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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

FMU

Lucas Felipe Ribeiro dos Santos

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS EM PESSOAS COM


ESCLEROSE MÚLTIPLA – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

São Paulo

2017
LUCAS FELIPE RIBEIRO DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS EM PESSOAS COM ESCLEROSE MÚLTIPLA –


UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

Trabalho de Conclusão de Curso realizado no Curso


de Graduação em Psicologia do Centro Universitário
das Faculdades Metropolitanas Unidas para obtenção
do título de Psicólogo; orientados pelos: Profs. MS
Susana Soares, Ms Catalina Naomi Kaneta (Docente
de Metodologia).
RESUMO

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, progressiva,


inflamatória e desmielinizante, que gera lesões na bainha de mielina do sistema
nervoso central (SNC), acometendo mais mulheres do que homens na proporção de
2:1, entre 20 e 40 anos, de forma única em cada pessoa o que impossibilita traçar
um plano único de evolução da doença, podendo afetar os sistemas motor, visual,
cognitivo, entre outros, impactando diretamente na interação social com o meio.
Objetivo: realizar uma revisão de dados sobre o desenvolvimento de HS em
pessoas com EM. Método: Pesquisa de revisão sistemática, levantamento
bibliográfico por meio das bases de dados, SciELO e BVS, buscando artigos
brasileiros, em português, com até 5 anos de publicação. Resultados: Foram
encontrados 4 artigos diferentes nas buscas, 3 estão ligados a psicologia e apontam
características cognitivas do paciente com EM, outro é da fisioterapia e relata efeitos
da equoterapia na estabilidade postural de pessoas com EM. Discussão: O
paciente acometido por EM, muitas vezes necessita mudanças e
redimensionamento de atividades em sua vida, fazendo-se necessário utilizar de
habilidades de enfretamento, socialização, controle da agressividade, entre outras,
para uma interação mais adaptada com o meio, frente as mudanças. Conclusão: É
possível verificar que, nos últimos 5 anos, no Brasil, não foram publicados trabalhos
que apontem diretamente para o desenvolvimento de HS em pessoas com EM.

Palavras chaves: Esclerose Múltipla, Habilidades Sociais, Treino de habilidades


Sociais.
ABSTRACT

Multiple sclerosis (MS) is a chronic, progressive, inflammatory and demyelinating


neurological disease that generates lesions in the myelin sheath of the central
nervous system (CNS), affecting more women than men in the ratio of 2: 1, among
20 And 40 years, in a unique way in each person, which makes it impossible to draw
a single plan for the evolution of the disease, affecting the motor, visual and cognitive
systems, among others, directly impacting on social interaction with the environment.
Objective: to conduct a review of data on the development of HS in people with MS.
Method: Systematic review research, bibliographic survey through databases,
SciELO and VHL, searching for Brazilian articles, in Portuguese, with up to 5 years of
publication. Results: Four different articles were found in the searches, three related
to psychology and pointed out the cognitive characteristics of the patient with MS,
another is physiotherapy and reports the effects of equine therapy on the postural
stability of people with MS. Discussion: The patient affected by MS often requires
changes and resizing of activities in his life, making it necessary to use coping skills,
socialization, aggressiveness control, among others, for a more adapted interaction
with the environment, Changes. Conclusion: It is possible to verify that, in the last 5
years, in Brazil, no studies have been published that point directly to the
development of HS in people with MS.

KEY WORDS: Multiple Sclerosis, Social Skills, Social Skills Training.

