Professional Documents
Culture Documents
Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Linguagens, Códigos e suas
tecnologias e Redação que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
2. Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras
culturas e grupos sociais.
3. Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora
da identidade.
4. Compreender a Arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do
mundo e da própria identidade.
5. Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos,
mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produ-
ção e recepção.
6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva
da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da
organização do mundo e da própria identidade.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
Para além do horizonte ...................................................................................................................................................................................................01
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 2
Conectados(as) a outras línguas e “outras culturas” ..........................................................................................................................................08
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 3
Corpo, memória e encontros cotidianos..................................................................................................................................................................17
Camila Mairink Zangirolymo
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 4
Descobrindo as Artes: um atalho para uma nova linguagem.........................................................................................................................24
Maria do Carmo Arruda Leite
Capítulo 5
No reino das palavras .....................................................................................................................................................................................................36
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 6
O poder das palavras e das imagens..........................................................................................................................................................................46
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 7
Um ponto de vista ou a vista de um ponto? .........................................................................................................................................................55
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 8
Falantes da mesma língua...............................................................................................................................................................................................61
Sônia Querino S. Santos
Capítulo 9
Facilidades e Desafios na era das Tecnologias.......................................................................................................................................................67
Sônia Querino S. Santos
Redação...................................................................................................................................................................................................................................75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 1
PARA ALÉM DAS “FRONTEIRAS”
1
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 3
É possível afirmar que em cada época há o predomínio de uma tecnologia. Assim tivemos a Idade da Pedra, do Bronze...
até chegarmos ao momento tecnológico atual. Nesse sentido, as novas tecnologias da informação e comunicação interfe-
rem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos.
Nesse sentido nos damos conta das várias linguagens utilizadas: linguagem verbal e não verbal. Mas... qual a nossa
compreensão de Linguagens? Leia o trecho abaixo.
“... no meu tempo, bastava um olhar e eu já sabia que meu comportamento não estava agradando meus pais... bastava
um olhar. Hoje, chama-se a atenção dos filhos e eles não estão nem aí... O mundo está de cabeça pra baixo.”
De acordo com a fala do Sr. Tomé, 48 anos, é possível compreender que a linguagem é o uso da língua com a finali-
dade de se comunicar. E desde pequeninos compreendemos que era possível se comunicar não apenas com a fala, não é
verdade?
Realmente nosso corpo fala, portanto, a linguagem pode ser verbal e não-verbal. Para a linguagem não-verbal iremos
utilizar outros meios comunicativos (placas sinalizadoras, história em quadrinhos, charges...) Por exemplo, a placa de sina-
lizadora do trânsito, as mãos indicando acordo ou desacordo; as figuras de identificação de “feminino” e “masculino”; o
apito do juiz numa partida de futebol; o cartão vermelho ou amarelo; a trilha sonora para determinado personagem; aviso
de “não fume” ou de “silêncio”...
Já para a linguagem verbal utilizamos o bilhete, cartas... faz-se uso de texto escrito que posteriormente será apresen-
tado no televisão, dramatizado no teatro, ou seja, o texto escrito é veiculado na mídia (rádio, televisão, teatro, cinema) e
muitas vezes, “ditam” a moda e “modificam” nosso cotidiano.
Portanto, registre essa informação: a linguagem pode ser ainda verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Lembre-se das
propagandas televisivas, os outdoors, diálogos através do computador (msn, comunidades de relacionamentos, e-mails...).
1)Texto publicitário
2
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
O texto publicitário é construído em função do ouvinte ou do leitor virtual. Provoca mudanças de atitudes em seu pú-
blico e, normalmente, trabalha a linguagem verbal e não-verbal (componentes visuais).
Muitas vezes, somos motivados a comprar um determinado produto não por que estamos precisando, mas por termos
sido convencidos pelas propagandas e anúncios.
figura10
http://linguagemcorporal.com.br/index.php
3
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e A TV tem o poder de reunir os vizinhos e amigos para
18 de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, assistir o futebol e, principalmente, para acompanhar as
contou com a participação de escritores, artistas plásticos, novelas. Saiba que a teledramaturgia surgiu no Brasil na
arquitetos e músicos. década de 1950 e hoje é o produto televisivo mais popular
do país.
4) Linguagem musical.” A telenovela explorar em seus enredos, temas de fácil
“Nossa! Viajei com essa canção!”; aceitação como histórias de amor e conflitos familiares e
“Toda vez que escuto essa música recordo...” sociais.
Com os recursos dos sistemas de Comunicação é pos- E adquirem forte caráter mercadológico (Merchandi-
sível acessar a rede e ouvir uma determinada canção. sing) pela empatia que se estabelece entre o público e as
Observe a letra selecionada. personagens. Sabe como isso ocorre?
Veja, nas telenovelas são introduzidos anúncios de
produtos, marcas de carro, perfume... seja, durante as ce-
nas, como também nas vinhetas de abertura.
Outra forma de merchandising é a veiculação de men-
sagens de caráter educativo, de prevenção de doenças,
combate ao consumo de drogas...
Quer um exemplo?
Na telenovela “O Rei do Gado” em 1997, transmitida
pela Rede Globo, em vários momentos foi ressaltada a ne-
cessidade de os produtores vacinar o gado contra a febre
aftosa.
Então, que tal conferir essas informações no próximo
programa televisivo que tiver assistindo?
Que tal? Visitar nos sites de pesquisa na internet a his-
tória da televisão brasileira?
Sugestão: www. Google.com.br
E, para terminar...
Você sabe quando foi ao ar o primeiro programa de
televisão brasileira?
Essa revolução tecnológica aconteceu em 18 de se-
tembro de 1950, quando em São Paulo foi ao ar o primei-
ro programa da televisão brasileira. O Brasil seria, então, o
quarto país do mundo a ter televisão.
6) As mídias
As pessoas estão conectadas e a conectividade se dá
quando duas ou mais pessoas se aproximam interagem,
conversas ou colaboram. Com o auxílio dos telégrafos, rá-
dios, telefones ou das redes digitais de comunicação, essas
pessoas podem estar em lugares diferentes, distantes.
4
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Assim sendo, por meio do que é transmitido pela tele- Ou seja, a partir da constatação de que os modernos
visão ou acessado pelo computador, as pessoas se “comu- meios de comunicação, especialmente a Internet, geram
nicam”, adquirem informações e transformam seus com- para o cidadão um diferencial no aprendizado e na inserção
portamentos (algumas se tornam “teledependentes” ou ao mercado de trabalho há cada vez mais, o reconhecimen-
“webdependentes” ...), ou seja, não conseguem sair de casa to e o empenho (educacional) de encontrar soluções para
antes de ligar a televisão ou rádio ou acessar a internet garantir tal acesso. Visto que, muitos não têm condições de
para saber as previsões do tempo para o dia. adquirir equipamentos e serviços para gerar este acesso.
Nesse sentido, é importante, caro aluno, que você Surge então, a necessidade de uma nova linha de edu-
compreenda que as novas Tecnologias da Informação e da cação que considere a alfabetização digital como o principal
Comunicação, sigla TCI, articulam várias formas eletrônicas caminho para inclusão social, pois uma pessoa alfabetizada
de armazenamento, tratamento e difusão da informação. no universo digital deverá ter condições de selecionar infor-
Elas evoluem constantemente e, com muita rapidez em to- mações na web, processar os dados, adquirir conhecimento
dos os instantes são criados novos produtos (telefones ce- e transmitir esses dados, fazendo uso, sobretudo no mundo
lulares, fax, softwares, vídeos, computador multimídia, in- do trabalho.
ternet, televisão interativa, realidade virtual, videogames...) Todavia, a realidade social vivenciada nas distintas re-
diferenciados e sofisticados. Consequentemente, na era da giões do Brasil nos revela que existem vários Brasis, ou seja,
informação, comportamentos, práticas, informações e sa- muito próximo a nós, convivemos com as construções em
beres se alteram com extrema velocidade. alvenarias e os casebres em madeiras. Nesses lugares há
Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão di- famílias que estão batalhando por melhores condições de
gital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, vida, de saneamento básico e por acesso à educação.
por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços presta- Portanto, a falta de recursos mínimos à sobrevivência,
dos via Internet. bem como, a falta de educação escolar, entre outros itens
básicos como assistência médica e jurídica tem proporcio-
INCLUSÃO DIGITAL? nado uma sociedade de desiguais.
Estima-se que aproximadamente 80% da população
brasileira encontram-se excluída do usufruto das tecnolo-
gias da era digital. Basta nos perguntarmos: Quantos bra-
sileiros possuem computador pessoal em suas residências?
Quantos possuem linha telefônica?
Portanto, a desigualdade sócio-econômica desencadeia
a exclusão digital. Daí a necessidade que a inclusão digital
seja fruto de uma Política Pública, ou seja, fruto de ações
que promovam a inclusão e equiparação de oportunidades
a todos os cidadãos. Sobretudo, considerando a população
com baixa escolaridade, baixa renda, limitações físicas..., fa-
z-se necessário uma ação prioritária voltada às crianças e
jovens, pois constituem a próxima geração.
5
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Os indivíduos, que por condições de insuficiência de De acordo com o mapa, deverá usar guarda-chuva
renda, não têm como dispor de computador e linha tele- (A) apenas Paulo.
fônica em casa, poderiam ter a exclusão atenuada, caso (B) Paulo e Ana.
tenham acesso através de empresas, escolas ou centro de (C) apenas Carlos.
cidadãos. Esses recursos destinados prioritariamente àque- (D) Carlos e Ana.
les que não têm acesso em suas residências. Vale ressaltar
que este tipo de solução tem natureza paliativa, ou seja, ATIVIDADE 2:
não resolvem de imediato o problema. Adicionalmente, Quero me casar
poderíamos ainda considerar o uso do software livre em Na noite na rua
computadores o qual seria sem qualquer custo. No mar ou no céu
Entretanto, deve-se considerar a facilidade de opera- Quero me casar.
ção, suporte e manutenção existentes. Ademais, há ainda Procuro uma noiva
busca pelo sistema de telefonia fixa que pode e precisa ser Loura morena
expandido a fim de prover a população com esse serviço Preta ou azul
básico além de permitir que ela tenha acesso a Internet. Uma noiva verde
O Brasil tem condições de superar esse atraso. Todavia, Uma noiva no ar
para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo Como um passarinho.
hoje, ou melhor, ontem. Do contrário, as gerações seguin- Depressa, que o amor
tes continuarão com elevado índice de excluídos da era Não pode esperar!
digital. Carlos Drummond de Andrade
A inclusão digital tem um tripé que compreende: aces- Pelas suas características, esse texto é
so à educação, renda e tecnologia da informação e comu- (A) uma propaganda.
nicação (TCI). A ausência de qualquer um desses pilares (B) um poema.
significa deixar quase 90% da população brasileira perma- (C) um anúncio.
(D) uma notícia.
necendo na condição de analfabetos digitais.
Continue pensando sobre isso, pois atualmente a co-
ATIVIDADE 3:
municação virtual (por intermédio do computador...) está
presente em todas as atividades, desde a necessidade de
agendar uma consulta médica até mesmo em opinar sobre
as programações televisivas (esportes, novelas e notícias).
6
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
dia nublado Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
e no peito do sabiá • Reconhecer as linguagens como elementos integra-
sol do meio-dia dores dos sistemas de comunicação.
(RUIZ, Alice in Revista Entrelivros, setembro/05) • Identificar os diferentes recursos das linguagens, uti-
Haikai é uma forma de poesia vinda do Japão. Em ri- lizados em diferentes sistemas de comunicação e informa-
gor, compõe-se de dezessete sílabas, distribuídas em três ção.
versos, e não possui título. No haikai de Alice Ruiz, duas • Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos
palavras possuem sentidos contrários. São elas: sistemas de comunicação e informação para explicar pro-
(A) dia e peito. blemas sociais e do mundo do trabalho.
(B) sol e sabiá. • Relacionar informações sobre os sistemas de comuni-
(C) nublado e sol. cação e informação, considerando sua função social.
(D) sabiá e meio-dia. • Posicionar-se criticamente sobre os usos sociais que
se fazem das linguagens e dos sistemas de comunicação e
ATIVIDADE 5 informação.
Responda à pergunta abaixo, em seguida, utilize
uma modalidade de linguagem para expressar sua res- Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
posta: um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
Você acredita que os avanços tecnológicos e os vários
tipos de comunicação estão interligados? Faça uso de um
dos tipos de linguagem reforçando seu posicionamento à
pergunta anterior.
Portanto, você poderá usar os recursos da linguagem
escrita, corporal, musical... entre outros.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas
ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra B
ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra B
ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra D
ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra C
ATIVIDADE 5
Pessoal
7
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
8
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Career Information
An effective job search requires much more than sending out resumes.
Embora descrita em outras línguas (espanhol, italiano e inglês) acreditamos que você não desistiu de observar as di-
ferenças na escrita, Não é mesmo?
Você percebeu que sempre há um termo ou outro que já vimos escritos por aí? Isso acontece porque fazemos parte de
uma sociedade que é fortemente marcada pela escrita. Portanto, não desista de ler mesmo quando parecer não entender
nada, pois se perseverar na leitura, você encontrará uma pista para compreender o que está lendo.
Nesse sentido, chamamos sua atenção para o seguinte: o conhecimento de outras línguas nos levará a conhecer outras
culturas, outros modos de ver a vida. Ouvir músicas em Espanhol e em Inglês, por exemplo, poderá ser uma boa dica!
Porém, deveremos permanecer atentos para o significado das palavras, lembre-se da situação descrita por dona
Aparecida no começo desse diálogo: “a dificuldade de entender que PUSH tem outro significado”. Pois, os “falsos ami-
gos” são aquelas palavras que por sua semelhança ortográfica e ou fonética parecem, à primeira vista, fácil de serem
entendidas, traduzidas ou interpretadas, mas que podem... nos conduzir a situações embaraçosas. Vamos conhecer
algumas em Espanhol?
cola: rabo ; polvo: pó; saco: paletó; um rato: um momento; vaso: copo; zurdo: canhoto; borracha: bêbada;
Embarazada: grávida.
9
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Como você pode conferir, estar “EMBARAÇADA” na 1. ( ) Marta pede desculpas por estar há vinte minu-
língua espanhola exige planejamento e outras responsa- tos atrasada
bilidades. 2. ( ) A recepcionista diz que o senhor Obama aca-
Acompanhe a história escrita em español: bou de sair
...Todos los años Bernardo iba solo a España a trabajo, 3. ( ) A recepcionista pergunta se Marta está vindo
pero de aquella vez resolvió que llevaría a su família. Esta- pelo anúncio
ban todos encantados con lãs calles y plazas pero cuando 4. ( ) Marta pede desculpas por estar há doze minu-
pasaban por uma pastelería los niños pidieron que comprara tos atrasada
golosinas. Rosa, su mamá dijo: Não, esses doces são esquisi-
tos! Olhem a placa: “Exquisitos dulces”... Se você retornou ao diálogo e realizou uma leitura
Pois é, as crianças (niños) deixaram de saborear as gu- “sem medo” com certeza percebeu que somente as afir-
loseimas, pois seus pais não sabiam que a palavra Exquisi- mativas 1 e 3 estão corretas. Interessante também perce-
tos é na verdade um falso amigo, ou seja, possui significado ber que numa situação como essa o conhecimento dos
bem diferente na língua espanhola. Exquisitos em Espanhol números em inglês foi decisivo para você excluir a alter-
significa: saborosos, ricos, gostosos. nativa 4.
Mas... você já percebeu que utilizamos várias palavras Marta é uma jovem que está tentando um novo em-
em nosso cotidiano que são originárias de outros idiomas? prego. Ela viu no jornal do metrô o anúncio para vaga
Por exemplo: jeans, hot-dog, diet, shorts… battom, sutiã…E de secretaria e, como vimos acima, já chegou ao local da
na informática? On line; internet; backup; e-mail; sites… entrevista. Portanto, vamos acompanhar o encontro dela
com o chefe Mr. OBAMA.
Vamos exercitar? The boss: All right, Mrs. Jackson. Did you bring your
Portanto, relacione as palavras às frases seguintes: curriculum with you?
a) BREAKFAST; Marta: Sure! Just a moment...
b) FOOT; The boss: Hum!... Tell me about your job experience.
c) TIME; Marta: Well, at the moment I´m not working.
d) BUSY The boss: Oh I see! Did you take any courses related
( ) Você raramente chega na hora to your profession?
Marta: Of course, I did. I thing I brought it…
( ) Ela nunca vai para casa a pé
The boss: Ah, very good! Can you show us your abili-
( ) Ele está frequentemente ocupado
ties to deal with computers?
( ) Eu sempre tomo um grande café da manhã
Você conseguiu identificar facilmente as frases corres-
De acordo com o trecho da entrevista é correto afir-
pondentes? Provavelmente, a partir do seu conhecimen-
mar que:
to dos vocábulos (foot e time) não tenha sido difícil você
1. ( ) Marta, embora esteja empregada, está procuran-
encontrar a sequência das frases. Compare no final desse
do um novo emprego para ampliar sua experiência.
capítulo a seqüência equivalente. Lembremos que estamos
Comentário: no diálogo aparece a frase “I´m not Wor-
no país do futebol (SOCCER) e, no corre-corre da vida, não king”. Portanto, essa afirmativa é falsa.
podemos perder tempo (TIME). 2. ( ) Durante a entrevista o chefe está com o curri-
O conhecimento de outra língua nos ajuda também no culum da Marta em mãos, pois ela já havia enviado por
mercado de trabalho. Quando saímos para procurar em- e-mail.
prego (JOB) se sabemos um pouco de inglês já somos vis- Comentário: A leitura atenta da frase “... your curricu-
tos com outros olhos (EYES). lum with you” justifica que essa afirmativa dois não seja
correta
Acompanhe o diálogo a seguir. 3. ( ) O chefe pergunta se ela fez cursos relacionados
Receptionist: Can I help you? Mrs… à profissão.
Marta: Jackson. Marta Jackson. Comentário: Relendo a frase: “Did you take any cour-
Receptionist: Are you coming for the announcement? ses related to your profession?” Afirmamos que a alterna-
Marta: That´s it! Oh, sorry, yes, madam. I apologize for tiva 3 está correta.
being late. Twenty minutes.
Receptionist: Ok. Let me see if Mr. Obama will see you, É importante destacar a importância em consultar um
just a moment! dicionário. Por meio desse, você pouco a pouco irá am-
Marta: Thank you ! pliando seu vocabulário. Portanto, consulte um dicionário
Receptionist: Mrs. Jackson, you may come in. bilíngüe, ou seja, português-inglês. Ao manusear o dicio-
Marta: Thank you. nário na busca do significado de uma palavra, você amplia
Imagino que você já tenha sido “apresentado” às pala- a busca de seu conhecimento e, consequentemente, o seu
vras (help you; sorry; minutes; moment; thank you) isso aju- saber.
da você na compreensão do texto apresentado em forma A motivação para a pesquisa brota exatamente des-
de diálogo. Então, marque com um X as alternativas que se sa prática habitual da curiosidade, ou seja, diante de uma
referem à situação descrita acima. “palavra nova”, não hesite em procurar seu significado.
10
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
As pessoas destemidas e desejosas em aprender não duvidam da importância de perguntar o significado e fazer uso
de sites de pesquisas, dicionários e, até mesmo, provocar um “diálogo interessado” com o grupo de amigos.
Portanto, como falantes da língua portuguesa e consciente da importância das línguas estrangeiras modernas, sempre
que possível consulte um dicionário, tire sua dúvida e amplie seu vocabulário.
Apresento a seguir um texto em Inglês que tem por objetivo mostrar a você que é possível fazer a leitura e compreen-
são de um texto em língua estrangeira, mesmo que não tenha um nível avançado de conhecimento da referida língua.
Para a compreensão do texto, você deverá aplicar as técnicas de leitura: Skimming; Scanning; Inferência; Prediction.
O que significa cada uma delas?
Não se preocupe, acompanhe a descrição abaixo:
☼ Skimming – Leitura rápida de um texto para se obter uma impressão global do assunto. Assim, é possível observar
informações visuais do texto como título, subtítulo, distribuição gráfica do texto, figuras, tabelas, entre outros.
É importante ficar atento aos detalhes.
☼Scanning – É importante ler as questões sobre o texto antes mesmo de ler o texto todo, visto que algumas respostas
podem estar contidas em informações nas próprias perguntas.
Essa técnica é também uma leitura rápida que permite encontrar informações específicas, sem recorrer à leitura linear
do texto, por isso, detalhes como citações em parênteses, grifadas e/ou em negrito, em letras maiúsculas, informações de
número ou uma palavra-chave também devem chamar a atenção do leitor.
Através dessa técnica, a interpretação e a compreensão do texto ficam mais fáceis. Orienta-se fazer a leitura das ques-
tões sobre o texto antes de aplicar as técnicas, assim se tornará mais fácil selecionar as informações necessárias para a
resolução dos exercícios.
Inferência - o objetivo aqui é deduzir o significado de uma palavra através do contexto (palavras vizinhas) e assim não
recorrer de imediato ao dicionário. Lemos aqui o que não está escrito de forma “clara” no texto.
Por isso, as palavras do texto, contexto e conhecimentos prévios do leitor devem ser considerados. Ah! Um exemplo de
inferência são as piadas, pois rimos exatamente daquilo que não está diretamente escrito no texto.
Prediction – Nesta estratégia de leitura, o leitor faz uso principalmente do seu conhecimento próprio, através de sua ex-
periência de vida, e também, através de informação lingüística e contextual. Cada palavra não pode ser lida de forma isolada.
Para verificar a compreensão do texto poderia ser solicitado indicar se cada uma das afirmações abaixo é verdadeira (V)
ou falsa (F). E, na mesma questão poderia ser pedido para indicar o parágrafo no qual você obteve a resposta.
Numa atividade como essa o nível de atenção é fundamental.
Parágrafo
Afirmações V F
1 2 3 4
11
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno os exemplos anteriores querem fazer você entender que aprender uma segunda língua é uma forma de
conhecer outra cultura, bem como, uma forma de entender melhor o contexto que vivemos no mundo atualmente.
Lembre-se que uma das principais características do ser humano é a linguagem, pois é através da linguagem que o ser
humano constrói seus vínculos sociais e adquire conhecimento do mundo e da realidade de sua época.
Contudo, nossa relação com o idioma não é algo passivo. Isso se torna evidente, principalmente no Brasil. Pois, nas
várias regiões brasileiras perceberemos a riqueza da língua materna (português) com suas variantes regionais.
Então, a partir do conhecimento da língua materna (no nosso caso, a língua Portuguesa) é mais fácil compreender outro
idioma. Embora, haja palavras sem equivalência na língua portuguesa, mas que foram incorporadas ao nosso cotidiano.
Exemplos: abajur, do francês e sem equivalente em português e, outras palavras do inglês, como show, rock, hamburger,
jeans, shampoo, Microsoft, Word, Internet, yogurt, shorts.
Por ser um país com grande diversidade cultural, é compreensível que o Brasil sofra influências tanto em seu idioma,
quanto em seus costumes (dança, vestuários, culinária...).
Afinal a Língua Portuguesa está repleta de palavras derivadas de outros idiomas e de hábitos, por exemplo: “capoeira”,
“mungunzá”, “Axé”, “mandingas” trazida pelos escravos africanos; ou dos nomes de pratos culinários como o “omelete”,
que deriva do francês.
Como estamos nos referindo à nossa língua materna (Português) você poderia se perguntar: Em quais lugares é falada
a Língua Portuguesa?
O Português é a Lingua Oficial em oito países de quatro continentes, a saber: Angola; Brasil; Cabo Verde; Guiné Bissau;
Moçambique; Portugal ; São Tomé e Príncipe; Timor Leste.
12
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
No Brasil, antes da colonização portuguesa, a língua falada era o Tupi-Guarani. Porém, ainda hoje você pode encontrar
pequenos grupos que se comunicam utilizando as línguas de origens africanas (bantus e nagôs) e mesmo as línguas indí-
genas. Me refiro por exemplo aos grupos remanescentes de quilombo e grupos indígenas.
Das línguas indígenas, o português herdou palavras ligadas à flora e à fauna (abacaxi, mandioca, caju, tatu, piranha),
bem como nomes próprios e geográficos. Portanto, a língua é dinâmica e continua sofrendo influência de outras línguas,
principalmente da língua inglesa.
Observe que facilmente reproduzimos frases como: “... vou deletar isso da minha cabeça”; “...não dê importância a isso,
ou melhor, minimize isso...”; nas quais se utiliza termos em inglês relacionados à linguagem da informática. Veja a tabela
Browser Programa navegador, software responsável pela visualização das páginas na internet
O termo equivale à convergência de todos os meios de comunicação: áudio, vídeo, telefo-
Ciberespaço
ne, televisão...
Clip-art Coleções de desenhos (ilustrações) para utilização em documentos digitais ou impressos
Hardware Parte do computador que podem ser trocadas (gabinete, placa-mãe, monitor...)
Loja que aluga máquinas interligadas em redes para acesso à internet e outras utilizações
Lan House
semelhantes
On-line Significa que o computador está conectado à internet
Username Nome ou apelido mediante o qual um usuário se “loga” e através do qual é identificado
13
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
O e-mail é um dos serviços disponíveis na internet. São constituídos de um login (usuário ou conta) acompanhada com o
símbolo “@” que vem do inglês at , que pode ser traduzido como “em determinado lugar”.
Já os sites são acompanhados do provedor: ig. hotmail, uol, terra... acompanhado por um tipo de domínio que pode ser
comercial (.com), educacional (.edu), governamental (.gov).
Provedor é o intermediário entre o nosso computador e a internet. Quando acessamos a internet, estamos na verdade aces-
sando um provedor que nos conecta com a internet. Ele funciona como as antigas telefonistas, para quem nossos avós tinham
que pedir para completar a ligação.
Domínio é o nome de uma área reservada num servidor Internet que indica o endereço de um website.
Recapitulando: todo endereço de site inicia-se com WWW.
Acompanhado do provedor e do domínio: http://www.terra.com.br
E os endereços de e-mails trazem o símbolo @ [arroba]
Nessa interação não podemos deixar do ORKUT que é um dos locais virtuais de relacionamentos disponibilizados na internet.
Através desse site novos amigos são adicionados, podemos ver os álbuns de fotos, enviar e receber recados (scraps), depoi-
mentos... além de criarem comunidades ou se afiliarem para um debate de ideias chamados fóruns de discussão.
14
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, faça uso dos recursos tecnológicos da rede e tenha acesso a um universo “sem fronteira”, bem como, a con-
teúdos formativos nas bibliotecas virtuais e sites interativos como youtube e outros.
Nos dias atuais o uso e acesso aos meios de comunicação e informação têm favorecido o encontro entre pessoas e
ampliado nosso conhecimento cultural. Além disso, o conhecimento das línguas estrangeiras modernas (LEM) facilita a
utilização dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, cujos comandos e manuais são apresentados em vários idiomas.
Nesse sentido, permanece o desafio. Pois, não é suficiente compreender a funcionalidade dos comandos (play e stop)
frequentemente utilizados em nossos eletroeletrônicos. É necessário aprofundar o conhecimento de uma segunda língua
(espanhol, inglês, francês, alemão...) também chamada língua meta, sem desprezar a língua materna, que em nosso caso,
é a língua portuguesa.
Acredite que o conhecimento, sobretudo em nível do domínio da escrita, quer dizer, aprender a escrever de acordo
com as normas gramaticais, abrirá portas e contribuirá para a aquisição de uma segunda língua.
Vale à pena destacar que os negros africanos possuem um vasto conhecimento das línguas estrangeiras. Sabe por quê?
Considerando que as famílias são constituídas por tribos diferenciadas, às vezes, a mãe é oriunda de uma nação africa-
na que se comunica entre si com uma língua africana e o pai, igualmente é oriundo de outro grupo social, que por sua vez,
se comunica entre si, por meio de outro idioma.
A essa altura você poderá se perguntar: “qual a língua utilizada para uniformizar a comunicação?”
Essa pergunta é importante e pertinente, pois a língua “oficial” adotada para as relações comerciais e/ou contato/ diá-
logo “fora” de casa, dependerá do país colonizador (Bélgica, França, Espanha, Portugal, Estados Unidos...).
Portanto, os negros africanos dominam no mínimo quatro idiomas. Quando pequenos eles aprendem em casa duas
línguas africanas, ou seja, a língua da mãe e a língua do pai.
Pois, o diálogo com a mãe acontece na língua materna da mãe e, o diálogo com o pai, ocorre na língua oriunda da
tribo do pai.
Contudo, quando a criança africana é alfabetizada, o processo de ensino aprendizagem acontece na língua local, ou
seja, língua falada pelos moradores daquela região. Porém, ao atingir a etapa da formação secundária (ensino médio) eles
aprendem e “adotam” a língua oficial do colonizador.
Nota-se, nesse breve recorte apresentado, que a criança de origem africana crescerá falando fluentemente (sem di-
ficuldade de compreensão para a escrita e para a fala) os idiomas relacionados à sua infância, adolescência e fase adulta.
Se pensarmos o universo cultural dos povos indígenas, iremos perceber um fenômeno bem semelhante. Pois, os in-
dígenas, também chamados “povos aborígenes” são oriundos de povos com códigos lingüísticos diferenciados e, com o
processo de colonização, eles “adotaram” a língua do colonizador.
Saliento mais uma vez, a partir dessa breve explanação sobre os negros africanos e os indígenas, a necessidade em
aprender uma segunda língua. E, ao destacar os idiomas (espanhol, inglês, francês...) estamos focalizando para as relações
comerciais, porém sem desprezar a importância em conhecer outras línguas e outras culturas.
AGORA É A SUA VEZ
Atividade 1
Retome a leitura do texto “TOO MUCH TV” trabalhado nesse capítulo e responda: O que acontece com as crianças
que assistem muita televisão:
a. Não suportam a emoção dos pais quando expostas a atividades de estimulação precoce?
b. Se tornam cruéis e violentas com crianças mais novas
c. Não vão mais a excursões ou passeios ao ar livre por não saberem se comportar
d. Batem em crianças que aprenderam a andar há pouco tempo
e. Possuem probabilidade baixa de se tornarem bullies
Atividade 2
Ainda de acordo com o texto “TOO MUCH TV”. Qual das opções abaixo NÃO foi citada no texto como consequência
do excesso de TV?
a. As crianças não aceitam o carinho e a estimulação dos pais
b. São chamadas de agressivas pelas mães
c. Se tornam obesas
d. Se tornam agressivas
e. Se tornam desatentas
Atividade 3
Assine a opção que contém uma estrutura válida para um endereço de e-mail de uma pessoa ( não jurídica) natural dos
Estados Unidos da América
a) camila@entreprise.org.br
b) camila@entreprise.eua.com
c) camila@entreprise.com.eua
15
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 4
People and Professions
Do you know the professions of the famous people below?
Link them and then, create simple sentences.
(1) Brazilian (a) singer ( ) ( ) Gabriel Garcia Marques
(b) scientist ( ) ( ) Madonna and Britney Spears
(2) English (c) actress
( ) ( ) David Beckham
( ) ( ) Bill Gates
(d) architect ( ) ( ) Bill and Hillary Clinton
(3) Colombian (e) writer ( ) ( ) Sophia Loren
(4) American (f) politician ( ) ( ) Oscar Niemeyer
(5) Italian (g) soccer player ( ) ( ) Stephen Hawking
(h) businessman
• Reconhecer temas de textos em LEM e inferir sentidos de vocábulos e expressões neles presentes.
• Identificar as marcas em um texto em LEM que caracterizam sua função e seu uso social, bem como seus
autores/interlocutores e suas intenções.
• Utilizar os conhecimentos básicos da LEM e de seus mecanismos como meio e ampliar as possibilidades
de acesso a informações, tecnologias e culturas.
• Identificar e relacionar informações em um texto em LEM para justificar a posição de seus autores e inter-
locutores.
• Reconhecer criticamente a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade
cultural.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!
16
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
17
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
18
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Vamos continuar avançando? Na sua cidade, em seu bairro ou quem sabe, você junto
Convido você, a aprender a decifrar alguns códigos e as com amigos já tenha participado desse tipo de linguagem,
diferenças culturais, pois sabemos o quanto são importantes chamada linguagem artística?
e o quanto influenciaram histórica e culturalmente as dife- Então, a linguagem artística, assim como as outras lin-
rentes formas de linguagem. guagens, também sofre alterações cotidianamente e, se
Com certeza você já assistiu a uma propaganda política observarmos bem, perceberemos que a arte sempre está
e já deve ter visto candidatos com expressões exageradas, relacionada com o momento em que vivemos. Através das
que não te demonstravam muita confiança. Então, neste caso linguagens artísticas percebemos os momentos marcantes
você usou a leitura da expressão corporal com o conheci- que estamos vivendo, bem como, as influências do passa-
mento que já possuía culturalmente. do em nosso cotidiano.
Aliás, na TV atores são bonitos e seus corpos esculturais. Assim sendo, por meio da linguagem verbal, visual,
Pois, sabem que precisam vender uma imagem “bonita”. Ou gestual, artística e das várias modalidades da linguagem
seja, os meios de comunicação ditam o padrão de beleza e escrita pintamos, estamos nos expressando, nos posicio-
de corpo perfeito. Você já tinha pensado nisso? nando no mundo que vivemos. Logo, essas expressões cul-
Busque em sua memória (suas lembranças) as propagan- turais e artísticas demonstram diferentes formas de expres-
das de bebida alcoólica que você assistiu na TV. Perceba os são e variam de um lugar para outro.
alertas veiculados na propaganda (diminuição de acidentes, Pense nas diferenças culturais que existem no Brasil,
bem como, a péssima combinação: jovens + consumo do ál- observe começando pelas regiões. São muitas as diversi-
cool). Esse e tantos outros exemplos confirmam para nós a dades, desde a culinária, ritmos musicais, maneiras de falar,
força de convencimento que tem os meios de comunicação. até mesmo na maneira de vestir-se.
Então afirmamos com convicção: O CORPO FALA Falando em diversidade cultural, sabe aquele GESTO
de OK que fazemos com as mãos?
19
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
20
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
21
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
A atitude refere-se à maneira que as pessoas se posicionam, algumas vezes positivamente e outras negativamente em
situações de aprendizagem, que por sua vez dependerão das atitudes tomadas frente a situações vivenciadas.
O que falar da experiência?
Sabemos que é fundamental, quanto mais variedades temos, maiores serão as oportunidades de aprendizagem. Aqui podemos
dizer que a vida nos ensina, mesmo que não seja de nossa vontade aprender. Como na expressão: “ É errando que se aprende”.
Mas... Lembre-se: fazer uma análise do corpo é uma tarefa super complicada, pois já possuímos uma “compreensão”
parcial do nosso corpo. Nossas razões estão fora do alcance do outro, pois estão no nosso inconsciente.
Apesar de várias interpretações não existe uma leitura padrão que seja igual para todas as pessoas, a forma com que
cada pessoa se expressa é particular e deve ser respeitada. Por isso, não se esqueça que não se podem padronizar os gestos.
ATIVIDADE 1
1) Leia: Atualmente, as pessoas não hesitam em eleger os produtos culturais de sua preferência, livres de preconceitos
ou julgamentos. Assim, moças dançam ballet e jazz nas favelas, “dondocas” freqüentam forrós e bailes funk, rapazes ado-
tam o estilo country e praticam capoeira. Tal postura indica a
(A) inibição de valores humanos específicos.
(B) construção de uma estética artificial.
(C) homogeneização de comportamentos individuais.
(D) consideração à diversidade sociocultural.
ATIVIDADE 2
2) Extraída da Avaliação do ENCCEJA do ano de 2005
Observe a história em quadrinhos:
(Fonte: Angeli. Folha de S. Paulo, 25/4/93.)
A disposição das personagens frente a frente e o diálogo demonstram que entre os personagens há:
(A) aproximação e felicidade.
(B) afastamento e ternura.
(C) distanciamento e alegria.
(D) intimidade e incompreensão.
ATIVIDADE 3
3) “Como derrubar a ditadura da moda”. A Revista Veja publicou três reportagens que tratam de questões cotidianas,
informações sobre obesidade, saúde e padrões estéticos contemporâneos.
Reportagens da Veja:
“Malhação capitalista” http://veja.abril.com.br/070802/p-066.html
“Mutirão da fome” http://veja.abril.com.br/070802/p-o66.html
“Cheinhas e sem grife” http://veja.abril.com.br/070802/p-074.html
Você já fez alguma dieta radical para tentar ficar parecido com alguma pessoa famosa dos meios de comunicação?
Sabia que muitas pessoas se inspiram em atores e atrizes famosas em busca de um corpo perfeito? As três reportagens de
VEJA mostram exemplos das pressões que sofremos em nome da boa forma. Assim, o texto “Malhação Capitalista” informa
que muitas empresas investem na atividade física não apenas pensando no bem-estar dos funcionários, pois na verdade
buscam o aumento da produtividade. O “Mutirão da Fome” aborda uma comunidade que se lançou num regime coletivo.
E “Cheinhas e sem Grife” registra um caso extremo da ditadura da moda, poucas lojas são especializadas para este publico
especifico: as lojas mais badaladas ignoram a demanda das mulheres “redondinhas”, não comercializando roupas dos ta-
manhos considerados “grandes”. Muitos jovens passam por esse tipo de pressão, querem fazer parte da ditadura da moda
e não conseguem se incluir. Não podemos nos esquecer que a moda e o padrão de beleza variam de acordo com o tempo.
22
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 4 ATIVIDADE 1
4) Observe a imagem. (D) consideração à diversidade sociocultural.
ATIVIDADE 2
(D) intimidade e incompreensão.
ATIVIDADE 3
Alternativa a. As moças mais pobres da periferia, ain-
da que submetidas às pressões da moda e da publicidade,
incorporam, adaptam e transformam suas roupas e até seu
comportamento às condições econômicas e socioculturais.
ATIVIDADE 4
Alternativas b e c. Os padrões de beleza variam ao lon-
go do tempo e são diferentes em cada sociedade e cultura.
ATIVIDADE 5
a) Apertar a ponta da orelha. No Brasil é sinal de
aprovação; na Índia é uma forma de se desculpar ou de
mostrar arrependimento por falta ou erro cometido; na Itá-
lia indica que a pessoa apontada é homossexual.
a) Encostar a ponta do dedo polegar na ponta do
dedo indicador, formando um círculo. Nos EUA significa
que está tudo certo, positivo; no Japão significa valor fi-
Ela reproduz um quadro do pintor flamengo Peter Paul nanceiro, moeda, dinheiro; na Turquia significa que alguém
Rubens (1577-1640). Essas mulheres possuem característi- é homossexual.
cas físicas diferentes das mulheres de hoje, com isso per- Apontar com o dedo polegar para cima, com os quatro
cebemos que o padrão de beleza varia de acordo com a outros dedos fechados e encostados na palma da mão. No
época, portanto é contemporâneo. Japão significa o número 5 (cinco); na Alemanha significa
Você acha que: o número 1 (hum); na Europa e nos EUA significa pedido
a) Rubens tinha hábitos muito comuns com a nossa de carona.
época e gostava de retratar apenas mulheres gordinhas E então, gostou?
b) A pintura de Rubens é um bom exemplo de como os Caso você queira aprofundar leia o livro: GESTOS - um
padrões estéticos se modificam ao longo do tempo manual de sobrevivência gestual, divertido e informativo
c) Na época de Rubens (na verdade, até o século XIX), para enfrentar a globalização. Autor: AXTELL, E. Roger. Edi-
a fome e a desnutrição eram ameaças mais graves à saúde tora Campus.
do que o excesso de peso. Por isso, a gordura era valoriza-
da, até mesmo em termos estéticos, pois estava associada
à idéia de sobrevivência e bem-estar
23
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Caro aluno,
Após a leitura atenta da história em quadrinhos, certa-
mente você notou que o foco da mensagem está no erro
de interpretação do garoto Calvin. Quero chamar sua aten-
ção para esse “engano”, pois, foi em cima dele que Calvin
decidiu reavaliar seu gosto pela música clássica.
Volte ao quadrinho e observe que, quando Haroldo
apresenta para Calvin, a famosa abertura de 1812 (música
de Tchaikovsky, compositor russo do século XIX), o garoto
destaca a beleza da percussão, isto é, da forma que o som
é produzido.
24
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
questão, ou seja, compreendê-la e discuti-la a partir de É fato, no entanto, que o poder de alcance de uma mú-
nossos valores e preconceitos. E, como Calvin, termos a sica popular é infinitamente superior, se comparado à música
curiosidade de conhecer os motivos que levaram o artista clássica.
a representar a realidade usando a Arte como instrumento Por que você acha que isso acontece? Um dos fatores
de expressão. que contribui para isso é a facilidade da língua. Porém, você
E você, caro aluno, já conhece ou se interessou pela poderá destacar outros fatores.
música em questão? Amplie então seus conhecimentos. Apresento a seguir o poema de Camões que foi musi-
Sabe quem foi Tchaikovsky? cado pelo cantor Renato Russo, na década de 90. Trazer ao
Foi um compositor russo de música clássica e executou grande público um soneto clássico foi garantia de sucesso
essa “Abertura 1812” em comemoração ao aniversário do absoluto, principalmente entre os jovens da época, que pas-
czar – nome que se dava aos reis da Rússia - e também à saram a conhecer uma obra lusitana por meio de veículos de
expulsão do exército de Napoleão da Rússia. O forte impacto comunicação em massa.
sonoro da música se deve ao fato de que foram usados tiros Amor é fogo que arde sem se ver;
de canhões de verdade; Hoje se pode ter acesso a ela de um É ferida que dói e não se sente;
modo indireto, pois foi usada no contexto do filme “V de Vin- É um contentamento descontente;
gança” (cuja temática é a repressão e a tortura) e de modo É dor que desatina sem doer;
direto, ouvindo-a pela INTERNET. É um não querer mais que bem querer;
Agora, convido você a ler o texto a seguir: É solitário andar por entre a gente;
Theodora, de 5 anos, ouvia pela primeira vez uma mú- É nunca contentar-se de contente;
sica composta por Chico Buarque na década de 70. Intri- É cuidar que se ganha em se perder;
gada, correu até a avó e denunciou: “- Vó, o homem ta É querer estar preso por vontade;
falando vagabundo”. Isso não pode, é palavrão!” E a avó É servir a quem vence, o vencedor;
corrigiu: “- Não, meu bem, não é palavrão, vagabundo é É ter com quem nos mata lealdade.
uma pessoa que não trabalha!” Ao que a menina protestou: Mas como causar pode seu favor
“Não! Quem não trabalha é “desempregado”. Nos corações humanos amizade,
Veja que a reação das crianças, quando aprendem uma Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
nova palavra, é a de sempre contestar, discutir com um Luís de Camões (1524-1580)
adulto. Há aqui também um equívoco, um erro de inter- Você sabe o que é soneto?
pretação. Um soneto compõe-se de 14 versos que seguem a mes-
No entanto, parece que a criança, com sua liberdade ma métrica, isso significa que cada verso, ou cada linha do
criativa, está com a razão: sabemos que tanto atualmen- poema tem o mesmo número de sílabas poéticas; quando se
te quanto no passado, chamar alguém de “vagabundo” é agrupam em 4 linhas formam o que chamamos de quarteto,
extremamente ofensivo. Além disso, a garota teve outros quando se agrupam em 3, chamamos terceto. Assim, para
elementos, relacionados aos seus valores e preconceitos, formarmos um soneto agrupamos 2 quartetos e 2 tercetos.
para fazer sua interpretação, como considerar a entonação Há também os poemas com versos livres, nos quais o
usada pelo cantor, a sonoridade da palavra e a proibição artista não segue uma ordem para a contagem de sílabas e
(comum para sua idade) de que usasse palavrão. também não se preocupa com a rima.
A avó, diferentemente da neta, seguiu à risca a pro- Temas como os apresentados por Camões são tão pro-
posta dada pela música, na qual o cantor já inicia dando fundos que dificilmente um artista chegará a expressá-los
uma ordem direta: “Vai trabalhar vagabundo, vai trabalhar, completamente. Assim, apesar de não merecer créditos por
criatura”. Há também que se considerar que normalmente originalidade, o vocalista da banda Legião Urbana pode ter
as pessoas mais velhas atribuam ao trabalho um valor de despertado a compreensão de que o tema Amor faz parte de
nobreza e dignidade. Veja que, embora os dois universos nossa vida real e que, ao compreender a importância disso,
sejam legítimos, ao sustentarem suas posições individuais, acrescentamos à nossa própria vida Valor e Significado.
cria-se um equívoco interpretativo. Há vários exemplos históricos que mostram que quando
Diferentemente do quadrinho anterior, neste texto um artista é competente na representação de um modelo
ilustrativo temos em cena uma música popular brasileira, universal (como o Amor, o ciúme, a justiça), o valor de sua
sendo que o que mais chamou a atenção da criança foi Arte é tão autêntico que a obra ganha a Imortalidade. Sha-
a letra, mais especificamente o uso de uma determinada kespeare (poeta e dramaturgo inglês do século XVI) é outro
palavra. exemplo, pois suas peças ganham vida no palco até nossos
O desfecho mostra que a garota não aceitou a propos- dias, porque somos unidos pela Verdade das emoções que
ta de interpretação dada por sua avó, porém isso se deu a elas geram. Porém, “essa Verdade” nutre público e atores,
partir da língua utilizada, sendo que o ritmo da música teve desde que o público tenha sensibilidade e os atores apren-
pouca importância, pelo menos em um primeiro momento. dam a Arte de interpretar além da técnica.
Tanto no primeiro quadrinho quanto no texto ilustra- Você sabia que....
tivo, o que despertou a curiosidade das crianças foi aquilo O Teatro, originalmente da Grécia, passou por grandes
que ouviram com suas experiências de vida. Nesse aspecto, transformações ao longo da história, sendo que a mais radical
a música foi somente um veículo motivador da transfor- delas se deu na Idade Média, quando a Igreja Católica e os
mação. Então, o que importa que seja clássica ou popular? senhores medievais optaram por patrocinar os grandes pin-
25
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
tores, dando à arte de interpretar um caráter profano, religioso. Surge, assim, um teatro itinerante, hoje também conhecido
como teatro mambembe: andavam de cidade em cidade utilizando carroças, sempre em bandos, chamadas trupes, e os atores
e atrizes eram chamados saltimbancos; esse modo de se organizar deu origem a uma forma mais livre, tanto de apresentação
de peças por improviso quanto aos temas trabalhados, que não seguiam a ordem da Igreja, que era de encenar somente temas
cristãos. Os saltimbancos também deram origem ao Circo tal qual o conhecemos atualmente.
Observe quatro obras de Pablo Picasso produzidas em datas diferentes. A sequência escolhida procura captar diferen-
tes fases do pintor espanhol.
Os dados históricos são capazes de nos auxiliar a entender o cotidiano da produção artística analisada. Pois, as obras
foram produzidas em 1920, 1930 e a última, em 1937, portanto, no período entre Guerras.
“Guernica”, talvez a mais famosa obra do artista, foi produzida em plena Guerra civil espanhola (1936/1939). O quadro
leva o nome do povoado localizado ao norte da Espanha, com cerca de 6 mil habitantes e retrata exatamente o momento
em que houve o bombardeio pelos aviões alemães, em abril de 1937.
Assim, as figuras na praia em 1920 (primeiro quadro), são mecânicas e estão quase anestesiadas; em 1930 elas tendem
à robotização (veja o segundo e terceiro quadro), até estarem completamente dilaceradas pelo bombardeio citado.
Observe que o artista vai mudando suas figuras, porque o contexto histórico muda a ponto de o homem ser visto com-
pletamente sem inspiração, até o momento derradeiro, em que se transforma em simples alvo de Guerra.
• Você consegue encontrar alguma semelhança entre essas figuras e os grafites que visualizamos atualmente?
• E quanto a estes desenhos urbanos e à conscientização dos artistas que os produzem?
• Você poderia descrevê-los como inseridos em seu tempo histórico?
• Ou será que estão muito à frente?
Há em obras como as que aqui expomos muitos outros elementos que devem ser levados em consideração, no entan-
to, certamente você conseguiu fazer algumas aproximações porque Pablo Picasso iniciou, com o Cubismo, um novo modo
de percebermos a realidade de um objeto em uma obra de Arte, usando a simplificação e geometrização das figuras.
Agora compare as obras do pintor espanhol com alguns exemplos de obras brasileiras e veja a semelhança das técnicas
utilizadas e também a abordagem social que elas fazem:
26
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Você deve ter percebido que devemos atentar para dois aspectos quando observamos uma obra de Arte: a expressão
da Beleza e o contexto histórico.
Para entendermos um pouco destes dois aspectos, vamos fazer um passeio pelo tempo e apreciar uma famosa obra do
pintor italiano Leonardo da Vinci chamada “A Anunciação”, século XV:
É impossível tentar analisar uma obra como esta sem aproximar Arte e Religiosidade. Da Pré-História aos dias atuais
a Religiosidade moldou parte considerável das Artes e os artistas sempre dão novas expressões a esse tema tão antigo
quanto a própria Humanidade.
Só para citar um exemplo da atualidade. Se você não leu, certamente ouviu falar no enorme sucesso de vendas que
o livro “O Código da Vinci”, escrito pelo autor Dan Brown, alcançou. Observe que, apesar de o best-seller ser uma obra de
ficção, o que lhe garantiu sucesso de vendas foi a polêmica levantada sobre a vida de Cristo.
Leonardo da Vinci pintou em um período histórico conhecido como Renascimento (no qual o Homem se torna o centro
do Universo). Este é um período de reconstrução tanto artística quanto intelectual e, sua obra é imortal não só pela Beleza
e grandeza de sua técnica, mas porque é a expressão fundamental de todo pensamento religioso o Cristianismo, mais pre-
dominante da parte ocidental do mundo.
Portanto, perceber a expressão da Beleza nas Artes é captar o momento histórico da criação daquele artista, no qual
o novo contexto apresentado pode moldar nossa compreensão da Verdade para sempre sem que abandonemos nossos
referenciais antigos.
NA obra da ANUNCIAÇÃO, o pintor materializa o anjo Gabriel dando as bênçãos a Maria pela sua gravidez, imortali-
zando um texto bíblico pelo uso dos pincéis e técnicas humanísticas da época.
Note que, embora haja um contexto sócio-cultural correspondente a cada época e lugar, e o desafio enfrentado pelo
artista ao explorar novas verdades seja fazer uma ponte entre o tema e o contexto específico, ninguém, por menor que seja o
seu conhecimento sobre artes ou técnicas de pintura, consegue ficar indiferente diante de um quadro como “A Anunciação”.
Isso porque o pintor ultrapassou o tempo e o espaço, a razão e a emoção e inseriu no imaginário do homem uma cena
que lhe permite identificar-se com a Verdade.
O Renascimento e a influência da Igreja Católica moldaram nosso gosto pela Arte, a ponto de desenvolvermos uma
técnica chamada Barroca (séculos XVII e XIX) cujo maior representante foi Aleijadinho. Nesta expressão artística, cujos
destaques em nosso país são a escultura e a arquitetura, há a idéia de aproximar o homem do Divino, já que a vinda de
Cristo em uma forma humana mostrou o quanto podemos ser sua imagem e semelhança; este gosto e essa Verdade são
tão evidentes que acreditamos que as pessoas que possuem grande talento são abençoadas por Deus.
27
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
28
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Que elementos cristãos temos ainda presentes em uma festa sem a menor pretensão religiosa?
Você já parou para pensar se as pessoas que fazem o carnaval têm diferentes opções religiosas?
Qual segmento social está presente no carnaval? Considere também as pequenas manifestações, como nos blocos de
rua de cidades do interior do país.
Como você sabe, embora tenha alguns elementos considerados artísticos (como a música, a dança e as alegorias), o
carnaval no Brasil se caracteriza como uma tradicional festa popular, assim como a Congada, a Folia de Reis, a farra do boi,
as festas juninas e tantas outras.
Isso acontece porque tais expressões nasceram da necessidade do homem trazer mais alegria para o seu cotidiano e
são tradicionais porque apresentam forte influência da Religião oficial, não sendo admitido grandes mudanças.
ARTE E BELEZA
Ao longo dos tempos escritores e críticos tentaram encontrar causas intelectuais, emocionais ou sócio-culturais para a
expressão estética, de beleza, no entanto, obras de valor significativo são capazes de mostrar que a Beleza está nos olhos
do observador, o indivíduo criativo.
Assim, o artista contemporâneo pode se sentir comprometido a criar uma comunicação entre a sua obra e o públic o e
deixar que este último tire suas próprias conclusões.
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ganhou fama mundial ao retratar crianças e velhos em estado precário de
sua condição material, em pobres casebres e em campos de refugiados, vítimas da guerra.
Observe as fotos a seguir:
29
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
TRADIÇÃO E MUDANÇA
Chamamos estas manifestações de Patrimônio cultural imaterial ou Patrimônio Inatingível. Pois, compreendemos por
Patrimônio Cultural o conjunto de bens materiais e imateriais de interesse para a memória do Brasil e de suas correntes cul-
turais formadoras, abrangendo os patrimônios arqueológico, arquitetônico, arquivístico, artístico, bibliográfico, científico,
ecológico, etnográfico, histórico, museológico, paisagístico, paleontológico e urbanístico, entre outros. E, por Patrimônio
cultural imaterial, o conjunto de práticas, representações, expressões, conhecimentos, técnicas e também instrumentos,
objetos, artefatos e lugares que a eles estão associados; comunidades, os grupos e, em alguns casos, indivíduos que se
reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.
A Arte, portanto, é capaz de atitudes radicais em seus modos de expressão, envolvendo grandes mudanças, como
vimos em Pablo Picasso; e, é caracterizada também por transmitir um valor universal, como vimos em Leonardo da Vinci.
Nesse sentido, estabelecer um diálogo com as Artes estrangeiras e adaptar seus conceitos em temas nacionais foi a
proposta chamada Movimento Antropofágico, surgida a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922.
O termo Antropofagia foi tirado de uma prática indígena na qual o prisioneiro de guerra era devorado pela tribo inteira,
cabendo a cada membro daquela comunidade comer uma parte do “prato”.
Assim, temas nacionais antes retratados de modo natural, ou seja, sem grandes mudanças, foram transformados em
um tipo de Arte até então jamais vista por público e crítica.
A rejeição ao movimento foi muito bem exemplificada no artigo famoso de Monteiro Lobato intitulado Paranóia ou
Mistificação, datado de 1917. Os desdobramentos da Semana influenciaram o modo de se pensar a Arte brasileira com-
pletamente.
Na poesia foi exemplo de quebra de tradição o uso dos versos livres e de temas abstratos, e na prosa o livro “Macunaí-
ma”, de Mário de Andrade, nos conta a história de um herói muito popular, “sem nenhum caráter”.
O maestro Villa Lobos trouxe elementos musicais do folclore brasileiro para suas obras e Tarsila do Amaral colocou
lendas, mistérios e cores do clima tropical brasileiro em suas pinturas, dando às nossas Artes um caráter Nacionalista.
Veja que esta quebra de padrão para a criação artística acontecia porque tais artistas não reconheciam a Arte até então
como valorizadora das expressões de nosso povo.
Vejamos, portanto, um pouco do que foi feito:
30
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Já em 1996, o tema da Bienal de Artes plásticas em São Paulo foi “Desmaterializar a obra de Arte no fim do Milênio” e os
artistas populares Zeca Baleiro e Zé Ramalho compuseram a música a seguir para homenagear o evento. Acompanhemos,
portanto:
Bienal
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho
Esses conceitos o ajudarão a entender um pouco melhor a brincadeira que a música nos propõe: já que há elementos
materiais em excesso, o Homem só pode ser visto como um produto em um meio no qual sua identidade é uma obra
incompleta.
31
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Observe como ele dialoga com os diferentes padrões estéticos e aponta uma distância entre público e Arte.
FUTURISMO – Movimento estético surgido na França e na Itália , em 1905, que cultuava a máquina, a velocidade e a
automatização da vida cotidiana dos novos tempos. O futurismo pregava também uma ruptura com os meios tradicionais
de relacionar as palavras em um período.
CUBISMO – Surgido na França por volta de 1907, propunha a decomposição das imagens em figuras geométricas,
representando todas as partes de um objeto no mesmo plano.
DADAíSMO- Também conhecido como movimento dadá, foi criado na cidade suíça de Zurique, em 1916, por um gru-
po de escritores e artistas que se opunham à Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Embora a palavra “dada” em francês
signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca a falta de sentido que a linguagem pode ter.
SURREALISMO – Surgido na França, em 1924, é considerado o último movimento das chamadas vanguardas euro-
péias. Sua principal característica é a combinação do representativo, do abstrato e do psicológico – sobretudo, as imagens
desconexas dos sonhos.
Até hoje se usa o termo “surreal” para designar o que parece absurdo ou irreal. (Fonte: Revista do SESC, Junho de 2007).
A discussão proposta pela música pode ser ampliada se pesquisarmos um pouco mais sobre a Semana de Arte Moderna.
Em continuidade, apresento a você, caro aluno, uma menina que vem questionando nossa sociedade há alguns anos,
desde a década de 60, quando a TV começava a se popularizar e as tiras em quadrinhos tinham o compromisso de fazer
crítica social, a Mafalda:
Certa vez, Mafalda viu um policial passar, depois um operário. Depois um padre, e, logo em seguida, um gato. A menina
reconhece três profissões pelo uso do uniforme: um policial, um operário e um padre; mas, acabou questionando sua mãe,
perguntando em que setor da Democracia está o gato que passou por ela tranquilamente, com seus pêlos pretos.
Ora, se Democracia é o regime de governo que é baseado na vontade do povo, a quais setores ela se refere? Só pode-
mos concluir que é ao Estado, representado pelo policial; à Indústria, representada pelo operário, e à Igreja, representada
pelo padre.
E quanto ao gato, que sabemos que, nesse sentido, não está vinculado a nenhum setor, sendo, portanto um animal
livre? Aliás, é um gato de rua, sem dono. Há aqui a crítica evidente que o único que goza de total liberdade é o gato, que,
não sendo humano, não precisava vestir um uniforme e ser identificado com qualquer setor.
À época de Mafalda era evidente que certas práticas ou regras sociais limitavam a vida do Homem e o uso do uniforme
era uma delas; mas, e hoje?
Embora alguns padres usem batina nas ruas, como os franciscanos, pastores e outras ordens da Igreja católica não o
fazem; mesmo os policiais podem andar à paisana fora do horário de trabalho, então que critérios usamos para reconhe-
cermos o outro, ao caminharmos nas ruas?
Seria o tipo de roupa, de cabelo, ou o uso de piercings e tatuagens capazes de traduzir que tipos de opções aquelas
pessoas fizeram na vida? Ou o tipo de educação que tiveram? Como nos expressamos nessa imensa aldeia global?
E mais: como você se reconhece em meio a tanta diversidade?
Termino com uma frase pintada em grafiti desenhada em um muro na zona norte de São Paulo: “A Arte do povo e o
povo da Arte. Não a Arte do povo que faz Arte com o povo.” E, convido você a descobrir seus dons artísticos:
Solte sua criatividade com a montagem a seguir e tente escrever tudo que lhe vem à cabeça quando associa a letra da
música seguinte: seu ritmo (procure ouvi-la), as ilustrações que a acompanham, o momento histórico de sua criação e a
situação atual do Trabalhador em plena era da digitalização.
É importante que, em princípio, você se preocupe somente em anotar as suas impressões. Sinta-se desobrigado de
construir um texto formal, lembre-se que, quando falamos de criatividade, não há certo ou errado.
