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Bens culturais, segundo Felipe de Waldemar (2007), são bens que têm
características de envolver algum tipo de valor cultural e também valor econômico.
Portanto, quando um indivíduo consome bens culturais, ele estará procurando
maximizar seu grau de utilidade. Porém, a cultura também modela as preferências
humanas e cria hábitos, ou seja, uma pessoa que adquire mais capital cultural,
mudará suas preferências por outros tipos de bens, não só os culturais 4.
3
Efeito multiplicador do investimento em cultura
4
O chamado efeito transbordamento
16
a demanda por bens culturais, assim quanto maior o nível educacional de uma
sociedade, maior será seu consumo de bens culturais. Throsby também
argumenta, nesse sentido, que podem se ofertar bens culturais de forma meritória
e garantir sua demanda futura através de uma política educacional.
produtividade5, isso porque esses tipos de bens são intensivos em mão de obra.
Assim, há uma tendência ascendente dos custos totais e quase uma
impossibilidade de repassar esse aumento de custos aos consumidores, tornando,
em um longo prazo, esse tipo de bem escasso no mercado. A participação do
Estado, portanto, torna-se necessária para se fornecer subsídios capazes de
tornar a oferta de bens culturais viável.
5
Teoria desenvolvida no artigo Performing Arts: the economic dilemma
18
1.2.1 Externalidades
6
Ver Robert Putnam (1993)
20
Para que haja a oferta de bens culturais, portanto, deve ser considerada
relevante a questão das externalidades. A atuação do governo é importante para
que esse tipo de bem não seja expulso do mercado e também porque negligenciar
a existência de externalidades pode gerar uma concentração desses benefícios.
7
Retornos crescentes de escala surgem quando a quantidade de insumos é dobrada, por exemplo,
e a produção cresce mais que o dobro.
21
dinheiro da melhor forma. Heilbrun e Gray (2001) justificam que o subsídio reduz
os preços gerando o aumento da demanda, principalmente para pessoas que não
teriam condições de usufruir desses bens. Assim, a participação do Estado geraria
aumento do excedente do consumidor.
Frey (1999) afirma que, devido ao efeito crowding out, os artistas produzem
menos quando existe uma recompensa monetária para incentivar a produção. O
autor atribui este efeito a desmotivação e a falta de criatividade causada pelo
controle que o subsidiário (o governo) exerce. Uma visão alternativa poderia ser
atribuída ao problema de moral hazard. Depois de dado o subsídio, o artista
poderia não ter mais os mesmos incentivos para produzir, e o governo não teria
como monitorar o esforço do artista8.
8
Ver Holmstrom (1979)
23
Caso o governo não ofereça essas garantias, a forma que o produtor tem
de sinalizar aos exibidores que seu produto será aceito pelo mercado é através da
propaganda, dando credibilidade a seu produto.
9
Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 28, Número Especial, p. 895-916, 2008
25
Uma distorção criada por esse modo de incentivo é que ele favorece
apenas o setor de produção, ou seja, o lado da oferta. Esse desequilíbrio entre a
captação de recursos pelos ofertantes e demandantes também favorece o
descompasso entre a oferta e a demanda de cinema. Existe uma única forma de
incentivo para exibição de cinema nacional, que é a criação da cota de tela, em
dezembro de 2004. Ela tem o objetivo de fixar o número de dias para a exibição
de obras cinematográficas brasileiras, destinando cerca de 35 dias de cada sala
de cinema a dois filmes de longa-metragem nacionais, pelo menos.
10
Sumário Executivo ANCINE 2005
28
mercado da Índia, mas com uma diferença, que evidencia o abismo econômico
entre os dois países: na Índia, o preço médio do ingresso é de centavos de dólar,
enquanto nos Estados Unidos o preço médio do ingresso. está em US$ 6. Por isso,
a economia do cinema norte-americano gerou, em 2003, por exemplo, uma renda
de US$ 9,5 bilhões, enquanto o cinema na Índia ficou em US$ 642 milhões.
Ao longo dos anos, o cinema americano se reinventou para não perder sua
hegemonia. Internamente, sobreviveu à competição da televisão, a partir dos anos
60, e do homevideo, nos anos 90. Ao mesmo tempo em que os filmes se
transformaram em espetáculo (com a era dos grandes blockbusters), foi
estabelecido um novo formato de exibição, o multiplex, que otimizou investimentos
e aumentou a lucratividade do cinema como produto. Pouco depois, com o DVD,
criou-se uma nova e poderosa fonte de receita, já que os discos digitais passaram
a oferecer o filme diretamente ao consumidor (sendo vendidos, mais do que
alugados). O cinema independente, produzido fora do grande sistema, também
ganhou espaço com o imenso sucesso de filmes de baixo orçamento, forçando
uma reestruturação das próprias majors, que criaram novas divisões
especializadas em filmes menores.
Por fim, a indústria cinematográfica da Índia, ainda que robusta, sempre foi
considerada desorganizada. O alto índice de pirataria e a participação de capital
de origem obscura na produção de filmes chegaram a ameaçar seriamente a
saúde do cinema local e sempre mantiveram afastados possíveis parceiros
internacionais. Mas, a partir do ano 2000, o governo resolveu interferir e ajudar a
organizar o setor, tornando-se, inclusive, co-produtor de boa parte dos filmes.
A partir de meados dos anos 90, o cinema nacional obteve uma melhora
significativa em seus principais indicadores. Esse novo momento do cinema
nacional é chamado por alguns autores como a “retomada” do cinema brasileiro.
Essa nova fase da produção nacional de cinema é conseqüência da criação das
leis de incentivo, que através da renúncia fiscal, possibilitaram um maior
investimento no setor de cinema.
O modelo atual utilizado é que o Estado deve atuar apenas como regulador
e incentivador de atividades econômicas, tentando minimizar ao máximo sua
interferência no mercado. A opção, portanto, foi por um Estado que incentivasse a
produção cinematográfica nacional através de leis de incentivos, em outras
35
TABELA 2.1
EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DO CINEMA NACIONAL
PÚBLICO PÚBLICO %
(FILMES (FILMES PARTCIPAÇÃO LANÇAMENTOS
ANO SALAS PÚBLICO NACIONAIS) ESTRANGEIRO) NACIONAL NACIONAIS
1972 2.648 191.489.250 30.967.603 160.521.647 16,17 68
1982 1.988 127.913.000 45.965.000 82.948.000 35,93 80
1992 1.400 75.000.000 36.113 74.963.887 0,05 3
2002 1.650 85.000.000 6.500.000 78.500.000 7,65 35
Em 2001 foi criado esse órgão regulador para o cinema nacional, chamado
de Agência Nacional de Cinema (ANCINE). Este órgão tem o objetivo de executar
políticas de fomento às obras cinematográficas, fiscalizar o cumprimento da
legislação e regular o setor de cinema. No âmbito da regulação, o papel da
ANCINE consiste em criar mecanismos de fomento e produção à atividade
38
GRÁFICO 2.1
Valores Captados pela Lei Rouanet para o Cinema (R$/2007)
100.000.000
90.000.000
80.000.000
70.000.000
60.000.000
50.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Fonte: Filme B
acompanhando a tendência da Lei Rounet desse mesmo ano. Após esse ano
atípico, notamos que os valores captados ficaram em torno de R$ 60 milhões.
GRÁFICO 2.2
Valores Captados pela Lei do Audiovisual (art 1°) p ara o Cinema (R$/2007)
200000000
180000000
160000000
140000000
120000000
100000000
80000000
60000000
40000000
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Fonte: Filme B
Esse mecanismo não tem tanto impacto econômico por representar apenas
taxações de remessas de lucros a obras audiovisuais estrangeiras, diferentemente
do que ocorre com as outras formas de renúncia fiscal, que possibilita a dedução
dos impostos de empresas nacionais que queiram associar sua marca a algum
projeto cultural.
42
GRÁFICO 2.3
Valores Captados pela Lei do Audiovisual (art 3°) p ara o Cinema (R$/2007)
70000000
60000000
50000000
40000000
30000000
20000000
10000000
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Fonte: Filme B
GRÁFICO 2.4.
PARTICIPAÇÃO DE CADA LEI NOS VALORES TOTAIS CAPTADOS
PARA A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA, ENTRE 1995-2005 (R$/2007)
Lei Rouanet
Lei do Audiovisual
Conv. Dívida
FUNCINES
ART 39
Fonte: ANCINE
A tabela 2.2 mostra a configuração das empresas que entre 1995 e 2007
foram as principais incentivadoras de produções cinematográficas. Observamos
que as grandes investidoras foram às empresas estatais. Destacam-se entre elas
a PETROBRAS e o BANCO do BRASIL.
TABELA 2.2
MAIORES INCENTIVADORES ENTRE 1995 E 2007 – LEI ROUANET E LEI DO
AUDIOVISUAL
Incentivador
1° PETEROBRAS
2° ELETROBRÁS
3° BANCO DO BRASIL
4° BANCO ITAÚ
5° GERDAU
FONTE: MINISTÉRIO DA CULTURA
44
GRÁFICO 2.5.
NÚMERO DE FILMES PRODUZIDOS NO BRASIL A PARTIR DE 1990.
100
80
Início da Lei
60 do Audiovisual
40
20
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
FONTE: ANCINE
45
GRÁFICO 2.6.
Valores captados por filmes pertencentes às empresas produtoras de longa-
metragens ficcionais brasileiros com renda superior a R$ 20 milhões (1995-
2004) (R$/2007)
Globo Filmes
Outras
GRÁFICO 2.7.
Renda dos filmes pertencentes às empresas produtoras de longa-metragens
ficcionais brasileiros com renda superior a R$ 20 milhões (1995-2004)
(R$/2007)
Globo Filmes
Outras
GRÁFICO 2.8
NÚMERO DE SALAS DE EXIBIÇÃO NO BRASIL A PARTIR DE 1995.
2.200
2.045 2.120
2.000 2.045
1.997
1.800 1.817
1.650
1.600
1.620
1.480
1.400
1.365 1.350
1.300
1.200
1.075
1.000 1.033
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Fonte: Filme B
GRÁFICO 2.9
PÚBLICO DE CINEMA NO BRASIL A PARTIR DE 1995
25.000.000
20.000.000
15.000.000
10.000.000
5.000.000
0
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
Fonte: ANCINE
Ocorre também que esses recursos, que antes eram de poder público e que
as empresas têm opção de utilizá-los, poderiam ser utilizados para outras
necessidades básicas, como saúde, educação e segurança. Isso demonstra o alto
custo de oportunidade do gasto dos recursos públicos. É necessário, portanto,
que o gasto governamental seja eficiente em qualquer área, principalmente, na
provisão de bens que não de necessidades básicas da população, como é o caso
dos bens culturais.
GRÁFICO 2.10.
RENDA X VALORES CAPTADOS (R$/2007) ENTRE 1995-2007
150.000.000
100.000.000
50.000.000
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Fonte: ANCINE
50
Esse hiato evidencia que o Brasil até hoje não criou uma indústria
cinematográfica auto-sustentável. Vemos que apenas em 2003 houve maior renda
gerada pelos filmes que montante de renúncia fiscal no Brasil. Outra questão que
corrobora essa hipótese é que não existe nenhuma evidência, ao analisarmos o
gráfico 2.10, que haja uma evolução da renda em comparação com os valores
captados, não havendo perspectiva de redução desse hiato.
GRÁFICO 2.11.
PÚBLICO X VALORES CAPTADOS (R$/2007) ENTRE 1995-2007
300000000 25.000.000
250000000 20.000.000
200000000
15.000.000
150000000
10.000.000
100000000
50000000 5.000.000
0 0 Valores
1995 1998 2001 2004 2007 Captados
Fonte: ANCINE
51
GRÁFICO 2.12
PÚBLICO MÉDIO DO CINEMA NACIONAL ENTRE OS ANOS DE 1995 E 2007
800.000
700.000
600.000
500.000
400.000 Público
Médio
300.000
200.000
100.000
0
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007
FONTE: ANCINE
TABELA 2.4
FILMES COM MAIOR RENDA QUE VALORES CAPTADOS EM 2006
(R$/2007)
Valores
Filme Renda Captados
Se Eu Fosse
Você 28.916.137 4.298.172
Didi, O Caçador
de Tesouros 6.220.01 3.101.106
Xuxa Gêmeas 5.764.742 3.680.950
O Cavaleiro Didi
e a Princesa Lili 4.630.354 2.929.517
Casseta e
Planeta - Seus
Problemas
Acabaram 4.262.366 0
Trair e coçar é
só começar 3.486.329 3.280.000
Fonte: ANCINE
53
TABELA 2.5.
FILMES COM MAIOR RENDA QUE VALORES CAPTADOS EM 2007
(R$/2007)
Filme Renda Valores Captados
Tropa de Elite 20.393.792 6.214.000
A Grande
Família 15.476.242 0
não têm capacidade de monitorar o trabalho dos produtores, esses não tem
incentivo a fazer um bom trabalho e, portanto, se esforçarão o mínimo possível
para aumentar a qualidade do bem.
n
LogYt = α t + ∑ i =1 xit βit + ut (1)
4) Renda Per Capita: esta é uma medida de renda da população. Como buscamos
explicar o consumo de um bem, o cinema nacional, é necessário testarmos, entre
as variáveis explicativas, uma medida de renda. A variável que utilizamos é a de
PIB per capita, para os anos de 1995 até o ano de 2007. Esses dados foram
58
6) Dummy: será utilizada uma variável binária para o ano de 2003. Como vimos no
segundo capítulo deste trabalho, o ano de 2003 foi atípico para o cinema nacional,
tendo o Brasil produzido sete filmes com mais de um milhão de expectadores.
3.2. ESTIMAÇÃO
i) Modelo 1
ii) Modelo 2
TABELA 3.1
RESULTADOS DA REGRESSÃO
(1) (2)
R2 0,816 0,547
Observações 13 13
As figuras 3.1 e 3.2 nos mostram graficamente o ajuste que obtemos com
as estimações do modelo 1 e 2, respectivamente.
17
16
15
0.5 14
13
0.0
-0.5
-1.0
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
17
16
1.0 15
0.5
14
0.0
13
-0.5
-1.0
-1.5
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
TABELA 3.2
TESTES DE DIAGNÓSTICOS
(1) (2)
Autocorrelação LM
Resíduo ARCH
Heteroscedasticidade White
Normalidade
Especificação
iii) Modelo 3,
iv) Modelo 4
11
A estatística Q de Ljung-Box será apresentada nos anexos deste trabalho, assim como a função
de autocorrelação e a função de autocorrelação parcial de todos os modelos.
65
TABELA 3.3
RESULTADOS DA REGRESSÃO
(3) (4)
R2 0,75 0,50
Observações 13 13
As figuras 3.3 e 3.4 nos mostram graficamente o ajuste que obtemos com
as estimações do modelo 3 e 4, respectivamente.
17
16
0.8 15
0.4 14
0.0
13
-0.4
-0.8
-1.2
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
17
16
1.0
0.5 15
0.0 14
-0.5
13
-1.0
-1.5
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
TABELA 3.4
TESTES DE DIAGNÓSTICOS
(3) (4)
Autocorrelação LM
Resíduo ARCH
Heteroscedasticidade White
Normalidade
Especificação
Lançame 12 22 22 26 33
nto de filmes
nacionais
2
Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional
(CONDECINE); Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional
(Funcines); Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (PRODECINE);
e conversão da dívida externa em projetos de produção, distribuição, exibição e divulgação
de obras audiovisuais brasileiras, de acordo com o inciso V, do Artigo 1°, da Lei 10.179, de
6 de fevereiro de 2001.
Ano 2 2 2 2 20 20 20 2
000 001 002 003 04 05 06 007
Lança
mento de 2 3 2 3 49 44 73 7
filmes 3 0 9 0 8
nacionais
Públi
co 6 7 7 2 15 10 10 9
de .344.66 .948.06 .170.33 2.291.80 .494.873 .178.304 .727.571 .112.93
filmes 9 5 4 6 4
nacionais
3
Disponível em http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/03/discurso-de-posse-da-ministra-
da-cultura-ana-de-hollanda/ Acesso em Junho de 2012.
4
Aspectos artísticos e adequação ao público; qualificação de diretor, roteirista e elenco;
capacidade gerencial e desempenho de produtora ou distribuidora; e planejamento e
adequação do plano de negócios figuram entre os quesitos.
Chamadas Públicas
Inscrito 220 46 15 18
s 97
Conte 18 5 8 7
mplados 8
Inscrito 207 57 26 12
s 02
Conte 45 23 16 10
mplados 4
Inscrito 189 57 24 4
s 74
Conte 41 21 16 2
mplados 0
5
Destes 24 projetos, 9 são procedentes do Rio Grande do Sul, 6 do Paraná, 5 da Bahia, 3 do
Distrito Federal e de Minas Gerais, e 1 do Ceará, da Paraíba, e de Pernambuco. Em relação
à comercialização desses projetos, os números são 27, 9 e 3, consideradas as Linhas A, C e
D, respectivamente. Da Linha A, foram comercializados: Besouro; Do Começo ao Fim;
Histórias de amor duram apenas 90 minutos; Insolação; Chico Xavier; Eu e Meu Guarda-
Chuva; Bruna Surfistinha; Estamos Juntos; Não se Preocupe, Nada Vai dar Certo;
Transeunte; Onde Está a Felicidade?; O Homem do Futuro; Capitães da Areia; Meu País;
As Aventuras de Agamenon, o repórter; Billi Pig; Xingu; Eu receberia as piores notícias
dos seus lindos lábios; O Homem Que Não Dormia; Histórias que só existem quando
lembradas; Febre do Rato; Beira do Caminho; Cara ou Coroa; Boca; Gonzaga – De pai para
filho; O país do desejo; Os Penetras; da Linha C: Cinco Vezes Favela; De pernas pro ar;
Desenrola; Cilada.com; O Palhaço; Billi Pig; E Ai, Comeu?; Totalmente Inocentes; Até que
a Sorte nos Separe; e, da Linha D: Quebradeiras; Corações Sujos; Onde a coruja dorme.