São Paulo

2017
Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 6
MÉTODO…………………………………………………………………………………………………………………………………………….8
RESULTADOS............................................................................................................................................9
DESENVOLVIMENTO..............................................................................................................................12
CONSIDERAÇÕES FINAIS……………………………………………………………………………………………………………………15
REFERENCIAS……………………………………………………………………………………………………………………………………17

TABELAS E IMAGENS

IMAGEM 1……………………..........................................................................................................................6

TABELA 1..................................................................................................................................................8

TABELA 2..................................................................................................................................................9

TABELA 3................................................................................................................................................10
1. INTRODUÇÃO

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune, em que o sistema


imunitário não consegue distinguir as células do próprio corpo de células estranhas,
atacando e destruindo os seus próprios tecidos. O principal alvo deste ataque é a
mielina, uma camada de gordura protetora que envolve as fibras nervosas e que
ajuda na transmissão de impulsos elétricos (FERNANDES, 2011).
A escolha por escrever este artigo foi a observação de estudos sobre a
doença e a constatação da escassez de publicações nos últimos 5 anos de
produções brasileiras que apontem a utilização de uma técnica psicoterapêutica com
pacientes com EM. Considerou-se também, o fato de que a pessoa adoecida pode
ter o estado emocional comprometido em uma doença crônica, debilitante e de
epidemiologia pouco estudada. De acordo com o Atlas da EM publicado em 2013
pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla (MSIF) em parceria com a
Organização Mundial de Saúde - OMS e traduzido pela ABEM – Associação
Brasileira de Esclerose Múltipla, estimasse que no Brasil existem diferentes índices
de prevalência da doença de acordo com a localidade, variando entre 5,01 e 20
pessoas diagnosticadas a cada 100.000 habitantes.
Imagem 1 - Fonte: MSIF, Federação Internacional de Esclerose Múltipla. Atlas da EM 2013.
Mapeamento da esclerose múltipla no mundo.

A cada ano o número de pessoas diagnosticadas com EM vem aumentando,


em 2008 o atlas publicado pela MSIF estimativa que a população mundial era de 2,1
milhões de pessoas com EM. É possível observar no período de 5 anos o aumento
populacional de pessoas diagnosticadas passando para 2,3 milhões em 2013.
De acordo com Tilbery (2005) predominantemente os pacientes
diagnosticados possuem idade produtiva, com faixa etária entre 20 e 40 anos. Fato
este que implica em como o paciente adoecido concebe o planejamento de seu
futuro, que pode envolver questões de realização pessoal, como formar uma família,
construir uma carreira profissional ou quaisquer outros planejamentos que
necessitem considerar perspectivas futuras.
Os questionamentos que o paciente pode fazer a si próprio frente ao
adoecimento, em relação a como será seu futuro a partir do momento do diagnóstico
podem gerar incertezas e ansiedades possibilitando ao psicólogo auxiliar este
paciente a enfrentar as mudanças que a doença pode ocasionar em sua vida. Seja
no relacionamento social, tipo do trabalho exercido, adaptação a sequelas causadas
pela EM ou outras. Cabe ao psicólogo criar estratégias e proporcionar ao paciente o
estímulo do repertório de habilidades sociais (HS), que de acordo com Caballo
(2012) pode ser considerado como um conjunto recursos interpessoais que o
indivíduo utiliza na interação com meio, visando a qualidade de vida e uma vivência
mais adaptada possível. Frente aos fatos citados, justifica-se o estudo mais
aprofundado da técnica de treinamento de habilidades sociais (THS) em pessoas
com uma doença complexa e imprevisível como a EM.
Em função dos aspectos de comprometimento da doença, este estudo tem
por objetivo realizar uma revisão de dados sobre o desenvolvimento de HS em
pessoas com EM. Como objetivo especifico: 1. Situar a esclerose múltipla; 2.
Debater a importância do treino de habilidades sociais para pacientes com esclerose
múltipla; 3. Discutir os resultados encontrados nos periódicos.
2. MÉTODO
Pesquisa de revisão bibliográfica sistemática, por meio das bases de dados,
SciELO e BVS, produções apenas em território brasileiro, livre acesso, idioma
português, com até 5 anos de publicação, tendo como filtro norteador os descritores,
EM e HS, EM e psicologia, EM e reabilitação psicológica, EM e psicoterapia, EM e
terapia cognitiva, EM e terapia comportamental, EM e enfrentamento, EM e
comportamento, avalição psicológica e EM.
De acordo com Galvão e Pereira (2014) a revisão sistemática é um entre
vários outros métodos de investigação científica, apresentando particularidades por
ser um tipo de investigação clara e objetiva, onde deve-se avaliar a seleção
encontrada, sintetizando evidências disponíveis que possam ser relevantes. A partir
do entendimento do conceito de revisão sistemática, foi elaborada a pergunta de
pesquisa.
Frente ao questionamento sobre o desenvolvimento de HS em pessoas com
EM no Brasil, foi realizada uma busca em duas das principais bases de dados que
compilam publicações nacionais e internacionais, sendo elas SciELO e o portal
Biblioteca Virtual em Saúde – BVS.
A busca dos artigos englobou publicações que relatassem experiências
brasileiras do desenvolvimento de HS em pessoas com EM, no período de 2012 a
2016.