32
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
33
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
34
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 1
Alternativa correta: Letra E
ATIVIDADE 2
Alternativa correta: Letra E
ATIVIDADE 3
Alternativa correta: Letra B
ATIVIDADE 4
Alternativa correta: Letra D
No entanto, o identifica como o Deus da Telepatia por
que: ATIVIDADE 5
a) Reconhece na imagem que vê exatamente aquilo Alternativa correta: Letra B
que vive em seu cotidiano.
b) Recorre à sua imaginação para decifrar uma imagem PRA FIM DE PAPO!
que lhe sugere que a figura, com tanta expressividade, não
pode ser um homem comum, mas “um Deus capaz de ler Caro Aluno
os pensamentos”.
c) Quer confundir seu colega Felipe. Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
d) Já que não tem nenhuma referência por escrito, tem - Identificar em manifestações culturais individuais e/
a necessidade de dar uma explicação para a imagem que vê. ou coletivas, elementos estéticos, históricos e sociais;
- Reconhecer diferentes funções da Arte, do trabalho e
ATIVIDADE 4 e ATIVIDADE 5 referem-se ao quadro da produção dos artistas em seus meios culturais.
abaixo: - Utilizar os conhecimentos sobre a relação arte e rea-
lidade, para analisar formas de organização de mundo e de
identidades.
-Analisar criticamente as diversas produções artísticas
como meio de explicar diferentes culturas, padrões de be-
leza e preconceitos artísticos.
-Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter
-relações de elementos que se apresentam nas manifesta-
ções de vários grupos sociais e étnicos.
35
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 5
NO REINO DAS PALAVRAS
ANALISAR, INTERPRETAR E APLICAR OS RECURSOS EXPRESSIVOS DAS LINGUAGENS, RELACIONANDO TEXTOS
COM SEUS CONTEXTOS, MEDIANTE A NATUREZA, FUNÇÃO, ORGANIZAÇÃO, ESTRUTURA DAS MANIFESTAÇÕES,
DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO E RECEPÇÃO.
Sônia Querino dos Santos e Santos
36
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
37
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
•Talvez seja importante fazer uma distinção entre os *objetivismo: negação do subjetivismo romântico, ho-
termos romantismo e Romantismo. A palavra “romantis- mem volta-se para fora, o não-eu;
mo” caracteriza-se por uma atitude emotiva diante das *universalismo que substitui o personalismo anterior;
coisas, portanto, o comportamento romântico pode ocor- *materialismo que leva à negação do sentimentalismo
rer em qualquer época da história. Já o termo Roman- e da metafísica;
tismo designa uma tendência geral da vida e da arte, um *autores são antimonárquicos e defendem os ideais
estilo literário e artístico delimitado no tempo. E, de acor- republicanos;
do com o tema principal, os romances Românticos no *nacionalismo e volta ao passado histórico são deixa-
dos de lado para enfatizar o presente, o contemporâneo;
Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos
*determinismo influenciando o homem e a obra de arte
ou regionalistas: 2
por três fatores: meio, momento e raça (hereditariedade).
No romance indianista, o índio era o foco da litera-
O Romance realista propriamente dito, no Brasil, foi
tura, pois era considerado uma autêntica expressão da na- mais bem cultivado por Machado de Assis nos quais a nar-
cionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo rativa estão preocupadas com análises psicológicas dos
da pureza e da inocência, representava o homem não cor- personagens e fazem críticas à sociedade a partir do com-
rompido pela sociedade, o não capitalista,. portamento desses personagens.
Junto com tudo isso, o indianismo expressava os cos- •O Parnasianismo ocorreu durante a prosa realista,
tumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos sendo, portanto, o correspondente poético ao Realismo. O
romances excelentes documentos históricos. Parnasianismo iniciou suas manifestações no final da dé-
Os romances urbanos tratam da vida na capital e re- cada de 1870, estendendo-se até a Semana da Arte Mo-
latam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, derna, em 1922. O Parnasianismo é um movimento que
cujos membros se identificavam com os personagens. Os acontece paralelamente ao Realismo. Contudo, as temá-
romances faziam sempre uma crítica à sociedade através ticas das obras parnasianas mantiveram-se isolados dos
de situações corriqueiras, como o casamento por interesse acontecimentos históricos. Isto se dá, pelo próprio estilo
ou a ascensão social a qualquer preço. do movimento que é descritivo e sem preocupação social
Por fim, o romance regionalista Os romances regio- ou psicológica.
nalistas criavam um vasto panorama do Brasil, represen-
Características do Parnasianismo:
tando a forma de vida e individualidade da população
*objetividade temática, oposto ao sentimentalismo ro-
de cada parte do país. A preferência dos autores era por
mântico;
regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam
*impassibilidade e impessoalidade;
sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico *volta à Antiguidade Clássica, com ênfase nos povos
afetar suas condições de vida. Greco-Romanos;
Principais escritores românticos brasileiros: *extrema valorização da forma: uso frequente dos so-
Gonçalves Dias autor da famosa Canção do Exílio; netos;
Álvares de Azevedo o maior romântico da Segunda *procura de rimas ricas, raras e perfeitas;
Geração Romântica autor de A Lira dos Vinte Anos, Noite
na Taverna e Macário; Autores em destaque Realismo-Naturalismo
Castro Alves:grande representante da Geração Con- Raul Pompéia: uma das principais obras é Ateneu
doeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas Aluisio de Azevedo: duas grandes obras são O cortiço
como o Navio Negreiro; e O caboclo
Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano es- Adolfo Caminha: talvez o mais audaz dos naturalistas,
creveu A Moreninha e também O Moço Loiro; é muito conhecido pela obra O bom crioulo (1895).
38
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
39
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
40
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, na arte da “garimpagem”, ou seja, buscando a perfeição na forma de expressão, os escritores dos textos lite-
rários escolhem seus estilos e revelam para nós as mudanças no contexto histórico.
Como vimos nos exemplos acima, nas cantigas de amor e amigo há uma forte presença de um contexto feudal. Refi-
ro-me ao Feudalismo, você viu isso em História, lembra? Naquela época havia uma forte influência da Igreja Católica na
organização da Sociedade.
Apresentaremos a seguir uma outra opção de estilo poético. Trata-se da opção pelo soneto (composição de forma
fica: 2 quartetos e 2 tercetos). Entre os sonetos mais conhecidos e eternizado em nossa língua estão os sonetos de Camões.
Estamos falando de Luís Vaz de Camões. Sua obra pode ser dividida em: poesia lírica (em que o amor e o destino do
homem são temas constantes); poesia épica (em que recria a história do povo português) e teatro (escrito à maneira me-
dieval – Auto de Filodemo - e à maneira clássica (Anfitriões).
Vamos ler um trecho do Soneto: Alma minha gentil?
Observe a disposição dos versos. Eles estão agrupados em 04 linhas (quartetos) e três linhas (tercetos).
41
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
[...] Era alta, magra, pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e olhava
a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas até o pescoço, e como andava mal
penteada [...] uma grande porção caía-lhe sobre a testa e olhos como viseira.
A diferença que há entre a caracterização dessa personagem e das heroínas tipicamente românticas é que Luisinha não
é a mulher ideal que todo homem deseja.
Outro trecho
[...] Esteve a ponto de chegar-se para a menina, desenterrar-lhe o queixo do peito, e chama-la quatro ou cinco
vezes de estúrdia e feia. Afinal cismou um pouco e murmurou um – que me importa!- que pretendia ser desprezo,
e que era senão despeito.
42
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Mais uma vez, podemos ver as diferenças de atitude Na multiplicidade dos teus ramos,
de Leonardo e a de um herói tipicamente romântico, pois Pelo muito que em vida nos amamos,
enquanto as personagens masculinas do Romantismo são Depois da morte inda teremos filhos!
movidas pela educação, respeito e nobreza de caráter; Leo- No poema Vozes da Morte de Augusto dos Anjos (pré-
nardo é impaciente e movido pelo ciúme. modernista), note que o conflito nasce da luta entre o desejo
A essa altura você poderia se perguntar: quais os ele- e as forças que o desejo não pode vencer: o amor, a idade, o
mentos de uma obra literária? desejo de ser imortal.
Esse é o tipo de pergunta que não quer calar, principal- Outro elemento presente na obra literária é o Narrador.
mente quando o assunto é Literatura. Registre essa infor- Esse é a “voz” que vai contando a história. Há casos em que
mação: Em toda obra literária você encontrará os seguintes o narrador conta uma intriga ocorrida consigo mesmo; nes-
elementos: PERSONAGEM; AÇÃO; CONFLITO; NARRADOR; sas situações ele usa formas de primeira pessoa (eu me, mim,
TEMPO; ESPAÇO e outros recursos. comigo, meu, minha...), esse tipo nós classificamos de nar-
Vamos detalhar um a um? rador-personagem. Há outro tipo de narrador, chamado de
Quando falamos em personagem na obra literária es- narrador de 3ª pessoa. Esse sabe de tudo até mesmo o que
tamos nos referindo à construção de uma figura anima- se passa na mente dos outros, porém permanece anônimo e
da, vida. Pode ser um bicho ou ser humano. Quem não se quase nunca diz eu.
lembra da cachorra Baleia da obra Vidas Secas (1938) de Leia um trecho da obra de Graciliano Ramos (poeta mo-
Graciliano Ramos (poeta modernista)? dernista), Vidas Secas.
Quem não se lembra do gigante Adamastor, descrito
em Os Lusíadas, de Camões? “Fabiano sentou-se desanimado na ribanceira do
A ação é o que o personagem faz ou o que fazem com bebedouro, carregou lentamente a espingarda com
ela. Então a ação poderá ser: psicológica (quando vivida na chumbo miúdo e não socou a bucha, para a carga
intimidade): física (quando provocar qualquer alteração em espalhar-se e alcançar muitos inimigos. Novo tiro, novas
torno da personagem; intriga (são várias ações juntas). quedas, mas isto não deu nenhum prazer a Fabiano.
Acompanhe na poesia de Drummond esses elementos Tinha ali comida para dois ou três dias; se possuísse
(personagens e ação). O título da poesia é Quadrilha munição, teria comida para semanas e meses.”
Quadrilha
Às vezes, o tempo da ação pode ser diferente do tempo
João amava Teresa que amava Raimundo
da narração. Com relação ao tempo numa narrativa dizemos
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que pode ser: cronológico (marcado pelo ritmo do relógio)
que não amava ninguém.
ou psicológico (é um tempo que ignora o relógio e está mais
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento
preocupado em registrar as sensações e vivências interiores
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
dos personagens).
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J.Pinto Fer-
E o espaço é como se fosse um cenário, podendo se divi-
nandes
dir em: urbano ou rural, regional ou universal. Às vezes, numa
que não tinha entrado na história.
mesma narrativa encontramos lugares abertos (natureza) e fe-
chados (ambientes).
Portanto, toda obra possui uma ou mais personagens,
Convido você a dar mais um salto nesse capítulo chamado
sendo que cada personagem sempre possui um grau de
no “REINO DAS PALAVRAS”. Em 2008 comemoramos 100 anos
atividade própria. E, as várias ações juntas formam uma in-
da morte de um importante escritor brasileiro. Sabe de quem
triga (ou enredo) da obra. O poema de Drummond- Qua-
estamos falando?
drilha- é um belo exemplo de intriga.
Isso mesmo! Estamos nos referindo à Machado de Assis.
Outro elemento é o conflito, esse nasce da ação provo-
Ele foi o mais importante escritor brasileiro, sua obra com-
cada por interesses diferentes. Vamos a outro poema:
preendeu vários gêneros, como a crônica, a crítica, o teatro, a
Vozes da Morte
poesia, o conto e o romance.
Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Desfrute esse poema de Machado. Ou, quem sabe, ofere-
Tamarindo de minha desventura,
ça-o a um Amigo.
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!
BONS AMIGOS
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem
Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
pedir.
E a podridão, meu velho! E essa futura
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Ultrafatalidade de ossatura,
Amigo a gente sente!
A que nos acharemos reduzidos!
Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o
Não morrerão, porém, tuas sementes!
olhar.
E assim, para o Futuro, em diferentes
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,
Amigo a gente entende!
43
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Benditos os que guardam amigos, os que entregam o É bom músico e bom homem; todos os músicos gos-
ombro pra chorar. tam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar
Porque amigo sofre e chora. e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tem-
Amigo não tem hora pra consolar! po. “Quem rege a missa é mestre Romão” — equivalia a
esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o
Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verda- ator João Caetano”; — ou então: “O ator Martinho cantará
de ou te apontam a realidade. uma de suas melhores árias.”
Porque amigo é a direção. Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular.
Amigo é a base quando falta o chão! Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Ro-
mão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e
Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros. passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orques-
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade. tra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os
Ter amigos é a melhor cumplicidade! gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era
outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele
Há pessoas que choram por saber que as rosas têm rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com
espinho, o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua Acabou
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o
rosas! rosto apenas alumiado da luz ordinária.
Machado de Assis Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sa-
http://www.pensador.info/autor/Machado_de_Assis/ cristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa
do jantar. Tudo isso indiferente e calado Jantou, saiu, ca-
Os estudiosos da obra de Machado de Assis destacam minhou para a rua da Mãe dos Homens, onde reside, com
algumas técnicas presentes na prosa machadiana (quando um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e
estudamos um autor atribuímos essa expressão): que neste momento conversa com uma vizinha — Mestre
Romão lá vem, pai José, disse a vizinha — Eh! eh! adeus,
Intertextualidade: a citação de obras de grandes es-
sinhá, até logo Pai José deu um salto, entrou em casa, e es-
critores. Com esse recurso Machado reforça e ilustra o que
perou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar
está escrevendo. Há citações das fontes inglesas, sobretu-
do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre.
do, na exploração do humor.
Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem
Paródia: é a ironização de frases, comportamentos,
passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou
textos.
jocundas. Casa sombria e nua. O mais alegre era um cravo,
Digressão: é o modo ziquezague de narrar. Isso faz
onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando.
com que aumentem os temas e ocorrências casuais.
Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhu-
Eufemismo: é o abrandamento de uma informação ma dele.. Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande
dolorosa por meio de uma expressão delicada. compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que
Terminaremos esse capítulo com um dos contos cur- têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as
tos e perfeitos da literatura brasileira. Nele, Machado de- últimas representam uma luta constante e estéril entre o
monstra surpreendente capacidade de síntese. Quanto a impulso interior e a ausência de um modo de comunicação
mestre Romão, a personagem principal, sua grandeza está com os homens. Romão era destas.
não só no que ele foi (um homem simples e um regente Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si
sem igual), mas no modo como recebeu a morte (sereno, muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e
embora frustrado) e no fato de haver sido o pivô de uma originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta
grande ironia. era a causa única da tristeza de mestre Romão. Natural-
Cantiga de Esponsais mente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros
Machado de Assis aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo;
Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Car- mas a verdade é esta: — a causa da melancolia de mestre
mo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram Romão era não poder compor, não possuir o meio de tra-
todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é duzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e
uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía
cantada daqueles anos remotos. informe, sem idéia nem harmonia. Nos últimos tempos ti-
Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacris- nha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada E,
tães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça,
cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as um canto esponsalício, começado três dias depois de ca-
mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, sado, em 1779.
as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu
orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas
cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela.
com alma e devoção Chama-se Romão Pires; terá sessenta Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si al-
anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. guma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto
44
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes con-
sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja tinuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos
por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impa- ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora,
ciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, em vez de olhar para baixo Mestre Romão, ofegante da
encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do
Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não
de uma folha de papel, não mais. soavam — Lá... lá... lá.. Desesperado, deixou o cravo, pe-
Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes gou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça
durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa,
releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem
triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de feli- sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda
cidade extinta — Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje frase musical, justamente a que mestre Romão procurara
adoentado — Sinhô comeu alguma coisa que fez mal.. — durante anos sem achar nunca. O mestre ouviu-a com tris-
Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica.. O boticário teza, abanou a cabeça, e à noite expirou.
mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia se- Fonte: www.dominiopublico.gov.br
guinte mestre Romão não se sentia melhor. É preciso dizer
que ele padecia do coração: — moléstia grave e crônica. Pai AGORA É SUA VEZ
José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cede-
ra ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico — ATIVIDADE 1
Para quê? disse o mestre. Isto passa O dia não acabou pior; 1) No conto “Cantigas de Esponsais” há uma digressão
e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal estratégica que nos mostra, sobretudo a vida popular. Que
pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do papel tem essa digressão na arquitetura do conto?
incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que en-
tretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam- ATIVIDADE 2 (retirada da prova do ENEM)
lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade e morte”
acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos do poeta romântico Castro Alves:
capotes que o boticário lhe dava no gamão, — outro que Oh! Eu quero viver, beber perfumes
eram amores Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh´alma adejar pelo infinito,
dizia que era o final — Está acabado, pensava ele Um dia de
Qual branca vela n´amplidão dos mares.
manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente
No seio da mulher há tanto aroma...
mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
palavras enganadoras: — Isto não é nada; é preciso não
-Árabe errante, vou dormir à tarde
pensar em músicas.. Em músicas! justamente esta palavra
Á sombra fresca da palmeira erguida.
do médico deu ao mestre um pensamento Logo que ficou
Mas uma voz responde-me sombria:
só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde
Terás o sono sob a lájea fria.
1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas ar- ALVES, Castro, Os melhores poemas de castro Alves. Sel.
rancadas a custo e não concluídas. E então teve uma idéia De Ledo Ivo. São Paulo: global; 1983.
singular: — rematar a obra agora, fosse como fosse; qual- Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o
quer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma inconformismo do poeta com a antevisão da morte pre-
na terra — Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e matura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece
se conte que um mestre Romão.. O princípio do canto re- na palavra
matava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, a) embalsamada
era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou b) infinito
que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava c) amplidão
para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na jane- d) dormir
la dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, e) sono
debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas
mãos presas. ATIVIDADE 3
Mestre Romão sorriu com tristeza — Aqueles chegam, Não faças versos sobre acontecimentos.
disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles Não há criação nem morte perante a poesia
poderão tocar.. Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e Diante dela, a vida é um sol estático.
chegou ao lá... — Lá, lá, lá.. Nada, não passava adiante. E Não aquece nem ilumina.
contudo, ele sabia música como gente — Lá, dó... lá, mi... lá, Uma das constantes na obra poética de Carlos Drum-
si, dó, ré... ré... ré.. Impossível! nenhuma inspiração. Não exi- mond de Andrade, como se verifica nos versos acima é:
gia uma peça profundamente original, mas enfim alguma a) a locução do homem social
coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento b) o negativismo destrutivo
começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava c) a violação e desintegração da palavra
reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mu- d) o questionamento da própria poesia
lher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava e) o pessimismo lírico
45
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 4 Capítulo 6
“A poesia deixa de ser apenas um lamento senti-
mental murmurado em voz baixa para ser também um O PODER DAS PALAVRAS E DAS IMAGENS
grito de protesto político ou reivindicação social.”
O fragmento acima se refere a dois momentos da poe- COMPREENDER E USAR OS SISTEMAS SIMBÓLICOS
sia romântica brasileira que podem ser definidos, respecti- DAS DIFERENTES LINGUAGENS COMO MEIOS DE OR-
vamente, como: GANIZAÇÃO COGNITIVA DA REALIDADE PELA CONSTI-
a)1ª geração romântica- 2ª geração romântica TUIÇÃO DE SIGNIFICADOS, EXPRESSÃO, COMUNICA-
b) ultra-romantismo- condoreirismo ÇÃO E INFORMAÇÃO
c) indianismo- poesia social
d) geração condoreira-geração “mal do-século” Sônia Querino Santos e Santos
ATIVIDADE 5
A canção “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”
compostos pelo rei Roberto Carlos da Jovem Guarda nos
anos 1970 é considerada
a) Uma canção de amor.
b) Uma canção de protesto.
c) Uma exaltação à natureza.
d) Uma canção sarcástica.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respos-
tas
ATIVIDADE 1 - O papel é o de transformar o conto não
numa mensagem particular e isolada sobre a vida de um
músico do passado, mas nos colocar em contato com al-
guns conflitos universais do ser humano (desejar o que não
está no alcance do nosso talento; achar-se menos do que
realmente se é; autocompreensão da velhice e da doença... Figura 1 comuniquese.wikidot.com/tres-funcoes-basicas-...
ATIVIDADE 2 - LETRA E: sono
ATIVIDADE 3 - LETRA E: o pessimismo lírico Caro aluno (a)
ATIVIDADE 4 - LETRA C: indianismo- poesia social Embora o índice de analfabetismo seja marcante no
ATIVIDADE 5 - LETRA A: uma canção de amor. Brasil, a linguagem escrita está em toda parte e de diferen-
tes modos. Algumas acompanhadas por símbolos (imagens
e outros recursos), cuja função é dar sentido à linguagem.
PRA FIM DE PAPO...
Muitas vezes não percebemos que também na lingua-
Caro Aluno
gem falada há um esquema que favorece a compreensão
das pessoas envolvidas na conversa, ou seja, há uma or-
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
ganização a partir de algumas variáveis: o assunto, tipo de
- Identificar categorias pertinentes para
situação, papéis dos participantes e o tipo de linguagem. E,
a análise e interpretação do texto literário e reconhecer os
na interação dessas variáveis cria-se um movimento (avan-
procedimentos de sua construção.
ço e recuo) do conteúdo debatido.
- Distinguir as marcas próprias do texto Sabe quando a conversa parece não avançar?
literário e estabelecer relações entre o texto literário e o Pode ser que as pessoas envolvidas estejam se “atro-
momento de sua produção, situando aspectos do contexto pelando” na conversa. Ou, pode acontecer que na ansie-
histórico, social e político. dade de participar misturam os assuntos e... aí ninguém se
- Relacionar informações sobre concep- entende mesmo!
ções artísticas e procedimentos de construção do texto Portanto, para a comunicação falada seguimos um es-
literário com os contextos de produção, para atribuir signi- quema através do qual a conversa se torna envolvente e os
ficados de leituras críticas em diferentes situações. interessados ao assunto discutido argumentam, apresen-
- Analisar as intenções dos autores na tam seus pontos de vista favoráveis e desfavoráveis e... na
escolha dos temas, das estruturas, dos estilos, gêneros dis- empolgação as horas passam.
cursivos e recursos expressivos como procedimentos argu- Consequentemente, quando nos referimos à lingua-
mentativos. gem escrita, é igualmente importante, ordenar o assunto e
- Reconhecer a presença de valores so- estabelecer relações, utilizando-se dos recursos argumen-
ciais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio tativos na sustentação de seus pontos de vista.
literário nacional. Lembre-se que um texto não é um amontoado desor-
ganizado palavras. Mesmo porque, se não levarmos em
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude conta as relações de uma frase com outra que compõem
um pouco mais, você está iniciando um processo de apren- o texto corremos o risco de atribuir um sentido oposto ao
dizagem e ele exige persistência...vamos lá! pretendido.
46
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Mas... Há vários tipos de textos? Dona Vassoura ficou inquieta, pensou, pensou...
Sim, pois os textos nascem de acordo com o contexto, - Sozinha aqui pelo menos vou ter um companheiro, nada
nesse sentido, quanto mais lemos, mais adquirimos vocabu- tenho a perder, até que ele é bem simpático pois já o vi algu-
lário e facilidade para escrever. Essa escrita recebe o nome mas vezes brincando na água.
genérico de redação. Portanto, há basicamente, três modos Mais tarde a noitinha dona Vassoura chamou dona Pazi-
de organização de um texto: o narrativo, o descritivo e o nha e disse-lhe:
dissertativo. - Bem diga a ele que aceito, mas como será o que vamos
Vamos falar de cada um deles. fazer?
- Não se preocupe nós vamos arranjar tudo para o casa-
•NARRAÇÃO mento.
Narrar é contar uma história que pode ser real ou ima- E assim foi.
ginária. Cabe lembrar que em nosso cotidiano encontramos Fizeram, primeiro, a lista dos padrinhos e convidados.
textos narrativos, ou seja, contamos e ou ouvimos histórias - Ouça dona Vassoura, os padrinhos de seu casamento
o tempo todo. serão: o senhor Balde e eu. As daminhas serão as Flanelinhas
Na narração utilizamos verbos de ação e, antes de narrar que estão todas felizes pelo evento.
um fato ou história é importante decidir se você vai ou não - O senhor Papel Higiênico ficou de enfeitá-la e fará uma
fazer parte da narrativa. grinalda bem linda, ele prometeu.
Vamos ao exemplo? - O ambiente será todo perfumado pois, os Senhores
“...Quando desci da lotação vi um pacote perto de um ca- Desinfetantes se incumbirão de fazê-lo. - No mais, todos os
chorro vira-lata. Na curiosidade, me aproximei e peguei o pa- outros moradores deste armário vão contribuir. Os senhores
cote; comecei a abrir. Lá estava bem enroladinho com jornais Panos de Chão, os Tapetes, até o Sr Desentupidor irá colaborar.
velhos um envelope com um montão de dólares... nossa!...” - Pelo jeito já está tudo combinado, não é mesmo dona
Pazinha?
O narrador faz parte da história e optou por fazer a nar- - É sim. Vamos marcar para a próxima noite, certo?
rativa em 1ª pessoa. Os verbos da narrativa conjugados em - Sim, combinado.
1ª pessoa são: desci, vi, aproximei, peguei, comecei. A noite veio e o casamento foi realizado com muita simpli-
As narrativas mais conhecidas são: romance, novelas e cidade. Dona vassoura toda enfeitada. O noivo, Senhor Rodo,
contos. Nos romances a narrativa é longa e envolve bastan- com a ajuda do Senhor Pano de Chão, estava muito bem en-
tes personagens. De acordo com o tema, os romances mais rolado, muito elegante.
conhecidos são: de amor, de aventura, policial, ficção... Os convidados estavam felizes e a festa foi até de madru-
Nas novelas, lembra de “A Favorita”, apresentada pela gada.
rede globo? Nas cenas apresentadas havia uma série de ca- No dia seguinte, quando foi aberto o armário, estava tudo
sos paralelos e vários momentos de suspenses. E, quantas diferente!
vezes aquelas cenas foram motivos de conversas entre nós, - O que aconteceu aqui? Pensou a dona da casa...
Hein? A vassoura toda enfeitada de papel higiênico, o rodo fora
Como estamos nos referindo aos textos narrativos, não do lugar...
podemos deixar de lado, as historinhas infantis. Elas são Fechou a porta do armário e esqueceu o assunto, mas que
exemplos de textos narrativos. era estranho era...
Lá dentro os convidados começavam acordar da festa de
Leia: O CASAMENTO DA VASSOURA ontem, ou seja, do casamento da Vassoura...
de Marlene B. Cerviglieri Fonte: http://www.contos.poesias.nom.br/ocasamentoda-
Ali guardadinha estava a vassoura num cantinho do vassoura/ocasamentodavassoura.htm
armário. Às vezes a tiravam e dançava muito pela casa ou
quintal, ficando até tonta de tanto ir pra lá e pra cá. Mas de- COMENTÁRIOS: quando ouvimos ou lemos uma história,
pois ficava no cantinho até tristonha mesmo. Um dia, porém, criamos a imagem mental dos personagens e do cenário da
ouviu uma vozinha que a chamava: narrativa. Para tanto, interpretamos os “não-ditos”, nas entre-
- Dona Vassoura, oh dona vassoura está me ouvindo? linhas. Nesse sentido podemos afirmar que a história se com-
- Sou eu, a dona Pazinha aqui do outro lado. pleta com a participação do ouvinte ou do leitor.
- Sim, estou ouvindo - disse a Vassoura até meio assus- •DESCRIÇÃO
tada. A Descrição é a apresentação falada ou escrita daquilo que
- Tenho um recado para a senhora, do senhor Rodo. você viu. Na Descrição ou texto descritivo se faz um retrato por
- De quem? escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto.
- É do senhor Rodo. A classe de palavras mais usada é o adjetivo (termos que
- Ele mandou lhe dizer que gostaria de casar com a se- expressam qualidade, estado ou modo de ser a pessoa ou ob-
nhora! jeto). Na descrição de pessoas é importante apresentar as ca-
- O que devo responder a ele? racterísticas físicas (gorda, magra, ruiva, negra) e, na descrição
- Ora - disse a Vassoura, pega de surpresa - Eu casar de um ambiente a paisagem deve ser bem detalhada (ex:
com o senhor Rodo? na rua tinha uma placa que dizia que era proibida a entrada
- É sim. Pense e depois me dê a resposta, é só me cha- de pessoas estranhas). Já na descrição de um objeto é bom
mar. lembra a cor, a forma e outros detalhes.
47
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Um exemplo? Leia o trecho abaixo: esse fato aconteceu com um jovem de 15 anos.
“... uns amigos meus me chamaram pra ir no shopping. Tava tudo “mara” aí né? uma “gambé marenta” de olho claro e
tal, cabelo preto, toda estilosa, pediu meus documento. Aí falei: para quê? Não tamos fazendo nada... Ela falou: tô de olho em
vocês já faz tempo. Tão procurando o quê? AH! Eu fiquei “p” da vida e não mostrei nada. Então vim parar aqui nas mãos dos
homens! Caramba, não fiz nada!..”
COMENTÁRIO: Se você leu atentamente deve ter percebido que o trecho acima foi escrito de acordo com a linguagem
falada por esse jovem de 15 anos: (ir “no” shopping; tava tudo mara; fiquei “p”...).
Destaco aqui a importância em você perceber que a linguagem utilizada em nosso dia-a-dia, como o uso de gírias
ou outras expressões devem ser evitadas quando você estiver redigindo uma redação, seja ela, na narrativa, descritiva ou
argumentativa. Isso porque, na redação você deverá seguir as regras gramaticais e ortográficas exigidas para a escrita.
Pense sobre isso!
•DISSERTAÇÃO
Já os textos dissertativos encontram posicionamentos pessoais e exposição de idéias. A intenção de quem escreve é a
argumentação, apresentada de forma lógica e coerente, a fim de defender um ponto de vista.
Geralmente, um texto dissertativo está dividido em três partes: 1) Introdução; 2) Desenvolvimento; 3) Conclusão.
• Na introdução você deverá definir a questão e situar o problema, ou seja, você vai apresentar os fun-
damentos ou alguma teoria sobre aquele assunto e fornecer as ideias.
• No desenvolvimento você irá defender a ideia apresentada na introdução, para isso você poderá fazer
comparações, ligações com outro assunto, tudo para comprovar a ideia inicial.
• Para concluir, ou seja, no encerramento de sua dissertação que deve ser breve e marcante, você poderá
usar expressões: “É assim que...” “Dessa maneira...”.
Veja abaixo um texto dissertativo, apresentado numa avaliação do ENEM e aprovada com nota máxima. Leia-a! E acre-
dite que a próxima poderá ser a sua!
Então... aí vai umas dicas a serem levadas em conta quando você estiver fazendo sua redação, seja ela, narrativa, des-
critiva ou dissertativa.
DICAS:
1) Leia com atenção “redobrada” o que está sendo pedido.
2) Não confunda o tema da redação com o título.
3) O tema da redação está no enunciado da questão, já o título é criação sua.
4) Ao escrever sobre um tema polêmico (exemplo: política, religião, esporte...) não seja radical, ou seja, não apresente
seu ponto de vista de maneira violenta e comprometedora;
5) Fique atento para a “força das palavras”, lembre-se que existe uma profunda diferença entre a linguagem falada e
a linguagem escrita, portanto, evite gírias e palavras vulgares, os famosos palavrões!
6) Evite frases longas. Prefira as frases curtas.
7) Evite usar “chavões”, provérbios populares. Exemplo: “filho de peixe, peixinho é”; “quem fere com fogo, com fogo
será ferido”... são palavras desgastadas pelo uso, então, use sua imaginação!
E, lembre-se: “Não há textos exclusivamente narrativos, descritivos ou dissertativos”. Porém, no seu texto será percebi-
do o predomínio de um dos três modos sobre os demais.
48
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Recordando: Os textos são caracterizados por um conjunto de frases em harmonia de sentido, ou seja, com coerência
e com funções específicas: informar, emocionar, recordar, convocar. Portanto, será no contexto que as frases ganharão
sentidos diversos e apropriados.
Uma outra coisa muito importante que devemos ter em mente é a intenção da comunicação, seja na linguagem verbal
ou não verbal. Às vezes uma gravura ou um gesto “falam” mais que mil palavras!
Então, é preciso abrir os olhos para o contexto e para a intenção da comunicação.
Acompanhe a tabela e veja geralmente em quais textos cada função é mais destacada:
•FUNÇÃO INFORMATIVA
Na função informativa a intenção do texto é comunicar o objeto da mensagem ou a situação nela apresentada. Os
textos científicos, jornalísticos e didáticos são exemplos dessa função de linguagem.
Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções: informação, sociedade, economia, cultura, esporte, espetáculos,
entretenimentos.... As mais comuns são as notícias, as entrevistas, as reportagens... Elas possuem características próprias. e
cumprem certos padrões de apresentação: letra legível, diagramação cuidada, inclusão de gráficos ilustrativos que é funda-
mental para as explicações do texto...
Quando possível comprove essas informações nos jornais escritos ou nas páginas de jornais questão nos sites. Não
perca a oportunidade em utilizar o computador como fonte de pesquisa e conhecimento.
49
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
As notícias constam de três partes diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento. É normal que este texto
use a técnica da pirâmide invertida, ou seja, a disposição das informações está em ordem decrescente de importância.
Dessa maneira, os fatos mais interessantes são utilizados para abrir o texto jornalístico, enquanto os de menor relevância
aparecem na sequência.
Lembre-se: o título cumpre a função de atrair a atenção do leitor. A linguagem é em 3ª pessoa. E é um texto que se
caracteriza por usar sempre da objetividade e veracidade.
Já a entrevista focaliza um tema atual, embora a conversação possa enveredar para outros temas.
•FUNÇÃO LITERÁRIA
Na função literária há uma preocupação com a estética (uso de metáforas, rimas, musicalidade, comparações...) que
atribuem “beleza” à escrita. É interessante observar a forma dos poemas. Há estrofes de quatro versos (quadra) muito usa-
das em poesia sertaneja e na literatura de cordel.
50
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Zé da Luz
E nesta constante lida
Na luta de vida e morte
O sertão é a própria vida
Do sertanejo do Norte
Três muié, três irimã,
Três cachorra da mulesta
Eu vi nun dia de festa
No lugar Puxinanã.
Respeitando o estilo de cada poeta na rima da poesia, observe a rima do poema acima: a primeira linha com a terceira,
e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira.
•FUNÇÃO EXPRESSIVA
Ferreira Goulart (não há vagas) eu-lírico e o sentimento do coletivo
Nos poemas, além da função literária encontramos as funções expressivas, conhecidas por eu-lírico. Mas, cuidado,
quando nos referimos a eu-lírico não nos referimos somente ao sentimento individual do poeta como vimos no capitulo
anterior, às vezes, o eu-lírico pode expressar um problema social.
Um exemplo muito próximo é a produção dos Rapers, é um eu-lírico que se assume como “porta-voz” da sua comu-
nidade.
Leia três poemas de Fernando Pessoa. É marcante nesse poeta a utilização de “heterônimos”, ou seja, o poeta portu-
guês, Fernando Pessoa assina suas obras(poesias) atribuindo para si outros nomes: Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto
Caieiro.
Nesse caso, o eu-lírico está identificado com realidades diferentes Que você poderá comprovar a partir da leitura dos
poemas de Fernando Pessoa apresentados a seguir.
51
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
•FUNÇÃO APELATIVA
Nos discursos, sermões e propaganda a intenção da escrita está em convencer o receptor, então, a função de lingua-
gem usada é a função apelativa.
Os textos publicitários informam sobre o que se vende com intenção de criar no ouvinte, ou telespectador a necessi-
dade de comprar. Neles, é tão forte o grau de convencimento que algumas vezes não lembramos o produto em si, nem a
utilidade:
“... meu marido vai comprar um aparelho de barbear muito bom que a gente viu no Faustão.”
Realmente a “propaganda é a alma do negócio”!
Mas, no final, Quem paga a conta?
Talvez por isso, esteja alto o índice de pessoas com o nome “sujo na praça”, melhor dizendo, pessoas com restrições no
nome (problemas no SERASA e SPC).
Então... Antes de consumir é melhor refletir se realmente há necessidade em adquirir tal produto apresentado em
propagandas.
COMPRAS NA INTERNET?
Aliás, hoje em dia, não precisamos sair de casa. Basta acessar os sites da internet e, encontraremos várias maneiras
fáceis para comprar determinado produto. E o pior, em alguns casos, as pessoas pagam pelo produto e não recebem o
produto que compraram. Às vezes o “barato sai caro”. Prevenir é melhor que remediar.
Então... você tem acesso à internet? Já comprou alguma vez pelo site? Como foi sua experiência? Você indicaria para
alguém? Pense nisso e, se achar interessante converse sobre isso com um amigo. Assim, você amplia seu conhecimento
sobre um assunto que está na “moda”: comprar pelo computador.
Essas são realmente as “facilidades” do mundo atual, mas sem dúvida, o uso abusivo dos cartões de créditos e outros
financiamentos tem “tirado” o sono de muita gente...
__________
1 www.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/pessoa.html
2 http://www.jornaldepoesia.jor.br/fp400.html
3 http://www.jornaldepoesia.jor.br/facam47.html
52
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
E, para finalizar, não podemos deixar de lembrar a função de entretenimento e crítica. Como você já sabe a linguagem
pode ser verbal e não verbal ao mesmo tempo. Nesse sentido, a linguagem em quadrinhos permite ao leitor fazer uso da
imaginação na interpretação do texto.
Com os avanços da tecnologia, as charges podem ser acessadas em sites específicos e funcionam como instrumento de crítica,
reflexão e formação de opinião. A historinha acima você poderá ter acesso através do endereço: http://www.falamenino.com.br/.
Portanto, de acordo com o início desse capítulo, embora numa sociedade na qual a escrita está em toda parte, veja que
os recursos gráficos-visuais cumprem a função de transmitir a mensagem.
Nas figuras abaixo, o objetivo da mensagem é facilmente interpretado por qualquer pessoa, seja ela escolarizada ou não.
FIGURA 1 FIGURA 2
Na figura 2, por exemplo, qual frase você escreveria para explicar a mensagem?
Acredito que as frases podem até ser diferentes na escrita, porém o conteúdo da frase seria semelhante, ou seja, todas
as frases que possam vir a ser escritas se referindo à figura 2 trarão a indicação das escadas em casos de incêndio.
Então, para interpretar bem um texto, seja ele escrito ou não, é importante se perguntar sobre o contexto em que foi
escrito ou elaborada a mensagem. Se alguém perguntar o que é contexto, você tranquilamente dirá que é a relação entre
o texto e a situação em que ele ocorre. Por isso, o contexto pode ser (social,cultural, estético, político...). Isso não significa
afirmar que um determinado texto só possui um contexto.
Às vezes um determinado assunto tem repercussão em várias áreas, nesse sentido é correto afirmar que os contextos se
misturam.Portanto, um assunto poderá ter uma conotação social e política ao mesmo tempo. Ou uma determinada reporta-
gem sobre questões de estéticas pode apresentar um contexto religioso.
Logo, o ler um texto devemos em primeiro lugar prestar atenção em seu conteúdo informativo fundamental, ou seja, o
tema central. Em seguida você deverá observar nos parágrafos seguintes as ideias secundárias. Para identificar o contexto
ou os contextos observe os verbos que aparecem no texto, bem como, os recursos utilizados para unir os parágrafos.
O mais interessante é você identificar o núcleo centrar da mensagem e, antes de começar a escrever pensar sobre o
assunto; verificar se há ulgum termo que você desconhece. Portanto, o dicionário é sempre bem-vindo.
Leia atenta os enunciados em seguida pense no tipo de texto a ser produzido. Entre esses fatores, dois são fundamentais:
a finalidade do texto e o interlocutor, ou seja, a quem o texto se destina.
• Motoristas reivindicam aumento salarial
Comentário: Nesse enunciado percebemos dois contextos: o social (relacionado ao ato de reivindicar ou seja, recla-
mar por melhorias de vida) e o contexto político (um direito garantido pelas Leis Trabalhistas ao trabalhador) bem como, a
associação do trabalhar em sindicatos de ligados à sua área de atuação. Para você desenvolver, com sucesso,um texto com
essa temática, o primeiro passo poderia ser consultar o dicionário para saber o que significa reivindicação. E cuidado não é
reinvidicação.
• O Congresso investiga denúncia sobre envolvimento de Deputados no desvio da verba pública
Comentário: nesse caso o contexto político sobressai, porém com implicações históricas e sociais, pois o dinheiro pú-
blico não deve ser destinado para fins pessoais. Contudo, casos semelhantes sempre aconteceram em nossa História, o que
não significa dizer que não devam ser corrigidos, portanto, ao escrever sobre um tema polêmico como esse você deveria
destacar por exemplo, o papel político do Congresso em zelar pelo Patrimônio Nacional.
• Cresce o número de casos de Endometriose em Adolescentes
Comentário: o tema central focalizado no anúncio tem incidência na área da saúde, portanto, é de domínio social,
político. Porém, o desconhecimento da palavra “Endometriose” poderá dificultar sua escrita. Então, a pesquisa prévia sobre
o que iremos escrever, bem como, acompanhar as notícias veiculadas nos meios de comunicação, ajudará a nos manter
informados.
Pois, para o desenvolvimento do enunciado não basta abordar sobre adolescência, uam vez que o foco central está em
“algo” que afeta a adolescência. Aproveite o exemplo e consulte um site de busca para saber o que é Endometriose.
• Líder Religioso acusado de pedofilia
Comentário: mais uma vez podemos afirmar que os contextos se cruzam. Pois, o tema presente no enunciado é de
preocupação social, política e religiosa. O termo “pedofilia” pode ser buscado no dicionário justamente para ajudar a am-
pliar nossos conhecimentos. Contudo, em uma redação com essa, você deverá evitar palavras pejorativas e que expressem
“juízo de valor” quanto à religião. Nesse caso, importa atender à solicitação para a escrita demonstrando argumentos sobre
a questão central “pedofilia”.
53
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
• Cresce o número de jovens vítimas de acidentes 3) Para o parágrafo central do rascunho, também cha-
de trânsito. mado tópico frasal o aluno pretendia se guiar por essa
Comentário: os contextos se entrelaçam, ou seja, para ideia escrita: “A vitória de Barack Obama como presidente
“resolver” ou diminuir o índice de incidência de casos des- dos Estados Unidos acena para mudanças de paradigmas,
critos no enunciado, os órgãos competetentes precisarão sobretudo nas relações interraciais”.
investir em medidas sócio-educativas aos motoristas e pe- 4) O aluno nos parágrafos secundários apresentaria
destre até mesmo investir em políticas punitivas aos en- sua opinião sobre o tema previsto (Eleição nos EUA), bem
volvidos em situações como essa. Observe que ao escrever como, a importância desse evento num contexto mundial,
sobre uma temática desse tipo você poderá recorrer aos ou seja, a mudança social, histórica e política vivenciada
dados estátísticos entre outros recursos de argumentação. nos EUA e sua influência direta com os demais países. Ain-
E evitar os famosos “jargões” sobretudo os que estão dire- da nos parágrafos secundários, ele iria falar sobre as rela-
cionados aos condutores de veículos. ções interraciais, sem desviar-se do tema (eleição nos EUA);
• Produtos de depilação provocam câncer de pele 5) na conclusão: ele destacou a importância da vitória do
Comentário: Pode parecer um tema exclusivamente Primeiro Negro como Presidente dos EUA.
estético e “feminino”. Nesse sentido, cuidado ao escrever E então, você acha que a partir desse rascunho José con-
sobre um assunto como esse para não cair nas frases de seguiu redigir a redação dissertativa-argumentativa?Que tal
“efeito de sentido”, por exemplo: “isso acontece com as você tentar redigir a sua? Lembramos que a Eleição nos EUA
mullheres porque elas...”. foi um assunto muito divulgado nos meios de comunicação e
Note que a temática câncer de pele é um assunto sério, quem sabe não poderá ser a proposta de redação em concur-
o qual pode ser debtido considerando vários aspectos e sos públicos ou outros processos seletivos?
enfoques. Por isso, é importante ler sobre vários assuntos, Ai vão algumas dicas:
ou seja, manter-se informado. Quero dizer com isso que: Atribua um título criativo.
“não existe assunto exclusivo para mulheres ou exclusivo Cuidado: não confunda o tema com o título da sua re-
dação.
para homens”. O que importa na hora de desenvolver um
O título deverá ser de sua própria autoria.
texto escrito é exatamente o seu grau de conhecimento
O texto deverá apresentar no mínimo 12 linhas e no má-
de “mundo”. Então... Seja uma pessoa “antenada”, ou seja,
ximo 30 linhas
uma pessoa que acompanha os avanços tecnológicos que
nos favorecem rapidez e interação de informação. AGORA É A SUA VEZ!
Vamos exercitar? ATIVIDADE 1
Se fosse solicitado para você escrever uma redação Relacione as frases abaixo de acordo com as funções
dissertativa argumentativa a partir da figura abaixo, quais de linguagem.
os passos você trilharia? A- informativa; B- Literária; C- emotiva
( ) Quando estive em sua casa convivi com sua ausência
( ) Tatiana não desapontou a mim, nem a você
( ) Naquele momento não supus que um caso tão insig-
nificante pudesse provocar desavença entre pessoas razoá-
veis (Graciliano Ramos)
ATIVIDADE 2
Para convencer o público quanto à importância de um
produto de estética que você está revendendo, que tipo de
função de linguagem você utiliza para convencer o cliente e
garantir a venda do seu produto?
54
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
55
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Então, é importante aprender inglês e não “papagaiar” Talvez Raul Seixas estevisse apontando para a desva-
o idioma. lorização no mundo do trabalho, por exemplo. Veja que
Vamos a outro trecho do Raul? todas as profissões são importantes, no entanto, umas são
“... essa noite eu tive um sonho de sonhador: maluco super-valorizadas e outras, em contrapartida, são desvalo-
que sonho eu sonhei. O dia em que terra parou...” rizadas ao extremo.
O Dia em que a Terra Parou Quer um exemplo bem próximo do nosso dia-a-dia?
Raul Seixas Pense nas pessoas que realizam trabalhos manuais em
Composição: Raul Seixas / Claudio Roberto nossas casas, escolas, e outros locais de trabalho. Algumas
Essa noite eu tive um sonho (faxineiros, porteiros...) são tratadas com indiferença ou
de sonhador consideradas inferiores por exercerem esses serviços. Aliás,
Maluco que sou, eu sonhei serviços necessários ao nosso bem-estar.
Com o dia em que a Terra parou Então? Raul Seixas chama à atenção para as diversida-
com o dia em que a Terra parou des de funções sociais e atuações no mundo, pois todas
estão interligadas e deveriam ser valorizadas.
Foi assim Você com certeza tem pontos de vistas diferentes dian-
No dia em que todas as pessoas te dos trechos das músicas destacadas, ou até mesmo, ao
Do planeta inteiro ler o comentário acima não concorda com o ponto de vista
Resolveram que ninguém ia sair de casa apresentado. Se isso aconteceu é sinal que você já desen-
Como que se fosse combinado em todo volveu a capacidade pessoal de argumentação crítica.
o planeta E então, que tal você colocar no papel seu ponto de
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém vista a respeito dos trechos das músicas destacadas? Será
um ótima oportunidade para você desenvolver a habilida-
O empregado não saiu pro seu trabalho de de escrever um texto argumentativo crítico. Vamos lá?
Pois sabia que o patrão também não tava lá Faça sua parte, exercite-se...
Dona de casa não saiu pra comprar pão Nosso assunto nesse capítulo é sobre o ponto de vista.
Pois sabia que o padeiro também não tava lá Portanto, se todo texto (oral, escrito, gráfico...) tem uma
E o guarda não saiu para prender
intenção, como descobrir o que está por trás das palavras,
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
dos desenhos, das letras das músicas, dos poemas... dos
e o ladrão não saiu para roubar
discursos?
Pois sabia que não ia ter onde gastar
Como reconhecer as estratégias de convencimento uti-
...
lizadas nos diversos meios de comunicação e linguagem?
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Um simples outdoors, um folheto, um quadro, uma ca-
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
ricatura... de inúmeras maneiras há sempre alguém tentan-
E os fiéis não saíram pra rezar
do “vender” seu produto, “vender sua ideia”, nos convencer
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar dos seus pontos de vistas...
Pois sabia o professor também não tava lá Tudo isso é natural numa sociedade em que a comu-
E o professor não saiu pra lecionar nicação se renova de forma tão rápida. Tudo isso é natu-
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar ral quando pensamos que através dos variados meios de
... linguagens conseguimos transmitir nossos objetivos a um
O comandante não saiu para o quartel número sempre maior de pessoas.
Pois sabia que o soldado também não tava lá Pretendemos chamar sua atenção para descobrir esses
E o soldado não saiu pra ir pra guerra interesses que estão “por trás” da produção oral (sermão,
Pois sabia que o inimigo também não tava lá discurso...), da produção escrita (folhetos, cartas, história
E o paciente não saiu pra se tratar em quadrinhos...), da produção gráfica (quadros, pintu-
Pois sabia que o doutor também não tava lá ras...). Pois, a todo instante estamos LENDO o MUNDO.
E o doutor não saiu pra medicar O que significa dizer que de diversos modos somos
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar5 convidados a TOMAR PARTIDO, nos POSICIONAR, dizer
COMENTÁRIO: Mais uma vez, respeitando os vários o que pensamos, ARGUMENTAR, ou seja, com palavras e
pontos de vista, destacamos alguns elementos conside- gestos apresentar MEU PONTO DE VISTA.
rados críticos e que estão presentes na letra dessa músi- Assim sendo, no contexto social que vivemos são mui-
ca. Possivelmente os autores desse texto escrito (música) tos os interesses. Então é preciso aprender a identificá-los.
tinham a intenção em demonstrar a importância da di- Convido você a um exercício de interpretação.
versidade na sociedade. Um precisa do outro, ou seja, se A partir das figuras abaixo você tentará identificar o
“em comum acordo” todos decidirem parar, realmente a tema enfatizado, ou seja, você irá observar as figuras e bus-
terra pára. car perceber a intenção da comunicação que está imbutida
na figura. Veja o exemplo da figura 1. Entre as alternativas
5 http://letras.terra.com.br/raul- (a/b/c) qual é aquela que melhor corresponde à situação
seixas/48325/ demonstrada?
56
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
FIGURA 1 FIGURA 3
Observe a figura 2 :
57
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
58
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
59
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
O aviso pode ser interpretado pelos funcionários como (...) Esquina da Avenida Desembargador Santos Neves
(A) uma consulta sobre a mudança de horários. com Rua José Teixeira, na Praia do Canto, área nobre de
(B) uma ordem a ser cumprida. Vitória. A.J., 13 anos, morador de Cariacica, tenta ganhar
(C) uma idéia a ser discutida. algum trocado vendendo balas para os motoristas. (...)
(D) um questionamento sobre a disponibilidade dos “Venho para a rua desde os 12 anos. Não gosto de tra-
funcionários. balhar aqui, mas não tem outro jeito. Quero ser mecânico”.
A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.
ATIVIDADE 4
As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos Entender a infância marginal significa entender porque
para comparecer às procissões e festas da Igreja Católica. um menino vai para a rua e não à escola. Essa é, em es-
A pintora Tarsila do Amaral reproduz no quadro Anjos, sência, a diferença entre o garoto que está dentro do carro,
de 1924, uma dessas cenas onde se vêem rostos amorena- de vidros fechados, e aquele que se aproxima do carro para
dos, representando, com isso, a vender chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença entre
(A) pobreza do mundo religioso. um país desenvolvido e um país de Terceiro Mundo.
(B) tristeza do povo religioso. Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo,
(C) mistura de povos no Brasil. Ática, 2000. 19a. edição.
(D) variedade de crenças no Brasil.
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas
ATIVIDADE 5
Com base na leitura da charge, do artigo da Constitui- ATIVIDADE 1
ção, do depoimento de A.J. e do trecho do livro O cidadão Alternativa correta é a letra: D
de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertati-
vo-argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do ATIVIDADE 2
adolescente: como enfrentar esse desafio nacional? Alternativa correta é a letra: B
Ao desenvolver o tema proposto, procure:
*utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões ATIVIDADE 3
feitas ao longo de sua formação. Alternativa correta é a letra: B
*selecione, organize e relacione argumentos, fatos e
opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando ATIVIDADE 4
propostas para a solução do problema discutido em seu Alternativa correta é a letra: C
texto.
* lembre-se de que a situação de produção de seu tex- ATIVIDADE 5 (ENEM- 2000)
to requer o uso da modalidade escrita culta da língua. redação
60
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
61
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
e... o passo seguinte será colocar a caneta pra trabalhar, ou O período que traz a idéia principal sobre o tema é
iremos direto ao computador e fazemos uso de uma fer- chamado de tópico frasal, os demais são chamados de pe-
ramenta do sistema de informática chamada WORD (que ríodos secundários (esses apresentam os argumentos, posi-
significa “palavra” em inglês). Boa sorte! cionamentos sobre o tema)
É preciso começar hoje e amanhã teremos menos difi- Portanto, o parágrafo é composto por vários períodos.
culdade. Acredite! E, o texto composto por vários parágrafos, todos eles reuni-
dos ao redor do tema, ou assunto que se pretende escrever.
Um exemplo de tema: A violência Mas... atenção! Os períodos secundários do parágrafo
Então procure elaborar na sua mente o que pensa so- não deverão referir-se a outros assuntos, para não correr o
bre a violência. Fique bem atento aos caminhos do seu risco de se perder ou naufragar no caminho, deixando de
pensamento sobre esse assunto. Mas... tome cuidado, às lado a idéia principal do tema discutido.
vezes são tantos os pensamentos que não conseguimos
arrumá-lo. Conhece a famosa frase: “Não sei por onde co- Recapitulando:
meçar”? 1)FRASES OU ORAÇÕES
Uma dica para não se perder nos pensamentos é anotar. 2) ORAÇÕES AGRUPAGAS = PERÍODOS
Comece então a escrever ao lado do tema - nesse caso, 3) PERÍODO com IDÉIA PRINCIPAL = TÓPICO FRASAL
violência - os termos mais fortes que resumem seus pen- 4) PERÍODOS SECUNDÁRIOS
samentos. Veja que alguns voltam com mais força, então... 5) PARÁGRAFOS (VÁRIOS PERÍODOS) que compõem o
pode ser seu ponto de apoio, ou melhor, pode ser o sinal TEXTO.
por onde começar, pois assim você terá mais argumentos Na linguagem escrita geralmente fazemos uso do dis-
na escrita sobre o tema. Então com certeza seu texto vai curso direto ou indireto. No discurso direto apresenta-se a
se desenvolver (desenrolar) com facilidade. Porém, chegará fala das personagens, respeitando as variedades regionais,
a hora de finalizar sua escrita, então, lá vai outra dica: ne- cultura e classe social, ou seja, quem fala é ela e não o autor.
nhum tema pode ser totalmente esgotado. Então, pense Havia dois policiais na viatura. Deram sinal para parar
sempre no que você quer transmitir. Pense sobre isso e... o carro. Um eles gritou: “esvaziem o carro com as mãos no
ESCREVA. Com certeza você terá contribuído para que ou- cucurucu
tros possam avançar na arte da escrita. Nos olhamos, sem saber o que fazer.
Caro aluno, não existe um método a ser indicado para O outro policial repetiu: Isso mesmo, mãos sob a ca-
você que quer começar a escrever. O que há são dicas e, beça!
talvez a mais importante seja a simplicidade da escrita. Já no discurso indireto, o autor reproduz o que foi fala-
Uma vez que você sabe qual o tema deverá escrever e, do com suas próprias palavras. Acompanhe: ...os bombeiros
após ter organizado seus pensamentos, inicie sua constru- pediram que todos saíssem do parque, pois havia ameaça
ção fazendo uso dos tijolos (palavras), levante as paredes de incêndio.
(parágrafos) e logo o edifício (texto) estará de pé, com fra- Como ficaria no discurso direto?
ses curtas e bem sinalizadas. O policial pediu: “saíam todos do parque, há ameaça
Na elaboração dos parágrafos as orações/frases cum- de incêndio.”
prem um papel fundamental, elas são constituídas a partir Note que na passagem da frase do discurso indireto
do agrupamento de palavras com sentido completo, por para o discurso direto houve uma mudança no verbo pedir.
isso, deve ser sinalizada, ou seja, deve terminar com uma Geralmente, no discurso indireto o verbo está na 3ª pessoa.
pausa bem definida, um ponto, ou acompanhadas pelos Vamos recordar?
sinais de exclamação, reticências ou ponto de interrogação. 1ª pessoa- quem fala – eu
Que tal uma distinção entre frases e oração? 2ª pessoa- com quem fala- tu
Um exemplo de frase:Socorro!; Devagar!; Bom dia!; Boa 3ª pessoa- de quem se fala- (ele ou ela)
tarde! Observe que a frase é a unidade da linguagem falada E, como estamos numa sociedade em que “cada um
ou escrita suficiente por si mesma para estabelecer comu- tem seu estilo”, que tal falarmos das figuras de estilos utili-
nicação. A frase, portanto, pode ser formada por uma sim- zadas na escrita?
ples palavra, uma expressão, uma oração ou um período. Elas atribuem “beleza” ao texto escrito. São elas:
Pode a frase ter, ou não, verbo. •ALUSÃO: utilizamos essa figura de estilo de linguagem
Já a oração é a frase formada em torno de um verbo. quando pretendemos fazer uma rápida referência. Ex: Ela é
Exemplo: Andréia estuda informática na Microlins. Quan- uma moça fina, sua educação vem de berço. (o vocábulo
to ao período, esse se constitui de duas ou mais orações. berço quer significar família)
Exemplo: “Rubião fitou um pé que se mexia disfarçadamen- •COMPARAÇÃO: utilizada na ênfase de uma caracterís-
te” (Machado de Assis). Aqui encontramos duas orações: 1) tica ou aspecto destacado. Ex: Seus olhos estavam verme-
“Rubião fitou um pé”; 2) “que se mexia disfarçadamente”. lhos, vermelhos como uma bola de fogo.
Recapitulando: As frases também podem ser chamadas •METÁFORA: destaca a comparação, porém em senti-
de orações, que agrupadas formam o período. O período do figurado, ou seja, fazemos uso de termos ou expressões
poderá ser simples (quando formado por uma oração) ou e atribuímos outro significado. Nesse Caso, é importante
período composto (formado por mais que uma oração). sempre observar o contexto. Ex: As folhas estavam tão vi-
Tudo bem? çosas que pareciam sorrir.
62
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
•ANTÍTESE: quando usamos expressões opostas. Ex: eu prefiro o sol da manhã, já meu amado adora o frio da noite.
•GRADAÇÃO: utilizado para dar sensação de intensidade crescente. Ex: Após ter sido abandonada no altar, ela emagre-
ceu e adoeceu. Tamanha a sua tristeza que veio a morrer.
•HIPÉRBOLE: como figura de estilo na linguagem escrita pretende exagerar nas características ou aspecto de algo. Ex:
Estou devendo milhões de dinheiro na padaria.
•PERÍFRASE: consiste no emprego de uma palavra ou grupo de palavras para substituir um nome (seja de pessoa ou de
objeto). Ex: O “cabeça branca” da Bahia substituiu o nome do aeroporto 02 de julho. Ex: cabeça-branca substitui o nome do
então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, ou simplesmente ACM.
•EUFEMISMO: são expressões ou palavras que suavizam uma notícia desagradável ou triste. Ex: Meu padrinho descan-
sou. (quer significar: morreu)
•PROSOPOPÉIA: atribuímos características humanas a objetos, fatos ou coisas Ex: o mercado de bolsa de valores estava
nervoso.
•SINONÍMIA: consiste em repetir uma frase utilizando palavras diferentes, porém com o mesmo sentido. Ex: Que que-
res? Que desejas? Que anseias?
•RETICÊNCIA: enquanto figura de linguagem, consiste na ausência de uma ou mais palavras na frase com a intenção
de deixar provocar um suspense. Ex: Então... não precisa decorar os estilos de linguagem, pois eles são recursos utilizados
para o enriquecimento do texto.