110
90
70
Outros
São Paulo
50
Rio de Janeiro
30
10
6
São finalidades desta Lei: aumentar a competitividade e a garantia da sustentabilidade do
setor audiovisual; ampliar o acesso às obras audiovisuais brasileiras e aos canais brasileiros
de programação; induzir a sustentabilidade das produtoras e das programadoras brasileiras
independentes, através da geração de receitas provenientes das atividades de produção e de
programação, resguardada a detenção do poder dirigente sobre o patrimônio da obra;
promover ampla, livre e justa competição, estendendo a oferta de serviços e estimulando a
redução do preço final ao assinante; estimular o aumento da produção e da veiculação de
obras audiovisuais que promovam a diversidade cultural brasileira; entre outras.
Mecanismos
Linhas de Ação
A: B: C:
AProdução Produção Aquisição D:Comercializaçã Tota
no par o l
Cinematográfic a TV de
a Direitos
7
A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), empresa pública vinculada ao Ministério
de Ciência e Tecnologia (MCTI), responsável pelas chamadas públicas do FSA no período
compreendido entre os anos de 2008 a 2010, e a Caixa Econômica Federal, responsável
pela estruturação do Projeto Cinema da Cidade, inserido no Programa Cinema Perto de
Você, são outros agentes financeiros do FSA, credenciados nos anos de 2007 e 2010,
respectivamente.
18.000.000
16.188.957
16.000.000
14.000.000
12.744.025
12.000.000
10.000.000
9.768.993
8.000.000
7.473.476
6.000.000
6.320.852
5.348.571
4.000.000 4.583.125
2.000.000
dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12
GVT: Outros:
425.635 665.885
Telefônica + Abril:
594.907
Oi:
748.758
8
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1101792-nova-lei-da-tv-paga-fara-
industria-ser-mais-forte-diz-fernando-meirelles.shtml, acesso em dezembro de 2012.
9
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1211461-cota-de-conteudo-
nacional-estimula-producao-para-tv-e-cria-pequena-revolucao.shtml, acesso em janeiro de
2013.
outros países –, nos horários nobres 10 dos canais de espaço qualificado 11 da TV por
assinatura, excetuados os canais da TV Aberta, canais esportivos, canais
jornalísticos. Ainda, é previsto um aumento do número de canais nacionais nos
pacotes por assinatura. Com a implementação dos dispositivos dessa lei, novas
dinâmicas são estabelecidas para o campo audiovisual brasileiro, e distintos
segmentos desse mercado podem ser contemplados. Similar sistema de cotas já
vigora e resta consolidado nos países da Comunidade Europeia, no Canadá, na
Austrália e na Coréia do Sul. Na esteira desses países, produtores de conteúdos e
exportadores de formatos audiovisuais, a Lei 12.485 busca alçar o Brasil a essas
mesmas condições. Essa política de veiculação de conteúdos nacionais e
independentes e, mais, da oferta de canais nacionais nos pacotes da TV por
assinatura, está sendo implementada de forma progressiva, e configura um
importante meio para assentar espaços para a cultura brasileira nesse mercado.
A “revolução” desencadeada pelo FSA e pela Lei 12.485, aponta para a
ampliação do mercado audiovisual brasileiro, e pode ser visualizada pelos
primeiros impactos na dinâmica desses mercados, seja pelo aumento de demandas
de conteúdos nacionais, seja pelo aumento de demandas de serviços de TV por
Assinatura. Em um primeiro balanço da aplicação da Lei 12.485, realizado por
Manoel Rangel no evento Rio Content Market, em janeiro de 2013, o diretor-
presidente da ANCINE assevera que ao longo do ano de 2012, ocorreu um
aumento significativo da presença de conteúdo brasileiro nos canais de TV por
Assinatura e, para além disso, há uma “efervescência da atividade da produção,
com incremento de receitas, de qualidade, de salários, entre outros; novos canais
brasileiros nasceram disponibilizando mais conteúdo, e há ainda uma maior
demanda por conteúdo brasileiro com mais canais comprando produções
nacionais”.
Também merece referência o crescimento do mercado de cinema em 2012,
consoante balanço elaborado pela Superintendência de Acompanhamento de
Mercado, e divulgado pela ANCINE. Em números, a arrecadação das salas de
cinema atinge R$ 1,6 bilhão em 2012, com um aumento de 12,13% em relação ao
ano anterior. O público alcança 146,4 milhões, e a participação de público quanto
aos filmes nacionais alcança 10,62%, sendo 5,12% no primeiro semestre do ano, e
15,2% no segundo. No total, o público de filmes brasileiros corresponde a 15,5
milhões, e dos 83 filmes nacionais lançados comercialmente, cinco deles superam 1
milhão de espectadores. Estes cinco filmes, E aí, comeu?; Até que a sorte nos separe;
10
Como prescreve a Instrução Normativa 100, da ANCINE, o horário nobre, nos canais
direcionados para crianças e adolescentes, compreende o período das 11h às 14h e das 17h
às 21h; para os demais canais, o período das 18h às 24h.
11
De acordo com a Lei 12.485/2011, são aqueles canais que exibem, predominantemente,
filmes, séries, animações, documentários, e similares.
Gonzaga – De pai para filho; Os Penetras; e De Pernas pro Ar, foram contemplados e
comercializados pelas Linhas de Ação do FSA. Além desses dados, outros podem
ser destacados, como a expansão do parque exibidor e o aumento do número de
salas destinadas a lançamento de filmes nacionais. De 48 salas, em 2011, o número
é elevado para 63 salas, em 2012. Todos esses números indicam uma ocupação do
cinema nacional no mercado cultural. Abaixo, segue um quadro com os dados
relacionados ao mercado de cinema brasileiro, no período compreendido entre os
anos de 2008 a 2012.
Lançament 79 84 75 99 83
o de filmes
nacionais
Público de 9.143.0 16.07 25.227. 17.869. 15.553
filmes nacionais 52 0.36 757 385 .643
Para além das mudanças nos comitês internacionais, preocupa-nos em maior medida as
mudanças na sua agenda temática, assim como na da academia latino-americana. Dois aspectos chave
dos reclamos dos anos 70, expressos na Conferência Intergovernamental da Política da Comunicação
da Costa Rica, em 1976, foram os de acesso e participação. O primeiro fazia referência à necessidade
de maximizar a cobertura mediática com o fim de garantir que aquelas populações menos favorecidas
economicamente também pudessem "ter acesso" aos meios. O conceito de participação partia do
projeto político de integrar os setores populares como sujeitos das políticas e, nesse caso específico,
das políticas de metas. Hoje já quase ninguém se preocupa em resgatar aqueles conceitos do
esquecimento. Por um lado, o desenvolvimento tecnológico atual, especialmente a combinação de
cabo e satélite, permitiram a expansão do mercado e a rentabilização das suas inversões até nos lugares
mais recônditos do continente. Muito mais alarmante é o caminho seguido pelo conceito de
participação, perigosamente ressemantizado por setores da academia latino-americana que, longe já
dos projetos políticos setentistas, aproximam-se das necessidades da ideologia do mercado,
descobrindo a soberania do receptor e a realização da cidadania no consumo. Diante desse panorama,
acreditamos que é cada vez mais necessário propugnar por uma economia política da comunicação que
resgate as análises sobre as relações de poder, restaure a discussão sobre o problema da estratificação e
das desigualdades de classe e, em termos gerais, que não deixe de estar atenta à analise das condições
de produção, distribuição e intercâmbio da indústria cultural. Porque os diagnósticos da década de 70
Getino (1988), na Argentina, além dos autores críticos que começam a tratar do tema das telecomunicações nesse
momento, como o brasileiro Marcio Wohlers ou o mexicano Ben Alfa Petrazzini, entre outros.
3
não falharam mas, ao contrário, não é arriscado dizer que, em muitos casos, viram-se superados devido
ao êxito alcançado pelas idéias neoconservadoras.3
Claro que, nessa linha, os estudos da economia política da comunicação só têm sentido como
ponto de partida para entender as relações sociais numa perspectiva aberta, não reducionista e crítica.
As origens da Economia Política da Comunicação podem ser encontradas na necessidade de se buscar
uma réplica às orientações funcionalistas que predominam nos estudos da comunicação a partir dos
anos 50.
A história dessa área de estudos pode ser apreendida a partir de uma divisão dos principais
autores que colaboraram para o seu desenvolvimento em dois grupos: o que talvez pudéssemos chamar
de "escola norte-americana", na tradição de Baran e Sweezy, Dallas Smythe e Herbert Schiller e
setores das academias britânica e francesa, vinculadas à produção intelectual de Nicholas Garnham,
Peter Golding e Graham Murdock, de um lado, Patrice Flichy, Bernard Miège e Dominique Leroy, de
outro.
São conhecidas as teses de Baran e Sweezy (1966) sobre a função da publicidade no
capitalismo monopolista, como arma fundamental das estratégias competitivas das grandes empresas
oligopolistas, centradas na diferenciação de produtos, afetando a demanda efetiva global e, com isso,
os níveis de renda e emprego e servindo, desse modo, como antídoto à tendência de depressão crônica
do sistema capitalista na sua fase mais avançada.4
As posições de Smythe e Schiller, desde fins da década de 50 representam alguns dos mais
sérios questionamentos à mass communication research que desenvolviam, naquele momento,
Lazarsfeld e Schramm, nos marcos do behaviorismo. Formados na década de 30, sua aproximação do
marxismo deve-se, de acordo com Mosco (1996:83), a suas experiências práticas na luta de classes no
período da crise dos 30.
Depois de afastar-se da Federal Communications Commission (FCC) devido às pressões
originadas pela guerra fria, Smythe inicia sua carreira acadêmica que se destaca por seus trabalhos
sobre o problema da definição da mercadoria em comunicação. No seu trabalho mais polêmico,
Smythe (1977) propõe que "a primeira pergunta que os materialistas históricos deveriam formular
sobre os sistemas de comunicação de massas é a que função econômica do capital servem, tentando
compreender seus papel na reprodução das relações capitalistas de produção". Sua resposta seria que
o papel dos meios de comunicação é vender audiências aos anunciantes. A partir daí, elabora sua
3
Como assinala o editorial de Causas y Azares (1996) “em tempos de concentração multimediática, torna-se absurdo
deixar de discutir políticas nacionais de comunicação; em tempos de hegemonia de indústrias culturais de aparente
pluralidade discursivo e estética, é igualmente insustentável não auspiciar práticos alternativas; em épocas em que
modelos culturais homogeneizadores se dissimulam na globalização cultural, as culturas dos setores subalternos não
podem ficar reduzidas a meros objetos de estudo".
4
Para uma crítica marxista bem fundamentada e correta, vide Arruda (1985).
4
teoria do duplo papel da audiência: de mercadoria, ao ser vendida como produto dos meios aos
anunciantes, e como trabalho, ao aprender a consumir, colaborando com a reprodução das forças
produtivas. O trabalho de Smythe, mesmo sendo reducionista, ao não considerar, por exemplo o papel
do Estado, e mesmo cometendo o equívoco, entre outros, de considerar o ócio como trabalho, não
tratando, ao contrário, do trabalho cultural, artístico ou informacional, que é onde se localiza de fato a
contradição que ele pretende desvendar, teve o mérito de voltar a propor o problema econômico em
lugar da autonomia dos aparelhos ideológicos de Estado que constituía a orientação predominante dos
estudos marxistas da época.
O trabalho de Herbert Shiller parte da análise da estrutura econômica internacional e os meios
de comunicação, dando ênfase especial à relação entre o Estado norte-americano, as grandes empresas
de comunicação (meios e agências de publicidade) e as corporações industriais e bancárias. Seu livro
de 1969, além de valer-lhe a saída da Universidade de Illinois, constitui umas das primeiras denúncias
do processo de concentração da propriedade dos meios, assim como um sério questionamento das teses
difusionistas e desenvolvimentistas do momento.
Depois de haver participado ativamente nos debates por uma nova ordem informativa
internacional, Schiller (1986) examina a importância vital da comunicação para as operações do capital
transnacional e, em particular, o papel dos meios na superação da crise de acumulação do capitalismo.
É justamente por essa linha de reflexão, que se toma a tradição norte-americana de Baran e Sweezy,
que podemos considerar Schiller entre os precursores da Economia Política da Comunicação. No
geral, sua obra, juntamente com a de Armand Mattelart, destaca-se como uma das mais importantes de
uma linha de pensamento, próximo do estruturalismo athusseriano, que teve forte influência no
pensamento latino-americano na área e que apresenta pontos de contato importantes com a Economia
Política da Comunicação: a das teorias da dependência cultural5.
Schiller e Smythe tiveram uma considerável influência em um setor da academia norte-
americana que continuou suas indagações, principalmente aquelas relativas à relação entre os centros
de poder político e os centros de poder econômico e mediático, assim como o problema da
concentração da propriedade em diferentes setores das indústrias culturais.
Do outro lado do Atlântico, vale destacar, em primeiro lugar, os estudos de Graham Murdock e
Peter Golding e os de Nicholas Garnham. Como característica geral pode-se assinalar que, na Europa,
primou, entre os economistas políticos, o interesse acadêmico em fixar critérios teóricos na relação
entre produção material e produção mental. Murdock e Golding (1981) centram a análise na tentativa
de explicar como as comunicações de massa participam do processo de estratificação social, na
reprodução das relações de classe. Para isso, propõem uma leitura não determinista da célebre frase de
5
Para uma resenha crítica, vide o excelente artigo de Ingrid Sarti (1979).
5
Marx e Engels na "Ideologia Alemã": "A classe que detém os meios de produção material controla
também os meios de produção mental". Murdock e Golding assinalam que a noção de determinação
de Marx não deve ser entendida num sentido estrito, "mas num sentido amplo de fixação de limites,
exercício de pressões e encerramento de opções". Sem embargo, observam a necessidade de começar
a tarefa de investigação a partir de "uma análise concreta das relações econômicas e das maneiras
como se estruturam tanto os processos como os resultados da produção cultural".
Nicholas Garnham (1979)6 propõe também como tarefa fundamental ocupar-se dos meios com
entidades econômicas mas, à diferença de Dallas Smythe, entende que a função econômica dos meios
é, por um lado, criar mais valia através da produção da mercadoria programa e, por outro, servir
indiretamente à criação de mais valia em outros setores, através da publicidade. Com relação ao
problema colocado pela relação entre produção material e intelectual, Garnham observa que não se
deve estabelecer uma determinação das formas econômicas capitalistas, nas relações cambiantes entre
o controle dos meios e a produção intelectual. Se bem existe um controle político material, este
aparece sob distintas formas econômicas, as quais constituem o principal objeto de estudo da
Economia Política da Comunicação
Na França, onde, em lugar da expressão Economia Política da Comunicação, predomina aquela
de Economia da Cultura e da Comunicação, é digna de nota a influência da análise econômica das
artes cênicas que William Baumol (1968), ao final dos anos 60, realizou para os Estados Unidos7. No
final dos anos 70, em Paris, Dominique Leroy (1980), a partir de uma abordagem crítica, analisou, no
longo prazo, as atividades ligadas às artes cênicas8.
Mas o trabalho mais conhecido da escola francesa da Economia da Comunicação e da Cultura é
aquele dos economistas de alguma forma ligados ao GRESEC, da Un. Stendhall, de Grenoble,
representados pela figura de Bernard Miège. Também os trabalhos do parisiense Patrice Flichy
incluem-se nesse grupo, cujo interesse principal foi o de estudar os processos de trabalho e de
valorização dos produtos culturais e suas especificidades, decorrentes do tipo específico de trabalho
envolvido na sua produção: trabalho cultural, artístico, conceitual, criativo. Os limites à subsunção
desse trabalho no capital determinam as especificidades não apenas da produção, mas também da
estrutura dos mercados culturais.
Imputa-se freqüentemente a Flichy a distinção entre setores de edição (livro, disco, vídeo, CD
etc.) e a culture de flot (rádio, TV). Miège e seus colegas desenvolveram essas idéias sob o conceito
6
Utilizamos aqui o texto de 1979, da Revista Media, Culture and Society, republicado em 1990, cf. bibliografia em anexo.
Duas traduções parciais ao castelhano podem ser encontradas em Moragas (1985), com o título "Contribuición a una
Economia Política de la Comunicación de Masas", e em Richeri (1983), com o título de "La cultura como mercancia".
7
Posteriormente, o autor (1986), estendeu os resultados desse estudo para o conjunto das atividades que contêm um
componente estagnante, em termos de ganhos de produtividade do trabalho.
8
Nos anos 80, na Europa e nos Estados Unidos, esse setor foi igualmente estudado a partir de uma abordagem
microeconômica ligada à economia pública e à análise da burocracia.
6
9
Não menos conflitiva foi a relação entre a Economia Política da Comunicação e os Estudos Culturais. Se bem que
possamos considerar que partem do projeto comum de oposição às teses behavioristas, assim como de um manifesto
projeto político compartilhado, de reabilitação da classe trabalhadora, artigos recentes (Colloquy, 1995) indicam uma
escassa intenção de percorrer caminhos ao menos paralelos. Apesar da economia política ter elogiado os trabalho de
Williams, Tthompson e Stuart Hall, por um resgate da cultura ordinária e a análise da confrontação e resistência das classes
populares, também criticou o fato de que os últimos desenvolvimentos dos estudos culturais foram acompanhados pelo
esquecimento de temas como as classes e o poder. Não casualmente esse caminho surgiu a partir da institucionaliização
dos estudos culturais em importantes setores da academia.
