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O
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL
POLICIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DA POLÍCIA MILITAR – CFAPM
CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS
B
Cód: CFS01 Carga Horária: 15h/a
EMENTA
I- CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1. Sistemas de segurança pública nas sociedades democráticas;
2. Atribuições das instituições de segurança pública;
3. Abordagem sistêmica da segurança pública;
I
4. Conceitos de circunscrição, região e área de abrangência de outras instituições;
5. Políticas públicas: formulação, implantação, avaliação e acompanhamento;
6. Planos de segurança pública (instâncias: federal, distrital e estadual);
7. Análise de cenários e perspectivas da segurança global e local;
8. Relação entre o sistema de segurança pública e o sistema de justiça criminal;
9. Breve histórico da polícia comunitária;
10. A polícia comunitária como filosofia de um trabalho integrado;
L
11. A comunidade como “Locus Privilegiado”;
12. As redes sociais com foco nas ações comunitárias;
13. Fundamentos e princípios da gestão integrada e comunitária;
14. Mecanismos do Estado que favorecem a implantação da gestão integrada e comunitária
no âmbito da segurança pública;
15. Policiamento orientado por problema;
I
16. Estratégias que favoreçam a participação e mobilização da comunidade.
II – OBJETIVO
Geral: criar condições para que o profissional da área de segurança pública possa
ampliar conhecimentos para ter uma visão geral de como funciona o Sistema de Segurança
Pública, e também como atuar de forma colaborativa e cooperativa no planejamento de ações
integradas e comunitárias.
Específicos: ampliar conhecimentos para compreender a visão sistêmica da segurança
Z
pública, os órgãos, as instituições, os profissionais e as políticas e ações voltadas para a
sociedade e o cidadão, mediante o estudo dos seus antecedentes históricos e da análise de
cenários e perspectivas; Desenvolver e exercitar habilidades para reconhecer a importância da
formulação de políticas públicas e da elaboração de planejamento na área de segurança pública;
Ampliar conhecimentos para identificar os fundamentos de gestão integrada e comunitária e as
diversas formas existentes dessa gestão no sistema de segurança pública; Identificar o processo
A
do “triângulo do crime” ou “triângulo para análise de problema - TAP”; Atuar de forma
colaborativa e cooperativa no planejamento de ações integradas e comunitárias; Reconhecer a
importância de atuar como facilitador (protagonista) do processo orientado para o problema.
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Janildo da Silva Arante, 2º Sargento PM-RN, é formado em Matemática Licenciatura Plena pela UFRN e possui diversos cursos
na área de Segurança Pública.
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FRANÇA
A França tornou-se a principal referência de formação de sistema policial profissionalizado,
conforme análise de MONET (2001). Ela tinha dois pilares: a Maréchaussée, nas áreas rurais e a Tenência
de polícia, em Paris. A primeira é intrinsecamente militarizada, sendo um regimento de elite do Exército, e
tem sua estrutura territorializada a partir do século XVI. Ela vigia as populações itinerantes, prende
bandidos, assegura regras concernentes ao comércio. Ela é rebatizada de Gendarmerie em 1791, perdendo
gradualmente suas vinculações com o Exército.
Já a Tenência é criada em 1667, com atribuição de zelar pela repressão da criminalidade bem
como deve tomar as medidas necessárias para evitar incêndios e epidemias além de inundações. Paris é
dividida em setores e bairros à frente dos quais atuam comissários assistidos por inspetores. Todo um
sistema de patrulhas a pé e a cavalo funciona durante todo o dia. A montagem de uma estrutura de
informantes foi a característica mais marcante desta polícia parisiense, preconizando a formação de policiais
exclusivamente destinados à investigação. Os tenentes gerais de polícia acabaram sendo nomeados em todas
as grandes cidades francesas.
Fator comum às duas formas de polícia na França é a direção do governo central. O monarca
absoluto comandava tanto a Gendarmerie quanto definia as indicações dos tenentes de polícia, sendo
concebidos como oficiais da realeza. Outros países europeus em fins do século XVIII e início do século XIX
implantam suas gendarmeries, todas vinculadas à autoridade central, orientadas para o policiamento de
estradas e campos.
BRASIL
O sistema policial brasileiro, por sua vez, se estruturou no século XIX. E a matriz foi a dualidade
policial francesa. Com a chegada da Coroa Portuguesa em 1808 no Rio de Janeiro, foi criada a Intendência
Geral de Polícia, com atribuições de controle do crime, de urbanização, saneamento, saúde pública e
iluminação pública seguindo o modelo policial que vigorava em Portugal desde o século XVIII.
A vigilância cotidiana das ruas, por sua vez, coube a forças militarizadas. No Rio de Janeiro, por
exemplo, existia a Guarda Real de Polícia (GRP).
Mesmo na segunda metade do século XVIII já existiam forças militarizadas que realizavam a
vigilância ostensiva das vias públicas. É o caso de Minas Gerais com o Regimento Regular de Cavalaria de
Minas, criada em 1775, que posteriormente veio a ser o fundamento da Polícia Militar do Estado de Minas
Gerais.
INGLATERRA
A Inglaterra, a despeito de sua tradição de gestão descentralizada, também assistiu a intervenção do
governo central na questão policial. Em 1829 o Parlamento assume a responsabilidade pelo policiamento de
Londres. É criada uma organização policial profissionalizada, trabalhando full-time e concebida em termos
civis, diferenciando-se do modelo francês da gendarmerie. É criada a Polícia Metropolitana de Londres.
A disseminação pelo restante do país deste modelo de policiamento eminentemente comunitário,
conforme propugnado por Robert Peel, ocorreu lentamente ao longo da segunda metade do século XIX,
abolindo os sistemas paroquiais até então prevalecentes.
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Pacto Federativo.
Um dos principais desafios brasileiros é a segurança pública. As autoridades estão mais atentas
aos problemas e elegem o combate à violência como uma das prioridades em seus programas. A segurança
pública caminha cada vez mais para a integração e articulação entre as forças diversas presentes no
território.
O tema tem tratamento específico na Constituição Federal de 1988 no artigo 144. O texto dispõe
que a segurança pública é “dever do Estado” e deve ser exercida pelas Polícias Federal, Rodoviária Federal,
civis, militares e Corpos de Bombeiros militares. Qualquer lei precisa respeitar as estruturas previstas na
Constituição.
O Supremo Tribunal Federal afirma que a segurança pública trata de “organização
administrativa”. Por isso, a gestão em cada ente da federação fica por conta do chefe do executivo. No caso
dos estados, fica sob a chefia do governador de Estado, a quem estão subordinados as polícias militares e
civis. Já o chefe do Poder Executivo Federal tem a competência de organizar as polícias federais, dentre
outros da administração federal.
No entanto, com o aumento da violência, o governo federal passou a repassar recursos para a
modernização das instituições de segurança pública dos estados e do Distrito Federal. A articulação entre as
administrações nesse quesito é crucial.
Além desses quesitos, a segurança pública deixou de se pautar unicamente pela de repressão e
passou a ser vista sob a ótica da prevenção e capacitação dos agentes com enfoque na cidadania.Com o
governo da presidenta Dilma, o papel da União na Política Nacional de Segurança Pública passou a ser
maior, com maior integração institucional e as instituições do sistema de justiça criminal e enfatizando o
planejamento, a gestão e o monitoramento.
União
Compete à União a defesa dos seus interesses e dos seus órgãos, o policiamento da faixa de
fronteira e o combate ao tráfico internacional e interestadual de drogas, prevenir e reprimir o contrabando e
o descaminho, bem como realizar o patrulhamento das rodovias federais.
A União assumiu ainda a função de articular a integração entre os órgãos de segurança pública e
de justiça criminal, que teve seu ponto alto na Copa do Mundo 2014, e deixou como principal legado a
atuação integrada entre os órgãos de segurança pública nacionais e internacionais e as Forças Armadas nos
12 Centros Integrados de Comando e Controle Regionais.
Os locais foram equipados pelo governo federal em todas as cidades-sede da Copa. O governo
tem realizado ações como o Brasil Integrado, operação que já atuou no Nordeste e recentemente transferiu
presos entre presídios federais.