Palavras chave utilizadas na busca Base de dados utilizada Qtde de artigos publicados
EM e HS SciELO 0
EM e psicologia Bvs 3
EM e reabilitação psicológica 0
EM e psicoterapia 0
EM e terapia cognitiva 0
EM e terapia comportamental 0
EM e enfrentamento 0
EM e comportamento 1
Avalição psicológica e EM 0

Tabela 1 – Quantidade de artigos encontrados nas bases de dados.


A tabela acima reúne dados da busca realizada, deixando explícita a falta de
publicações relacionadas ao tema pesquisado.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. CONHECENDO A EM.


Sabe-se que o convívio e interação familiar é comumente alterado na vida das
pessoas que possuem EM, de acordo com Fernandes (2011) a maior prevalência da
doença ocorre em mulheres na proporção de 2:1 em relação ao sexo masculino,
compreendendo a faixa etária entre 20 e 40 anos, acometendo os indivíduos de
formas diferenciadas impossibilitando elaborar um plano único de evolução da
doença, podendo afetar os sistemas motor, geniturinário, visual, cognitivo, entre
outros.
Além dos sintomas físicos da EM a doença também acomete o emocional e o
cognitivo. As alterações cognitivas mais comuns são alterações da memória,
concentração ou atenção reduzida, surgindo ao longo da doença e variando de
acordo com as diferentes formas de progressão (FERNANDES, 2011).
As causas da doença ainda são questionáveis, estimasse que fatores
genéticos, ambientais e virais estejam interligados. A progressão da doença varia de
acordo com os diferentes tipos da doença: Esclerose Múltipla Remitente Recorrente
(EMRR), em que as pessoas apresentam períodos de surtos, voltando ao seu
estado normal (estado de remissão). Os surtos se caracterizam por episódios
agudos de manifestações de um ou mais sintomas novos ou o agravamento de um
sintoma já existente, com duração sempre superior a 24 horas. Na Esclerose
Múltipla Remitente Recorrente, passados 10 ou 15 anos, evolui para Esclerose
Múltipla Secundária Progressiva (EMSP). Esclerose Múltipla Primária Progressiva
(EMPP) tem como característica o agravamento de forma constante desde o início
do diagnóstico (FERNANDES, 2011).
A negação da doença, raiva, tristeza, alterações de humor, expectativas
negativas sobre o futuro são emoções comuns associadas à EM. A depressão pode
surgir como efeito secundário clínico da doença, uma vez que pode derivar do
processo inflamatório do sistema nervoso central. Pode também ser um efeito
secundário de alguns tipos de medicação ou resultar de uma reação ao diagnóstico
e a alteração do estilo de vida que a progressão da doença exige (FERNANDES,
2011).
A Escala Expandida do Estado de Incapacidade de Kurtzke (EDSS) quantifica
as incapacidades ocorridas durante a evolução da EM ao longo do tempo, em oito
sistemas funcionais: funções piramidais, funções cerebelares, funções do tronco
cerebral, funções sensitivas, funções vesicais, funções intestinais, funções visuais e
funções mentais. O mau funcionamento destes sistemas e a imprevisibilidade do
curso da doença, em muitos casos geram uma readaptação do paciente frente à
vida, podendo causar alterações psicológicas importantes no qual THS pode
colaborar para a reorganização psíquica da pessoa no processo de adoecimento.