10
Por outra parte, é fundamental para a economia política, o estudo do crescimento dos negócios no mundo da
comunicação, vinculado a uma maior intervenção estatal. Nesse sentido, é preciso denunciar o triunfo do
neoconservadorismo na utilização da crise de acumulação e legitimação para redefinir o papel do Estado, no que se refere à
comunicação, a favor de interesses de classe. Não pode deixar de preocupar-nos o novo caráter que adquiriu tal
7
Existem, hoje, diferentes matrizes teóricas utilizadas para realizar uma análise econômica das
atividades ligadas ao campo da informação e da comunicação:
i) a neoclássica, que ressalta a ineficiência das diferentes formas de intervenção pública
(Grampp, 1987, por exemplo). Ela constitui uma crítica das análises que tentam justificar a intervenção
do Estado a partir das especificidades dos produtos ou dos mercados (externalidades, indivisibilidades
etc.);
ii) a partir do conceito neo-schumpeteriano de trajetória tecnológica, é possível analisar as
evoluções tecno-econômicas dos sistemas de comunicação (Bolaño, 1991, 1995);
iii) as teorias do crescimento endógeno ressaltam o fato de que a tecnologia, concebida como
uma informação que tem um custo de produção e um custo de transmissão, é um bem público que gera
externalidades importantes. Neste caso, o rendimento privado é inferior ao rendimento social, o jogo
do mercado não permite alcançar o ótimo social e é possível justificar assim a intervenção do Estado
(Guellec et Palle, 1996);
iv) existem, igualmente, abordagens “positivas” que, numa perspectiva economicista, estudam,
a partir de um ponto de vista micro e macroeconômico, as modalidades de financiamento (Baumol,
1968, 1986) e a natureza dos mercados (Kopp, sd);
v) as abordagens críticas, em termos de economia política, como aquelas acima citadas do
GRESEC, na França, dos grupos ligados a Garham, Golding, Murdock, na Inglaterra, Mosco, no
Canadá, entre outros. Todos eles vêm na esteira da crítica interna aos expoentes do pensamento
marxista, como Baran e Sweezy, Dallas Smythe, Schiller, Raymond Williams, Althusser, e analisam as
estratégias dos agentes, as modificações das modalidades de financiamento dos produtos e dos serviços
e suas implicações em termos sociais e em termos de estruturação do espaço.
É a este último conjunto que nos filiamos e é à problemática teórica a ele vinculada,
relacionada tanto com a natureza dos mercados e dos produtos e serviços, quanto com as funções
macroeconômicas assumidas por essas atividades no âmbito do processo de acumulação capitalista,
que dedicaremos agora nossa atenção. Ressaltemos apenas quatro temáticas fundamentais, em relação
às quais não há consenso, por vezes, nem mesmo entre os autores do presente artigo.
intervenção que, em sintonia com as necessidades do capital, supôs, em muitos casos, acabar com políticas de redistribuirão
para assumir a defesa de interesses corporativos privados. Deve-se estudar em profundidade o labor estatal nos seus
múltiplos papéis de produtor, consumidor, distribuidor e regulador da comunicação. Mas, ao mesmo tempo, não é possível
conformar-se com a denúncia do caráter do processo de privatização de importantes zonas da esfera pública, mas deve-se
preocupar em apoiar o acesso público e o controle dos movimentos sociais sobre os meios de comunicação, assim como o
fomento das práticas alternativas à ortodoxia econômica.
8
11
Sobre o tema da subsunção do trabalho intelectual, vide Bolaño, 1995b e 1997b.
12
A este respeito, ver o conceito de complementaridade entre trabalho produtivo e trabalho improdutivo em Herscovici,
1996.
9
13
Ver os trabalhos de Clower (1969), Leijonhufvud (1968), Bénassy (1984) e Malinvaud (1980). Para uma abordagem
marxista geral do conceito de informação, ver Bolaño, 1993, cap. 1.
14
O estudo econômico das convergências desenvolve-se a partir das seguintes abordagens: (i) a abordagem
microeconômica que privilegia o estudo das externalidades ligadas às redes e aos processos de compatibilização entre os
diferentes sistemas técnicos (Katz e Shapiro, 1985); (ii) as análises ligadas ao papel da informação e das indústrias da
10
Um tema crucial, ligado à discussão sobre a convergência, é o da privatização, pelo menos parcial, do
conjunto do sistema de telecomunicações em nível global. As escolhas que estão sendo feitas não
podem ser explicadas a partir de uma lógica tecnológica ou “puramente” econômica, como afirma o
discurso neo-liberal. Estas são políticas pelo fato de refletirem os interesses de certos grupos sociais,
mais especificamente os dos grandes usuários (Wohlers, 1995). O abandono progressivo da lógica de
serviço público universal, e dos efeitos de redistribuição a ele ligados, caracteriza a implementação
deste sistema de redes (Herscovici, 1996)15.
Nessas condições o estudo da economia das redes e das novas tecnologias de informação e da
comunicação adquire uma relevância política fundamental, apontando para as novas modalidades de
exclusão social e reforçando a importância dos enfoques como os da Economia Política da
Comunicação. Citemos apenas algumas questões chave.
i) Em que medida a implementação de um sistema mundial de redes utilizando as NTIC
implica numa redefinição da dicotomia privado/público? A Cultura, a Informação e a Comunicação
Social representam bens que pertencem, em princípio, à totalidade da coletividade. Como tais, eles não
podem ser objeto de uma apropriação privada. São indivisíveis, no sentido definido pela Economia
Pública, e constituem bens patrimoniais (Herscovici, 1997). O Estado limita as modalidades de
apropriação privada desses bens, em função das externalidades, geralmente negativas, geradas pela
apropriação privada dos mesmos, definindo, assim, em função das relações de força entre os diferentes
grupos sociais, uma certa dicotomia entre o privado e o público. Uma modificação dessa dicotomia
traduz uma modificação das relações de força entre os diferentes grupos que compõem a sociedade. O
caráter público ou privado de um bem não se define em função das características técnicas dos
produtos ou dos mercados, mas é o produto de decisões intrinsecamente políticas.
ii) No que diz respeito à economia das redes, o caráter público ou privado se define a partir das
escolhas que estão sendo feitas, em termos de modalidades de distribuição, ou seja, de acesso ao bem.
Por exemplo, um programa audiovisual pode ser considerado como um bem público, no caso da
televisão aberta, como um bem semi-privado, no caso das televisões por assinatura, ou como um bem
privado no caso das fitas de vídeo. A privatização do sistema corresponde a uma modificação das
modalidades de distribuição dos produtos e dos serviços. As políticas liberais se traduzem,
concretamente, pela introdução de um processo de exclusão, parcial ou total, pelos preços. A lógica
do club, no sentido empregado pela Economia Pública, substitui progressivamente o conceito de
serviço universal. Enquanto a lógica do serviço público implicava na não-exclusão pelos preços, ou na
existência de solidariedades tarifarias, a privatização do sistema se traduz por uma “economia dos
comunicação no funcionamento do sistema. Essas podem ser teóricas ou mais empíricas (Arrow, Knight); (iii) os trabalhos
que, a partir de uma abordagem multidisciplinar e no âmbito de uma visão crítica, de economia política, privilegiam as
lógicas sociais da cultura e na comunicação.
11
Não pretendemos, com o exposto, haver esgotado a apresentação de todas as correntes nem,
muito menos, resenhado todas as temáticas abordadas pela Economia Política da Comunicação e da
Cultura. Mas acreditamos haver apresentado um panorama suficientemente amplo para uma
introdução a essa área de estudos, enfatizando a importância do seu desenvolvimento para as Ciências
da Comunicação, especialmente na América Latina, no atual contexto de mudança estrutural do
15
Sobre a privatização no Brasil e em outros países, vide, por exemplo, Wohlers (1994) e Bolaño (1997c, 1998).
12
43
O direito à liberdade de expressão e a vedação de censura estão consagrados entre os principais
dispositivos da Constituição dos Estados Unidos e do Brasil, entre outros países.
Também é considera emissora pública a TV Cultura, dirigida pela Fundação Padre
Anchieta, que opera com aporte de recursos do Governo do Estado de São Paulo.
44
Em decisão proferida em 27 de fevereiro de 2008, o Ministro Carlos Ayres Britto suspendeu
liminarmente a eficácia de alguns artigos da Lei de Imprensa (Lei 5.250, de 1967) na Argüição de
Descumprimento de Preceito Fundamental n° 130.
por falta de regulamentação, como no caso do artigo 221, III, da Constituição Federal, que
prevê a edição de lei específica para fixar o percentual de conteúdo regional da
programação das emissoras de TV radiodifusoras, ainda não editada. Em outros casos, por
falta de fiscalização dos dispositivos legais já existentes, como a observância dos critérios
exigidos no Decreto 52.795/63.
Outro mecanismo de intervenção governamental parece ter tido mais efeito prático
sobre a programação de TV. O Ministério da Justiça tem editado portarias46 para
implementar progressivamente o sistema de classificação indicativa dos programas de
televisão, conforme determinação constitucional (art. 21, XVI e art. 220, I, § 3º da CF) e
determinada no Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei n° 8.069, de 1990). A norma
entrou em vigor após negociação com representantes do Ministério da Justiça, das
emissoras de TV e do Ministério Público Federal e tem sido utilizada pelas emissoras para
indicação da faixa etária adequada a assistir a programação de TV.
45
A campanha foi organizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), formada por
entidades como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o
Movimento dos Sem Terra (MST), e entidades ligadas ao estudo da comunicação como o Intervozes, entre
outros.
46
Entre elas estão a Portaria n° 1.220/07, Portaria n° 1.100/06, Portaria n° 264/07, Portaria n°
796/2000 e a Portaria n° 773, de 1990 do Ministério da Justiça.
3.2 Críticas à regulação e intervenção governamental
47
Entre essas entidades estão a Associação Brasileira de Emissoras de Radiodifusão (Abert), a
Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) e a Associação Brasileira de Radiodifusão,
Tecnologia e Telecomunicações (Abratel), entre outros. No ramo da publicidade e propaganda, destaca-se a
Associação Brasileira das Agências de Propaganda (Abap).
48
Um dos exemplos mais evidentes é o Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar),
entidade formada por agências de publicidade que dita normas e critérios a serem cumpridos pelas agências
de propaganda.
mercado e registram o viés de uniformização da programação de TV no mercado
competitivo, mas fazem críticas à ação estatal como alternativa de correção do problema.
Para os autores, a evolução do mercado irá prover o nível de diversidade adequado ao
desejo dos consumidores e espectadores, sem que haja necessidade de maiores
intervenções do Estado.
Para esses teóricos, a evolução tecnológica tem permitido a superação de uma das
principais barreiras à competição no setor de TV, o limitado espectro de canais. Um
exemplo é o serviço de televisão por assinatura, que tem ampliado a oferta de canais nos
países onde o serviço foi introduzido. No Brasil, as primeiras transmissões de TV por
assinatura foram feitas há 17 anos e hoje o serviço está disponível em diferentes
modalidades (MMDS, a cabo, DTH) com maior espectro de canais quando comparado à
radiodifusão.
Nos Estados Unidos, o serviço de televisão por assinatura tem ampliado sua
participação no conjunto de telespectadores. A audiência das três maiores redes de
radiodifusão (ABC, NBC, CBS) vem caindo progressivamente ao longo dos anos. As
emissoras abertas detinham 90% da audiência em 1980. Em 1990, havia caído para 60% e,
em 2000, apenas 40%, do total de telespectadores (Doyle, 2000). O espaço foi ocupado
pela TV por assinatura. Nos países europeus, ocorreu movimento na mesma direção,
conquanto em escala e velocidade inferiores. Na Inglaterra, a participação de dois canais
pertencentes à BBC e do canal rival ITV, de sinal aberto, caiu de 100% da audiência em
1980, para 70% em 2000. O espaço foi ocupado pelo serviço de TV por assinatura e em
outras plataformas tecnológicas.
49
Standard Definition Television (SDTV).
De acordo com Croteau e Hoines (2006) o cerne do problema da escolha de
programação seria a diferenciação de produto, derivada de dois fatores: o número de firmas
ofertantes e o nível de diversidade de produto. Os sistemas regulatórios deveriam
considerar que o processo de fusões e concentrações reduz a quantidade de ofertantes de
programação. Além disso, como mencionado, a aversão ao risco produzia um incentivo à
reprodução de formatos de programas de sucesso.
Nenhum desses aspectos estaria eliminado com a transição para a tecnologia digital.
Portanto, não haveria razão para o mercado se organizar de forma diferente sob a nova
plataforma tecnológica, alertam Croteau e Hoines. Doyle (2002) reconhece as virtudes do
meio digital, mas alerta: “todas as formas de financiamento da televisão por radiodifusão
parecem envolver alguma ineficiência”. A possibilidade de exclusão de consumidores não
eliminaria por completo os “dois lados” característicos do mercado de broadcast
tradicional. Seria mais provável apostar numa forma híbrida, que reúna características da
radiodifusão com as possibilidades da nova tecnologia.
4. MODELOS DE ESCOLHA DA PROGRAMAÇÃO
Desde os anos 50, é analisado o processo de escolha da programação pelas
emissoras de televisão. Em geral, os modelos elaborados partem do princípio que a
programação de TV é transmitida e distribuída por firmas maximizadoras de lucro, as
emissoras de televisão, em um sistema de competição não-colusiva. Estas emissoras se
organizam em redes de televisão para obter ganhos de escala e reduzir custos.
50
O modelo de Downs (1966) é outra adaptação prática ao modelo de Hotelling (1929).
programação, a definição do horário de transmissão dos programas (scheduling) é
negligenciada por Steiner. Para aprofundamento nesta matéria, trabalhos como Cancian
(1995) e Shy (2001) são ilustrativos. No cálculo do coeficiente de diversidade, proposto no
capítulo cinco desta dissertação, a dimensão de horário de exibição dos programas foi
considerada, como será discutido no capítulo seguinte desta dissertação.
W = ΣU i + ΣU j
max W = Σ U i + Σ U j
Para simplificação, supõe-se que o custo de produção é zero, ou seja, qualquer tipo
de programa seria factível de ser produzido. Discute-se no modelo a decisão de escolha do
tipo, ou categoria de programa, a ser veiculado, que pode ser definido como um noticiário,
uma telenovela, um programa de variedades, um evento esportivo, um reality show, entre
outras categorias de programas.
51
Expressão derivada das idéias de Jeremy Bentham (1748-1832), filósofo da corrente utilitarista,
para quem simplificadamente, o bem-estar social seria a soma das utilidades de todos os indivíduos de uma
sociedade.
52
A maximização da utilidade das emissoras (Uj) corresponde à maximização da receita total (RT)
das emissoras. Na exposição do modelo, contudo, preferiu-se manter a notação utilizada por Shy (2001), que
se refere à utilidade para consumidores e para emissoras.
Steiner não considera a hipótese de um programa second-best ou níveis de intensidade de
utilidade diferentes entre indivíduos, como o feito por Beebe (1972).
Para maximizar a receita, a emissora deve buscar atrair a maior audiência possível.
Formalmente,
max
Shy (2001), com base em Steiner, apresenta um jogo entre três emissoras de
televisão via satélite, indexados por j = A, B, C. Cada emissora ganha um lucro de ρ por
espectador adicional, e o objetivo de cada uma delas é maximizar o número de
do programa mais assistido (programa 1) for três vezes maior que a audiência do segundo
programa mais assistido, as três emissoras irão transmitir o tipo de programa mais popular.
Esta é a situação de mínima diversidade.
Prova:
Nash: .
Prova:
ordem. Contudo, o grau de duplicação, por si, é medida insuficiente de diversificação. Se,
em um conjunto de três emissoras, todas produzem o mesmo tipo de programa, há uma
duplicação de segunda ordem. A duplicação de segunda ordem, contudo, também existe
em um universo de quatro emissoras, se duas delas produzirem e outras duas, . Em
termos de análise de diversidade, contudo, o segundo caso é preferido, pois apresenta duas
alternativas de programa disponíveis contra apenas uma na situação anterior.
53
Audiência média somada das emissoras Rede Globo, SBT, Record, RedeTV e Rede Band durante
a semana de programação entre (16/09/2007 a 23/09/2007), registrada na cidade de São Paulo, de acordo com
números do Ibope.
Por procedimento análogo ao utilizado no cenário com três emissoras, o bem-estar
seria maximizado no nível máximo de diversidade em W (1,2,3,4,5). Formalmente,
Prova:
Prova:
= .
Os demais casos são situações intermediárias, nos quais haverá ao menos um grau
de duplicação de programas.
Observa-se que, a falha de mercado ocorre a partir da condição . Neste
caso, haverá ao menos uma falha de mercado: ao menos um tipo de programa não será
exibido, havendo preferência a qualquer emissora para duplicar o programa 1.
, , , , .
Onde x, como dito, é o total de tipos de programas diferentes ofertados pelo mercado de
televisão.
5. ANÁLISE DA OFERTA DE PROGRAMAÇÃO DE TV ABERTA
Com esse entendimento, a partir dos dados de programação fornecidos pelas cinco
principais emissoras de TV comerciais do Brasil e pela TV pública federal (TV Brasil) é
desenvolvida uma categorização da programação da televisão aberta no Brasil. Essa
categorização fundamenta a análise do nível de diversidade da programação. O objetivo foi
testar a hipótese de homogeneização, ou duplicação, da programação de TV como previsto
no modelo de Steiner (1952). Como parâmetro de diversidade, foi utilizado coeficiente de
diversificação da programação apresentado no capítulo quatro desta dissertação. Os
resultados foram discutidos com as estimativas de ótimo social previstas no modelo.
Cabe mencionar que o escopo deste estudo se restringe a uma análise quantitativa
de diversidade de oferta de programação. Não se discutem mensurações qualitativas da
programação exibida. O estabelecimento de parâmetros quantitativos de diversidade é por
demais complexo: a utilização de critérios valorativos implicaria perda de objetividade.
Optou-se por circunscrever a discussão ao âmbito da oferta de diversidade, sem entrar no
mérito da qualidade dos programas. Os critérios de comparação foram estabelecidos em
termos quantitativos pelo total de tipos de programas disponibilizados pelas emissoras
comerciais.
06H00 06h05 Globo Rural 06h05 Jornal do Programação Igreja M. Poder Igreja Viva
SBT IURD Deus
06H30 06h30 Bom Dia Jornal do SBT 06h45 São Paulo Igreja M. Poder Igreja Viva
São Paulo no Ar Deus
07H00 07h15 Bom Dia 07h Carr. Animado São Paulo no Ar Igreja M. Poder Igreja Viva
Brasil Deus
07H30 Bom Dia Brasil Carrosel Animado 07h45 Fala Brasil Igreja M. Poder 07h45 Novas
Deus Idéias
08H00 08H05 Mais Você Carrosel Animado Fala Brasil Igreja M. Poder 08h15 Primeiro
Deus Jornal
08H30 Mais Você Carrosel Animado 08h30 Hoje em Igreja M. Poder 08h45 Copa Fut.