Estados
Os governos estaduais e do Distrito Federal realizam a segurança pública direta, organizando e
mantendo o policiamento ostensivo, que é realizado pela Polícia Militar, formada por policiais
uniformizados, facilmente identificados, de modo a criar na população uma percepção de segurança. É de
competência dos estados ainda manter e organizar a Polícia Civil e os órgãos técnicos de investigação dos
crimes comuns.
Municípios
Já os municípios têm a competência para desenvolver ações de prevenção à violência, por meio
da instalação dos equipamentos públicos, como iluminação e câmeras. Os municípios também podem criar
guardas municipais para a proteção de bens, serviços e instalações.
Neste ano, a lei nº 13.022 regulamentou as atribuições das Guardas Municipais na prevenção à
violência, proteção dos direitos humanos fundamentais, exercício da cidadania e das liberdades públicas,
preservação da vida e patrulhamento preventivo, dentre outros.
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Distrito Federal
O DF possui as mesmas competências dos estados na gestão da segurança pública.
Fonte:
Blog do Planalto: http://www2.planalto.gov.br/
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A provisão da segurança pública no Brasil, até a década de 1990, era compreendida como
uma responsabilidade quase que exclusiva dos governos estaduais, sobretudo dos órgãos policiais
(COSTA E GROSSI, 2007).
O artigo 144 da Constituição Federal de 1988 contribuiu para embasar a falta de comprometi-
mento da União e dos municípios na adoção de políticas para a preservação da ordem pública, uma vez que
atribui ao governo estadual o encargo pelas polícias civis e militares.
Nessa interpretação restrita de segurança pública, não haveria muito espaço para a atuação dos
governos federal e municipal, uma vez que a política de gestão policial, de execução penal e a administra-
ção da justiça criminal são majoritariamente desenvolvidas pelos poderes estaduais.
A UNIÃO, OS ESTADOS, MUNICÍPIOS E AS COMUNIDADES NA CONSTRUÇÃO DA
SEGURANÇA PÚBLICA
No âmbito federal, o envolvimento com as questões de segurança pública se limitava às ações das
polícias federais, ao controle de armas e empresas de segurança privada, assim como a atividades legislati-
vas e regulatórias na esfera criminal e penal. No âmbito municipal, restringia ao trabalho de proteção do
patrimônio público local, realizado pelas poucas Guardas Civis mantidas pelas prefeituras, além do apoio
às polícias estaduais, por meio de cessão de imóveis, doação de equipamentos e pagamento de combustível
para viaturas. (KAHN e ZANETIC, 2009).
No final da década de 1990, contudo, ocorreu uma ampliação da questão de segurança pública,
com a assunção de responsabilidades, tanto por parte do governo federal quanto por parte dos municípios.
Esse processo foi desencadeado através da percepção política da violência como problema público re-
levante, em virtude do crescimento dos índices de criminalidade, reconhecendo a relevância do tema para a
população.
Entre 1980 e 2000, a taxa de homicídios do Brasil passou de 11,4 para 27,8 ocorrências por 100
mil habitantes. Concomitantemente, houve um crescimento da sensação de insegurança, de modo que o
crime passou a figurar como uma das principais preocupações dos cidadãos brasileiros, ao lado do de-
semprego. Somado a isso, a população responsabiliza todos os entes federativos pelo problema, e não
apenas o governo estadual, detentor das polícias civil e militar (KAHN e ZANETIC, 2009).
Nas próximas aulas, você estudará as competências e as possibilidades de cada ente federativo na
promoção da ordem pública, no contexto de agravamento dos problemas de violência e do crescimento da
sensação de insegurança, que impulsionou a União e os municípios a participarem mais ativamente da
gestão da segurança pública, independentemente de suas obrigações oficiais.
Esse contexto, conforme analisa Cano (2006), também englobou uma mudança de paradigma na
segurança pública, em que o fracasso das políticas tradicionais de controle do crime cedeu espaço para
reformas e iniciativas inovadoras, que abordam a questão sob a ótica dos princípios democráticos e dos
direitos humanos, com o aperfeiçoamento dos órgãos do sistema de justiça criminal, com a articulação de
ações de repressão e prevenção à criminalidade, com a integração sistêmica das instituições de segurança
pública, com o investimento em tecnologia, com o surgimento de novos atores e com a participação social.
2.1 - A gestão federal da segurança pública
Conforme define o artigo 144 da Constituição Federal de 1988, a polícia federal, a polícia
rodoviária federal e a polícia ferroviária federal são os órgãos com que conta o governo federal.
§ 1º A polícia federal [...] destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja
prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em
lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descami-
nho [...];
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com
exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. (BRASIL, 1988)
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singular do desenho institucional do sistema de justiça criminal brasileiro, consiste na secção do trabalho
policial, na esfera estadual, em duas organizações distintas, de forma que compete à Polícia Militar realizar
o patrulhamento ostensivo, enquanto cabe à Polícia Civil a responsabilidade pelo trabalho investiga-
tivo. Diversos problemas decorrentes da disjunção do trabalho policial têm sido atribuídos a essa peculiari-
dade do subsistema policial brasileiro.
É o caso, por exemplo, da ausência de mecanismos integrados e articulados de planejamento das
intervenções públicas na área. A divisão de trabalho prevalecente entre as polícias faz com que as tarefas
envolvidas no combate à criminalidade sejam concentradas no âmbito ostensivo, resumindo-se a planos de
distribuição dos recursos humanos e materiais das Polícias Militares. A investigação policial e eventual iden-
tificação e detenção de criminosos ocorre em momento distinto e obedece somente à lógica de elaboração de
documento a ser entregue às instâncias judiciais.
Ressalte-se ainda o fato de que cada uma dessas organizações policiais dispõe de um sistema
próprio de comunicações e informações que não dialogam entre si. O registro oficial da incidência criminal,
nesse sentido, tem duas fontes distintas, caracterizadas pela duplicidade e incoerência dos dados. O diag-
nóstico espaço-temporal da criminalidade na sociedade brasileira não dispõe, assim, de uma base de dados
consensualmente estabelecida, o que suscita frequentes divergências e conflitos quanto ao provimento da
segurança pública, enquanto bem coletivo.
O desenho institucional da segurança pública no Brasil, em suma, provocou a emergência e consoli-
dação de organizações policiais que, a despeito do caráter complementar de suas atividades, são dotadas de
culturas distintas, com definições muito particulares do interesse coletivo e, além disso, têm suas inter-rela-
ções pautadas pelo conflito e pela competição intermitentes. Como consequência inevitável dessa realidade,
temos a baixa capacidade do subsistema policial brasileiro de produzir resultados consistentes, em termos de
redução dos índices de criminalidade. (SAPORI, 2006, p. 769 - 770)
Além dos problemas relacionados à divisão do ciclo policial, há outras deficiências comuns a
ambas as polícias. O Projeto Segurança Pública para o Brasil (BRASIL, 2003) destaca as seguintes:
1) coleta, registro, produção, distribuição e processamento precários das informações, gerando da-
dos inconsistentes e pouco confiáveis, e inviabilizando diagnósticos, análises prospectivas e definição de
orientações estratégicas;
2) ausência de planejamento, de avaliação sistemática e de práticas corretivas;
3) atendimento, serviços e produtos de má qualidade; recrutamento deficiente e formação precária;
4) abandono dos cuidados preparatórios, necessários ao trabalho pericial: ausência da cultura técni-
co-policial nas esferas não envolvidas diretamente com os setores policiais especializados;
5) correição quase inexistente, em decorrência de inércia burocrática, restrições normativas, inope-
rância administrativa e, em alguns casos, comprometimento corporativista;
6) controle externo deficiente, em razão dos obstáculos à intervenção investigativa das ouvidorias e
dos entraves à afirmação de direção interna;
7) dissociação conflitiva da outra instituição policial e dos demais profissionais do sistema de
justiça criminal (inclusive da Secretaria de Segurança), dada a autonomização dispersante das unidades (em
particular, das delegacias distritais);
8) delimitação irracional (e dissociada das circunscrições da outra instituição policial) dos
territórios jurisdicionais;
9) despreparo no enfrentamento de questões específicas, como: a violência contra as mulheres, as
crianças, as minorias sexuais e os negros - o que determina alguns aspectos lacunares na atuação das Dele-
gacias Especializadas de Atendimento às Mulheres, por exemplo;
10) despreparo na aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente;
11) formação mais voltada à repressão do que à prevenção (o que caracteriza o conjunto das insti-
tuições da segurança pública);
12) grande quantidade dos policiais exerce função extra (bico), para complemento salarial em razão
dos baixos salários. (BRASIL, 2003, p. 29)
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matização das experiências existentes”. Além disso, diversos gestores municipais hesitam em assumir
responsabilidades nessa área específica, sobretudo porque não constitui uma obrigação legal do governo
municipal.