Portanto, convidamos você a utilizar os estilos de linguagem na produção de seus textos (seja ele narrativo descritivo
ou dissertativo).
E, por falar em enriquecimento, sabe que outro aspecto que torna a língua portuguesa muito bonita e rica são as varia-
ções regionais. Imagine que o saboroso pão francês, lá em Salvador-Bahia é chamado de pão cacetinho.
Visualize a cena:
“...o Sr. José Carlos chega na padaria sábado pela manhã meio sonolento e pede: por favor eu quero duas varas bem
torradinhas.”
O quê? Isso mesmo, lá em Salvador-Bahia, “vara”, no contexto descrito acima, se refere ao pão baguete de São Paulo.
Leia a seguir o diálogo de Ana e Adriana
- Bah! Esse pinhão tá dos deuses!
- Ixi! Eu não gosto disso não, prefiro amendoim cozido!
- Credo! Amendoim cozido, que louco!
- Festa junina sem amendoim cozido, não é festa junina!
- Tchê. Festa junina tem que ter pinhão!
No diálogo entre Ana, nascida em Salvador e Adriana natural de Rio Grande do Sul percebemos as diferenças no modo
de se expressar de uma e de outra. Inclusive, há palavras bem características que uma explica para a outra seu significado.
Por que será que isso acontece?
Então caro aluno, vale a pena fazer um “tour” pelo Brasil afora e iremos descobrir nossa língua materna e suas características.
Você sabe como surgiram as diferenças (ou variações de linguagem) do português brasileiro? Acompanhe a matéria
publicada na Revista Super Interessante de abril do ano 2000.
63
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
64
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
65
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
66
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 5 Capítulo 9
Identifique o tema do fragmento abaixo:
Arrependido estou decoração
Decoração vos busco, daí-me abraços FACILIDADES E DESAFIOS NA ERA DAS
Abraços, que me rendam vossa luz. (Gregório de Matos)
TECNOLOGIAS
HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU - Respostas ENTENDER OS PRINCÍPIOS / A NATUREZA/ A FUN-
ÇÃO/ E O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DA COMUNI-
ATIVIDADE 1 CAÇÃO E DA INFORMAÇÃO, NA SUA VIDA PESSOAL E
Texto 1 - 1) d 2) d SOCIAL, NO DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO,
ASSOCIANDO-OS AOS CONHECIMENTOS, CIENTÍFICOS,
ATIVIDADE 2 ÀS LINGUAGENS QUE LHES DÃO SUPORTE, ÀS DEMAIS
Texto 2 - 1) e 2) c TECNOLOGIAS, AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AOS
PROBLEMAS QUE SE PROPÕEM SOLUCIONAR.
ATIVIDADE 3
Texto 3 - 1) b 2) a 3) d Sônia Querino S. Santos
67
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Todavia, ao elencar essas “facilidades” igualmente não usamos destes recursos tecnológicos para agilizar a comu-
podemos deixar de avaliar também os desafios, pois as tec- nicação, e assim recorremos a signos linguísticos para tro-
nologias estão cada vez mais rápidas e complexas. car informações, como por exemplo ao invés de escrever a
Os meios de comunicação tradicionais como rádio e palavra “você” escreve-se apenas “vc”.
TV, se multiplicaram, os celulares se popularizaram e os Diferentemente, num exame escolar ou processo sele-
novos modelos oferecem cada vez mais opções de “con- tivo para uma vaga de emprego ou outra finalidade utili-
vergência de serviços”. zar-se, no texto escrito, as modalidades de escritas permi-
tidas em ambientes virtuais como o msn, provavelmente
não iremos conseguir o sucesso esperado. Pois, nos textos
escritos precisamos seguir aos critérios das regras grama-
ticais e ortográficas convencionais da língua materna (em
nosso caso, a língua portuguesa).
• A escrita:
68
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
69
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
70
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, é possível afirmar que foi o Estado quem deu início à revolução da tecnologia da informação, já que a inter-
face entre os programas de macropesquisa promovidos pelos governos e a inovação descentralizada em uma cultura de
criatividade tecnológica é que permitiu o florescimento das tecnologias da informação e comunicação globalizadas.
• Podemos afirmar que com as NTICs é um divisor de águas da geração anterior para a atual?
A tecnologia passa a permear toda a atividade humana, aplicando sua lógica de redes em qualquer sistema ou conjunto
de relações, circunstância que cresce significativamente. Uma vez que o critério da informação está baseado na flexibilida-
de, ou seja, permite não somente que processos, mas também organizações e instituições, se modifiquem fundamental-
mente, tornando possível inverter as regras que as estruturam sem destruir a organização.
Em todo caso, a tendência é a convergência de tecnologias específicas em um sistema integrado, resultante da lógica
compartilhada na geração de informação.
Em síntese, o sistema informacional evolui em direção a uma rede aberta de múltiplos acessos, cuja abrangência,
complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. Portanto, aqueles que não têm domínio das
linguagens e ferramentas presentes no mundo das NTICs são chamados de “analfabetos digitais”.
Quais são as linguagens?
Estamos nos referindo às várias linguagens de programação, elas estão voltadas à comunicação cada vez mais rápidas e
atraentes. Então, o acesso e os tipos de visualização nos sites dependem diretamente da linguagem de programação usada.
No início da internet, por exemplo, utilizava-se como “código fonte” gerador de programa e interações na rede o
HTML. Seguido do Visual Basic (VB); DELPH... os mais recentes são ASP e PHP. Esses são exemplos de linguagens de pro-
gramação utilizadas no suporte dos efeitos “atraentes” da mensagem escrita, que por sua vez, passou a ser audio-visual e
interativa (WEB CAM).
Quais são esses efeitos atraentes? Por exemplo, no aplicativo WORD o comando para negritar ou sublinhar... são pos-
síveis, graças aos códigos de efeitos utilizados na linguagem de programação da empresa Microsolft.
Portanto, “as NTICS chegaram para “solucionar” problemas que antes não existiam.” Estamos diante de uma frase
crítica, pois as empresas criam programas, virús e antídotos, também chamadas anti-virús e nesse circuito há um enorme
“capital de giro”, ou seja, lucro para as empresas em, contrapartida, os usuários diante das rápidas mudanças dos aplicativos
buscam constantemente novos equipamentos com maior potencial.
Porém, a cada dia, notamos ser “impossível” tentar acompanhar e atender às buscas, visto que, a cada instante é criado
novos virús, novos aplicativos e novas linguagens... que possibilitam acesso ou a exclusão digital?
Foi pensando nisso que trouxemos as seguintes dicas para facilitar seu trabalho no word. Assim, quando o mouse
falhar você não ficará na mão.
O word é o editor de textos mais utilizado do mundo. É uma ferramenta indispensável para criar e compartilhar do-
cumentos. Por isso, conhecer esse programa é fundamental para todos que disputam uma vaga no mundo do trabalho.
BARRA DE FERRAMENTAS
As barras de ferramentas têm por função agilizar a execução dos comandos mais utilizados no Word.
Para ir até as Barras de Ferramentas, você deverá primeiramente pressionar a tecla ALT ou F10 uma vez, que ativará a
Barra de Menus.
Na seqüência pressione as teclas Ctrl + TAB que o levará até a Barra de Ferramentas Padrão.
Acionando mais uma vez o Ctrl + TAB, estará na Barra de Ferramentas de Formatação. Para retornar uma barra acima,
pressione as teclas Ctrl + Shift + TAB.
Veja os botões da Barra de Ferramentas Padrão:
71
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Nesta barra, a comunicação não verbal é que ajuda o usuário a utilizá-las. Por exemplo, o símbolo da “tesoura” significa “recor-
tar”, o símbolo da “impressora” significa imprimir, e sai por diante...
Outra Barra de Ferramentas importante é a de Formatação. Como o próprio nome indica, ela é utilizada para forma-
tarmos o documento.
Repare que ela nos traz o tipo e o tamanho da letra, bem como a organização do texto no papel.
Atalhos para Formatação
Para aumentar o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl ]
Para diminuir o tamanho da fonte em 1 ponto Ctrl [
Para alterar o tamanho da fonte Ctrl Shift P digite o número desejado e tecle enter.
Para aumentar o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl shift >
Para diminuir o tamanho da fonte em 2 em 2 pontos Ctrl Shift <
Para alterar o tipo da fonte Ctrl Shift F Para copiar o formato: Ctrl Shift C
Para colar o formato: Ctrl Shift V Para intercalar letras maiúsculas, iniciais maiúsculas e todas minúsculas: Shift F3
Para converter todas as letras de maiúsculas para minúsculas e vice-versa: Ctrl Shift A
Para remover a formatação dos caracteres, basta selecionar as palavras e teclar Ctrl + barra de espaços.
F4 - Repete o último comando executado, caso tenha a necessidade de aplicá-lo várias vezes a mesma ação poderá
utilizar este recurso.
Atalhos para os principais estilos de formatação:
• Negrito - Ctrl + N
• Itálico - Ctrl + I
• Sublinhado - Ctrl + S
• Subscrito - Ctrl =
• Sobrescrito - Ctrl Shift =
Informações retiradas do site: www.fundacaobradesco.org.br
E, para concluir essa abordagem, convido você a avaliar algumas situações, que há tempos idos, não faziam parte dos
problemas sociais. Me refiro à pedofilia, ao acesso de sites pronográficos, à interação nas programações televisivas e ra-
diofônicas (radios), à pirataria...
Como resolvê-los visto que estamos inseridos e “alfabetizados” ao uso das NTICS?
Perceba que essa temática é altamente atualizada, bem como, consequência dos avanços tecnológicos até aqui refe-
ridos.
É de fator decisivo que não podemos viver isolados e “ignorantes” ao uso dessas NTICS, porém os desafios modernos
exigem um posicionamento crítico.
Talvez não seja necessário proibir o uso do computador ou o acesso à rede de internet, mas os atuais tempos exigem
que jovens e adultos estejam conectados à NTICS, principalmente os adultos, visto que os “mais jovens” possuem maior
facilidade com relação ao manuseio das NTICS.
Portanto, ao intervir nas programações televisivas, por exemplo: participar das inquetes do “globo repórter” ou até
mesmo, na participação das atividades interativas chamadas de “bola mucha e bola cheia”- programação do “Fantástico
- estamos contuibuindo diretamente com as audiências das empresas que monopolizam a rede televisiva o que significa
dizer, nos tornamos “celebridades instantâneas” e aumentamos o capital de giro dos empresários envolvidos.
Longe de esgotar o debate, sinalizo alguns pontos que poderão ser debatidos por você, caro leitor, nas rodas de ami-
gos e/ou vir a ser tema de texto escrito num processo seletivo a uma vaga de emprego ou inserção no “mundo das letras”,
como a universidade.
Então... não perca tempo!
Faça uso das NTICS com atualização constante e discernimento quanto aos problemas sociais modernos que estão
diretamente associados ao uso indiscriminado das NTICS.
72
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
ATIVIDADE 1
Leia:
De acordo com o texto, a informática tornou-se essencial para os estudos de genética porque
(A) amplia as possibilidades de o pesquisador trocar de emprego.
(B) viabiliza a comparação de grande quantidade de informações.
(C) mantém as informações sob o controle de grupos de pesquisas.
(D) dispensa a contratação de cientistas para o trabalho de campo.
ATIVIDADE 2
Leia:
As expressões destacadas sugerem que a busca de doadores de órgãos pela Internet pode virar uma prática proibida
pela legislação brasileira (Lei 9.394/97). Essa prática é a
(A) realização de transplantes. (B) venda e compra de órgãos.
(C) doação voluntária de córneas. (D) criação de listas de espera.
73
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
HORA DE CONFERIR
ATIVIDADE 1
Alternativa correta: letra b
ATIVIDADE 2
Alternativa correta: letra b
ATIVIDADE 3
Alternativa correta: letra c
ATIVIDADE 4
Alternativa correta: letra c
ATIVIDADE 5
a) ( F )
b) ( F )
c) ( V )
d) ( V )
e) ( V )
f) ( F )
g) ( V )
h) ( V )
74
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
75
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
As crianças são o elo mais frágil da corrente que é a nos- O Brasil não é um país pobre, mas possui uma popu-
sa sociedade multirracial, onde as diferenças são marcantes, lação pobre, devido à má distribuição de renda e riqueza,
onde os adultos não superam resolver suas diferenças - e, sendo que se pode considerar a desigualdade social como
pior, a aprofundarão - onde com o passar dos anos compro- um dos principais determinantes da pobreza no Brasil.
metemos fortunas e nada construímos que tenha valido a Entretanto, há quem pense que a experiência brasileira é
pena, onde as pessoas se indagam quais são os valores a se- rica em programas e projetos para atenuar as desigualdades
rem seguidos, onde a sensação dominante é de impunidade regionais e sociais. Mesmo que a maioria delas não tenha
e falta de justiça. É nessa sociedade que teremos de preservar obtido os resultados esperados, há exemplos de políticas so-
e preparar nossas crianças, de todas as raças, para mudar o ciais que estão tendo impacto favorável: o salário mínimo,
que nunca deveria ter existido. a aposentadoria rural, a bolsa-escola, a renda mínima e a
Criança, esperança de um mundo melhor. reforma agrária. No entanto, essas iniciativas não têm sido
(Fonte: www.blograizes.com.br/criancas-o-elo-da-es- suficientes para resolver os problemas das desigualdades no
peranca.html. Adaptado) Brasil.
Propõe-se instituir um design que respeite a vida e in-
• Desigualdade social corpore os desafios, a realidade e a necessidade de promo-
Texto de apoio: A desigualdade social ver mudanças, pois não se pode continuar refém de toda
Promover a cidadania é de fato o caminho para resol- situação desumana. Um fator que se apresenta como utó-
ver, pelo menos dentro dos limites aceitáveis, os problemas pico, mas realizável e com urgência, é a melhor distribuição
da desigualdade social brasileira. Não que estas questões da riqueza, fundamental para sanar ou diminuir as grandes
possam ser consideradas aceitáveis, mas porque são muitos desigualdades brasileiras.
séculos e situações que provocaram essa realidade. (Fonte: http://pt.shvoong.com/social-scien-
Para entender a origem de tais disparidades no Brasil é ces/1619576-desigualdade-social/. Adaptado)
necessário introduzir uma perspectiva mais ampla, abran- • Desemprego
gendo o passado histórico, sem desconsiderar as dimensões Texto de apoio: Tatuagem pode barrar emprego
continentais do país. A família, as solidariedades intergera- Boa apresentação, afirmam consultores em recursos hu-
cionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio, manos, continua fazendo a diferença no processo de seleção
procurando encontrar as melhores soluções e as respostas de emprego. A primeira impressão, lembram os especialistas,
mais adequadas à diversidade dos problemas inerentes. é a que fica para os que selecionam os candidatos. Discrição
Encontra-se no mundo um contraste alarmante, en- é, portanto, a recomendação para quem quer conquistar um
quanto milhões de pessoas passam fome, uma minoria usu- lugar ao sol sem abrir mão do jeito de ser. Quanto mais for-
frui do progresso e da tecnologia que a sociedade oferece.
mal a área de atuação, menor o espaço para o alternativo.
A reclamação contra o caráter ineficiente do Estado é
Ou seja, apesar de o preconceito e a discriminação estarem
geral e os benefícios coletivos do Estado são pequenos e de
cada vez mais fora de moda, as empresas são estruturadas
pouca qualidade diante de tão ampla desigualdade social.
segundo padrões. E, para quem quer ingressar em uma ins-
O Brasil, desde seu descobrimento, traz consigo esta de-
tituição, não há como fugir deles.
plorável marca da desigualdade social.
A herança das diferenças sociais, da escravidão, do pre-
Quanto mais formal o segmento, como por exemplo,
conceito, do racismo, data do descobrimento e foi deixada
pelos então proprietários de terras e governantes que trou- instituições financeiras, escritórios e hospitais, mais explíci-
xeram para a nova terra os marginalizados portugueses, os tas são as restrições. No caso de piercings, até que se conhe-
africanos que escravizaram e humilharam, os italianos e ou- çam os códigos que regem a instituição, o melhor a fazer
tros imigrantes que não eram vistos com bons olhos pelos é retirá-los durante a entrevista e, se for o caso, depois de
senhores feudais. Daí a origem da desigualdade social brasi- admitido, durante o expediente. “Já as tatuagens, se estive-
leira que permanece e se expandiu de tal forma que chega a rem em local visível, nuca, braços ou pernas, é melhor não
ser quase irremediável nos dias atuais. exibi-las, usando uma blusa de gola alta e mangas compri-
Mesmo considerando-se os movimentos ascendentes na das”, orienta Adriana Evangelista, assistente de gestão em
escala social - os imigrantes são um exemplo eloqüente disso políticas públicas do Sistema Nacional de Emprego (Sine).
-, a grande massa não teve condições de impor às elites uma (Fonte: Trecho retirado de www.cartaderh.com.br)
distribuição menos desigual dos ganhos do trabalho. Nem
logrou, eficazmente, exigir do Estado o cumprimento de seus Texto de apoio: Desemprego, informalidade e baixa es-
objetivos básicos, entre os quais se inclui, na primeira linha, colaridade excluem 19 milhões de jovens brasileiros
a educação. As seqüelas desse feito representam imenso Desemprego, informalidade e baixa escolaridade ex-
obstáculo para uma repartição menos iníqua da riqueza e cluem socialmente 19 milhões de brasileiros entre 15 e 19
perduram até hoje. anos, ou seja, mais da metade do total de jovens do país (34
Também, desde o início do processo de desenvolvimen- milhões). Desses, 6,5 milhões não trabalham nem estudam,
to brasileiro, encontra-se outro fator evidente: o crescimento o que representa 1 a cada 5 jovens. No recorte 15 a 17 anos,
econômico, que tem gerado condições extremas de desigual- apenas metade está no Ensino Médio. 4 milhões de jovens
dades espaciais e sociais, manifestas entre regiões, estados, saem da escola sem completar o Ensino Fundamental.
meio rural e o meio urbano, entre centro e periferia e entre (Fonte: Trecho retirado de http://aprendiz.uol.com.br/
as raças. content/cujubruduh.mmp)
76
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
77
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
1 __________________________________________________________________________________________________________________________
2 __________________________________________________________________________________________________________________________
3 __________________________________________________________________________________________________________________________
4 __________________________________________________________________________________________________________________________
5 __________________________________________________________________________________________________________________________
6 ___________________________________________________________________________________________________________________________
7 __________________________________________________________________________________________________________________________
8___________________________________________________________________________________________________________________________
9 ___________________________________________________________________________________________________________________________
10 _________________________________________________________________________________________________________________________
11 _________________________________________________________________________________________________________________________
12 _________________________________________________________________________________________________________________________
13 _________________________________________________________________________________________________________________________
14 _________________________________________________________________________________________________________________________
15 _________________________________________________________________________________________________________________________
16 _________________________________________________________________________________________________________________________
17 _________________________________________________________________________________________________________________________
18 _________________________________________________________________________________________________________________________
19 _________________________________________________________________________________________________________________________
20 _________________________________________________________________________________________________________________________
21 _________________________________________________________________________________________________________________________
22 _________________________________________________________________________________________________________________________
23 _________________________________________________________________________________________________________________________
24 _________________________________________________________________________________________________________________________
25 _________________________________________________________________________________________________________________________
26 _________________________________________________________________________________________________________________________
27 _________________________________________________________________________________________________________________________
28 _________________________________________________________________________________________________________________________
29 _________________________________________________________________________________________________________________________
30 _________________________________________________________________________________________________________________________
78
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
1 __________________________________________________________________________________________________________________________
2 __________________________________________________________________________________________________________________________
3 __________________________________________________________________________________________________________________________
4 __________________________________________________________________________________________________________________________
5 __________________________________________________________________________________________________________________________
6 ___________________________________________________________________________________________________________________________
7 __________________________________________________________________________________________________________________________
8___________________________________________________________________________________________________________________________
9 ___________________________________________________________________________________________________________________________
10 _________________________________________________________________________________________________________________________
11 _________________________________________________________________________________________________________________________
12 _________________________________________________________________________________________________________________________
13 _________________________________________________________________________________________________________________________
14 _________________________________________________________________________________________________________________________
15 _________________________________________________________________________________________________________________________
16 _________________________________________________________________________________________________________________________
17 _________________________________________________________________________________________________________________________
18 _________________________________________________________________________________________________________________________
19 _________________________________________________________________________________________________________________________
20 _________________________________________________________________________________________________________________________
21 _________________________________________________________________________________________________________________________
22 _________________________________________________________________________________________________________________________
23 _________________________________________________________________________________________________________________________
24 _________________________________________________________________________________________________________________________
25 _________________________________________________________________________________________________________________________
26 _________________________________________________________________________________________________________________________
27 _________________________________________________________________________________________________________________________
28 _________________________________________________________________________________________________________________________
29 _________________________________________________________________________________________________________________________
30 _________________________________________________________________________________________________________________________
79
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
1 __________________________________________________________________________________________________________________________
2 __________________________________________________________________________________________________________________________
3 __________________________________________________________________________________________________________________________
4 __________________________________________________________________________________________________________________________
5 __________________________________________________________________________________________________________________________
6 ___________________________________________________________________________________________________________________________
7 __________________________________________________________________________________________________________________________
8___________________________________________________________________________________________________________________________
9 ___________________________________________________________________________________________________________________________
10 _________________________________________________________________________________________________________________________
11 _________________________________________________________________________________________________________________________
12 _________________________________________________________________________________________________________________________
13 _________________________________________________________________________________________________________________________
14 _________________________________________________________________________________________________________________________
15 _________________________________________________________________________________________________________________________
16 _________________________________________________________________________________________________________________________
17 _________________________________________________________________________________________________________________________
18 _________________________________________________________________________________________________________________________
19 _________________________________________________________________________________________________________________________
20 _________________________________________________________________________________________________________________________
21 _________________________________________________________________________________________________________________________
22 _________________________________________________________________________________________________________________________
23 _________________________________________________________________________________________________________________________
24 _________________________________________________________________________________________________________________________
25 _________________________________________________________________________________________________________________________
26 _________________________________________________________________________________________________________________________
27 _________________________________________________________________________________________________________________________
28 _________________________________________________________________________________________________________________________
29 _________________________________________________________________________________________________________________________
30 _________________________________________________________________________________________________________________________
80
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
1 __________________________________________________________________________________________________________________________
2 __________________________________________________________________________________________________________________________
3 __________________________________________________________________________________________________________________________
4 __________________________________________________________________________________________________________________________
5 __________________________________________________________________________________________________________________________
6 ___________________________________________________________________________________________________________________________
7 __________________________________________________________________________________________________________________________
8___________________________________________________________________________________________________________________________
9 ___________________________________________________________________________________________________________________________
10 _________________________________________________________________________________________________________________________
11 _________________________________________________________________________________________________________________________
12 _________________________________________________________________________________________________________________________
13 _________________________________________________________________________________________________________________________
14 _________________________________________________________________________________________________________________________
15 _________________________________________________________________________________________________________________________
16 _________________________________________________________________________________________________________________________
17 _________________________________________________________________________________________________________________________
18 _________________________________________________________________________________________________________________________
19 _________________________________________________________________________________________________________________________
20 _________________________________________________________________________________________________________________________
21 _________________________________________________________________________________________________________________________
22 _________________________________________________________________________________________________________________________
23 _________________________________________________________________________________________________________________________
24 _________________________________________________________________________________________________________________________
25 _________________________________________________________________________________________________________________________
26 _________________________________________________________________________________________________________________________
27 _________________________________________________________________________________________________________________________
28 _________________________________________________________________________________________________________________________
29 _________________________________________________________________________________________________________________________
30 _________________________________________________________________________________________________________________________
81
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
82
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
83
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
84
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
85
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
86
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
87
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
88
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
89
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
90
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
91
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
GABARITO OFICIAL
01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D
92
INTRODUÇÃO
Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Matemática e suas tecnologias
que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
1.Compreender a Matemática como construção humana, relacionando o seu desenvolvimento com a transfor-
mação da sociedade.
2.Ampliar formas de raciocínio e processos mentais por meio de indução, dedução, analogia e estimativa, utili-
zando conceitos e procedimentos matemáticos.
3.Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais.
4. Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a representação da realidade- e agir sobre ela.
5. Construir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de proble-
mas do cotidiano.
6.Construir e ampliar noções de variação de grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas
do cotidiano.
7. Aplicar expressões analíticas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis socioeconômicas ou
técnico-científicas.
8. Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando pre-
visão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.
9. Compreender o caráter aleatório e não determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos
adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para interpretar informações de variáveis apresentadas em
uma distribuição estatística.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema
do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode com-
preender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
Matemática em construção?..........................................................................................................................................................................................01
Eliane Matesco Cristovão
Capítulo 2
Lógica e argumentação: da prática à matemática................................................................................................................................................14
Eliana Junqueira Barbosa Costa
Capítulo 3
Os números que usamos.................................................................................................................................................................................................31
Luzia de Fátima Barbosa
Capítulo 4
Geometria plana e espacial ...........................................................................................................................................................................................39
Davi Martinez Rissetti
Capítulo 5
Os sistemas de medidas...................................................................................................................................................................................................56
Luzia de Fátima Barbosa
Capítulo 6
Grandezas e proporcionalidade: olhando para o cotidiano.............................................................................................................................64
Fernando Luis Pereira Fernandes
Capítulo 7
Em (quase) tudo tem relação! ......................................................................................................................................................................................78
Fernando Luis Pereira Fernandes
Capítulo 8
Gráficos e tabelas no dia-a-dia ..................................................................................................................................................................................86
Eliane Matesco Cristovão
Silvio César Cristovão
Capítulo 9
Matemática não-exata? Estudo das possibilidades e chances ......................................................................................................................94
Fernando Luis Pereira Fernandes
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
1
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Registros muito antigos sobre o estudo da trigonometria foram encontrados também em papiros. Papiro, do latim
papyrusé, é originalmente, uma planta perene, e também o meio físico, precursor do papel, usado para a escrita durante a
Antigüidade.
Um dos mais famosos papiros que tratavam de matemática é conhecido como Papiro Rhind.
O lápis e o papel foram ferramentas de evolução da humanidade, e seu uso chegou a ser criticado, com alegações de
que estas ferramentas prejudicariam o desenvolvimento do raciocínio das pessoas.
Hoje em dia já não é possível falar em Matemática pensando apenas em ferramentas como o lápis e o papel. Com o
avanço da tecnologia, muito do que utilizamos na Matemática pode ser processado por programas de computador. Um
programa muito utilizado são as planilhas eletrônicas.
Uma planilha eletrônica é um tipo de programa de computador que utiliza tabelas para realização de cálculos ou apre-
sentação de dados. Cada tabela é formada por uma grade composta de linhas e colunas. Existem no mercado diversos
aplicativos de planilha eletrônica. Os mais conhecidos são Microsoft Excel, Lotus123 e OpenOffice.org Calc.
Veja uma ilustração do Excel:
Um dos objetivos principais de uma planilha eletrônica é a automação, ou seja, o cálculo automático de seus dados,
principalmente de suas operações matemáticas que são chamadas de fórmulas.
Na história da humanidade, mesmo antes de se efetuar registros, a busca de soluções para os problemas foi o início da
construção do conhecimento matemático. E até hoje, a cada novo desafio, o conhecimento matemático evolui.
2
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Jonas trabalha na linha de produção de uma empresa que fabrica peças de automóveis. Ele controla o número de
peças de câmbio montadas em seu setor. O câmbio é a peça que permite a mudança de marchas e é composto por várias
engrenagens. Em outro setor são produzidas 42 engrenagens por hora, sendo todas destinadas à montagem dos câmbios.
Assim, nesse mesmo tempo, para não haver acúmulo de estoque, o setor de Jonas precisa utilizar as 42 engrenagens para
montar 7 peças de câmbio. A partir destas informações responda:
Supondo que o ritmo seja sempre respeitado para manter a harmonia entre os dois setores, num dia em que o setor de
engrenagens produziu 966 peças, quantas peças de câmbio terão sido montadas no setor de Jonas?
Para resolver este desafio você utilizará outra idéia muito antiga e importante da matemática: a PROPORCIONALIDADE!
ASSIM OU ASSADO?
Para resolver este problema, utilizaremos o seguinte raciocínio: o setor de Jonas monta 7 peças enquanto são produzi-
das 42 engrenagens. Dividindo 42 por 7, obtemos a razão entre o número de engrenagens e o número de peças de câmbio
onde elas são encaixadas, ou seja, são 6 engrenagens por peça.
Se foram produzidas, em um dia, 966 engrenagens, podemos calcular o número de peças de câmbio dividindo este
número por 6. Temos então 966 : 6 = 161 peças de câmbio3.
É... o Jonas não pode descuidar da linha de produção... deve ser uma correria!
Mas ainda poderíamos utilizar, para resolver este mesmo problema, uma regra prática, bastante útil quando estamos
resolvendo problemas de proporcionalidade, chamada de regra de três. Você já deve conhecer esta regra... Mas, vamos
recordá-la:
2 http://www.napro.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=139:fiat&catid=76:noticias
3 Imagem retirada de: http://bloglog.globo.com/FCKeditor/UserFiles/Image/cambio.jpg
3
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Engrenagens Câmbios
x = peças de câmbio.
Se com 42 engrenagens são montados 7 câmbios, com 966 engrenagens, serão montados 161 câmbios. Isso é uma
proporção! Mas a Matemática não é utilizada apenas para resolver problemas que envolvem este tipo de proporcionali-
dade.
Vamos retomar nossa discussão sobre a trigonometria para percebermos que há outras formas de pensar proporcio-
nalmente. Além disso, veremos que muitas outras ciências podem relacionar-se com a Matemática.
Para explorar este conceito matemático, nada melhor do que nos envolvermos com a interpretação e resolução de
problemas, certo? Afinal, eles são a origem de todo conhecimento produzido pela humanidade.
Ao estudarmos, é através da resolução de problemas que podemos também ir construindo nosso próprio conhecimen-
to matemático.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA.... 4
1) Trigonometria. Vamos supor que você queira calcular a altura de um prédio, sem subir nele, é claro! Será que é
possível fazer esse cálculo?
Sim! É possível, e para isso, precisaremos entender melhor o que é trigonometria, assunto que começamos a tratar na
introdução deste capítulo. Vimos que a trigonometria era utilizada pelos egípcios e babilônios para resolver problemas de
triângulos. Pois bem, vamos conhecer algumas características de um triângulo especial: o triângulo retângulo.
Um triângulo retângulo é aquele que possui um ângulo reto (de 90°). Os lados de um triângulo retângulo recebem
nomes especiais. Estes nomes são dados de acordo com a posição em relação ao ângulo reto. O lado oposto ao ângulo
reto é a hipotenusa. Os lados que formam o ângulo reto (adjacentes a ele) são os catetos.
4 Sites consultados:
http://teodolito2a.blogspot.com/2008/09/introduo-teodolito.html
http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/trigonom/trigon1/mod114.htm#trig01
http://www.profezequias.net/trigonometria.html
http://tutomania.com.br/artigo/tabela-trigonometrica
4
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Os catetos recebem nomes especiais de acordo com a sua posição em relação ao ângulo sob análise. Chamamos de
cateto oposto, aquele que está em uma posição oposta ao ângulo, ou seja, não está compondo aquele ângulo. O outro é
chamado de cateto adjacente (adjacência = estar próximo, estar encostado) e é aquele que ajuda a compor o ângulo.
Sendo assim, o nome oposto ou adjacente, depende do ângulo que vamos considerar. Para facilitar, observe o triângulo
ABC da figura a seguir, com  = 90° (reto), e seus ângulos agudos e (Estas são letras gregas, também utilizadas para
indicar ângulos, que lemos assim: Alfa e Beta).
No nosso exemplo inicial, se estivermos operando com o ângulo C, então o lado oposto, indicado por c, é o cateto
oposto ao ângulo C e o lado adjacente ao ângulo C, indicado por b, é o cateto adjacente ao ângulo C.
A trigonometria utiliza os valores encontrados quando dividimos dois destes lados dos triângulos. Essa divisão entre
os lados é chamada de razão.
As razões trigonométricas básicas relacionam as medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos e qualquer
que sejam as medidas desses lados, o que determina a razão entre eles é o ângulo.
Para comprovar isso, você pode fazer um teste bem simples. Com uma régua, meça os lados do triângulo abaixo, esco-
lha duas de suas medidas e, com auxilio de uma calculadora, calcule o resultado da divisão entre eles.
5
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Agora, partindo do mesmo desenho, ou seja, sem mudar o ângulo, vamos ampliar os lados:
Meça novamente os mesmos lados que havia escolhido na figura anterior, agora de cada triângulo maior, e calcule o
resultado da divisão entre eles.
Dá sempre o mesmo resultado, certo? Isso significa que a razão entre os lados, não depende do tamanho do lado e
sim da medida do ângulo.
As três razões básicas mais importantes da trigonometria são: seno, cosseno e tangente. Elas são obtidas combinando
os lados de três formas para dividir. O ângulo é indicado pela letra x.
Como o valor das razões trigonométricas varia de acordo com o ângulo, podemos utilizar uma tabela de valores para
resolver problemas como o proposto no início dessa seção. Vamos retomar isso mais adiante.
Ilustração 8 – Teodolito
6
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Quando falamos de problemas reais como o que foi daria muito trabalho e para facilitar nossa vida, existem as
proposto anteriormente, é necessária a utilização de um tabelas trigonométricas, que já nos dão o valor das razões
instrumento que permita medir o ângulo que vamos preci- para que possamos, a partir delas, calcular as medidas que
sar. Este instrumento é chamado teodolito. nos faltam.
O teodolito, é um instrumento capaz de medir ângu- Aqui temos um fragmento de tabela trigonométrica,
los, muito usado por agrimensores, engenheiros e topógra- que pode ser encontrada em qualquer livro de Matemática
fos no cálculo de distâncias inacessíveis. Este instrumento do Ensino Médio, ou na internet, se você tiver acesso:
ótico mede ângulos horizontais e verticais com suas duas
escalas circulares graduadas em graus.
Voltemos agora ao problema, acrescentando os deta-
lhes necessários.
Para calcular a altura de um prédio, o topógrafo colo-
cou seu teodolito na praça em frente. Ele mediu a distância
do prédio ao teodolito com uma trena e encontrou 27 m.
Mirando o alto do prédio, ele verificou, na escala do teo-
dolito, que o ângulo formado por essa linha visual com a
horizontal é de 58 graus.
Se a luneta do teodolito está a 1,7 m do chão, qual é a
altura do prédio?
Solução: Na figura a seguir, AB = CD = 1,7 m é a altura
do instrumento e CE = (x + 1,7) m é a altura total do prédio,
resultante da soma da altura que vamos calcular, referente
ao cateto oposto x, com a altura do instrumento.
Ilustração 10 - Tabela
E temos que:
7
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
O xerox do transferidor será colado na madeira. Sobre ele, colamos a tampa do pote. Sobre o pote, colamos com a fita
adesiva o canudo ou haste e, na lateral desse pote, fazemos dois furinhos para que o pedaço de arame possa atravessá-lo,
passando pelo centro. Esse arame ajudará a girar o pote.
Ao ser encaixado na tampa, o pote poderá girar, permitindo que você meça o ângulo de visada.
Ilustração 12 – Medição
Na horizontal ou na vertical, basta alinhar a indicação 0° do transferidor com um dos pontos do objeto que você quer
e girar a mira até avistar o outro ponto. O ponteiro indicará de quantos graus é a variação.
Com um teodolito como este, você pode medir a altura de qualquer objeto e até mesmo a largura de um rio, sem
atravessá-lo!
Achou interessante essa idéia de medir a largura do rio sem atravessá-lo? Essa é uma situação que pode acontecer com
você? Vamos ver como fazer isso.
2) Trigonometria. Suponha que você está localizado em um ponto, na margem do rio, representado por B, na figura5
a seguir. Coloque uma estaca nesse ponto. Na outra margem, localize um ponto de observação, como uma pedra, ou uma
árvore. Em seguida, ande na margem do rio, formando um ângulo de 90º com a linha imaginária que ligava você e o ponto
de observação, do outro lado do rio. Escolha um lugar para parar, coloque outra estaca e meça a distância que você andou.
Nessa segunda estaca, apóie o teodolito, agora posicionado na horizontal, aponte a marca de zero grau para o ponto onde
você colocou a primeira estaca e depois o gire até avistar o ponto de observação, que está do outro lado do rio. Pronto,
você tem um ângulo e a medida de um lado. Basta calcular a largura do rio!
8
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Suponhamos que a medida encontrada de B até C tenha sido de 40 metros. E que o ângulo seja de 30º. Novamente
podemos usar a tangente, pois queremos saber a largura do rio, que corresponde ao cateto oposto ao ângulo e sabemos
a distância percorrida na margem do rio, que corresponde ao outro cateto.
Sendo assim temos:
Voltando à tabela trigonométrica, podemos observar que tg de 30º = 0,577. Vamos representar a largura do rio por x.
9
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
As diversas fases são determinadas pela quantidade de vários hormônios no corpo. A figura ao lado mostra os níveis
dos hormônios estrógeno e progesterona durante os ciclos. Note que o nível dos hormônios em função do tempo é perió-
dico, ou seja, a cada 28 dias, reinicia-se o ciclo de variação dos hormônios.
Em nosso dia-a-dia, podemos usar essa idéia de fenômenos cíclicos para prever situações futuras. No caso do ciclo
menstrual, por exemplo, é possível prevenir uma gravidez, usando um método complementar à camisinha, que pode furar!
Se a mulher observar o dia em que se iniciou a sua menstruação, ela saberá que no 14º dia, após esta data, está em
seu período fértil, a ovulação, portanto, três dias antes desta data e três dias depois, o risco de uma gravidez é bem maior.
Para saber mais sobre isso, basta procurar um médico e conversar sobre o assunto!
Atividade 17 Se um fenômeno é sabidamente periódico, podemos prever com relativa facilidade o que ocorre em mo-
mentos não observados. O gráfico ao lado mostra a temperatura de um congelador que não é aberto.
Ilustração 15 - Ciclo de temperaturaDescubra o período (de quanto em quanto tempo começa a repetir).
10
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Para responder as próximas questões, utilize a tabela trigonométrica apresentada anteriormente neste mesmo
capítulo.
Ilustração 16 – Esquema
Atividade 2) Uma escada de 10m toca em um muro num ponto a 5m do solo. Determine o ângulo x que a escada
forma com o solo.
Atividade 3) Uma torre vertical, construída sobre um plano horizontal, tem 65 metros de altura. Três cabos de aço,
esticados, ligam o topo da torre até o plano, formando com o mesmo, um angulo de 60°, como representamos na foto ao
lado8. Qual é o comprimento de cada cabo?
11
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 4) (Adaptado de ENCCEJA-EM) Desejando saber qual a altura do morro que tinha à sua frente, um topó-
grafo colocou-se com seu teodolito a 200m do morro. Ele sabe que a altura do teodolito é de 1,60m. Posiciona o aparelho
que lhe fornece a medida do ângulo de visada de parte do morro: 30°. Calcule essa medida!
Repare que a escada é a hipotenusa e que o muro representa o cateto oposto ao ângulo que nos interessa. Sendo
assim, podemos utilizar o seno, que é a razão entre o cateto oposto e a hipotenusa:
então temos:
Observando a tabela trigonométrica veremos que 30º é o ângulo cujo valor do seno é 0,5. Portanto, o ângulo que a
escada forma com o solo é de 30º.
12
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Repare que o cabo é a hipotenusa e que a torre representa o cateto oposto ao ângulo dado.
Observando a tabela trigonométrica veremos que o seno de 60º vale aproximadamente 0,87. Portanto, temos:
13
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 2
LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO: DA PRÁTICA À MATEMÁTICA
AMPLIAR FORMAS DE RACIOCÍNIO E PROCESSOS MENTAIS POR MEIO DE INDUÇÃO, DEDUÇÃO, ANALOGIA E
ESTIMATIVA, UTILIZANDO CONCEITOS E PROCEDIMENTOS MATEMÁTICOS.
Ilustração 19
Observe bem a “tira”. Em que a Matemática poderia ajudar o Guarani a se livrar do rebaixamento, segundo o pensa-
mento do Bobrinha? Qual o raciocínio poderia ser utilizado?
Pensemos. O Campeonato Paulista de Futebol de 2009 foi disputado por 20 times, e cada time deveria jogar 19 par-
tidas. O Guarani já disputara 18 partidas e perdera 12, ficando com 36 pontos perdidos. Os outros 4 times que estavam
na mesma situação para o descenso – rebaixamento para a 2ª divisão – também já tinham disputado 18 partidas, tendo
perdido 10 partidas e empatado 5, ficando com 35 pontos perdidos. Como para todos faltava disputar 1 partida, o Guarani
tinha que torcer para que acontecesse uma série de combinação de resultados, em que várias eram as possibilidades.
E, ao Guarani somente restava agarrar-se a números, suar muito a camisa e torcer.
E o que a Matemática tinha a ver com tudo isto? Para saber como e por que somente a Matemática poderia salvar o
Guarani do descenso, a resposta está no tópico “Hora de conferir o que aprendeu”. Lá, você também vai conferir se o Gua-
rani escapou do descenso no Campeonato Paulista de Futebol de 2009.
14
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
O ser humano convive diariamente com a Matemáti- Pense: o ano tem 12 meses. Se há 13 pessoas reunidas
ca. Em grande parte, vivemos a Matemática de forma di- para a ceia, então com certeza pelo menos duas nasce-
dática, para adquirirmos conhecimentos, mas, na maioria ram no mesmo mês. Portanto, a resposta é a alternativa
das vezes, a Matemática aparece de forma imperceptível. “b”.
Analise o problema abaixo e veja o que você respon- E o raciocínio, o que seria?
deria. Inúmeras são as definições existentes, mas podemos
Théo comprou um saquinho com bolinhas de gude, defini-lo como uma ferramenta do pensamento, com a qual
18 azuis e 18 verdes. Quantas bolinhas, no mínimo, Théo as idéias são trabalhadas e organizadas a partir de uma ló-
deve retirar do saquinho para ter certeza de que pelo me- gica, para que seja possível alcançar uma conclusão.
nos duas sejam da mesma cor? Assim funciona o raciocínio: um início, um desenvolvi-
a) 35 mento e uma conclusão.
b) 18 O início pode ser uma questão, da seguinte forma:
c) 3 Qual dos números não pertence à série seguinte?
d) 19 1 – 2 – 5 – 10 – 13 – 26 – 29 – 48
e) 8 Agora, no desenvolvimento, tente encontrar o número
que não pertence à série acima, antes de olhar a resolução.
Chegamos à resposta desta questão por puro raciocí- Vamos juntos. A lei de formação da sequência segue o
nio lógico. Vejamos: ao retirar a primeira bolinha, ela pode seguinte raciocínio lógico:
ser de qualquer cor. A segunda bolinha poderá ser da 1. os números de ordem par – o segundo, o quarto,
mesma cor ou de uma cor diferente. Mas a terceira será, o sexto e o oitavo – são o dobro do seu antecessor. Veja: o
obrigatoriamente, da cor de uma das bolinhas retiradas dobro de 1 é 2, o dobro de 5 é 10, o dobro de 13 é 26 e o
anteriormente. Portanto, Théo deverá retirar, no mínimo, dobro de 29 é 58;
3 bolinhas. 2. os números de ordem ímpar – (o terceiro, o quinto
A necessidade de criar, transformar, inovar, é desejo e o sétimo) – são o seu antecessor mais 3. Veja: 2 + 3 = 5; 10
natural do ser humano. Para isto, somos obrigados a ra- + 3 = 13, e 26 + 3 = 29.
ciocinar, seja pela intuição, pela indução, pela dedução, Portanto, o número 48 não pertence à sequência – con-
pela analogia, pela estimativa, dentre outras formas de clusão.
pensar da mente humana. Essas formas de raciocínio se- O raciocínio está ligado diretamente ao pensamento e
rão detalhadas ainda neste Capítulo. aos nossos cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e
Alguém já deve lhe ter perguntado: “Mas isto é lo- visão –, que constituem a nossa ligação com o mundo que
gicamente correto?” “Você tem argumentos lógicos que nos cerca.
comprovem o que você está dizendo?” Além dos cinco sentidos, o raciocínio está também in-
E qual foi a sua reação? Espanto? Descontentamen- timamente ligado a um outro sentido: o inexplicável “sexto
to? Raiva, por estar sendo questionado? E, diante dessa sentido”.
situação, você apresentou razões, provas ou fatos que Mas, “sexto sentido”, o que seria? Uma definição sim-
comprovassem que aquilo que você estava expondo era ples seria aquela intuição, premonição ou simplesmente
verdade? uma sabedoria interior, cuja origem é indecifrável.
Agora, se você respondeu à pergunta de forma cor- A intuição tem a sua importância, mas é necessário que
reta – dita “com pé e cabeça” –, você sabia que estava ela tenha uma fundamentação, pois, do contrário, ela pode
apresentando uma argumentação com lógica? nos levar a conclusões equivocadas. A intuição, portanto,
Mas o que seria a lógica? não pode ser colocada, unicamente, como uma verdade
Pensemos da seguinte forma: a lógica pode ser de- “verdadeira”, pois ela é baseada em hipóteses, que exigem
finida como um instrumento do raciocínio, ou seja, um uma comprovação, uma fundamentação convincente: a ar-
processo de organização do raciocínio que nos possibilita gumentação.
aplicar métodos e procedimentos para distinguir os argu- E o que seria a argumentação?
mentos válidos dos não válidos. A argumentação pode ser definida como os conceitos e
Analise a seguinte situação: uma família está reunida conhecimentos que se têm sobre uma situação ou fato em
para a ceia de Natal. Na sala, encontram-se 13 pessoas. análise e que possam comprovar a verdade das hipóteses.
Das afirmações abaixo, qual é a necessariamente verda- Ao se concluir que as hipóteses são verdadeiras, chega-se,
deira? então, a uma conclusão correta e que convence.
a) Pelo menos uma das pessoas tem menos de 20 E diante dos problemas, como o homem utiliza o seu
anos. raciocínio?
b) Pelo menos duas pessoas fazem aniversário no Vejamos: abra um jornal ou uma revista. Gráficos, nú-
mesmo mês. meros, porcentagens, tabelas, estimativas, enchem-nos de
c) Pelo menos uma pessoa nasceu num dia ímpar. informações, cuja leitura exige um conhecimento matemá-
d) Pelo menos uma pessoa nasceu em julho ou tico e um domínio, por mínimo que seja, da linguagem ma-
agosto. temática.
E como a Matemática nos auxilia na resolução de pro-
blemas?
15
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
No contexto em que atualmente vivemos, todas as No cruzamento de três avenidas, a quantidade neces-
áreas da atividade humana buscam na Matemática a fonte sária de semáforos é 3.
para a resolução de seus mais difíceis problemas. Mas para
a solução de tantas questões, o ser humano tem que pos-
suir conhecimentos e habilidades para que possa pensar,
raciocinar e agir matematicamente.
Aqui, aparece a face investigativa da Matemática.
Ao se defrontar com uma situação-problema, o homem
coloca o seu raciocínio “a trabalhar” e busca estruturar
uma sequência de ações que lhe permitam compreender
a questão. Compreendida a questão, o homem avalia os
seus conhecimentos sobre o assunto, elabora um conjunto
de possíveis soluções, adota aquela solução por ele julgada
como a correta para resolver o problema, e, finalmente, ob-
serva se os resultados esperados foram alcançados. Ilustração 3
E se você estivesse diante de uma situação-problema
como a citada a seguir, como você a resolveria? No cruzamento de quatro avenidas, a quantidade ne-
O Departamento de Trânsito de uma cidade deverá cessária de semáforos é 6.
adquirir semáforos para instalar nos cruzamentos de suas
avenidas. Qual é a maior quantidade de aparelhos que o
departamento deverá adquirir para os cruzamentos, em
pontos diferentes, de cinco avenidas? Lembre-se de que
o cruzamento é o ponto de intersecção onde as avenidas
se cruzam.
ASSIM OU ASSADO
Em Matemática, utilizam-se modelos para a solução de
muitas situações-problema. Na questão sobre os semáfo-
ros, você utilizou algum modelo? Pense que um modelo
pode ser uma tentativa de solução por manuseio de obje-
tos que possam representar a situação.
Para o problema acima, tente com lápis, canudos, pali-
tos etc., antes de ver a resolução.
Ilustração 4
Resolução
Finalmente, como resolução do problema, no cruza-
Vamos por partes: a quantidade necessária de semáfo- mento de cinco avenidas, a quantidade necessária de se-
ros no cruzamento de duas avenidas é 1. máforos é 10.
Ilustração 2
Ilustração 5
16
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Número de
avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de
semáforos 1 3 6 10
Ilustração 6
Sabemos que:
α+ =
Agora, vamos transportar, do primeiro membro para o segundo membro da equação, o , que vai com a operação
inversa da adição: a subtração.
α=
Logo α = . c.q.d.
O problema apresentado acima é um teorema, que podemos definir como um enunciado que, para ser admitido ou
ser aceito como verdadeiro, necessita de demonstração.
Essa demonstração, em Matemática, é uma maneira de argumentar, processo em que partimos de hipóteses para che-
garmos a uma tese, a qual nada mais é que o teorema proposto. A expressão c.q.d. significa “como queríamos demons-
trar” e é utilizada nos finais de uma demonstração, como forma de comprovar que os argumentos utilizados são válidos.
2) Um paisagista foi contratado para fazer o jardim de uma residência. O jardim deverá ter a forma de um triângulo.
O proprietário exige que o jardim seja gramado no meio e que folhagens sejam plantadas ao longo de duas laterais do
gramado.
17
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
O paisagista realizou a medição do jardim e chegou às medidas representadas no desenho abaixo. Quais deverão ser,
então, as medidas dos ângulos externos das áreas onde serão plantadas as folhagens?
Ilustração 7
Resolução
Ilustração 8
Então, temos:
2x + = 180º
= 180º - 2x
2x – 40º = x + 5º + 180º - 2x
2x – x + 2x = 40º + 5º + 180º
3x = 225º
x=
x = 75º.
2x = 2 . 75º = 150º e
18
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
3) Na sequência abaixo, há uma certa “regra” para se chegar a uma conclusão. Tente encontrá-la, para chegar à conclu-
são de quantos losangos terá a sétima figura.
Ilustração 9
Resolução
Na primeira figura, temos 5 losangos; na segunda, 9 losangos, e, na terceira, 13 losangos. A “regra” é: há um acréscimo
de 1 losango em cada extremidade da figura, isto é, a cada figura, há um acréscimo de 4 losangos. Portanto, a quarta figura
terá 17 losangos; a quinta, 21 losangos; a sexta, 25, e, finalmente, a sétima terá 29 losangos.
4) Pedro saiu de casa e fez compras em quatro lojas, cada uma num bairro diferente. Em cada uma
gastou a metade do que possuía e, ao sair de cada uma das lojas pagou R$2,00 de estacionamento.
Se no final ainda tinha R$8,00, que quantia tinha Pedro ao sair de casa?
a) R$ 220,00
b) R$ 204,00
c) R$ 196,00
d) R$ 188,00
Qual o raciocínio que você utilizaria para resolver essa questão? Você resolveria a partir das alternativas? É um caminho.
Mas, vamos raciocinar de outra forma.
Vamos pensar: que tal iniciarmos a resolução do fim para o começo? Da seguinte maneira:
. 4ª loja: R$8,00 que sobraram, mais R$2,00 do estacionamento = R$ 10,00, que é a metade do que foi gasto na 3ª loja.
. 3ª loja: R$10,00 vezes 2 = R$20,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$22,00, que é a metade do que foi gasto na 2ª loja.
. 2ª loja: R$22,00 vezes 2 = R$44,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$46,00, que é a metade do que foi gasto na 1ª loja.
. 1ª loja: R$46,00 vezes 2 = R$92,00, mais R$2,00 de estacionamento = R$94,00, que é a metade do que Pedro tinha.
Finalmente, R$94,00 vezes 2 = R$188,00, que é a quantia que Pedro tinha ao sair de casa. Portanto, a alternativa correta é
a letra “d”.
Outra forma de resolução:
Pedro tinha x reais.
. 1ª loja: se Pedro tinha x reais, gastou metade do que tinha e mais R$2,00 de estacionamento, então gastou
no total .
Ficou com .
19
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
20
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Por exemplo, todo número ímpar pode ser escrito da Raciocínio por estimativa
forma 2n + 1, para qualquer n inteiro: 21 é um núme- O raciocínio por estimativa é utilizado em situações nas
ro ímpar quais não é exigido um resultado exato, ou seja, quando
Logo, o número 21 pode ser escrito como 2n + 1, se n trabalhar com um valor aproximado é suficiente para aqui-
for igual a 10, ou seja, lo que desejamos. Por exemplo, quando queremos saber a
2 x 10 + 1 = 21 medida de um objeto, seja a largura, o comprimento ou a
Veja outro exemplo: altura, e não queremos medi-lo diretamente, estimamos o
Todo homem é mortal. seu comprimento. Quando queremos achar o resultado de
João é homem. Logo, João é mortal. uma operação aritmética, sem realizá-la, chegamos a um
resultado aproximado.
Raciocínio por analogia Em nosso cotidiano, como uma grande parte das infor-
mações numéricas que recebemos não está precisamente
O raciocínio por analogia consiste numa comparação
exata, as decisões devem ser tomadas com base em valores
entre duas relações, isto é, transportar uma situação já co-
aproximados.
nhecida para uma nova situação, como no exemplo abaixo.
O raciocínio por estimativa é, portanto, a capacida-
Leia a seguinte adaptação de uma lenda indiana: cinco
de de, mentalmente e com rapidez, efetuar cálculos com
homens cegos encontram um elefante. Como eles jamais valores aproximados e decidir se o resultado obtido tem
tinham visto um, começaram a apalpá-lo, buscando enten- precisão suficiente para o objetivo pretendido.
der e descrever esse novo fenômeno. O primeiro homem Em vários ramos de atividades, profissionais utilizam
agarrou a tromba e conclui: é uma cobra. O segundo exa- medidas e processos de estimativa para o seu trabalho,
mina uma das pernas do elefante e descreve: é uma árvore. por exemplo, costureiras, pedreiros, marceneiros, dentre
O terceiro descobre a cauda do elefante e anuncia: é uma outros.
corda. O quarto sentiu a presa e disse que era uma lança. No raciocínio por estimativa, o saber e os conceitos
E o quinto homem cego, depois de descobrir a lateral do matemáticos são fundamentais para dar validade aos re-
elefante, conclui que é, depois de tudo, uma parede. sultados alcançados.
Em um raciocínio por analogia sobre determinado Agora, resolva a questão a seguir, com base em um
fato, as pessoas procuram relacionar as características des- raciocínio por estimativa.
se fato com as características de outra situação que lhes é Um veículo percorre uma distância de 120 km em uma
conhecida ou que tenham experimentado. É um campo de hora. Qual o tempo aproximado que ele gastará para per-
comparações, em que a compreensão do novo fato leva a correr uma distância de 180 km?
um novo conhecimento, que pode ser verdadeiro ou não. Vamos lá. Qual a sua estimativa de tempo? Mais ou
Um outro exemplo de raciocinar por analogia é o caso menos, do que 1 hora e 40 minutos?
de um brasileiro, descendente de japoneses, que pretende Antes de ver a resolução, escreva o tempo que você
imigrar para o Japão, pois entende que, como outros des- estimou. Lembre-se de que é um cálculo por estimativa.
cendentes foram bem-sucedidos naquele país, pelas mes- Agora, vamos conferir a sua estimativa, utilizando a re-
mas razões ele também terá sucesso. E será que ele terá o gra de três:
mesmo sucesso?
Raciocine: 10 vezes 10 é igual a 100. Então, quanto é 1 hora = 60 minutos. Então:
R$10,00 vezes R$10,00?
Por analogia ... Conseguiu? Não? Você está certo, pois 120 km ― 60 minutos
não é possível multiplicar dinheiro por dinheiro. A opera-
180 km ― x
ção R$10,00 vezes R$10,00 é impossível, pois não sabería-
mos quantas vezes multiplicar a quantia de R$10,00. Um
valor monetário somente pode ser multiplicado por um minutos. Portanto, 90 : 60 = 1
número real.
Em uma comparação entre essas três formas de racio-
cínio, podemos perceber que, na dedução, a conclusão hora e 30 minutos.
alcançada é a confirmação do que está contido nas pre-
missas, isto é, se as premissas constituem uma verdade, a Veja esta situação: sempre vemos em noticiários ou
conclusão sempre será verdadeira; na indução e na analo- artigos a informação: “o público presente ao evento é es-
gia, nem sempre – isto é, provavelmente – a verdade con- timado em 30.000 pessoas”. Ora, como os profissionais
tida nas premissas leva a uma conclusão que também seja da imprensa chegam a essa conclusão? Vamos raciocinar:
verdadeira. esses profissionais sabem, de antemão, que a área ocupa-
Não se esqueça: a validação de um raciocínio passa, da pela multidão é de, aproximadamente, 120.000 metros
necessariamente, pela confirmação de sua veracidade ou quadrados, e que cada metro quadrado pode comportar
de seu acerto. até quatro pessoas. Com essas informações, eles realizam
Lembre-se: o raciocínio lógico está diretamente ligado uma simples operação de divisão de 120.000 metros qua-
ao pensar matemático. drados por 4 pessoas, que dá uma estimativa de 30.000
pessoas. Entendeu?
21
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Uma outra forma de raciocínio está ligada aos diagramas, que são representações em que cada conjunto é definido
pela região limitada por uma linha fechada. Essas representações são conhecidas como diagramas de Venn, ou de Venn-Eu-
ler – pronuncia-se “ven-óiler”. John Venn foi um filósofo e matemático britânico que viveu de 1834 a 1883.
Essas representações são circunferências entrelaçadas, de acordo com o número de conjuntos analisados. A parte co-
mum entre os conjuntos denomina-se intersecção, na qual aparecem os elementos comuns a todos os conjuntos.
Veja os exemplos a seguir.
1) Uma editora estuda a possibilidade de relançar o primeiro número das revistas em quadrinhos Homem-Aranha,
Superman e Mandrake. Para isto, efetuou uma pesquisa de mercado e concluiu que, em cada 1000 pessoas consultadas,
600 já leram Mandrake; 400 leram Superman; 300 leram Homem-Aranha; 200 leram Mandrake e Superman; 150 leram
Mandrake e Homem-Aranha; 100 leram Superman e Homem-Aranha; 20 leram as três revistas. Calcule:
a) O número de pessoas que leu apenas uma das revistas.
b) O número de pessoas que não leu nenhuma das três revistas.
c) O número de pessoas que leu duas ou mais revistas.
Resolução
O preenchimento do diagrama inicia-se pela colocação do número de elementos da intersecção entre os três conjun-
tos. Após, coloca-se o número de elementos da intersecção entre dois conjuntos, para, finalmente, colocar o número de
elementos de cada conjunto. Ao colocar o número de elementos de um conjunto, não podemos esquecer de descontar
os da intersecção.
Ilustração 10
Assim,
22
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2) Em uma empresa, 60% dos funcionários lêem a revista A, 80% lêem a revista B, e todo funcionário é leitor de pelo
menos uma dessas revistas. Qual o percentual de funcionários que lê as duas revistas?
Resolução
Seja x o valor procurado. Desenhando um diagrama de Venn-Euler e utilizando-se do fato de que a soma das parcelas
percentuais resulta em 100%, temos a equação: 60 - x + x + 80 - x = 100. Daí, vem que, 60 + 80 - x = 100. (PUC 1999)
Ilustração 11
Resolução
Neste tipo de problema, não é possível uma resolução pelo diagrama de Venn, pois não temos intersecção entre os
dados. Usamos, então, uma tabela.
Rapazes
Moças
Total
Preenchimento da tabela
O total de alunos é 50. Se 32 são rapazes, 50 – 32 = 18 moças. Se apenas 5 moças são corintianas, então 18 – 5 = 13.