Dia Deus Fem
09H00 Mais Você 09h Bom Dia e Cia Hoje em Dia 09h Bom Dia Copa Fut. Fem
Mulher
09H30 09h26 Gnot. / Bom Dia e Cia Hoje em Dia Bom Dia Mulher Copa Fut. Fem
09h29 O Point do
Mickey
10H00 09h50 Sítio do Bom Dia e Cia Hoje em Dia Bom Dia Mulher Copa Fut. Fem
Picapau Amarelo
10H30 10h20 TV Xuxa Bom Dia e Cia Hoje em Dia Bom Dia Mulher Copa Fut. Fem
11H00 TV Xuxa Bom Dia e Cia Hoje em Dia Bom Dia Mulher 10h50 Bem
Família
11H30 TV Xuxa Bom Dia e Cia Hoje em Dia 11h45 TV Esporte 11h30 Jogo Aberto
Notícias
12H00 12h SPTV Bom Dia e Cia 12h Debate Bola TV Esporte Jogo Aberto
Notícias
12H30 12h45 Globo Bom Dia e Cia Debate Bola TV Esporte Jogo Aberto
Esporte Notícias
13h00 13h15 Jornal Hoje Bom Dia e Cia 12h40 T. M. Odeia 13h I. Universal do 13h São Paulo
o Chris R. Deus Acontece
13h30 13h45 Vídeo Show Bom Dia e Cia T. M. Odeia o Chris I. Universal do R. 13h30 Uma
Deus Família de O.
14h00 Vídeo Show 14h15 Chaves 13h15 A T. do 14h A Tarde é Sua 14h Mr. Bean
Pica-Pau
14h30 14h35 Da Cor do 15h As V. da Raven 14h30 Hércules A Tarde é Sua 14h30 Atualíssima
Pecado
15h00 Da Cor do Pecado 15h30 Eu, a P. e as 15h Xena, a A Tarde é Sua Atualíssima
Crianças Guerreira
15h30 15h50 Filme: 16h Charme Xena, a Guerreira A Tarde é Sua Atualíssima
"Good Burger"
16h00 Filme: "Good Charme 16h Programa da A Tarde é Sua 16h30 Márcia
Burger" Tarde
Emissora Emissora Emissora Emissora Emissora
17h00 Filme: "Good 17h A Usurpadora 17h Zorro 17h Igreja da Márcia
Burger" Graça
18h00 18h10 Eterna 18h Casos de 18h15 SP Record 18h Notícias das 18h Brasil Urgente
Magia Família Seis
18h30 Eterna Magia Casos de Família SP Record Notícias das Seis Brasil Urgente
19h00 19h SPTV 19h Chaves 18h45 A T. do 19h Encontro Brasil Urgente
Pica-Pau Marcado
19h30 19h15 Novela II 19h25 Chiquititas 19h45 Jornal da Encontro Marcado 19h20 Jornal da
Sete Pecados Record Band
20h00 20h15 Jornal 20h15 Amigas e Jornal da Record 20h05 TV Fama 20h Família
Nacional Rivais Dinossauros
20h30 Jornal Nacional Amigas e Rivais 20h30 Luz do Sol TV Fama Família
Dinossauros
21h00 20h55 Paraíso 21h15 Liga da Luz do Sol 21h10 Rede TV 21h Show da Fé
Tropical Justiça News
21h30 Paraíso Tropical 21h35 CC / SBT 21h30 Tudo a Ver Rede TV News Show da Fé
Brasil
22h00 22h Casseta e SBT Brasil 22h Caminhos do 22h05 Superpop 22h Vídeos
Planeta Urgente! Coração Incríveis
22h30 22h35 Toma Lá, 22h25 C. Cf/ Caminhos do Superpop 22h15 A Grande
Dá Cá 22h30 Filme "Uma Coração Chance
Saída de Mestre"
23h00 Toma Lá, Dá Cá Filme: Uma Saída… 23h Simple Life Superpop A Grande Chance
23h30 23h25 Jornal da Filme: Uma Saída… Simple Life 23h35 Leitura A Grande Chance
Globo Dinâmica
00h00 00h Programa Filme: Uma Saída… 00h CSI Miami 00h05 Programa 00h Jornal da
do Jô Amaury Jr. Noite
00h30 Programa do Jô 00h40 CC / J. SBT 00h45 Jornal 24 Programa Amaury Jornal da Noite
Horas Jr.
01h00 Programa do Jô Jornal do SBT Jornal 24 Horas Programa Amaury 00h45 A N. é uma
Jr. Criança
01h30 01h30 Intercine: 01h30 C. Café 01h15 Programaç 01h30 Infocomerci 01h45 Programa
"Kamchatka", /Série: Veronica ão Iurd ais LBV
03h00 Filme/Inte Kamchatka Série: Divisão 03h 02h45 Igreja da Igreja Viva
Criminal Caçadoras Graça
de
Relíquias
03h30 03h30 Filme: "A Série: Caçadoras de Igreja da Graça Igreja Viva
Chave do Sucesso" Divisão Relíquias
Criminal
04h00 Filme: "A Chave do 04h15 Caçadoras de Igreja da Graça Igreja Viva
Emissora Emissora Emissora Emissora Emissora
04h30 Filme: "A Chave do Série Witchblade Caçadoras de Igreja da Graça Igreja Viva
Sucesso" Relíquias
FONTE: FOLHA DE S.PAULO, COM BASE NA PROGRAMAÇÃO FORNECIDA PELAS EMISSORAS. ELABORAÇÃO PRÓPRIA.
54
Na página eletrônica do SBT, os programas exibidos pela emissora são classificados como:
Novelas, Filmes, Humor, Reality Show, Infantil, Jornalístico, Séries, Talk Show, Telejornal e Variedades. Na
página da Rede Bandeirantes, os programas das emissoras são classificados em categorias como Jornalismo,
Esporte, Entretenimento, Culinária, Filmes. Nas páginas das emissoras Rede Globo de Televisão e RedeTV
as classificações utilizadas são Entretenimento, Esporte e Jornalismo.
grandes grupos: informação, entretenimento e educação. As categorias não seriam
excludentes, e um mesmo programa de TV poderia reunir mais de uma delas.
Com esse entendimento, programas jornalísticos como Bom Dia São Paulo,
Esporte Espetacular e SBT Repórter, neste exercício, foram classificados em três
categorias diferentes: Noticiário Local, Noticiário Esportivo e Jornalístico,
respectivamente, de acordo com o formato de cada um, temática utilizada e características
da audiência a que se destinam.
Preferiu-se tratar categorias como “Séries” e “Filmes” como dois grupos distintos,
embora pudessem ser reunidas em um só conjunto pelas características de ambas (na maior
56
parte, produções hollywoodianas) . Tais agrupamentos teriam efeito sobre os resultados
dos cálculos do coeficiente de diversificação proposto neste exercício. No entanto,
preferiu-se tratar cada uma dessas categorias individualmente, para evitar classificações
abrangentes que pudessem superestimar o nível de homogeneização da programação da
televisão comercial brasileira, hipótese verificada neste exercício.
55
Fait divers, expressão francesa que define a informação ou conteúdo sensacionalista, que atrai o
consumidor (no caso, telespectador) ao apelar para a emoção, independentemente da relevância do fato em
questão a ser divulgado (Barthes, 1971).
56
Em Barca (2006), Novelas e Seriados são classificados conjuntamente, por exemplo.
O cálculo do coeficiente de diversificação (ver item 5.6 desta dissertação) foi feito
com base nessas categorias. A categoria de programas “Segmentados” engloba diversas
atrações direcionadas a públicos específicos. Seu conteúdo e temática, no entanto, por
vezes é distinto. Exemplos: o programa “Pesca Alternativa” (Domingo, SBT, 7h), voltado
para assuntos relacionados à pesca, e “Mondo Vino” (Domingo, Band, 00h30) dedicado a
temas ligados ao vinho. Ambos foram catalogados como “Segmentados” (anexos 1 a 16),
mas como são programas de temática completamente distinta, para efeito da contagem do
coeficiente de diversificação, foram considerados dois tipos de programas diferentes.
NOTICIÁRIO NACIONAL – Bom Dia Brasil, Jornal do SBT, SBT Brasil, Fala
Brasil, Primeiro Jornal, Jornal Hoje, Fala Brasil, Jornal da Record, RedeTV News, Jornal
do SBT, Jornal da Globo, Jornal 24 horas, Notícia das Seis, Jornal da Band, Jornal da
Noite, Globo Notícia, Repórter Brasil, Notícia das Sete, Good News.
NOTICIÁRIO LOCAL – Bom Dia São Paulo, São Paulo no Ar, SPTV, São Paulo
Acontece, São Paulo Record.
GAME SHOW – Tentação, Vinte e um, Hiper QI, Curtindo com Reais, Qual é a
Música, Quem Perde, quem Ganha, Fantasia, A Grande Chance, Ataques de Risos, Quem
não viu vai ver, Esquenta, Game Play.
HORÁRIO POLÍTICO – horário político eleitoral gratuito (permitido pela Lei No.
4.737, de 15 de julho de 1965).
Para facilitar a visualização desta classificação, foi associada visualmente uma cor
distinta a cada uma das 27 categorias ou tipos de programas. Os tipos de programas e
respectivas cores estão representados na tabela 5.2:
TABELA 5.2 – TIPOS DE PROGRAMAS E RESPECTIVAS CORES
EMISSORA
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DA GRADE DE PROGRAMAÇÃO DAS EMISSORAS PUBLICADA NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO
O mesmo procedimento foi feito para a programação exibida pelas cinco emissoras
comerciais todos os dias das duas semanas analisadas (entre 16/09/2007 e 22/09/2007) e
(entre 22/06/2008 a 28/06/2008). A programação da TV Brasil na segunda semana (entre
22/06/2008 a 28/06/2008) foi classificada de acordo com as mesmas categorias (anexos 1 a
16).
Horário REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO
SEGUNDA
17/09 TERÇA 18/09 QUARTA 19/09 QUINTA 20/09 SEXTA 21/09
05h05 Telecurso
2000 - Tecendo 05h05 Telecurso
05h00 o Saber 2000 05h05 Telecurso 2000 05h05 Telecurso 2000 05h05 Telecurso 2000
05h20 Telc. I / 05h25 Telc. I / 05h25 Telc. I / 05h35 05h25 Telc. I / 05h35 05h25 Telc. I / 05h35
05h30 05h35 Telc. 2 / 05h35 Telc. 2 / Telc. 2 / 05h50 Telc. 3 Telc. 2 / 05h50 Telc. 3 Telc. 2 / 05h50 Telc. 3
57
Revista Veja Edição 2029 – 10 de outubro de 2007 .
Horário REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO
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17/09 TERÇA 18/09 QUARTA 19/09 QUINTA 20/09 SEXTA 21/09
05h50 Telc. 3 05h50 Telc. 3
06h05 Globo 06h05 Globo
06H00 Rural Rural 06h05 Globo Rural 06h05 Globo Rural 06h05 Globo Rural
06h30 Bom Dia 06h30 Bom Dia 06h30 Bom Dia São 06h30 Bom Dia São 06h25 Bom Dia São
06H30 São Paulo São Paulo Paulo Paulo Paulo
07h15 Bom Dia 07h15 Bom Dia
07H00 Brasil Brasil 07h15 Bom Dia Brasil 07h15 Bom Dia Brasil 07h15 Bom Dia Brasil
07H30 Bom Dia Brasil Bom Dia Brasil Bom Dia Brasil Bom Dia Brasil Bom Dia Brasil
08H00 Mais Você 08H05 Mais Você 08H05 Mais Você 08H05 Mais Você 08H05 Mais Você
08H30 Mais Você Mais Você Mais Você Mais Você Mais Você
09H00 Mais Você Mais Você Mais Você Mais Você Mais Você
09h28 Globo
Notícia / 09h31 09h26 Gnot. /
O Point do 09h29 O Point do 09h26 Gnot. / 09h29 O 09h26 Gnot. / 09h29 O 09h28 Gnot. / 09h31
09H30 Mickey Mickey Point do Mickey Point do Mickey O Point do Mickey
09h50 Sítio do 09h50 Sítio do 09h50 Sítio do Picapau 09h50 Sítio do Picapau 09h50 Sítio do
10H00 Picapau Picapau Amarelo Amarelo Amarelo Picapau Amarelo
10H30 10h20 TV Xuxa 10h20 TV Xuxa 10h20 TV Xuxa 10h20 TV Xuxa 10h20 TV Xuxa
11H00 TV Xuxa TV Xuxa TV Xuxa TV Xuxa TV Xuxa
11H30 TV Xuxa TV Xuxa TV Xuxa TV Xuxa TV Xuxa
12H00 12h SPTV 12h SPTV 12h SPTV 12h SPTV 12h SPTV
12h45 Globo 12h45 Globo
12H30 Esporte Esporte 12h45 Globo Esporte 12h45 Globo Esporte 12h45 Globo Esporte
13h15 Jornal 13h15 Jornal
13h00 Hoje Hoje 13h15 Jornal Hoje 13h15 Jornal Hoje 13h15 Jornal Hoje
13h45 Vídeo 13h45 Vídeo
13h30 Show Show 13h45 Vídeo Show 13h45 Vídeo Show 13h45 Vídeo Show
14h00 Vídeo Show Vídeo Show Vídeo Show Vídeo Show Vídeo Show
14h35 Da Cor do 14h35 Da Cor do 14h35 Da Cor do 14h35 Da Cor do
14h30 Pecado Pecado Pecado 14h35 Da Cor do Pecado Pecado
Da Cor do
15h00 Pecado Da Cor do Pecado Da Cor do Pecado Da Cor do Pecado Da Cor do Pecado
15h35 Filme: 15h50 Filme:
"Um Príncipe 15h50 Filme: "Caçadoras de 15h55 Filme:"Billy 15h55 Filme:"Coração
15h30 em Minha Vida" "Good Burger" Aventuras Madison" de Dragão
Filme: "Um
Príncipe em Filme: "Good Filme: "Caçadoras de Filme:"Coração de
16h00 Minha Vida" Burger" Aventuras Filme:"Billy Madison" Dragão
Filme: "Um
Príncipe em Filme: "Good Filme: "Caçadoras de Filme:"Coração de
16h30 Minha Vida" Burger" Aventuras Filme:"Billy Madison" Dragão
Filme: "Um
Príncipe em Filme: "Good Filme: "Caçadoras de Filme:"Coração de
17h00 Minha Vida" Burger" Aventuras Filme:"Billy Madison" Dragão
17h33 17h34
17h30 17h37 Malhação 17h37 Malhação 17h37 Malhação Gnot./17h37 Malhação Gnot./17h37 Malhação
18h10 Eterna 18h10 Eterna
18h00 Magia Magia 18h10 Eterna Magia 18h10 Eterna Magia 18h10 Eterna Magia
18h30 Eterna Magia Eterna Magia Eterna Magia Eterna Magia Eterna Magia
19h00 19h SPTV 19h SPTV 19h SPTV 19h SPTV 19h SPTV
19h15 Novela II
Sete Pecados 19h15 Novela II 19h15 Novela II Sete 19h15 Novela II Sete 19h20 Novela II Sete
19h30 (19h15) Sete Pecados Pecados (19h15) Pecados (19h15) Pecados
20h15 Jornal
Nacional 20h15 Jornal
20h00 (20h15) Nacional 20h15 Jornal Nacional 20h15 Jornal Nacional 20h15 Jornal Nacional
20h30 HORÁRIO
20h30 Jornal Nacional Jornal Nacional Jornal Nacional POLÍTICO Jornal Nacional
20h55 Paraíso 20h55 Paraíso 20h55 Paraíso
21h00 Tropical Tropical 21h05 Paraíso Tropical 20h40 Jornal Nacional Tropical
Horário REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO REDE GLOBO
SEGUNDA
17/09 TERÇA 18/09 QUARTA 19/09 QUINTA 20/09 SEXTA 21/09
21h05 Paraíso
21h30 Paraíso Tropical Paraíso Tropical 21h30 Futebol 2007 Tropical Paraíso Tropical
22h00 Filme:
"Kill Bill - 22h Casseta &
22h00 Volume 2" (22h) Planeta Urgente! Futebol 2007 21h15 A Grande Família 22h Globo Repórter
Filme: "Kill Bill - 22h35 Toma Lá,
22h30 Volume 2" Dá Cá Futebol 2007 A Grande Família Globo Repórter
Filme: "Kill Bill -
23h00 Volume 2" Toma Lá, Dá Cá Futebol 2007 23h Linha Direta 23h Antônia
Filme: "Kill Bill - 23h25 Jornal da 23h45 Jornal da
23h30 Volume 2" Globo 23h45 Jornal da Globo 23h40 Jornal da Globo Globo
Filme: "Kill Bill - 00h Programa
00h00 Volume 2" do Jô Jornal da Globo Jornal da Globo Jornal da Globo
00h25 Jornal da
00h30 Globo Programa do Jô 00h20 Programa do Jô 00h15 Programa do Jô 00h15 Programa do Jô
01h
01h00 Programa do Jô Programa do Jô Programa do Jô Programa do Jô Programa do Jô
01h30 Intercine: 01h30 Som Brasil -
01h30 Programa do Jô "Kamchatka", Programa do Jô Programa do Jô Ivan Lins
01h50 Intercine: "A
Idade da Violência", "O
Filme/Intercine: Retorno de Tom Sawye 01h40 Intercine: 02h15 Intercine:
02h00 Programa do Jô "Kamchatka" e ..." "Cocoon", "Piquenique" "Frida", "Rollerball"
Intercine: "A Idade da
02h30 Filme: Filme/Intercine: Violência", "O Retorno Intercine: "Cocoon", Intercine: "Frida",
02h30 "Eu, Tu, Eles" "Kamchatka" de Tom Sawye e "Piquenique" "Rollerball"
Intercine: "A Idade da
Filme:"Eu, Tu, Filme/Intercine: Violência", "O Retorno Intercine: "Cocoon", Intercine: "Frida",
03h00 Eles" "Kamchatka" de Tom Sawye e "Piquenique" "Rollerball"
03h30 Filme: "A
Filme:"Eu, Tu, Chave do 03h40 Filme: "Grande 03h45 Filme: "Sounder - Intercine: "Frida",
03h30 Eles" Sucesso" Problema" Lágrimas de Esperança" "Rollerball"
Filme:"Eu, Tu, Filme: "A Chave Filme: "Grande Filme: "Sounder - Intercine: "Frida",
04h00 Eles" do Sucesso" Problema" Lágrimas de Esperança" "Rollerball"
Filme:"Eu, Tu, Filme: "A Chave Filme: "Grande Filme: "Sounder - 04h25 Filme: "A Ilha
04h30 Eles" do Sucesso" Problema" Lágrimas de Esperança" no Topo do Mundo
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA A PARTIR DA GRADE DE PROGRAMAÇÃO DAS EMISSORAS – FOLHA DE S.PAULO
58
O capítulo final das telenovelas produzidas pela Rede Globo, por exemplo, costuma ser repetido
dois dias consecutivos.