A assunção de atribuições em qualquer área de políticas públicas, na ausência de imposições cons-
titucionais, está diretamente associada à estrutura de incentivos oferecida pelo nível de governo interessado
e, vale ressaltar, que os incentivos para a gestão municipal da segurança pública são restritos, ao menos os
financeiros. O repasse de recursos financeiros do governo federal ocorre mediante o lançamento de editais
anuais, em que os municípios interessados submetem propostas.
Os projetos que apresentam maior consonância com os requisitos delineados pela SENASP são
financiados pelo governo federal, com contrapartida financeira dos municípios. Apesar disso, a
participação dos municípios na gestão da segurança pública vem crescendo progressivamente, assim como
a relevância desse ente federativo na redução da violência e criminalidade, sobretudo quando se entende que
a promoção da paz e da ordem social demanda não apenas ações de cunho repressivo, mas também ações de
cunho preventivo.
2
*Alberto Afonso Landa Camargo é Coronel da reserva remunerada da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Professor graduado
em Letras e em Filosofia, escritor com vários trabalhos publicados, e pesquisa
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O fato é que não existem fórmulas prontas para que se tenha no Brasil uma polícia que atenda os
reclamos da sociedade. Aliás, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas temos visto que polícia nenhuma
os atende na totalidade.
Esta idealização, a crença de que uma polícia deve ser capaz de resolver tudo sem, em algum
momento, usar a violência e que deva ser imune a erros e a desvios de conduta, tem feito com que
proliferem fórmulas que, sem qualquer estudo, são apresentadas como milagrosas para que se crie uma
polícia ideal.
Como modelo de polícia democrática já se apresentou até a ideia de desmilitarização das polícias
militares. Desconhece-se que a mera adjetivação, seja ela de militar ou civil, não é responsável pela maior
ou menor competência policial. O que importa é a sua destinação. Se ela, apesar da adjetivação militar não
for destinada ou empregada nas atividades que pressuponham combates e tratos com pessoas vistas como
inimigas, mas preparada e empregada efetivamente como polícia e voltada ao bem das comunidades, pouco
importa que a sua estrutura seja militar ou civil. Chega-se a tal contradição que, ao mesmo tempo em que se
invoca a necessidade de desmilitarização das polícias, clama-se pelo emprego das forças armadas, que são
militares por excelência.
A formação dos seus efetivos e a visão de que a sociedade deve sempre ser vista como amiga,
mesmo naqueles casos em que precisam ser coibidos crimes ou simples desvios de conduta, é que vão
determinar a sua maior ou menor eficiência e não a mera adjetivação que unicamente define a sua estrutura
como corpo.
Trata-se o Brasil como se o país fosse o único no mundo a ter uma polícia adjetivada de militar.
Desconhece-se que na Itália ainda existem os Carabinieri, a Espanha ainda conte com a sua Guardia Civil
(que apesar da adjetivação, é militar), a França ainda disponha da Gendarmerie, o Chile possua uma das
polícias mais respeitadas da América Latina, os Carabineros, e a Holanda mantenha a Rijkspolitie, todas
elas organizações militares voltadas à atividade policial como o é a Polícia Militar brasileira.
Uma polícia democrática, independente da adjetivação de civil ou de militar, precisa deixar de
ser conservadora, de centralizar-se em conceitos e comandos apegados a tradições que fundamentaram sua
criação e abdicar de manter-se destoante das necessidades sociais como se a polícia não fizesse parte da
mesma sociedade que jura defender.
O estudo e a adequação de comportamentos policiais às necessidades e interesses da comunidade
tendem a fazer da polícia uma instituição democrática. Ela assim será à medida que atenda as necessidades
individuais e de grupos que requerem seus serviços da mesma forma que atende os interesses dos governos,
desde que estes sejam voltados aos interesses da população, orientando suas atividades conforme requeira o
cidadão. Um policial amigo, prestativo, capaz de resolver conflitos e consciente de que faz parte da
sociedade e não é alijado dos seus interesses, com certeza fará uma polícia democrática.
Não é preciso, portanto, macro mudanças nas instituições policiais para que elas sejam
democráticas. Basta que se mudem alguns comportamentos relacionados com o trabalho e que o policial
interprete que o crime e o criminoso são coisas excepcionais e não a regra com que devem ser tratados os
cidadãos.
CAMARGO, Alberto Afonso Landa. Uma visão sistêmica da segurança pública.
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Veja os links:
http://justica.gov.br/news/politica-nacional-de-seguranca-publica/minuta_pnasp.pdf
http://www.justica.gov.br/news/plano-nacional-de-seguranca-preve-integracao-entre-poder-
publico-e-sociedade/pnsp-06jan17.pdf
http://www.justica.gov.br/news/plano-nacional-de-seguranca-preve-integracao-entre-poder-
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OBSERVATÓRIO CONSTITUCIONAL
Segurança Pública e Justiça Criminal - Por Gilmar Ferreira Mendes3
4 de abril de 2015
3
Gilmar Ferreira Mendes (Diamantino, 30 de dezembro de 1955) é um jurista, magistrado e professor brasileiro.
É ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 20 de junho de 2002, tendo presidido a corte entre 2008 e 2010. Foi
indicado pelo presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo exercera o cargo de advogado-geral da
União desde janeiro de 2000.
4
Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ano 8, 2014.
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que vão desde instalações inadequadas até maus-tratos, agressões sexuais, promiscuidade, corrupção e
inúmeros abusos de autoridade, verdadeiras escolas do crime controladas por facções criminosas. Não é de
se estranhar, portanto, que muitas dessas pessoas, quando soltas, voltam a praticar novos crimes, às vezes
bem mais graves do que o cometido pela primeira vez.
Agregue-se a isso que a progressão de regime no cumprimento de penas no Brasil, concebida
como modelo de reintegração do preso à sociedade, não passa de pura ilusão. Em razão da absoluta escassez
de estabelecimentos prisionais apropriados para os regimes aberto e semiaberto, as penas acabam sendo
cumpridas, na prática, em regime fechado, não raro em estabelecimentos sob o comando dos próprios
presos, ou em prisão domiciliar sem nenhum tipo de fiscalização, como se constatou em recente audiência
pública no Supremo Tribunal Federal.
Na outra ponta do problema, a evidenciar ainda mais a iniquidade do sistema, convivemos com o
fato de que os denunciados que respondem a processo em liberdade acabam, muitas vezes, em razão da
prioridade conferida a processos de denunciados presos, não sofrendo punição alguma. Com a excessiva
demora no julgamento desses processos, em todas as instâncias, muitos crimes acabam atingidos pela
prescrição. A extinção da punibilidade representa, nesses casos, uma grande derrota para o sistema e uma
irreparável erosão na credibilidade da Justiça.
Sobre o modelo de prisão provisória, travamos uma luta intensa no Conselho Nacional de
Justiça, concebendo, inclusive, o projeto de lei que resultou na Lei 12.403/2011, para que aprovássemos as
medidas cautelares alternativas à prisão provisória. Até hoje, contudo, não se identificam os reflexos dessa
alteração.
A toda hora deparamos, no STF, com situações de prisão provisória que poderia ter sido
substituída por alguma medida alternativa. Há uma série de medidas cautelares previstas na referida Lei,
entre elas, o monitoramento eletrônico, medida, contudo, ainda pouco utilizada e que, se adequadamente
implantada, poderia reduzir, significativamente, a superlotação carcerária.