Portanto, 13 são palmeirenses. Temos ao todo 23 palmeirenses. Como 13 são moças, 23 – 13 = 10. Então 10 rapazes são
palmeirenses. E o restante, 32 – 10 = 22, são rapazes corintianos.
Rapazes 22 10 32
Moças 5 13 18
Total 27 23 50
23
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 12
Pelo diagrama, vemos que a argumentação é válida,
porque os conjuntos mantêm uma intersecção.
1ª premissa: todo brasileiro é artista. Ilustração 14 10
2ª premissa: Pedro é um artista.
Conclusão: Logo, Pedro é brasileiro. Como jogar
Complete os quadrados vazios, com números de 1 a 9,
sem repetir quaisquer nú-
meros em uma fileira ou coluna, tanto da grade menor,
3 x 3, como da grade maior, 9 x 9.
Pelo diagrama, vemos que a argumentação não é vá- 3) Dada a sequência de números 2, 6, 10, 14, 18, 22, ...:
lida, pois Pedro pode ser ou não brasileiro. Os conjuntos a) Complete a sequência até 30.
são disjuntos, isto é, não possuem elementos comuns. b) Investigue se 94 é um elemento da sequência. Descre-
va como chegou à sua conclusão.
Sudoku – Uma forma de desenvolver o raciocínio c) Investigue se 76 é um elemento da sequência. Descre-
lógico va como chegou à sua conclusão.
Atualmente, um passatempo tem atraído a atenção de d) Cada elemento, a partir do segundo, tem uma relação
todas as faixas etárias: o Sudoku, um jogo de lógica e racio- com o seu antecessor e seu sucessor. Qual é esta relação?
cínio, que apresenta um desafio mental e exige um senso e) Qual a lei de formação da sequência?
matemático para a sua resolução. Esse passatempo tam-
bém foi apresentado no Capítulo 2 da apostila do Ensino 10 Extraído do site www.somatematica.com.br.
Fundamental. 11 www.clickeducação.com.br
24
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4) No esquema abaixo, tem-se o algoritmo da adição de dois números naturais, em que alguns algarismos foram subs-
tituídos pelas letras A, B, C, D e E.
5) Considere a sequência C, E, G, F, H, J, I, K, M, L, N, P ... Se o alfabeto usado é o oficial, que tem 26 letras, então, de
acordo com esse critério, a próxima letra dessa sequência deve ser:
a) R
b) Q
c) O
d) U
e) T
Ilustração 15
7) Uma população utiliza três marcas diferentes de detergente: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram-se
os resultados tabelados abaixo.
Observação: utilize o diagrama de Venn-Euler para visualizar o problema.
Nenhuma
Marcas A B C AeB AeC BeC A, B e C
delas
Número de
109 203 162 25 28 41 5 115
consumidores
Pode-se concluir que o número de pessoas que consomem ao menos duas marcas é:
a) 99
b) 94
c) 90
d) 84
e) 79
25
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
8) Numa escola mista, existem 42 meninas, 24 crianças ruivas, 13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se:
a) Quantas crianças existem na escola?
b) Quantas crianças são meninas ou são ruivas?
Observação: utilize uma tabela para resolver o problema. Na horizontal, meninos e meninas, e na vertical, ruivos e não
ruivos.
9) Classifique os argumentos abaixo, de válido ou não válido. Utilize o diagrama para visualizar o problema.
a) Todos os brasileiros são artistas.
Pedro é brasileiro.
Logo, Pedro é um artista.
a) b)
Ilustração 16 - Sudoku
2) Existem 20 algarismos 9 entre 0 e 100. Para chegar a essa conclusão, encontramos 9 números, cuja unidade é 9: 9,
19, 29 ..., 89. Contamos, ainda, as dezenas 90 a 99, encontrando 11 algarismos 9, na dezena, sendo que, no 99, o algarismo
9 aparece na unidade e na dezena.
5) Analisando a sequência, observamos que o G ocupa o lugar do F; o J ocupa o lugar do I, e o M ocupa o lugar do L. A
próxima letra a ser utilizada é o O, que, pela regra da sequência, tem o seu lugar ocupado pelo P. Então, o O passa a ocupar
o lugar do P. A alternativa correta é a letra “c”.
26
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
6.) O número de circunferências forma a sequência 1, 3, 6, 10, 15 ... Como queremos encontrar o número de circunfe-
rências que compõem a 100ª figura, faremos com um processo análogo ao que se segue:
1=1
3=1+2
6=1+2+3
10 = 1 + 2 + 3 + 4
15 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5
Então, a 100ª figura será x = 1 + 2 + 3 + 4 + ... + 97 + 98 + 99 + 100. Note que a soma dos termos equidistantes dos
extremos é igual à soma dos extremos.
7. Alternativa “d”.
“Ao menos duas marcas” quer dizer que podem ser 2 ou mais marcas.
Logo:
23 + 20 + 36 + 5 = 84. Portanto, 84 pessoas consomem ao menos 2 marcas.
Ilustração 17
8.
27
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
10. a) b)
4 2 1 3 3 1 2 4
1 3 4 2 4 2 3 1
2 4 3 1 2 4 1 3
3 1 2 4 1 3 4 2
1) Vitória do Guarani e de qualquer outro time: o Guarani ficaria entre os quatro rebaixados, pois um time permane-
ceria com 35 pontos perdidos.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 0 35
B 35 0 35
C 35 0 35
D 35 0 35
Guarani 36 0 36
28
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2) Vitória do Guarani e derrota dos times A, B, C e D: o Guarani escaparia do rebaixamento, pois ficaria com os 36
pontos perdidos e os demais 4 times com 38 pontos perdidos.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 0 36
3) Vitória do Guarani e empate de qualquer um dos outros times: todos os times ficariam com 36 pontos perdidos,
mas, o Guarani, por ter o maior número de derrotas – 12, contra 10 dos demais times –, estaria rebaixado.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 0 36
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +3 39
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +3 38
B 35 +3 38
C 35 +3 38
D 35 +3 38
Guarani 36 +1 37
29
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
6) Empate do Guarani e dos demais 4 times: o Guarani seria rebaixado, pois ficaria com 37 pontos perdidos e os de-
mais com 35 pontos perdidos.
Pontos
Times Empate Derrota Total
perdidos
A 35 +1 36
B 35 +1 36
C 35 +1 36
D 35 +1 36
Guarani 36 +1 37
Número de avenidas 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de semáforos 1 3 6 10 15 21 28 36 45
30
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Sistema Indo-arábico
Tratava-se de um sistema posicional decimal. Siste-
ma posicional porque um mesmo símbolo representava
valores diferentes dependendo da posição que se encon-
trava. Por exemplo: o algarismo 4 nos números: 14 e 41.
No número 14 o 4 ocupa a casa das unidades e seu valor
posicional é 4; já no número 41, o 4 ocupa a casa das deze-
nas e seu valor posicional é 40. Sistema decimal, pois era
composto por 10 algarismos: 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9.
Esse sistema posicional decimal, criado pelos hindus,
corresponde ao nosso atual sistema de numeração, já es-
tudado por você nas séries anteriores. Por terem sido os
árabes os responsáveis pela divulgação desse sistema, ele
ficou conhecido como sistema de numeração indo-arábico.
Os dez símbolos utilizados para representar os núme-
ros, denominam-se algarismos indo-arábicos. São eles: 0,
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Veja, no quadro13 a seguir, as principais mudanças
ocorridas nos símbolos indo-arábicos, ao longo do tempo.
31
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
32
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
33
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
34
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Os Números Racionais
Já foi mencionado no início deste capítulo que os números racionais podem ser expressos por meio de uma fração.
Pois bem, vamos acompanhar:
O conjunto dos números racionais (representado por ) é definido por:
Ou seja, número racional é todo número que pode ser escrito na forma , com a e b inteiros, b ≠ 0.
Nessa divisão de números inteiros, ao dividirmos o numerador pelo denominador, podemos obter números com dife-
rentes características, por exemplo:
Se dividirmos 10 por 2, obteremos 5, ou seja, 10/2 = 5. (número inteiro)
Se dividirmos 25 por 2, obteremos 12,5, ou seja, 25/2 = 12,5. (decimal finito)
Agora, se dividirmos 25 por 3? O que acontece?
Vejamos: = 8,333... Essa divisão resultou em um número infinito de casas decimais, com um algarismo ou um
grupo de algarismos que se repetem infinitamente numa representação decimal periódica. A esses números chamamos
dízimas periódicas e a fração que gerou essa dízima é chamada de fração geratriz.
Mas se todo número racional pode ser expresso por meio de uma fração, como encontrar a fração que gerou a dízima
0,232323...? Ou seja, qual a sua fração geratriz?
É simples, basta seguir alguns passos:
1° Escreva: x = 0,232323...
2° Como o período da dízima (o número ou grupo que se repete) é composto por dois algarismos, multiplique essa
expressão por 100. Vale ressaltar que se o período tivesse três algarismos, a expressão seria multiplicada por 1000 e assim
por diante...
Então temos que: 100 x = 23,232323...
3° Subtraia essa expressão pela primeira, assim:
100 x = 23,232323...
- x = 0,232323...
99x = 23,000000...
Observe que como depois da vírgula vamos ter infinitas casas decimais que são iguais, então depois da vígula teremos
infinitos zeros.
Assim, temos que:
Então agora você já conhece todas as formas que pode apresentar um número racional, sendo que em todas elas é
possível escrever o valor em forma de uma fração, ou seja, numa divisão de números inteiros.
35
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 2
36
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Uma imagem que podemos também observar a pre- AGORA É A SUA VEZ...
sença da proporção áurea é a do “Homem Vitruviano”,
obra de Leonardo Da Vinci Atividade 1. Classifique cada sentença em verdadeira
• Número π (V) ou falsa (F).
Na matemática, pi, representado pela letra grega π, é o nú- a) Todo número natural é inteiro.
mero que representa o resultado da divisão entre o comprimento b) Todo número inteiro é racional.
de uma circunferência e o seu diâmetro. Veja a figura abaixo20: c) Todo número racional é real.
d) Todo número real é irracional.
e) O número zero é racional.
f) Número racional é todo número que pode ser coloca-
do na forma a/b, com b não-nulo.
Ilustração 4 a) -
b) -
divisão (como ilustrados na figura acima). Portanto, te-
b)
c)
d)
Ilustração 5
37
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2. Resposta pessoal
3. Na reta
4. c
5. 100 m; 10 m.
6. 2 m.
7. a) 0, 1 e 2
b) -2, -1, 0, 1 e 2
c) infinitos
8. 140 convidados.
9. a) não
b) sim
c) sim
d) não
e) não
10. infinitos.
38
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 2
39
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
PROBLEMA 4.1
Ilustração 3
Quais são as medidas das frentes dos lotes “2” e “3” que estão voltadas para a
Rua Jatobá e cujos fundos são perpendiculares a Rua Jasmin?
ASSIM OU ASSADO?
Para resolver este exercício devemos recuperar a idéia de retas paralelas que vínhamos trabalhando desde o ensino
fundamental: “duas linhas são paralelas quando estiverem em um mesmo plano e não possuírem pontos comuns, mesmo
se prolongadas”. Sendo assim, as linhas que dividem os lotes são paralelas entre si.
Além de serem paralelas entre si, estas mesmas retas que dividem os lotes são perpendiculares à rua Jasmin, isto quer
dizer que elas formam um ângulo reto (90º) com a Rua Jasmin.
Quando temos um conjunto de retas paralelas diferentes e todas pertencentes ao mesmo plano (região onde está
localizado o loteamento), dizemos que estas retas constituem um feixe de paralelas. As retas que representam as frentes e
os fundos dos loteamentos constituem retas transversais ao feixe de paralelas.
O que mais podemos retirar de informações relevantes do enunciado ou da figura deste exercício? Um dos primeiros
matemáticos que se debruçou sobre um problema parecido foi Tales de Mileto (um dos sete sábios da antiga Grécia). Entre
tantas descobertas atribuídas a ele, existe uma que nos será muito útil no nosso estudo da geometria plana.
Vamos entender o raciocínio de Tales observando as ilustrações a seguir:
Ilustração 4 Ilustração 5
40
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Se dividíssemos o segmento que liga os pontos A e B em quatro partes, assim como mostra a ilustração 5, observaría-
mos que o segmento que liga os pontos A’ e B’ também ficaria dividido em quatro partes.
Neste caso, podemos dizer que a razão (ou seja, divisão) entre as distâncias de cada parte é igual. Tales de Mileto de-
monstrou a existência de uma igualdade entre essas razões. Logo, o Teorema de Tales é dado por:
Ilustração 6
Com este raciocínio, podemos encontrar o valor das frentes dos lotes “2” e “3”, proposto no problema 4.1 da seguinte
forma. Considere a seguinte figura:
Ilustração 7
Como pode notar, a única diferença é que nomeamos os pontos com as letras do alfabeto para facilitar nosso raciocí-
nio. As letras A, B, C, D, E dividem um lado do terreno em 4 partes (neste caso, não necessariamente iguais). Sendo assim:
o segmento AB possui 15,40 metros; o segmento BC possui 13,50 metros; e o segmento CD possui 12 metros. Estes seg-
mentos correspondem às frentes de cada lote.
Do outro lado do terreno, temos as letras F, G, H, I, J que dividem este lado em 4 partes (também não necessariamente
iguais). Sendo assim: o segmento FG possui 16,30 metros; o segmento GH possui uma medida x desconhecida até o mo-
mento; assim como o segmento HI também possui uma medida y desconhecida até este instante.
Aplicando o teorema de Tales, dividimos a resolução em duas partes. Começando pela 1ª parte, temos que:
Ilustração 8
41
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Sendo assim, o lote “2” possui a frente medindo 14,34 metros, enquanto que o lote “3” possui a frente medindo 12,76
metros.
Esta descoberta levou Tales a encontrar uma característica fundamental para a semelhança de triângulos. Acompanhe
a explicação abaixo:
Ilustração 9 Ilustração 10
Na ilustração 9 o triângulo ABC é semelhante ao triângulo ADE, pois o lado BC do primeiro e DE do segundo são para-
lelos e eles possuem os três ângulos congruentes (acompanhe na Ilustração 10).
A semelhança de triângulos indica que um triângulo pode ser obtido de outro através de uma simples ampliação ou
redução de sua imagem. Mas como saber quando existe uma ampliação e quando existe uma redução? E quando não for
nem uma e nem outra?
De acordo com Tales, existe uma razão entre os lados proporcionais, que é chamada de razão de semelhança. Esta razão
é um número obtido da divisão dos lados proporcionais de cada triângulo. Em outras palavras, observe a figura abaixo:
Ilustração 11
O segmento AD com 5,0 centímetros é proporcional ao segmento AB com 2,5 centímetros, bem como o segmento AE
(7,0 cm) corresponde ao segmento AC (3,5 cm) ou até mesmo o segmento DE (8,0 cm) corresponde ao segmento BC (4,0
cm).
Se dividirmos cada um dos lados proporcionais, ou seja, AD dividido por AB, AE dividido por AC e DE dividido por BC,
encontraremos em todos os casos o valor 2. Este valor indica que o segundo triângulo (ADE) é uma ampliação do primeiro
triângulo (ABC).
Assim, se o resultado da divisão dos lados correspondentes for igual a 1, dizemos que os triângulos são congruentes
(ou iguais).
Caso ele seja maior do que 1, teremos uma ampliação da figura original e se for menor do que 1, nós teremos uma
redução da figura original. Veja a ilustração abaixo:
42
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 12
Sabendo disso, fica fácil de você identificar em seu dia-a-dia se um triângulo é parecido (aumentado/diminuído) ou
igual a outro triângulo. Imagine a seguinte situação do dia-a-dia de uma construção:
PROBLEMA 4.2
Você será responsável por construir as janelas de uma casa – em formato de triângulo – e estas janelas devem ser
iguais. Como pode ter certeza de que a construção foi bem feita?
Para saber, na prática, se a construção foi bem feita basta você medir os respectivos lados de cada triângulo e encon-
trar a razão entre eles. Se ela der igual a 1 o seu objetivo foi cumprido com êxito, mas se ela der maior ou menor do que 1
deverá refazer ou checar com o arquiteto responsável se esta diferença não desagradará ao cliente.
Caso você queira ampliar ou reduzir um triângulo existente, basta você multiplicar cada medida dos seus lados por um
número maior do que 1 (ampliar) ou por um número menor do que 1 (reduzir).
Este processo de semelhança, além de ser muito útil em nosso dia-a-dia, é um conceito principal da Geometria, pois
permitirá a compreensão das relações entre as medidas dos lados de um triângulo retângulo. Veja a situação a seguir:
PROBLEMA 4.3
Imagine uma grande corda dividida por nós. Quantos triângulos retângulos diferentes você poderá representar
com toda essa corda, de tal forma que em seus vértices sempre haja um nó?
Já deu para perceber que este problema não possui uma única solução. Pegue esta corda e separe de modo que em
cada pedaço haja sempre múltiplos de 12 nós, tais como 24, 36, 48, etc. Um dos triângulos possíveis com 12 nós, é o triân-
gulo formado com 3, 4 e 5 nós em seus respectivos lados.
Por volta de 1.700 a.C. foram encontradas, na Babilônia, tabelas contendo listas de ternas de números com a proprie-
dade de que um dos números quando elevado ao quadrado era igual à soma dos quadrados dos outros dois.
Exemplo: considere os números naturais 1², 2², 3², 4², 5²,... O exemplo mais famoso deste fato é justamente a Terna
Pitagórica, pois 3² + 4² = 5².
Os pitagóricos, aproveitando as listas dos babilônios, estudaram durante muitos anos a relação destas ternas com o
triângulo retângulo, cujos lados têm comprimentos a, b e c. De modo que encontraram a relação: a² = b² + c². E que ficou
conhecida como o Teorema de Pitágoras22.
22 Pitágoras (570 - 496 a.C.) foi um filósofo e matemático originário da ilha de Samos, no mar Egeu (costa da
Ásia Menor) que na época pertencia à Grécia. Retirado do site: http://www.filosofia.com.br
43
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 13 Ilustração 14
A partir desta relação é possível descobrir se um triângulo é retângulo ou não, pois se os lados respeitarem a igualdade
do teorema de Pitágoras então este é um indício que eles formam um triângulo retângulo.
Entretanto, conforme dito no inicio desse capitulo, os pedreiros tem uma maneira de afirmar que, duas paredes estão
no esquadro. Se você esticar 60 cm de uma corda, do encontro das duas paredes para a extremidade, e fazer o mesmo, mas
esticando 80 cm, a distância entre as duas extremidades será de 1m (100m)! Por quê?
Ilustração 15 Ilustração 16
Para resolver este tipo de problema, usando a matemática, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras no triângulo da
ilustração 16. Os catetos medem 60 cm e 80 cm e a hipotenusa é aquela que desejamos encontrar, assim:
Ilustração 17
Como pôde perceber até agora, a geometria está intimamente ligada com muitas questões do nosso cotidiano e a
partir dela, podemos descobrir caminhos mais fáceis para resolver os problemas do dia-a-dia ou até encontrar explicações
científicas para caminhos que já existem.
Para você ter uma idéia, através do Teorema de Pitágoras é possível recuperarmos o estudo de Áreas das figuras planas.
Acompanhe a ilustração a seguir:
44
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Diagonais
Ilustração 18
45
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Os artistas que criam esses ladrilhos sabem que polígonos possuem muitos lados. No ensino fundamental, trabalhamos
com a composição de área dos polígonos utilizando triângulos. O mesmo pode ser feito para se estudar as relações entre
os lados de alguns polígonos. Veja a ilustração a seguir:
Ilustração 21
O quadrado acima está dividido ao meio pelo segmento AC. Este segmento é chamado de diagonal, pois liga vértices
que não estão em seguida um do outro.
Além disso, cada um dos triângulos deste quadrado é um triângulo retângulo e, portanto, podemos dizer também que
a diagonal AC é a hipotenusa de um dos triângulos retângulos.
Assim:
Ilustração 22
Esta é a fórmula para se calcular a medida da diagonal de um quadrado com lados medindo L. Por exemplo, se o qua-
drado tiver lado medindo 8 centímetros, então a diagonal medirá . Como a raiz quadrada de 2 é aproximadamente
igual a 1,41 então temos que a diagonal mede aproximadamente 11,28 centímetros.
A diagonal pode ser aplicada em diversos contextos, mas o mais próximo do nosso dia-a-dia diz respeito ao tamanho
dos televisores. Veja a situação a seguir:
PROBLEMA 4.4
Como posso confirmar se as polegadas de um televisor estão corretas?
Segundo o INMETRO24, do adquirir um “televisor de 20 polegadas”, por exemplo, o consumidor poderia supor que a
tela do aparelho possui uma diagonal de 20 x 2,54 = 50,8cm. Isto porque, 1 polegada equivale a 2,54 cm. Essa medida,
entretanto, é a do tubo de imagem.
Ainda segundo relatório divulgado pelo INMETRO, em casa, ao efetuar a medição da tela visível, na diagonal, o consu-
midor obteria um valor aproximado de 48,0cm.
Essa diferença de 2,8cm a menos do que o esperado se torna maior à medida que se aumenta o tamanho da tela. Em
“televisores de 29 polegadas”, a diferença pode chegar a aproximadamente 5,0cm.
Entretanto, o instituto afirma que “os televisores de plasma ou LCD (telas de cristal líquido) possuem outro tipo de pro-
jeto e construção. E nestes modelos, o “tamanho” informado, em polegadas, corresponde à dimensão correta da diagonal
da tela”.
24 Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro - é uma autarquia federal,
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Retirado do site http://www.inmetro.gov.
br/inmetro/oque.asp.
46
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Este é um dos exemplos onde encontramos o termo diagonal em nosso dia-a-dia. Um outro seria, o problema de se
verificar se duas paredes estão dentro de um esquadro. A diagonal formada entre as extremidades de cada linha é a hipo-
tenusa de um triângulo retângulo e, portanto, pode ser facilmente calculada através do teorema de Pitágoras.
Aqui se encerra o estudo de Geometria Plana e a partir daqui você aplicará os conceitos vistos até o momento durante
o estudo da Geometria Espacial.
Geometria Espacial
No ensino fundamental trabalhamos com um poliedro bem conhecido de todos: o Cubo. Citamos também outros
como: Tetraedro, Octaedro, Icosaedro. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais nestes outros poliedros e conhecer
outros sólidos geométricos importantes tais como: Cone e Cilindro.
Em nosso dia-a-dia encontramos muitos objetos com o formato de sólidos geométricos: um vaso de plantas, um copo
de lápis, uma latinha de refrigerante, uma bola de futebol, dados, entre tantos outros. Veja as figuras a seguir:
O grupo formado pelos poliedros possui a característica de possuírem somente faces planas. Além das faces, cada po-
liedro possui também outras duas estruturas primárias: aresta e vértice. A aresta é a linha que contorna cada uma das faces.
E o vértice é o ponto de encontro de duas ou mais arestas. Observe a ilustração abaixo:
Ilustração 26
47
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Dentro do grupo dos poliedros, podemos ainda separa-los em outros dois grupos: PRISMAS e PIRÂMIDES. Veja abaixo
um exemplo de cada grupo:
Ilustração 27
Ilustração 28
Como as faces dos poliedros são formadas por polígonos, é possível calcularmos a área das faces usando apenas o
conhecimento obtido até o momento. Ou seja, se quisermos calcular a área das faces de algum prisma (área total), basta
encontrarmos a área de cada figura plana: triângulo, quadrado, retângulo, pentágono, etc. O mesmo acontecendo para as
pirâmides. Veja o exemplo a seguir:
Ilustração 29
48
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Exemplo:
Dado o prisma a seguir, se quisermos calcular a área total do mesmo, teremos que calcular a área de cada uma das
faces e depois somá-las:
As bases ABCD e EFGH são compostas por quadrados, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo de área de um
quadrado (A = lado × lado) e multiplicar por 2, pois são duas áreas com o mesmo valor:
Área de cada base = 4 × 4 = 16cm²
Área das bases = 16 × 2 = 32cm²
Já as faces ADEH, ABEF, BCFG e CDGH são compostas por retângulos, portanto basta usarmos a fórmula para o cálculo
de área de um retângulo (A = base × altura) e multiplicarmos por 4, pois são 4 faces com o mesmo valor:
Mas o cálculo de volume em poliedros requer cuidado, pois teremos formas diferentes de encontrar o volume tanto
nos prismas quanto nas pirâmides.
Acompanhe o exercício a seguir para compreender melhor qual é o processo de cálculo do volume de um prisma:
PROBLEMA 4.5
Em uma residência existem ainda algumas caixas de água em formato cúbico.
Imagine que saibamos quais são as dimensões das arestas desta caixa de água.
E calcule o volume de água que pode ser armazenado dentro da mesma.
Como a nossa caixa de água possui o formato de um cubo (ou seja, um tipo de prisma), vamos recordar com era o
processo usado por nós para calcular o volume deste prisma:
Neste caso, ficará fácil calcular o volume desta caixa de água, pois sabemos as dimensões (comprimento, largura e al-
tura) da mesma. Agora, olhando atentamente para esta fórmula, podemos encontrar uma relação que nos será de extrema
importância para o cálculo de volume em prismas, e consequentemente, em pirâmides.
O comprimento e a largura formam a base de qualquer prisma. Sendo assim, podemos reformular esta expressão in-
dicando o valor da área da base:
V = Área da Base × Altura
Esta será a nova maneira de se calcular o volume de um prisma. Mas por quê?
Considere a base como sendo uma folha de papel, destas que usam nas impressoras, a qual é colocada sobre uma
em cima da outra, até atingir uma altura escolhida. O volume nada mais é do que a soma das alturas de cada uma dessas
folhas, ou o mesmo que a multiplicação da altura de uma folha pela quantidade de folhas que estão empilhadas. Veja a
ilustração a seguir:
Ilustração 30
49
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 33
a) 10m
b) 50m
c) 26m
d) 32m
e) 45m
Ilustração 31 Solução da atividade 1:Para resolver esta atividade bas-
Imagine uma pirâmide e um prisma (tal como da figu- ta usar o Teorema de Tales: . Multiplicar o número
ra acima) que possam ser completados com algum líquido
colorido. Essa pirâmide possui uma base com o mesmo ta- 30 por 13 e multiplicar o 15 por x, obtendo uma equação do
manho da base do prisma. Ambos terão também a mesma
altura em relação à base. Se enchermos somente a pirâmi- tipo 15x = 390. Esta equação dará como resultado x = 26m.
de e depois despejarmos o conteúdo dela no prisma, des-
cobriremos por experimentação que o volume inteiro da
Resposta: Alternativa C.
pirâmide caberá dentro de 1/3 do volume total do prisma.
Faça em casa!
Podemos concluir então, que o volume de qualquer pi- Atividade 2: Uma árvore de 4,5 metros de altura – com
râmide é dado por: uma copa aproximadamente esférica – recebendo a luz do Sol
em um determinado horário do dia, projeta uma sombra de
5,0 metros de comprimento no chão. Ao mesmo tempo, um
rapaz de 1,7 metros de altura – em pé ao lado desta mesma
árvore – tem a sua sombra projetada no chão com um com-
primento desconhecido. Qual das alternativas a seguir mais se
Ilustração 32 aproxima do comprimento da sombra do rapaz:
50
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Solução da atividade 3:
Para resolver esta atividade, vamos considerar o triân-
gulo retângulo formado e já desenhado na figura e aplicar
o teorema de Pitágoras. A medida de 5 metros diz respeito
à medida da hipotenusa, a medida de 3 metros diz respei-
to a medida de um dos catetos. O que devemos descobrir
é quanto vale o outro cateto, logo:
Ilustração 35
Ilustração 38
Resposta: Alternativa A.
Solução da atividade 4:
Para resolver esta atividade, vamos recordar que uma
piscina possui profundidade, logo esta caixa retangular a
que o enunciado se refere nada mais é do que um prisma
de base retangular, tal como mostra a figura a seguir:
Ilustração 37
51
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 39
a) O ladrilho citado no enunciado do exercício tem o formato de um quadrado, tal como o quadrado a seguir:
Ilustração 40
Ilustração 41
Ilustração 42
52
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
As áreas de cada região, representadas pelas paredes (2, 3, 4, 5) e pelo chão (1), estão calculadas a seguir, repare que
algumas são iguais (porque será?):
Ilustração 43
O total de lona necessário será a soma destas áreas, portanto, 162 m².
c) Para calcular o volume total da piscina, basta lembrarmos que se trata de um prisma de base retangular e para isto
usaremos a fórmula para o cálculo de volume de prismas. Logo, V = 96 × 1,5 = 144 m³.
d) Se cada ladrilho custa hoje R$ 25,00 por metro quadrado. E sabemos pela letra A que usaremos 18,24 metros qua-
drados de ladrilho. Portanto, o total gasto com ladrilhos será de: 25 × 18,24 = 456 reais.
Ilustração 44 Ilustração 45
Na ilustração 45 podemos verificar que o segmento AB somente será paralelo ao segmento HG quando tivermos o
plano destacado em cinza que contém os dois segmentos. O mesmo raciocínio pode ser feito para retas perpendiculares
e concorrentes.
No entanto, no espaço podemos considerar também a existência de retas reversas, que são chamadas assim quando
não possuírem intersecção e não existir um único plano que as contenha. Observe a figura a seguir:
Ilustração 46
53
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 47
Pitágoras nasceu na Grécia e ao que tudo indica recebeu instrução matemática e filosófica de Tales. Viajou pelo Egito, Ba-
bilônia e Índia e ao retornar para a Grécia, fundou a Escola Pitagórica, dedicada a estudos religiosos, científicos e filosóficos. A
ele foram atribuídas várias descobertas a respeito das propriedades dos números inteiros e do teorema que leva o seu nome.
Em determinadas situações, o teorema de Pitágoras nos possibilita trabalhar com a geometria plana enquanto estudamos a
geometria espacial. Por exemplo, quando desejamos encontrar o valor da diagonal de um cubo, podemos aplicar o teorema de
Pitágoras. Veja figura a seguir:
Ilustração 48
O estudo de geometria plana deste ponto de vista ajuda você a construir e a entender como utilizar as ferramentas
básicas para compreender, estudar e investigar mais sobre a geometria espacial.
No cálculo de áreas, vimos que pode ser aplicado o mesmo raciocínio usado no plano, só que para cada face de um
poliedro (veja a atividade número 4). O volume seria então, seguindo esta mesma linha de pensamento, a soma das áreas
de cortes finíssimos ao longo de um sólido.
Encerra-se aqui nosso estudo de geometria no ensino médio. Agora você encontrará alguns exercícios que servirão
de preparação para as provas que virão bem como para que você possa verificar se assimilou os conceitos trabalhados na
geometria.
54
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
AGORA É A SUA VEZ... Atividade 9. Qual o volume de uma pirâmide que pos-
Atividade 1. Calcule a altura de uma torre de trans- sui um quadrado com 10 cm de lado em sua base e uma
missão de ondas para celular, sabendo que um homem altura de 9 cm?
com 1,75 metros de altura está a 8,4 metros de distância
do pé da torre e que a sombra do homem projetada no Atividade 10. O perímetro26 de um quadrado é 20 cm.
chão mede 4,2 metros. Determine a medida de sua diagonal. Use
Atividade 2. Em uma empresa existe uma escada de HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU!
acesso para o refeitório dos funcionários. Esta escada feita 1) Altura da torre igual a 5,25 metros.
de concreto possui 7 metros de comprimento na horizontal 2) O comprimento aproximado da rampa de acesso é
e 4 metros de altura. Como forma de se adequar à lei de de 8,1 metros.
acessibilidade cujo primeiro artigo diz: “Esta Lei estabelece 3) O outro lado mede 10,8 centímetros.
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessi- 4) A área é igual a .
bilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobi- 5) A área da frente da casa é de 122,5m².
lidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obs- 6) A pirâmide possui 5 vértices, 5 faces e 8 arestas.
táculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na 7) O volume é de 2,25 metros cúbicos.
construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte 8) Serão pintados 10,5 metros quadrados da caixa de
e de comunicação.” A empresa contratou os serviços de um água.
engenheiro para construir uma rampa de acesso junto com 9) O volume da pirâmide será de 300cm³.
a mesma, mas sem destruir a escada existente e sem mexer 10) A medida da diagonal será de 5,6 centímetros.
em suas dimensões. Calcule o comprimento desta rampa.
PRA FIM DE PAPO!
Atividade 3. Se um dos lados de um retângulo mede Caro Aluno,
10 cm. Qual deve ser a medida do outro lado para que a
área deste retângulo seja igual a área do retângulo cujos
Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
lados medem 9cm e 12cm?
H1 - Identificar e interpretar fenômenos de qualquer
natureza expressos em linguagem geométrica.
Atividade 4. Qual é a área de um retângulo cuja base
H2 - Construir e identificar conceitos geométricos no
mede S e a diagonal mede D?
contexto da atividade cotidiana.
H3 - Interpretar informações e aplicar estratégias geo-
Atividade 5. A frente de uma casa tem a forma de um
métricas na solução de problemas do cotidiano.
quadrado com um triângulo retângulo isósceles em cima.
Se um dos catetos do triângulo mede 7 metros, qual é a H4 - Utilizar conceitos geométricos na seleção de ar-
área da frente desta casa? gumentos propostos como solução de problemas do co-
tidiano.
H5 - Recorrer a conceitos geométricos para avaliar pro-
postas de intervenção sobre problemas do cotidiano.
Ilustração 49
55
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO?
Se formos pensar nas diversas situações descritas an-
teriormente, poderíamos pensar, que unidades de medi-
da usar para cada uma delas e ainda, qual instrumento de
Várias versões existem para explicar o aparecimento da medida utilizar. Como por exemplo: a régua, o metro, o
jarda: no norte da Europa, supõe-se que era o tamanho da transferidor, o velocímetro e outros.
cinta usada pelos anglo-saxões e no sul seria o dobro do Veja que para cada grandeza que vai ser medida existe
comprimento do cúbito dos babilônios. Seu valor também um instrumento diferente e próprio para tal.
pode ter sido determinado por Henrique I (reinou na Ingla- Vejamos algumas situações:
terra de 1100 a 1135), que teria fixado o seu comprimento
28 Informações retiradas do site: http://www.fisica.
27 Adaptado do Livro: A Conquista da Matemática, net/unidades/pesos-e-medidas-historico.pdf. Acessado
5ª série. Editora FTD. São Paulo. 2002. em 10 de maio de 2009.
56
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
57
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Bom, temos que nos recordar neste problema do cálculo de área, você se lembra?
Pois bem, neste caso a parede tem a forma retangular, então a área é dada por: A= base x altura.
Portanto:
A= 7 . 2,75= 19,25 m²
Como uma lata é suficiente para pintar 10 m², temos que duas latas pintam 20 m². Então para pintar 19,25 m², duas
latas são suficientes.
4) Um disquete de computador mede 3 polegadas. Sabendo que 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, qual
é a medida do disquete em centímetros?
Neste exercício temos que fazer a conversão de unidades: de polegadas para centímetros.
Acompanhe:
1 polegada 2,54 centímetros
3 polegadas x
Para efetuar os cálculos, vamos usar no lugar de 3 , a sua representação decimal, ou seja, 3,5 polegadas.
Então, usando regra de três simples:
1.x = 3,5 . 2,54
x= 8,89
Portanto, a medida do disquete é 8,89 centímetros.
5) Sabemos que há televisores de vários tamanhos e estes são indicados por polegadas. E você sabia que essa medida
refere-se à medida da diagonal da tela?
De acordo com essa informação, vamos calcular:
a) Qual a medida, em centímetros, da diagonal de um televisor de 14 polegadas?
Devemos fazer a conversão das unidades.
Se 1 polegada corresponde a 2,54 centímetros, então:
1 polegada 2,54 centímetros
14 polegadas x
Usando a regra de três simples:
1.x = 14 . 2,54
x= 35,56
Portando, a medida é 35,56 centímetros.
31 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.
32 Adaptado do Livro: Física História & Cotidiano, de José Roberto Bonjorno [et al.] São Paulo: FTD, 2003.
58
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Hoje em dia são muito usadas unidades correspondentes a múltiplos e submúltiplos dessas unidades e outras, como
por exemplo:
quilômetro Km 1 km = 1000 m
decímetro dm 1 dm = 0,1 m
Comprimento
centímetro cm 1 cm = 0,01 m
milímetro mm 1 mm = 0,001 m
Grau °
1°= rad
segundo ”
1” = ’= rad
Tonelada T 1 t = 1000 kg
Massa
Grama G 1 g = 0,001 kg
Note que, nesta última tabela, temos várias unidades que conhecemos, como as unidades de comprimento, tempo,
volume e massa, que foram derivadas de suas relações com aquelas unidades padrões do Sistema Internacional.
A seguir, vamos acompanhar algumas unidades de medidas.
59
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Assim, tendo formado uma figura tridimensional com a medida de 1 m de aresta, temos:
Ilustração 2
33 Textos adaptados do livro: Matemática Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e Maria Ignez Diniz, Editora
60
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Arco maior: Arco ADB Podemos dizer que um arco de um radiano (1 rad) é
Ângulo central AÔB um arco cujo comprimento retificado é igual ao raio da cir-
cunferência, ou seja, se temos um ângulo central de medi-
Contudo, temos que a medida de um arco é a medida da um radiano, então ele subtende um arco de medida um
do ângulo central que o subtende, independentemente do radiano (lembre que a medida do arco é igual à medida do
raio da circunferência que contém o arco. Como unidade ângulo central) e comprimento de 1 raio. Assim, se temos
de medida do arco usa-se o grau e o radiano. Já o com- um ângulo central de medida 2 radianos, então ele sub-
primento do arco, é a medida linear do arco, sendo usadas tende um arco de medida 2 radianos e comprimento de 2
como unidades de medida o metro e o centímetro. raios. Agora, se tivermos um ângulo central de medida α
Explorando um pouco mais essas medidas de arco... radianos, então ele subtende um arco de medida α radia-
Existem dois tipos de medições desses arcos: a medida nos e comprimento de α raios. Assim, ℓ = α r se a medida
linear, que consiste em medir o comprimento entre suas α do arco for dada em radianos.
extremidades e a medida angular, que consiste em calcu- Relacionando o comprimento ℓ e a medida α (em
lar a medida do ângulo central correspondente a esse arco. graus) do arco, temos que:
As unidades usadas para determinar esse ângulo são o
grau e o radiano. Vejamos com mais detalhes essas uni- α= , ou seja, α é o número de vezes que r “cabe” em ℓ.
dades de medida.
Vale ressaltar que a medida angular de um arco, em
O grau
radianos, só é numericamente igual ao comprimento desse
O grau é definido pela divisão da circunferência em
360 partes iguais. Cada uma dessas partes equivale a um arco se r = 1.
grau (1°), portanto, em uma circunferência temos 360°.
Podemos conhecer também os múltiplos e submúlti- E ainda: ℓ = . 2πr, pois = . Com α em
plos do grau, que servem para os casos em que a medida
de um ângulo não for um número inteiro de grau, ou seja,
a medida é menor que um grau inteiro. São eles: o minuto radianos, temos: ℓ = αr, pois = .
e o segundo.
Fazendo a conversão de graus para radianos, temos:
61
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 1: Transforme:
a) 3m + 400 cm em centímetros;
b) 140 mm em metros;
c) 80 g em quilogramas;
d) 1h + 30 min em segundos;
Atividade 2. Usando uma régua, como você mediria a espessura de uma folha de um livro com a maior precisão possível?
Atividade 3. Pense em alguns acontecimentos... Faça uma lista de fatos relacionando as unidades que foram usadas
para marcar esse tempo, tais como: dias, meses, semanas, anos, séculos... analise o fato que diferentes acontecimentos
exigem uma unidade diferente.
Atividade 4. Qual é a distância entre a Terra e o Sol, em anos-luz, sabendo-se que essa distância expressa em metros
é de, aproximadamente, 150 000 000 000?
a) rad
b) rad
c) rad
34 Atividade retirada do Livro: Matemática-Projeto Araribá (5ª série). Editora responsável: Juliane Matsubara
Barroso. Organizadora: Editora Moderna.2006.
62
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Conheça algumas relações entre unidades de medida HORA DE CONFERIR O QUE APRENDEU
de armazenamento de dados usadas na informática.
1 Kilobyte ou Kbyte ou KB é igual a 1 024 bytes. 1. a) 700 cm
1 Megabyte ou Mbyte ou MB é igual a 1 024 Kilobytes. b) 0,14 m
1 Gigabyte ou Gbyte ou GB é igual a 1 024 Megabytes. c) 0,08 kg
1 Terabyte ou Tbyte ou TB é igual a 1 024 Gigabytes. d) 5400 s
A capacidade de armazenamento de dados de um dis-
quete é de 1,44 MB e a de um CD é de 740 MB. Quantos 2. Medindo a espessura do livro (exceto as capas) e
disquetes seriam necessários para armazenar todos os da- dividindo o resultado pelo número de páginas.
dos de um CD?
3. Resposta pessoal. Pesquisa.
Atividade 1135. Nas olimpíadas, uma das provas de ci-
clismo é chamada “estrada contra o relógio”. Nela, os ciclis- 4. 0,0000158 anos-luz ou, em notação científica, 1,58
tas largam um de cada vez, em intervalos de 90 segundos, . 10-5 anos-luz.
para percorrer uma distância de 45 800 metros. Quem faz
o menor tempo ganha a corrida.
a) Se o primeiro ciclista sair às 9h 45min 24s, a que 5. a) rad
horas sairão o segundo e o terceiro ciclistas?
b) Associe o tempo dos três primeiros colocados ao
respectivo lugar no pódio: b) rad
• Fábio demorou 1 hora, 1 minuto e 57 segundos
para completar a prova;
• César demorou 3719 segundos; c) rad
• João demorou 61 minutos e 58 segundos.
63
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Cobertura:
1. Misture bem numa tigela o leite de coco, o
leite e o leite condensado
2. Reserve
3. Assim que o bolo tiver assado, retire do for-
no e fure toda a sua superfície com garfo ou faca, assim a
cobertura penetrará bem
4. Com o bolo ainda quente e já furado despe-
je a cobertura sobre ele
5. Salpique o coco ralado por cima
6. Leve à geladeira por aproximadamente 3
horas
36 Receita extraída de http://tudogostoso.uol.com.
br/receita/2313-bolo-gelado.html. Data: 07 de Fevereiro
de 2009.
64
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
7. Corte o bolo em quadradinhos do tamanho que preferir e embrulhe com papel alumínio
8. Conserve na geladeira
9. Se o leite tiver fresquinho o bolo pode durar até 1 semana, isso se não acabarem com ele bem antes
Observe no início da receita o seu rendimento. Caso quisesse aumentar o número de porções para 24, qual seria a
quantidade de ingredientes para o bolo completo?
E se desejasse fazer a metade da receita, quantas porções e qual a quantidade de ingredientes necessários para a pro-
dução?
Qual a relação entre a quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos?
Bom, é simples querer fazer um bolo com 24 porções. Afinal, a receita anterior indica que o rendimento é de 12 por-
ções. Para se produzir uma receita com 24 porções, basta multiplicar por 2 todos os ingredientes. E para produzir 6 porções,
é só dividir a quantidade de ingredientes por 2. Assim, temos:
Também é questionada a relação da quantidade de xícaras de açúcar e o número de ovos. Note que, na receita princi-
pal, são 2 xícaras de açúcar para 4 ovos.
Essa análise pode ser feita também com as outras receitas: para a receita de 24 porções, são 4 xícaras de açúcar para 8
ovos e, na de 6 porções, é uma xícara para 2 ovos.
O que você notou nas quantidades em cada uma das relações anteriores?
Veja que a relação entre a quantidade de açúcar e o número de ovos, independente da quantidade empregada, é sem-
pre a mesma: o número de ovos é sempre o dobro da quantidade de xícaras de açúcar (ou o contrário, a quantidade de
xícaras de açúcar representa a metade da quantidade de ovos).
Podemos escrever essas conclusões em uma tabela, para verificando a relação entre a quantidade de açúcar e ovos:
Utilizando uma linguagem matemática, podemos reescrever os valores que estão na tabela na forma de fração:
65
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Decisão da Justiça
O exame foi suspenso em dezembro de 2007, dois dias antes da aplicação, por suspeita de fraude. Neste ano, a Polícia
rescindiu o contrato com o NCE (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro), então
organizador do concurso, e repassou a execução para o Cespe. Estavam inscritos mais de 122 mil candidatos.
As inscrições para o concurso foram reabertas em 28 de julho e se encerraram em 13 de agosto, obedecendo à decisão
da 2ª Vara Federal em Cuiabá (MT). A Justiça atendeu pedido do MPF (Ministério Público Federal), que, por meio de
ação civil pública, identificou irregularidades na seleção.
No edital de abertura, a polícia pedia, como requisito para tomar posse do cargo, apresentação de certidão negativa
de protesto de título em um período de cinco anos e teste de gravidez para as mulheres. Agora, a Polícia ainda pede
certidões, mas não mais negativas.
Nova avaliação.
As provas objetivas e de redação terão a duração de quatro horas e 30 minutos. Os exames, obedecendo ao primeiro
edital, terão 80 questões de múltipla escolha.
A primeira fase do concurso público terá ainda exame de capacidade física, exames médicos e avaliação psicológica.
A segunda fase será o curso de formação profissional.
É recomendável confirmar datas e horários para se prevenir de alterações posteriores à publicação deste texto.
Outros dados podem ser obtidos no site da instituição organizadora, o Cespe.
Após a leitura da reportagem, fica claro o que significa 504 candidatos/vaga? O que representa? Como se obtém esse
valor?
ASSIM OU ASSADO?
Na reportagem anterior, é questionando o significado de 504 candidatos/vaga. Em um concurso para o estado de Mato
Grosso do Sul, com 74.318 candidatos, disputando 146 vagas, quando relacionamos as grandezas quantidade de candidatos
e quantidade de vagas, obtemos:
Essa relação é chamada de razão. Nesse caso, temos a razão entre o numero de candidatos e o numero de vagas dis-
poníveis. Uma razão é uma fração, que representa também uma divisão. Então temos:
74318: 146 509,027
Esse número representa o número de candidatos disputando uma vaga! Realmente, esse concurso foi muito disputado!
Na primeira situação proposta no capítulo, vimos a relação entre a quantidade de açúcar e ovos na receita do Bolo
37 Retirado de http://noticias.uol.com.br/empregos/ultnot/2008/09/05/ult880u7352.jhtm. Data 07 de Fevereiro
de 2009.
66
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Gelado. A relação também é uma razão, pois há uma comparação entre as grandezas (tudo o
Quando estabelecemos uma igualdade entre duas razões, podemos afirmar que há uma proporção.
Um exemplo de proporção é:
38
Observe a promoção anunciada por um feirante:
“Aproveite! Quatro carambolas por apenas 3 reais”.
Calcule o preço de:
a) 6 carambolas
b) 10 carambolas
c) 15 carambolas
a quantidade de carambolas e o valor a ser pago, em reais. No problema, o feirante diz que são 4 carambolas por 3 reais.
Assim, a razão é: (Lê-se: quatro para três). Agora, caso uma pessoa queira comprar 6 carambolas, temos a seguinte
situação:
Quantidade de Carambolas 4 6
Note que é preciso descobrir quanto a pessoa pagará por 6 carambolas. Usando o raciocínio de proporção, sabemos
que, ao comprar 2 carambolas, uma pessoa pagaria R$ 1,50 ( afinal, é a metade!) Assim, por 6 carambolas, uma pessoa
pagará, no total, R$ 4,50. Será que não haverá outras maneiras para representar essa situação? Nesse capítulo, veremos
diversas situações em que o cálculo que realizamos agora, não será tão simples assim...
Como a relação entre elas é constante, podemos afirmar que . Uma propriedade interessante que ocorre
38 Problema retirado de Matemática – 6ª série: Coleção Idéias e Relações. Autores: Cláudia Miriam Tosatto,
Edilaine do Pilar F. Peracchi e Voleta Stephan. Editora Positivo, 2005, 2ª Edição.
67
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Note que o valor 1,50 é multiplicado por 4, para encontrar 6, e o mesmo ocorre com o 3, que ao ser multiplicado por
1,50, obtém 4,50. Isso sempre acontece em relações de proporcionalidade direta. Veremos a seguir o que isto significa.
Em uma indústria, certa máquina produz 250 peças por hora. Quantas horas essa mesma máquina terá de trabalhar
para produzir 1500 peças?
Vamos dispor as informações em uma tabela, relacionando as grandezas quantidade de peças e tempo:
Alguns questionamentos... Se eu aumentar a quantidade de peças o que deve acontecer com o tempo? Vai levar mais
ou menos tempo para produzir 1500 peças?
Como levará mais tempo, podemos afirmar que a relação entre a produção de peças e o tempo é de uma proporciona-
lidade direta, ou ainda, que as grandezas quantidade de peças e tempo são diretamente proporcionais. Podemos encontrar
o tempo necessário para produzir 1500 por diversas maneiras. Uma delas é verificar por quanto devo multiplicar 250 para
obter 1500:
Logo, o tempo necessário para produzir 1500 peças será de 6 horas. Mas, não é a única forma de encontrar o tempo...
Podemos, a partir de uma propriedade existente nas proporções, a qual chamamos de Regra de Três, obter o mesmo re-
sultado.
Reescrevemos os valores presentes na tabela, dispostos em frações (ou razões):
Chamamos de Regra de Três, pois temos três valores e estamos à procura do 4 º valor, o qual representamos por x (o
número a ser descoberto).
O procedimento é “multiplicar os valores em cruz”, isto é, multiplicamos os valores extremos e os valores dos meios.
Como isso funciona?
x=
x=6
68
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
A partir da tabela a seguir, poderemos descobrir quanto cada um dos ganhadores receberá:
ficará assim:
Assim, podemos utilizar a regra de três quando a proporcionalidade for inversa. A proporcionalidade inversa também
pode ser chamada por grandezas inversamente proporcionais.
Apesar das situações apresentadas serem referentes à proporcionalidade, nem tudo tem proporção. Por exemplo, uma
criança que possui uma idade de 9 anos possui uma altura de 1,35m. Quando ela tiver 18 anos, qual será a sua altura?
Note que, no problema, somos levados a pensar que, ao dobrar a idade (de 9 anos para 18), encontraremos uma altura
que corresponda ao dobro da sua altura atual (de 1,35m para 2,70m), o que seria um absurdo.
Imagine a altura dessa pessoa quando tivesse seus 81 anos...
69
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Porcentagem
A porcentagem, já estudada no Ensino Fundamental, pode ser interpretada como sendo uma razão. Sabe-se que a
porcentagem é uma razão entre a parte e o todo (os 100%).
Por exemplo, quando você se depara com a seguinte manchete:
“ De cada três matérias produzidas no Congresso, apenas uma tem relevância39”, qual será a porcentagem de
matérias que não tem relevância para o país?
Como há uma matéria relevante para cada três matérias produzidas, têm-se duas matérias irrelevantes. Para encontrar
a porcentagem que essas matérias irrelevantes representam, é preciso relacioná-las como razão:
Duas matérias em um total de três matérias é o mesmo que (dois para três).
Matérias Porcentagem
3 100
2 X
3x = 2 . 100
3x = 200
x=
x = 66,66...%
. Assim, corresponde a 66%, isto é, em um grupo de 100 matérias produzidas pelo Congresso Nacional,
A seguir, a manchete de uma outra reportagem trata da crise econômica mundial, iniciada no final do ano de 2008:
“Crise afeta oito em cada dez empresas brasileiras, diz pesquisa da CNI40”
Podemos utilizar o mesmo raciocínio para encontrar a porcentagem. Se, de cada 10 empresas, 8 são afetadas pela crise,
70
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
dor foram multiplicados por 10), descobrimos que 80 % das empresas brasileiras foram afetadas pela crise.
Empresas Porcentagem
10 100
8 X
10x = 8 . 100
10x = 800
x=
x = 80%
No cotidiano, encontramos diversas situações que envolvam grandezas proporcionais e porcentagem. Mais ainda,
quando envolve cálculos no comércio e no mercado financeiro, pois a partir da porcentagem, é possível calcular os juros
cobrados quando se realiza o financiamento de mercadorias, ou ainda, para saber o rendimento obtido a partir de investi-
mento realizado na caderneta de poupança.
Um exemplo disso é o problema a seguir:
(CESU/2007) Luis aplicou R$ 2.500,00 à taxa de 2% ao mês, durante 5 meses. Considerando um regime de juros simples,
ele receberá, de juros,
a) R$ 145,00
b) R$ 300,00
c) R$ 350,00
d) R$ 250,00
No problema, aparece a expressão “juros simples”. Quando se trata desse tipo de juros, o rendimento é calculado a
partir do capital inicialmente investido.
O capital é de C = 2500, os juros são de 2% ao mês e o tempo em que o dinheiro ficará investido é de 5 meses.
Calculemos 2% de 2500.
2% de 2500 = . 2500 =
= 50
Assim, renderá R$ 50,00 por mês. Em um total de 5 meses, o rendimento obtido foi de
5 . R$ 50,00 = R$ 250,00
Resposta: Alternativa D.
Entretanto, não é bem assim que os juros são calculados na maior parte das vezes. A caderneta de poupança é um
exemplo disso.
Vamos supor que uma pessoa investiu R$ 3000,00 na caderneta e o rendimento mensal seja de 1% ao mês.
Ao final do primeiro mês, o valor que constará na caderneta será de:
1% de 3000 = . 3000 =
71
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
No final do segundo mês, os juros serão calculados pelo valor total que estiver na poupança, isto é, do valor investido
mais os juros do 1º mês:
1% de 3030 = . 3030 =
(LEMBRE-SE! 1% = )
Como o Montante representa o capital somado com os juros, podemos escrever uma fórmula:
Como esse cálculo é realizado com juros sobre juros, chamamos de juros compostos.
Note que há um fator de aumento, que é constante, no cálculo dos juros compostos.
Para encontrar 3030 basta calcular 3000.(1 + 0,01) = 3000.(1,01)
Para encontrar 3060,3 basta calcular 3000.1,01.(1,01) = 3000 (1,01)2
Para encontrar 3090,903 é só calcular 3000.(1,01).(1,01)2 = 3000(1,01)3.
Assim, podemos dizer que o cálculo do montante no caso de juros compostos pode ser feito a partir da fórmula:
M = C(1 + i)t
Se a caderneta de poupança fosse corrigida pelo regime de juros simples, o investidor obteria menor rendimento.
Abaixo, a tabela apresenta os juros em cada um dos regimes:
Primeira maneira de resolver é procurar encontrar quantas vezes aumentou a quantidade de farinha (de 0,5 para 2,5).
Note que 0,5 . 5 = 2,5kg.
Assim, multiplicamos 2 por 5, obtendo 10 xícaras de óleo.
Uma outra maneira de resolver o problema é reescrever a tabela acima na forma de Regra de Três.
72
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
x= 25 . x = 320 . 100
3 x = 120
x=
Como as grandezas são inversas, antes de resolver, faze-
x = 40 mos a “inversão” de uma das frações: escolhi a segunda fração.
73
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5) Observe o mapa do estado do Paraná abaixo e as distâncias entre algumas de suas cidades:
Conforme está indicado no canto inferior esquerdo do mapa, cada 1 cm no mapa representa 78 km de distância na
realidade. Essa escala também pode vir indicada da seguinte forma: 1: 7.800.000 (significa que, para cada 1 cm do mapa
corresponde, na realidade a 7.800.000 cm ou a 78 km).
Conforme indicado no mapa, a distância entre Cascavel e Curitiba é de 56 mm. Qual seria a distância real entre as duas
cidades?
Como cada cm do mapa representa 78 km na realidade, podemos estabelecer uma proporção entre as medidas do
mapa e as distâncias reais. Sabendo que a distância dada entre as duas cidades, no mapa está em milímetros, transforma-
remos esses valores para centímetros:
Como as grandezas envolvidas são diretamente proporcionais, podemos aplicar a Regra de Três:
1 . x = 5,6 . 78
x = 436,8 km
Podemos afirmar que, em linha reta, a distância entre as cidades de Cascavel e Curitiba é de, aproximadamente 436,8
km.
No mapa, temos aproximações e essas distâncias correspondem em linha reta. Ao pensarmos na distância ao ser per-
corrida de carro ou de ônibus, isso muda, pois o caminho das rodovias não é retilíneo.
Ao verificarmos no site do DNIT42 (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de transportes), a distância aproximada
entre as duas cidades é de 498 km. Apesar da diferença de mais de 60 km, temos uma aproximação razoável, podendo
diminuir essa diferença com um mapa que utilize uma escala mais detalhada e adequada.
6) A densidade demográfica é a razão entre o número de habitantes de determinada região e a área que essa popu-
lação está inserida. Esse é um dos cálculos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para saber se
uma região é povoada.
Segundo dados do último censo demográfico do IBGE em 2000, a população de alguns dos estados do Brasil e a sua
área territorial são43:
41 Mapa extraído de Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr. 6ª série.
Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005, p. 251.
42 http://www1.dnit.gov.br/rodovias/distancias/distancias.asp
43 Tabela adaptada do livro Matemática: Pensar & Descobrir, de José Ruy Giovanni e José Ruy Giovanni Jr.
6ª série. Nova edição. – São Paulo: FTD, 2005.
74
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Dos estados que constam na tabela, qual deles é o mais populoso? E o mais povoado? E o estado menos povoado?
Para saber qual é o estado mais populoso, basta conferir aquele que possui a maior população. Nesse caso, São Paulo
possui a maior população (36.969.476 habitantes).
Para encontrar o estado mais povoado, é preciso encontrar a densidade demográfica de cada um deles, isto é, a razão
entre a população de cada estado e a área de seu território.
Densidade Demográfica =
Amazonas: habitantes/km2
Ceará: habitantes/km2
Assim, podemos dizer que São Paulo também representa, dentre os estados presentes na tabela, aquele que possui a
maior densidade demográfica, isto é, o maior número de habitantes por km2. Logo, São Paulo é um estado bem povoado.
Já o estado do Amazonas possui a menor densidade demográfica, isto é, é o estado menos povoado dos cinco citados
na tabela. Apesar de possuir população superior ao do estado de Mato Grosso do Sul, possui um território quase cinco
vezes maior! Por isso, um estado pouco povoado!
75
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 346
76
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
4) 60 minutos
5) 8 torneiras
6) 38,6 litros
7) B
8) C
9) R$ 480,00
10) R$ 3183,62
77
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
78
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Um matemático do século XVII, René Descartes, reelaborou a Geometria Euclidiana a partir de um olhar algébrico:
surgia a Geometria Analítica. A Geometria Euclidiana leva esse nome por conta de Euclides, matemático grego, que viveu
por volta do ano 300 a.C.
A geometria organizada por ele nos Elementos, obra que sistematiza toda a Geometria Plana a partir do uso de teore-
mas e demonstrações que não tinham o uso da Álgebra para justificar. A construção geométrica, a partir do uso da régua e
compasso era usual. Com Descartes, foi um avanço relacionar a Geometria à Álgebra, abrindo possibilidades de desenvol-
vimento de outras áreas e ciências.
Abaixo, encontra o sistema de eixos cartesianos. Leva esse nome em homenagem ao seu criador, Descartes. Ele apre-
senta dois eixos perpendiculares (formam ângulo reto) e atribui valores às partes desse eixo:
Ao eixo horizontal, ele atribui o nome de abscissa (ou de eixo x) e ao eixo vertical, o nome de ordenada (ou eixo y).
Assim, a localização de um ponto no plano se dá da seguinte maneira:
Por exemplo, gostaríamos de localizar os pontos A(2,3) e B(3,2). O ponto A está indicando no eixo horizontal (eixo X) o valor
2 e, no eixo vertical (eixo Y), está indicando o valor 3.
Acompanhando a localização do ponto B, o valor indicado no eixo horizontal (X) é 3 e o valor no eixo vertical (Y) é apre-
sentado o valor 2. Como pode acompanhar abaixo no plano cartesiano, os dois pontos referem-se a “lugares” diferentes
no plano.