Este exercício propõe o cálculo do coeficiente de diversidade da programação, com
base na fórmula proposta por Steiner (1952). O coeficiente foi calculado com base nos
dados de programação das cinco principais emissoras comerciais brasileiras. Este será o
indicador referencial do nível de oferta de programação transmitida aos telespectadores, e
permitirá comparações com estimativas do ótimo de bem-estar social, teoricamente
desenvolvido no capítulo 4.
No primeiro exercício (que avalia apenas as emissoras comerciais), cada uma das
cinco emissoras analisadas (Rede Globo, SBT, Rede Record, RedeTV e Rede Band) é
responsável por um único e exclusivo canal e fixa sua grade de programação ao longo das
24 horas do dia. Durante o período de sete dias analisado, cada emissora teve 168 horas
disponíveis para preenchimento da grade de programação. As cinco emissoras totalizam,
portanto, uma programação semanal de 840 horas. Diariamente, a televisão brasileira
exibe, nestes cinco canais, 120 horas de programação.
Como dito, cada programa exibido pelas cinco emissoras foi classificado em apenas
uma das 27 categorias de programas. O tipo de programa mais exibido na televisão
comercial brasileira é o Religioso, com uma soma total de 139 horas de programação, ou
16,55% da oferta disponível de programação durante a semana analisada (Tabela 5.4). A
transmissão desse tipo de programa concentra-se durante as madrugadas em três emissoras:
Record, RedeTV e Rede Band (anexos 1 a 7).
TABELA 5.4 – TIPOS DE PROGRAMAS EXIBIDOS PELAS EMISSORAS DE TV COMERCIAIS (EM HORAS TRANSMITIDAS)
(Globo, SBT, Record, 16/09 17/09 18/09 19/09 20/09 21/09 22/09 Semana
RedeTV, Band)
TIPOS DE Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sáb Total (%)
PROGRAMAS (h)
FORA DO AR 2 1 1 1 1 1 2 9 1,07%
CULTURA 0 0 0 0 0 0 0 0 0,00%
(Globo, SBT, Record, 16/09 17/09 18/09 19/09 20/09 21/09 22/09 Semana
RedeTV, Band)
DEBATE 1 0 0 0 0 0 0 1 0,12%
QUARTA EMISSORAS
A ascensão da Record no Ibope é notada nos últimos anos, depois de uma mudança
da estratégia de programação da emissora a partir de 200459. Antes concentrada na
exibição de programas do tipo religioso (que ainda preenchem boa parte da grade de
programação, principalmente às madrugadas), e na opção de fórmulas de baixo custo, a
Record decidiu reorientar sua programação. Uma das mudanças recentes é a de reproduzir
formatos de sucesso já testados pela emissora de maior audiência, a Rede Globo.
59
Revista Veja Edição 2029 – 10 de outubro de 2007.
60
Idem.
longo das últimas décadas61. A elevação da audiência da Rede Record reforça a percepção
de que há um forte incentivo do mercado para repetir fórmulas de sucesso e direcionar a
programação para os maiores nichos de audiência, em detrimento dos demais.
A audiência nesses casos costuma ser tão elevada que se torna interessante para
diferentes emissoras transmitirem os mesmos programas de TV, sem preocupação com a
oferta de diversidade. Ao espectador, a oferta de imagens disponível se torna muito
semelhante – cabendo às emissoras concorrentes tentar alguma diferenciação investindo
em edição, apresentação, narração e jornalismo de apoio, entre uma ou outra programação
acessória, que ainda sim repete padrões adotados no mercado de TV.
61
O nome da emissora ficou associado a um padrão mais elevado de produção televisiva no
mercado de TV que deu origem à expressão “Padrão Globo de Qualidade”, porque haveria apuro técnico que
a diferenciaria das demais emissoras de TV.
62
A Rede Globo, que atualmente detém os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro,
costuma fechar contratos de retransmissão de jogos de futebol com outras emissoras com cláusulas que
interferem na decisão de programação das concorrentes. Por vezes, é exigida a transmissão de imagens da
mesma partida exibida pela Globo naquele horário respectivo. Neste caso, a diferença entre as transmissões
se resumiria à edição de imagens, aos narradores e comentaristas de apoio às transmissões, entre outras
características acessórias.
5.6 Coeficiente de Diversificação – caso brasileiro
LEGENDA DE CORES
CORES
Tipos de Coeficiente de
Total de Emissoras Programas Nível de Duplicação Diversificação
Horário
20h00 5 3 2 0,5
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
DIA
MÉDIA
DIÁRIA 0,635 0,578 0,625 0,604 0,609 0,594 0,651 0,614
MÉDIA
SEG A SEX SÁB E DOM SEMANA
COEFICIENTE DE DIVERSIFICAÇÃO 0,602 0,643 0,614
MÉDIA DE TIPOS POR HORÁRIO 3,41 3,57 3,46
GRAU DE DUPLICAÇÃO 1,59 1,43 1,54
Este seria dado por um coeficiente ideal de 1, que representaria o grau máximo de
diversidade de programação por período (cinco tipos de programas diferentes para cinco
canais de televisão). Neste nível ótimo, o grau de duplicação seria zero (D = 0), e haveria
120 equilíbrios de Nash possíveis , .... , conforme apresentado
teoricamente. Pela equação, o bem-estar seria maximizado em:
63
Criada pela Lei n° 11.652, de 2008.
64
Na realidade, o sinal da TV Brasil passou a ser transmitido no canal que era reservado à TV
Educativa (para audiências no caso do Rio de Janeiro) ou à TV Nacional (para as audiências em Brasília e
demais localidades), emissora da Radiobrás.
A legislação que instituiu a TV Brasil veda a veiculação de anúncios de produtos ou
serviços, mas pode haver patrocínio de programas por empresas públicas e privadas. O
patrocínio privado pode se servir de incentivos fiscais previstos na Lei Rouanet. No
Orçamento da União para 2008 reservou-se uma dotação de R$ 350 milhões para o
financiamento da TV Brasil65, o equivalente ao orçamento anual da Rede Bandeirantes, de
acordo com a diretora-presidente da EBC, Tereza Cruvinel.
TABELA 5.11 - ORÇAMENTO DAS PRINCIPAIS EMISSORAS DE TELEVISÃO ABERTA
65
Estimativas apresentadas em exposição da diretora-presidente da Empresa Brasileira de
Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel à Comissão de Educação do Senado Federal em 19 de fevereiro de
2008.
contrários à criação da TV Pública estão o jornalista Reinaldo Azevedo e o jornalista e
músico Nelson Motta66, entre outros.
Um dos principais pontos levantados pelos críticos está relacionado aos níveis de
audiência das televisões públicas inferiores aos das televisões comerciais. Na semana de 23
de junho a 29 de junho de 2008, utilizada neste estudo como referência, a audiência dos
cinco programas mais assistidos transmitidos pela TV Brasil alcançou 1 ponto no Ibope,
abaixo dos índices principais emissoras comerciais.
SBT
DOMINGO LEGAL PSS 17 605
TELE SENA 13 489
TELA DE SUCESSOS 13 475
PANTANAL 12 444
66
Motta, N. (2008).
Audiência Domiciliar (%) Audiência Domiciliar (em mil
Domicílios)
A PRACA E NOSSA NOT 12 429
RECORD
NOVELA 2 - OS MUTANTES CAMINHOS DO CORACAO 17 629
NOVELA 3 - AMOR E INTRIGAS 16 573
JORNAL DA RECORD 14 493
DESENHOS NOT 13 482
SHOW DE HUMOR 13 458
BANDEIRANTES
JORNAL DA BAND 5 178
MARCIA 4 131
BRASIL URGENTE 1 4 127
JORNAL DO RIO 3 119
JOGO ABERTO RIO 3 104
REDE TV!
PANICO NA TV 5 186
SUPERPOP 4 138
POKEMON 4 129
PANICO REPRISE 3 116
TV FAMA SSX 3 114
TV BRASIL
REPORTER BRASIL NOT 1 38
PROGRAMA DE CINEMA NOT 1 38
PROGRAMA ESPECIAL NOT 1 1 35
FRUTAS DO BRASIL NOT 1 35
DOC TV DM 1 34
FONTE: MEDIA WORKSTATION – ALMANAQUE IBOPE. PROGRAMAS DE MAIOR AUDIÊNCIA DA REGIÁO DO GRANDE RIO DE
JANEIRO.
FUNCIONAMENTO DA TV BRASIL
O mesmo não ocorre quando as emissoras de maior audiência, como Rede Globo,
Record ou SBT, reorganizam suas grades e lançam novidades de programação,
especialmente àquelas que alcançam patamares elevados de audiência. Nestes casos, o
mercado de TV costuma se reorganizar rapidamente, com emissoras concorrentes se
mobilizando para se adaptar à nova realidade e para competir pelos novos nichos de
audiência.
Neste caso, o coeficiente de diversidade foi calculado para seis emissoras, a partir
da equação:
67
No mesmo canal, havia, entretanto, as transmissões da TVE do Rio de Janeiro e TV Nacional para
outras localidades, as quais partilhavam muitas semelhanças à programação da TV Brasil a qual deram
origem.
Onde x é o total de tipos de programas diferentes exibidos pelas emissoras.
COEFICIENTE DE DIVERSIFICAÇÃO
CINCO EMISSORAS COMERCIAIS SEIS EMISSORAS
(5 COMERCIAIS + TV Brasil)
Antes da TV Brasil Depois da TV Brasil
DOMINGO 0,635 0,590 0,600
SEGUNDA 0,578 0,620 0,621
TERÇA 0,625 0,609 0,617
QUARTA 0,604 0,620 0,621
QUINTA 0,609 0,615 0,625
SEXTA 0,594 0,620 0,613
SÁBADO 0,651 0,677 0,667
Média 0,614 0,622 0,623
SEMANA
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA
68
Novamente, ressalva-se, que na ocasião da coleta do índice da primeira semana, já ocupavam o
canal de transmissão da TV Brasil as emissoras Nacional/TVEducativa, que deram origem à TV Brasil.
Existe, ainda, na programação da TV Brasil, maior enfoque “cultural”, educativo ou
destinado a audiências não contempladas pela programação da TV Comercial. Um
exemplo é o programa “A Grande Música”, dedicado à exibição de espetáculos de música
erudita. Ou do “Jornal Visual”, noticiário com temática e formato direcionado a portadores
de necessidades especiais. Outro exemplo é a maior presença de programas dedicados a
aos temas Ciência/História/Geografia, como “Repórter Eco” e “Micro Macro”, que são
raros na programação das TVs comerciais. Na TV comercial a única atração do gênero é o
Globo Ciência (Rede Globo, sábado, 22/06/2008). Observa-se, portanto, de modo geral, a
preocupação de fornecer programação para atender a nichos de audiência normalmente não
contemplados pela TV comercial.
principais conceitos e características que envolvem essa disciplina, afim de que seja mais fácil a
economia da mídia estuda como a indústria da mídia utiliza os recursos escassos para “produzir”
satisfação aos seus consumidores. Assim como Alexander et alli (1998), que defende que a
economia da mídia refere-se aos negócios e atividades financeiros das firmas que produzem e
As questões da Economia da Mídia perpassam várias áreas da teoria econômica, tais como
Segundo Prado (2008)4, existem dois conceitos fundamentais da economia da mídia, são
eles: informação e news. Informação é toda transcrição que pode ser codificada em linguagem
digital, como por exemplo, uma fotografia, um resultado estatístico, uma música, etc. Já a news5 é
uma informação transformada em mercadoria, ou seja, acessível a outras pessoas através de um
mercado. Todas as informações contidas em uma mídia escrita ou audiovisual constituem news.
graus de concentração. No setor da mídia, os níveis de concentração podem ser calculados com
base na audiência. Audiência é o conjunto das pessoas que, em dado momento, são receptores de
uma mensagem transmitida por determinado meio de comunicação. Total de pessoas que
assistem a um programa de TV, que ouvem uma transmissão de rádio, que lêem um jornal ou
A mídia e outras produções culturais têm características especiais não compartilhadas por
produzidos pelas indústrias de mídia não apresentam escassez em seu consumo ou utilização.
Sempre que um filme, uma música, ou uma notícia é consumido isso não se esgota, ou seja, o
mesmo filme ou música poderá ser consumido diversas outras vezes que for demandado
(DOYLE, 2001)7.
consumo por parte de um indivíduo ou grupo social não reduz a quantidade disponível desse
mesmo bem para outros integrantes da sociedade8. Caso uma pessoa assista a um determinado
programa de TV, esta não diminui a oportunidade de outra pessoa fazê-lo, porque o programa não
se tornou gasto, não foi consumido, o mesmo conteúdo pode ser outra vez vendido, exibido ou
consumido por outros consumidores quantas vezes mais forem demandado ou ofertado.
caracterizam por além de serem não-excludentes são também não-rivais. Neste contexto temos
como exemplo a televisão aberta, onde o acesso não está restrito a alguma forma de pagamento.
Porém existem também as mídias que tem características de bem-público com exclusão,
condicionando seu acesso a alguma forma de pagamento, por exemplo, TV por assinatura, ou ir
Outros bens culturais, como as obras de arte, se classificam também como bens públicos,
porque o ato de consumo por um indivíduo não reduz a possibilidade de consumo por outros.
Estes bens se contrastam com os bens privados, pois estes vão se tornar gastos quando
consumidos (por exemplo, pão, lápiz, cerveja, etc). Assim que uma pessoa come um determinado
pedaço de pão, este não estará mais disponível para que outra também o coma. Um pedaço de pão
só poderá ser vendido uma vez, depois que consumido não mais. Mas, quando uma estória é
7
Essa característica é abordada por Doyle (2001, p. 10).
8
Ver conceito de não-rivalidade na teoria dos bens públicos em Giambiagi (2008, cap. 1).
10
vendida, o vendedor passa a possuí-la, e poderá vendê-la quantas vezes mais estiver interessado e
houver demanda.
O consumo de bens privados gera a escassez de recursos que devem ser racionalizados
(normalmente pelo sistema de preços e pelo mercado). Porém, os bens públicos não
compartilham dessa lógica. Com isso temos nossa terceira característica dessa indústria, o fato de
existirem custos fixos elevados e irrecuperáveis e custo marginal desprezível. O custo inicial
envolvido numa negociação de um produto de mídia pode ser alto, mas depois o custo marginal
televisão ou rádio, que já tenha sido exibido antes é normalmente zero, pelo menos em emissoras
terrestres, ou ainda, o custo marginal de prover uma publicação on-line para um novo usuário de
Internet é inexistente (zero). Segundo Prado (2008, p. 266), “o custo de produzir uma informação
Algumas firmas dessa indústria apresentam motivações econômicas diversas para ofertar
seus produtos, culminando assim em diferentes objetivos, tal como cumprir apenas sua função
visando o interesse público, busca de influência política e/ou ideológica, ou até mesmo (mais
comum) visando os interesses dos acionistas (busca de lucros), denotando assim uma
subjetividade de suas metas. Com isso, é difícil a adoção ou aplicação de qualquer modelo
11
A relação entre preço e os recursos alocados na mídia, por exemplo, é bastante incomum,
recebem não envolvem pagamento direto por parte do telespectador. Sem o preço como link
Outra implicação não usual da teoria econômica encontrada na economia da mídia, diz
respeito aos métodos de produção. Estes são ditos ineficientes se for possível produzir mais
apenas realocando os recursos disponíveis. Pode ser possível que uma companhia de TV, por
exemplo, redistribua os seus recursos de forma a se produzir mais horas de uma programação ou
consiga maiores níveis de audiência com os mesmos custos, podendo constituir-se em uma forma
ao nicho da teoria econômica denominado teoria do bem-estar (welfare). Implícita nesta visão
está a concepção de que a função de bem-estar (por exemplo, uma relação funcional mostrando o
máximo de bem-estar que pode ser obtido através da decisão de alocação de recursos alternativa)
pode ser definida para a sociedade com um todo. Considerando este quadro, a economia da mídia
únicos produtos ofertados pelas indústrias de mídia, o que Picard (2002) se refere como mercados
de produto dual (dual product market). Os dois produtos que as empresas de mídia geram são:
conteúdo (programas de TV, cópias de jornal, artigos de revistas, etc); e a audiência, que é atraída
12
por esse conteúdo, e é importante, pois pode ser moldada, precificada e vendida a anunciantes
consomem constituem uma forma de produção que a firma de mídia vende. Já a audiência que foi
atraída pelo conteúdo produzido constitui um segundo valor de produção, tendo em vista que uma
audiência significativa pode ser empacotada, precificada e vendida para anunciantes (DOYLE,
2001).
A audiência é o principal foco da maior parte das companhias de mídia, pois elas
registrando um crescimento de 26% no ano de 2008 em relação ao ano de 2007, como mostra a
tabela abaixo:
13
Gráfico 1.1 - Faturamento Publicitário Bruto Anual (em R$
milhões) da TV por Assinatura
802,7
638,6
529,9
374,2
303,8
188,3
183,1
142,6
Fonte: ABTA9
Até mesmo mídias que não visam lucros se preocupam com audiência, como rádios ou TV
de serviço público, por exemplo, que devem estar atentas para seus índices de popularidade,
assim como a distribuição demográfica da sua audiência, afim de que seja possível organizar
Machado (1988)10 é o:
9
Dados disponíveis no site: http://www.midiafatos.com.br/index.aspx . Acesso em: 20/05/09.