Ainda sobre o tema, tenho insistido, também, na apresentação do preso em flagrante ao juiz, em
curto prazo, para que o magistrado possa avaliar, de forma mais eficaz, as condições em que foi realizada a
prisão e se é de fato imprescindível a sua conversão em prisão preventiva. Trata-se de medida prevista em
tratados internacionais já incorporados ao direito interno, mas que ainda encontra alguma resistência em sua
aplicação, por razões atinentes, sobretudo, a dificuldades operacionais. Pensamos, todavia, que objeções
dessa natureza poderiam ser superadas, por exemplo, com a dispensa da apresentação nos casos em que o
juiz, quando da comunicação do flagrante, já puder aplicar, desde logo, alguma cautelar alternativa à prisão.
Há inúmeros casos de prisões provisórias com excesso de prazo, sem conclusão da instrução e
sem sentença de primeiro grau. Muitos desses presos, quando sentenciados, acabam absolvidos ou
condenados a penas alternativas, o que denota que o encarceramento no decorrer do processo, devido à
demora no julgamento, acaba por se mostrar, nesses casos, muito mais grave que a própria pena, em clara
dissonância com o princípio da proporcionalidade.
Por outro lado, a demora no julgamento reflete, substancialmente, na própria pauta dos Tribunais
Superiores, como revela o elevado número de habeas corpus em tramitação no Superior Tribunal de Justiça,
aproximadamente 200 mil. Como grande parte desse acervo tem por objeto a concessão de liberdade
provisória por excesso de prazo, mostra-se clara, de novo, a necessidade de se repensar não só o atual
modelo de prisão cautelar, como, também, todo o sistema de Justiça Criminal.
A Justiça Criminal é pressuposto imanente a qualquer política de segurança pública. Nenhum
programa de redução da criminalidade terá eficácia se não levar em conta a efetividade de seu
funcionamento. Partindo-se dessa premissa, é possível avançar no entendimento de que o aprimoramento da
Justiça Criminal não é tema isolado de responsabilidade exclusiva do Poder Judiciário desta ou daquela
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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária
unidade federativa. Um eficaz plano de melhorias do sistema deve englobar o trabalho harmônico de todos
os entes estatais responsáveis pela segurança pública.
Há na, Constituição Federal, diversos dispositivos sobre segurança pública que indicam essa
responsabilidade compartilhada, como a previsão de que a segurança pública é dever do Estado e direito e
responsabilidade de todos (art. 144), exercida por intermédio da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária
Federal, da Polícia Ferroviária Federal, das polícias civis e militares e dos corpos de bombeiros militares, a
partir de lei que discipline sua organização e funcionamento de maneira a garantir a eficiência de suas
atividades (art. 144, §7º). Prevê a Constituição, ainda, a criação, pelos Municípios, de guardas municipais
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações (art. 144, §8º).
Além disso, cumpre à União legislar privativamente sobre direito penal e processo penal (art. 22,
I), sobre requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra (art. 22, III), sobre
convocação e mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares (art. 22, XXI), sobre
competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais (art. 22, XXII).
União, Estados e Municípios detêm, portanto, nesse campo, atribuições próprias e conexas que
podem e devem ser exercidas de forma coordenada com indispensável senso de cooperação. No caso dos
Municípios, podemos citar, por exemplo, a possibilidade de atuação conjunta entre suas guardas municipais
e as demais forças de segurança pública. Nesse contexto, um sistema integrado de segurança pública e
Justiça Criminal poderia ser pensado, por exemplo, em termos de um federalismo cooperativo, cabendo a
União assumir, em razão do seu vasto leque de responsabilidades nessa matéria, a responsabilidade de
coordenar e organizar esse novo enfoque de atuação.
Todo esse quadro legitima o que aqui se propõe: é preciso uma estratégia global de segurança
pública que contemple, com especial prioridade, o inadiável aprimoramento da Justiça Criminal. É preciso
pensar, com urgência, em soluções que imprimam maior celeridade no julgamento das ações penais e uma
completa reestruturação do sistema prisional.
Esse seria o caminho. O CNJ já vem fazendo isso, por exemplo, nas ações relativas a atos de
improbidade, dando prioridade ao acompanhamento desses processos. É preciso verificar qual a estrutura
adequada para as varas criminais, as condições de trabalho de juízes e servidores, os recursos matérias
disponíveis, entre outros temas relevantes para um melhor funcionamento da Justiça Criminal. Os próprios
juízes, a partir de suas experiências e das dificuldades enfrentadas no exercício da jurisdição criminal, muito
poderiam contribuir com sugestões para melhoria do sistema.
Quando estávamos à frente do CNJ, firmamos, em 2010, com o Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) e o Ministério da Justiça, a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública
(ENASP), que teve como foco, inicialmente, os crimes de homicídio. Após a análise de 135 mil inquéritos
que investigam homicídios dolosos instaurados no Brasil até o final de 2007, descobriu-se que apenas 43 mil
foram concluídos. Dos concluídos, pouco mais de oito mil se transformaram em denúncia. Ou seja, mais de
80% dos inquéritos de homicídios foram arquivados. Com o conhecimento dessa realidade, foi possível
estabelecer metas que hoje podem ser acompanhadas, em tempo real, nos sites do CNJ e do CMMP.
A partir dessa experiência, poderíamos pensar, em relação ao tema deste artigo, na ampliação do
foco de atuação da SENASP, de forma a incluir em seu programa de trabalho, como meta prioritária, o
mapeamento dos principais gargalos enfrentados pela Justiça Criminal, com a indicação de ações concretas
que possam reduzir a morosidade nos julgamentos, bem como uma profunda reavaliação da cultura de
prisões provisórias e dos regimes de cumprimento de penas. O CNJ e o CNMP muito poderão contribuir
para as esperadas melhorias nessa área por meio de monitoramento conjunto e mais efetivo em relação a
certos gargalos, coordenando, inclusive, o aporte de recursos.
É claro que ações dessa natureza, em âmbito nacional, devem contar com alguma fonte de
recursos específicos. Nesse sentido, poderíamos, pensar, também, em algum fundo de segurança pública que
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pudesse atender prontamente, por exemplo, a situações mais sensíveis em Estados com notória carência de
recursos.
Nessa linha, poderíamos pensar, ainda, em uma possível reformulação do Fundo Penitenciário
(FUNPEN), gerido pelo Ministério da Justiça, com a sua transformação em fundo de segurança pública,
com alguma forma de incremento em suas fontes de custeio, redefinição de suas finalidades e proibição de
contingenciamento dos recursos disponíveis. É incompreensível que diante da falta de vagas no sistema
prisional, os recursos FUNPEN ainda sejam passíveis de contingenciamentos, como infelizmente tem
ocorrido. Dados recentes do Ministério da Justiça indicam que esse Fundo dispõe de cerca de R$ 1,065
bilhão e recebe, em média, R$ 300 milhões por ano. Em 2013, o FUNPEN foi autorizado a investir R$
384,2 milhões, mas apenas 10,6% desse valor foi efetivamente empregado.
Enfim, a modernização do sistema de Justiça e uma completa reestruturação do sistema prisional
são temas prioritários na busca de soluções que possam reverter, em grande parte, o atual quadro de
insegurança pública. Nesse contexto, afigura-se fundamental que se proceda, sem mais tardar, a uma
profunda reavaliação da estrutura e funcionamento da Justiça Criminal para que possamos ter, também nessa
área, um Judiciário bem mais moderno e eficiente.
Esta coluna é produzida pelos membros do Conselho Editorial do Observatório da Jurisdição
Constitucional (OJC), do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Acesse o portal do OJC
(www.idp.edu.br/observatorio).
Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2015-abr-04/observatorio-constuticional-seguranca-
publica-justica-criminal>. Acesso em 07 de ago de 2018.
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orientado para uma nova visão de policiamento, mais voltado para a comunidade. Esse tipo de policiamento difere-se dos
demais, pois seu objetivo principal é a aproximação entre a polícia e a comunidade. Uma polícia mais humana e mais
legítima que busca uma ligação entre anseios e objetivos por meio de ações práticas e efetivas que possam amenizar os
problemas causados pela criminalidade. Disponível em: <https://aderivaldo23.wordpress.com/tag/historia-do-
policiamento-comunitario-no-brasil/> Acesso em 04 de agosto de 2018.
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Conforme os próprios autores alertam, em geral, a unidade comum é a região onde as pessoas
vivem, mas nada impede que uma comunidade seja constituída a partir de interesses e/ou causas partilhados.