Ilustração 2
Assim, o ponto A(2,3) é diferente do ponto B(3,2), afinal os pontos ocupam diferentes posições no plano. Desta forma, quando
temos a localização de um ponto no plano cartesiano, é preciso tomar o cuidado de não trocar as coordenadas referentes ao eixo
x e ao eixo y. Para representar um ponto no plano, a partir de uma convenção matemática, que sempre indicamos primeiramente
o valor referente ao eixo horizontal (X) e depois, indica-se o valor do eixo vertical (Y).
49 Imagem extraída de www.somatematica.com.br/fundam/paresord.phtml.
79
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Conhecendo o plano cartesiano, podemos representar de outra maneira aquele problema inicial, sobre o vendedor que
ganhava um salário sobre o valor vendido em mercadorias.
A partir da organização dos dados em uma tabela e a obtenção de uma fórmula, podemos elaborar um gráfico que
mostra a relação do salário recebido e o número de dias trabalhados.
Para construir o gráfico, será preciso relacionar as informações que temos com o plano cartesiano... Como os dias re-
presentam a variável independente, eles serão relacionados ao eixo x e o salário será relacionado ao eixo y, por representar
a variável dependente. Para construir o gráfico, será necessário escrevermos esses valores como pontos do plano. Assim,
caso o vendedor não vendesse nenhum real, não receberia salário.
Ao vender R$ 15000,00, ele recebe R$ 500,00 de salário. Temos como um ponto do plano (15000 ; 500), isto é, tem
valor de x é igual a 15000 e valor de y igual a 500. Ao vender R$ 25000,00 tem um salário de R$ 750,00. Logo, o ponto a ser
representado no plano é (25000; 750).
Nesse problema, os valores de x e de y, só podem ser números maiores que zero, pois não haveria como ter um salário
negativo, ou ainda um valor de venda abaixo de zero.
Bom a fórmula seria a seguinte: , onde P representa o tamanho do pé, em centímetros, e N o nú-
mero do calçado.
Suponhamos que uma pessoa com pé de medida 24 cm. Qual seria, aproximadamente, a medida de seu calçado?
Assim, uma pessoa que tem o pé medindo 24 cm, calçará um calçado de tamanho 37.
Isso que acabamos de fazer chamamos de valor numérico de uma expressão algébrica. Determinamos o valor de um
dos parâmetros, trocando o outro por um número.
80
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Resolução:
Litros KM rodados
0 0 Ilustração 4 - Gráfico de uma Função
0,5 10 . 0,5 = 5
2. (CESU/2007) - adaptada - Uma companhia de telefo-
1 10.1 = 10
nes celulares oferece a seus clientes duas opções: na primeira
1,5 10.1,5 = 15 opção, cobra R$ 38,00 pela assinatura mensal e mais R$ 0,60
2 10 . 2 = =20 por minuto de conversação; na segunda, não há taxa de as-
4 10.4 = 40 sinatura, mas o minuto de conversação custa R$ 1,10. Sobre
a opção mais vantajosa, em termos de custo para 1 hora de
10 10 . 10=100 conversação mensal pode-se dizer que:
25 10.25 = 250 a) a primeira opção é a mais vantajosa, pois cobrará o
40 10.40 = 400 valor menor;
b) não há diferença entre o valor cobrado pelos diferen-
x
tes planos;
c) a segunda opção é mais vantajosa, pois cobrará o me-
50 Problema extraído e adaptado do livro nor valor.
Matemática no Ensino Médio, de Kátia Stocco Smole e d) não é possível determinar qual das duas é mais van-
Maria Ignez Diniz, p. 94-95. Editora Saraiva. 2007 tajosa em termos de custo.
81
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Nessa situação problema, é necessário encontrar duas 4. Em uma corrida de táxi, cobra-se R$ 4,00 de ban-
funções, pois cada um dos planos relaciona o valor a ser deirada, que é uma taxa fixa, mais R$ 1,50 por quilometro
pago e o tempo de conversação, de maneiras diferentes. rodado.
Apresentaremos duas maneiras de encontrar o valor a a) Encontre o valor pago por uma corrida de 10 km.
ser pago. A primeira delas é resolver sem o uso de fórmulas. b) Caso uma pessoa tenha R$ 22,00 em seu bolso, quan-
Para o primeiro plano, o valor a ser pago para a companhia tos quilômetros seria possível percorrer?
telefônica será de: 38,00 + 60 . 0,60 = 38,00 + 36,00 = 74,00. Se o valor por quilômetro rodado é de R$ 1,50 , temos
Para o segundo plano, o valor a ser pago será de 1,10 10 . 1,50 = R$ 15,00.
. 60 = 66,00. Como há o valor fixo (bandeirada) de R$ 4,00, pagaria
Assim, o plano que oferece o mesmo serviço por um um total de R$ 19,00.
preço menor é o segundo plano. No item b, é uma situação inversa da proposta no item
Resposta: Alternativa C. a, pois pede-se qual a distância a ser percorrida sabendo
que uma pessoa tem disponível para pagar R$ 22,00 pela
3. O gráfico abaixo relaciona a velocidade de um auto- corrida.
móvel em relação ao tempo: Podemos seguir dois caminhos: o primeiro é realizar os
cálculos pelo caminho inverso. Primeiro, subtraia R$ 4,00
de R$ 22,00, obtendo R$ 18,00.
Desses R$ 18,00, cada R$ 1,50 corresponde a 1 quilô-
metro rodado, assim, para encontrar o total de quilôme-
tros, basta realizar a divisão 18 por 1,50, obtendo 12 km.
Outra maneira é utilizar a expressão matemática que
relaciona o valor a ser pago pela corrida e a distância per-
corrida pelo táxi.
Nesse caso, a expressão seria P = 4,00 + 1,50 .x, onde x
representa a distância (em km) e P, o preço.
Substituindo P por 22 na expressão anterior, temos:
P = 4,00 + 1,50 .x
22 = 4,00 + 1,50 .x
Ilustração 5 - Gráfico Relação Distância e Tempo
Realizando a resolução da equação:
22 – 4,00 = 1,50 . x
Qual é a expressão matemática (ou a fórmula) que re-
18 = 1,50 . x
presenta esse gráfico?
Primeiramente, podemos analisar o que está sendo re-
lacionado e quais são as variáveis independente e depen-
dente. Podemos afirmar que a distância percorrida depende
do tempo. Assim, a distância seria a variável dependente e o
tempo, a variável independente.
Sendo assim, podemos montar uma tabela que relacio-
na o tempo e a distância:
COLOCANDO OS PINGOS NOS I’S
Bom, após ter contato com os diferentes modelos e
Tempo (h) Distância (km) exemplos de função, consideramos interessante conceituar
1 85 o que ele significa. Concluindo o nosso estudo referente ao
2 170 conceito inicial de função, podemos definir que:
3 255
Função é a relação especial entre duas
Como podemos encontrar uma expressão que relaciona as grandezas variáveis, onde para cada
duas variáveis? Você se lembra do primeiro exemplo tratado nes- valor da primeira grandeza está associado um
se capítulo? Procuramos desenvolver os cálculos que levariam a único valor da segunda.
transformação do tempo, encontrando o resultado da distância.
Se em 1 hora, o automóvel percorre 85 km, em duas Acreditamos que o mais importante no estudo de fun-
horas, vemos que percorreria 170km. ções é que, além de compreender o seu significado, se
Assim, para expressar a partir de uma fórmula, podería- possa interpretar uma função através de uma expressão
mos montar a seguinte seqüência: matemática, de uma tabela ou de um gráfico, ou ainda,
D (1) = 85 . 1 = 85 estabelecer relação entre eles.
D (2) = 85 . 2 = 170 A obtenção de uma expressão analítica é possível a
D (3) = 85 . 3 = 255 partir da organização dos cálculos realizados no problema.
Desta forma, caso usemos a letra t para tempo, temos a É só você retomar os exemplos desse capítulo que contém
expressão: D = 85 . t a busca pela expressão matemática.
82
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
A forma gráfica é, também, de fundamental importância, pois ao ter uma compreensão sobre função, isso colaborará
também em uma interpretação de gráficos, que encontramos em notícias nos jornais, na televisão etc.
Consideramos importante retomar a idéia de plano cartesiano, assunto importante para compreendermos como é
realizada a construção de um gráfico. Mas, não se preocupe! Haverá um capítulo específico para o estudo de análise de
gráficos.
Atividade 1. Pedro, desejando se locomover da Barra a Itapuã, bairros de Salvador, resolveu pegar um táxi. A tarifa
do táxi apresentava um preço fixo (bandeirada) de R$ 3,00 mais um valor adicional de R$ 0,30 (trinta centavos) para cada
quilômetro rodado. Sabendo que a distância entre esses dois bairros é de, aproximadamente, 30 quilômetros, responda:
a) Qual o valor da tarifa após o táxi ter percorrido uma distância de 7 quilômetros?
b) Quantos quilômetros o táxi tinha percorrido quando o valor no taxímetro foi de R$ 8,70?
c) Quantos reais Pedro pagou pela viagem?
Atividade 2. Nos quadros a seguir estão as contas de luz e água de uma mesma residência. Além do valor a pagar, cada
conta mostra como calculá-lo, em função do consumo de água (em m3) e de eletricidade (em KWh). Observe que, na conta
de luz, o valor a pagar é igual ao consumo multiplicado por um certo fator. Já na conta de água, existe uma tarifa mínima
e diferentes tarifas para cada faixa de consumo:
Companhia de Eletricidade
Fornecimento.....................................................................................Valor (R$)
401 KWh X 0,13276000.........................................................53,23
Companhia de Saneamento
Tarifas de água/m3
Faixas de Consumo Tarifa Consumo Valor - R$
Até 10 5,50 Tarifa mínima 5,50
11 a 20 0,85 7 5,95
21 a 30 2,13
31 a 50 2,13
Acima de 50 2,36
Total: R$ 11,45
I. Suponha que no próximo mês dobre o consumo de energia elétrica dessa residência. O novo valor da conta será de:
a) R$ 55,23
b) R$ 106,46
c) R$ 802,00
d) R$ 100,00
e) R$ 22,90
II. Suponha agora que dobre o consumo de água. O novo valor da conta será de:
a) R$ 22,90
b) R$ 106,46
c) R$ 43,82
d) R$ 17,40
e) R$ 22,52
51 A atividades 2 foi retirada do livro Matemática - Volume único, de Manoel Paiva. 2ª edição. Editora Moderna,
2004.
83
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 352. O salário fixo mensal de um segurança é de R$ 560,00. Para aumentar sua renda, ele faz plantões em uma
boate, onde recebe R$ 60,00 por noite de trabalho.
a) Se em um mês, o segurança fizer 3 plantões, que salário receberá?
b) Qual é o número mínimo de plantões necessários para gerar uma renda superior da R$ 850,00?
c) Qual será a expressão matemática que relaciona o salário final (y) quando ele realiza x plantões?
Atividade 4. (UF-CE) Um vendedor recebe, a título de rendimento mensal, um valor fixo de R$ 160,00 e mais um adi-
cional de 2% das vendas por ele efetuadas no mês. Com base nisso, responda:
a) Qual o rendimento desse vendedor em um mês no qual o total de vendas feitas por ele foi de R$ 8350,00?
b) Qual a função (fórmula) que expressa o valor do seu rendimento mensal em função de sua venda mensal?
Atividade 5. (ENEM/2008) A figura abaixo representa o boleto de cobrança da mensalidade de uma escola, referente
ao mês de junho de 2008.
Se M(x) é o valor, em reais, da mensalidade a ser paga, em que x é o número de dias em atraso, então:
a. ( ) M(x) = 500 + 0,4x.
b. ( ) M(x) = 500 + 10x.
c. ( ) M(x) = 510 + 40x.
d. ( ) M(x) = 510 + 0,4x.
e. ( ) M(x) = 500 + 10,4x.
Atividade 6. Supondo que um cliente atrasou em 5 dias o pagamento da mensalidade, representada pelo boleto da
atividade anterior. Quanto ele teria que pagar para quitar seus débitos com a escola?
Atividade 7. (Adaptado do ENEM/2007) O gráfico a seguir, obtido a partir de dados do Ministério do Meio Ambiente,
mostra o crescimento do número de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção.
Se mantida, pelos próximos anos, a tendência linear de crescimento, mostrada no gráfico, o número de espécies amea-
çadas de extinção em 2011 será igual a:
84
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Isto significa que precisaria de, aproximadamente 4,83 Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estu-
plantões. Logo, arredondamos o número para 5 plantões. de um pouco mais, você está construindo um processo de
c) Y = 560,00 + 60 . X aprendizagem e ele exige persistência...vamos lá!
4) a) R$ 327,00
b) S: salário
V: vendas
S = 160 + . V ou S =
85
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 8
GRÁFICOS E TABELAS NO DIA-A-DIA.
DO FUNDO DO BAÚ...
Há algum tempo, algo em torno de poucos séculos (hahaha...), o homem já vem se utilizando de gráficos e tabelas para
realizar estudos estatísticos sobre situações recorrentes em nosso dia-a-dia. Populações estimadas (densidade demográ-
fica), quantidade de jovens em relação à quantidade de idosos, índice de pobreza e/ou riqueza de um povo, quantidade
de chuvas de uma região (índice pluviométrico), nível de emprego de um país, entre outros, são exemplos de situações
frequentemente expostas em livros, jornais e revistas na forma de gráficos e/ou tabelas e que sempre estão associados à
Estatística.
Historicamente, temos conhecimento de registros egípcios que datam de 5000 a.C., que mostravam a quantidade de
presos de guerra em relação à população de determinadas regiões. Já em 2238 a.C. o imperador chinês Yao ordenou um
recenseamento, isto é, refazer as contagens de Censo, com fins agrícolas e comerciais. Em 600 a.C. no Egito, cada pessoa
deveria declarar ao governo sua profissão e a fonte de renda, caso contrário seria condenada à pena de morte. Até mesmo
Jesus Cristo, segundo conta a Bíblia, em Lucas 2, 1-2, nasceu em Belém, na Judéia, durante um recenseamento solicitado
pelo imperador César Augusto.
Aqui no Brasil, o primeiro censo data de 1872, feito por José Maria da Silva Paranhos, conhecido como Visconde do Rio
Branco. Em 1936 temos a criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1972, surge o primeiro com-
putador brasileiro, que ajuda a dar um grande salto no campo da estatística, quando os programas utilizados já permitiam
a criação de uma grande variedade de gráficos e tabelas, como este53.
Como se pode notar, os gráficos e tabelas aparecem em vários momentos da história humana e, certamente, continua-
rão a fazer parte desta história, que continua a ser construída diariamente.
86
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Nos meios de comunicação podemos dizer que os gráficos54 e tabelas são instrumentos bastante utilizados para re-
tratar nossa realidade, principalmente pelo fato de possibilitarem a transmissão de um grande volume de informações de
modo sintético e de fácil interpretação.
Portanto, a leitura e interpretação de gráficos e tabelas compõem, sem dúvida, um assunto de importância fundamental
para vivermos e agirmos de forma consciente e crítica em uma sociedade como a nossa, que não se vê mais sem a influên-
cia dos números.
87
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Conferindo a resposta da questão do gráfico55 acima, percebemos que a população brasileira aproximada era de 150
milhões de habitantes. Parece muita gente, mas imagine um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Pois é! Este país
é a China, de acordo com o censo de 2005, o qual nem por isso, deixou de ser um dos países que tiveram altos índices de
crescimento econômico e de qualidade de vida.
É muito comum encontrarmos uma tabela como a que representamos em seguida. Ela permite que se obtenha rapida-
mente o valor que uma pessoa deverá pagar, de acordo com a quantidade de cópias que tirou em um estabelecimento56
que possua máquinas de fotocópia. Para construí-la, utilizamos um conceito matemático que você já revisou no capítulo 1:
Proporcionalidade! Isso acontece porque o valor a ser pago é proporcional ao número de cópias que retiramos. Mas nem
sempre é assim! Às vezes, ao ultrapassarmos um certo número de cópias, passamos a pagar um preço menor por folha!
Nº de cópias Valor R$
1 0,08
2 0,16
3 0,24
4 0,32
5 0,40
6 0,48
7 0,56
8 0,64
9 0,72
10 0,80
(ENCCEJA) Independente de preferências políticas ou ideológicas, a simples observação de uma tabela nos permite fa-
zer uma análise de diferentes situações de governos. Não entraremos na discussão das causas e nem do contexto histórico
de cada época, mas os números indicam importantes diferenças entre as prioridades de cada governante.
88
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Em 2001, a inflação estava por volta dos 10% a.a. (lê-se “dez por cento ao ano”, que é o aumento de inflação durante
o período de um ano). Você se lembra de quanto era a inflação anual nos anos 90? A tabela acima o auxiliará a recordar
aqueles tempos:
Podemos observar na tabela que a inflação nesses vinte e dois anos teve seus altos e baixos. Só para você ter uma idéia,
um refrigerante que custa hoje R$ 2,00, com uma inflação de 1.000% a.a., depois de um ano estaria custando R$ 20,00.
Depois de mais um ano, estaria custando R$ 200,00, chegando ao absurdo de custar R$ 2.000,00, após mais um ano. Parece
loucura, mas já foi assim.
Esta outra tabela57, encontrada nos rótulos de quase todos os produtos alimentícios, representa um assunto cada vez
mais pesquisado pelos consumidores quando estão fazendo compras.
Felizmente, as pessoas estão mais preocupadas com a melhoria da qualidade de vida. Isto pode começar pelo acom-
panhamento dos valores calóricos ingeridos diariamente.
Observe que há sempre a preocupação de informar a que quantidade do alimento se refere a tabela. Neste caso, temos
a informação nutricional de uma porção de 30 gramas de uma barrinha de cereal. Segue uma extensa lista com valor ener-
gético dessa porção (105 calorias), além de valores de carboidratos, proteínas, gorduras, entre outros.
Atente para o item gordura trans, substância criticada pela classe médica nutricionista por estar associada a problemas
cardíacos, obesidade, câncer, entre outros males altamente prejudiciais à saúde. Aqui ela não teve chance de aparecer.
Ops! Mas não se esqueça que não basta comer com qualidade.
Ilustração 6 - Tabela Nutricional
89
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO...
Observando a tabela abaixo (adaptada de ENCCEJA-EM), como podemos completá-la com o valor que está faltando?
Primeiramente, não podemos esquecer que o total referente à taxa de natalidade no Brasil deverá ser igual a 100%, pois
estamos considerando o total de nascidos no ano de 2002. Assim, se somarmos os valores conhecidos, teremos 76% dos
nascidos divididos entre as regiões Sul, Centro-Oeste, Norte e Sudeste, cabendo ao Nordeste a 2ª maior taxa de natalidade
no Brasil: exatamente 24%.
Pesquisas mostram que quanto maior a taxa de natalidade, maior será o índice de pessoas com baixa renda, enquanto,
do outro lado, quanto menor for essa taxa, maior será o índice de desenvolvimento econômico.
PROBLEMAS, PROBLEMINHAS E PROBLEMÕES... RESOLVIDOS! UFA....
1. Hábitos de consumo de água (Adaptado de ENCCEJA/EM). Se não houver uma conscientização das pessoas do
mundo inteiro, futuramente passaremos por uma crise de falta de água potável de proporções inimagináveis. Para solucionar
o problema, os governantes deverão tomar medidas como o racionamento. Países mais desenvolvidos já estão fazendo um
levantamento dos hábitos de consumo de água, a fim de tomarem providências antecipadas.
Se você fosse o dirigente de um país preocupado com o gasto de água e dispusesse de um gráfico idêntico ao apre-
sentado, que medidas poderia propor para haver economia de água? Assinale a alternativa mais adequada.
(a) Propor à nação que bebesse menos água para ajudar na economia.
(b) Solicitar que as pessoas armazenassem água em suas residências para um eventual racionamento.
(c) Solicitar pesquisas no setor hidráulico para criar dispositivos econômicos no setor de descargas de água.
(d) Fazer uma campanha para as pessoas deixarem as caixas d’água abertas para aproveitar as águas da chuva.
Veja algumas análises em que talvez você tenha pensado.
A alternativa (a) seria uma resposta inválida, pois, pelo gráfico, esse tipo de consumo se encaixaria na categoria “ou-
tros”, que corresponde a um consumo insignificante se comparado com os demais.
A alternativa (b) seria uma proposta que não acarretaria economia de água, sendo que provavelmente haveria um au-
mento do consumo, pois, fora os gastos normais, haveria um gasto de estocagem de água.
A alternativa (c) poderia proporcionar dispositivos mais econômicos no consumo das descargas sanitárias. Podemos
observar no gráfico que, em quase todos os países, o maior consumo de água é para esse fim; logo, dispositivos hidráulicos
mais econômicos proporcionariam uma economia no consumo de água, sendo então a alternativa correta.
A alternativa (d) não é uma atitude correta, pois já vimos nos jornais e nas campanhas de combate a epidemias que
deixar abertas caixas d´água ou lugares que acumulem água parada favorece a proliferação de mosquitos transmissores
de doenças, como dengue e malária.
90
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
2. (ENEM 2008) Desmatamento. O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia, em km2, a cada ano, no período
de 1988 a 2008.
91
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Idade (anos) 20 21 22 23 24 25 26
Peso (kg) 50 52 60 70 70 55 51
Observe que, dos 20 aos 21 anos, ela engordou 2kg; logo, durante o período de 20 a 21, ela teve uma variação de 2kg
em seu peso. Do mesmo modo, seu peso também variou dos 21 aos 22 anos, dos 22 aos 23 anos, dos 23 aos 24 anos etc.
Vamos montar/completar uma tabelinha com as variações do peso de Rita e tentar encontrar os valores das variações
de peso durante esses períodos.
Na construção dessa tabela, talvez você tenha encontrado duas dificuldades que normalmente aparecem quando fa-
lamos de variação. A primeira dificuldade que pode ter surgido foi no período de 23 a 24 anos, pois nesse período o peso
de Rita não mudou, ou seja, poderíamos dizer que não variou.
Quando estivermos verificando variações e observarmos que entre duas leituras não houve nenhuma mudança, indi-
caremos a variação pelo valor zero.
Logo, no caso de Rita, a variação dos 23 aos 24 anos é 0. Outra dificuldade que você talvez tenha encontrado pode ter
sido em distinguir quando Rita estava engordando ou emagrecendo.
Como iremos diferenciar estas variações? Lembre-se de que estamos estudando a variação do peso. O fato de engordar
significa ganhar peso. Ganhar nos faz lembrar de algo positivo, o que nos leva a tratar intuitivamente essa variação com
um valor positivo. Já emagrecer, significa perder peso, logo podemos indicar essa variação por valores negativos, pois ex-
pressam uma perda de peso. Por exemplo, dos 25 aos 26 anos ela teve uma variação de -4, ou seja, perdeu 4 quilos. Agora,
então, anote os dados de sua tabela59 com valores positivos e negativos, caso não tenha feito.
59 Valores que completam a tabela: 10, 0, -15, -4, respectivamente.
92
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
93
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO?
Nesse caso, teremos que organizar todas as jogadas
possíveis.
Jogadas
01 - 02
01 - 03 02 - 03
01 - 04 02 - 04 03 - 04
01 - 05 02 - 05 03 - 05
01 - 06 02 - 06 03 - 06
01 - 07 02 - 07 03 - 07
01 - 08 02 - 08 03 - 08
01 - 09 02 - 09 03 - 09
01 - 10 02 - 10 03 - 10 ...
94
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Total de jogadas: 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 +1 = 45
Assim, o total de jogadas possíveis seria de 45 jogadas para essa loteria. Uma loteria como essa, deixaria mais pessoas
felizes!
Agora, vejamos um outro problema um pouco diferente, mas que trata de possibilidades:
Suponha que você quisesse mudar o visual da sala de sua casa, pintando cada parede de uma cor diferente: amarelo,
verde, laranja e branco. Quantas possibilidades de pintura poderiam ser realizadas, sabendo que duas paredes não seriam
pintadas da mesma cor?
Vamos pensar no problema, imaginando as paredes:
Bom, se a primeira parede for pintada de amarelo, teremos seis combinações diferentes! Se usarmos o mesmo racio-
cínio para as demais, teremos:
Para facilitar a escrita, utilizamos a primeira letra de cada cor para mostrar as possibilidades.
B: branco
A: amarelo
L: laranja
V: verde
BALV LAVB VALB
BAVL LABV VABL
BLAV LVBA VLAB
BLVA LVAB VLBA
BVLA LBVA VBAL
BVAL LBAV VBLA
No total, teremos 24 possibilidades. Mas, será que não haveria uma maneira mais simples para descobrirmos a quanti-
dade de possibilidades, sem escrever todas, uma por uma? Observe...
Na tabela abaixo, cada retângulo representa uma parede e o total de possibilidades de cores para cada uma delas
(lembre-se, não pode repetir as cores!). Se não pode repetir as cores das paredes, então teremos 4 possibilidades de cores
para a primeira parede. Sabendo que uma das cores já foi utilizada, então, teremos três cores disponíveis para a segunda
parede, para a terceira parede, duas cores e para a última parede, uma cor.
O raciocínio utilizado para resolver esse problema é chamado princípio multiplicativo, encontrando 4 . 3 . 2 . 1 = 24
possibilidades diferentes. Mas, por que multiplicar?
Quando observamos todas as possibilidades de cores nas quatro paredes, vemos que há 6 possibilidades diferentes
quando fixamos uma das cores. Por exemplo, se a 1ª parede fosse pintada de branco, as possibilidades seriam: BALV, BAVL,
BLAV, BLVA, BVLA e BVAL. Como são quatro cores diferentes, multiplicamos 6 por 4, obtendo 24 como resultado. Caso não
tivesse a 1ª parede, o total seria 6 possibilidades, pois, 3 . 2 . 1 = 6. Como está sendo considerada mais uma parede, haverá
um total de 24 possibilidades.
Também podemos interpretar esse problema, a partir da árvore de possibilidades. O raciocínio para a elaboração desse
esquema é semelhante ao que foi dito sobre o princípio multiplicativo. Ao escolher a cor branca (B), tem-se como ramos
dessa árvore as demais cores: amarelo (A), verde (V) e laranja(V). A partir de cada uma dessas três cores surgirão mais dois
ramos da árvore, justamente as cores que ainda não foram utilizadas e assim por diante, até esgotar o total de cores.
95
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Veja como ficou a árvore de possibilidades construída a partir da cor da primeira parede, supondo que essa seja branca:
Se esse procedimento for usado para as demais cores, teremos um total de 24 possibilidades.
Agora, retornando ao primeiro problema, a respeito da loteria que possui um total de 10 números e são sorteados
apenas dois... Por que o resultado final não seria 10 . 9 = 90, ao contrário de 45?
Lembre-se que, no caso da loteria, sortear os números 01 e 02 é o mesmo que sortear 02 e 01, pois a ordem não im-
porta nesse caso. Assim, todos os pares de números que poderiam repetir seriam eliminados, caindo pela metade o número
de possibilidades. Nesse caso, o principio aplicado seria o da soma.
Entretanto, na situação das cores das paredes, o problema tem um outro propósito. Pintar a primeira parede de branco
e a segunda de verde não é o mesmo que pintar a primeira parede de verde e a segunda de branco. Como saber qual o
cálculo a ser realizado? Ter atenção na interpretação do problema, se a ordem importa ou não na obtenção das possibi-
lidades.
26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO
26 26 26 10 10 10 10
LETRA LETRA LETRA ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO ALGARISMO
60 Problema extraído de Matemática: Volume Único –Ensino Médio, de Luiz Roberto Dante, Editora Ática,
2005.
96
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
5 4 3
sanduíches refrigerantes sorvetes
Atividade 1. Quantos números naturais de três algarismos podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5 e 6?
Atividade 3. Um hacker sabe que a senha de acesso a um arquivo secreto é um número natural de cinco algarismos
distintos e não-nulos (diferentes de zero). Com o objetivo de acessar esse arquivo, o hacker programou o computador para
testar, como senha, todos os números naturais nessas condições. O computador vai testar esses números um a um, demo-
rando 5 segundos em cada tentativa. O tempo máximo para que o arquivo seja aberto é:
a) 12h 30 min
b) 11h 15min 36s
c) 21h
d) 12h 26min
e) 7h
Atividade 4. Um jantar constará de três partes: entrada, prato principal e sobremesa. De quantas maneiras diferentes
ele poderá ser composto, se há como opções oito entradas, cinco pratos principais e quatro sobremesas?
97
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5. As atuais placas de licenciamento de automóveis constam de sete símbolos, sendo três letras, escolhidas
dentre as 26 do alfabeto, seguidas de quatro algarismos. Quantas placas distintas podem ter o algarismo zero na 1ª posição
reservada aos algarismos?
Atividade 6. Uma prova consta de dez testes de múltipla escolha. De quantas maneiras distintas a prova pode ser
resolvida, se cada teste tem cinco alternativas distintas?
PROBABILIDADE
O estudo da Probabilidade se originou a partir da observação dos chamados jogos de azar. Era o início do estudo de
uma parte da Matemática que lida com o provável e não com a exatidão.
Nos tempos da Idade Antiga, os fenícios (povo que viveu na região do atualmente Líbano) já faziam avaliações de se-
guros de produtos relacionados à atividade comercial da época, basicamente marítima. Isso continuou até a Idade Média,
quando no século XVI foi iniciado um processo de organização desse assunto por matemáticos, constituindo a teoria de
Probabilidade, analisando especialmente, os jogos de azar.
98
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Partindo da idéia dos jogos, é proposto um problema que relaciona cartas de baralho.
Em um baralho completo (52 cartas), qual é a probabilidade (chance) de um jogador, ao retirar uma carta do baralho,
ter em mãos:
a) uma carta de espadas?
b) um sete de copas?
ASSIM OU ASSADO?
Em Probabilidade, definimos o experimento a ser analisado como sendo o evento. Nesse caso, no item a o evento é
“retirar uma carta de espadas” e no item b, o evento é “retirar um sete de copas”. O espaço amostral apresenta todas as
possibilidades, isto é, representa o conjunto de todos os resultados possíveis para esse evento, partindo de um experimen-
to aleatório. Entenda o termo aleatório como sendo um experimento que ocorreu por acaso, sem intervenção ou, como se
chama na linguagem de jogos, sem vícios.
Vamos analisar o problema anterior sob o olhar da probabilidade:
Entretanto, utiliza-se sempre o resultado da fração simplificada, ou ainda, na forma de porcentagem. Assim, o único
número que divide 13 e 52, ao mesmo é 13.
Então, a probabilidade de retirar uma carta de espadas do baralho é de . Como você já viu em estudos anteriores, é
possível representar uma fração na forma decimal e na forma de porcentagem. Nesse caso, temos a fração
= 0,25 = = 25%
No item b, é preciso ver quantas cartas sete de copas há no baralho. Sabendo que há, apenas uma carta desse tipo no
baralho, temos:
P(sete copas):
http://repolhopolis.blogspot.com/2005/01/elogio-ao-baralho-vocs-j-pensaram-em.html
http://umdenosdois.blogspot.com/2008_03_02_archive.html
99
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Analisando os dois resultados, vemos que a chance de encontrar uma carta de espadas é muito maior que uma carta
sete de copas.
Para calcular a probabilidade de ocorrer um determinado evento utilizaremos sempre a seguinte escrita e notação:
P(evento): probabilidade de ocorrer tal evento
Agora, pensando nos problemas que vimos sobre possibilidades, no início desse capítulo, poderíamos, por exemplo,
analisar o problema resolvido, o qual trata do sistema de emplacamento de veículos no Brasil sob o olhar da probabilidade.
Caso eu queira saber a chance de encontrarmos em nossas ruas um veículo que termine com o número nove, como
fazer esse cálculo?
Primeiramente, seria necessário saber qual é o evento e o espaço amostral. O evento é “placas com final nove” e o
espaço amostral seria o total de placas possíveis, que já descobrimos ao calcular o total de placas no novo sistema de em-
placamento, com três letras e quatro algarismos, lembra?
Assim, temos no espaço amostral as 175.760.000 placas.
Os possíveis finais das placas são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 (são dez algarismos diferentes). Se há a mesma quantidade
de placas para cada final diferente, podemos afirmar que a probabilidade de encontrar uma placa com final nove seria de
0,1 ou 10%. Por quê?
Veja: se seguirmos o raciocínio anterior, teremos 17.576.000 placas com final nove (175.760.000 dividido por 10).
P(placas com final nove):
1. Um dado é lançado e observa-se o número da face voltada para cima. Qual a probabilidade de esse número ser:
a) menor que 3?
b) maior ou igual a 3?
Temos como espaço amostral os elementos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, que são os números das faces do dado.
No item a, temos:
P(face menor que 3) =
100
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Logo,
No item a, no evento “apresente duas caras”, ao observarmos a tabela, só haverá 1 possibilidade em um total de 4
possibilidades presentes no espaço amostral.
P(duas caras) =
No item b, o evento “apresente uma cara e uma coroa” traz duas possibilidades em um total de 4. Assim,
Uma curiosidade...
Você lembra que, no início dessa unidade, comentamos que descobriríamos quais são as nossas chances quando jo-
gamos na Quina ou na Mega Sena?
Utilizamos o princípio multiplicativo para saber o total de jogos diferentes e a probabilidade para saber as chances de
uma pessoa acertar e levar o prêmio máximo na Mega Sena. O que há de diferente nessa questão é a mudança da quanti-
dade de elementos no espaço amostral. Acompanhe:
Para saber a probabilidade de uma pessoa acertar a primeira dezena na Mega Sena será:
P(1ª dezena) =
Como uma dezena já foi acertada, agora terão, no espaço amostral, as 59 dezenas restantes e o número de dezenas
possíveis reduz para 5, pois uma já foi sorteada.
P(2ª dezena) =
101
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
P(3ª dezena) =
P(4ª dezena) =
P(5ª dezena) =
P(6ª dezena) =
Dessa forma, para saber a probabilidade de uma pessoa ganhar na Mega Sena, é necessário que ela acerte todas as
dezenas. O seu cálculo utiliza o princípio multiplicativo:
Isso significa que a chance de uma pessoa ganhar na Mega Sena é de 1 em mais de 50 milhões! Não é a toa que, em
diversos concursos, o prêmio acumula...
102
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 7. Um experimento é composto de duas etapas: primeiro, uma moeda é lançada e, em seguida, um dado é
lançado. Construa o espaço amostral correspondente a esse experimento.
Atividade 8. Uma urna contém três bolas vermelhas e uma bola branca. Retiramos, sucessivamente, duas bolas dessa
urna. Construa o espaço amostral correspondente, se a extração é feita:
a) com reposição (a bola retirada retorna à urna para a próxima retirada)
b) sem reposição (A bola não retorna à urna após a retirada)
Atividade 9. Um dado é lançado e se observa o número da face voltada para cima. Determine os seguintes eventos:
a) ocorre múltiplo de 2
b) ocorre número primo.
Atividade 10. Ao atirar num alvo, a probabilidade de uma pessoa acertá-lo é . Qual é a probabilidade de errar?
Atividade 11. No lançamento de duas moedas, a probabilidade de se obterem uma cara e uma coroa é:
a) 25%
b) 30%
c) 40%
d) 50%
e) 75%
Atividade 12. Uma urna contém exatamente mil etiquetas, numeradas de 1 a 1000. Retirando uma etiqueta dessa urna,
qual é a probabilidade de obtermos um número menor que 51?
UM POUCO DE ESTATÍSTICA...
Há, no Brasil, pesquisas realizadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que buscam acompanhar
o desenvolvimento econômico, social e humano em nosso país. Quando é realizado o grande Censo Demográfico, o qual
ocorre geralmente a cada dez anos, a idéia é entrevistar domicílio por domicílio. Seria possível fazer esse recenseamento
anualmente, pensando na população brasileira, superior a 180 milhões de habitantes? Seria inviável, pensando no tempo e
no investimento necessário para isso.
Entretanto, governo, empresas e instituições que tenham interesses em descobrir a opinião da população ou a situação
em que uma população específica vive, tornam isso possível, mesmo sem realizar a entrevista um a um. Chamamos esse
procedimento na Estatística de amostragem. É escolhida parte da população que possua as características necessárias ou
requisitos mínimos exigidos para o que está sendo procurado ou investigado.
Por exemplo: o IBGE gostaria de saber como está a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 25 anos e que residem
na zona urbana.
Como seria muito complicado entrevistar todos os jovens nessa faixa etária em todo o país, acaba-se escolhendo algu-
mas regiões do país (geralmente, nos grandes centros metropolitanos) e, de maneira aleatória, entrevistam os jovens nas
ruas ou até mesmo em residências, caso haja jovens com essas características nos domicílios. Apesar de não ser o número
exato ou mais próximo do total de jovens (população), o IBGE terá uma idéia de como está a situação da empregabilidade
dos jovens nessa faixa etária. Isso é importante para o Governo, tendo em vista que ao ter essas informações em mãos, ele
pode atuar sobre as possíveis causas de desemprego, mobilizando suas forças de maneira a inverter tal situação (escolari-
dade, formação profissional, experiência etc).
Tendo em vista as pesquisas de opinião, suponhamos que uma delas tenha sido realizada em uma certa cidade, com
o objetivo de saber a opção de voto para prefeito dos eleitores para a próxima eleição. Foram entrevistadas 800 pessoas.
Veja a opinião dos eleitores entrevistados:
Candidato Votos
Zé da Silva 140
João Moreira 246
Alberto Campos 130
Paulo Tadeu 284
103
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ASSIM OU ASSADO?
Quando nos deparamos com os resultados das pesquisas, não encontramos o número de eleitores que optou por um
candidato ou outro. Seja na televisão ou nos jornais impressos, encontramos essas informações com um tratamento espe-
cial: a porcentagem.
Para isso, utilizaremos os termos frequência absoluta e frequência relativa. A frequência absoluta nos mostra o
número absoluto, sem qualquer tipo de tratamento dado a esse resultado. É o número encontrado pelas pessoas que
realizaram a pesquisa, no problema, representa quantas vezes (ou, qual foi a frequência que) um dos candidatos foi citado.
A frequência relativa, como o nome já diz, apresenta a frequência que certo candidato foi citado, mas relacionando
o número absoluto ao total de votos (100%). Para isso, faremos um cálculo de porcentagem, para descobrir a frequência
relativa:
Média salarial =
104
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Nesse caso, podemos simplificar esse cálculo, utilizando a média aritmética ponderada, sem a necessidade de mos-
trar o salário de cada funcionário:
Média salarial =
Pela média aritmética, vemos que o salário médio é de 7,2 salários mínimos.
Buscando saber qual seria o salário que está localizado no meio, utilizamos a mediana. Para isso, organizamos em
ordem crescente os salários dos funcionários:
Nesse caso, o salário que está no meio é o 8º número, que é o 4. Assim, podemos dizer que o salário mediano é de 4
s. m. (salários mínimos)
Pela moda, buscamos aquele salário que apareceu com a maior frequência. Nesse caso, o salário representado pela
moda é de 4 s.m., pois o 4 apareceu 8 vezes.
Comparemos os diferentes métodos... Será que os salários pagos por essa empresa aproximam-se de um equilíbrio
entre os funcionários ou a desigualdade é muito grande?
Se considerássemos apenas a média, veríamos que a média salarial é de 7,2 salários mínimos. Entretanto, os outros dois
métodos mostram que não é bem assim que acontece. Pela mediana e pela moda, os valores são de 4 salários mínimos.
Considerando, por exemplo, pela moda, mostra que a maioria recebe 4 s. m., enquanto uma minoria ganha acima de 10
s.m. Seria injusto?
Você sabia62...
No Brasil, que cerca de 10% da população mais pobre vive com 0,8% da renda nacional, enquanto
10 % dos mais ricos detêm cerca de 45 % da renda do pais. Precisamos tomar cuidado com as
estatísticas, nem sempre o que elas apresentam representa a situação da realidade!
Você sabia que a renda per capita (média entre a riqueza produzida pelo país e a população) do
brasileiro está por volta de R$ 13000,00 ao ano, segundo o Banco Central do Brasil? Você acha que,
ao dividir a riqueza igualitariamente entre todos os habitantes, cada um receberia esse montante? Isto
é, em um mês recebia cerca de R$ 1083,00?
105
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Ilustração 6 - Gráfico
Determine:
a) a nota média desses alunos
b) a mediana da distribuição
c) a moda dessa distribuição
Vamos organizar uma tabela de frequências, pois facilitará o cálculo da média.
Para o cálculo da média, usaremos a média ponderada das notas, tendo como pesos a frequência de alunos:
M=
M=
63 Problema extraído de Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003, p.263.
106
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
No item b, pede-se a mediana da distribuição. Como temos 50 termos, o valor da mediana será obtido a partir da média
aritmética entre o 25º termo e o 26º termo:
Mediana = = 6,5
No item c, pede-se a moda. Observando o gráfico ou a tabela, vemos que a maior frequência foi na nota 6. Logo, a
moda é 6,0.
Cada um dos métodos de medida de tendência central, isto é, qual seria o termo que está situado no centro da se-
quência em análise, mostra que esses dados não possuem uma variação tão grande, pois nos três métodos, os resultados
obtidos estão próximos de 6,0.
Logo, a média das notas desse aluno será de 5,0. Note que o número 6 no denominador representa a soma dos pesos
de cada uma das provas!
Mediana: os dados são organizados em ordem crescente e identificamos o termo do meio. É importante lembrar que,
caso tenha uma quantidade par de elementos, você irá calcular a média aritmética entre os dois termos que se encontram
no centro. Por exemplo, se no problema anterior, o qual tratava de uma empresa com 15 funcionários, tivesse 14 funcioná-
rios: 2 recebendo 4 s.m., 5 recebendo 7 s.m. e os demais recebendo 10 s.m., teríamos que encontrar a mediana, calculando
a média aritmética entre o 7º e o 8º termos da sequência abaixo:
Moda: busca-se o elemento que aparece com maior frequência. Verificamos o termo que aparece com maior frequên-
cia. Caso apareçam dois elementos com a maior frequência, dizemos que a amostra é bimodal (tem duas modas).
107
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 13. Os conteúdos de vinte latas de leite em pó apresentaram as seguinte massas, em kg:
0,48 0,50 0,51 0,48 0,49
0,49 0,51 0,51 0,50 0,49
0,50 0,52 0,48 0,49 0,50
0,49 0,50 0,51 0,48 0,49
Organize esses dados numa tabela e encontre os valores para a frequência absoluta e relativa.:
Atividade 14. A tabela mostra a altura H, em cm, de uma planta em função do tempo t, em dias:
Atividade 16. Uma companhia aérea, a pedido de um engenheiro da aeronáutica registrou os tempos de dez vôos (até
a parada total) entre São Paulo e Rio de Janeiro. Os tempos registrados (em minutos são dados a seguir):
48 – 51 – 49 – 51 – 50 – 50 – 53 – 52 – 48 – 50
a) Calcule o tempo médio de vôo entre as duas cidades.
b) Calcule o tempo mediano de vôo.
Atividade 17. Com o objetivo de verificar o comportamento do consumidor, um órgão de defesa do consumidor re-
gistrou o seguinte número de queixas ao longo de 10 dias:
58 – 39 – 63 – 60 – 95 – 48 – 56 – 72 – 75 – 80
Determine a média e a mediana do número de queixas recebidas.
64 As atividades que constam nesse capítulo foram extraídas e/ou adaptadas de Matemática: Volume Único,
de Gelson Iezzi et al, Editora Atual, 1997 e Matemática: Volume Único, de Manoel Paiva, Editora Moderna, 2003.
108
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
1) 216
2) 648
3) c
4) 160
5) 158.184.000
6) Aproximadamente 3,85%
10)
11) d
12)
13)
14) a) 1,24 cm
b) Média entre 4,8 e 5,6 cm: 5,2 cm.
109
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
Para verificar se você dominou as habilidades trabalhadas neste capítulo, procure resolver as questões da prova do
ENCCEJA, no final da apostila.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você está construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
110
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
111
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
112
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
113
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
114
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
115
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
116
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
117
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
118
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
GABARITO OFICIAL
01 - A 02 - B 03 - B
04 - C 05 - D 06 - A
07 - B 08 - A 09 - C
10 - C 11 - D 12 - D
13 - B 14 - A 15 - A
16 - B 17 - A 18 - A
19 - C 20 - D 21 - C
22 - C 23 - D 24 - C
25 - D 26 - C 27 - B
28 - B 29 - B 30 - D
119
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
120
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
121
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
122
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
123
MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
124
INTRODUÇÃO
Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências da Natureza e suas
Tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais da sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
2. Compreender o papel das ciências naturais e das tecnologias a elas associadas, nos processos de produção e
no desenvolvimento econômico e social contemporâneo.
3. Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos relevantes
para sua vida pessoal.
5. Compreender organismo humano e saúde, relacionando conhecimento científico, cultura, ambiente e hábitos
ou outras características individuais.
6. Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los a diferentes contextos.
7. Apropriar-se de conhecimentos da física para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e pla-
nejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.
8. Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.
9. Apropriar-se de conhecimentos da biologia para compreender o mundo natural e para interpretar, avaliar e
planejar intervenções científico-tecnológicas no mundo contemporâneo.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada capítulo é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência tema do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução de exercícios para que você possa ampliar seu conheci-
mento.
As respostas podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode compreender as
habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
O SER HUMANO CONSTRUINDO A CIÊNCIA.........................................................................................................................................................01
José Luis de Souza
Capítulo 2
O PAPEL DA TECNOLOGIA NO NOSSO MUNDO.................................................................................................................................................10
José Luis de Souza
Capítulo 3
TECNOLOGIA TODO O DIA ...........................................................................................................................................................................................28
José Luis de Souza
Capítulo 4
OS CAMINHOS DA HUMANIDADE ...........................................................................................................................................................................40
José Luis de Souza
Capítulo 5
A SAÚDE NO BRASIL ........................................................................................................................................................................................................56
José Luis de Souza
Capítulo 6
A METODOLOGIA CIENTÍFICA.......................................................................................................................................................................................78
José Luis de Souza
Capítulo 7
A FÍSICA E A ATUALIDADE .............................................................................................................................................................................................90
José Luis de Souza
Capítulo 8
QUÍMICA, NATUREZA E TECNOLOGIA.................................................................................................................................................................... 108
José Luis de Souza
Capítulo 9
MEIO AMBIENTE E BIODIVERSIDADE .................................................................................................................................................................... 123
José Luis de Souza
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
1
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Os experimentos de Galileu levaram à conclusão de As primeiras fontes artificiais de luz usavam o mesmo
uma propriedade física da matéria chamada inércia. Se- princípio, a combustão. Alguma coisa precisava ser quei-
gundo essa propriedade, se um corpo está em repouso, mada para poder iluminar. Foram inventados, lampiões a
ou seja, se a resultante das forças que atuam sobre ele for óleo, lampiões a gás, lamparinas, velas, etc. A combustão é
nula, ele tende a ficar em repouso. E se ele está em movi- uma reação química entre o oxigênio do ar e o combustí-
mento ele tende a permanecer em movimento na mesma vel, ou seja, o material que é queimado. Para se obter uma
velocidade e sempre em linha reta (movimento retilíneo boa iluminação era necessário usar um material que quei-
uniforme). masse bem, que reagisse bem com o oxigênio. Muitos de
Anos mais tarde, após Galileu ter estabelecido o con- nossos avós devem ter utilizado estas fontes de luz e vivido
ceito de inércia, Sir Isaac Newton formulou as leis da dinâ- em cidades onde as ruas eram iluminadas por lampiões a
mica (Área da Física que estuda as causas do movimento) gás ou óleo.
denominadas de “as três leis de Newton”. Newton concor- A descoberta e o domínio da energia elétrica permiti-
dou com as conclusões de Galileu e utilizou-as em suas leis. ram a Thomas Alva Edison, em 1880, construir a primeira
A Primeira Lei de Newton Também chamada de Lei da lâmpada incandescente utilizando uma haste de carvão
Inércia apresenta o seguinte enunciado: muito fina que aquecendo até próximo ao ponto de fusão,
com a passagem de corrente elétrica através dela, passa a
emitir luz. Agora pense você em duas coisas: tudo o que
Na ausência de forças, um corpo em repouso con- aquece muito queima, não queima? Já percebeu que den-
tinua em repouso, e um corpo em movimento, tro da lâmpada não tem ar? Edison precisou dominar uma
continua em movimento retilíneo uniforme (MRU). série de conhecimentos para que a lâmpada desse certo.
Com o conhecimento sobre combustão ele sabia que o
A partir dessas idéias é possível entendermos como carvão na presença de ar queimaria. Logo ele criou um en-
uma sonda espacial do tamanho de um automóvel pode voltório de vidro, retirou todo o ar de dentro e selou. Sem
viajar bilhões de quilômetros pelo espaço sem levar muito ar a haste não queimava.
combustível. Como o espaço é vazio, não há nada que im- As lâmpadas com vácuo interno foram comercializadas
peça o movimento da nave. durante muito tempo, mas tinha um inconveniente, eram
muito frágeis e quebravam facilmente, pois, já que não ti-
EM BUSCA DA LUZ nha nada dentro, estavam sujeitas à pressão atmosférica.
Hoje estas lâmpadas são preenchidas com um gás inerte,
como o nitrogênio, que não provoca combustão, isso dimi-
E Deus disse: “Que exista a luz!” E a luz começou nuiu muito a sua fragilidade.
a existir. Deus viu que a luz era boa. E Deus sepa-
rou a luz das trevas: à luz Deus chamou “dia“, e QUE LÍNGUA É ESSA?
às trevas Deus chamou noite. Você percebeu que há pouco usamos a palavra com-
bustão ao invés de queima e gás inerte para nos referirmos
Gênesis1 a um gás que não queima ou não reage com o combustí-
É assim que a Bíblia narra o surgimento da luz, do dia vel? Não se assuste, não vai ter que aprender outro idioma!
e da noite. Não vamos discutir aqui o surgimento da luz e Mas vai ter que se acostumar com termos de outra lingua-
outros fenômenos naturais com base nas crenças religio- gem, diferente daquela linguagem natural que aprende-
sas e nem julgar se são verdadeiras ou falsas. Não vamos mos desde criança e que usamos para nos comunicar no
contrapor religião e Ciência. Vamos discutir apenas o que dia a dia.
a Ciência consegue provar de maneira convincente e ver A ciência é construída por várias pessoas em diversas
como o homem pode se beneficiar desses conhecimentos. partes do mundo, que falavam línguas diferentes e tinham
Com a descoberta do fogo o homem percebeu que costumes diferentes. Ao longo da história foi necessário
entre outras tantas utilidades, ele poderia aliviar a escuri- criar vários códigos para que essas informações fossem en-
dão noturna e assim se manter mais seguro de ataques de tendidas e utilizadas por todos, surgiu então a “linguagem
cientifica”.
predadores ou de grupos inimigos que por ventura ten-
Para entendermos a combustão de um gás como o
tassem invadir o seu território. Hoje queremos nossas ruas
metano, por exemplo, precisamos saber de alguns princí-
iluminadas, pois, após milênios, as vias iluminadas ainda
pios básicos, que veremos a seguir.
nos dão a sensação de maior segurança. O homem primiti-
Todas as substâncias e toda a matéria são formadas
vo encerrava as suas atividades diárias com o cair da noite, por minúsculas partículas chamadas de átomos, para re-
a sociedade moderna, contudo, não encerra nunca e o que presentá-los utilizamos as letras iniciais dos seus nomes na
torna possível esta atividade frenética é a possibilidade de forma maiúscula.
se iluminar todos os ambientes. Mas vale a pena destacar Ex:
novamente, o caminho percorrido pela Ciência para que Oxigênio – O Hidrogênio - H
hoje toda a sociedade possa (em tese) se beneficiar da Luz. Nitrogênio – N Carbono - C
2
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Quando é necessário usamos a primeira e a segunda letra, sendo que a segunda sempre deve ser minúscula:
Ex:
Níquel – Ni Lítio – Li Cobalto – Co
Às vezes utilizamos as primeiras letras dos nomes dos átomos em latim e isso pode nos causar certa estranheza, mas
temos que lembrar que se estudam estes elementos desde a Idade Média quando as línguas e códigos eram diferentes.
Ex:
Sódio – Na – (Natrium)
Enxofre – S – (Súlfur)
Chumbo – Pb – (Plumbum)
Quando juntamos dois ou mais átomos, iguais ou diferentes, formamos uma substância. As substâncias são represen-
tadas por fórmulas que contêm os tipos e quantidades de átomos existentes na substância.
A água, por exemplo, é representada pela fórmula H2O. Significa que na substância existem dois átomos de hidrogênio
e um de oxigênio. O gás carbônico é representado pela fórmula CO2. Significa que existem dois átomos de oxigênio e um
de carbono nesta substância. Observe, o número que representa a quantidade de um determinado átomo está à direita
dele e em tamanho menor. Quando o número aparece grande e na frente da fórmula significa que temos duas vezes a
quantidade de átomos da fórmula inteira.
Ex: 2 CO2 – significa que estamos falando de dois átomos de carbono e 4 de hidrogênio. Para entendermos melhor
vamos representar os átomos com esferas e associá-las às fórmulas:
Oxigênio Hidrogênio
Agora que podemos entender parte da linguagem cientifica vamos voltar a falar da combustão. Vamos usar como exemplo
o gás metano (CH4). Já dissemos anteriormente que a reação de combustão ocorre entre um combustível e oxigênio. Para repre-
sentarmos o que acontece escrevemos da seguinte forma:
CH4(g) + O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)
Gás Gás Gás Água no estado
Metano oxigênio carbônico gasoso
3
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Esta forma de escrita é chamada de Equação química. vel, o desgaste dos recursos naturais será ainda mais insu-
Ela possui duas partes separadas por uma seta, que indica portável. “Ao ritmo do seu consumo atual, a Humanidade
que a reação está ocorrendo. Do lado esquerdo estão os precisará de dois planetas no início da década 2030 para
reagentes em suas devidas quantidades e proporções. Do responder às suas necessidades”, assinala hoje o Fundo
lado direito aparecem os produtos da reação nas quanti- Mundial para a Natureza (WWF).
dades que se formam. Note também que um índice (uma A pressão da Humanidade sobre os recursos naturais
letra pequena) do lado direito mostra o estado físico da do planeta mais do que duplicou nos últimos 45 anos de-
substância que participa ou que se forma na reação. Esta vido ao crescimento demográfico e ao aumento do con-
equação está nos dizendo que, proporcionalmente, uma sumo individual. Esta exploração esgota os ecossistemas
molécula da substância metano reage com uma molécula e o lixo resultante dessa utilização acumula-se no ar, na
do gás oxigênio formando uma molécula de gás carbônico terra e na água.
e duas de água. O desflorestamento, a degradação da qualidade do
A combustão transformou as moléculas que formam ar, da água, o declínio da biodiversidade e o desregra-
o gás metano em gás carbônico e água. Mas observe que mento climático provocado por emissões de gases com
os átomos que formavam essas moléculas não foram alte- efeito estufa, põem cada vez mais em perigo o bem-estar
rados. O número total de átomos no primeiro membro da e o desenvolvimento de todas as nações. 2
equação é igual ao número total de cada átomo no segun- De qualquer modo a ciência avançou bastante na área
do membro. Se o número de átomos é igual à soma das de combustíveis para tentar diminuir essa influencia nega-
massas dos reagentes também é igual à soma das massas tiva. No primeiro semestre de 2009 a Agência de Proteção
dos produtos. Portanto, durante uma reação química não Ambiental Americana certificou o primeiro automóvel do
há aumento nem diminuição da massa total. Essa afirma- mundo movido à célula de hidrogênio dando a ele o titulo
ção é conhecida como Lei da Conservação da massa ou de carro verde mundial. Este automóvel, que tem mesmo
principio de Lavoisier. desempenho e autonomia que um automóvel conven-
Quando um reagente é liquido, como o álcool, por cional, venceu 20 outros concorrentes, ou seja, a huma-
exemplo, podemos até pensar que a massa foi perdida,
nidade já não dependente do combustível fóssil nem de
pois o álcool desaparece. Essa aparente perda de massa
biocombustíveis, que emitem gás carbônico e monóxido
é explicada pelo fato de que os gases e o vapor de água
de carbono, para movimentar automóveis.
produzidos na combustão se espalham pela atmosfera. No
De qualquer forma uma tomada de consciência so-
entanto, essa reação ainda libera energia, que também não
bre a situação do planeta do qual fazemos parte e ao
é perdida. Parte da energia é transformada em luz, a outra
qual estamos intimamente ligados, tem sido alavancada
parte é transformada em calor. Observe a equação a seguir
com iniciativas no sentido da preservação ambiental e do
que representa a combustão do álcool. As setas ascenden-
uso racional dos recursos naturais. São exemplos dessas
tes indicam o que está sendo liberado para o ambiente veja
que mesmo assim o principio de Lavoisier é mantido. ações, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo (principal-
mente papel e metais), a utilização do óleo de soja usado
para produção de biodiesel, campanhas para economia e
uso racional da água.
CIÊNCIA E SAÚDE
4
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
racterísticas favorecerem a sobrevivência da espécie ela No primeiro semestre de 2009 ocorreram vários casos
será transmitida às novas gerações e surgirá uma nova de meningite na região metropolitana de Salvador. Como
espécie. Se não for, o novo indivíduo não será viável, não todos nós sabemos as condições dos hospitais públicos
estará apto para a sobrevivência e será eliminado natu- são ruins no país inteiro e quando o atendimento cresce,
ralmente pelo ambiente. Esta teoria é conhecida como fica pior ainda. Na falta do pronto atendimento como se
seleção natural. poderia avaliar se uma pessoa teria possibilidade de estar
com essa doença?