10
Ver o conceito e as diferentes classificações de audiência em Machado (1988).
14
ligados é obtida dividindo-se o número de telespectadores atualmente sintonizados em
determinado canal pelo total de aparelhos estimado numa determinada região geográfica.
Como não se pode consultar todos os telespectadores, faz-se a avaliação por amostragem,
A audiência pode ser dividida em: acumulada, cativa, duplicada, líquida, média, primária e
útil (MACHADO, 1988). A audiência acumulada refere-se a soma das pessoas atingidas por uma
rádio, tv, ou de um jornal, revista etc. Apartir deste conceito podemos subdividir a audiência
acumulada em dói grupos diferentes: a audiência acumulada bruta, que considera a superposição
de pessoas (por exemplo: uma pessoa que assiste 3 vezes a um mesmo anúncio, ou seja, três
Audiência Acumulada Líquida, que considera apenas o total de pessoas diferentes que foram
A audiência cativa diz respeito àquela habitual, ou seja, a audiência freqüente que um
duplicação. Por outro lado, a audiência líquida corresponde ao total de pessoas que recebem pelo
menos uma vez uma mensagem transmitida por um ou por vários veículos. A audiência líquida é
também conhecida como audiência simples. Por sua vez, chama-se audiência média o número
médio de pessoas que recebem uma mensagem transmitida em mais de um veículo, ou várias
15
vezes em um mesmo veículo, resultado da soma das audiências registradas nas várias emissões,
Por fim temos o conceito de audiência primaria e audiência útil. A primeira corresponde à
conhecida como audiência efetiva. As pessoas não incluídas nesta categoria são classificadas
como audiência secundária. Já a audiência útil são as pessoas que realmente assistem a uma
Filmes, emissoras de TV, programas de TV, livros e músicas não são apenas produtos comerciais,
mas são também apreciados em muitos aspectos pela forma de enriquecimento do nosso ambiente
Muitos bens culturais compartilham a qualidade e seu valor para com seus consumidores
através de sua ligação com a informação ou mensagem que eles trazem, mais do que material que
são bens intangíveis, logo o conteúdo de mídia não é consumível no seu sentido literal da palavra.
Algumas vezes torna-se difícil definir o que constitui uma unidade de conteúdo de mídia.
Isso pode ser descrito, por exemplo, por uma estória, um artigo, um programa de TV, um jornal
valor pelo seu significado, que não está diretamente relacionado aos objetos materiais. Porque o
16
valor do conteúdo de mídia, em geral, é atribuído por características imateriais, não podendo ser
Outra característica importante na indústria de mídia é que o preço é definido apenas pela
seja, elevados custos fixos e custo marginal próximo a zero. Logo, esses bens são precificados de
acordo com o valor que os consumidores lhes atribuem e não de acordo com seus custos de
produção. Para emissoras de TV, por exemplo, os custos de produzir e transmitir um programa
2008).
escopo.
Nesta seção veremos como os conceitos econômicos de economia de escala e escopo estão
Por definição, economias de escala são reduções no custo médio geradas pelo aumento da
escala de produção. As economias de escala podem ser de dois tipos: internas, onde há redução
de custos à medida que a escala de produção aumenta, depende apenas de aspectos internos à
17
indústria (conjunto de firmas), normalmente associada à redução nos preços dos insumos quando
Quando existem economias de escala internas, uma empresa consegue reduzir seus custos
(e ter produtos mais baratos / competitivos), com o aumento de sua escala produtiva. Assim, as
muitos produtos em escala menor, a produção de um único produto, sob as economias de escala,
A economia de escala existe na mídia por causa dos atributos de bem público deste produto.
usuários que ouvem ou vêem ou de alguma outra forma consomem o conteúdo (DOYLE, 2001).
Na maior parte dos setores de mídia, o custo marginal tende a ser menor, e em alguns casos
zero. Estes são também menores que os custos médios. Conseqüentemente, quanto mais
expectadores ou leitores, o custo médio para a empresa fornecer o produto será cada vez menor.
Então, se os custos médios de produção diminuírem ao passo que a escala de consumo aumentar,
Por sua vez, economia de escopo tem haver com obter ganhos de eficiência, é possível que
uma empresa venha a ter vantagens de produção ou de custos ao produzir dois ou mais bens ou
serviços, em vez de apenas um. A redução de custos resulta de uma combinação de fatores: seja
18
do uso mais racional dos recursos (insumos), das instalações, de marketing em conjunto, seja por
utilização de instalações e processos em uma única planta industrial que produz mais de um
produto. Desse modo, trata-se de uma produção conjunta: dois ou mais produtos, os quais, para
serem produzidos, estão utilizando as mesmas instalações. Por isso, é possível conseguir redução
mídia possibilita que um produto possa ser criado para um determinado fim ou mercado e depois
Por exemplo, uma entrevista com um político que está gravado em um documentário para a
radiodifusão pode também ser editado para a inclusão em outros programas de notícia, seja na
televisão ou, mesmo, no rádio: os mesmos conteúdos para televisão podem ser recondicionados
“novo produto” adequado para uma platéia (audiência) diferente gera economias de escopo
(DOYLE, 2001).
Portanto, economias de escopo apresentam uma estratégia econômica eficiente, pois o custo
a uma firma que produz apenas um tipo de padrão de serviço ou produto para o mesmo mercado.
19
1.3 – Política de concorrência e a economia da mídia
A defesa da concorrência não é um fim em si mesmo, mas um meio pelo qual se busca criar
uma economia eficiente. Em uma economia eficiente, os cidadãos dispõem da maior variedade de
produtos pelos menores preços possíveis e os indivíduos desfrutam de um nível máximo de bem-
estar econômico.
que a competição não pode ser restringida ou subvertida por agentes econômicos com poder de
mercado. Portanto, é dever do Estado zelar para que este princípio não seja corrompido. Como
eficiência para as empresas e o menor preço possível aos consumidores. Além disso, a
concorrência disciplina os ofertantes de bens e serviços a estar atento aos desejos e expectativas
dos consumidores, afim de que estes não percam parcela de mercado para ou outras firmas.
econômico sustentável a longo prazo. Nesse ambiente econômico, as empresas defrontam-se com
20
os incentivos adequados para aumentar a produtividade e introduzir novos e melhores produtos,
estrutura institucional adequada capaz de fiscalizar a ordem econômica e impedir que ocorram
práticas anticoncorrenciais ou abusivas, e para isso existe a Lei nº 8.884/94, que entre outros
Portanto, o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência - SBDC, deve estar atento para a
Porém, existem muitas áreas da economia nas quais o tema da concorrência ainda encontra-
se incipiente, em especial, o setor de “produtos midiáticos”, que segundo Prado (2008), nunca foi
11
Ver CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia Prático do CADE: a defesa da concorrência no
Brasil. São Paulo: CIEE, 2007.
21
Este fato justifica mais uma vez a relevância do objetivo que este trabalho propõe, ou seja,
mídia, onde está inserida a TV por assinatura, abordaremos no próximo capítulo o histórico do
serviço no Brasil, assim como suas principais formas de prestação, e o quadro atual do mercado
no país.
22
2 – O MERCADO DE TV POR ASSINATURA
A TV por assinatura tem sua origem em 1948, nos EUA, onde foi implantada a primeira
recepção dos sinais de radiodifusão. As estações de TV a cabo eram utilizadas como repetidoras
do serviço.
(TORRES, 2005). A partir de então, o sistema de TV a cabo começou a se expandir nos Estados
Unidos, e este país deteve por largo período de tempo a posição de maior mercado dessa mídia.
De acordo com Melo et alli (1996), a demanda pelos serviços de TV a cabo era concentrada
principalmente nos Estados Unidos até a década de 1970, em decorrência de uma combinação de
vários fatores, como a renda elevada, alta penetração da televisão e grandes áreas de difícil acesso
à radiodifusão. Além desses fatores, a transmissão de televisão era monopólio estatal na maior
parte dos países industrializados, o que inibiu consideravelmente a expansão do sistema de cabo
(PRADO, 2008).
23
Com o passar dos anos, métodos de transmissão de TV por assinatura foram implantados e
com isso a expansão dos serviços se intensificou em todo o mundo. Na tabela abaixo são
apresentados dados sobre os maiores mercados de TV por assinatura no mundo, e para cada um
deles são mostrados os números de domicílios que dispõem de TV paga (TV a cabo e DTH), o
número de domicílios que dispõem de aparelho de televisão e a razão entre esses (taxa de
penetração)12.
Nota-se na tabela acima que a China assumiu a liderança no total de domicílios com TV por
assinatura, e o Brasil possui um grande potencial de mercado ainda a ser explorado. Já a tabela
12
Dados disponíveis no site: http://www.midiafatos.com.br/index.aspx . Acesso em: 01/06/09.
24
2.2 abaixo, mostra os mesmos indicadores, porém, agora por regiões ou continentes. Verifica-se
O atual modelo de TV por assinatura é recente, datando da década de 1970, onde se marca o
25
No Brasil, a chegada da TV a cabo poderia ter ocorrido bem antes do que efetivamente
aconteceu. Isto só não se concretizou, segundo Brittos (1999), devido à pressão política e
econômica de empresas da área de equipamentos e das grandes redes de televisão aberta sobre os
governos militares.
a implantação de um projeto piloto de TV a cabo, que tinha como objetivo desenvolver uma
tecnologia nacional e estudo sobre seu impacto social. A negativa ocorreu, segundo Brittos
regulamento para o serviço, junto com alguns empresários de radiodifusão, que desenvolviam
13
Telecomunicações Brasileiras S. A. - TELEBRAS é uma sociedade anônima aberta, de economia mista,
constituída em 09 de novembro de 1972, nos termos da autorização inscrita na Lei n° 5.792, de 11 de julho de 1972,
vinculada ao Ministério das Comunicações exercendo, após o processo de desestatização de suas controladas, todas
as atividades institucionais como ente integrante da Administração Pública Federal.
14
Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A., hoje empresa privada pertencente ao grupo mexicano Telmex.
15
Ver HERZ, Daniel. A introdução das novas tecnologias de comunicação no Brasil: tentativas de implementação
do serviço de cabodifusão - um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) - Faculdade de
Comunicação, UnB. Brasília, 1983.
26
Com isso, a tentativa de implantar a TV a cabo no país foi frustrada e suspensa no governo
Geisel16, e manobras semelhantes também ocorreram no governo João Figueiredo. O Estado até
televisiva no Brasil.
durante o período do regime militar, interesses políticos e econômicos impediram que a TV por
assinatura fosse implantada no Brasil naquele período. Esta visão também é compartilhada por
que a TV por assinatura só fosse implantada no Brasil em meados da década de 1990. Mas é
possível deduzir que não era de interesse da Globo e dos governos militares desenvolver a TV
no fim a década de 1980, no Governo de José Sarney. Esta ação se deu em fevereiro de 1988,
quando o Ministro das Comunicações do governo Sarney, Antônio Carlos Magalhães baixou o
denominado de TVA, destinado a distribuir sons e imagens a assinantes, por meio de um único
16
O Jornal do Brasil publicou no dia 9 de julho de 1975 um editorial intitulado “TV congelada”, cobrando
transparência nas discussões e nas definições referente às mudanças que o governo pretendia promover no setor de
comunicações.
27
canal UHF17, através de sinais codificados que são transportados por espectro radioelétrico, o
mesmo utilizado pelos canais comuns de televisão, sendo permitida, a critério do poder
dezembro de 1989, assinada também pelo Ministro das Comunicações na época, Antonio Carlos
DISTV".
Segundo Murilo César Ramos (2000), “nessas duas decisões (decreto nº 95.744/88 e
portaria nº 250) estavam contidas as bases iniciais da política para a constituição no Brasil do até
então adiado mercado da televisão paga” (2000, p.150), que optou por definir esse serviço
assinantes, enquanto a televisão convencional distribui seus sinais livremente para o público.
Portanto, a TV por assinatura desde seu início foi tratada como um “serviço especial” seguindo
reconhecimento das autorizações liberadas com base na portaria nº 14318 como sendo de DISTV,
ocorreram, entre novembro de 1990 e julho de 1991, 98 outorgas, prevalecendo entre estas
17
UHF (Ultra High Frequency) – Faixa de freqüências entre 300 e 3.000 MHz. Os canais de televisão do 14 ao 69
estão nessa faixa.
18
A portaria nº 143, de 21 de junho de 1988, do Gabinete do Ministro das Comunicações, estabelecia o "Serviço de
Recepção de Sinais de TV via Satélite e sua Distribuição por Meios Físicos a Usuários", permitindo, na prática, o
início da televisão a cabo no país, sem discussão pública, nem enquadramento legal entre os serviços de radiodifusão
ou de telecomunicações, embora podendo utilizar-se da infra-estrutura de serviços públicos.
28
concentrações verticais (grupos com várias concessões de TV a cabo) e concentrações cruzadas
(grupos que detém negócios em mídias diferentes, como TV a cabo e emissoras de rádio, por
exemplo).
tecnologias de transmissão. O pioneirismo deste processo foi das Organizações Globo, que
criaram a Globosat, um serviço de TV paga via satélite, na Banda C19, que exigia grandes antenas
parabólicas para recepção dos sinais. O Grupo Abril criou a TVA e posteriormente outros grupos
importantes, como a RBS do Rio Grande do Sul e o Grupo Algar, ingressaram no mercado logo
em seguida20.
Ainda assim, até meados da década passada, a TV por assinatura no Brasil ainda era
incipiente. O custo da mensalidade era bem mais elevado em relação aos dias atuais, e a oferta
dos serviços cobria um número bastante reduzido de cidades, concentrando principalmente nos
grandes centros urbanos do sudeste e sul do país. A nova modalidade de TV podia ser
sociedade civil, representada pelo Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações e sob
a liderança da Federação Nacional dos Jornalistas), foi elaborada a Lei n° 8.977, de 6 de janeiro
19
Banda C - Faixa de freqüências de microondas situada entre 3,7 GHz e 4,2 GHz. É utilizada na comunicação por
satélites e também em links terrenos. O termo é usado também para designar os primeiros serviços de TV via satélite,
que usavam essa faixa de freqüências.
20
Fonte: ABTA.
21
Segundo dados da ABTA, que consta em Melo (2002), em 1994, o número de assinantes de TV por assinatura no
Brasil era de cerca 0,4 milhão.
29
A “Lei do Cabo”, que será objeto de análise do próximo capítulo, obrigou as operadoras, a
disponibilizar seis canais de acesso público e gratuito: sendo três canais legislativos (Senado,
utilização livre por entidades não governamentais e sem fins lucrativos. A lei também determinou
que as operadoras de TV a cabo devem manter dois canais para uso eventual, mediante aluguel
(BASSO, 2002).
Em 1997, com a promulgação da Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472), foi criada
de observância das novas regras do setor, inclusive de TV por assinatura, e vem dando
Atualmente, no país, mudanças institucionais, que terão grande impacto nesses mercados,
têm sido discutidas no Congresso Nacional, que são as mudanças propostas no chamado PL 29,
que viriam a dar maior consistência ao modelo regulatório de TV por assinatura, hoje submetido
a um arcabouço que possui várias limitações, como o tratamento legal distinto das diversas
22
Ver Relatório AC 53500.029160/2004 que se refere ao Ato de Concentração apresentado ao SBDC, e teve como
Relator o ex-Conselheiro do CADE Luiz Carlos Delorme Prado.
30
Segundo o Grupo Mídia, o Brasil é considerado, hoje, o maior mercado inexplorado de TV
por assinatura do hemisfério ocidental, o que demonstra a relevância das discussões que
de mídia, feita pelo ex-Conselheiro do CADE, Luiz Carlos Delorme Prado, no seu Voto referente
Luiz Carlos Delorme Prado, leva em consideração a teoria de economia da mídia discutida no
primeiro capítulo desta monografia. Para Prado, a cadeia produtiva dessa indústria envolve, em
termos gerais, três fases bem definidas: produção; empacotamento; e distribuição. Ou seja,
consumidores. Para isso é necessário inicialmente adquirir direitos, o que implica a produção de
31
Figura 2.1 – Fases da Cadeia Produtiva da Indústria de Mídia.
DVDs, livros, jornais, etc. Finalmente esses produtos midiáticos devem ser distribuídos aos
Prado observa, ainda, que nessa indústria nenhum estágio é mais ou menos importante do
consumidor. Embora esse seja o modelo geral, cada mídia tem uma cadeia produtiva
característica.
53500.029160/2004 julgado pelo CADE. As seis fases da cadeia são ilustradas na figura a seguir,
32
Figura 2.2 – Agentes Econômicos da Cadeia Produtiva de TV por Assinatura, segundo
informe da Anatel.
incumbidos desta parte do processo, produzem conteúdos audiovisuais, que podem ser programas,
feitos diretamente para veiculação em canais de televisão (abertos ou pagos), ou filmes, para
Esses conteúdos audiovisuais produzidos, tanto podem ser licenciados para Distribuidoras
de direitos de exibição (que se localiza no próximo elo da cadeia) que os comercializa com as
Programadoras, ou até mesmo podem ser negociados diretamente com esta terceira fase do
processo.
Atualmente a produção nacional é pouco competitiva com a estrangeira. Grande parte dos
canais de programação distribuídos pelas prestadoras brasileiras de TV por assinatura tem suas
33
Por esta razão, um dos pontos mais discutidos no PL 29, que fará parte da análise do
nacional, como uma verdadeira reserva de mercado, que tem implicado em acirrados debates no
Congresso e na mídia.
O temor de quem é contra esta medida repousa no fato de que esta pode ter um efeito
contrário, pois através de experiências passadas constatamos que a reserva de mercado nunca
baixo nível, tanto do ponto de vista técnico como de conteúdo. Além de que, a imposição de
audiovisual, dentre eles o mercado de TV por assinatura. Participam desta fase tanto as grandes
como repositórios de conteúdos audiovisuais antigos, ou seja, não inéditos, de segunda a enésima
exibição, que compõem a maioria dos canais dos Pacotes básicos das prestadoras. Este
no mercado internacional.