De qualquer sorte, no núcleo do conceito está localizada a ideia de identidade compartilhada. Neste trabalho,
a denominação comunidade será atribuída aos agrupamentos humanos que vivem na mesma localização
geográfica e que, nessa condição, tendem a partilhar dos mesmos serviços (ou da ausência deles),
problemas, códigos de conduta, linguagem e valores.
A partilha territorial, entretanto, não leva necessariamente à construção de uma comunidade
coesa socialmente. Essa característica vai depender do grau de conexão entre seus membros e de sua
capacidade de promover desenvolvimento local, ou seja, de seu capital social.
O capital social se verifica de acordo com o grau de coesão social que existe nas comunidades e
que é demonstrado nas relações entre as pessoas ao estabelecerem redes, normas e confiança social,
facilitando a coordenação e a cooperação para o benefício mútuo. 7
Segundo Robert C. Chaskin8 , a aferição da coesão social de uma comunidade se dá a partir da
análise de quatro elementos, a saber: 1) senso de comunidade ou grau de conectividade e reconhecimento
recíproco; 2) comprometimento e responsabilidade de seus membros pelos assuntos comunitários; 3)
mecanismos próprios de resolução de conflitos; 4) acesso aos recursos humanos, físicos, econômicos e
políticos, sejam locais ou não.
Onde há coesão social, há identidade compartilhada, cuja criação depende da mobilização social
e do envolvimento com os problemas e soluções locais. Há, portanto, segundo Putman 9 , um ciclo virtuoso
entre capital social e desenvolvimento local sustentável. Nesse sentido, desenvolver comunidade é um
processo que agrega valores éticos à democracia e constrói laços de solidariedade.10
Conhecendo o locus. O mapeamento social
Primeiramente, é preciso definir o que se pretende com o mapeamento social, a fim de que os
formulários de identificação e cadastramento dos dados sejam elaborados de maneira a veicular as perguntas
adequadas. Nesse sentido, é importante ressaltar que o mapa a ser confeccionado não se resume a uma
fotografia momentânea dos elementos identificados, mas deve ser um guia para subsidiar o diálogo entre
essas informações, para servir de base a uma permanente animação de redes sociais.
Para o Programa Justiça Comunitária do Distrito Federal, a identificação das organizações
sociais é fundamental para servir de referência para: a) o processo de seleção de novos agentes comunitários;
b) o encaminhamento dos participantes para a rede social, quando a solução do conflito assim o demandar;
c) o conhecimento das circunstâncias que envolvem os problemas comunitários; e, d) a constituição de
novas redes sociais ou o fortalecimento e a animação das já existentes, quando a demanda ostentar potencial
para tanto.
No decorrer da execução do Programa Justiça Comunitária do Distrito Federal, as dificuldades
enfrentadas na confecção desse mapeamento foram inúmeras, desde a carência de recursos humanos em
especial na fase inicial até a dificuldade de se traçar uma estratégia de animação de redes sociais, quando
toda a prioridade do Programa estava voltada para a capacitação dos agentes comunitários nas técnicas de
mediação.11
7
AUSTRALIAN BUREAU OF STATISTICS, Social capital and social wellbeing, apud NEUMANN, Lycia Tramujas
Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância do protagonismo comunitário, cit., p.
47.
8
CHASKIN, Robert J. Defining community capacity: a framework and implications from a comprehensive community initiative,
apud NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcellos; NEUMANN, Rogério Arns, Repensando o investimento social: a importância
do protagonismo comunitário, cit., p. 24.
9
PUTNAM, Robert D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação
Getúlio Vargas, 2005. p. 186.
10
KISIL, Marcos, Comunidade: foco de filantropia e investimento social privado, cit., p. 51.
11
Hoje, a avaliação é a de que o fato de o Programa ostentar três pilares não significa necessariamente que eles devam ser
construídos um a um. Havendo uma estrutura mínima, o ideal é que os três sustentáculos de um programa de justiça comunitária
sejam desenvolvidos em conjunto, uma vez que há íntima relação entre eles. A título de exemplo, é a partir de uma programação
eficiente das atividades voltadas à animação de redes sociais que se podem atrair demandas para a mediação efetivamente
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Apesar das dificuldades, o Programa conseguiu reunir, com a colaboração de alguns agentes
comunitários, informações relevantes para a confecção do mapa, sem contudo estabelecer uma conexão
entre elas. Na ausência de um planejamento prévio aliado a uma clara estratégia metodológica de conexão
entre essas informações, os dados coletados não se comunicaram.
Com o propósito de suprir essa lacuna, o Programa está desenvolvendo um passo a passo 12
como estratégia para a confecção permanente do mapeamento social das duas cidades-satélites, o qual
contém as seguintes fases:
a) definir a área geográfica a ser mapeada com limites claros;
b) definir as fontes de informação e a metodologia adequada (documentos de órgãos oficiais,
visitas às instituições, entrevistas pessoais ou por telefone, entre outras);
c) recrutar os agentes comunitários para a coleta dos dados e estimular que o façam com o
auxílio de alguns moradores; 13
d) criar um formulário para a identificação e o cadastramento; 14
e) organizar um banco de dados apto a promover o cruzamento dessas informações.
A fim de adotar uma metodologia coerente com a estrutura do Programa, a equipe
interdisciplinar reduziu a área e as suas expectativas objeto do mapeamento, transformando essa tarefa de
difícil execução em algo viável, envolvente e eficiente. A partir dessa redução e da consciência de que a
cartografia social é uma atividade em permanente construção, adequaram-se as etapas desse processo à
capacidade estrutural, para não gerar novas frustrações.
A definição territorial da área mapeada e de suas limitações obedeceu ao critério de local de
moradia de cada agente comunitário, o que possibilitou, inclusive, maior inserção dos agentes em sua
comunidade. Optou-se por localizar deficiências e necessidades, mas também talentos, habilidades e
recursos disponíveis. Essa estratégia possibilita que o mapeamento sirva de espelho para a comunidade que,
ao se olhar, tenha consciência de seus problemas, mas também conheça as suas potencialidades, o que é
essencial para a construção de uma identidade comunitária.
Esse método também torna possível investigar em que medida as soluções para os problemas
comunitários já existem ali mesmo, exatamente naquela comunidade que, por razões histórico-estruturais de
exclusão social, não enxerga nenhuma solução para os seus problemas, senão por meio do patrocínio de uma
instituição externa àquele habitat. Essa conexão entre problemas e soluções promove um senso de
responsabilidade pela comunidade como um todo, o que cria uma espiral positiva de transformação social.15
Para que essa conexão efetivamente aconteça, é indispensável que o processo de mapeamento
não tenha por objetivo tão-somente a confecção de um banco de dados, repleto de informações úteis, porém
sem ligação entre si. A construção permanente do banco de dados é, sobretudo, um meio de fortalecer
relações e criar novas parcerias.
Segundo Lycia e Rogério Neumann, ao identificar os recursos locais, os moradores passam a
conhecer o potencial de sua comunidade e começam a estabelecer novas conexões, ou fortalecer as já
existentes, entre os indivíduos, seus grupos e as instituições locais, assim como entre esses atores, e as
causas que são importantes para o desenvolvimento daquela comunidade. 16
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Nesse sentido, apresenta-se a seguir as informações a serem coletadas para o mapeamento social
do Programa Justiça Comunitária. Esse processo, sob essa nova formatação, teve início em 25 de agosto de
2006. 17
RECURSOS DISPONÍVEIS 18
Associação de Moradores
Estas organizações são fundamentais por sua capilaridade e pelo potencial de produzir capital
social e protagonismo comunitário, ou seja, por sua capacidade de mobilização em torno de interesses e
valores comuns. É um contraponto à cultura de dependência de apoio institucional externo. É interessante
que a identificação das associações inclua a informação sobre seu funcionamento (local, periodicidade de
reuniões, dentre outros) bem assim as suas realizações.