3.2. EVIDÊNCIAS QUE JUSTIFICAM O DESENVOLVIMENTO E ESTÍMULO


DE HABILIDADES SOCIAIS NA EM.
Sabe-se que na EM, os pacientes podem apresentar depressão desde início
da doença em decorrência das lesões no cérebro causadas pela desmielinização ou
por efeitos secundários de algumas medicações. (TILBERY, 2005).
Afirmações na literatura sobre a incidência de depressão na EM, ainda são
divergentes. Mendes (2003) no estudo realizado para avaliar sintomas depressivos
na EM encontrou resultados que apontam que até 1/3 dos pacientes apresentam
critérios para caracterização de quadro clínico depressivo.
Fernandes (2012) afirma que, baixos níveis de HS, podem ser fatores que
aumentam a vulnerabilidade do indivíduo, assim, tornando-os mais propensos a
desenvolver depressão.

3.3. TREINO DE HABILIDADES SOCIAIS.

O conceito de HS pode ser amplo, ao longo dos anos diferentes autores


tentaram definir este termo, sem que se tivesse chegado a um consenso sobre o
que é um comportamento socialmente hábil, mesmo havendo evidencias empíricas
de que, determinados objetivos podem ser alcançados por meio de comportamentos
específicos, uma resposta competente é normalmente aquela que as pessoas
julgam apropriada para a ocasião, devendo-se considerar o contexto, idade, sexo e
situação específica em que se encontram os indivíduos (CABALLO, 2012).
Por meio de estudos realizados no campo de HS, verificou-se que existe um
conjunto de diferenças comportamentais, cognitivas e fisiológicas, entre indivíduos
socialmente hábeis e não hábeis. No que diz respeito aos comportamentos de
indivíduos avaliados como hábeis, eles apresentam com maior frequência contato
visual, se comparado aos inábeis. A característica cognitiva predominante para
aqueles avaliados como hábeis foi a expressão de autoverbalizações positivas.
Estas características cognitivas e comportamentais podem contribuir no alcance de
determinada resposta e são passíveis de treino. (CABALLO, 2012).
O Treino de Habilidades Sociais (THS), atualmente, pode ser considerado
como uma das estratégias de intervenção psicológica mais utilizadas no campo da
saúde mental, podendo ser definido como responsável em aumentar o repertório de
competências sociais que um indivíduo necessitará em situações críticas,
proporcionando que, os indivíduos façam julgamentos mais assertivos sobre suas
escolhidas de vida e atuações, estabelecendo relações mais satisfatórias.
(CABALLO, 2012).
Del Prette e Del Prette (2011, apud LEMOS, 2016) descreve dois modelos
conceituais de THS, o modelo misto, cognitivo-comportamental e o modelo de
aprendizagem social. O modelo misto é baseado em princípios operantes de
aprendizagem e também se apropria de constructos cognitivos como, crenças,
pensamentos automáticos, autoavaliações entre outros. O modelo de aprendizagem
social é pautado em contribuições da Teoria Social Cognitiva de Bandura. Este
pressupõe que, a aprendizagem das habilidades sociais é possível quando o
indivíduo observa outras pessoas eliciando comportamentos e conseguindo
resultados esperados.