34
No terceiro elo da cadeia produtiva, temos as Programadoras, que são aquelas que
conteúdos de temática específica (esporte, ciência, filmes, notícias, etc), além de uma grade
canal: Newco (do Grupo Bandeirantes), que tem como canais a Bandnews e a Bandsports; e a
Globosat (das Organizações Globo) que tem como canais o 1º canal de notícias brasileiro 24
horas no ar (Globo News), o primeiro canal dedicado à produção audiovisual nacional (Canal
Brasil), o maior canal de esportes do Brasil (Sportv) e o primeiro canal de esportes voltado para
Existem aquelas programadoras que programam apenas um canal, com destaque para a
Climatempo (Climatempo) e a Fundação Padre Anchieta (Rá Tim bum). Há em sua grande
maioria programadoras estrangeiras que atuam no Brasil, como a Warner Channel, Sony Channel
distribuem os mesmos no Brasil e inserem publicidade nos mesmos. Dentre as empresas atuantes
no mercado brasileiro de TV por assinatura, destaca-se a HBO Brasil, que além de programar e
distribuir os próprios canais, também representa os canais Sony, Warner Channel e A&E Brasil.
23
Grade de programação - Esquema com a seqüência de programação de um determinado canal durante um
determinado período de tempo.
35
Partimos agora para a quinta e penúltima fase da cadeia produtiva, o Licenciamento de
transmissão dos canais pelas Prestadoras de TV por assinatura. Segundo a legislação vigente no
empresa sediada no Brasil. Atuam com destaque nessa fase do processo produtivo no território
Por fim, chegamos à última etapa da produção do mercado de TV paga, segundo informe da
canais de programação junto ao consumidor. Essas empresas são responsáveis pela infra-estrutura
Essa infra-estrutura, que será analisada a seguir pode ser feita através de três modalidades
(TV a Cabo, MMDS, e DTH), necessitando para tanto de concessão, autorização ou permissão
por parte da Anatel. As principais prestadoras de TV por assinatura no país são: Sky/DirecTV,
distribuição de sinais: i) TV a cabo, ii) MMDS e iii) via satélite (DTH). Existe ainda uma quarta,
onde a distribuição de sinais utiliza radiofreqüência de um único canal em UHF, porém sem
36
i) TV a Cabo
24
Neste sistema, que é o mais difundido no Brasil, o sinal de TV gerado no headend -
levado até os domicílios por uma rede constituída por cabos coaxiais e, eventualmente, fibras
programadores distantes, os quais distribui seus sinais através de ligações (links) via satélite.
O custo de instalação dessa modalidade por domicílio é o mais alto dentre os métodos
utilizados, porém tem a vantagem de poder ser utilizado para outros fins, ou seja, serve como
meio para a prestação de diversos outros serviços, como dados, acesso a Internet, telefonia, e etc.
Essa rede é destinada tanto ao mercado residencial como ao corporativo, principalmente no que
Para receber os sinais em sua residência, o assinante do serviço necessita ter um aparelho
televisor pronto para receber sinais do cabo (cable-ready) ou utilizar um conversor (converter)25,
que recebe os sinais e os converte para uma freqüência compatível com o aparelho de televisão.
24
Headend - Central de recepção, processamento, geração e retransmissão do sinal para os assinantes. Termo usado
em cabo e MMDS.
25
Conversor - Equipamento instalado na casa do assinante que converte os canais recebidos pelo cabo em canais
sintonizáveis pela TV.
26
Decodificador - Aparelho que permite a visualização de sinais anteriormente codificados.
37
Fonte: ABTA - A programadora transmite o sinal por satélite até o headend da operadora, que envia a
As tecnologias mais modernas desta forma, através de cabos do tipo bidirecionais, que
Brasil, via cabo, está restrita aos grandes centros, pois como já foi dito, o custo marginal de
instalação por domicílio é bastante elevado, logo não há incentivos econômicos para a exploração
desse serviço em locais afastados, com poucos habitantes e domicílios espaçados, ou seja, as
cidades de interior.
27
TV interativa – Serviço de TV que permite a interatividade, a interferência instantânea na programação por parte
do assinante.
38
ii) MMDS (Multipoint Multichannel Distribution System)
MHz), de forma semelhante à transmissão dos canais de TV aberta. Por utilizar freqüência tão
através de um sistema de ondas em UHF. Cada assinante possui, obrigatoriamente, uma antena
alto para que as antenas dos assinantes possam “vê-la”. Da mesma forma que na TV a cabo, o
sinal gerado no headend é composto a partir dos sinais recebidos de programadoras locais e
distantes. A figura abaixo mostra como é feita a transmissão dos sinais de TV por assinatura via
MMDS:
39
Fonte: ABTA – A operadora transmite o sinal por satélite até o headend da operadora que envia a
digitais, mas novas tecnologias demonstram a viabilidade de ampliar-se ainda mais o número de
canais digitais transmitidos. A capacidade de canais do MMDS é menor que a do cabo porque o
sistema dispõe de uma faixa mais estreita do espectro de radiofreqüências. Essa capacidade pode
O sistema Direct-to-Home (DTH) permite que o sinal gerado pela operadora seja recebido
nacional ou até mesmo continental, por se tratar de uma transmissão via satélite. Além de que, o
custo de instalação dessa modalidade por domicílio é baixo se comparado as outras tecnologias
Porém, as barreiras à entrada no mercado de TV por assinatura através desta tecnologia são
elevadas, pois engloba o aluguel de espaços em satélites e a montagem de uma rede a nível
40
O sistema DTH mais antigo, analógico, é comumente chamado de Banda C, pois ocupa
uma faixa de freqüências nessa banda (em torno de 6 GHz para subida e de 4 GHz para descida).
Da mesma maneira, o sistema mais moderno, digital, é identificado pela sua faixa de operação, a
Banda Ku28 (em torno de 14 GHz para subida e de 12 GHz para descida).
Fonte: ABTA – A operadora transmite o sinal por satélite diretamente até a casa do assinante.
programas de conteúdo local, pois a programação é a mesma para todos os assinantes, em toda a
área de cobertura.
28
Banda KU – Faixa de freqüência em microondas de 10,95 a 12,7 GHz, utilizada originalmente em aplicações
especiais. Mas recentemente, passou a ser usada para transmissão de sinais de TV, exigindo satélite e equipamento
de recepção próprios.
41
2.4 – O Cenário Nacional
Nesta seção, será exposta a situação atual do mercado brasileiro de TV por assinatura,
Existem hoje (1º trimestre de 2009), no Brasil, segundo dados da Anatel29, mais de 6,6
milhões de assinantes de TV por assinatura, o que sugere o mesmo número de domicílios com
acesso ao serviço. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD/IBGE), esse
número corresponde dizer que cerca de 22,4 milhões de pessoas tem acesso a TV paga em todo
território nacional30.
compararmos com o ano de 2006, onde cerca de 4,6 milhões de domicílios eram atendidos por
este serviço, ou seja, 15,6 milhões de pessoas, o que corresponde um aumento de 44% do número
estima-se que a população brasileira é de cerca de 189,6 milhões de pessoas, logo, a parcela
29
Fonte: Anatel, Dados Estatísticos dos Serviços de TV por Assinatura (Abril de 2009). Cap.1 pg 10, atualizado até
30 de abril de 2009. Disponível em: http://www.anatel.gov.br . Acesso em: 31/06/09.
30
Segundo a PNAD/IBGE, em 2006, o número médio de moradores por domicílio particular permanente, no Brasil,
correspondia a 3,4 pessoas.
31
Cálculo de estimativa próprio.
32
Cálculo de estimativa próprio.
42
Ao contrário da TV aberta, financiada através de um mercado de dois produtos
(programação e audiência), a televisão por assinatura, como o próprio nome sugere, é destinada
exclusivamente a assinantes, com poder aquisitivo suficiente para adquirir o serviço (pagar
empresas operadoras), o que no Brasil representa uma restrição do acesso às camadas com
Com os dados da ABTA apresentados no gráfico abaixo, verifica-se que a grande maioria
taxa de penetração (a razão entre o número de TVs por assinatura sobre o número de aparelhos de
TV existentes) da classe A é mais que o dobro da B, e as classes D e E somam juntas apenas 1%.
24%
6%
1%
A B C De E
Fonte: ABTA33
33
Dados disponíveis no site: http://www.midiafatos.com.br/index.aspx . Acesso em 20/05/09.
43
Além do acesso ao serviço ser restrito às camadas mais altas da sociedade, a cobertura do
tecnologia DTH (Direct-to-home), cuja oferta está pulverizada por todo o país, as operadoras de
TV por assinatura no país. Nota-se que mais da metade dos assinantes de TV paga no Brasil
pertencem à região sudeste, e que o estado de São Paulo é responsável por cerca de 43,5% dos
São Paulo
43,5% Rio Grande do sul
7,5%
Paraná
5,3%
Distrito Federal
2,8%
Fonte: ABTA34
No fim do ano de 2008, existiam prestadoras em operação em 457 dos 479 municípios onde
existiam contratos assinados. Ou seja, o serviço de TV por Assinatura (TV a cabo ou MMDS)
44
A tabela abaixo demonstra a evolução na quantidade de prestadoras por tecnologia, entre
2003 e 2008.
MMDS 29 28 28 27 27 26
MMDS e TV a Cabo 4 4 4 4 3 3
DTH 10 10 10 10 10 14
TVA (UHF) 21 21 21 21 22 22
MMDS e TVA 1 1 1 1 - -
Fonte: Anatel36
mercado 108 empresas deste tipo, contra 26 utilizando a distribuição de sinais por microondas
Porém, cabe ressaltar que no que diz respeito ao crescimento de firmas por tecnologia, a do
tipo Direct-to-Home lidera com quatro adições do ano de 2007 para 2008, o que representa um
35
Fonte: Teleco. Estatísticas TV por Assinatura. Disponível em: http://www.teleco.com.br . Acesso em: 12/06/09.
36
Fonte: Anatel, Dados Estatísticos dos Serviços de TV por Assinatura (Abril de 2009). Cap.1 pg 10, atualizado até
30 de abril de 2009. Disponível em: http://www.anatel.gov.br . Acesso em: 20/06/09.
45
A tabela abaixo mostra o número de assinantes por modalidade de tecnologia no território
nacional.
TVA (UHF) - - 4 12 22 23
Diante dos dados da Anatel apresentados na tabela acima, inferimos que, do total de
assinantes, no primeiro trimestre de 2009, cerca de 63,7% eram usuários de TV a Cabo, 34,4% de
DTH, 6,2% de MMDS e 0,4% de TVA (UHF). Além disso, verificamos também que de cada 100
por assinatura de acordo com a tecnologia de prestação do serviço, pois esta informação permite
46
Gráfico 2.3 - Adições Líquidas de Assinantes de TV por
Assinatura
583
386
329
Milhares
331
283
241
142
112 88 89
42 30 50
-3 4 9 10
Fonte: Teleco
O gráfico mostra que a TV a Cabo lidera as adições líquidas de assinantes com cerca de 583
mil novos consumidores no ano de 2008, contra 329 mil novos assinantes de DTH, 50 mil de
MMDS e 10 mil de TVA. Isso pode ser justificado pela expansão dos pacotes do tipo triple play
pelas empresas de TV a Cabo, que engloba os serviços de vídeo, dados e voz num único pacote,
mais à frente.
O preço médio dos pacotes de TV por assinatura cresceu de R$ 47 em 2003 para cerca de
R$ 56 em 2008, atingindo o maior patamar em 6 anos. Com isso, cresce também o faturamento
das prestadoras do serviço, atingindo a marca de 8,5 bilhões em 2008, segundo dados da ABTA
/SETA37, que corresponde um crescimento de 26% em relação ao ano anterior. Neste valor estão
37
Dados disponíveis no site: http://www.midiafatos.com.br/index.aspx . Acesso em: 20/05/09.
47
inseridos essencialmente mensalidade, pay-per-view e Internet em alta velocidade, além das
receitas com publicidade que são captadas predominantemente pelas operadoras de TV paga.
faturamento das prestadoras de TV por assinatura, já que 35% do faturamento das empresas de
As principais empresas operadoras de TV por assinatura no país são: NET / Vivax, SKY
/DirecTV, Telefônica e Oi TV. O gráfico abaixo apresenta o market share das prestadoras de TV
Telefonica
Outras 7,6%
12% Oi TV
0,9%
Fonte: Teleco
operadora Net/Vivax lidera o mercado de TV por assinatura com 50,6% dos assinantes no país,
38
Fonte: Teleco. Estatísticas TV por Assinatura. Disponível em: http://www.teleco.com.br. Acesso em: 12/06/09.
48
seguidos pela operadora de TV por satélite SKY/DirecTV, com 31% do market share. Telefônica
com 7,6%, e Oi TV com 0,9% são as outras com parcela de mercado significativa, e bom
Durante os últimos anos ocorreram mudanças no mercado que demonstram uma tendência a
um acordo para a fusão das prestadoras de TV por assinatura por DTH SKY e DirecTV no Brasil.
A nova empresa, que manteve o nome SKY Brasil, passou a ser controlada e gerenciada pela
DirecTV (72%), com a Globopar detendo os 28% restantes. Essa fusão foi aprovada pelo CADE
em maio de 2006, tendo como relator na época o Conselheiro Luiz Carlos Delorme Prado39.
Telmex junto a Globopar, de participação acionária minoritária nas prestadoras dos serviços de
também minoritária, nesta empresa. Em setembro deste ano, a Embratel Participações anunciou a
39
Refere-se ao AC nº 53500.002423/2003. Requerentes: The New Corporation Limited e Hughes Electronic
Corporation; e ao AC nº 53500.029160/2004. Requerentes: The New Corporation Limited, The DirecTV Group e
Globo Comunicações e Participações S.A. (Globopar). Relator: Luiz Carlos Delorme Prado.
49
Serviços de Comunicação S.A. detida pela Telmex mexicana. Em novembro de 2006, o CADE
No ano de 2006, houve a aquisição pela TNL Participações, através de leilão na Bovespa
em 27 de julho, das ações ordinárias e preferenciais de emissão da Way TV, que era controlada
desembolsou cerca de R$ 132 milhões na compra. A aprovação desta operação pelo CADE foi
rede da Infovias não fosse utilizada futuramente com exclusividade pelas Requerentes41.
Em outubro de 2006, a Telefônica e o Grupo Abril anunciaram que a primeira iria adquirir a
totalidade das operações MMDS da TVA nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e
Porto Alegre, além de 100% das ações preferenciais e ordinárias das operações de TV a Cabo em
São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Foz do Iguaçu. Porém, uma decisão da Anatel determinou
que a Telefônica não poderia exercer o controle acionário ou societário da TVA, pois segundo a
agência reguladora as empresas de telefonia fixa são proibidas de oferecer TV a cabo na região
em que já atuam. Com isso, AS empresas funcionam de forma independente no Estado de São
Ainda no ano de 2006, a Net anunciou a aquisição da Vivax, operação que teve sua
efetivação em dezembro do mesmo ano, e foi aprovada pelo Anatel em maio de 2007, e pelo
CADE em dezembro do mesmo ano. Também em dezembro de 2007, a Net anunciou mais uma
40
Refere-se ao AC nº 53500.019422/2004. Requerentes: Teléfonos de México S.A. de C.V e Globopar
Comunicações e Participações S.A. Relator: Luiz Carlos Delorme Prado.
41
Refere-se ao AC nº 53500.022152006. Requerentes: TNL Participações S.A e Way TV Belo Horizonte S.A.
Relator: Luiz Carlos Delorme Prado.
50
aquisição, 100% das ações e quotas representativas da BIG TV, ampliando assim sua área de
atuação geográfica.
2007)42.
tecnológica e a evolução de protocolos de interface aberta, como o IP, por exemplo. No âmbito
da tecnologia “clássica” (ou tradicional), cada serviço requer sua própia rede e, portanto, os
das tecnologias utilizadas. Situação diferente ocorre no cenário da tecnologia convergente, pois a
mesma infra-estrutura de rede é utilizada para prestar diferentes serviços, aplicações e conteúdos,
Outro conceito deste processo, que consta no Livro Verde da Comissão Européia (CE),
televisão e o computador pessoal. Esses novos produtos são chamados de triple-play ou multiplay.
42
Ver mais em Prado (2007).
51
Um ponto importante a ser considerado com o triple-play é referente à inclusão digital,
porque se formos observar existem muitas cidades, principalmente no interior dos estados, que
não possuem TV a cabo, mas com certeza já desfrutam dos serviços da Internet em banda larga.
Com esta nova tecnologia estas cidades poderão ter acesso a mais nova geração da televisão, que
quebra alguns paradigmas e apresenta vários entretenimentos aos usuários. Além disso, esta
serviços de voz, dados e vídeo. Conseqüentemente, o processo de convergência traz consigo uma
O processo em questão tem tanto um lado técnico como um lado funcional. O lado técnico
qualquer tipo de dados, enquanto o funcional significa que o consumidor poderá ser capaz de
meios de comunicação pode desempenhar um papel importante a nível nacional, no que diz
comunicação da sociedade, tornando mais democrático o acesso aos diversos serviços antes
52
Por outro lado, temos também o impacto positivo do desenvolvimento das atividades do
homem moderno e da acentuação do processo de globalização, que faz com que a necessidade do
cidadão de ter de se comunicar a qualquer hora do dia, em qualquer lugar por meio de qualquer
concorrência, dando aos consumidores uma ampla variedade de prestadores de serviços para
(TI), audiovisual (TV por assinatura), radiodifusão (TV aberta); Convergência entre serviços –
serviços e/ou conteúdos oferecidos por diferentes redes (telefonia fixa, banda larga e TV – triple-
play ou telefonia móvel – quadruple-play); Convergência entre redes – uma mesma rede
convergentes vão coexistir por tempo significativo e indeterminado. Com isso ressalta-se a
43
Ver Relatório "A Convergência Tecnológica e seus Impactos Concorrenciais", de autoria do ex-conselheiro do
CADE, Luiz Carlos Delorme Prado, resultante de 12 audiências públicas sobre o tema, realizadas de 26 de abril a 13
de setembro de 2007 no Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (CADE), Brasília.