Instituições em geral
Entidades públicas = escolas, hospitais, postos de saúde, parques, bibliotecas, etc.; Associações
e instituições = igrejas, clubes, cooperativas, centros comunitários, etc. O elenco destas instituições deve
ser acompanhado de um levantamento quanto ao acervo de recursos que cada uma delas pode oferecer. Por
exemplo, é importante registrar se uma escola pública possui e/ou está disposta a oferecer salas para
reuniões abertas aos finais de semana, computadores, cursos de alfabetização de adultos, quadras de
esportes, educadores voluntários, conselhos de pais e mestres, sinergia entre a escola e a comunidade,
organização estudantil, etc. 19
Habilidades pessoais
Em toda comunidade, é possível identificar líderes, voluntários, bordadeiras, cozinheiras,
artistas, educadores, mediadores natos de conflitos, etc. Essas pessoas, entretanto, muitas vezes estão soltas
e poderiam potencializar seus talentos se firmassem parcerias ou simplesmente se tivessem maiores
oportunidades de expressar as suas habilidades. O mapeamento pode auxiliar no desencadeamento desse
processo.
DIFICULDADES
É indispensável que o formulário de informações coletadas para a confecção do mapa tenha um
espaço destinado ao registro dos problemas da comunidade, segundo a perspectiva da própria comunidade.
Além disso, é interessante classificar o problema de acordo com a sua natureza: estrutural, social, pessoal
20
. Essa classificação, quando efetuada pelo próprio agente comunitário, em comunhão com as pessoas
entrevistadas, pode provocar uma reflexão importante sobre o contexto nos quais repousam os conflitos
individuais ou coletivos daquela comunidade. Assim, problemas como desemprego, analfabetismo,
ausência de saneamento, falta de hospitais e escolas, violência doméstica, crianças de rua, crime
organizado, gangues de jovens, alcoolismo, evasão escolar, crimes, abuso infantil, problemas psicológicos,
dentre outros, comporão um mosaico útil para impulsionar uma reflexão coletiva acerca de suas
circunstâncias.
Embora não haja um momento de conclusão do mapeamento social, eis que se trata de um
processo permanente na mesma medida da dinâmica social, é fundamental que os resultados parciais sejam
objeto de partilha e debate na comunidade. Além disso, é importante que, periodicamente, sempre que
possível, haja uma análise dos resultados alcançados a partir da confecção do mapa, tais como parcerias,
empreendimentos ou eventos desencadeados a partir desse processo.
17
. Nessa data teve início o semestre letivo de 2006 da Escola de Justiça e Cidadania, oportunidade em que se apresentou a nova
metodologia de captação das informações relativas à comunidade, a fim de que os agentes comunitários possam contribuir de
maneira mais efetiva para a confecção do mapeamento social.
18
NEUMANN, Lycia Tramujas Vasconcelos; NEUMANN, Rogério Arns, Desenvolvimento comunitário baseado em talentos e
recursos locais ABCD, cit., p. 53-61.
19
Ibidem, p. 64
20
. Ibidem, p. 24.
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21
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Tradução de Roneide Venancio Mayer com a colaboração de Klauss Brandini
Gerhardt. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 497 (A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 1).
22
MARTINHO, Cássio. O projeto das redes: horizontalidade e insubordinação. Aminoácidos, Brasília, Agência de Educação para
o Desenvolvimento (AED), n. 2, p. 101, 2002.
23
FOLEY, Gláucia Falsarella, Justiça comunitária: por uma justiça da emancipação, cit., p. 123-127.
24
Pelo fato de que nossa visão histórica de mudança social esteve sempre condicionada a batalhões bem ordenados, estandartes
coloridos e proclamações calculadas, ficamos perdidos ao nos confrontarmos com a penetração bastante sutil de mudanças
simbólicas de dimensões cada vez maiores, processadas por redes multiformes, distantes das cúpulas de poder. São nesses
recônditos da sociedade, seja em redes eletrônicas alternativas seja em redes populares de resistência comunitária, que tenho
notado a presença dos embriões de uma nova sociedade, germinados nos campos da história pelo poder da identidade. E conclui: o
caráter sutil e descentralizado das redes de mudança social impede-nos de perceber uma espécie de revolução silenciosa que vem
sendo gestada na atualidade (CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Tradução de Klauss Brandini Gerhardt. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1999. p. 426-427. A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, v. 2).
25
E acrescenta: Isso enseja uma profunda revisão tanto no momento da gênese normativa, nas formas de sua construção, como
também aponta para novas formas de aplicação, manutenção e controle dos que vivem no interior dessas relações, onde não há
lugar para a lentidão, nem espaço para assimetrias acentuadas, nem oportunidades de acumulação de poder pelos velhos
detentores da máquina burocrática. É uma outra dimensão da democracia emergindo (AGUIAR, Roberto Armando Ramos de.
Procurando superar o ontem: um direito para hoje e amanhã. Notícia do Direito Brasileiro, Nova série, Brasília, Universidade de
Brasília, Faculdade de Direito, n. 9, p. 71, 2002).
26
Ibidem, p. 76.
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da linguagem judicial ceda lugar à retórica, à arte do convencimento, ao envolvimento. É o que ele
denomina direito dialogal, que respeita as diferenças e radicaliza a democracia. 27
Mas, afinal, diante da centralidade do mercado e da retração estatal que marcam os tempos
atuais, em que malhas sociais essas redes são construídas? Quais são os espaços possíveis para a reinvenção
da emancipação? Para Sousa Santos, as sociedades capitalistas são constituídas de seis estruturas, seis
esferas de relações sociais, as quais produzem seis formas de poder, de direito e de conhecimento de senso
comum. São espaços centrais para a produção e reprodução das relações de poder, mas são também
suscetíveis de se converterem em lugares centrais de relações emancipatórias 28, a partir de práticas sociais
transformadoras. Apesar de cada esfera guardar autonomia em relação às demais, posto que apresentam
dinâmicas próprias, a ação transformadora em cada uma delas só pode ser colocada em movimento em
combinação com as demais. 29
Em cada espaço dessa estrutura multifacetada, a ação transformadora destina-se a construir
condições para que os paradigmas emergentes possam ser experimentados em oposição à reprodução dos
velhos padrões de dominação. Esses espaços são os seguintes: a) a esfera doméstica, cujo paradigma
dominante é constituído pela família patriarcal, em contraposição à emergência da democratização do direito
doméstico, baseado na autoridade partilhada, na prestação mútua de cuidados, dentre outros; b) o espaço da
produção, no qual reina o expansionismo capitalista a ser transformado em um novo padrão
pautado em unidades de produção baseadas em cooperativas autogeridas; c) o mercado, no qual o consumo
voltado para as satisfações individualistas possa ser direcionado para as necessidades humanas, por meio do
estímulo a um consumo solidário; d) o espaço comunitário propriamente dito, em que a sociedade
colonial37, representada por antigas formas de organização pautadas na exclusão das diferenças, possa dar
espaço à identidade múltipla, inacabada, valorizando o senso comum emancipatório orientado para uma
ação multicultural e democrática; e) a esfera da cidadania, constituída pelas relações entre o Estado e a
sociedade e entre os membros da sociedade; nesse espaço, o paradigma emergente é voltado à democracia
radical, à realização dos direitos humanos, transformando as relações de poder em autoridades partilhadas; f)
o espaço mundial, no qual o paradigma do desenvolvimento desigual e da soberania exclusiva seja
transformado em soberania recíproca e democraticamente permeável.
Nesses espaços estruturais, a construção do paradigma emergente pressupõe uma tripla
transformação: do poder em autoridade partilhada; do direito despótico em direito democrático; e do
conhecimento-regulação em conhecimento-emancipação.
Os espaços privilegiados para a formação dessas redes solidárias, na perspectiva do Programa
Justiça Comunitária, são três das seis esferas indicadas por Sousa Santos: o espaço doméstico, o comunitário
e o da cidadania. Nesses espaços, é possível reinterpretar os conflitos, instrumentalizando-os para o
exercício da autonomia, sob uma perspectiva solidária.
A autonomia é a capacidade de autodeterminação de um ser humano ou de uma coletividade.
Segundo Franco, é o poder de se administrar por si mesmo, criando as normas nomos, para si mesmo auto.