4. RESULTADOS
A busca realizada teve como objetivo encontrar artigos que mostrassem por
meio de evidencias científicas o desenvolvimento de HS nos pacientes com EM.
Foram encontrados 4 artigos diferentes. As publicações de modo geral, utilizaram
métodos quantitativos, recorte transversal, ensaio clínico e um estudo de caso.
A maioria dos estudos foram abordados por profissionais da psicologia, 2
deles apontam aspectos cognitivos do paciente com EM, avaliando funções como
atenção, memória e raciocínio lógico.
Apenas o estudo realizado como ensaio clínico, foi abordado por profissionais
da fisioterapia e relata efeitos da equoterapia na estabilidade postural de pessoas
com EM.
A tabela abaixo, exibe resultados alcançados e métodos utilizados para cada
estudo.
TIPO DE
AUTOR TÍTULO PRINCIPAIS RESULTADOS
ESTUDO
Avaliação das Os resultados apontaram perdas cognitivas
Freitas, José
Funções Cognitivas com significância estatística nos pacientes com idade
Osmar
de Atenção, Pesquisa entre 40 e 55 anos e nos que apresentaram
Frazão; Aguiar,
Memória e Quantitati comprometimento por fadiga nos subdomínios cognitivo e
Cilene Rejane
Percepção em va psicossocial. Os pacientes com tempo de doença
Ramos Alves
Pacientes com entre 5,0 e 19,9 anos apresentaram redução da
de.
Esclerose Múltipla pontuação nos testes, mas sem significância estatística.
Crovador, Estudo do
Laura Ferreira; tipo
Qualidade de vida
Oliveira- descritivo
relacionada à saúde Os resultados evidenciaram a
Cardoso, Érika e
de pacientes com existência de relação significativa entre prejuízos físicos e
Arantes; exploratór
esclerose múltipla mentais impostos pela enfermidade (e/ou pelo
Mastropietro, io,
antes do transplante transplante) e a instalação de quadros de depressão,
Ana Paula; com
de células-tronco ansiedade e estresse nos participantes.
Santos, recorte
hematopoéticas
Manoel transvers
Antônio dos. al
Menezes,
Karla
Ensaio
Mendonça; Co Efeito da A amplitude de oscilação anteroposterior reduziu
clínico
petti, equoterapia na significativamente
não
Fernando; Wie estabilidade postural no GI após a estimulação, enquanto o GC manteve
randomiz
st, Matheus de portadores de um comportamento inalterado entre as avaliações. Em
ado com
Joner; Trevisa esclerose múltipla ambos os grupos, a estabilidade postural foi reduzida com
séries
n, Cláudia estudo preliminar a supressão da informação visual.
temporais
Morais; Silveira
, Aron Ferreira.
Durante a reavaliação foi possível perceber que Celso
apresentou maior facilidade em realizar os subtestes que
envolviam resolução e compreensão aritmética na
Relato de
Fiorotto, primeira parte da avaliação. Observou-se, também,
experiência em
Samira Maria; avanços nos subtestes que envolviam memória. Ao
acompanhamento Estudo de
Barroso, comparar os resultados das duas avaliações percebeu-se
cognitivo com um caso
Sabrina melhora significativa na capacidade de recordação tardia
paciente com
Martins e aprendizagem aritmética, que deixaram de consistir em
esclerose múltipla
déficits. Além disso, houve abrandamento do déficit na
compreensão aritmética. Os demais resultados
permaneceram sem alterações.
Tabela 2 – Síntese dos artigos encontrados
Estes resultados não apontam o desenvolvimento, avaliação e estímulos de
HS na amostragem dos estudos, sendo que, 2 dos trabalhos não apresentavam
proposta de intervenção, somente avaliação das características cognitivas,
emocionais e relacionadas a qualidade de vida.
Os trabalhos com propostas de intervenção apresentaram resultados
favoráveis a seus objetivos, porém somente no estudo de caso intitulado
“experiência em acompanhamento cognitivo com um paciente com esclerose
múltipla” (FIOROTTO, 2015) é possível verificar, mesmo que de maneira indireta o
desenvolvimento de habilidades de interação social no paciente acompanhado.
O estudo teve como objetivo identificar déficits cognitivos por meio de testes
neuropsicológicos e realizar um treino cognitivo, no período de 10 sessões, com
encontros semanais, a cada encontro eram propostas atividades que exercitassem
as funções identificadas como deficitárias e também eram passadas tarefas para
que o paciente fizesse em casa. Na primeira avaliação do paciente acompanhado,
foram identificados prejuízos recordação tardia, compreensão léxica, compreensão
aritmética e aprendizagem numérica.