53
importância de se ter um modelo institucional adequado para permitir o melhoramento do serviço
de telecomunicações no Brasil.
TV por assinatura no país, atentando para o quadro apresentado sobre o cenário nacional do
54
3 – A REGULAÇÃO E O SISTEMA JURÍDICO DO MERCADO DE TV
Estado para orientar ou limitar o grau de liberdade de escolha dos agentes econômicos em defesa
do interesse público, visando aumentar os níveis de eficiência econômica nos mercados regulados,
Segundo Pinto Jr. E Fiani (2002, p. 515), os limites impostos aos agentes privados podem
“Ao contrário do que possa parecer - e não raro surge no discurso político sobre o tema -, o
regulados”.(pág. 86)
55
concorrência, da livre entrada e saída do mercado ou, ainda, de mecanismos que conduzam a
econômicos individuais.
Na eficiência alocativa, busca-se atingir a condição do ótimo de Pareto, que faz com que o
máximo de transações seja realizado, com a conseqüente geração de maior renda. Porém, sabe-se
que esta condição é teórica, pois só será atingida em condições de concorrência perfeita no
equilíbrio geral, onde os preços se igualam aos custos marginais em todos os mercados. O setor
público provavelmente não existiria se todos os bens e recursos fossem perfeitamente alocados no
mercado.
Já a eficiência dinâmica corresponde àquela ao longo do tempo, ou seja, que leva em conta
capacidade de inovação. Tal noção torna o progresso técnico como variável endógena à eficiência
bem ou serviço produzido, além disso, a presença de concorrentes faz com que as firmas
busquem investir e inovar para não perder parcela de mercado, culminando num maior
Existe um tipo de monopólio que pode constituir uma forma eficiente de organizar a
56
atendido pelo monopolista. É a situação denominada monopólio natural, onde a entrada de mais
um concorrente no mercado seria ineficiente, pois seria eliminada pela própia concorrência,
O monopólio natural é uma situação de mercado em que os custos fixos são muitos
elevados e os variáveis ou custos marginais são muito próximos de zero. Caracterizados também
por serem bens exclusivos e com muito pouca ou nenhuma rivalidade (PYNDICK, 2004).
retorno muito grandes, por isso funcionam melhor quando bem protegidos. No Brasil, as
em 1998.
A partir de então, a regulação ativa de agentes privados sob regime jurídico de concessão ou
permissão, tornou-se a opção adotada pelo Estado brasileiro após a privatização do setor, afim de
que se fosse feita uma rigorosa supervisão estatal na oferta dos serviços, de maneira a garantir
que sejam providos de forma adequada e a minimizar riscos de abuso do poder econômico.
57
O novo modelo das telecomunicações brasileiras foi definido pela Lei Geral das
Telecomunicações (LGT) – Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, a mesma que criou a Anatel,
que tinha como objetivo organizar a exploração dos serviços de telecomunicações no país.
A Anatel foi criada para viabilizar este novo modelo de telecomunicações, desempenhando
o papel de órgão responsável pela regulação do setor, e preparar o país para ingressar na
outorga dos serviços de radiodifusão, conforme o artigo 211 da LGT, mantendo-a no âmbito de
Ainda sim, a Anatel é responsável por garantir a toda população brasileira o acesso aos
assinatura é regulada, portanto pela Anatel, sendo sua regulação dissociada da radiodifusão, que é,
pela regulamentação, as outorgas para a prestação dos quatro tipos de serviço de TV por
assinatura (TV a cabo, DTH, MMDS e TVA-UHF) e o combate às infrações a ordem econômica.
44
Fonte: Informe da Anatel, Perspectivas para Ampliação e Modernização do Setor de Telecomunicações. Brasília,
2000.
58
Já a fiscalização no aspecto técnico das prestadoras do serviço é de responsabilidade da
sancionou a Lei nº 8.977 dispondo sobre o serviço de TV a cabo. Percebe-se então que esta lei
O serviço de distribuição de sinais de televisão e áudio por assinatura via satélite, o DTH,
tem suas condições para exploração e uso do serviço determinado pela Norma Nº 008/97. Já o
MMDS tem suas condições dispostas na Norma Nº 002/94 REV 97. Ambas as modalidades são
A Lei do Cabo, como ficou conhecida, definiu em seu artigo segundo os serviços de TV a
Cabo como serviços de telecomunicações que consistem na distribuição de sinais de vídeo e/ou
social e econômico do País”. A formulação desta política é orientada pelas noções de “rede única,
45
Fonte: Informe da Anatel, Estudo Comparativo de Modelos Regulatórios Nacionais. Brasília, 2007.
59
rede pública e participação da sociedade, operação privada e coexistência entre as redes privadas
Neste último artigo citado podemos salientar pontos positivos do disposto na lei.
telecomunicações no Brasil. Porém, de fato, a idéia de rede única nunca funcionou totalmente,
tanto que muitas operadoras de cabo construíram redes de transporte próprias, para transmissão
Em segundo, de acordo com Brittos (1999, p. 9): “a idéia de rede pública possibilita o
democratizante, num país onde os proprietários dos veículos sempre limitaram a participação na
programação da mídia”.
A Lei do Cabo estabelece a concessão como “o ato de outorga através do qual o poder
executivo confere a uma pessoa jurídica de direito privado o direito de executar e explorar o
Serviço de TV a Cabo” (Artigo 5º, I). A operadora é a pessoa jurídica diversa da “programadora”,
que produz e/ou fornece “programas ou programação audiovisual” (Artigo 5º, VII). Quanto aos
canais, eles estão divididos em básicos, destinados à prestação eventual de serviço, destinados à
XII).
por 15 (quinze) anos, podendo ser renovada por períodos sucessivos e iguais, dadas
60
exclusivamente à pessoa jurídica de direito privado que tenha como atividade principal a
O Art. 6º nos coloca a primeira limitação para a expansão do serviço, principalmente sob a
forma de aumento do número de empresas atuantes, pois o artigo estabelece que a outorga seja
dada através de concessão, um contrato rigoroso entre o Estado e uma empresa prestadora de
serviço de interesse público, onde se define direitos e deveres de ambos, assim como estabelece
Outra barreira legal que se impõe é a determinação da Lei do Cabo de que concessionária
de TV a cabo deve ter como atividade principal a prestação desse serviço, faz com que um grupo
exploração continua sendo concedida somente à pessoa jurídica de direito privado e que tenha
sede no Brasil e pelo menos 51% do capital social, com direito a voto, pertencente a brasileiros
Temos desta forma mais uma diferença na organização do mercado de TV por assinatura
nas suas diferentes modalidades, pois essa restrição de maioria do capital social da empresa ser
detida por brasileiros apenas, desestimula o investimento externo no setor, enquanto que a forma
via satélite e MMDS não requerem este tipo de cláusula. Ainda, essa determinação acabou tendo
61
conseqüências graves em termos de investimentos em infra-estrutura. A medida em que se
Outra determinação importante feita pela Lei 8.977/95, no seu Art 9º, é que para ocupar a
direção da concessionária de TV a cabo, a pessoa física não poderá gozar de foro especial ou
imunidade parlamentar, evitando dessa forma que haja possíveis conflitos de interesse político e
privado.
O capítulo III da mesma lei estabelece que as concessões para exploração do serviço de TV
a cabo não terão exclusividade em hipótese alguma em nenhuma área de prestação de serviço
determinada (Art 14º), ou seja, uma ou mais empresas operadoras podem disputar o mesmo
mercado.
Neste capítulo identifica-se mais uma limitação da lei, quando em seu Art 15º estabelece-se
cabo na hipótese de não haver interesse por parte de empresas privadas em fazê-lo, caracterizado
este fato pela ausência de resposta a edital relativa a uma determinada área de prestação de
serviço.
Telecomunicações são objeto do Capítulo IV da Lei 8.977/95, onde se define que a propriedade
operações de transporte de sinais de telecom, inclusive de TV (Art. 16). Já a primeira pode ser de
62
Ainda no mesmo capítulo, determina-se que as concessionárias de telecom poderão
O Art. 26 dispõe ainda em seus dois parágrafos, sobre a garantia ao assinante, mediante
da assinatura básica, que para padrões nacionais, como foi visto no capítulo dois deste estudo,
Em razão do alto preço das mensalidades de TV por assinatura pode-se dizer que a
expansão do serviço não deslanchou no Brasil. O país tem hoje (Fonte: Anatel / 1º trimestre de
2009) cerca de 6,3 milhões de assinantes e uma penetração entre as menores do mundo, mesmo
comparada com países com PIB per capta iguais ao nosso. No Brasil, enquanto a penetração de
25%; no México, 24% e na Venezuela, 21%. 47 . O alto preço do serviço no país pode estar
associado à falta de competição, já que o mercado de TV paga nacional conta com poucas
operadoras.
O Capítulo V da lei é referente à operação do serviço e dispõe sobre a exigência por parte
diversas destinações. Uma das principais conquistas da lei foi a obrigatoriedade da presença de
46
De acordo com a tabela 2.1 apresentada no Capítulo 2 deste trabalho.
47
Dados da ABTA. Disponível em: http://www.midiafatos.com.br/index.aspx . Acesso em 23/07/2009.
63
emissoras públicas, comunitárias e universitárias na TV por assinatura sem custo algum, dentre
estes seis canais de acesso público e gratuito: sendo três canais legislativos (Senado, Câmara
por entidades não governamentais e sem fins lucrativos. A lei também determinou que as
operadoras de TV a cabo devem manter dois canais para uso eventual, mediante aluguel.
poderá ser requerida após o início da operação do serviço, dependendo de prévia autorização do
Poder Executivo competente, sob pena de anulação (Art. 27 e 28). Já a renovação da concessão é
continuidade da prestação do serviço bem como a modernização do seu sistema (Art. 36).
como aos assinantes do serviço. Segundo Art. 30 da Lei do Cabo, a operadora pode codificar
sinais, veicular publicidade (como foi visto anteriormente, esta é a principal fonte de receita das
prestados (manutenção, por exemplo) e co-produzir filmes nacionais utilizando incentivos fiscais
As operadoras têm como dever atender as normas e regulamentos do serviço, não recusar o
atendimento de clientes dentro de sua área de prestação de serviço através de qualquer tipo de
48
Lei Nº 8.685, de 20 de julho de 1993, conhecida como Lei do Audiovisual cria mecanismos de fomento à atividade
audiovisual, como mecanismos de incentivo à produção de filmes brasileiros independentes, através de renúncia
fiscal.
64
discriminação, além de ser obrigada a exibir em sua programação filmes nacionais de todo tipo
receber por parte da operadora, de forma direta ou por terceiros, serviços de instalação e
Diante das limitações e dos desafios relatados pela análise do atual arcabouço institucional
Poder Executivo afim de que se organize também a exploração do serviço nas modalidades DTH
e MMDS, surge o debate da necessidade de um novo marco normativo que possa atender as
Nacional, visando à adequação da atual legislação, que ganha corpo com o Projeto de Lei Nº 29.
O PL 29/07, de autoria do Dep. Paulo Bornhausen, pretendia instituir um novo marco legal para a
comunicação social eletrônica no País, matéria constante dos artigos. 220 a 224 da Constituição
Federal, e revogava dispositivos da Lei do Cabo, Lei nº 8.977/95. Foram apensados ao PL nº 29,
65
Essas proposições sujeitas à apreciação conclusiva das Comissões (inc. II do art. 24 do
CCTCI, o PL 29/07 chegou a ser relatado pelo Dep. Jorge Bittar, que elaborou um Substitutivo49
que, no entanto, não chegou a ser votado, tendo o PL sido re-encaminhado à CDC, cujo
discussão um novo substitutivo do novo Projeto de Lei, de autoria do novo relator, o Dep. Vital
do Rêgo Filho, entendendo que ainda há necessidade de se fazer ajustes técnicos e legislativos ao
Substitutivo. Porém, ressalta-se que este trabalho está baseado no Substitutivo do Dep. Jorge
Bittar.
vista tecnológica, ou seja, regular igualmente as diferentes formas de distribuir o produto. Este é
o primeiro ponto positivo, pois o que realmente importa para o consumidor é o produto final, e
não a forma como este é provido. Para o consumidor final não há diferença se o serviço foi
49
Quando da divulgação do Substitutivo de Jorge Bittar ao PL 29, na CCTCI, manifestaram-se “favorável” ao
mesmo, a ANATEL e a STI/MDIC, e “favorável com sugestões”, a ANCINE, a SEAE/MF e a CONJUR/Minicom.
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Por isso, o Projeto de Lei propõe a revogação da Lei 8.977/95 que fere a premissa da
neutralidade tecnológica, ou seja, só serve para o cabo. É proposta ainda a supressão dos artigos
da radiodifusão, que por preceito constitucional é tratada de maneira distinta dos demais serviços.
MMDS, de DTH e de TVA passarão a ser um único Serviço de Acesso Condicionado, explorado
obter um número maior de agentes econômicos atuantes em cada etapa do processo de produção.
Este é um outro ponto positivo, pois ao desagregar a cadeia produtiva identificam-se as diversas
atividades que contribuem para o serviço, estabelecendo, para cada uma delas, regras específicas.
empresas “empacotadoras”, pois esta atividade é livre, podendo ser exercida inclusive pelo
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É possível que mesmo assim ocorra “verticalização” nas atividades, por exemplo, a NET produz os seus conteúdos
através de diversas subsidiárias das Organizações Globo; programa-os através dos muitos canais Globosat (uma
dessas subsidiárias); empacota-os através da própria NET Brasil; e transporta os pacotes para a casa dos assinantes,
através da NET Serviços.
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próprio distribuidor do serviço de TV por assinatura. A definição desta etapa da cadeia produtiva
Em seu turno, a regulação por camada consiste em abrir a cadeia de valor de forma a
distinto terá a competência na regulação de cada uma dessas “camadas”, sendo a Ancine
responsabilidade da Ancine. Também são dados poderes ao CADE para monitorar a concorrência,
pois a instrução dos processos de concorrência no setor do audiovisual será realizada pela Ancine
queda nos preços, e ainda o fomento à produção para ampliar o mercado, estimulando o conteúdo
Fistel51 para a Condecine52, sem alterar a carga tributária ou criar novo tributo.
mudam. Pelo disposto no novo Projeto de Lei o capital estrangeiro fica livre nas fases de
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Fistel – Fundo de Fiscalização das Telecomunicações é um fundo que se destina a custear as despesas realizadas
pelo Governo Federal no exercício da fiscalização das telecomunicações, e a custear o desenvolvimento de novos
meios e técnicas para o exercício desta fiscalização.
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Condecine – Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional – tem por fato gerador
a veiculação, produção, licenciamento e distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas publicitárias com
fins comerciais.
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empacotamento e distribuição (telecomunicações), com isso surge a possibilidade da entrada das
em que já atuam. Apesar disso, muitas driblaram a legislação e conseguem prestar o serviço. A
Telefônica, por exemplo, comprou parte da TVA, mas em São Paulo, não pode ter o controle da
empresa de telefonia foi a única a fazer oferta pela Way TV, a Anatel entendeu que isso era
por assinatura, com isso, o número de agentes competindo aumentará gerando benefícios para o
Essa tendência, de uma empresa ou um grupo econômico oferecer uma variada gama de
tecnológica, que vem desenvolvendo-se cada vez mais, e criando um cenário concentrado de
A entrada das teles no mercado de TV por assinatura é importante também para facilitar a
expansão da oferta do serviço no território brasileiro, pois onde elas possuírem a infra-estrutura
desagregação das redes é outro fator importante, pois vai permitir mais uma fonte de renda para
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A “Lei do Cabo” permite a concessionária comprar licença em sua área de concessão desde que haja manifesto do
interesse por parte de outros agentes.
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Esta medida provoca um grande debate sobre seus pontos positivos e negativos, pois se por
um lado ela trás mais competição ao setor com a entrada de novas empresas no mercado
serviços (voz, dado e vídeo), e a queda dos preços que corresponde uma das maiores barreiras à
assinatura.
No que diz respeito ao controle das empresas de audiovisual, o PL-29 estabelece que os
grupos internacionais só poderão controlar até 30% do capital das empresas brasileiras de
produção audiovisual no Brasil, com 100% do capital de fora. As únicas limitações devem ser as
mesmas de Lei Geral de Telecomunicações (LGT), ou seja, os produtores devem ser empresas
nas atividades de produção e na programação, e a radiodifusão só pode participar com até 50% na
econômico, mas terá que ser uma empresa sob o controle nacional, gerida por brasileiros.
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Para definir conteúdo nacional, utiliza-se o mesmo critério adotado pela Lei da Ancine, ou seja, tem que ser
produzido por empresa com maioria de capital brasileiro (há uma quantidade de técnicos que também precisam ser
brasileiros), ou em regime de co-produção.
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nacional. O sistema de cotas vai afetar as atividades de programação (de um canal) e de
empacotamento (de vários programas). Por essa razão que o empacotamento deverá ser feito por
empresa gerida por brasileiros, pois é nessa etapa que se assegura a programação brasileira.
televisão, novelas, tudo que não for jornalismo, programa de auditório, transmissão esportiva,
televendas etc. Dentro desse "espaço qualificado", cada canal fica obrigado a transmitir, no
Um canal que só transmite 100% de programação jornalística esportiva estará, com isso,
excluído dessa obrigação. Já um canal que, entre tantos programas, dedica algumas horas a filmes
ou séries, terá que cumpri-la na proporção dessas horas. Um canal 100% cinematográfico terá
25% de canais nacionais nos pacotes (suavização da aplicação das cotas para pacotes que
possuam grande quantidade de canais); um terço dos canais nacionais deve ser de produtores
alcançadas de maneira progressiva em até quatro anos, com duração de quinze anos.
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Utiliza-se também a lei da Ancine para definir o que é produção independente. O independente não tem vínculo e
não pode ter contrato de exclusividade com o programador.
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