A meningite é uma inflamação em uma membrana
Os genes são pedaços de uma molécula chama- (uma pele muito fina) que envolve o cérebro, ela pode ser
da ácido desoxirribonucléico – DNA - que, em provocada por bactérias como os Meningococos ou por vírus
geral, se encontra no núcleo da célula. O DNA como o Haemofilus. Se a inflamação é ao redor do cérebro é
está presente e define as características de to- de se esperar que ela cause dores de cabeça e é este mes-
dos os seres vivos. mo o primeiro sintoma. Ao se observar uma pessoa com
dores de cabeça deve-se verificar se ela também tem febre
Talvez a espécie humana seja a única que contraria esta alta e constante. O cérebro e a medula espinhal (que fica
teoria. Os avanços da ciência no campo da medicina possi- dentro da coluna vertebral) estão interligados, fazendo com
bilitaram a sobrevivência de um número cada vez maior de que a inflamação também cause na pessoa uma dificulda-
indivíduos com características genéticas que só permitem de para dobrar o pescoço, chamada de rigidez de nuca. Os
seu bem-estar quando os efeitos delas são devidamente médicos fazem um teste muito simples: pedem para que
controlados através de drogas e outros tratamentos. São se encoste o queixo no peito. Se a pessoa não consegue é
exemplos os diabéticos e hemofílicos, que só sobrevivem e mais um sinal de que ela pode estar doente. Prosseguindo
levam vida relativamente normal ao receberem suplemen- nesta investigação, deve-se observar se a pessoa tem man-
tação de insulina ou do fator VIII da coagulação sanguí- chas avermelhadas no corpo e se houver ela deve ser levada
nea respectivamente. Esses fatos permitem afirmar que os imediatamente a um pronto socorro.
avanços da medicina podem diminuir os efeitos da seleção No hospital é retirado um líquido existente no interior
natural sobre as populações. Isso porque os tratamentos da medula chamado líquor. Este líquido deve ser transpa-
de doenças como o diabetes, por exemplo, apesar de não rente, e se ao invés disso estiver turvo (com aspecto lei-
curarem a doença, prolongam a vida das pessoas. toso) a pessoa deve ser internada para tratamento. Mas a
E a ciência vai mais além, quem já não ouviu falar so- investigação não termina aí, para se tratar a doença é ne-
bre terapia genética, células tronco e mapeamento ge- cessário saber que tipo de microorganismo a está causan-
do. O líquor então é colocado em um pequeno recipiente
nético? Uma reportagem publicada na revista Época em
com uma gelatina nutritiva para que os microorganismos se
20/04/2009 explica que já é possível fazer o “mapeamento”
multipliquem e possam ser observados ao microscópio. Só
genético, ou seja, determinar através da seqüência de ge-
depois disso é que se tem certeza sobre o tratamento que
nes que formam o DNA, se uma pessoa tem a possibilida- será eficiente. É preciso ficar bem claro que só um médico
de de desenvolver câncer, problemas de visão, obesidade, pode fazer o diagnóstico de uma doença séria como esta,
problemas cardiovasculares, etc. Não se pode mudar as ca- mas com um conhecimento mínimo nós mesmos podemos
racterísticas genéticas de um individuo e evitar as tendên- observar os primeiros sintomas e encaminhar a pessoa sus-
cias ao desenvolvimento de certas doenças, mas tendo co- peita da doença ao hospital. Nos casos em que os sintomas
nhecimento dessas tendências o individuo pode se cuidar já são conhecidos os pacientes têm atendimento prioritário.
e interagir melhor com o ambiente para que as tendências Quando surgem muitos casos em uma mesma região
não se confirmem e assim evite a doença. são as autoridades sanitárias que precisam usar o método
Estudos recentes também têm usado células tronco de observação das Ciências. Precisam determinar as causas
para devolver o movimento a quem teve uma lesão na me- e, se for necessário, fazer uma campanha de vacinação para
dula óssea e ficou paraplégico. Estas células são capazes prevenir novos casos da doença.
de se transformar em qualquer tipo de tecido do corpo hu- E por falar em vacinas, elas têm sido as grandes res-
mano, ao serem injetadas no local da lesão elas se desen- ponsáveis pela prevenção de vários tipos de doenças há
volvem e regeneram os tecidos da medula “consertando” o várias décadas. Já na virada do século XIX para o século XX
local que foi danificado. (por volta de 1900) o químico Louis Pasteur utilizou seus co-
Assim como Darwin e Mendell todas as pessoas que nhecimentos científicos, o grande desenvolvimento indus-
trabalham com as Ciências da Natureza têm uma metodo- trial, cultural, econômico e tecnológico gerado na Europa
logia a ser seguida para que seus estudos e descobertas juntamente com o desenvolvimento do microscópio para
possam ser considerados corretos. Ela está baseada princi- mostrar que os fungos se propagam por meio de formas
palmente na observação paciente e atenta de um proble- microscópicas (seus esporos) e que as bactérias, sempre in-
ma para que se encontre a sua solução. Não é nada com- visíveis a olho nu, se reproduzem a partir de outras bacté-
plicado, vários profissionais como médicos, engenheiros e rias. Mas uma das grandes descobertas, que revolucionaria
professores seguem essa metodologia. Nós também pode- a saúde no planeta, proporcionando grandes avanços na
mos segui-la em situações onde a nossa interferência pode qualidade de vida da população, foi a descoberta da peni-
ser decisiva para vida de outra pessoa. cilina por Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary’s
Hospital, de Londres em 1920.
5
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
6
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Dando uma olhada na lâmina que estava com proble- vas tecnologias com entusiasmo e ao mesmo tempo com
ma, Bell viu que um parafuso estava muito apertado, im- certa apreensão, ou seja, medo das mudanças. Foi assim
pedindo que o contato elétrico gerado entre a lâmina e que as pessoas reagiram e ainda reagem frente à televi-
o eletroímã fosse rompido, isso causava a interrupção da são de plasma, ao computador, ao telefone celular e mais
transmissão de pulsos elétricos para a outra sala. Intrigado, recentemente à Internet. Esta última veio acrescentar mais
Bell começou a quebrar a cabeça imaginando o que havia algumas opções de escolhas em nossas vidas e até encur-
acontecido. De repente, compreendeu que, quando a lâ- tar grandes distâncias no planeta como um todo. Pode ser
mina de aço vibrou diante do eletroímã, ela produziu uma agradável ver alguém que está distante através do moni-
corrente elétrica na bobina e essa corrente elétrica produ- tor, ouvir música, enviar documentos, ler livros e até marcar
ziu a vibração no aparelho que estava na outra sala. uma viagem utilizando o computador. A máquina nos pro-
O princípio da física que explicava esse fenômeno não porcionou uma interação nunca antes vista pelas pessoas.
era novo. Michael Faraday já havia demonstrado, quarenta Com a invenção do telefone a humanidade resolveu
anos antes, que o movimento de um pedaço de ferro perto uma parte do seu problema de comunicação, mas ainda
de um eletroímã podia criar vibrações elétricas do mesmo precisava resolver o problema da saudade das pessoas que
tipo. Porém, apesar desse fenômeno já ser conhecido, foi só estavam longe. Uma viagem de navio entre a Europa e a
nesse dia que Bell percebeu que poderia usá-lo para fazer América, por exemplo, demorava meses nos navios a vapor.
o que tanto queria: transmitir a voz através da eletricidade. Além disso o homem tinha um velho desejo, voar
como os pássaros. Esse desejo se manifestou na antiguida-
de através da lenda de Ícaro que construiu uma asa usando
penas e cera e conseguira voar, só que voou tão alto e tão
perto do sol que o calor derreteu a cera das suas asas. Leo-
nardo Da Vinci, séc. XV, também realizou diversos estudos
tentando alçar vôo.
O homem acreditava que para voar precisaria de asas
como as dos pássaros. Mas com muitos estudos e obser-
vações ele percebeu que ao bater as asas os pássaros for-
çavam o ar para baixo enquanto seus corpos eram jogados
para cima em reação à forca exercida sobre o ar. O segredo
talvez não fosse as asas e sim fazer com que o ar jogasse
um objeto para cima. Ao perceber isso e que o ar quente
era mais leve (ou menos denso) que o ar frio, o homem foi
capaz de criar várias formas de voar, todas tendo como
Figura1.4 - Os primeiros diagramas do telefone, desenha-
principio a reação à resistência do ar.
dos por Bell em junho de 1875.6
Por exemplo, os balões dirigíveis eram impulsionados
Nesse mesmo dia, antes de ir para casa, Bell deu ins- para cima porque o ar frio, mais denso, empurra para cima
truções a Watson para que construísse um novo aparelho, o ar quente contido no seu interior. As asas dos aviões em-
adaptando o antigo dispositivo, com a finalidade de captar purram o ar para baixo quando eles ganham velocidade,
as vibrações sonoras do ar e produzir vibrações elétricas. em reação os aviões decolam. Na verdade Newton já havia
Estava assim inventado o primeiro telefone da história. percebido, muito antes da invenção do avião, que os movi-
mentos dos corpos de um modo geral se sustentam em vir-
INTERNET? QUE COISA É ESSA? tude das forças de reação. As conclusões de Isaac Newton
deram a origem a sua terceira lei, a lei da ação e reação:
7
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Leia atentamente o trecho de um artigo de Adriano M. Branco, engenheiro e administrador, publicado no jornal O
Estado de São Paulo intitulado O Mundo dos Desperdícios:
- Um pequeno produtor de milho de Minas Gerais, entrevistado, disse ter, habitualmente, perdas de 70%. São os
carunchos, os ratos, a umidade, o transporte, etc., etc., que causam isso.
Espantada, a jornalista perguntou: “Mas o senhor não pode melhorar o seu processo de armazenamento e trans-
porte?” Ao que ele respondeu: “Fica muito caro.” E ela retrucou: “Para isso você conta com o financiamento do
Banco do Brasil.” A resposta foi triste: “Aí eu perco minha terra...”
Esse pequeno produtor - e as nossas grandes safras dependem muito dos pequenos produtores - encontrava,
afinal, o seu equilíbrio econômico. Perdia 70% de sua safra, mas conseguia sobreviver, sem o risco de empenhar
a sua terra para se modernizar. A famosa “viabilidade econômica”, acoplada à “taxa interna de retorno”, estava
resolvida.
O sitiante perdia 70% de seu produto, a Ceasa jogava fora 80 toneladas de alimentos todos os dias. Mas, no frigir
dos ovos, estava tudo nos conformes. (Por falar em ovos, o município de Bastos, o maior produtor do Brasil, perdia
10% de sua produção de ovos por falta de pavimentação de uma estrada de 15 quilômetros que, quando feita,
reduziu as perdas para 2%...). Tudo estava na conformidade de um conceito econômico que não leva em conta as
perdas ambientais.
Veja que, se o pequeno agricultor perdesse só 10% de seu milho, ele poderia realizar a mesma produção em um
terço da área, consumindo um terço dos fertilizantes, da água e da própria força de trabalho. Nossos descenden-
tes, beneficiados porque o mundo não acabou, agradeceriam.
Os milhares de toneladas de alimentos que se perdem na Ceasa, nos transportes, etc., etc., significam demandas
feitas à natureza, sem nenhum retorno.
Resolver esses problemas da produtividade nacional não é apenas uma questão econômica, mas, acima de tudo,
um “problema ético”, como bem demonstrou o cientista Samuel Murgel Branco em seu livro: Meio Ambiente, Uma
Questão Moral.
Este trecho do artigo nos mostra que não basta ter a tecnologia e o desenvolvimento científico ao nosso favor para
que possamos satisfazer e superar nossas necessidades. É preciso também haver uma mudança de cultura, é preciso que
a sociedade de um modo geral tenha conhecimento e educação para acompanhar e poder se beneficiar deste desenvol-
vimento.
O Brasil apresenta uma produtividade agrícola 27% menor em relação a obtida pelos americanos. Isso significa que
precisamos de mais terras cultiváveis, consumimos mais fertilizantes e mais defensivos agrícolas, poluímos mais nossos
solos e águas subterrâneas, produzimos mais lixo e temos que nos livrar dele, ou seja, estamos consumindo rapidamente
nosso solo e nossos recursos para produzir menos.
Ao longo dos anos, o lixo em particular passou a ser uma questão de interesse global. E os problemas são os mesmos
de um lado a outro do globo: o destino do lixo e seu acondicionamento inadequado têm trazido graves problemas a todas
as nações. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre
o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens).
O “lixo” é uma grande diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles, o resíduo sólido urbano
gerado em nossas residências.
Nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço mundial da indústria provocando mu-
danças nos hábitos de consumo da população, vem-se gerando um lixo diferente daquele que se produzia há 50 anos, em
quantidade e diversidade. Até mesmo nas zonas rurais encontram-se frascos e sacos plásticos acumulando-se devido a for-
mas inadequadas de descarte. Em um passado não muito distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos
por habitante/ano; no entanto, hoje, países altamente industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 700 kg/
hab/ano. No Brasil, o valor médio verificado nas cidades mais populosas é da ordem de 180 kg/hab/ano.
O avanço da tecnologia para reciclagem do lixo tem um papel importante tanto ambiental como social. Ambiental por-
que evita que materiais que levariam centenas de anos para se decompor sejam enterrados no solo. Social porque existem
diversas cooperativas de trabalhadores que encontram na coleta, separação e processamento do lixo reciclável uma forma
de conseguir renda e viver com dignidade.
8
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Na maior parte do tempo, invisível, mas sempre pre- Todos os trabalhos envolvidos nessas mudanças, des-
sente, a poluição atmosférica é um fator extremamente cobertas e desenvolvimento de tecnologia seguiram pa-
importante na degradação da qualidade de vida das popu- drões, metodologias, etapas, pesquisas, etc. Mas não pense
lações urbanas. Em São Paulo por exemplo pesquisadores você, que foram somente estes fatores que levaram estes
do Departamento de Poluição Atmosférica da Faculdade homens na busca destas descobertas. Houve também mui-
de Medicina da USP mostraram que, quando aumenta o ta persistência, força, trabalho, estudo, horas mal dormidas,
nível da poluição do ar, o que acontece principalmente no frustrações (... nem tudo dava certo!). Mas uma coisa pode
inverno, cresce em até 12% a taxa de mortalidade por pro- ter certeza, além de muito conhecimento, foram movidos
blemas respiratórios entre os idosos e sobe em até 20% o por um espírito de mudanças, para promover mais qualida-
número de internações hospitalares de crianças. No perío- de de vida à sociedade como um todo.
do em que a pesquisa aconteceu (1996 - 1997), a capital
recebia, anualmente, 3 milhões de toneladas de poluentes, AGORA É A SUA VEZ!
sendo 90% emitidos por gases dos veículos motores. O
Atividade 1
principal poluente é o monóxido de carbono (CO), do qual
A amônia (NH3) é uma substância gasosa a tempera-
foram emitidas quase 2 milhões de Toneladas.7 De posse
tura ambiente. Ela pode ser produzida através da reação
desses dados a prefeitura de São Paulo instituiu algumas
entre duas moléculas do gás nitrogênio (N2) e três molé-
medidas para diminuir a concentração de poluentes na ci-
culas do gás hidrogênio (H2). Esta reação dá como produto
dade: duas moléculas do gás amônia. Assinale a alternativa que
- Criou os corredores de ônibus para que estes cir- mostra corretamente a equação que representa a síntese
culem mais rápido e estimulem seu uso pela população da amônia.
que anda de carro. (A) N2(s) + H2 (g) → NH3 (g)
- Limitou o trafego de veículos pequenos como car- (B) N2(g) + H2 (g) → NH3 (g)
ros e caminhonetes no centro da cidade. (C) N2(s) + 3H2 (S) → 2NH3 (g)
- Ampliou as linhas de metrô que funcionam com (D) N2(g) + 3H2 (g) → 2NH3 (g)
energia elétrica.
- Instituiu o rodízio municipal para diminuir o nú- Atividade 2
mero de carros e melhorar o trânsito. Sobre invento de Graham Bell e o mundo atual, pode-
Nos dias de hoje há uma tendência de queda nesses mos relacionar:
níveis de poluentes devido a entrada em circulação de no- (A) o combate às bactérias.
vos motores e o uso obrigatório de catalisadores nos es- (B) a diminuição das distâncias no globo terrestre,
capamentos dos veículos. Contudo sabemos que não é tão aproximando mais as pessoas.
simples, os carros são menos poluentes mas a frota urbana (C) não proporcionou nenhuma vantagem, pois atual-
cresce sem parar. mente utilizamos o email.
A compreensão da problemática do lixo e a busca de (D) é uma tecnologia ultrapassada, pois hoje podemos
sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tec- utilizar o aparelho celular que não tem nada haver com o
nologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão invento dele.
não sobre o lixo em si, no aspecto material, mas quanto ao
seu significado simbólico, seu papel e sua contextualização Atividade 3
social e cultural.8 Em 1864, o cientista Louis Pasteur comprovou que os
Bom! Agora você começou a entender e até pensar de microrganismos estavam presentes no ar e inventou a pas-
teurização, isto é, o processo pelo qual se eliminam os mi-
modo cientifico, refletindo cada vez mais, podemos perce-
crorganismos presentes no alimento por meio da elevação
ber quantas mudanças foram feitas pelo homem, através
da temperatura e de um rápido resfriamento. Atualmente,
da ciência no seu cotidiano.
utiliza-se a pasteurização, a fervura e o salgamento para:
É importante que você se familiarize com a linguagem
(A) melhorar o sabor dos alimentos.
e o trabalho dos cientistas, buscando explicar assuntos tão (B) facilitar o cozimento dos alimentos.
importantes como a origem da vida, o aparecimento das (C) auxiliar a digestão dos alimentos.
espécies, a estrutura e as propriedades da matéria, a or- (D) reduzir a contaminação nos alimentos.
ganização do Universo, a natureza da luz e tantos outros.
Freqüentemente, esses assuntos não acabam com a apre- Atividade 4
sentação de uma teoria que consiga explicar o que está Quando os pesquisadores anunciam a descoberta de
sendo estudado. Novas descobertas, revisão de estudos já um novo remédio, a sociedade pode ficar tranqüila, pois:
completados e a troca de informação sobre os estudos e (A) a doença pode ser considerada erradicada no mundo.
experiências podem resultar em novas teorias, que expli- (B) por ser pesquisada por cientistas, rapidamente,
cam melhor ou que completam as que já existiam. pode ser aprovada sua utilização pela população.
(C) o remédio será testado apenas em algumas pes-
7 (Notícias FAPESP, no 21, Junho de1997). soas, que não tem nenhum problema de saúde.
8 Lixo:conseqüências, desafios e soluções, (D) serão feitos testes padronizados para averiguar sua
Geila Santos Carvalho segurança e eficácia.
9
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5 Capítulo 2
(ENCEEJA 2005) De Thomas Malthus, estudioso da de-
mografia, Darwin adotou uma idéia crucial: nem todos os
indivíduos que nascem conseguem sobreviver e se repro- O Papel da Tecnologia no nosso Mundo
duzir em função das limitações de alimento e espaço. Dar-
win estendeu esse conceito a todas as espécies. Assim, a COMPREENDER O PAPEL DAS CIÊNCIAS NATU-
superabundância de filhotes, como no caso de alevinos de RAIS E DAS TECNOLOGIAS A ELAS ASSOCIADAS, NOS
salmão, dá origem à competição, sobrevivendo só os mais PROCESSOS DE PRODUÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO
bem adaptados. ECONÔMICO E SOCIAL CONTEMPORÂNEO.
National Geographic - Brasil/ Nov. 2004, pág. 55, com
adaptações. José Luis de Souza
De acordo com o texto, podemos afirmar que ele se
refere
à evolução com base na:
(A) migração.
(B) explosão demográfica.
(C) seleção natural.
(D) deriva genética
10
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Em seguida vieram as fitas cassete, onde as gravações eram Será que é possível resolver esta equação onde desen-
magnéticas, registradas pelo ajuste magnético de partículas volvimento e ambiente poderão conviver em harmonia?
compostas por ferro e cromo. Por fim vieram os CDs, lidos Talvez sim com muito esforço e estudos, mas com certe-
por um feixe de raios lazer que ao incidir no disco sofre inter- za não será resolvido sem os conhecimentos das Ciências
ferência da sua superfície e ao atingir um detector transfere Naturais e nem sem pessoas qualificadas para utilizar este
as informações gravadas neste disco e agora, os famosos pen conhecimento. Você será uma delas!
drives e cartões de memória podem gravar centenas de mú-
sicas digitalizadas e outros tipos de dados. ONDAS POR TODOS OS LADOS
Perceba que em pouco tempo as chamadas “mídias”
passaram do armazenamento físico de dados, para o mag- Você já percebeu que hoje em dia muitas pessoas e
nético e do magnético para o digital. A tecnologia envolvida talvez até você mesmo use uma chave com controle re-
neste desenvolvimento se baseia na informática, nas teleco- moto para abrir e fechar o carro? O portão da casa ou da
municações e na robótica. garagem do prédio também são abertos e fechados assim.
No século XVIII, a utilização das primeiras máquinas Quando seu telefone sem fio toca, você pega o controle
representou uma profunda transformação na produção de remoto para abaixar o volume da TV ou do rádio para po-
bens manufaturados em relação às técnicas artesanais da der atender. E mesmo o seu rádio e TV; como as imagens e
Idade Média. Hoje em dia, as transformações do modo de sons chegam até eles?
vida da sociedade estão baseadas na informação, no conhe- Tudo isso é possível graças à utilização das ondas ele-
cimento e na capacidade de transformá-los em objetos para tromagnéticas. Essas ondas são perturbações (oscilações)
consumo. Isso é tão forte que o momento pelo qual passa- causadas voluntária ou involuntariamente em campos
mos atualmente é conhecido como Era da Informação. magnéticos, elas transportam sinais através do ambiente
A utilização de robôs nas linhas de montagem das indús- sem a necessidade de fios, podem atravessar paredes e até
trias, por exemplo, aumentou espantosamente a produtivida- o espaço, por isso podemos dizer que elas estão em todos
de, atendendo ao rápido aumento do consumo que temos os lugares. Para você ter uma idéia de como viajam rápido,
hoje. Seria impossível, apenas com a habilidade manual dos elas se deslocam no ar a uma velocidade de 300.000 Km/s.
seres humanos, produzir tantos aparelhos pequenos e delica- Quando você liga seu rádio esperando ouvir sua músi-
dos em tão curto espaço de tempo e em quantidade suficiente ca favorita saiba que a estação de rádio que você quer ou-
para suprir a demanda por eles. Mas sem o desenvolvimento vir opera em uma determinada freqüência. Esta freqüência
da informática, a robótica pouco avançaria, visto que tanto os é o número de oscilações que a onda eletromagnética rea-
movimentos dos robôs como o projeto para desenvolvê-los liza por segundo. Por exemplo, uma rádio que opera em
são realizados por sistemas de informática especializados. 90 quilohertz (kHz), transmite sua programação com uma
O desenvolvimento da informática exigiu também o rápido onda que produz 90.000 oscilações por segundo. Isso não
desenvolvimento da tecnologia de comunicações. A quantida- acontece somente com o rádio, mas também com a televi-
de e a transmissão das informações acontecia tão rápido que são, o celular, e outros aparelhos.
foi necessário inventar instrumentos, que fizessem sua troca e
transporte também extremamente rápidos. Um exemplo disso
Freqüência é o número de oscilações que a onda
é a fibra ótica utilizada em linhas telefônicas que além de trans-
eletromagnética realiza por segundo.
mitir a fala das pessoas, transmitem também dados, imagens,
músicas, textos, etc. São essas fibras que tornam viável a rede
Para evitar confusões existe uma faixa de freqüência para
mundial de computadores, a internet. Através dela, de casa ou
cada tipo de serviço. Você não ouve rádio tentando sintonizar
do trabalho, podem-se movimentar contas bancárias, acessar
informações em computadores do outro lado do planeta ou um canal de TV, nem ouve a conversa de um celular quando
conversar com diversas pessoas ao mesmo tempo. liga o rádio. As ondas não se confundem porque têm tama-
Assim como na revolução industrial do século XVIII, as má- nhos ou comprimentos diferentes. Observe as figuras a seguir:
quinas atuais substituíram milhares de empregados nas linhas de
montagem, produção e serviços nas grandes cidades. Hoje você
usa um cartão magnético para gerenciar sua conta bancária. Não
necessita mais do gerente, do recepcionista, do caixa do banco,
porque além do serviço por telefone fixo, pode utilizar também
o celular e a internet para resolver seus problemas bancários. Até
tarefas simples como a do cobrador de ônibus estão sendo reali-
zadas por máquinas deixando muitas pessoas sem trabalho.
O que gerou melhoria na qualidade de vida para milhões
de pessoas também criou um grande problema social ele-
vando muito a taxa de desemprego deixando milhares de
pessoas de fora da economia formal. O meio ambiente tam-
bém sofreu com esta corrida tecnológica, pois muitas das
matérias primas utilizadas na produção desta tecnologia não
são biodegradáveis e vários dos processos de produção são Figura 2.2 – Representação esquemática de duas ondas
altamente poluentes. com freqüências e comprimentos diferentes.
11
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Perceba através das ondas mostradas na figura que é possível caber mais ou menos oscilações no espaço de 1 segundo.
Onde cabem mais, elas aparecem mais vezes porque são mais curtas, dizemos que elas apresentam maior freqüência. Elas
carregam mais energia que as ondas mais longas que cabem menos vezes no espaço de um segundo, ou seja, as ondas
longas têm menor freqüência e transportam menos energia. Portanto, os aparelhos de comunicação que operam em
regiões distantes dos centros urbanos e muito isoladas utilizam as ondas curtas, pois tendo maior energia podem se
propagar por distâncias maiores.
Existe um grupo bem grande dessas ondas viajando pelo ar com a mesma velocidade. O que elas possuem de dife-
rente são o comprimento e a freqüência. Este grupo de ondas é chamado de espectro eletromagnético.
Figura 2.3 – Representação do espectro eletromagnético mostrando comparações entre os comprimentos das ondas e
objetos mais próximos do cotidiano. 9
Espera um pouco, tem um jeito sim de ondas de rádio se confundirem no espaço! Isso tem sido percebido principal-
mente na comunicação de aviões com as torres de controle. Existem rádios clandestinas que transmitem a programação
em faixas de freqüência não autorizadas pelo governo. Quando a freqüência coincide com aquela utilizada pelos aviões
elas interferem e, se forem mais intensas, ouve-se a rádio e não as vozes da comunicação entre pilotos e controladores
de vôo. Criar e operar rádios piratas são ações criminosas e muito perigosas, não ouça! E se você conhecer alguma,
denuncie, pratique sua cidadania.
12
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
De qualquer forma, todas essas radiações de freqüência superior às da luz visível têm muitos usos clínicos e industriais.
Pois é! Como se pode ver, estamos em um campo polêmico mesmo! Os benefícios da utilização das ondas são certos, mas
os riscos… são riscos e, por isso, devem ser conhecidos, reduzidos e, quando possível, eliminados10.
Neste ponto a tecnologia também nos ajuda. Vejamos, como funciona o forno de microondas, um equipamento bastante
conhecido hoje em dia nas cozinhas (principalmente nas cozinhas de quem tem crianças pequenas em casa), que utiliza uma
determinada faixa de freqüência. A microonda utilizada por todos os aparelhos é bem curta e possui uma freqüência padrão de
2.450 kHz. Estas ondas têm o comprimento das ligações químicas que mantém os átomos de hidrogênio e oxigênio da água
unidos. Ao ligar o forno essa onda faz com que as moléculas de água contidas nos alimentos se agitem. Essa agitação é trans-
ferida para as demais partículas que compõem os alimentos, aumentando sua temperatura.
As microondas são refletidas por metais, logo, não atravessam as paredes do forno, mas elas podem atravessar o vidro, a
porcelana e o papel. A microonda não atravessa a porta de vidro do forno, porque ela possui, em sua parte interna, uma rede
metálica que reflete a microonda, não é genial?!
Voltando aos controles remotos, eles utilizam ondas que geram a radiação infravermelha, a mesma que também é usada em
sistemas de alarmes. O que você pode não saber é que todos os corpos quentes emitem este tipo de radiação. O sol é a maior fonte
dela, mas os corpos dos seres vivos, a chama do fogão e lâmpadas também são capazes de emiti-la. Os controles remotos emitem
um raio infravermelho que é captado por um sensor e traduzido em impulsos elétricos que fazem os aparelhos funcionar.
AS ONDAS NA MEDICINA
O RAIO X
Os raios X são muito úteis à medicina. Eles servem para detectar fraturas e problemas nos ossos e outros órgãos do corpo.
Veja por quê.
Os raios X são absorvidos pelos ossos, mas atravessam tecidos menos densos. Então, se uma parte do corpo for exposta aos
raios X e estes forem captados em um filme fotográfico, os ossos aparecem como regiões mais claras (que não foram atraves-
sadas pelos raios) em fundo escuro (as regiões que foram atravessadas). Essa imagem é chamada radiografia e é usada para
detectar fraturas e outros problemas.
A exposição freqüente aos raios X é perigosa. As pessoas que trabalham com essa radiação devem se proteger com
aventais de chumbo ou ficar atrás de paredes especiais durante a radiografia. A sala de exame onde o aparelho se localiza
não tem móveis, possui paredes metálicas, revestidas de chumbo e o técnico sai da sala para acionar o aparelho.
OS RAIOS GAMA
Os raios gama são as ondas com freqüência mais alta produzidas por materiais radioativos. Por terem grande poder
de penetração, podem destruir as células dos organismos. Mas, usados sob condições controladas, são capazes de destruir
também certos tumores, sem danificar as células sadias. É o tratamento conhecido como radioterapia usado para tratar
certos tipos de câncer.
Outro uso dos raios gama na medicina é a obtenção de imagens do interior do corpo. Um composto contendo
elemento radioativo é administrado ao paciente e, após certo tempo, um aparelho detecta a radiação gama emitida
por esse elemento radioativo, processa os dados colhidos e constrói a imagem. Um dos exames que utiliza esse
processo é chamado de cintilografia.
10 FALCÃO, Daniela. Ondas eletromagnéticas poluem o ar das cidades. Folha de S. Paulo, São Paulo, 22 nov.
2000. Caderno Equilíbrio, p. 10-12.
11 HTTP://Educar.SC.USP.br
13
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA
A radiação ultravioleta é produzida quando elétrons mudam de nível de energia nos átomos. O Sol é uma
grande fonte de radiação ultravioleta. Ela é muito importante para nosso organismo, pois auxilia no processo de
síntese da vitamina D. A radiação ultravioleta é usada na medicina em exames diagnósticos e também na odon-
tologia, com a finalidade de endurecer as resinas utilizadas nas restaurações dentárias. Por outro lado, a radiação
ultravioleta é um agente cancerígeno, que aumenta a possibilidade de desenvolvimento de câncer de pele nas
pessoas que se expõem à radiação solar com freqüência.
O índice Ultravioleta (índice UV ou IUV) foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde em conjunto com a
Organização Meteorológica Mundial como parte de um esforço internacional para promover a divulgação da informação
sobre os riscos da exposição ao sol.
O IUV é uma medida da intensidade da radiação ultravioleta incidente sobre a superfície da Terra. É uma escala de
valores relacionados ao fluxo de radiação ultravioleta e aos seus efeitos sobre a pele humana.
Para o cálculo do IUV é imprescindível levar em consideração alguns elementos, tais como:
• concentração de ozônio: principal responsável pela absorção de radiação UV;
• posição geográfica da localidade: quanto mais distante da linha do equador, menor o fluxo de radiação UV;
• altitude da localidade: quanto mais alta a localidade, maior a quantidade de energia ultravioleta incidente na su-
perfície;
• horário do dia: cerca de 70% a 80% da radiação UV incide entre as 9 h e 15 h; portanto deve-se evitar tomar sol
por longos períodos nesses horários;
• estação do ano: no verão, a quantidade diária de energia de UV por área é maior que no inverno;
• condições atmosféricas: presença de nuvens e partículas em suspensão na atmosfera diminuem a quantidade de
radiação UV;
• tipo de superfície: dependendo do tipo de superfície, a radiação UV pode ser mais ou menos refletida
14
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
POR QUE VEMOS OS OBJETOS A luz branca, que citamos agora a pouco e que provém
do Sol é, na verdade, a junção de todas as cores do arco-íris.
O que acontece quando a luz do sol atravessa a água da
chuva é o mesmo que acontece quando um feixe dessa luz
atravessa um prisma, um aquário com água, um vidro ou
plástico transparente. Ao trocar de meio de propagação (o
meio por onde ela viaja), percebemos sua decomposição nas
cores do arco-íris. Este fenômeno é chamado de refração.
15
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Muitos instrumentos foram produzidos utilizando os conhecimentos sobre o comportamento da luz, os óculos utili-
zados por inúmeras pessoas para corrigir defeitos da visão, telescópios e microscópios. Inspirados no funcionamento dos
olhos, os físicos e engenheiros fizeram experiências, e depois de muito estudo fabricaram a máquina fotográfica e a câmera
de vídeo. No entanto, por mais que esses aparelhos se modernizem, jamais serão tão perfeitos quanto o seu olho! Mas
funcionam de forma parecida. Observe:
Figura 2.11: Formação da imagem no olho humano e em uma máquina fotográfica analógica.14
13 www.dhnet.org.br
14 www.coepiaui.com.br
16
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Ops! Mas a imagem está de ponta cabeças, por que então Leia os versos de uma música do cantor Lulu Santos:
enxergamos as coisas da forma direita? Isso acontece porque “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...
os sistemas de lentes que diminuem a imagem para que ela Tudo passa, tudo sempre, passará...
chegue até o cristalino fazem com que ela se inverta. Quando A vida vem em ondas como o mar...
o cérebro recebe os impulsos desta imagem ele se encarrega Num indo e vindo infinito.”
de endireitar e por isso vemos as coisas corretamente. Eles falam de uma onda que se propaga na água, por-
Às vezes nossos olhos têm algum problema, fica doente tanto um meio material. Você acha possível que esta onda
ou envelhece e não consegue mais formar uma imagem nítida. seja do mesmo tipo das ondas de rádio? Se pensou que
Os distúrbios de refração, causados por problemas no não, acertou!
cristalino ou na córnea, são problemas de visão que são corri- As ondas, de um modo geral, possuem uma proprieda-
gidos com o uso de óculos ou lentes de contato, e até mesmo de muito conhecida: elas são capazes de transportar ener-
com cirurgia refrativa na córnea, em alguns casos. Podem vir gia sem transportar matéria. Em outras palavras, em sua
ou não associados a doenças oculares mais graves, que serão propagação, as ondas transportam energia sem carregar
avaliadas pelo médico oftalmologista. Cada caso abaixo pode os objetos por onde passam. Observe que, ao recebermos
vir puro ou associado a outro distúrbio de refração. São eles: uma informação de origem sonora (e isso ocorre de manei-
• Miopia - Os portadores de miopia têm dificuldade para en- ra constante no nosso dia-a-dia), nós não somos empur-
xergar longe. Em alguns casos, a visão também é ruím para perto. rados na direção de propagação da onda. Simplesmente
• Hipermetropia - Os portadores de hipermetropia têm sentimos a energia sonora ressoar nos nossos tímpanos.
dificuldades para enxergar perto. Em graus maiores, a dificul- O som é a impressão resultante da vibração de cor-
dade pode ser também para longe. pos que alcança nosso ouvido por meio de ondas elás-
• Presbiopia - Também chamado de vista cansada, co- ticas. Como o som é uma onda elástica, precisa de um
mum após os 40 anos. Como a elasticidade da lente do meio material para a sua propagação. Em conseqüên-
olho diminui com o decorrer do tempo, a capacidade de cia, ele não se propaga no vácuo.
focalização de objetos próximos se reduz com o envelhe-
cimento da pessoa, causando um problema semelhante
à hipermetropia. Os portadores têm dificuldades para en- As ondas que precisam de um meio material para
xergar perto, principalmente para leitura de letras pequenas, se propagar são chamadas de ondas mecânicas
para costurar, para colocar a linha no buraco da agulha e para ou elásticas.
escrever. Frequentemente estas pessoas afastam os objetos
para que possam enxergar melhor. A maioria das pessoas O som se propaga no ar por meio de ondas elásti-
que nunca usou óculos, nem nunca precisou usar, cairá neste cas longitudinais, com uma velocidade de 340 m/s (ou
grupo após os 40 anos de idade, com algumas exceções. A 340 metros a cada segundo) a 15°C. A velocidade de
dificuldade para perto tende a piorar com a idade. propagação varia de acordo com o meio material no
• Astigmatismo - É um defeito existente na curvatura do qual ele se propaga e também com o aumento de tem-
cristalino, resultando em dificuldade para enxergar em deter- peratura. Por exemplo, na água, a velocidade do som a
minada posição e não em outra. É corrigido com lentes de 20°C de temperatura é de 1480 m/s.
óculos chamadas “cilíndricas”. O ouvido humano percebe vibrações sonoras quando
elas têm freqüência compreendida entre o limite mínimo
ONDAS SONORAS de 20 Hz e máximo de 20000 Hz. Vibrações de freqüência
Mas e o som? Ah o som também é uma onda! Mas não inferior a 20 Hz são chamadas de infra-sons, enquanto
uma onda eletromagnética como descrevemos até agora, ele que as vibrações acima de 20000 Hz são consideradas
é uma onda mecânica, como aquela que podemos gerar na ultra-sons. O nosso ouvido não é sensível às vibrações
água quando jogamos uma pedra dentro dela. caracterizadas por infra-sons e ultra-sons, portanto, não
são audíveis. Certos animais, como: golfinho, cachorro e
morcego conseguem perceber sons de freqüência supe-
rior a 20000 Hz.
Quantas vezes alguém já chegou para você quando
estava ouvindo música e pediu para abaixar o som? No es-
tudo da acústica pela física a altura representa uma coisa
totalmente diferente do sentido que usamos no dia a dia.
Você sabe que há vozes mais agudas e vozes mais gra-
ves e também notas musicais mais agudas e notas mais
graves. Essa característica que nos permite distinguir sons
agudos de graves é a altura do som. A altura de um som
está relacionada com a freqüência da onda sonora: quanto
maior a freqüência, maior a altura, ou seja, mais agudo é o
som. Como você viu, a orelha humana capta sons que vão
Figura 2.12: Perturbação causada na água após o lançamento
de 20 hertz, que correspondem a sons muito graves, até 20
de um objeto sólido.15
quilohertz, que são os sons mais agudos.
15 www.vamosinteragir.wordpress.com
17
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Em nosso cotidiano, estamos acostumados a pedir para que uma pessoa fale mais alto ou mais baixo. Mas, como você
acabou de ver, nos meios científicos, e também musicais, a altura do som indica se ele é grave ou agudo. Assim, ao pedir
que uma pessoa fale mais alto, estamos pedindo que ela fale com voz mais aguda. Na realidade em situações como essa
onde queremos que ela fale mais “baixo”, queremos que ela fale com menor intensidade. Ou deveríamos pedir à pessoa
que fale mais forte, ou mais fraco. Esquisito né?
A intensidade do som depende da amplitude da vibração das partículas por onde a onda passa: quanto maior a ampli-
tude, maior a intensidade, ou seja, mais forte é o som.
A intensidade corresponde também à quantidade de energia transportada: quanto maior a energia da onda que chega
até nossos ouvidos, mais intenso será o som que recebemos. Só que essa energia se distribui pelo espaço e, quanto mais
distante da fonte, menor a amplitude da vibração das partículas e menor a energia que chega aos nossos ouvidos, ou seja,
menor a intensidade do som.
No Sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade de intensidade do nível sonoro (N) é o bel, representado
por (B) em homenagem a Graham Bell, inventor do telefone. Na prática, o bel tornou-se uma unidade de medida
muito grande, por isso, é comum utilizar-se uma medida dez vezes menor, o decibel representado por (dB). (N =
10 dB) é a menor Intensidade sonora que o ouvido humano consegue perceber, enquanto que ( N = 120 dB ) cor-
responde ao limite máximo. Acima disso, a sensação sonora torna-se dolorosa. Uma idéia prática. do que significa
120 dB é o barulho das turbinas de um avião a jato durante a decolagem.
Observe na tabela a seguir o nível aproximado da intensidade do som medido próximo da fonte emissora:
Intensidade em
Fonte emissora
decibéis (dB)
Tique taque de relógio, sussurro, respiração normal 10
Conversa em tom normal 60
Aspirador de pó 70
Rua com tráfego intenso 80
Liquidificador em velocidade máxima 90
Britadeira, buzina, carro com o escapamento aberto, danceteria 110
Avião a jato a 100m de distância, show de rock “pesado” 120
Decolagem de jato 150
A audição humana consegue diferenciar nitidamente o som de um violão e de uma guitarra, por exemplo, isto porque
eles possuem timbres diferentes. Timbre é a qualidade que permite distinguir dois ou mais sons de mesma altura e mesma
intensidade emitidos por diferentes fontes sonoras.
Assim como fizemos com o olho podemos associar física e biologia para entendermos o mecanismo da audição.
18
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
19
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O eco é de fundamental importância para os morcegos. Como são criaturas com grau de visibilidade extremamente
limitada, eles conseguem perceber os obstáculos à sua frente através da emissão de ultra-sons. Os morcegos emitem, pela
boca ou narinas, ondas com freqüência variável que chegam a até 150 kHz, ou seja, na faixa do ultra-som. Com o intervalo
de tempo decorrido entre o som emitido e o refletido, ele consegue localizar presas e evitar obstáculos durante o vôo no
escuro. Consegue, inclusive, identificar a dimensão e a forma dos objetos.
A vantagem do ultra-som é que ele pode ser emitido de forma mais concentrada e dirigida, como um raio de luz sobre
um obstáculo, sem se espalhar tanto quanto o som. O ser humano se vale da tecnologia para emitir e captar ultra-sons.
O mesmo principio é usado nos sonares de navios para encontrar cardumes de peixes, recifes, submarinos e também na
procura por depósitos de petróleo. Estes instrumentos foram muito úteis na descoberta do posto petrolífero de Tupi, no
litoral Sul de São Paulo que te teve sua produção iniciada em 1 de maio de 2009.
Golfinhos também emitem e captam ultra-sons para se deslocar em profundidades onde há pouca luz ou à noite. Emi-
tem também uma ampla faixa de sons para se comunicar entre si.
Na faixa de 1 a 10 MHz, o ultra som é usado também para fazer ultra-sonografia, com aparelhos que permitem observar
os órgãos do corpo e diagnosticar algumas doenças ou para examinar o desenvolvimento do feto durante a gravidez. Por
esse exame, é possível examinar órgãos que não são bem visualizados por raios X. A ultra-sonografia é usada também em
fisioterapia, para acelerar a cura de lesões nas articulações.
“Em oito estados do nordeste 15 pessoas já morreram e ao menos 80 mil estão fora de casa em razão das chuvas
que começaram em abril.”
“O estado mais atingido é o Maranhão, onde há 24.129 desalojados, agora instalados na casa de amigos e parentes,
e 15.557 desabrigados, levados para abrigos temporários. Foram seis mortes no estado - a maioria por desabamen-
tos.”
“O meteorologista Eládio Barros da Silva, do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), diz que em todas as capi-
tais da região - com exceção de Aracaju e Maceió – Choveu mais do que o esperado em abril.” (da Folhapress)
Correio Popular
O texto que você acabou de ler são trechos de uma reportagem que fala sobre o excesso de chuvas nas regiões norte
e nordeste do país.
A água é um bem indispensável e essencial à existência da vida. Boa parte da água que precisamos está suspensa na
atmosfera junto com o ar que respiramos. Sob determinadas condições atmosféricas esta umidade pode se concentrar em
determinadas regiões do planeta e provocar um grande excesso de chuvas. É isto que estava ocorrendo no momento da
reportagem. Um fenômeno conhecido como La Niña provoca o resfriamento das águas do oceano pacifico. A evaporação
diminui e os ventos frios e secos não conseguem avançar sobre o continente. Quando avançam essas frentes frias não con-
seguem provocar chuvas na região Sul e ainda seguram o ar úmido próximo ao equador, fazendo com que toda a chuva
caia por lá.
16 www.e-familynet.com
20
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O excesso de chuva causa enchentes, deslizamentos e ná-la. O problema não se limita às grandes cidades. Afeta
várias outras situações que castigam a população. Mas não é também regiões mais afastadas e não terá solução sem a
o clima o único responsável pelas catástrofes que ocorrem. O participação e conscientização da sociedade.
homem tem grande parcela de culpa. Vamos discutir um pouco Para que você entenda o que estamos querendo dizer
sobre as influências do clima e do homem nesses acontecimentos. vamos usar como exemplo medidas utilizadas na cidade de
As cidades e regiões brasileiras crescem sem planeja- São Paulo para tentar diminuir o problema das enchentes.
mento. Nas cidades, as regiões menos valorizadas ficam às Foram construídas enormes “piscinas” em vários pontos da
margens de rios e córregos, conseqüentemente a população cidade, que permanecem vazias a maior parte do tempo.
mais pobre é empurrada para lá. Por outro lado o desenvolvi- Quando chove a água escoa para estas piscinas, diminuindo
mento impermeabiliza o solo com asfalto e concreto. Quando o volume que vai para os rios que cortam a cidade. Outra
a chuva cai, a água não tem por onde infiltrar e escorre para medida foi a retirada do lixo dos leitos desses rios. Quem
os leitos dos rios, já açoreados por todo tipo de material que é passava há algum tempo pelas marginais dos rios Pinheiros,
jogado dentro dele ( lixo, esgoto doméstico e industrial, terra Tietê e Tamanduateí podia ver guindastes formando mon-
proveniente de terraplanagem e de erosões provocadas pela tanhas de material retirado do fundo enquanto que redes
retirada da vegetação nativa). Tanto entulho diminui a vazão seguravam o lixo que passava flutuando por alguns locais.
dos rios. Sem ter para onde ir, a água acumula e ocupa as re- Com certeza essas medidas ajudam, embora não resolvam o
giões mais baixas às margens dos rios causando as enchentes. problema porque a população continua jogando entulho no
Nas regiões que ficam longe dos centros urbanos não rio e nas regiões próximas à ele que, conseqüentemente, a
há impermeabilização dos solos, mas as pessoas procuram água das chuvas irão levar para seu leito.
morar próximo aos rios porque dependem da água dele para Observe que existe uma parte do lixo que flutua e ou-
sua sobrevivência. Quanto mais gente, mais próximos dos rios tra que afunda, porque isso acontece? Você pode pensar: o
essas pessoas vão ficando. Quando chove o nível do rio sobe que é leve flutua e o que é pesado afunda oras! Mas não é
naturalmente e invade as regiões que ficam às suas margens. bem assim, alguns navios pesam centenas de toneladas e
Na verdade ele não invade as casas das pessoas, as pessoas é mesmo assim não afundam. Como explicar então?
que invadiram seu leito quando o nível estava baixo. O que flutua e o que afunda?
Alguns rios que possuem grande vazão de água ganharam Para avaliarmos se um objeto vai afundar ou não preci-
represas e lagos artificiais usados para gerar energia elétrica. samos saber a sua densidade. Mas densidade não é aquela
Quando chove muito as comportas dessas represas são fechadas “coisa” dos colchões? É também, mas as Ciências Naturais
consideram a densidade como sendo a relação entre a
evitando que o rio suba e alague as cidades às suas margens.
massa e o volume de um corpo ou objeto. Você já deve
Um caso onde isso aconteceu foi noticiado em uma repor-
ter ouvido aquela pergunta: O que pesa mais, um quilo de
tagem da Band News no dia 02/05/2009. A represa de Boa Espe-
penas ou um quilo de chumbo? É claro que ambos têm o
rança no Piauí estava sendo mantida com uma vazão pequena
mesmo peso, só que você precisa de muito mais penas do
devido ao excesso de chuva que já vinha fazendo o Rio Longá
que chumbo para completar um quilo. Dizemos então que
subir, ameaçando a cidade de Barras que fica às suas margens.
o chumbo é mais denso, pois a sua massa ou peso ocupa
Com a grande quantidade de chuva a represa atingiu a capacida-
um espaço (volume) pequeno. Voltando a “coisa” do col-
de máxima e as comportas tiveram de ser abertas sob o risco de
chão, existem colchões fabricados com espumas de maior
rompimento da barragem, o que poderia ocasionar a morte de e menor densidade. Os de maior têm uma espuma mais
muitas pessoas que vivem ao longo do rio. O aumento da vazão resistente com mais material por unidade de volume, por-
fez com que o rio subisse e invadisse vários bairros da cidade. tanto agüentam mais peso. Eles devem ser escolhidos de
Mas o que é essa vazão de que estamos falando? É a acordo com o peso de quem vai utilizá-los.
quantidade de água que passa em certo ponto por unidade Mas como fazer para avaliar se um objeto afunda ou flu-
de tempo. Pense em um metro cúbico (1 m3) de água como tua sobre um liquido? Precisamos comparar as densidades
sendo uma caixa quadrada (com lados de um metro) cheia de dos dois. Por exemplo, um litro de água, quando colocado na
água, o que equivale a 1.000 litros. Uma vazão de um metro balança pesa 1,0 Kg. Dizemos então que ela possui uma den-
cúbico por segundo (1m3/s) significa que, a cada segundo, sidade de 1,0 Kg/L (um quilograma por litro). Se colocarmos
1.000 litros de água passam por um certo local, correspon- butanodiol (um tipo de álcool) nessa água o que deve acon-
dendo ao volume de uma caixa de água dessas. No caso que tecer? Um litro de butanodiol pesa 1,080 Kg, portanto sua
estamos comentando, as comportas da represa de Boa Espe- densidade é 1,080 Kg/L. você pode perceber que a densidade
rança deixam passar milhares de metros cúbicos por segun- dele é maior, então ele deve ir para o fundo.
do, isso dá uma idéia do dano que esta água poderia causar.
Sabe aquele “reloginho” que tem na frente da sua casa
Toda vez que duas substâncias estiverem mistura-
de onde sai um cano e um registro? Ele é chamado de hidrô-
das, aquela que tiver a maior densidade ficará na
metro e também mede a vazão de água que você consome.
parte de baixo da mistura.
Mas como esta quantidade é pequena a vazão é medida
em m3 por mês.
A densidade é uma propriedade específica da matéria,
Como você pode perceber a questão das enchentes
ela pode ser usada para diferenciá-las, pois materiais dife-
que vemos nos noticiários é muito complexa e necessita de
rentes possuem densidades diferentes.
um planejamento de curto e de longo prazo para solucio-
21
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
22
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Esses dois fenômenos confirmam a existência da pressão atmosférica, demonstrada pela primeira vez em pesquisas dos
cientistas italianos Evangelista Torricelli (1608-1647) e Vincenzo Viviani (1622-1703). Existem barômetros de diversos tipos.
Além da pressão eles podem ser usados para determinar a altitude de determinado lugar. Como a temperatura e a
umidade do ar também alteram a pressão atmosférica, os barômetros são usados em estações meteorológicas para ajudar
a prever mudanças no tempo.
A figura a representa um tubo interligando dois recipientes contendo um liquido, observe que, apesar de eles serem de
tamanhos diferentes, o líquido dentro deles fica no mesmo nível. Se mais um pouco desse liquido for adicionado (figura b) ele
novamente se nivelará (figura c). Isso ocorre porque a pressão externa é a mesma nos dois lados e empurra o liquido com a
mesma força em ambos os recipientes.
De posse do conhecimento desse comportamento dos líquidos, as empresas de distribuição de água constroem reser-
vatórios em pontos altos da cidade e uma única bomba (a) é capaz de enchê-lo. Observe a figura. A partir daí a água escoa
por canos (b) para as áreas mais baixas da cidade sem a necessidade de mais gasto de energia. O reservatório consegue
abastecer os locais que estão abaixo da sua altura ou, no máximo, na mesma altura que ele. É por isso que prédios com
muitos andares necessitam de bombas para encherem suas próprias caixas d’água.
Para entender o outro principio você pode fazer um experimento. Tampe uma garrafa de plástico com uma rolha e
aperte. É lógico que a pressão da água vai fazer com que a rolha salte e a garrafa transborde. Mas como se você faz força
nos lados da garrafa e não de baixo para cima, na direção da rolha? Observando experimentos assim o cientista Blaise
Pascal descobriu que “a pressão exercida sobre um líquido é transmitida para todos os pontos dele” (Principio de Pascal).
Agora observe a figura a seguir para entendermos como essa transmissão de pressão faz com que um macaco hidráulico
funcione:
23
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A bomba empurra ar para dentro de um pistão contendo óleo. A pressão exercida pelo ar faz com que o óleo se com-
prima e escoe para dentro de um tubo estreito com uma pressão muito grande. Esse tubo conduz o óleo para dentro de
um pistão com uma área muito maior. A pressão é então transmitida para todos os pontos dentro deste pistão, mas a força
sobre ele se tornará maior pois a área onde a pressão é exercida também será maior. Por exemplo, se essa área interna do
pistão for 50 vezes maior que a do tubo que está injetando o óleo, a força sobre ele também será 50 vezes maior. Portanto
estes dispositivos podem ser considerados multiplicadores de forças.
Mas a realidade energética do nosso país é muito diferente daquela em que Tomas Edison construiu as termelétricas.
Temos aqui no Brasil poucas usinas que funcionam com carvão vegetal, óleo diesel ou gás natural. A empresa Votoran-
tin utiliza pneus para gerar energia para produção de cimento. Mas você sabe que todos esses combustíveis “soltam” muita
fumaça (monóxido de carbono) por mais que se utilizem filtros e são poluentes gerando danos sérios ao ar atmosférico.
Observe a tabela a seguir que mostra a comparação entre matriz energética (todas as fontes de energia utilizadas no
país) brasileira e a mundial.
Tabela 2.1 – Tabela comparativa das principais fontes de energia elétrica e no Brasil e no mundo. 18
17 fonte: http://www. educar.sc.usp.br
18 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A
24
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Podemos verificar através dela que no Brasil a participa- O álcool produzido pela cana-de-açúcar é o principal
ção da biomassa é muito grande se comparada com outros exemplo de reaproveitamento de biomassa utilizado no Brasil.
países do mundo. Nossa dependência do petróleo ainda é Esses combustíveis podem ser obtidos e renovados em curtos
maior que em outros países, mas eles usam muito gás natural espaços de tempo e têm contribuído cada vez mais para a for-
e carvão que são bastante poluentes. A hidrelétrica é a forma mação da matriz energética nacional.
de geração mais comum de eletricidade utilizada aqui (cerca O biodiesel também ganhou destaque nos últimos anos,
de 90% da energia elétrica gerada vem desse tipo de usina), porque ao contrário do álcool, é adequado para utilização em
porque nosso país tem várias regiões muito ricas em “água”, motores de máquinas pesadas. Quando misturado ao óleo die-
graças ao grande número de rios que possui. Esse potencial sel comum ele diminui significativamente a emissão de poluen-
vem sendo utilizado desde primeiras décadas do século XX tes. O biodiesel é fabricado através da reação química entre o
quando foram construídas as primeiras usinas hidroelétricas. etanol e óleos vegetais em condições especiais. Sua fabricação
Contudo o desenvolvimento crescente do país e a melhoria é vantajosa porque é possível utilizar vários tipos de óleo (milho,
das condições de vida da população causaram um grande soja, canola, babaçu, dendê, mamona, entre vários outros), até
aumento da demanda por energia elétrica. Acompanhe no óleo de soja usado serve.
gráfico a seguir que a demanda de energia aumenta junto Esta flexibilidade tem sido alvo de criticas por várias entidades,
com o crescimento da população. nacionais e internacionais que temem que a atividade agrícola no
mundo avance sobre áreas de mata nativa, passe a produzir grãos
para a produção de óleo e deixe de produzir alimentos.
Com o crescimento acelerado da população mundial é pre-
ciso encontrar maneiras de produzir cada vez mais alimentos.
Mas o sacrifício das nossas florestas não é o caminho para este
crescimento. No Brasil apenas 3% da área cultivada é utilizada
para a produção de biomassa que pode ser destinada à produ-
ção de energia (cana e soja), os outros 97% são para produção
de alimentos. Veja bem que estamos falando de área plantada,
portanto sobra muita terra no país para outros fins.
O caminho para se produzir alimentos, biomassa e ainda
preservar nossos recursos naturais pode estar no aumento da
produtividade nas áreas produtivas já existentes. Produtividade
significa produzir mais em menos espaço.
Figura 2.22 – Aumento da demanda de energia em tonelada A experiência do aumento da produtividade já foi utilizada
equivalente de petróleo por habitante (Tep). com muito sucesso no plantio de cana-de-açúcar.
O avanço na utilização do álcool combustível exigiu que
O Tep é uma unidade padrão de comparação entre matri- a cultura da cana de açúcar se desenvolvesse para produzir
zes energéticas de varias localidades. O aumento da população em quantidade suficiente para abastecer as usinas. Institutos
e a melhoria dos índices de desenvolvimento humano (IDH) faz federais de pesquisa como a EMBRAPA desenvolveram varie-
com que a população tenha condições e necessidades cada vez dades de cana de açúcar resistentes a pragas naturais capazes
maiores de utilização de equipamentos elétricos e eletrônicos. de produzir mais, em espaços menores e com porcentagens
Deste modo o Tep cresce proporcionalmente ao crescimento e de açúcar muito maiores nos seus caules.
desenvolvimento da população. Devido a esse crescimento as O álcool anidro (a significa sem e hidro refere-se à
usinas hidrelétricas existentes operam quase que no limite. Esta água) se tornou uma ótima alternativa a utilização dos de-
situação é muito agravada quando o regime de chuvas não rivados de petróleo como a gasolina porque é renovável e
ajuda e o nível de água das barragens diminui. polui menos. Isso nós já discutimos. O que não discutimos
A construção de usinas hidrelétricas causa um impacto foi a projeção que ele deu ao Brasil no exterior em termos de
muito grande sobre o meio ambiente e não parece ser nes- política energética. Ele também possibilitou um grande de-
te momento uma opção atraente nem aconselhável. Então senvolvimento tecnológico, acadêmico, social e econômico,
as termelétricas e termonucleares têm sido apontadas como pois gerou milhares de empregos e renda para vários níveis
saída para auxiliar a produção e evitar os famosos “apagões” da população. Hoje já é possível utilizar o bagaço e folhas
de energia. Contudo a intenção é que essas novas usinas uti- secas como combustível para gerar energia nas usinas ter-
lizem, de preferência, a biomassa e de forma sustentável. moelétricas ou nas próprias usinas de açúcar e álcool em cal-
A Biomassa é um tipo de combustível originado de fon- deiras para aquecer a água. Portanto ele tem sido usado de
tes animais e principalmente vegetais. Lenha, álcool, sobras forma sustentável, sem esgotar os recursos naturais. Se por
de atividades agrícolas como o bagaço de cana ou a casca de um lado o problema da cultura dessa biomassa foi em grande
arroz, óleos vegetais, esterco, carvão vegetal e lixos residen- parte resolvido, por outro os trabalhadores da colheita da cana
ciais ou industriais são exemplos de biomassa renovável que tiveram seu mercado de trabalho muito diminuído pela me-
podem ser transformados em energia útil. canização. Este problema tem sido combatido com a criação
de cooperativas para que esses trabalhadores encontrem
DEFINIÇÃO DE NOVAS ESTRATÉGIAS PARA O GÁS , outras fontes de renda. Entre as atividades desenvolvidas
Flavio Fernandes , Edmilson Moutinho dos Santos publicado nessas cooperativas estão as oficinas de artesanato, cursos
em bgf.com.br. de alfabetização e qualificação profissional.
25
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
26
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 8
(ENCEEJA 2002) Se for necessário transmitir urgentemente uma notícia para uma população isolada numa região dis-
tante, o ideal será enviá-la através de uma emissora de rádio que utilize:
(A) ondas FM (freqüência modulada).
(B) ondas AM (amplitude modulada).
(C) ondas curtas.
(D) ondas médias.
Atividade 9
(ENCCEJA) – 2006) O chamado sal light é aquele que contém parte do NaCl substituído por KCl, sendo indicado para as
pessoas que devem reduzir o teor de sódio em sua alimentação diária. A tabela seguinte compara algumas características
desses dois sais.
pó
1,0 g / 2,8 mL 2,17 g/cm3
NaCl cristalino amarelo intenso
de água
branco
pó
1,0 g /2,8 mL 1,98 g/cm3 lilás a violeta
KCl cristalino
de água
branco
Para verificar se, em certo sal light, parte do cloreto de sódio foi realmente substituído por cloreto de potássio, basta:
(A) determinar a densidade, que deve estar entre 1,98 g/cm3 e 2,17 g/cm3.
(B) determinar a solubilidade em água, que deve ser de 1,0 g / 2,8 mL de água.
(C) observar o aspecto, que deve ser de um pó cristalino branco.
(D) observar a cor adquirida pela chama do fogão, que deve ser amarelo intenso.
27
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
28
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A criação e o desenvolvimento de novas tecnologias geram também novas palavras e expressões ou dão significados
diferentes a palavras já existentes. Várias representações são veiculadas como meio de informação. São códigos, símbolos
ou cores que atingem a todos os níveis sociais, dos mais bem informados aos mais humildes.
Você já observou o rótulo que vem junto com seu botijão de gás? Se não observou olhe a figura que vem a seguir:
a b
Figura 3.1 – Rótulo de botijão de gás doméstico que fornece informações técnicas e de segurança sobre o produto.
Ele alerta para o fato do gás ser um produto altamente inflamável. Um produto inflamável é aquele que reage facil-
mente com oxigênio e se converte em chamas. Nesse caso, o fogo é a queima da substância, ou seja, a produção de calor,
luz e material gasoso. Fique atento, por exemplo, às traseiras de caminhões-tanque que transportam produtos químicos e
caminhões-baú com produtos perecíveis ou com carga viva. Você verá que muitos outros símbolos existem e que estão lá
para nossa própria segurança.