FUNÇÕES
SESSÃO
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO TRABALHADAS
Localizar e montar trio de números expressos de diferentes formas memória operacional,
1 (por extenso, algarismo planejamento e controle
arábico e tracinhos) inibitório
1 - Montar uma lista de supermercado, com produtos que compraria
para casa. Em seguida, procurar os produtos da lista em um folheto
de supermercado (levado pela graduanda) e marcar os produtos
Memória, planejamento,
2 encontrados em comum. Por último, fazer o cálculo de quanto
raciocínio lógico, atenção
gastaria em sua compra. 2 -Utilizando cartela de bingo: marcar os
números pares e ímpares de acordo com a instrução de cada
cartela.
Atividade 1 - Falar os sinônimos e antônimos das seguintes palavras:
feliz, bonito, quente, rápido e longe. Depois de dito os sinônimos e
antônimos, formar frases com as palavras.
Atividade 2 - Jogo de dominó Raciocínio lógico,
3 Atividade 3 - Em uma folha sulfite contendo uma palavra-chave aprendizagem, atenção,
ESCOLA, com várias outras palavras linguagem
escritas ao redor que se relacionam ou não com a palavra-chave, o
paciente deve circular somente as palavras que se relacionam com a
principal.
Atividade 1 - Entregar ao paciente uma folha somente com algumas
respostas e solicitar que ele invente perguntas pertinentes a cada
resposta apresentada.
Atividade 2 - Cantar ou dizer o nome de músicas que lembrem Raciocínio lógico, memória,
algumas datas importantes para ele, tais como, natal, aniversário, aprendizagem,
4
carnaval, amor, saudade. Em seguida, dizer uma música que marcou planejamento,
sua vida. perseveração
Atividade 3 - Realizar novamente a atividade do primeiro encontro de
localizar e montar trio de números expressos de diferentes formas
(por extenso, algarismo arábico e tracinhos) - efeito de aprendizado.
Atividade 1 - A graduanda escolheu um texto aleatório em que foram
grifadas 5 palavras. A atividade
consiste em pedir que o paciente escreva os sinônimos
correspondentes de cada palavra grifada.
Atividade 2 - Apresentar uma tabela com modelos de carros, preços, Raciocínio, aprendizagem,
5 potência dos motores, cores, nomes de lojas que vendem os carros linguagem memória,
e nomes de vendedores. Em seguida, pedir que ele responda planejamento
questões relacionadas com a tabela. Em todas as questões o
paciente deve raciocinar, relacionar, fazer contas, etc.
Atividade 3 - Recordar as 5 palavras que escolheu como sinônimo na
primeira atividade do dia.
Atividade 1 - Jogo “stop”
Atividade 2 - Jogo da forca Velocidade de
6 Atividade 3 - Sequências de números. O paciente deverá descobrir processamento, raciocínio
quais são os próximos números de cada sequência que lhe será lógico
apresentada.
Atividade 1 - Uso de jornal. Propor ao paciente que crie histórias com Encadeamento,
7 as principais manchetes de um aprendizagem
jornal levado pela graduanda.
Atividade 1 - Jogo de cartas “Super trunfo” Raciocínio lógico, resolução
8 Atividade 2 - Tirar a argola. O paciente deverá raciocinar para retirar de problemas
a argola que está presa entre as cordas.
Atividade 1 - Fazer o planejamento da agenda para a próxima
9 semana do paciente, contendo todos os seus compromissos da Planejamento, memória
semana.
Atividade 1 - Conversão de dinheiro: Apresentar ao paciente
algumas quantias em dinheiro (de brinquedo) e, em seguida, foi
solicitado que ele convertesse em outra moeda corrente escolhida
pela graduanda, Aprendizagem, raciocínio