Mas, conforme adverte esse autor, o exercício da autonomia pressupõe uma relação de poder, de vez que
cada um, em sua autosuficiência, não se volta à realização da humanização. Assim, para romper com a
lógica do poder, a autonomia deve se universalizar, por meio da construção de um mundo unificado por
comum-humanização. 30
O conceito de autonomia com o qual opera o Programa Justiça Comunitária tem, portanto, essa
dimensão da alteridade. O seu desenvolvimento ocorre nos locais em que as pessoas erigem suas vidas e
enfrentam as dificuldades, em comunhão com as outras. É nessas arenas locais doméstica, comunitária e da
cidadania que os cidadãos podem desenvolver a capacidade de refletir, dialogar e decidir em comunhão os
27
Ibidem, mesma página
28
SOUSA SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez,
2000. p. 271.
29
Ibidem, p. 334-342.
30
FRANCO, Augusto. Ação local: a nova política da contemporaneidade. Brasília: Agora; Instituto de Política; Fase, 1995. p. 61 e
80.
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seus conflitos, dando ensejo à realização da autonomia política, no sentido de resgate do auto nomos e da
radicalização da democracia 31. Essa requer mais participação popular, menos exclusão social e,
conseqüentemente, mais justiça social. São nessas esferas que o cidadão comum sente que é possível intervir
na vida política, exercitando a cidadania. São nesses espaços que as pessoas constroem suas relações e
fazem escolhas ao longo da vida. São esses os espaços em que se tece a teia da vida. 32
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localmente. Também deve haver um espaço para falar do futuro, que é sempre um norteador dos esforços
comunitários.
Ao proporcionar esses encontros e promover esses diálogos, os agentes comunitários agem como
tecelões, contribuindo para que essa teia social se revele coesa o suficiente, indicando que aquele
aglomerado humano lançou-se na aventura de construir a sua comunidade.
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Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária
A polícia tem percebido que não é possível mais fingir que sozinha
consegue dar conta de todos os problemas de segurança. A comunidade precisa policiar a si
mesma e a polícia pode (ou deve) ajudar e orientar esta tarefa.
A percepção de que juntas, polícia e comunidade podem somar esforços na luta
contra a violência e a criminalidade tem possibilitado o fortalecimento de algumas estratégias
utilizadas no âmbito da Polícia Comunitária:
- Mobilização das Lideranças Comunitárias
- Policiamento Comunitário
- Gestão de Serviços
- Comparando a gestão de serviço na Polícia Comunitária e na Polícia
tradicional
Estas estratégias serão descritas nas páginas seguintes
Policiamento Comunitário
Fortalecimento da comunidade
Basicamente, existem dois tipos de fortalecimento:
- dos policiais : poder de decisão, criatividade e inovação são encorajados em todos
os níveis da polícia.
- da própria comunidade : a Polícia Comunitária capacita e dá competência aos
cidadãos para participar das decisões sobre o policiamento e de outras agências de serviço,
visando prover maior impacto nos problemas de segurança.
No âmbito da Polícia Comunitária, o policiamento representa um renascimento da
abordagem policial pela solução de problemas . A meta da solução de problemas é realçar a
participação da comunidade através de abordagens para reduzir as taxas de ocorrências e o
medo do crime, através de planejamentos a curto, médio e longo prazos.
O policiamento comunitário encoraja a prestação de contas, as pesquisas e
estratégias entre as lideranças e os executores, a comunidade e outras agências públicas e
privadas.
Uma orientação para o cliente é fundamental para que a polícia preste serviço à
comunidade. Isso requer técnicas inovadoras de solução de problemas de modo a lidar com as
PMRN - Curso de Formação de Sargentos 2018.1. Instrutor: 2º Sgt Janildo da Silva Arante 35
Sistema de Segurança Pública e Gestão Integrada e Comunitária
As instituições policiais precisam identificar os atores sociais que atuam nas lideranças
comunitárias, como representantes das pessoas que estão enfrentando ou “sofrendo” com o(s) problema(s).
Organizações públicas e privadas, grupos de idosos, proprietários de imoveis, comerciantes, etc. São
pessoas importantes para iniciar um processo de mobilização social e, principalmente, para manter os
públicos envolvidos coesos, em torno da causa social, durante as demais fases que buscam a sua solução.
"Policiamento comunitário e uma filosofia e não uma tática especifica; uma
abordagem pró-ativa e descentralizada, designada para reduzir o crime, a desordem e o medo do crime
através do envolvimento do mesmo policial em uma mesma comunidade em um período prolongado de
tempo". MOREIRA Apud PEAK (1999, p.78).
E fato que não existe um programa único para descrever o policiamento
comunitário, ele tem sido tentado em varias policias ao redor do mundo. Ele vai muito além que
simplesmente implementar policiamento a pé, ciclo patrulha ou postos de policiamento comunitário.
Policiamento comunitário e um tipo de policiamento que redefine o papel do
policial na rua de "combatente" para solucionador de problemas e ombudsman do bairro . Ele obriga
uma transformação cultural da policia, incluindo descentralização da estrutura organizacional e mudanças na
seleção, recrutamento, formação, treinamento, sistemas de recompensas, promoção e muito mais.
Gestão de Serviços
A Polícia Comunitária pede para que os policiais escapem da logica do
policiamento dirigido para ocorrências (radioatendimento) e busquem uma solução pró-ativa e criativa para
equacionar o crime e a desordem. O diagrama 5W2H pode ajudar na gerencia do serviço policial. Esta
metodologia, também conhecida nos países de língua portuguesa como 4Q1POC (apos a tradução), e muito
utilizada na administração de empresas para gerenciar um plano de ação para elaborar um serviço ou
produto.
Este diagrama e composto por 7 perguntas que procuram orientar a gerencia de um plano de
ação.
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As prioridades são, por exemplo, roubo a banco, A eficácia da política é medida pela ausência de
homicídios e todos aqueles envolvendo violências; crime e de desordem;
A polícia se ocupa mais com os incidentes; As prioridades são quaisquer problemas que estejam
afligindo a comunidade;
O que determina a eficiência da polícia é o tempo de A polícia se ocupa mais com os problemas e as
resposta; preocupações dos cidadãos
O profissionalismo policial se caracteriza pelas O que determina a eficácia da polícia é o apoio e a
respostas rápidas aos crimes sérios; cooperação do publico;
A função do comando é prover os regulamentos e as O profissionalismo policial se caracteriza pelo
determinações que devam ser cumpridas pelos estreito relacionamento com a comunidade
policiais;
As informações mais importantes são aquelas A função do comando é incutir valores institucionais;
relacionadas a certos crimes em particular;
O policial trabalha voltado unicamente para a As informações mais importantes são aquelas
marginalidade de sua área, que representa, no relacionadas com as atividades delituosas de
máximo 2% da população residente ali onde “todos indivíduos ou grupos;
são inimigos, marginais ou paisano folgado, até
prova um contrário”;
O policial é do serviço; O policial trabalha voltado para os 98% da
população de sua área, que são pessoas de bem e
trabalhadoras;
Emprego da força como técnica de resolução de O policial emprega a energia e eficiência, dentro da
problemas; lei, na solução dos problemas com a marginalidade,
que no máximo chega a 2% dos moradores de sua
localidade de trabalho;
Presta contas somente ao seu superior; Os 98% da comunidade devem ser tratados como
cidadãos e clientes da organização policial;
As patrulhas são distribuídas conforme o pico de O policial presta contas de seu trabalho ao superior e
ocorrência. à comunidade;
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materiais, treinamento de agentes públicos, informações e até mesmo o engajamento social) costumam ser
prejudicadas pelo desinteresse ou apatia do público, muitas vezes até pela abordagem equivocada do que
seria um programa comunitário de segurança pública.
Confrontada com tais dificuldades, a polícia tende a tomar decisões baseadas em suas próprias
percepções: os problemas são tão latentes e os recursos tão escassos, que as consultas à comunidade podem
parecer ineficazes e excessivamente demoradas, sem nenhum resultado prático.
Em áreas onde haja alguma base de organização comunitária, a polícia tem procurado superar
essas dificuldades estabelecendo contatos com organizações locais, tais como igrejas, associações de
comerciantes e de moradores. Esta relação transforma-se na única alternativa possível e tende a viciar o
processo, pois organizações locais podem tender para interesses ou privilégios específicos (interesses
comerciais, eleitorais, religiosos, etc) fugindo ao anseio de toda a coletividade.
