coletiva, o prejuízo
alcançará todos os cidadãos, visto que o meio ambiente, conforme apontado ao longo do
trabalho, é considerado um bem difuso.
Por fim, a proteção ambiental tem como base o princípio implícito da vedação
ao retrocesso. Este preceito tem como finalidade dar segurança jurídica a determinada
norma reguladora de direitos e deveres de cunho ambiental. Desta forma, quando lei
instituir determinado mandamento, este se incorpora ao patrimônio jurídico da
sociedade, não podendo ser suprimido ou revogado de forma discricionária.
Para a doutrina, embora não haja previsão expressa, a vedação ao retrocesso é
observada graças aos princípios do estado democrático de direito, da dignidade da
pessoa humana e o da máxima eficácia e efetividade dos direitos fundamentais
(FIORILLO, 2013).
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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6. REFERÊNCIAS
BÁSICAS
COMPLEMENTARES
CARVALHO FILHO, José dos Santos. 27. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro:
Lumen Júris, 2014.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo, Atlas,
2014.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro – 14ª ed.
rev., atual. e ampl. e atual. Em face da Rio + 20 e do novo “Código” Florestal – São
Paulo, 2013.
GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 21ª ed. São Paulo,
Malheiros, 2012.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo brasileiro. 37. ed. atual. São
Paulo: Malheiros, 2011.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito Administrativo. 26. ed. São
Paulo, Malheiros, 2008.
PIRES, Luís Manuel Fonseca. Interesse Público Líquido e Pós-Modernidade: A lógica
do individualismo e os desafios do Estado social no século XXI. In: MARRARA,
Thiago. Direito Administrativo: Transformações e Tendências. 1ª ed. – São Paulo;
Almedina, 2014.
SILVA, José Afonso da. Direito Ambiental Constitucional. 10ª ed. São Paulo:
Malheiros: São Paulo, 2013.
SIQUEIRA, Mariana de. Interesse Público no direito Administrativo brasileiro: da
construção da moldura à composição da pintura. Rio de Janeiro: Lumen Juris 2016.
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