O código de barras é outro meio de comunicação presente na grande totalidade dos produtos que consumimos. Ele é
um conjunto de linhas verticais e espaços, estreitos e largos, que são combinados para representar um código de números
que identifica um produto. Existem diversos tipos de códigos de barras. Os códigos que seguem o padrão internacional
geralmente são de 13 dígitos, podendo variar, dependendo do espaço, até 8 dígitos.
Em estabelecimentos comerciais, associa-se ao código do produto um preço catalogado num computador. Além do
computador, é necessário um equipamento de leitura óptica para completar as operações, como fornecer o preço da mer-
cadoria ou descontá-la do estoque. Se isso é vantajoso para o comerciante, para o consumidor acarreta até certa dificulda-
de para saber o preço, pois no código de barra não aparece o valor da mercadoria.
Portanto devemos ficar atentos, todos os estabelecimentos são obrigados a colocar o preço de cada produto bem
visível ao consumidor. Na dúvida, procure um leitor de código de barras para saber o preço certo e, em último caso recuse
o produto no caixa se o preço estiver errado.
29
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
30
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Número estima-
Potência média Tempo médio de Consumo médio
Aparelho do de dias de
em W uso por dia mensal em kW/h
uso por mês
Se na sua região a companhia de fornecimento de energia cobra R$ 0,30 por kW/h então nesta simulação se gastará,
em um mês, só com o chuveiro:
Valor mensal = 105 kWh x R$ 0,30
Valor mensal = R$ 31,50
Agora que você já sabe como calcular a quantidade de energia consumida por um eletrodoméstico, pode construir
uma tabela como esta e verificar onde você pode diminuir o consumo para economizar na sua conta de energia.
31
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Deste modo podemos escolher a tensão interna a ser A sobrecarga e até incêndios podem ser gerados quan-
utilizada. Apesar de chegarem os três fios, nós usamos ape- do muitos fios passam pelo mesmo conduíte (aquele tubo
nas dois. Se ligarmos os dois fios “energizados” teremos a amarelo ou preto que os fios passam por dentro) e há
tensão de 220 V. Se escolhermos ligar um energizado e um aquecimento do conjunto (fios + conduíte). Por medida de
neutro teremos uma tensão de 110 V. Podemos ainda usar segurança, os fios da rede elétrica devem passar por dentro
um circuito misto com tensões diferenciadas para apare- de conduítes, embutidos nas paredes das construções.
lhos diferentes. Isso mostra a necessidade de se planejar a distribuição
de lâmpadas e de aparelhos elétricos quando se constrói
ou se reforma a casa, utilizando-se fios apropriados e cir-
cuitos separados para cada aparelho. É fundamental que se
use apenas um aparelho elétrico em cada tomada. Se há
vários aparelhos ligados e a fiação elétrica esquenta, uma
parte da energia elétrica está se convertendo em calor, que
não é utilizado em lugar nenhum. Isso representa energia
elétrica medida no relógio de luz sem que seja aproveitada.
A cozinha, por exemplo, precisa ter vários circuitos in-
dependentes, um para cada aparelho: torneira elétrica, ge-
ladeira, microondas e acendedor de fogão, etc.
RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Queimou a resistência do chuveiro! Quantas vezes esta
frase já gerou preocupação ainda mais se você estiver no
meio do banho em um dia frio! A resistência, a passagem
Figura 3.4 – Quando de distribuição de energia com três de corrente elétrica em alguns aparelhos como ferro de
tomadas e duas tensões diferentes. passar, chuveiros e aquecedores é desejável, mas em cir-
cuitos e fios elétricos ela pode causar grandes inconvenien-
Numa instalação elétrica, os fios de ligação são de co- tes. Vejamos o porquê.
bre e apresentam resistência (ainda que pequena) à con-
dução de eletricidade. Quanto mais longo o fio, maior é
a resistência para a passagem da corrente. Quando os
aparelhos ficam longe da fonte de energia ou da tomada
o aumento do comprimento deve ser compensado com
o aumento do diâmetro (também chamado de bitola) do
fio, para que a resistência permaneça, aproximadamente, a
mesma. Portanto os fios que alimentam a casa devem ser
de maior diâmetro que os fios internos para que a corrente
possa passar sem muita resistência. A unidade usada para
medir a resistência elétrica de fios e circuitos é o Ohm re- Figura 3.5 – Representação esquemáticas da corrente elétri-
presentado pela letra grega (Ω). ca atravessando um fio condutor.
Quando fios muito finos são usados e estão ligados a
muitas tomadas, com várias lâmpadas e máquinas elétricas A passagem da corrente elétrica pode ser representa-
ocorre sobrecarga: a energia elétrica requerida chega ao da de forma simplificada como na figura 3.6. Os elétrons,
sistema, mas ele se aquece demais. Este aquecimento pro- com carga negativa, podem encontrar maior ou menor di-
voca a diminuição no fornecimento de eletricidade à casa ficuldade para passar pelos átomos do material condutor.
pois ela é perdida na forma de calor. Por um tempinho as Quando encontra muita dificuldade eles causam o aqueci-
luzes ficam fracas, piscando, até a chamada queda do sis- mento desse material.
tema, que é a sua interrupção total.
Você já reparou que a eletricidade antes de entrar em Elétrons são partículas minúsculas e móveis exis-
casa passa por uma caixa localizada do lado de fora dela? tentes nos átomos que formam a matéria. Essas
É nessa caixa que fica o medidor de corrente onde é regis- partículas possuem carga negativa e massa quase
trado o consumo de energia, conferido a cada mês pelo inexistente, dizemos que a sua massa é desprezível.
funcionário da companhia distribuidora.
Ligado a essa caixa, agora já dentro de casa, há um Quanto mais fino for o fio, maior a dificuldade no fluxo
quadro de distribuição (figura 3.5) com dispositivos que dos elétrons, portanto maior será a resistência e o calor
servem para proteger a rede elétrica. Esses dispositivos são produzido. O tipo de material também influencia a resis-
os disjuntores ou os fusíveis, sensíveis a um grande aumen- tência, o cobre é melhor condutor que ferro. Essa dificulda-
to de corrente elétrica. Se isso acontecer, eles fazem a in- de é medida em ohms (Ω) a unidade usada para quantificar
terrupção do fornecimento. Você já presenciou alterações a resistência elétrica como já citamos anteriormente.
no fornecimento de energia em casa? Se lembra como foi?
32
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A resistência dos fios de cobre utilizados nas ligações elétricas residenciais, por exemplo, é bem menor do que a das
resistências dos aparelhos elétricos, onde há fios do mesmo cobre muito finos e outros dispositivos de alta resistência.
Uma lâmpada de 60W/110V (ilumina com uma potência de 60W e uma tensão de 110V) com fio de tungstênio tem
resistência de 202 Ω, e um ferro de passar roupa de 1000W/110V tem 12Ω. Essas resistências são altas propositalmente
para que a corrente produza calor ao atravessar material.
Por outro lado, um metro de fio de cobre de ligação elétrica de diâmetro 2,5mm2 tem resistência de 0,0068Ω e no de
10mm2, a resistência é de 0,0017Ω, ou seja, 4 vezes menor pois os elétrons possuem muito mais espaço para deslocamento
sem choques com as partículas do material. Se compararmos a resistência do fio de cobre de ligação com a resistência da
grande maioria dos aparelhos elétricos ele será aproximadamente 10 mil vezes menos resistente à passagem da corrente.
Embora a resistência do fio de cobre seja muito pequena, a potência que ele dissipa depende da corrente que irá pas-
sar por ele. A potência dissipada num fio de 10m de comprimento e espessura de 2,5mm2, quando é percorrido por uma
corrente de 10A, é da ordem de 7W. Se a corrente é de 40A (4 vezes maior que a de 10A) a potência dissipada será 16 vezes
maior, pois a potência varia com o quadrado da corrente de acordo com a expressão:
P = R x I2
Onde P é a potência, R a resistência e I a intensidade da corrente, ou seja, a potência será 112 W. Nesse caso, com
certeza, o fio ficará aquecido e poderá ser a origem de um incêndio.
Se esse fio for trocado por um equivalente de espessura 10mm2, a potência dissipada nesse novo fio será quatro vezes
menor. Lembre-se: quanto maior o diâmetro do fio, menor a resistência. Se 10mm2 é 4 vezes maior que 2,5mm2 então a
resistência no fio de 10 será 4 vezes menor que no fio de 2,5 mm2.
Vejamos como podemos trabalhar com essas grandezas na prática:
Um resistor de 470Ω é percorrido por uma corrente de 10A. Qual será a potencia elétrica dissipada por ele?
P = R . I2 → P = 470 . 102 → P =47.000W ou 47 KW
Qual seria a potência dissipada pelo mesmo resistor se a corrente dobrar?
P = R . I2 → P = 470 . 202 → P =188.000W ou 188 KW
Figura 3.6 – Lâmpadas ornamentais. As setas representam o caminho percorrido pela corrente elétrica.
Observe que na figura 3.6 todas as lâmpadas estão ligadas umas às outras, a corrente elétrica vai passando de uma lâm-
pada para outra em seqüência até que retorne aos fios da rede. Por isso, se uma lâmpada queimar, o caminho da corrente
elétrica será interrompido e todas as outras também deixarão de funcionar. Observe o que ocorre de forma simplificada
na figura 3.7.
33
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Na figura 3.8 você pode verificar que existe um par de fios base (com corrente de 110V) e um neutro. A geladeira e
a TV têm seus dois pólos ligados diretamente a este par de fios de modo que se um aparelho queimar, os outros podem
continuar funcionando. Do mesmo modo o chuveiro e o ferro elétrico também se ligam a um par de fios, só que os dois
fios são base. Porém os aparelhos são independentes entre si.
Quando os aparelhos têm seus pólos ligados diretamente aos fios da rede, independentes uns dos outros, chamamos
o circuito de Circuito em paralelo.
Novamente de maneira simplificada podemos observar na figura 3.9 b que a corrente entra por um dos fios e, mesmo
com o fio da lâmpada intermediária rompido, ela passa pelas outras duas lâmpadas fazendo com que elas acendam.
34
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O primeiro tipo de circuito (em série) apresenta os seguintes comportamentos durante a passagem da eletricidade:
- Cada dispositivo que compõe este circuito possui uma resistência, todas elas somadas representam a resistência total
do circuito ou resistência equivalente. Se precisarmos calcular a resistência total podemos usar a expressão:
Rt = R1+R2+R3 ...+Rn
- As lâmpadas apresentarão brilhos diferentes dependendo da quantidade delas que estejam ligadas. Uma brilha mais,
duas brilham menos, e assim por diante.
Quando o circuito é montado em paralelo a resistência equivalente é calculada somando-se os inversos das resistências
existentes.
1 = 1 + 1 + 1 +...+ 1
Rt R1 R2 R3 Rn
Se os dispositivos ligados forem lâmpadas, todas apresentarão o mesmo brilho porque, nesse caso, suas resistências
não são somadas.
Vejamos um exemplo onde um enfeite luminoso possui 4 lâmpadas, cada uma com 2Ω de resistência. Que resistência
total este enfeite possui?
1=1+1+1+1
Rt R1 R2 R3 R4
1=1+1+1+1
Rt 2 2 2 2
1=2 → Rt = 0,5 Ω
Rt
De um modo geral os circuitos são montados de forma mista, contendo dispositivos elétricos ligados em série e para-
lelo.
Muitos consumidores, quando compram um aparelho eletrônico, têm o costume de chegar em casa, tirá-lo da caixa
e colocá-lo logo na tomada para desfrutar do seu funcionamento. Este procedimento levado pela ansiedade pode muitas
vezes causar muitas dores de cabeça como a queima do aparelho ou mau funcionamento. Para evitá-las os fabricantes
enviam um manual de instalação e operação junto com o aparelho onde informam a tensão a ser usada, os cuidados com
manutenção, limpeza do aparelho, os recursos e a lista das oficinas de assistência técnica autorizadas. Pense bem, o simples
fato de você colocar um aparelho na tomada errada pode acarretar a perda da garantia do produto.
Não é raro também um consumidor adquirir um determinado produto por um alto valor, com vários recursos tecnoló-
gicos, ficar com ele por muito tempo e nunca usar tudo o que ele tem para oferecer. A simples leitura do manual de instru-
ções e um pouco de paciência podem evitar que você desperdice dinheiro com vários aparelhos sendo que todas as suas
necessidades podem ser atendidas por apenas um e que talvez você já possua. Por exemplo, existem aparelhos de telefone
celulares que possuem câmera fotográfica e filmadora integradas, rádios, gravadores e tocadores de música. Se você preci-
sa de todos esses recursos pode ter um aparelho desses e deixar todos os outros com apenas uma ou duas funções na loja!
Outra fonte de desperdício está na aquisição dos eletrodomésticos. Os mais modernos custam um pouco mais, mas de um
modo geral trazem um selo que indica o menor consumo de energia, o selo PROCEL. Comprar um aparelho mais barato sem este
selo pode significar que você gastará pouco na aquisição do produto, mas gastará muito com o uso dele durante sua vida útil.
A utilização correta de um produto tecnológico não é importante apenas pela economia financeira, mas também por-
que a energia elétrica utilizada por eles tem de ser gerada em usinas que de alguma forma exercem algum impacto nega-
tivo sobre o meio ambiente, então é nosso dever usá-la corretamente e sem desperdício. Além disso, todos os aparelhos
que usamos serão descartados um dia. Quanto mais utilizamos, mais lixo produzimos, como a maior parte deles é feita de
plástico poderão ficar até 100 anos no solo antes de se decomporem. Muitos deles usam baterias ou pilhas que contêm
componentes altamente poluentes.
35
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O problema é que essas substâncias químicas presentes nas pilhas e baterias são ALTAMENTE TÓXICAS, e podem
fazer mal a homens e animais. Por isso, elas vêm se tornando o centro das atenções dos ecologistas e da sociedade como
um todo.
Uma pilha comum contém pelo menos três metais pesados: zinco, chumbo e manganês. A pilha alcalina contém ainda
o mercúrio. Além dos metais pesados, as pilhas e baterias possuem ainda elementos químicos perigosos, como o cádmio,
cloreto de amônia e negro de acetileno.
As pilhas são classificadas de acordo com seus sistemas químicos, podendo haver em cada um deles mais de uma
categoria. As categorias são representadas por letras, que normalmente vêm impressas nas pilhas. Além disso, as pilhas
podem ser recarregáveis ou não, sendo divididas em primárias (não recarregáveis) e secundárias (recarregáveis).
Figura 3.2 – Classificação das pilhas de acordo com seus sistemas químicos e suas aplicações.
O perigo ocorre quando se joga uma pilha ou bateria fora, no lixo comum, pois há o risco desses metais pesados e
elementos químicos perigosos entrarem na cadeia alimentar humana, causando sérios danos à saúde.
As duas formas mais comuns de destinação final do lixo são aterro sanitário e usina de compostagem para transfor-
mação em adubo. A pilha, quando jogada fora no lixo comum, vai para um aterro sanitário, que fica a céu aberto. Uma
vez exposta ao sol, vento, chuva e umidade, as pilhas e baterias se oxidam e rompem o invólucro de proteção. Os metais
pesados e elementos químicos perigosos saem misturados a um líquido que acaba contaminando todo o lixo ao redor,
podendo atingir o lençol freático local. Além disso, muitos aterros sanitários ficam próximos de rios e córregos, que
também acabam sendo contaminados por essas substâncias químicas tóxicas. Portanto, elas chegam à cadeia alimentar
humana via irrigação da agricultura ou pela ingestão da água ou alimento contaminado. Na usina de compostagem, as
pilhas são misturadas no composto orgânico que está sendo formado, girando no biodigestor por 48 horas. Algumas são
amassadas e moídas, e se rompem, despejando os metais pesados por todo o composto. Na saída do tubo giratório do
biodigestor há uma rede que impede a passagem das pilhas. O lixo moído é disposto em montes a céu aberto, sendo
remexido semanalmente, por três meses. Neste período, ocorrem novos vazamentos e os metais pesados e outras subs-
tâncias químicas tóxicas se misturam ao composto, que será usado como adubo depois.
Existem usinas de compostagem em algumas cidades do interior de São Paulo que utilizam trituradores, aumentando
substancialmente as chances de contaminação, pois todo o conteúdo da pilha mistura-se ao composto orgânico.
36
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A casca metálica cede elétrons ao interior quando o circuito é fechado. No interior da pilha carbono-zinco, a mistura
cloreto de zinco/dióxido de manganês serve para “repor” o zinco gasto pela casca, e assim dar longa vida à pilha; mas os
processos químicos são complicados, e a pilha finalmente perde o poder de gerar corrente elétrica, e... gasta. A tendên-
cia dos elétrons se moverem de um ponto a outro em um circuito, ou POTENCIAL, é medida em Volts, em homenagem a
Alessandro Volta, o físico italiano que em 1800 desenvolveu a pilha de Volta, que era uma camada sucessiva de discos de
prata (ou cobre), papel molhado com uma solução salina, e discos de zinco. A voltagem das pilhas comuns é muito baixa
(1,5 Volts), para nos causar qualquer dano. Mesmo as baterias de automóvel, que podem gerar centenas de Ampères, têm
um potencial pequeno (12V) que não pode, em condições normais, causar nenhum dano sério. Da mesma forma, uma alta
voltagem que libera um número insignificante de ampères também não causa danos. Tente arrastar os pés num carpete
num dia bem seco, se carregue bem de eletricidade estática, e então toque em alguém, vai sair faísca, você irá liberar mi-
lhares de volts, mas o choque vai ser pequeno (o susto na outra pessoa vai ser proporcionalmente grande!). A alta voltagem
pode, entretanto, causar danos em equipamentos sensíveis, como destruir os dados do seu computador, estragar fitas
magnéticas, etc.
Na eletricidade estática as cargas ficam acumuladas e em repouso no corpo, elas não se movi-
mentam de forma organizada como na corrente elétrica.
Atividade 1
(ENCCEJA 2006) O dono de uma padaria resolveu ampliar os seus negócios e instalar três novos fornos elétricos iguais a
um que já está instalado, cuja potência nominal é de 3 kW. Um eletricista, chamado para dimensionar a fiação para suportar
a carga adicional, sugeriu trocar a bitola (diâmetro) dos fios que ligam o quadro de força específico dos fornos até o local
onde fica o “relógio” marcador do consumo de energia. Para uma instalação correta, a nova bitola de fio deve ser capaz de
suportar uma corrente elétrica, no mínimo, igual
(A) à da instalação atual.
(B) a duas vezes à da instalação atual.
(C) a três vezes à da instalação atual.
(D) a quatro vezes à da instalação atual.
37
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 2
(ENCCEJA 2005) A instalação elétrica de uma residência utiliza um circuito elétrico em paralelo, em que todos os equi-
pamentos têm a mesma tensão. Quando o equipamento é ligado ocorre uma variação na corrente elétrica do circuito, que
é diretamente proporcional à potência (P) do aparelho. Observe a figura:
Indique, em ordem crescente, as variações nas correntes elétricas causadas por estes eletrodomésticos:
(A) A, B, C, D.
(B) B, A, C, D.
(C) D, C, A, B.
(D) D, C, B, A.
Atividade 3
(ENCCEJA 2005) A energia elétrica vem facilitar a vida cotidiana, permitindo o uso das diversas tecnologias. Umas das
formas de obtenção dessa energia são as pilhas, utilizadas em diversos aparelhos. Elas possuem materiais de perigosa e
demorada interação com o meio ambiente e, por isso, não devem ser misturadas ao lixo comum. Para uma pessoa descartar
pilhas usadas, consideram-se as seguintes propostas:
I - Procurar informações sobre onde devem ser depositadas.
II - Devolvê-las ao fabricante para o seu destino adequado.
III - Jogá-las em terreno baldio quando descarregadas.
IV - Enterrá-las em profundidade correta.
Estão corretas as propostas:
(A) I e II
(B) II e III
(C) I e IV
(D) III e IV
Atividade 4
(ENCCEJA 2002) Uma família, com o intuito de economizar energia, mudou toda a rede elétrica de sua residência para
220V e trocou todas as lâmpadas incandescentes de 127V por outras incandescentes de mesma potência, mas que agora
funcionam em 220V. Esse procedimento, em relação à tentativa de economizar energia elétrica, foi:
(A) adequado, pois a potência diminui, diminuindo o consumo.
(B) inadequado, pois a potência aumenta, aumentado o consumo.
(C) adequado, pois a potência aumenta, diminuindo o consumo.
(D) inadequado, pois a potência permanece a mesma, sem reduzir o consumo.
38
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5
(ENCCEJA 2002) Em manuais de instruções de aparelhos elétricos de alta potência, uma das principais recomendações
é a seguinte:
Não utilize em hipótese alguma pinos ‘T’, benjamins ou similares para ligação de outros aparelhos na mesma tomada
de força. Isso pode ocasionar um aquecimento prejudicial e até queima das instalações.
Esse aquecimento prejudicial na fiação da rede junto à tomada deve-se ao aumento excessivo da
(A) corrente elétrica.
(B) tensão elétrica.
(C) resistência elétrica.
(D) tensão e corrente.
Atividade 6
(ENCCEJA 2002) Atualmente é possível encontrar no mercado geladeiras com selo de Economia de Energia do Procel
(Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica). Observe os modelos apresentados na tabela:
Um consumidor está diante da seguinte situação: uma geladeira nova custa aproximadamente R$ 600,00 e uma antiga,
cerca da metade do preço (R$ 300,00).
Considerando que se mantenha constante o valor do kWh igual a R$ 0,25, o custo adicional de compra de uma gela-
deira do modelo novo será recuperado pela economia nas contas de luz ao longo de:
(A) 2 anos.
(B) 3 anos.
(C) 4 anos.
(D) 5 anos.
Atividade 7
(ENCCEJA 2005) Com base nos dados da tabela, analise os itens abaixo:
Televisão 80 6 14.400
Iluminação (10 lampadas) 400 8 96.000
Ferro de passar 1200 2 72.000
Microondas 1100 0,2 6.600
Chuveiro elétrico 4.400 0,5 66.000
Liquidificador 270 0,1 810
geladeira 70 12 25.200
I - Se o liquidificador e o microondas não forem utilizados por um mês, a economia energética equivalerá a de deixar
a televisão ligada por 6hs.
II - Se o ferro elétrico for utilizado apenas 40horas por mês, a economia de energia será de 24kW.
III - Se o número de lâmpadas for reduzido pela metade, o consumo de energia das lâmpadas equivalerá ao de deixar
o chuveiro elétrico ligado por 5 horas.
Das afirmações acima,
(A) apenas I está correta.
(B) apenas II está correta.
(C) I e II estão corretas.
(D) II e III estão corretas.
39
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
40
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O lixo é matéria prima fora do lugar. A reciclagem e A produção primária de alumínio requer imensa ener-
a coleta seletiva são fatores de combate ao desperdício e gia como já dissemos. Também resulta em gases causado-
à poluição. Várias doenças de origem ambiental têm seu res do efeito estufa, que contribuem para o aquecimento
início no descarte de plásticos, pilhas e outros produtos no global. De acordo com o Instituto Internacional de Alumí-
meio ambiente. nio, a fabricação de novos estoques do metal libera 1% das
Depois de muito trabalho, muita luta e empenho de vá- emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa de ori-
rias organizações aumentou a percentagem de reciclagem gem humana. Uma das principais prioridades do setor é re-
mundial do papel. E só depois que as empresas passaram duzir essas emissões por meio de medidas de limitação, re-
a pagar pela coleta é que as latas de alumínio começaram ciclagem ampliada e o uso de alumínio em veículos, aviões,
a ser reaproveitadas, pelo menos em sua maior parte. O embarcações e trens. De fato, o uso de componentes leves
PET - o plástico duro das garrafas dos refrigerantes - que de alumínio em veículos é um dos avanços mais significa-
entope os rios e provoca inundações, também tem sido tivos no projeto e fabricação de automóveis. Cada quilo de
amplamente reaproveitado. Muitas das embalagens que
material mais pesado substituído por alumínio resulta em
usam este plástico têm duas camadas, a interna de material
22 quilos a menos de emissões de dióxido de carbono ao
virgem e a externa de material reciclado.
longo do ciclo de vida do veículo.21
Vamos discutir um pouco, neste capitulo, quais são as
Outra aplicação promissora é o uso do alumínio em
conseqüências da utilização de alguns dos recursos natu-
rais mais importantes e como podemos sugerir ações para carros movidos por células combustíveis. Pesquisadores
que a produção de bens industrializados não cause o esgo- da Universidade Purdue descobriram recentemente que o
tamento e desequilíbrio dos nossos ecossistemas. alumínio pode ser usado para produzir hidrogênio com-
bustível de forma eficiente. O processo começa com grãos
A UTILIZAÇÃO E O DESTINO DO ALUMÍNIO de alumínio, que são misturados ao elemento químico gá-
Discutimos no capítulo anterior a importância do alu- lio em forma líquida para produzir a liga alumínio-gálio.
mínio nas várias esferas da atividade humana. Discutimos Quando a água é adicionada, o metal reage com o oxigê-
também que a forma mais conhecida do alumínio é a me- nio e forma um gel. O processo também produz gás hidro-
tálica, aquela que usamos nos utensílios de cozinha, portas, gênio, que pode ser recolhido e usado para alimentar uma
janelas, embalagens de bebidas e de alimentos. célula combustível.
Surpreendentemente, a maior parte do alumínio que Inovações como essa ampliarão a demanda por alu-
já foi produzido continua em uso ainda hoje. Isso acontece mínio que já pode ser considerado um dos metais mais
porque o metal pode ser reciclado repetidamente sem per- importantes na história da civilização humana. Quando os
der a qualidade. A maior parte que termina reciclada vem arqueólogos e antropólogos do amanhã refletirem sobre a
de uma entre três fontes: latas de bebidas usadas, compo- sociedade dos séculos 19, 20 e 21 podem dar ao período
nentes de velhos automóveis e aparas recolhidas durante a o nome de Idade do Alumínio, colocando-o ao lado das
fabricação de produtos de alumínio.19 idades da Pedra, Bronze e Ferro como um dos mais signi-
A reciclagem de latas de alumínio é um dos grandes ficativos períodos no desenvolvimento cultural humano.22
sucessos do movimento moderno da sustentabilidade. O Talvez por causa disto ele seja tido como inofensivo,
primeiro programa nacional de reciclagem de latas foi ini- mas a exposição a altas concentrações pode causar proble-
ciado em 1968, e hoje cerca de 66 bilhões de latas são reci- mas de saúde principalmente quando na forma de íons em
cladas a cada ano apenas nos Estados Unidos.20 que ele é solúvel em água.
Ela é um processo de ciclo fechado, o que significa que A absorção do alumínio pode acontecer através da co-
o novo produto feito depois do processo de reciclagem é mida, do ar e contato com a pele. A ingestão por muito
idêntico ao antigo. Há seis etapas na reciclagem de latas
tempo em concentrações altas pode levar a sérios proble-
em ciclo fechado:
mas de saúde como: demência, danos ao sistema nervoso
1. As latas velhas de alumínio são levadas a um pon-
central, perda de memória, surdez, fortes tremores, dores
to de coleta de alumínio.
musculares, cólicas, fraqueza, inapetência e impotência. O
2. Elas são fragmentadas em pequenos pedaços.
3. Os pedaços são levados a uma fornalha ardente. alumínio tem sido frequentemente associado ao aumento
4. O alumínio derretido se resfria e endurece em for- dos casos do Mal de Alzheimer.
ma de lingotes retangulares. A inspiração de alumínio em pó em fábricas onde este
5. Os lingotes são processados em formas de chapas elemento é utilizado no processo de produção pode levar
finas de alumínio. à fibrose pulmonar e outros danos ao pulmão. Este efeito
6. As chapas são usadas para produzir novas latas. é complicado pela presença, no ar, de sílica e óxido de fer-
Boa parte da inovação no setor de alumínio se relacio- ro. Ele pode também penetrar nos rins e causar danos às
na à melhora da eficiência na produção e reciclagem. funções renais.
41
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
FALANDO DA RECICLAGEM
No ano de 2007, somente a etapa de coleta (a compra das latas usadas) injetou R$ 523 milhões na economia nacional,
volume financeiro equivalente ao de empresas que estão entre as maiores do país.
Aproximadamente 96,5% da produção nacional de latas foram recicladas naquele ano. Mais uma vez os números bra-
sileiros superam os de países industrializados como Japão e EUA. Observe a tabela a seguir:23
O material é recolhido e armazenado por uma rede de aproximadamente 130 mil sucateiros, responsáveis por 50% do
suprimento de sucata de alumínio à indústria. Outra parte é recolhida por supermercados, escolas, empresas e entidades
filantrópicas. Através de ações como essas é possível aliar o desenvolvimento tecnológico como o uso do metal à melhoria
das condições de vida da população, pois a reciclagem do alumínio já produzido trás com ela a preservação dos recursos
naturais e do ambiente, economia de energia, produto de boa qualidade e propriedades físicas e ainda renda para a po-
pulação.
Agora podemos responder a pergunta que fizemos no inicio do capítulo: é possível sim que o ser humano se aproprie
de recursos naturais sem transformá-los em lixo. Adiante veremos mais alguns exemplos.
GARRAFAS RECICLADAS
Quem pode imaginar um dia quente de verão sem um bom suco ou refrigerante? Já percebeu que quase todos vêm
embalados em garrafas plásticas? Até a água de côco tem sido embalada com garrafas deste tipo! Mas quem consegue
se imaginar vestindo uma blusa que já foi uma garrafa de refrigerante? Pois é...isso já existe e passa cada vez mais a fazer
parte da nossa realidade.
Mas antes de discutirmos os materiais plásticos das garrafas precisamos ter uma idéia da sua natureza. São necessários
alguns conceitos de química que ainda não discutimos neste caderno. Se você sentir alguma dificuldade estude o Capitulo
8 e depois volte a estudar este, pode ficar mais fácil.
O PET, assim como outros tipos de plásticos são compostos orgânicos, não que sejam produzidos por algum organis-
mo, são chamados orgânicos porque são formados por moléculas longas (cadeias) com vários átomos de carbono ligados
em seqüência. Chamamos a química relacionada ao carbono de Química Orgânica.
Como o carbono é a unidade fundamental dos compostos orgânicos, torna-se necessário um conhecimento um pouco
mais profundo sobre esse elemento. Ele pode fazer 4 ligações covalentes, portanto os compostos orgânicos são molecula-
res, não são condutores de corrente elétrica, têm baixos pontos de fusão e de ebulição.
A capacidade que alguns átomos de mesmo elemento têm de se ligarem entre si é característica de alguns elementos,
tais como enxofre, nitrogênio, oxigênio e fósforo. No entanto essa capacidade para o carbono é tão grande que já se co-
nhecem cadeias carbônicas com milhares de átomos de carbono ligados entre si. Isso é possível porque eles podem fazer
essas ligações de três formas diferentes.
Observe as representações dessas ligações através das fórmulas eletrônica e estrutural plana mostradas a seguir:
Fórmula eletrônica – representa um elemento químico através do seu símbolo e os átomos da sua última camada atra-
vés de pontos.
Fórmula estrutural plana – representa as ligações químicas através de traços.
23 CEMPRE.org.br
24 Fonte: ABAL; ABRALATAS
42
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Em algumas situações pode ocorrer a ligação de um átomo de outro elemento entre dois carbonos, se isso ocorrer ele
será chamado de heteroátomo.
Observe a fórmula estrutural da molécula da essência de jasmim. Ela tem dois átomos de oxigênio, um deles está entre
carbonos, é um heteroátomo. O outro está ligado a um carbono só, não pode ser considerado heteroátomo.
E aquele hexágono que tem na molécula? Ele é uma representação da substância chamada benzeno. Neste tipo de
representação cada vértice contém um átomo de carbono. Veja 3 representações diferentes da mesma substância.
43
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
As cadeias carbônicas também podem ser representadas de uma maneira mais simplificada usando apenas traços.
Cada átomo de carbono das extremidades tem as 4 valências ocupadas. Portanto a estrutura acima também pode ser
representada como:
Observe que, apesar de não aparecerem nas primeiras representações, os átomos de hidrogênio existem juntamente
com os de carbono completando a sua valência.
Outra coisa que podemos notar é que a primeira cadeia, a do n-butano, segue uma seqüência simples de átomos, po-
demos chamá-la de cadeia linear. A segunda possui uma bifurcação e é chamada de cadeia ramificada.
Algumas dessas cadeias podem ser fechadas como a do benzeno que mostramos há pouco. Nestes casos a cadeia é
chamada de cíclica.
Agora observe a molécula da essência de jasmim e a molécula do gás n-butano. O que elas possuem de diferente? A
primeira tem o oxigênio no meio da cadeia, a segunda possui apenas átomos de carbono e hidrogênio. Substâncias que
possuem apenas esses dois tipos de átomos são chamadas de hidrocarbonetos.
No cap 3 mostramos uma etiqueta de botijão de gás da marca butano, que é também o nome de um dos gases lique-
feitos de petróleo presentes na mistura de gases que usamos nas nossas casas. A molécula do butano é mostrada a seguir
junto com a de etileno.
44
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Estas duas moléculas apresentam diferenças quanto ao tipo de ligação. A de etileno apresenta uma ligação dupla. As
moléculas com ligações duplas e triplas são classificadas como insaturadas. Já aquelas que possuem apenas ligações sim-
ples são classificadas como saturadas.
Moléculas insaturadas podem ser unidas umas às outras através de reações chamadas de polimerização, dando origem
a uma grande família de compostos, a dos polímeros.
Os polímeros em particular são materiais compostos por macromoléculas. Essas macromoléculas são cadeias formadas
pela repetição de uma unidade básica, chamada mero. Daí o nome: poli (muitos) + mero. Por isso a unidade básica é cha-
mada de monômero (mono) + mero ou seja 1 mero.
Os monômeros são dispostos um após o outro, como pérolas num colar. Uma macromolécula assume formato muito
semelhante ao de um cordão. Logo, pode-se fazer a seguinte analogia: as moléculas de um polímero estão dispostas de
uma maneira muito semelhantes a um novelo de lã. É difícil extrair um fio de um modelo de lã. Também é difícil remover
uma molécula de uma porção de plástico, pois as cadeias “seguram-se” entre si.
Por exemplo, o polietileno (ou, abreviadamente, PE) - plástico extremamente comum usado, por exemplo, em saqui-
nhos de supermercados- é composto pela repetição de milhares de unidades da molécula básica do etileno (ou eteno):
onde n normalmente é superior a 10.000. Ou seja, uma molécula de polietileno é constituída da repetição de 10.000
ou mais unidades de etileno.
O parâmetro n é definido como sendo o Grau de Polimerização do polímero, ou seja, o número de meros que cons-
titui a macromolécula.
Alguns polímeros podem ser constituídos da repetição de dois ou mais meros. Neste caso, eles são chamados co-
polímeros. Por exemplo, a macromolécula da borracha sintética SBR é formada pela repetição de dois meros: estireno e
butadieno:
Para enfatizar que um polímero é formado pela repetição de um único mero, ele é denominado homopolímero.
Há diversas maneiras de se dividir os polímeros. A classificação conforme as características mecânicas talvez seja a mais
importante. Ela decorre, na verdade, da configuração específica das moléculas do polímero.
Sob este aspecto, os polímeros podem ser divididos em termoplásticos, termorrígidos (termofixos) e elastômeros (bor-
rachas).
- Termorrígidos (Termofixos): São rígidos e frágeis, sendo muito estáveis a variações de temperatura. Uma vez pron-
tos, não mais se fundem. O aquecimento do polímero acabado promove decomposição do material antes de sua fusão,
tornando sua reciclagem complicada.
- Elastômeros (Borrachas): Classe intermediária entre os termoplásticos e os termorrígidos: não podem ser fundidos,
mas apresentam alta elasticidade, não sendo rígidos como os termofixos. Reciclagem complicada pela incapacidade de fusão.
- Termoplásticos: São também chamados plásticos, e são os mais encontrados no mercado. Podem ser fundidos e
moldados diversas vezes, alguns podem até dissolver-se em vários solventes. Logo, sua reciclagem é possível, característica
bastante desejável atualmente. Sob temperatura ambiente, podem ser maleáveis, rígidos ou mesmo frágeis. Exemplos:
polietileno (PE), polipropileno (PP), policarbonato (PC), poliestireno (PS), poli(cloreto de vinila) (PVC), poli(metilmetacrilato)
(PMMA), poli(tereftalato de etileno) (PET).
45
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O PET foi desenvolvido em 1941 pelos químicos ingleses Whinfield e Dickson. Mas as garrafas produzidas com este
polímero só começaram a ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos aspectos de segurança e meio am-
biente.
O material, que é um poliéster termoplástico (que pode ser moldado com o calor), tem como características a leveza, a
resistência e a transparência, ideais para satisfazer a demanda do consumo doméstico de refrigerantes e de outros produ-
tos, como artigos de limpeza e comestíveis em geral. A evolução do mercado e os avanços tecnológicos têm impulsionado
novas aplicações para o PET reciclado, das cordas e fios de costura, aos carpetes, bandejas de ovos e frutas e até mesmo
novas garrafas para produtos não alimentícios, já que esta aplicação ainda não é permitida pela ANVISA (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária).
Sua reciclagem, além de desviar lixo plástico dos aterros, utiliza apenas 0.3% da energia total necessária para a produ-
ção da resina virgem. E tem a vantagem de poder ser reciclado várias vezes sem prejudicar a qualidade do produto final.
No Brasil, aproximadamente 53% das embalagens pós-consumo são efetivamente recicladas, totalizando 230.000 to-
neladas das 432.000 produzidas. As garrafas são recuperadas principalmente através de catadores, além de fábricas e da
coleta seletiva operada por municípios.
O volume de PET reciclado no Brasil segue crescendo: em 2007, o crescimento foi de 18,6% em relação a 2006, exce-
dendo mesmo as previsões mais otimistas de ano anterior, que indicavam crescimento máximo de 6 a 7%.
Em se tratando da reciclagem do PET, perdemos apenas para o Japão que recicla 62%.
Atualmente, o maior mercado para o PET pós-consumo no Brasil é a produção de fibra de poliéster para indústria têxtil
(multifilamento), onde será aplicada na fabricação de fios de costura, forrações, tapetes e carpetes, etc. Outra utilização
muito freqüente é na a fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas (monofilamento). Outra parte é destinada à
produção de filmes e chapas para boxes de banheiro, placas de trânsito e sinalização em geral. É possível utilizar os flocos
da garrafa na fabricação de resinas usadas na produção de tintas e também resinas insaturadas, para produção de adesivos
e resinas poliéster.
As aplicações mais recentes estão na extrusão de tubos para esgoto predial, cabos de vassouras e na injeção para fa-
bricação de torneiras.
Hoje, 30% dos mais de 5 mil municípios brasileiros não contam com nenhum tipo de coleta e apenas cerca de 200
municípios possuem um sistema de coleta seletiva. Esse sistema proporciona material mais limpo, livre de contaminações,
e consequentemente, a sucata assim coletada tem maior valor.
Outro benefício é trazer os trabalhadores dos lixões para cooperativas organizadas, e mais uma vez a reciclagem tem
um papel social importantíssimo, a geração de renda para a parcela mais humilde da população.
As indústrias devem investir em informação e tecnologia. Levar ao grande público o conhecimento sobre a reciclabili-
dade dos materiais, instruindo sobre como proceder para o correto descarte das embalagens.
Elas devem também desenvolver as tecnologias que permitam materiais mais fáceis de reciclar, inofensivos e inertes
para proteção do meio ambiente e desenvolver os mercados para os produtos reciclados.
A população deve descartar corretamente seus materiais recicláveis, depositando as embalagens usadas em contêi-
neres adequados ou doá-las para catadores e/ou entidades que as aceitem em doação. O cidadão comum tem o dever
de começar, em sua casa, o trabalho de separar o lixo dos materiais recicláveis, pois ele não vive isolado, é parte de uma
comunidade que precisa se comprometer com a manutenção e melhoria da saúde do planeta.
Cada um de nós tem o trabalho de ir aos mercados para adquirir produtos que vêm embalados em plástico, papel,
vidro e metais. Cabe a nós, portanto, o primeiro passo para fazer com que os materiais sigam seu caminho de retorno para
a indústria recicladora.
25 Fonte: ABIPET
46
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
COMO ACONTECE A RECICLAGEM DO PET Os computadores, que a princípio pareciam poder co-
O PET pode ser reciclado de três maneiras diferentes: locar em risco a “vida útil” desse material, hoje até contri-
1 - Reciclagem química. Utilizada também para outros buem com a maior utilização do mesmo a partir das impres-
plásticos, separa os monômeros do PET, fornecendo ma- sões dos conteúdos presentes neles. Sendo assim, torna-se
téria-prima para solventes e resinas, entre outros produtos. extremamente claro para todos a importância que o papel
2 - Reciclagem energética. O calor gerado com a quei- tem hoje em dia e também as diversas formas que podemos
ma do produto pode ser aproveitado na geração de ener- utilizá-lo. O difícil, porém, é imaginarmos como é feita a pro-
gia elétrica (usinas termelétricas), alimentação de caldei- dução do papel nas grandes indústrias e todo o processo que
ras e altos-fornos. O PET tem alto poder calorífico, o que acaba transformando grandes plantações de eucalipto (no
significa que sua chama gera altas temperaturas. Como é caso do Brasil) em, por exemplo, cadernos utilizados por alu-
formado na sua maior parte por átomos de carbono e não nos nas escolas.
exala substâncias tóxicas quando queimado a exemplo do O processo inicia-se com o corte das árvores usadas como
carvão e combustíveis derivados do petróleo que possuem matéria-prima para a fabricação (no Brasil, os eucaliptos são
enxofre e nitrogênio como contaminantes. as principais árvores) seguido pelo transporte de todas, ainda
3 - Reciclagem mecânica. Praticamente todo o PET re- com casca, até as fábricas. Após serem descarregadas, as toras
ciclado no Brasil passa pelo processo mecânico, que pode são processadas em descascadores e depois conduzidas aos
ser dividido em: picadores, local onde são transformadas em cavacos, peque-
RECUPERAÇÃO: Nesta fase, as embalagens que seriam nos pedaços, para que sejam mais facilmente processados. A
atiradas no lixo comum ganham o status de matéria-prima, polpa pode ser obtida por um processo mecânico, onde os
o que de fato, são. As embalagens recuperadas serão sepa- troncos são prensados contra pedras de moer na presença de
radas por cor e prensadas. A separação por cor é necessária água. Mas o processo mais comum é o químico.
para que os produtos que resultarão do processo tenham No processo químico, os cavacos vão para digestores, re-
uniformidade de cor, facilitando assim, sua aplicação no cipientes que suportam alta pressão interna, onde se subme-
mercado. A prensagem, por outro lado, é importante para tem a uma ação química do licor branco forte (soda cáustica
que o transporte das embalagens seja viabilizado. Como já mais sulfeto de sódio) e do vapor d´água, com o objetivo de
sabemos, o PET é muito leve. dissociar a lignina (adesivo natural) existente entre as fibras e
REVALORIZAÇÃO: As garrafas são moídas, ganhando a madeira. A celulose industrial se resume a essas fibras libe-
valor no mercado. O produto que resulta desta fase é o flo- radas.
co da garrafa. Pode ser produzido de maneiras diferentes e, Após essa operação, a celulose sofre refino, que dará as
os flocos mais refinados, podem ser utilizados diretamente qualidades exigidas do papel através da moagem das fibras.
como matéria-prima para a fabricação dos diversos produ- Para a fabricação de certos tipos de papel, a polpa deve ser
tos que o PET reciclado dá origem na etapa de transforma- branqueada. No processo de branqueamento, ela é tratada
ção. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda mais com peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro, oxigênio e
o produto, produzindo os grãos de PET reciclado. Desta soda cáustica em cinco estágios diferentes, com seus respec-
forma o produto fica muito mais condensado, otimizando tivos filtros lavadores. O branqueamento é a etapa em que
o transporte e o desempenho na transformação. as empresas mais utilizam cloro e organocloros, substâncias
TRANSFORMAÇÃO: Fase em que os flocos, ou o gra- poluentes que, ao serem lançadas nos rios, por exemplo, con-
nulado, será transformado num novo produto, fechando taminam a água e os peixes, causando prejuízos para o ecos-
o ciclo. Os transformadores utilizam PET reciclado para sistema e para as pessoas que utilizam essas águas.
fabricação de diversos itens, inclusive novas garrafas para Outras operações podem ser executadas durante a for-
produtos não alimentícios. mação da polpa, como o tingimento (são colocados corantes
para se obter a cor desejada), a correção do pH (normalmen-
O PAPEL NA SOCIEDADE E NA RECICLAGEM te a celulose fica em água alcalina, cuja alcalinidade deve ser
Quando pensamos na palavra Papel. O que vem na parcial ou totalmente neutralizada com sulfato de alumínio) e
nossa cabeça? Provavelmente, muitos logo se lembrariam outros aditivos (ingredientes acrescentados à polpa para me-
de revistas, jornais, panfletos, lenços e poderiam pensar até lhorar a qualidade do papel). Quando a polpa chega à caixa
em bulas de remédio, guardanapos, calendários. Professo- de entrada da máquina de papel, contém grande quantidade
res já se preocupariam com as inúmeras provas e trabalhos de água por isso a mistura é lançada sob a forma de um jato
dos seus alunos que eles sempre têm que corrigir. Médicos fino e uniforme sobre uma tela metálica móvel. A ação fil-
se lembrariam das várias receitas que sempre entregam a trante dessa tela, combinada a um sistema de vácuo, extrai
seus pacientes. Trabalhadores de cartórios não se esquece- a maior parte da água contida na polpa e as fibras acabam,
riam da enorme quantidade de documentos que passam assim, formando a folha de papel. A folha ainda é prensada
por suas mãos diariamente. Comerciantes não deixariam entre rolos, para que seja removida mais água.
de se lembrar dos cheques recebidos e das notas fiscais Após todos esses processos, a folha atravessa a seção de
emitidas, em troca, para seus clientes. Trabalhadores dos secagem, onde passa por enormes cilindros de ferro que es-
correios certamente iriam pensar nas incontáveis cartas tão normalmente aquecidos com vapor. Ao papel passar por
que vêem todos os dias. Empresários, em suas agendas esses cilindros, a água restante na folha é extraída através
sempre lotadas. Candidatos ao vestibular, nos formulários da evaporação. No final da máquina, o papel é enrolado
que preenchem durante o ano todo para conseguir con- em grandes mandris (rolo jumbo), que são rebobinados e
correr a vagas em algumas universidades. divididos em rolos menores.
47
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
2 – Picados
4 - Celulose e água
5 - Prensagem e secagem
6 – Bobina
Dali, eles vão para a seção de acabamento. Nesta seção, o papel, pronto para o uso, é cortado em folhas de formato
-padrão (A4, ofício II, etc.) e são embaladas.
Atualmente, em praticamente todas as fábricas, a produção é totalmente automatizada, sem contato manual.
O resultado de todo esse processo pode ser encontrado em papelarias, livrarias, escritórios, em nossa própria casa e em
praticamente todos os lugares. Mas o que nós não podemos esquecer é que esses papéis, mesmo depois de serem usados,
não chegam a um fim, não se tornam totalmente inúteis e descartáveis, apenas encerram uma etapa de sua utilização. O que
temos que lembrar é que existe a reciclagem, o reaproveitamento desse papel, aparentemente, sem mais nenhuma função.
Hoje em dia, há um aumento de preocupação com o meio ambiente e a reciclagem é uma forma de preservar os recur-
sos naturais como a matéria-prima, energia e água, diminuir a poluição durante a produção do papel e minimizar a quantia
de lixo enviada para os aterros. Somado a isso, ainda temos o fator econômico, já que a produção do papel reciclado acaba
saindo mais barata do que a produção de papel a partir da madeira, o que traz vantagens para as indústrias.
A pasta celulósica, normalmente provinda da madeira processada química ou mecanicamente, também pode provir
da reciclagem do papel. No processo de reciclagem, as aparas (papéis coletados em comércio, residências, escolas e ou-
tras instituições e rebarbas do processamento do papel em fábricas e gráficas) são misturadas à água e desintegradas em
pulpers (liquidificadores gigantescos). Utilizando limpadores e telas, são afastados da mistura os contaminantes (plástico,
metal, polietileno, etc.). A polpa reciclada é muito utilizada na fabricação de papel-cartão, papel-jornal e também para fa-
bricar papéis utilizados em lares, como papel higiênico, guardanapo e papel-toalha.
O papel continua muito presente em nossas vidas e nós continuamos muito dependentes dele. Ainda que, a cada dia,
a tecnologia se aprimore mais e, aos poucos, vá criando novos instrumentos e artifícios que poderiam acabar substituindo
o papel temos a certeza que essa “independência” não virá em um futuro tão próximo. E, pelo menos até chegar o dia em
que ninguém mais irá usufruir das várias utilidades do papel, a química continuará nos ajudando na fabricação e no apri-
moramento das técnicas de produção do mesmo.
Em todas as etapas e processos de fabricação do papel e até na reciclagem, podemos perceber a presença e a interfe-
rência marcante da química. A mesma química que polui os rios pode despoluí-los, tornar possível a reciclagem e, conse-
quentemente, ajudar na preservação da natureza.26
O PAPEL QUE PODE SER RECICLADO
A reciclagem de papel é antiga. Ao longo dos anos, o material mostrou ser fonte acessível de matéria-prima limpa. Com
a conscientização ambiental, para a redução da quantidade de lixo despejado em aterros e lixões a céu aberto, os sistemas
de reciclagem de papel evoluíram. As campanhas de coleta seletiva se multiplicaram e aumentou a ação dos catadores nas
ruas, que têm no papel usado uma fonte de sustento.
Cerca 38,1% do papel que circula no País retorna à produção através da reciclagem. Esse índice corresponde à aproxi-
madamente 817 mil toneladas de papel de escritório.
No Brasil, existem 22 categorias de aparas - o nome genérico dado aos resíduos de papel, industriais ou domésticos,
classificados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo - IPT e pela Associação Brasileira de Celulose e Papel -
BRACELPA. As aparas mais nobres são as “brancas de primeira”, que não têm impressão ou qualquer tipo de revestimento.
As aparas mistas são formadas pela mistura de vários tipos de papéis.
A intensidade do processo de reciclagem de papel é acentuadamente diferente, de acordo com as regiões brasileiras
onde se realiza. Nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentram as principais indústrias do País, as taxas de recuperação são
relativamente altas, observe o gráfico a seguir:
48
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O papel de escritório é o nome genérico dado a uma variedade de produtos usados em escritórios, incluindo papéis
de carta, blocos de anotações, copiadoras, impressoras, revistas e folhetos. A qualidade é medida pelas características de
suas fibras. Papéis de carta e de copiadoras são normalmente brancos, mas podem ter várias cores. A maioria dos papéis
de escritório é fabricada a partir de processos químicos que tratam a polpa da celulose, retirada das árvores. Entretanto,
papel jornal é feito com menos celulose e mais fibras de madeira, obtidas na primeira etapa da fabricação do papel, e por
isso é de menor qualidade.
Em 2007, no Brasil, o consumo per capita brasileiro de papel de escritório foi um dos mais baixos do mundo, registran-
do apenas 44 quilos por habitante ao longo de um ano; enquanto nos Estados Unidos o mesmo índice foi de 288 quilos
por habitante ao longo de um ano.
O lixo derivado do papel de escritório é formado por diferentes tipos de papéis, forçando os programas de reciclagem
a priorizar a coleta de algumas categorias mais valiosas, como o papel branco de computador. Embora tenham menor valor,
os papéis mesclados, contendo diferentes fibras e cores, são também coletados para reciclagem. Os papéis para fins sani-
tários (toalhas e higiênicos) não são encaminhados para reciclagem. O mesmo ocorre com papéis vegetais, parafinados,
carbono, plastificados e metalizados.
No Brasil, a disponibilidade de aparas de papel é grande. Mesmo assim, as indústrias precisam periodicamente fazer
importações de aparas para abastecer o mercado. Quando há escassez da celulose e o conseqüente aumento dos preços
do reciclado, as indústrias recorrem à importação de aparas em busca de melhores preços. No entanto, quando há maior
oferta de celulose no mercado, a demanda por aparas diminui, abalando fortemente a estrutura de coleta, que só volta a
se normalizar vagarosamente.
As caixas feitas em papel ondulado também são facilmente recicláveis, consumidas principalmente pelas indústrias de
embalagens, responsáveis pela utilização de 64,5% das aparas recicladas no Brasil. Dados recentes mostram que 34,52%
das aparas foram consumidas para fabricação de embalagens de alimentos e 15,57% destinados a chapas de papel ondu-
lado. O papel ondulado é o material que atualmente mais usa material reciclado no País.
49
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A liderança da região sudeste se deve principalmente sas para compensar os danos ambientais que causam. A
à grande atividade industrial e no setor de serviços, mas Companhia Mineradora Vale anunciou em 2009 que zerou
também à crescente conscientização da população de que o seu “footprint”, o que significa que ela reflorestou uma
é preciso preservar nossas áreas verdes usando formas al- área maior que aquela que devastou nas suas atividades
ternativas de produzir os materiais que consumimos. de mineração. Quando várias alternativas como essas são
usadas em conjunto, os benefícios são ainda maiores.
O QUE FAZER PARA MANTER A NOSSA ÁGUA? Outro risco à saúde dos mananciais é a presença de
Como discutimos até aqui, toda a rede produtiva e de substâncias e produtos nos efluentes (água descartada pela
reciclagem utiliza a água em seus processos industriais. A indústria), que podem ser usados como fontes de nutrien-
interferência humana pode provocar alterações sérias no tes (alimentos) por microorganismos presentes nos rios, la-
delicado equilíbrio ambiental de nosso planeta. Daí a ne- gos e açudes. É o que acontece também com o lançamento
cessidade de conhecimento, de planejamento e de cons- de esgoto (industrial e residencial) que é rico em matéria
cientização antes de serem executadas obras e outras ativi- orgânica.
dades que posam interferir na natureza. A matéria orgânica, do ponto de vista ambiental, é
A água é a única substância que existe, em circunstân- tudo aquilo que pode ser consumido por microorganismos,
cias normais, nos estados sólido, líquido e gasoso na Natu- como restos de alimentos, fezes, flores, restos de animais,
reza. A coexistência destes três estados significa que exis- etc. Esses microorganismos (principalmente bactérias),
tam transferências contínuas de água de um estado para quando dispõem de uma grande quantidade de nutrien-
outro; esta seqüência fechada de fenômenos pelos quais a tes, acabam se multiplicando intensa e rapidamente. Como
água passa do globo terrestre para a atmosfera é chamado muitos deles são aeróbios (precisam de oxigênio para viver)
de ciclo hidrológico ou simplesmente ciclo da água. ou facultativos (vivem tanto na presença como na ausência
O vapor de água obtido da transpiração dos seres vi- de oxigênio), para se desenvolverem e se multiplicarem eles
vos e da evaporação atinge um certo nível da atmosfera acabam consumindo praticamente todo o oxigênio dissol-
em que ele se condensa, formando as nuvens. Nas nuvens, vido na água, que é essencial à vida de uma enorme varie-
o vapor de água forma gotículas, que permanecem em dade de seres aquáticos.
suspensão na atmosfera. Estas gotículas, agregam-se for- Com isso, ocorre a morte por asfixia de peixes e de to-
mando gotas maiores que se precipitam, ou seja, chove. dos os seres aeróbios, provocando um desequilíbrio eco-
A chuva pode seguir dois caminhos, ela pode infiltrar-se e lógico. Os próprios microorganismos aeróbios morrem, já
formar um aqüífero ou um lençol freático ou pode simples- que também precisam de oxigênio para viver. Os faculta-
mente escoar superficialmente até chegar a um rio, lago ou tivos, bem como os anaeróbios (que podem viver privados
oceano, onde o ciclo continua. de oxigênio), passam a fermentar a matéria orgânica que
A água potável é aquela que na linguagem comum sobrou. A água, então, escurece, passa a desprender gases,
chamamos de água pura e que, para ser bebida por nós, fica oleosa e com mau cheiro. Esse fenômeno é conhecido
deve ser clara, fresca e inodora. É a água livre de materiais como estabilização do resíduo (ou eutrofização) e é bas-
tóxicos e microorganismos (bactérias, protozoários) pre- tante usado em estações de tratamento de esgoto (ETEs)
judiciais a nossa saúde. A água potável é encontrada em para minimizar os efeitos do esgoto antes que seja jogado
pequena quantidade em nosso planeta, e não está dispo- nos rios.
nível infinitamente. Por ser um recurso limitado, seu consu- A quantidade de oxigênio necessária para estabilizar
mo deve ser planejado. O planejamento da utilização dos toda a matéria orgânica é conhecida como Demanda Bio-
recursos hídricos deve ser adequado às características do química de Oxigênio (DBO). Portanto, DBO é o termo usa-
manancial (fonte) e às diversas finalidades a que se destina do para se referir à quantidade mínima de oxigênio usada
a água. É importante que se garanta água em quantidade pelos microorganismos durante o consumo (estabilização)
suficiente e qualidade recomendável aos diversos tipos de de uma determinada quantidade de matéria orgânica. A
consumo. concentração de oxigênio (O2) dissolvido nas águas super-
ficiais de rios, lagos, igarapés, quando estes se encontram
OS IMPACTOS DA PRODUÇÃO SOBRE A ÁGUA E ao nível do mar (pressão igual a 1 atm) e a 25°C, é de
O AR aproximadamente 8 a 9 mg de oxigênio para cada litro de
A ciência e a tecnologia têm apresentado várias alter- água (8 a 9 mg/L).
nativas para diminuir os impactos ambientais causados pe- Usando essas informações, veja como é possível deter-
los processos de produção de papel e celulose e de outras minar o impacto que um determinado efluente, ou esgoto,
tantas atividades industriais. A reciclagem do papel permite pode causar ao ser lançado em um rio cuja concentração de
uma redução de até 65% no descarte de poluentes na água oxigênio é de 8mg/L.
e de 26% no ar, em comparação à fabricação a partir da ce- Vamos imaginar que 50 litros de um determinado
lulose virgem. Além da reciclagem, as indústrias têm usado efluente (rico em matéria orgânica) que foi jogado nesse rio
processos de branqueamento alternativos à utilização de precisam, para serem estabilizados, de 40mg de oxigênio
compostos clorados. O uso de oxigênio para o branquea- para cada litro de efluente (ou seja, DBO de 40mg/L). Fazen-
mento das fibras é uma dessas alternativas que não causa do as contas, veremos que: Se cada litro de efluente precisa
grandes impactos ambientais. O reflorestamento, também de 40mg de oxigênio para ser estabilizado, 50 litros desse
é uma alternativa que tem sido usada por várias empre- efluente precisará de 50L x 40mg = 2000mg de oxigênio.
50
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Como o rio possui apenas 8mg desse gás em cada li- as moléculas continuam a deixar o líquido, mas outras mo-
tro, serão necessários 250L de água desse rio para conseguir léculas retornam do vapor para a fase líquida. A condição
atingir os 2000mg de oxigênio para que os microorganismos na qual estes dois processos opostos ocorrem à mesma ve-
presentes nele consigam destruir toda a matéria orgânica locidade é chamada de equilíbrio dinâmico.
presente nos 50L de efluente.
Para que você possa entender melhor os problemas am-
bientais envolvendo a água, causados pelo setor industrial
em geral e pelas pessoas individual e coletivamente, vamos
investigar mais profundamente esse assunto, começando
por conhecer algumas propriedades que fazem a água ser
tão importante para a vida.
Os gases conseguem se dissolver apenas em pequenas
quantidades nos líquidos como a água. O que pode facilitar
um pouco a dissolução é o movimento quando o rio corre
e a baixa temperatura. Quando os rios como o do exemplo
acima recebem muito esgoto eles acabam açoreando, sua
profundidade e velocidade diminuem, a menor quantidade Figura 4.6 – Representação do equilíbrio dinâmico entre a
de água aquece mais rapidamente e o problema da falta de fase liquida e a gasosa.28
oxigênio se agrava ainda mais.