Importante!
O desafio, portanto, não está apenas em promover trabalhos com grupos organizados da
comunidade, de interesses específicos, mas trabalhar na organização de trabalhos comunitários, de forma
constante e permanente.
Pare e Reflita!
O jovem infrator que comete um ato infracional em um bairro rico, com sólida organização
comunitária, reside em bairros carentes, sem nenhuma infraestrutura e organização social. Será que a
associação comercial de um bairro rico, realizando trabalhos de parceria em bairros pobres, não pode
conter a violência no seu bairro?
16.3. A AUTONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES EM RELAÇÃO À POLÍCIA
Em regra, os grupos comunitários, assumem uma postura passiva e acrítica em relação às ações
de governo e da polícia, respaldando apenas as suas práticas, mesmo quando claramente impróprias ou
ilegais. É preciso respaldar as boas ações da polícia, de interesse coletivo, de respeito aos direitos humanos,
dentro da legalidade e dos valores morais e éticos. Mas deve-se criticar e vilipendiar ações violentas,
ilegítimas, que desrespeitam a dignidade humana e que fogem ao interesse coletivo, responsabilizando o
mau profissional e não a instituição como um todo.
Em áreas nobres, os grupos costumam estar mais preocupados com a resposta aos crimes, ações
da polícia mais repressivas, até investem para isso: compras de viaturas, reforma de prédios, aquisição de
sistemas de comunicação. Mas não querem desenvolver ações mais preventivas não querem se envolver. Por
outro lado, buscam desenvolver ações "caridosas e filantrópicas" como sopas aos moradores de rua em dias
de frio, cestas alimentares em igrejas, mas o morador de rua continua na rua.
Em áreas carentes, a experiência cotidiana pode tornar os cidadãos mais vigilantes. Ao invés de
simplesmente pressionarem por mais presença policial, se mostram mais preocupados com os mecanismos
de controle de abusos e corrupção policial.
Os representantes comunitários frequêntemente temem a polícia e se ressentem da forma como
esta exerce sua autoridade. As ações comunitárias focam mais para o controle da polícia do que para o
controle do crime, pois o medo é predominante. Acredita-se que a polícia não sabe os problemas do bairro,
pois só existe para "caçar bandidos".
Organizações que não dependem da polícia para a sua existência podem trazer significativos
desafios para a polícia. No pensamento institucional pode significar entraves administrativos, restringindo a
sua discricionariedade; no pensamento social amplia o controle da polícia; na filosofia de polícia
comunitária amplia e aprimora as ações conjuntas, tanto da polícia como da sociedade.
Observa-se, contudo, que com grande frequência, as organizações autônomas do ponto de vista
econômico são aquelas representativas dos setores de maior poder aquisitivo, que tendem a ser aliados
"naturais" da polícia. As organizações oriundas de segmentos marginalizados, em geral mais antagônicas à
polícia, não possuem autonomia econômica, sendo, muitas vezes, levadas a fazer concessões em troca de
apoio e de recursos.
16.4. ESTRATÉGIAS DE ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA: MEIO DE
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Em regra, contudo, nesse tipo de programa, o envolvimento dos cidadãos limita-se a realização
de tarefas, não havendo uma dinâmica de planejamento comum. Enfatiza-se a cooperação do público na
realização de tarefas policiais, mas subestima-se a sua participação nos processos de integração.
Vende-se um pacote aos cidadãos: e a sua cooperação está direcionada a tarefas do tipo
identificação de propriedades, notificação de crimes, identificação de áreas de risco, campanhas
comunitárias, jornais locais, etc.
O surgimento de supostos grupos ou entidades com o objetivo de encaminhar soluções a polícia,
promover ações sem a participação da polícia, estimulando ações coletivas independentes de programas de
polícia comunitária atrapalham e confundem o processo.
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melhora este perfil tecnológico e profissional da polícia, pois o aprimoramento estará vinculado aos níveis
de satisfação, sensação de segurança, qualidade de vida e a diminuição do crime e da desordem. É possível
realizar tudo isso em termos de Polícia Comunitária? É o que veremos a seguir.
Usar a polícia como instrumento de repressão social ou política não é um mecanismo eficaz de
combate ao crime. Da mesma forma manipular comunidades com objetivos políticos ou institucionais
também não apresentarão resultados satisfatórios.
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Motivar a participação comunitária almejando uma intensa integração social para que todos
participem na melhoria da qualidade de vida;
Identificar as lideranças naturais para que elas perenizem a proposta.
Objetivos específicos
Buscar soluções para os fatores criminógenos nas áreas de: educação, saúde, habitação,
saneamento básico, transporte, segurança pública, justiça e cidadania;
Envolver os representantes dos serviços públicos, nas suas respectivas esferas de
responsabilidade no programa;
Envolver a iniciativa privada nas suas diversas atividades motivando uma participação entre o
poder público e o econômico do bairro;
Envolver o poder político local (prefeitos, vereadores, deputados e representantes de partidos
políticos, de forma indistinta e imparcial) mostrando os problemas locais;
Mostrar ao cidadão comum a importância de sua participação, bem como propiciar para que
ele identifique os problemas locais.
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Registrar e analisar os resultados que implicam nas dificuldades de se ter uma qualidade de
vida melhor;
Identificar os órgãos envolvidos nas questões;
Desenvolver um plano inicial (esboço) contemplando os problemas locais, os pontos de
participação de cada órgão e da comunidade.
7ª etapa: Fixação de metas
Após a avaliação das necessidades deverão ser fixadas as metas;
Para quem? Onde? Quando? Como? E Para Quê? Fixar-se-ão essas metas? Não basta fixar
metas apenas para serem cumpridas;
As metas deverão ter significados e que sejam interessantes à comunidade;
Identificação das áreas de aceitação comum (criação ou melhoria de áreas de lazer, programas
de requalificação profissional etc );
Fechamento do projeto, com a participação de todos os segmentos, estabelecendo
responsabilidades, cronogramas e metas.
Eventos que consolidem a sistematização do trabalho de Polícia Comunitária e que uma vez
compreendido não será mais esquecido.
8a etapa: Estratégia de Implantação
Identificação de responsáveis capazes de auxiliar na resolução dos problemas apontados,
possibilitando que se atinjam as metas fixadas.
9a etapa: Controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização dos trabalhos
O comitê de implantação se reunirá no mínimo uma vez por mês ou sempre que necessário e
será responsável pelo controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização.
A avaliação poderá ser realizada através de:
um indicador (um fato que indique se o projeto atingiu ou não o objetivo );
dados estatísticos - acompanhamento da diminuição ou aumento da criminalidade, referente as
ocorrências na comunidade;
pesquisas com levantamentos (registros de ocorrências) e questionários sobre o grau de
satisfação da comunidade e se continua temerosa.
contato pessoal com a comunidade.
forma de verificação ( atividade que permita a demonstração do que foi feito em relação ao
indicador);
momento de verificação (o momento da verificação do aprendizado, no início, no meio, ou ao
final das atividades).
É preciso observar se :
O projeto atingiu os objetivos dentro do prazo previsto?
Se não atingiu, quais foram os entraves que surgiram para o
impedimento do avanço do projeto?
Quais foram as atividades realizadas?
Quais foram as tentativas para a realização dessas atividades?
Quais as dúvidas que se manifestaram?
Quais foram as interferências necessárias par a realização das atividades?
Houve demonstração de independência do grupo em relação às atividades?
O grupo revelou progressos ?
Se almejarmos um desenvolvimento contínuo, necessitamos tomar certos cuidados como
acompanhar as atividades analisando os avanços e dificuldades, buscando meios para facilitar a superação
dos obstáculos, incentivando o grupo a caminhar, uns ajudando os outros, sabendo que é preciso de tempo
para exercitar e incorporar uma nova filosofia de trabalho para interagir com o meio e desse modo os
conhecimentos adquiridos se tornarem definitivos.
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Os desafios da vida são constantes e isso requer uma atualização permanente para a elaboração
de novas informações adequando às situações de momento que surjam durante o transcorrer do processo.
A eficiência e eficácia de um trabalho de Polícia Comunitária pode ser mensurada pela ausência
de crime e de desordem, pelo apoio da comunidade nas questões de segurança.
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