10 usando como medida 1 dólar = 2 reais, 1 libra = 3 reais 1 euro = 2,50 lógico, resolução de
reais. problemas
Atividade 2 - Palavras Proibidas: Consiste em descrever uma
palavra, sendo que para cada palavra, três outras palavras que são
relacionadas serão “proibidas” de serem utilizadas na descrição.
Tabela 3 – Propostas de intervenção.
Após as sessões, foi realizado a reaplicação dos testes neuropsicológicos no
paciente e observou-se maior facilidade em realizar os subtestes que envolviam
resolução e compreensão aritmética na primeira parte da avaliação. Observou-se,
também, avanços nos subtestes que envolviam memória. Ao comparar os resultados
das duas avaliações percebeu-se melhora significativa na capacidade de recordação
tardia e aprendizagem aritmética, que deixaram de consistir em déficits. Além disso,
houve abrandamento do déficit na compreensão aritmética. Os demais resultados
permaneceram sem alterações (FIOROTTO, 2015).
Também foi possível verificar a partir da verbalização do paciente, uma
alteração no modelo de interação relacional estabelecida no trabalho e com a
família. De acordo com o paciente houve uma melhora da memória, o que pode ser
comprovado mediante os resultados dos testes aplicados. O paciente afirma que
isso contribuiu com sua produtividade, passou a esquecer menos de seus
compromissos e também houve uma aproximação no relacionamento com suas
filhas, sugerindo que o acompanhamento cognitivo proporcionou melhora em sua
interação social, seja no trabalho ou com a família (FIOROTTO, 2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O paciente acometido por EM, muitas vezes necessita mudanças e
redimensionamento de atividades em sua vida, fazendo-se necessário utilizar de
habilidades de enfretamento, socialização, controle da agressividade, entre outras,
para uma interação mais adaptada com o meio, frente as mudanças. Sabe-se que a
EM pode ocasionar desde seu início alterações cognitivas, estas podem impactar
diretamente na manutenção das HS já adquiridas pelo sujeito e na aprendizagem de
novo repertório. É importante que o paciente possa passar por atendimento
psicológico, individual ou em grupo desde o início da doença.
Diante do comprometimento do relacionamento social que a doença muitas
vezes pode ocasionar ao paciente, por diversos motivos, principalmente pela
depressão, acometimento motor ou cognitivo o estímulo ao convívio e interação
social faz-se extremamente necessário, sugere-se programas grupais, com objetivos
terapêuticos, utilizando a técnica do THS. (FERNANDES 2012).
Boas e Silva (2005, apud LEME, 2016) apontam algumas vantagens do THS
realizado em grupo em relação ao individual. A interação social entre o grupo
favorece o desempenho de papéis entre os participantes e corrobora para que
possam dar feedbacks entre eles. Diante do comprometimento do relacionamento
social que a doença muitas vezes pode ocasionar ao paciente
É possível verificar que, nos últimos 5 anos, no Brasil, não foram publicados
trabalhos que apontem diretamente para o desenvolvimento de HS em pessoas com
EM. Também se verificou possíveis ganhos por meio do THS na EM. Sugere-se
criação de protocolos de grupais para o desenvolvimento das HS para estes
pacientes. A utilização de técnicas psicológicas do THS pode favorecer ao paciente
uma compreensão sobre si mesmo de forma a aprender a lidar melhor com o
adoecimento, buscando novas formas de enfrentamento, com melhor interação
social.

REFERÊNCIAS

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