Professional Documents
Culture Documents
Inseto - escultura
criada por Lina Bo
Bardi, a partir de
uma lâmpada
queimada.
Estandarte
criado
por
Hé lio
Oiticica
Lygia Clark
“Então, o intelectual desapareceu como tal
para virar um homem integrado à sociedade,
como o trabalhador ou como qualquer outro
homem. E quando ele abandona esta posição
e se identifica socialmente com outras classes
de homens que trabalham na sociedade, ele
identifica e penetra mais nesses problemas e
produz uma arte que, por exemplo, não fale
sobre povo, mas que seja a voz do povo. Ou
seja, que não deixa de ser a obra do artista na
qual a arte é revolucionária, na qual a ciência
social é revolucionária e na qual a filosofia é
revolucionária”. Glauber Rocha
Tanto Glauber Rocha, como Zé Celso,
Hélio Oiticica, Lygia Clark, Caetano Veloso,
Tom Zé, etc, buscavam uma arte
revolucionária, e de inclusão de uma cultura
considerada pela elite brasileira de subcultura,
a cultura índia e negra. Estes grandes artistas
entenderam que o movimento era englobar,
não rejeitar, pois não havia forma de exilar a
cultura européia, mas poderíamos absorvê-la
pela ‘boca’ da nossa cultura mais primitiva,
tornando nossa a influência que a princípio
nos dominava.
Este poder contestador e critico que existe
dentro da arte popular, foi o instrumento de
libertação que estes artistas usaram para
cortar as correntes com uma erudição inóspita
e importada. Portanto o popular também os
libertou.
E assim puderam continuar e aprofundar a
correnteza criada em 1922, na Semana de
Arte moderna, de criação de uma identidade
cultural antropofágica, e viveram em sua arte o
que afirma Oswald em seu manifesto: “O
espírito recusa-se a conceber o espírito sem
corpo.”
Brecht, Artaud e o Popular
Desestabilizador
O popular sempre esteve na obra e em
questão no pensamento de grandes
dramaturgos, que tiveram grande
influência no pensamento de Lina, Zé
Celso e Glauber Rocha. Tanto Artaud
como Brecht mergulharam no cotidiano
popular para empreenderem uma
implosão nos valores que contribuíam
para uma arte cerceada por conceitos
burgueses engessados, e que em seu ver
contribuíram para uma mentalidade que
explodiu na Segunda Guerra Mundial.
“Nunc a fom os c atequ izados . Fizemo s foi
carnaval”. Salve, Oswald de Andrade!
“No carnaval todas as distinções
hierárquicas, todas as barreiras, todas as
normas e proibições são temporariamente
suspensas, estabelecendo-se um novo
tipo de comunicação, baseado no contato
livre e familiar. O riso popular festivo
triunfa sobre o pânico sobrenatural, sobre
o sagrado, sobre a morte: provoca a
queda simbólica de reis, de nobrezas
opressoras, de tudo o que sufoca e
restringe.” Rob ert Stam
Brecht e Artaud na Arquitetura e Alma do
Oficina
“Arte pop ular, neste sentido,
é o q ue m ais perto está da
necessidade de cada dia, NÃ O-
AL IENAÇÃ O, possibilidade em
tod os os sentid os . Mas esta n ão
al ien ação ar tís ti c a c o ex is te c o m a
m ais bai xa c on d ição eco nômic a,
co m a mais m iserável d as
co nd ições h um anas ... ”
Lina Bo Bardi
Referências
ANDRADE, Oswald. I n:Revista de .
Antropofagia Disp. em
http://agencetopo.qc.ca/carnages/manifeste.html
BARDI, Lina Bo e SUZUKI, Marcelo (Couro.). Tempo s de grossu ra : O design no impasse.
São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 1994.
BARDI, Lina Bo, ELITO, Edson e CORRÊA, José Celso Martinez. Teatro Oficina: 1980 – 1984.
Lisboa: Editorial Blau e Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 1999.
BARDI, Lina. A metáfora continua. Revista Arquitetur a e Urbanism o . São Paulo; n.7, Agosto
1986, p. 50-52.
BRECHT, Bertold. Teatro dialético. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
Freyre, Gilberto. Casa gr and e e s enzala: fo rm ação d a fam ília b ras ileir a s ob o r egim e d o d om ínio
. Rio de Janeiro: Maia & Schmidt, 1933
patriarcal
LIMA, Evelyn Furquim Werneck. O espaço cênico de Lina Bo Bardi. Uma poética antropológica e
surrealista. Artcultura n. 15, p. 31-42.
LIMA, Marisa Alvarez. Margin ália: arte e cu ltur a na id ade da p edrad a . São Paulo: Editora
Aeroplano, 2002.
MACIEL, Luiz Carlos. Ger ação em tr an se : memórias do tempo do tropicalismo. São Paulo:
Editora Nova Fronteira, 1996.
RISÉRIO, Antonio. Avant -garde na Bahia. São Paulo: Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 1995.
STAM, Robert. Bakhtin: da teoria literária à cultura de massa. Rio de Janeiro: Editora Ática, 1992.
VENTURA, Teresa. A p oé ti ca p ol íti ca d e Gl au b er Ro ch a. Rio de Janeiro: Editora Funarte, 2000.