Outros fatores importantes são aqueles que interferem A pressão exercida por um vapor puro em equilíbrio
na evaporação. As partículas dos líquidos, como as dos gases, com a sua fase líquida é chamada de pressão de vapor de
não têm todas a mesma energia cinética (grau de movimen- equilíbrio (ou, comumente, apenas pressão de vapor) e é
to). As partículas mais energéticas podem escapar da super- determinada unicamente pela natureza do líquido e pela
fície do líquido para a fase gasosa. temperatura do sistema em equilíbrio. Em soluções, a ten-
dência da partículas escaparem da superfície da solução
para a fase de vapor é reduzida em relação ao componente
puro. Considere como um exemplo uma solução de etanol
em água. Dois fatores contribuirão para uma diferença na
tendência ao escape (e assim na pressão de vapor):
- as moléculas de etanol e de água na superfície da so-
lução terão menor tendência a sair do liquido que aquela
que teriam no líquido puro.
- a solução conterá agregados moleculares de etanol-água
que “segurarão” uma certa fração das moléculas que, de outro
modo, estariam disponíveis para passar ao estado de vapor.
Na água existente no ambiente ocorre o mesmo, quan-
do algum poluente é misturado ele muda o regime natural
de evaporação da água.
Esse vapor d’água é que torna o ar úmido e forma as
Figura 4.5 – Representação de partículas com energia sufi- nuvens ao se condensar. Ao precipitar (chover), a água re-
ciente para escapar do liquido.27 torna para a forma líquida e o fenômeno da evaporação
recomeça, formando o ciclo da água como já citamos an-
À medida que a temperatura é aumentada, aumenta teriormente. Esse ciclo pode ser afetado por vários fatores,
também a porcentagem de partículas de alta energia, e, por- entre eles a poluição das águas, que pode diminuir sua taxa
tanto, a tendência de vaporização aumenta. Num recipiente de evaporação e, conseqüentemente, a umidade do ar e
aberto, um líquido evapora a uma velocidade determinada quantidade de chuvas na região.
pela temperatura, pela área superficial (em contato com o ar), Resumindo, a taxa de evaporação da água depende ba-
pela pressão externa, pela velocidade de remoção de vapor sicamente de dois fatores:
(por ex., por uma corrente de ar que passa sobre a superfície • energia do sol: que aquece a água e o solo, sendo
do líquido), e pelas características fundamentais do líquido que este contribui para o aquecimento da água. Nos dias
em questão. Como a temperatura é uma medida da energia mais frios a água evapora menos, deixando o ar mais seco;
cinética média, e como as partículas mais energéticas são as • presença de poluentes solúveis: essas substân-
que escapam mais freqüentemente, a temperatura do líqui- cias, quando dissolvidas na água, provocam um fenômeno
do é diminuída pela evaporação. chamado abaixamento da pressão máxima de vapor, que
Se o líquido estiver num frasco fechado, pode parecer pode ser entendido como uma diminuição da capacidade
que a evaporação cessou enquanto ainda havia líquido pre- de evaporar da água. Quanto maior a concentração desses
sente. Experiências cuidadosas mostraram que em tais casos, poluentes nos rios e lagos menor é a taxa de evaporação
da água.
27 Rod O’Connor, Fundamentos de Quimica, Ed. 28 Rod O’Connor, Fundamentos de Quimica, Ed.
Harper & Row do Brasil. Harper & Row do Brasil.
51
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A pressão máxima de vapor é a grandeza usada para medir o grau de volatilidade de uma substância.
Quanto mais volátil for um líquido, maior é sua pressão máxima de vapor, em uma determinada tem-
peratura.
Em outras palavras, quanto menores as forças de atração entre as partículas (átomos, moléculas) que
compõem uma substância volátil, como a água, menor é a dificuldade que as partículas terão para
escapar da fase líquida, em forma de vapor, e maior sua volatilidade. A adição de substâncias solúveis
(soluto), no líquido, altera o comportamento das partículas dele (do líquido), aumentando, possivel-
mente, a atração entre as partículas e diminuindo a volatilidade.
Uma das conseqüências decorrentes do abaixamento da pressão máxima de vapor causada pela poluição das águas
é a alteração da temperatura ambiente de uma determinada região. A umidade do ar desempenha um papel importante,
sendo um dos reguladores da temperatura ambiente. Em regiões onde a umidade do ar é baixa, a temperatura (média) am-
biente tende a ser maior, durante o dia, do que em outra região localizada em posições geográficas semelhantes. À noite,
acontece o inverso: a temperatura será menor na região com baixa umidade do ar, ou seja, a amplitude térmica (diferença
entre as temperaturas máxima e mínima) é aumentada. Contudo, a umidade do ar não é o único fator que contribui para
“estabilizar” a temperatura ambiente. As correntes marítimas, o relevo, a vegetação, o tipo de ocupação dos espaços físicos
(urbanização), entre outros fatores, também têm um papel decisivo.
A baixa umidade do ar também influencia diretamente a saúde das pessoas, pois acelera o processo de desidratação
das células e tecidos, o que obriga as pessoas a beberem mais líquidos para repor a água perdida. É responsável, também,
pela sensação incômoda de ressecamento dos olhos, nariz e boca, aumento dos casos de alergia e respiratórios e aumento
da concentração de poluentes atmosféricos.
Outro efeito da poluição das águas sobre as sociedades refere-se à agricultura, à pecuária e à produção de alimentos.
A maioria das lavouras são irrigadas com água dos rios, lagos e igarapés, sem um tratamento prévio. Sendo assim, se essa
água estiver poluída com substâncias tóxicas e/ou com microorganismos patogênicos, a qualidade dos produtos obtidos
dessas lavouras pode estar comprometida. Como, no Brasil, a fiscalização dos alimentos não é das mais eficientes, é possí-
vel que muitos alimentos vegetais disponíveis nos mercados, mercearias e restaurantes estejam contaminados com subs-
tâncias tóxicas, cujos efeitos sobre a saúde da população podem ir desde uma simples indisposição ou mal-estar (a curto
prazo) até problemas mais graves, como problemas cardíacos, distúrbios neurológicos, problemas renais e hepáticos, entre
outros (a médio e longo prazos), devido ao consumo regular desses alimentos.
A questão é que não são apenas os alimentos vegetais que podem ser afetados pela poluição das águas; os peixes,
frutos do mar e até mesmo o gado leiteiro e de corte também podem. O gado é afetado quando come ração e pastagem
contaminadas. A partir daí, a carne e seus derivados, bem como o leite e seus derivados, passam a ser veículos de contami-
nação. Já os peixes e os frutos do mar podem ser afetados pela poluição das águas de duas maneiras:
- direta: quando as substâncias tóxicas e/ou os microorganismos patogênicos são absorvidos direto da água;
- indireta: quando os peixes e os frutos do mar se alimentam de seres contaminados.
Diante de tudo o que foi discutido aqui, o fato incontestável é que a poluição da água pode afetar, em maior ou menor
grau, a saúde de todos os seres vivos, portanto as medidas de reciclagem, diminuição de resíduos e conservação discutidas
devem servir de incentivo para que possamos ajudar e propor novas maneiras de contribuir com essas ações.
Atividade 1
(ENCCEJA – 2006) Para secar um par de tênis após sua lavagem, as pessoas em geral abrem o calçado ao máximo, pu-
xando sua lingüeta para fora, e retiram suas palmilhas e cordões antes de colocá-lo para secar. Com esse procedimento, o
tênis seca mais rapidamente do que se estivesse com as palmilhas, com os cordões e com a lingüeta para dentro porque:
(A) essas partes do tênis são feitas com materiais diferentes.
(B) o tênis se aquece mais quando têm suas partes separadas.
(C) a permeabilidade do tênis em contato com a água diminui.
(D) aumenta a superfície total do tênis em contato com o ar.
Atividade 2
(ENCCEJA – 2006) Observando o ciclo da água na natureza ilustrado na figura acima, avalie as seguintes afirmações:
I As chuvas caem no continente e não retornam mais ao mar.
II Nuvens se formam no mar pela evaporação da água do oceano e do continente.
III Quando a água das chuvas atinge a terra, escoa pela superfície, alimentando diretamente os rios, e infiltra-se no solo,
alimentando os lençóis subterrâneos.
52
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 3
(ENCCEJA – 2006) Segundo dados do IBGE, 80% do lixo gerado no Brasil é depositado em lixões a céu aberto, sendo
apenas uma pequena parte dele entregue para as usinas de reciclagem.
Atividade 4
(ENCCEJA – 2005) Com a produção e utilização de utensílios plásticos, nota-se que há uma preocupação com o tempo
de sua degradação. O processo de reciclagem aparece como uma das soluções para diminuir a agressão ao meio ambiente,
reaproveitando os plásticos usados. O processo de reciclagem de plásticos é importante porque:
I) diminui o desperdício de matéria-prima.
II) impede que novos produtos plásticos sejam fabricados.
III) exclui gastos de energia para fabricar novos produtos.
IV) reduz o impacto do lixo nas cidades.
Estão corretas:
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) III e IV.
(D) I e IV.
Atividade 5
(ENCCEJA – 2005) Para produzir leite em pó, uma indústria deve desidratá-lo (retirar a água), e isso é feito por meio
da vaporização (passagem da fase líquida para a de vapor). Para tanto, o leite pode ser aquecido até entrar em ebulição
(ferver), mas isto apresenta um inconveniente: sob pressão de 1 atm (atmosfera), o leite entra em ebulição acima de 100ºC
e, nessa temperatura, algumas proteínas são destruídas, reduzindo a qualidade do leite em pó produzido. A saída para que
ocorra a vaporização da água contida no leite sem que as proteínas sejam destruídas é:
53
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 6
(ENCCEJA – 2005) Os microrganismos responsáveis pela decomposição orgânica são extremamente importantes para a
natureza e para o equilíbrio ecológico. Decompondo a matéria orgânica, esses organismos devolvem ao ambiente componentes
químicos essenciais, completando, assim, o ciclo da vida. Porém, quando ocorre grande decomposição em espaços limitados,
principalmente na água, há um aumento excessivo de nutrientes (eutrofização), ocasionando a diminuição da taxa de oxigênio
e, conseqüentemente, a morte de muitos organismos aeróbios.
Fonte: BRANCO, Samuel Murgel. ÁGUA, Origem, uso e preservação. 2ª edição. Editora Moderna. Pág. 70
O processo de eutrofização em rios e lagos pode ser provocado por atividades humanas. Um exemplo disso seria:
(A) o lançamento de esgoto doméstico não tratado.
(B) o tratamento de água potável para a população.
(C) o lançamento de pneus de borracha.
(D) a canalização de águas pluviais.
Atividade 7
(ENCCEJA – 2002) O esquema mostra, de maneira simplificada,o que acontecia há alguns anos no processo que vai desde a
extração do minério de alumínio até o destino final das latinhas de refrigerante:
A atualização desse esquema deve considerar a reciclagem do alumínio. Para tanto, deve-se colocar na seqüência do pro-
cesso acima as fases:
(A) Consumidor → Coletor → Fábrica de latinhas
(B) Lixo → Coletor → Mineração de bauxita
(C) Consumidor → Coletor → Fábrica de refrigerante
(D) Lixo → Consumidor → Produção de alumínio
Atividade 8
(ENCCEJA – 2002) O uso de fontes renováveis de energia é recomendável porque, mesmo com o passar dos anos, essas
fontes não se esgotam e podem continuar a ser utilizadas. Esse é um dos fatores a favor do uso de:
(A) hidrelétricas e termelétricas movidas a petróleo.
(B) hidrelétricas e coletores solares.
(C) termelétricas movidas a petróleo ou a gás natural.
(D) coletores solares e usinas nucleares.
Atividade 9
(ENCCEJA) – 2006) Tem sido desenvolvida no Brasil tecnologia para a produção de plásticos biodegradáveis, ainda que em
pequena escala. Entre esses plásticos, estão os polihidroxialcanoatos (PHA), que são polímeros produzidos por certas bactérias
do solo a partir de carboidratos como o açúcar de cana. Algumas características desses polímeros estão descritas a seguir.
- Sua durabilidade no ambiente é de alguns meses, que é pouco tempo, quando comparado aos polímeros derivados do
petróleo, que chega a uma centena de anos.
- O custo é maior do que o dos polímeros obtidos do petróleo, pois a escala de produção ainda é pequena. Entretanto,
quando surgiram, os polímeros derivados do petróleo também tinham custo maior do que os dos materiais que substituíram.
Considerando essas características, pode-se prever que, em um futuro próximo, se houver aumento da escala de produção, os PHA
poderão substituir, de forma vantajosa, os polímeros atualmente utilizados na fabricação de diversos produtos, como, por exemplo,
(A) sacos de lixo e embalagens descartáveis.
(B) pára-choques e estofamentos de veículos.
(C) lentes e armações de óculos corretivos.
(D) tintas e vernizes para fachadas de residências.
54
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 10
(ENCCEJA) – 2006) O polietileno, plástico muito utilizado, é obtido pela polimerização do etileno. Essa polimerização
pode ser representada por:
O poliestireno, outro plástico muito utilizado, é obtido pela polimerização do estireno, cuja fórmula é a seguinte:
Sabendo-se que a polimerização do estireno é semelhante à do etileno, conclui-se que o poliestireno pode ser repre-
sentado por:
(A)
(B)
(C)
(D)
________ _
55
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 11 Capítulo 5
(ENCCEJA) – 2005) O ácido tartárico (DIHIDROXIBUTA-
NODIÓICO), com a fórmula estrutural:
A Saúde no Brasil
COMPREENDER ORGANISMO HUMANO E SAÚDE,
RELACIONANDO CONHECIMENTO CIENTÍFICO, CULTU-
RA, AMBIENTE E HÁBITOS OU OUTRAS CARACTERÍSTI-
CAS INDIVIDUAIS.
56
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
sários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, - Indicadores Demográficos – são aqueles que infor-
na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda mam: o número total da população; a composição por se-
de meios de subsistência por circunstâncias independentes xos (quantos são os homens e quantas são as mulheres); a
da sua vontade”.30 taxa de crescimento (quanto a população cresce em deter-
Para tratar deste artigo foi criada pela própria ONU a minado período); o coeficiente de mortalidade (de cada mil
Organização Mundial de Saúde (OMS) que tenta promover habitantes, quantos morrem em determinado período); a
as ações necessárias para que esses direitos sejam respei- esperança de vida ao nascer , isto é, qual o número médio
tados em todos os países que fazem parte da organização. de anos que se espera que um recém-nascido possa viver;
Não fique confuso ou confusa porque dissemos a pou- a proporção de idosos na população (de toda a população,
co que a saúde também é questão de atitude. Dissemos quantos têm mais de sessenta anos), etc.
isso porque existem situações que dependem apenas de - Indicadores socioeconômicos – Esses indicadores
você, outras podem contar com o seu esforço, mas depen- mostram a taxa de analfabetismo, a escolaridade da po-
dem de condições externas e outras que não dependem pulação (quantos anos de estudo), a proporção de pobres
de você. Por exemplo, você não pode instalar um posto de (quantos, do total da população, vivem sem condições de
saúde ou um hospital no seu bairro. Mas pode organizar atendimento de suas necessidades básicas), a taxa de de-
um grupo grande de moradores ou um abaixo assinado semprego, a taxa de trabalho infantil etc.
para reivindicar o direito de ter esses serviços disponíveis. - Indicadores de mortalidade – nos informam as causas
Também não pode exigir que uma empresa lhe ofereça um das mortes de crianças e em que quantidades acontecem,
bom emprego com ótimo salário, mas pode estudar, se como por exemplo, por diarréia e por infecção respiratória
qualificar e se esforçar para conseguir um. Você não pode aguda; as taxas de mortalidade por doenças do aparelho
gastar o pouco dinheiro que tem em muitas atividades de circulatório e por acidente de trabalho, entre outras.
lazer, mas pode reunir os amigos ou brincar com seus filhos - Indicadores de Doenças e Fatores de risco – Nos in-
em uma praça ou parque sem gastar nada. Talvez você não formam quanto à incidência de doenças evitáveis por vaci-
possa ir a um supermercado e encher o carrinho com tudo nação (sarampo, tétano, poliomielite, febre amarela etc.); o
avanço de doenças transmissíveis (AIDS, tuberculose, den-
o que tem de mais caro por lá, mas pode, se tiver infor-
gue, malária etc.) e a ocorrência de doenças relacionadas
mação, escolher os alimentos mais saudáveis e necessários
ao trabalho, entre outras. Esses dados informam também o
para uma boa nutrição. Comer bem não depende tanto de
número de crianças vacinadas no primeiro ano de vida; os
dinheiro, depende mais do seu bom senso, criatividade e
locais onde há redes de abastecimento de água; onde há o
conhecimento. Tudo isso fará uma grande diferença na sua
encaminhamento adequado do esgoto; onde há coleta de
qualidade de vida, na sua saúde e na daqueles que você
lixo, etc.
gosta e que estão a sua volta.
É importante salientar que estes indicadores todos são
Você viu que muita coisa se pode fazer, se organize,
dados estatísticos de um país ou de uma região dentro dele.
faça uma lista, separe as coisas que dependem só de você, Muitas vezes eles escondem contrastes difíceis de serem
as coisas que dependem em parte e aquelas que não de- entendidos. Enquanto as regiões Sudeste e Sul do Brasil go-
pendem. Poderá ter uma ótima surpresa vendo o quanto zam de um status de países de primeiro mundo com baixos
você pode fazer pela sua saúde! índices de analfabetismo e mortalidade infantil, serviços de
Mesmo com a organização que sugerimos e com tudo saúde de boa qualidade e farta alimentação, as regiões nor-
o que dissemos, sabemos que não é fácil cuidar do nosso te, nordeste e centro-oeste apresentam uma qualidade de
bem estar. Escolher um plano de saúde, organizar as nos- vida muitas vezes deplorável onde se morre de fome, sede
sas carteiras de vacinação e dos nossos filhos, saber que e com falta de simples saneamento básico.
locais são mais adequados e mais seguros para freqüentar- Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Aplica-
mos. Imagine então o trabalho que dá organizar isso num da) há 53 milhões de brasileiros que estão abaixo da linha
município estado ou país. É necessária muita informação, de pobreza (não têm dinheiro suficiente para cobrir suas
que deve ser obtida corretamente e com exatidão. despesas com alimentação, moradia, vestuário e transpor-
Você já deve ter ouvido falar do IBGE (Instituto Brasi- te). Dentre esses, há 23 milhões que são considerados indi-
leiro de Geografia e Estatística), este órgão governamental gentes. Metade deles vive no Nordeste. O Piauí é o estado
é um dos responsáveis por conseguir essas informações. em pior situação (57% da população está incluída nesse
Seus agentes batem de casa em casa, fazem várias pergun- grupo). É considerada indigente a pessoa que ganha até um
tas e depois calculam uma série de índices que são mos- dólar por dia. É uma situação comparada a muitos países da
trados em tabelas e gráficos. Esses índices são a tradução África mais pobres que o nosso. Porém neste nosso país, há
para a língua matemática das condições de saúde da po- comida sobrando. Calcula-se que cerca de 39.000 tonela-
pulação, que ajudam os governos a planejarem as ações das de comida são desperdiçadas diariamente, o que daria
para melhorar o serviço. Eles são chamados de indicadores para alimentar 19 milhões de pessoas. Como explicar então
da saúde. Entre eles podemos encontrar: a existência de tantas pessoas abaixo da linha de pobreza?
Daqui a pouco você mesmo vai poder dar a resposta,
por enquanto aqui vai uma pergunta: Você sabia que de
30 ONU. Declaração Universal dos Direitos toda a renda gerada no país, os 10% mais pobres têm aces-
Humanos. XXV-1, 1948. so apenas a 1% e os 10% mais ricos usufruem de 46,7%
57
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
dela? Mas só este dado ainda é insuficiente para respon- o mapa da figura 5.1 parece ser ideal. Mas se precisarmos de
der à pergunta. Ficará mais fácil se discutirmos um pouco parâmetros numéricos esse tipo de representação ficará com-
sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de vá- plicada. Como cidadãos devemos saber estudar esses gráficos
rias regiões do país. e tabelas, extrair informações deles para podermos cobrar dos
O IDH é um índice criado pelo Programa das Nações poderes públicos as ações necessárias ao nosso bem estar.
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e calculado para A figura mostrada a seguir apresenta um gráfico com-
diversos países desde 1990. Originalmente proposto para parativo da evolução dos IDHs por região no período de
medir a diferença entre países, foi adaptado para ser apli- 1991 a 2005.
cado também a Estados e municípios. O índice vai de 0
a 1 — quanto mais perto do 1, maior o desenvolvimento
humano. O cálculo é feito pela média simples de três com-
ponentes:
- IDH de Longevidade (indicador de longevidade), me-
dida da esperança de vida ao nascer;
- IDH de Educação (indicador de nível educacional),
medido pela combinação da taxa de alfabetização de pes-
soas de 15 anos ou mais (com peso 2) e da taxa bruta de
matrículas nos três níveis de ensino (fundamental, médio e
superior) em relação à população de 7 a 22 anos de idade
(com peso 1). Para regiões, Estados e municípios do Brasil,
usa-se a taxa de freqüência escolar;
- IDH de Renda (indicador de renda), medido pelo PIB
real per capita em dólares. Para regiões, Estados e municí-
pios do Brasil, usa-se a renda familiar per capita.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos Estados Figura 5.2 – Indicação do IDH por região brasileira.
brasileiros mostra um país partido ao meio. Os números, refe-
rentes a 2005, mas que só foram publicados em 2007, revelam Nele, temos duas linhas principais, os eixos: um vertical,
que todos os 11 melhores IDHs são de unidades da Federação onde estão colocados os valores (no caso, os valores de IDH)
do Sul, Sudeste e Centro-Oeste – com destaque para o Dis- e outro horizontal, onde estão colocados os diferentes anos
trito Federal, na primeira colocação. Já os piores são os nove em que a pesquisa foi realizada. Para cada ano, corresponde
Estados nordestinos, segundo um recente relatório da ONU.31. um valor de IDH e isso significa um ponto no gráfico. Por
exemplo, em 1995 o IDH na região sudeste foi de aproxima-
damente 0,750. Em 2003, este índice subiu para praticamen-
te 0,800 e assim por diante. O conjunto das informações de
todos os anos pesquisados está representada por uma linha
continua cinza.
Podemos perceber através dele, imediatamente, que de
um modo geral o IDH melhorou em todas as regiões bra-
sileiras, mas ainda é o menor nas regiões norte e nordeste.
“Sem dúvida, o documento mostra um Brasil dividido.
Isso se dá por conta da concentração de renda e da ativida-
de econômica em termos geográficos. A produção ainda é
muito mais concentrada no Sudeste e no Sul”, afirma Renato
Baumann, coordenador-geral da publicação que apresen-
tou estes dados. O estudo, lançado em 2007 em Brasília, é o
primeiro a trazer uma série histórica, ano a ano (de 1991 a
Figura 5.1 – Mapa da federação mostrando os estados bra- 2005), do IDH dos Estados e das regiões do Brasil.
sileiros por classificação de IDHs.32 O melhor índice, o do Distrito Federal, é de 0,874, igual
ao da Hungria e superior ao de países como Argentina e
A linguagem matemática pode mostrar esses índices de Emirados Árabes Unidos. A capital da Federação é líder
maneiras diferentes, como tabelas e gráficos de vários tipos. no ranking em todos três sub-índices que compõem o in-
A finalidade das informações é que irá indicar como serão exi- dicador elaborado pelo PNUD, mas o destaque fica para a
bidas. Para saber a localização dos estados pelos seus índices, renda per capita: o índice relativo à renda (0,824) é muito
superior ao do segundo colocado nesse quesito (São Paulo,
31 Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho com 0,768). O IDH-Educação (o componente de instrução
Decente – A experiência brasileira recente, lançado por do índice) do Distrito Federal é maior que o da Itália, Suíça e
três agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica Alemanha – esse item, no entanto, mede freqüência à escola
para América Latina e Cari be), OIT (Organização e alfabetização, e não qualidade do ensino. Seu IDH Lon-
Internacional do Trabalho) e PNUD - WWW.pnud.org.br gevidade (que leva em conta a expectativa de vida) supera
32 WWW.pnud.org.br o de Omã e Argentina, por exemplo.
58
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O segundo lugar no IDH é de Santa Catarina (o Estado que mais melhorou no ranking de 1991 até 2005, ganhando três
posições), com 0,840. Em seguida vem São Paulo (que registrou o segundo menor crescimento desde 1991), com 0,833.
Na ponta debaixo, Alagoas, que tinha o pior IDH em 1991, continuou na mesma posição em 2005, com 0,677. Da
mesma forma, Maranhão, Piauí e Paraíba não deixaram de ser o segundo, terceiro e quarto piores, respectivamente. Entre
todos os índices que compõem o IDH, Alagoas só não tem a pior posição no quesito renda — o IDH-Renda do Maranhão
é menor.
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
O que faz uma população ou uma pessoa se desenvolver como cidadã é o nível de conhecimento que ela tem sobre a
sociedade em que vive. Observe o gráfico de barras mostrado a seguir sobre a situação da educação no Brasil.
Para nós brasileiros o gráfico mostra um dado alarmante: o Brasil é o pior país em índice de analfabetismo entre nossos
vizinhos da America do Sul e de fato (um dado que o gráfico não mostra) é também terceiro pior da América Latina, atrás
apenas do Haiti e da Guatemala. De acordo com a ONG Alfalit, os níveis de analfabetismo no Brasil chegam a 11,4%, núme-
ro que só não é pior que o do Haiti (41,7%) e da Guatemala (30,9%). Entre os países com menor porcentagem de pessoas
que não sabem ler estão Chile, Argentina e Uruguai.33
Mas não basta apenas que uma pessoa saiba ler e escrever para que ela possa ser considerada alfabetizada, ela precisa
também ser capaz de interpretar, entender e ser capaz de formar opinião sobre o assunto que está lendo. Caso o individuo
não consiga fazer isso ele é considerado um analfabeto funcional, ou seja, sabe ler mas não entende o que está lendo.
Se a situação que o gráfico anterior mostrou já parecia crítica, vamos apresentar um ainda mais alarmante. Observe o
próximo gráfico:
Figura 5.4 – Percentuais de analfabetismo funcional no Brasil por regiões (2005 – 2006).34
59
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Eles mostram um grande número de analfabetos funcionais. Mostra também que os índices mais altos de analfabetos
funcionais estão no Norte e Nordeste do país, o que não é coincidência, já que são as regiões com IDHs mais baixos. Pes-
soas mal instruídas não se qualificam para bons empregos. Sem bons empregos a renda permanece sempre baixa. Com
renda baixa o IDH não melhora. Regiões de baixos IDHs não atraem empresas, nem comércio e nem investimentos, por
conseqüência não se investe em educação de boa qualidade e temos um circulo vicioso que só pode ser quebrado com a
melhoria dessa educação.
Esses dados, agora em conjunto, podem explicar porque existem tantas pessoas abaixo da linha da pobreza no Brasil.
Entre as conseqüências dessa condição de vida deficiente podemos mencionar os altos índices de mortalidade infantil
nessas regiões onde o IDH é baixo e índices de analfabetismo são altos. Observe o gráfico a seguir:
Figura 5.5 – Gráfico comparativo do coeficiente de mortalidade infantil entre os estados brasileiros – dados de 2005.35
Se compararmos os dados apresentados nas figuras 5.4 e 5.5 podemos verificar que há uma relação entre a baixa es-
colarização e o alto índice de mortalidade infantil. A falta de escolarização da mãe, que por esse motivo tem menos acesso
a informações, pode ser um dos fatores responsáveis por um aumento nessa taxa. Pode-se concluir, portanto, que há a
possibilidade de haver uma relação entre maior número de mães analfabetas em uma determinada região e um aumento
na taxa de mortalidade infantil.
Segundo o Ministério da Saúde, as principais causas de morte das crianças de até um ano no país são: pneumonia,
desnutrição, complicações do parto e pós-parto e diarréia. Verificamos, então, que existem outros fatores, além da pouca
escolaridade da mãe, que podem provocar essas mortes. A diarréia, por exemplo, pode estar associada à falta de sanea-
mento básico. Já a desnutrição surge como conseqüência da baixa renda da população.
Entre as principais causas de morte citadas anteriormente, quais delas estão relacionadas à falta de atendimento médi-
co e de medicamentos? Provavelmente, algumas regiões carentes do país são mais deficientes nesses atendimentos, o que
também influencia as taxas de mortalidade infantil observadas.
Mas esses gráficos todos que analisamos não trazem só noticias ruins. Se observarmos com atenção perceberemos
que todos eles apresentam uma melhoria progressiva nos índices. O Relatório Anual do Unicef “Situação Mundial da In-
fância 2009”, divulgado em Johanesburg, África do Sul, em Janeiro de 2009 mostrou que o Brasil vem há anos reduzindo
progressiva e continuadamente o principal indicador do Unicef para a infância, a taxa de mortalidade de crianças menores
de 5 anos (TMM5).
60
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O gráfico a seguir registra as TMM5 de 2001 a 2007, Micróbios podem também se associar a outros seres
segundo o Unicef. vivos como os insetos para atingirem distâncias maiores.
O vírus que causa a Dengue é transmitido através de um
mosquito, a fêmea pica uma pessoa infectada, suga seu
sangue e o vírus se aloja no corpo dela. Quando essa fêmea
pica outra pessoa ele é transferido para um novo hospe-
deiro.
Quando um micróbio invade nosso corpo, pode causar
infecções nos mais diferentes órgãos. Relacionaremos a se-
guir algumas formas de contágio de doenças infecciosas e
os modos de prevenção.
61
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
62
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 5.9 – Foto do platelminto planária37 e esquema representativo das suas principais estruturas38.
Platelmintos de vida livre, como as planárias, alimentam-se de pequenos animais vivos ou mortos. Sua boca fica loca-
lizada na parte ventral do corpo (parte de baixo) e serve também para eliminar os restos não aproveitados, pois não existe
ânus. As espécies parasitas retiram seu alimento do hospedeiro. Alguns deles como, a tênia não, não apresentam boca nem
intestino, e absorvem nutrientes por toda a superfície corporal.
Alguns vermes desse grupo como as planárias e tênias são hermafroditos (possuem os dois órgão sexuais), outros
como os esquistossomos possuem sexos separados. Entre as doenças causadas por platelmintos podemos citar:
- Esquistossomose ou barriga-d’água: causada pelo platelminto Schistosoma mansoni. O conhecimento dessa parasito-
se deve-se aos professores Pirajá da Silva e Adolfo Lutz. Na fase adulta, o verme habita o sistema hepático do homem doen-
te. O macho possuindo uma fenda no corpo (canal ginecóforo) aloja a fêmea de tal forma que sua reprodução é bastante
facilitada. Após o acasalamento os vermes abandonam o sistema e migram para o intestino. Nas veias da mucosa Intestinal
as fêmeas realizam a postura, isto é, deposital os ovos e, por rompimento dos capilares, os ovos caem no intestino e são
eliminados com as fezes. Adquire-se essa doença nas águas existentes em córregos, ribeirões, rios, lagoas, poças, etc.. mas
nunca em águas salgadas. O mal é transmitido por um caramujo de água doce, Biomphalaria ou Planorbis, cuja concha,
enrolada em espiral é achatada no sentido lateral.
Os ovos do esquistossomo, ao caírem na água, transformam-se numa pequena larva (miracidio) (1), que penetra no ca-
ramujo(2): aí se desenvolve, transformando-se em outra larva, a cercaria (3) que volta à água, onde aguarda a oportunidade
de penetrar no homem, através da pele. As cercarias, caindo na circulação sangüínea do homem (4), chegam às veias do
fígado, onde se desenvolvem (5). Quando se tornam vermes adultos, juntam-se aos pares, reproduzem-se e migram para
os vasos do intestino grosso, onde as fêmeas realizam a postura conforme a figura a seguir:
37 WWW.ser.com.br
38 www.johnson.emcs.net,
63
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Pode-se evitar a disseminação da esquistossomose promovendo a construção de fossas, a fim de evitar o lançamento
de fezes ao ar livre; realizando o tratamento sistemático dos indivíduos doentes; destruindo os caramujos com o uso de
certas drogas, como o sulfato de cobre e a cal; evitando que pessoas sadias entrem em contato com águas contaminadas.
- Teníase e cisticercose são parasitoses causadas pelos vermes platelmintos Taenia solium (parasita do porco e do ho-
mem) e Taenia saginata (parasita do boi e do homem), conhecidos por solitárias. O corpo da tênia ou solitária constitui-se
de cabeça (escólex - 1) pescoço (colo) e estróbilo, uma fita alongada e achatada, formada por numerosos segmentos (pro-
glotes) (2). Em cada proglote há os sistemas genitais masculino e feminino, ocorrendo neles, quando maduros, a reprodu-
ção e a formação de ovos (3). Cada proglote da extremidade livre, quando repleto de ovos, desprende-se e sai juntamente
com as fezes. Se estas ficarem expostas ao ambiente, poderão ser ingeridas pelo porco ou gado junto com a vegetação
(4). No intestino deste, os ovos evoluem para embriões providos de seis ganchos (na Taenia solium) (5), que atravessam
as paredes do intestino e, através da corrente circulatória, alojam-se nos músculos, envolvendo-se de uma membrana
protetora e formando um quisto (cisticerco) (6). O porco com os cisticercos é portador de uma doença conhecida como
cisticercose. Se o homem vier a comer carne mal cozida desse porco, receberá os cisticercos, que perdem a membrana
envolvente, fixam-se na parede de seu intestino delgado e crescem formando novos segmentos. Dessa forma o homem
adquire a teníase. Veja a figura a seguir:
O homem pode também infestar-se ingerindo água ou hortaliças contaminadas por ovos de tênia. Nesse caso, em seu
intestino, os ovos evoluem para embriões que, da maneira já descrita, ganham a circulação, indo alojar-se no cérebro ou em
outros órgãos do sistema nervoso, determinando a formação de tumores que podem causar graves lesões, levando muitas
vezes o indivíduo à morte. É a cisticercose.
O ciclo da Taenia saginata é semelhante, com a diferença de que seu hospedeiro intermediário é o boi.
Os nematelmintos têm o corpo cilíndrico, alongado e com as extremidades afiladas, podem ser encontrados nos
mesmos ambientes que os platelmintos e ,como eles, têm tamanhos variados. Alguns chegam a ter mais de um metro,
enquanto outros são microscópicos. As espécies parasitas geralmente têm o corpo revestido por camadas resistentes,
protegendo-os de ambientes hostis.
Esses vermes já possuem boca por onde o alimento entra. Ele é parcialmente digerido no intestino formado por um
tubo e a digestão se completa dentro das células. Os restos não digeridos são eliminados pelo ânus.
Geralmente os nematelmintos apresentam sexos separados sendo a fêmea maior que o macho, a reprodução é
sexuada.
São doenças causadas por nematelmintos:
- Filariose ou elefantíase: parasitose causada pelo verme Wuchereria bancrofti. O verme adulto habita os vasos e gân-
glios linfáticos do indivíduo parasitado causando hipertrofia (aumento) de certos órgãos (testículos, seios, membros, etc.).
Nos membros inferiores o inchaço é tão grande que produz um aspecto semelhante ao de uma pata de elefante (daí o
nome elefantíase). Sua transmissão é feita por mosquitos dos gêneros Aedes Anopheles e Culex.
64
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
39 WWW.parasitoliga.com
65
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
66
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O mosquito pica um indivíduo doente geralmente à noite, ingere sangue com as leishmânias (1), as quais evoluem
em seu tubo digestivo (2). Após um período de incubação (uma semana), o flebótomo (mosquito palha) pode transmitir o
parasita, ao picar outras pessoas sadias (3).
Com a picada do inseto no hospedeiro definitivo, a leishmânia é inoculada na derme, desenvolve-se e reproduz-se no
interior das células do tecido conjuntivo subepidérmico (4).
A pele é formada por duas camadas. A primeira, a epiderme, é superficial, visível e formada principalmente
por células, estando em contato com o meio ambiente. É a parte sobre a qual a maioria dos seres humanos
constrói a sua imagem corpórea. Apesar da espessura fina, estudos microscópicos e ultramicroscópicos
revelam a real constituição da epiderme. São cinco camadas celulares prensadas. Nessas camadas existem:
A segunda camada, a derme, está abaixo da epiderme. Todos os elementos da pele são produzidos pela
derme. Por isso, essa parte é considerada a mais importante. Setenta por cento do seu peso bruto é for-
mado por proteínas alongadas, denominadas fibras colagéneas. Essas fibras conferem grande resistência
à derme.
A intensa reprodução do parasita e conseqüente invasão de novas células produz inicialmente, uma mancha averme-
lhada que progride numa ulceração (5). Após o aparecimento de lesões cutâneas, ou seja, lesões na pele, a ulceração se
manifesta na mucosa do nariz, da boca, da faringe, laringe. O ataque a essas mucosas produz graves lesões, que dificultam
deglutição, leva o paciente à morte.
Previne-se a leishmaniose com a colocação de telas nas habitações, uso de mosquiteiros em berços e aplicação de
inseticidas.
- Malária ou impaludismo: doença infecciosa do homem e de outros animais, causada por protozoários esporozoários
do gênero Plasmodium. No Brasil é transmitida ao homem através da picada do inseto Anopheles darlingi.
O ciclo vital do plasmódio se desenvolve em parte no tubo digestivo do inseto (ciclo sexuado) e em parte no sangue
humano (ciclo assexuado). Não se preocupe em entender o ciclo de reprodução neste momento. Ele será melhor explicado
no capitulo seguinte.
O indivíduo com malária possui, no sangue, formas reprodutivas do plasmódio. No tubo digestivo do inseto, essas for-
mas transformam-se em gametas. Após a fecundação, formam-se ovos, que se instalam na parede do estômago do inseto.
Os ovos se multiplicam produzindo formas infectantes do protozoário as quais se espalham pelo corpo do inseto atingindo
inclusive as glândulas salivares. Como o inseto, ao sugar o sangue do hospedeiro, primeiramente injeta saliva (que contém
uma substância anticoagulante para que o o hospedeiro sangre mais tempo e o inseto possa se alimentar), introduz com
ela as formas infectantes do plasmódio.
Os insetos transmissores do plasmódio são fêmeas, pois os machos são herbívoros. O combate à malária é feito por
substâncias derivadas do quinino e o extermínio do vetor (mosquito) é feito por inseticidas ou derramando óleo na super-
fície de águas estagnadas, nas quais se desenvolvem as larvas do mosquito. De tempos em tempo elas vão à tona para se
abastecerem de ar; impedidas de respirar por causa da camada de óleo na superfície, elas morrem.
BACTERIOSES
Bacterioses são infecções causadas por bactérias. São resistentes a temperaturas elevadas (mas não prolongadas) e
muito baixas, e a muitos agentes químicos. Os principais tipos morfológicos de bactérias são: cocos (esférica bacilos (alon-
gadas), espirilos (espiraladas) e vibriões (em forma de uma espira) e serão mostradas de modo mais completo no capítulo
seguinte. No quadro abaixo, está a descrição das principais bacterioses.
67
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
AGENTES
BACTERIOSE PRINCIPAIS SINTOMAS NO HOMEM
CAUSADORES
Período primário: Cancro (úlcera) no órgão sexual. Período
Sífilis secundário: placas nas mucosas cutâneas (da pele);
Treponema pallidum
(espirilo) Período terciário: ulcerações e lesões arteriais e venosas
causando paralisias gerais e progressivas.
68
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A OMS estima que essas doenças causam milhões de Pedimos novamente que você volte ao texto, verifique
mortes por ano no mundo todo e que outras milhões de desta vez as formas de prevenção contra as doenças cau-
pessoas ficam inválidas por causa delas. sadas por bactérias...pronto? Elas podem ser combatidas
No inicio deste capitulo descobrimos que ter saúde principalmente com bons hábitos de higiene e tentando
não é uma atitude individual ela deve ser promovida por evitar contato com pessoas ou objetos contaminados. Es-
todos, então para se livrar das doenças causadas pelos sas doenças podem ser tratadas com o uso de antibióticos,
insetos, por exemplo, não basta que você mantenha seu só que isso tem um lado bom e um lado ruim! O lado bom
quintal limpo, sua caixa d’água tampada e nenhum local é que se o tratamento for bem feito a doença será elimina-
com água limpa parada. É preciso que toda a comunidade da. Por outro lado se o tratamento for mal feito e o doente
faça isso, porque senão, o mosquito criado na casa do seu pára de tomar a medicação antes do previsto as bactérias
vizinho da esquina pode infectar você na sua casa limpa. mais resistentes sobreviverão, se reproduzirão e tornarão a
Mas algumas atitudes podem ser tomadas por você doença mais difícil de ser curada.
sim. A manutenção da boa higiene pode evitar que você
seja contaminado por uma série de doenças, são pequenas DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO
ações como: Você já ouviu falar de silicose? É uma doença que ataca
- Lavar as mãos ao sair do banheiro. principalmente trabalhadores de mineradoras ou aqueles
- Lavar frutas e verduras em água corrente e tratada. que estão constantemente expostos a materiais que pro-
- Não deixar lixo acumulado perto de casa. duzem muita poeira. O pó entra pelas vias respiratórias e
- Não deixar alimentos por muito tempo na geladeira, se aloja nos pulmões prejudicando o seu funcionamento.
etc. Este é apenas um exemplo de doença causada por uma
Manter a sua carteirinha de vacinação em dia, e a dos atividade profissional. Existem várias outras profissões que
seus familiares, também é uma boa maneira de ficar livre podem ser insalubres (prejudiciais a saúde). São aquelas
de doenças. Algumas delas são combatidas quase que ex- em que trabalhadores ficam constantemente expostos ao
clusivamente através das vacinas, um exemplo é o tétano. barulho excessivo sem os devidos equipamentos de prote-
Quando a bactéria do tétano se instala no nosso corpo ção. Esta exposição pode causar a perda da audição com
causa infecções gravíssimas, mas ela é facilmente evitada o tempo. Outros fatores em excesso que são considerados
tomando uma dose da vacina a cada dez anos. insalubres são: umidade, radiação, temperaturas muito bai-
Puxa vida, mas se existem micróbios no ar, no solo, na xas ou muito altas, agentes químicos entre outros.
água, em todos os lugares podemos ficar doentes a qual- Entre os agentes químicos mais nocivos, isto é, perigo-
quer momento? Não é bem assim, esses micróbios pre- sos, está o chumbo. Ele pode ser absorvido pelas vias aé-
cisam de certas condições para que se desenvolvam e se reas quando se respira fumaça ou poeira contendo o metal.
reproduzam. A idade, o sexo e a situação geral do corpo Pode também ser ingerido junto com alimentos contami-
são fatores que interferem muito. Você pode, por exemplo, nados ou através do contato.
ter o vírus da gripe no seu organismo e não ficar gripado. O chumbo, presente no sangue da pessoa contamina-
Assim que a resistência do seu corpo diminui por algum da, impede a incorporação do ferro que entra na formação
motivo este vírus se reproduz rapidamente e aí sim provo- de uma substância vermelha, a hemoglobina. Essa subs-
ca a gripe. tância é uma molécula complexa, (uma proteína) com um
Nos idosos, que já possuem o organismo mais enfra- átomo de ferro no centro e que faz parte do glóbulo ver-
quecido essa doença se instala com mais facilidade e é por melho. Sua função é se fixar à moléculas de oxigênio e gás
isso que existe no Brasil a campanha para que todo idoso carbônico. Quando o chumbo está presente, é ele quem se
seja vacinado uma vez por ano. liga à proteína e não o ferro, sendo assim forma-se uma
Agora, se você se alimenta bem e corretamente, pratica substância diferente da hemoglobina e que não consegue
atividades físicas e têm hábitos saudáveis as chances de transportar o oxigênio nem o gás carbônico.
algum micróbio se instalar no seu corpo e provocar uma As hemácias ou glóbulos vermelhos são as células san-
doença são bem menores e mesmo depois de instalada güíneas que o sangue humano tem em maior quantidade,
o acesso a agentes de saúde como hospitais, médicos e como a hemoglobina está dentro dela, ambas dão a cor
medicamentos adequados podem evitar o agravamento da vermelha ao sangue. As hemácias têm a forma de disco e
doença. não apresentam núcleo.
De qualquer modo é muito importante que você tenha O gás oxigênio que é transportado para todas as célu-
conhecimento dos vários tipos de doenças e dos fatores las do corpo, é captado do ar pelos pulmões e transferido
que as causam para poder se prevenir, afinal a prevenção é para o sangue. Esse sangue segue para o coração e é bom-
o melhor tratamento! beado para o corpo onde será distribuído para as células
E você pode começar já, volte ao texto, verifique a de todos os tecidos do organismo.
melhor forma de prevenção contra doenças causadas por
vírus... verificou? As vacinas são a melhor forma porque, Os tecidos são conjuntos de células iguais com
uma vez instalado no corpo, o vírus não pode ser morto funções específicas, bem definidas e que formam
por nenhum medicamento, apenas o sistema de defesa do nossos órgãos. Ex: tecido nervoso, tecido ósseo,
organismo pode eliminá-lo, portanto é melhor tomar a va- tecido muscular, etc.
cina para preparar seu corpo antes da “invasão”.
69
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Após utilizar o oxigênio para queimar glicose e pro- Mas o sangue tem outras funções além do transporte
duzir energia (esse processo é chamado de respiração ce- de gases. O plasma (a parte liquida) transporta sais mine-
lular) a célula libera o gás carbônico que é absorvido pe- rais e outras substâncias importantes até as células como
las hemácias do sangue que retorna ao coração e agora é nutrientes e hormônios e retira delas substâncias tóxicas
bombeado para o pulmão. No pulmão o gás carbônico é como a uréia.
liberado e oxigênio absorvido novamente fechando o ciclo Os glóbulos brancos, também chamados de leucócitos,
que pode ser acompanhado na figura 5.15: são células sangüíneas maiores que os glóbulos vermelhos;
no entanto estão presentes no sangue em um número
muito menor que as hemácias: entre 6.000 e 10.000 por
mm3 em condições normais. Essas células têm a função de
nos defender de agentes estranhos ao organismo, como
bactérias, vírus e substâncias tóxicas.
Há glóbulos brancos de vários tipos. Diferem uns dos
outros pelo tamanho, pela forma de seus núcleos e pelo
modo como atuam. Alguns fagocitam, isto é, englobam, di-
gerem e destroem microorganismos. Outros fabricam an-
ticorpos, proteínas que neutralizam a ação de outras pro-
teínas estranhas ao organismo, denominadas antígenos.
É por isso que o número de glóbulos brancos no sangue
aumenta quando microorganismos penetram no corpo.
As plaquetas são fragmentos celulares muito menores
que os leucócitos e as hemácias. A quantidade normal de
plaquetas no sangue é de aproximadamente 300.000 por
mm3. O tempo de duração delas é curto: de 5 a 9 dias.
Mas são essenciais quando temos um ferimento, elas evi-
tam perdas de sangue porque fazem parte da coagulação
sangüínea.
Quem trabalha no campo ou na roça, carpindo ou cor-
tando cana, também está exposto a um certo grau de in-
salubridade. Além da dor nas costas, estes trabalhadores
podem receber cortes com a foice ou o podão e picadas de
cobras ou escorpiões.
Nas indústrias e oficinas, são outros os acidentes e os
males decorrentes das condições do trabalho. Em escritó-
rios, os problemas podem decorrer, por exemplo, do uso
de móveis e posturas inadequadas ou de sistemas impró-
prios de condicionamento de ar. Um ambiente saudável e
seguro para o trabalhador é garantido pela Consolidação
das Leis Trabalhistas (CLT), instituída, em 1º de maio de
Figura 5.15 – Circulação do sangue dos pulmões até o co- 1943, como lei básica do direito do trabalho.
ração (circulação pulmonar) e do coração até o resto do No que se refere à INSALUBRIDADE, a lei diz:
corpo (circulação sistêmica). “NR- 15 - Serão consideradas atividades ou operações
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou mé-
Quando não consumimos alimentos ricos em ferro todos de trabalho, exponham os empregados a agentes no-
(carnes vermelhas, feijão, verduras com folhas escuras) em civos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em
quantidade suficiente, a quantidade de glóbulos vermelhos razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
pode diminuir por falta de matéria prima (ferro) para a pro- exposição aos seus efeitos.
dução de hemoglobina causando a anemia. A eliminação ou neutralização da insalubridade ocor-
Além da anemia podemos citar entre as conseqüên- rerá:
cias da contaminação por chumbo os problemas renais, I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente
problemas neurológicos e problemas nos ossos, pois o do trabalho dentro dos limites de tolerância;
metal causa a diminuição do nível de vitamina D no san- II - com a utilização de equipamentos de proteção in-
gue. Essa vitamina é responsável pela absorção do cálcio, dividual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do
fazendo com que ele saia do sangue e penetre nos teci- agente agressivo aos limites de tolerância.
dos (ossos e dentes). Os dois últimos problemas citados Artigo 192 - O exercício de trabalho em condições in-
acabam sendo muito graves em crianças, pois afetam o salubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo
crescimento e os efeitos neurológicos nessa idade podem Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional
ficar para o resto da vida, como a dificuldade de aprendi- respectivamente de 40%, 20%, e 10% do salário mínimo da
zagem, menor desenvolvimento mental e diminuição da região, segundo se classifiquem nos graus máximo, médio
audição, entre outros. ou mínimo”.
70
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Se você trabalha em alguma dessas condições e não recebe o adicional por isso, e nem usa os Equipamentos de Pro-
teção Individuais (EPI’s) necessários, então deve conversar com seu empregador, pois sua saúde está em risco e você deve,
zelar por ela, afinal sua saúde e seu maior bem.
Figura 5.16 – Micrografia de uma dupla hélice Figura 5.17 – modelo de uma dupla hélice de
de DNA 3 DNA 4
Os seres humanos tem 23 pares de cromossomos (longas seqüências de DNA) em cada uma de suas células. A célula
com número total de pares é chamada de diplóide ou 2n. Nos gametas formados por meiose, esse número é reduzido pela
metade, e assim, óvulos e espermatozóides tem um cromossomo de cada par, ou seja, 23 cromossomos.
Meiose é a forma de reprodução celular onde a célula se divide ao meio gerando duas
células filhas com metade dos cromossomos da célula original. Essas novas células são
chamadas de haplóide ou n.
Dependendo da combinação desses cromossomos características físicas e biológicas serão definidas, uma vez que eles
são diferentes. O sexo de um indivíduo, por exemplo, é definido pela existência de cromossomos X e Y, chamados cromos-
somos sexuais, que forma o par número 23 na célula. No sexo masculino, o mesmo par apresenta cromossomos X e Y (XY).
No feminino o par apresenta dois cromossomos X (XX).
Observe, no esquema a seguir, as possíveis combinações de cromossomos sexuais no momento da concepção:
Figura 5.18 - Combinações de cromossomos sexuais de um casal heterozigoto no momento da concepção. As células sexuais
dos pais se dividem pelo processo de meiose, em duas células filhas com metade dos cromossomos (haplóides). Ao se recom-
binarem formam novas células que darão origem aos descendentes.
71
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
72
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A genética está mais presente nas nossas vidas do que Como você pode perceber o método obtém células-
podemos perceber. Você já ouviu falar em alimentos trans- tronco sem usar um embrião. Como afirmaram alguns
gênicos? São alimentos como a soja e o milho que tiveram cientistas na reportagem, isso já evita uma grande polê-
sua seqüência genética modificada para produzir substân- mica, além disso, não há risco de rejeição do tecido por
cias que as protegem contra pragas ou que as fazem produ- parte do sistema imunológico do paciente como ocorre
zir mais. A soja esteve no centro de uma grande discussão nos transplantes de órgãos.
entre produtores e ambientalistas, pois a planta modificada Infelizmente estas técnicas ainda estão em estudo e
geneticamente apresentava uma produtividade muito maior são feitos apenas tratamentos experimentais. Mas talvez
que a soja comum, era muito mais resistente ao ataque de num futuro próximo ela possa ser usada em beneficio de
pragas e era o tipo preferido pelos produtores. Os ambien- toda a população que dela necessite.
talistas argumentavam que como são mais resistentes, a A despeito das permissões e proibições, benefícios
soja transgênica acabaria por contaminar lavouras vizinhas e prejuízos, a manipulação de genes e células humanas
de soja natural e causar a sua extinção. Além disso não se deve seguir o padrão ético de uma sociedade. A comu-
conheciam os riscos que os alimentos produzidos com esta nidade mundial ainda discute a validade e o direito de
soja poderiam oferecer ao ser humano. Depois de muitas
utilizar técnicas de clonagem dos embriões humanos, o
consultas a especialistas e estudos, a soja transgênica foi li-
impacto que a genômica pode ter no ambiente a na bio-
berada pela Comissão Nacional de Biossegurança para co-
diversidade e o direito de comercializar produtos trans-
mércio e hoje faz parte da nossa alimentação.
gênicos, aqueles que são obtidos a partir de organismos
A discussão mostrada na reportagem que transcreve-
mos em parte, deu direito a cientistas brasileiros de utiliza- alterados pela engenharia genética.
rem embriões humanos não viáveis para reprodução, rea-
lizar clonagens terapêuticas (sem finalidade reprodutiva) e DA CÉLULA AO ORGANISMO
várias outras técnicas de manipulação celular com finalidade Todos nós já fomos, um dia, uma única célula, a célula
de se produzir tratamentos. Mas não dá o direito de produ- ovo ou zigoto que dão origem ao embrião. A célula ovo
zir seres humanos através de uma clonagem (produção de se forma pela união de duas outras células: o espermato-
um descendente a partir da célula adulta de um organismo). zóide, produzido pelo homem e o óvulo produzido pela
A clonagem parece ser uma técnica recente, mas não é. mulher. Mas será que todo mundo se dá conta disso?
Quando retiramos um galho de uma planta e produzimos Várias pesquisas mostram que tem aumentado os ca-
uma muda, teremos uma planta idêntica à primeira, ou seja, sos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das
um clone da primeira. O que é recente é a aplicação dessa adolescentes grávidas. A gravidez ocorre geralmente en-
técnica em animais e seres humanos. Porém a finalidade não tre a primeira e a quinta relação e o parto normal já é a
é produzir outro ser humano e sim tecidos sadios que pos- principal causa de internação de brasileiras entre 10 e 14
sam substituir partes doentes do corpo. Por isso dizemos anos41.
que é uma técnica terapêutica. As principais causas da gravidez são: o desconheci-
O diabetes, por exemplo, é a incapacidade que o pân- mento de métodos anticoncepcionais, ou a dificuldade de
creas adquire de produzir insulina, um hormônio que pro- usá-los, pois a educação dada à adolescente faz com que
move a retirada da glicose que circula no sangue para que ela não queira assumir que tem uma vida sexual ativa e
ela seja aproveitada pelas células. Através da clonagem tera- por isso não usa os métodos ou usa aqueles de baixa efi-
pêutica poderia se retirar o núcleo de uma célula adulta do ciência (coito interrompido e tabelinha) porque esses não
paciente e inserir dentro de um óvulo que teve seu próprio deixam “rastros”. O uso de drogas e bebidas alcoólicas
núcleo removido. A célula é então ativada e reprogramada, entre as jovens também comprometem a contracepção.
como se fosse uma célula tronco embrionária. A partir daí Isso tudo ocorre entre adolescentes, mas também
vários processos fazem com que ela se desenvolva, se multi- entre adultos que nem se quer conhecem o próprio cor-
plique e se transforme no tecido que forma o pâncreas. Este
po. Entre os que conhecem, muitos têm informações in-
tecido pode ser então implantado no paciente e, substituin-
corretas. Você deve ter obtido muitas informações sobre
do o tecido doente do pâncreas, restabelecer a sua função.
reprodução quando estudou os assuntos do ensino fun-
Todo o desenvolvimento do tecido, desde a troca do nú-
damental. Vamos tentar obter mais algumas informações
cleo do óvulo, é feito em meio de cultura, fora de qualquer
organismo vivo. importantes a respeito da reprodução.
Muitas espécies de mamíferos apresentam funções
reprodutoras parecidas com as do homem. Mas o ser hu-
Uma cultura é um gel nutritivo onde se adiciona mano é o único animal que não se relaciona sexualmente
tudo o que uma célula precisa para se manter viva apenas para a reprodução. Com isso ele acaba se tornan-
e se reproduzir. Meios de cultura também são usa- do responsável pelo próprio corpo e pelo corpo do seu
dos em exames laboratoriais onde se coloca uma parceiro ou parceira.
amostra de um material contaminado com vírus,
bactérias ou fungos e espera-se o seu crescimento
41 Gravidez na Adolescência, Maria Sylvia de
e multiplicação para que possa ser identificado.
Souza Vitalle e Olga Maria Silverio Amâncio, Revista
eletrônica Psiqweb, Psiquiatria Geral - SBPC.
73
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A nossa capacidade de procriar, que ocorre por volta dos 14 anos, vem antes do amadurecimento emocional. Ela
surge junto com muitas dúvidas e conflitos com os padrões sociais e religiosos do nosso país. O adolescente perde a li-
berdade de conversar com os pais e prefere esclarecê-las com amigos, o que acaba trazendo mais dúvidas, comportamento
inadequado, busca de satisfação de forma errada e por muitas vezes, a gravidez e doenças.
A maturidade sexual deve vir acompanhada da maturidade emocional onde a cumplicidade de um casal deve ser
suficiente para um proteger o outro em todos os sentidos, inclusive no que se refere à prevenção de doenças e de uma
possível gravidez. Esta prevenção pode ser realizada através de alguns métodos contraceptivos:
- Métodos naturais ou comportamentais – São os mais aceitos por entidades religiosas, mas são os que apresentam
maior porcentagem de falhas. São exemplos: a tabelinha onde se controla o período fértil no ciclo menstrual, o teste de
muco cervical que surge na vagina no período fértil, o coito interrompido e a temperatura basal, que fica um pouco mais
elevada no período de ovulação.
- O DIU, dispositivo intra uterino – é colocado dentro do útero por um ginecologista. Ele é feito de cobre e sua função
é impedir que o embrião se fixe as paredes do útero. Ao liberar partículas deste metal também prejudica o movimento dos
espermatozóides.
- Métodos hormonais – Estes métodos “enganam” o organismo da mulher impedindo a sua ovulação, é um
método com pouca chance de falhas desde que seja usado corretamente. Existem vários tipos de anticoncepcionais
hormonais: orais como a pílula anticoncepcional e a pílula do dia seguinte, injetáveis, implantes e adesivos.
- Métodos definitivos – São aqueles realizados cirurgicamente onde um pequeno corte é feito na tuba uterina
da mulher para impedir a passagem dos óvulos ou nos canais deferentes do homem para impedir a passagem dos
espermatozóides (vasectomia).
- Métodos químicos – São os chamados espermicidas, substâncias que matam os espermatozóides ou impedem
o seu movimento. Podem ser injetados na vagina ou usados em associação com outros métodos como o diafragma
por exemplo.
- Métodos de barreira – Eles impedem o contato do esperma com o colo do útero onde ele encontraria a passagem
para fecundar o óvulo. Entre eles estão;
Estes últimos, principalmente as camisinhas são particularmente importantes e têm sido alvos de várias campanhas
de prevenção porque são eficientes tanto na contracepção quanto na transmissão de doenças sexualmente transmissíveis
(DSTs).
74
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 1
(Encceja 2006) A vaginose bacteriana é uma patogenia causada por um desequilíbrio ecológico da flora vaginal, na
qual as bactérias protetoras (Lactobacilus acidophilus) são substituídas por outras bactérias, provocando um corrimento
de odor fétido.
Carlos Antônio da Costa. Ginecologia, n.º 4,
Ano I, jul./2003 (com adaptações).
Para se evitar o aparecimento de corrimentos vaginais, deve-se:
I - fazer higiene externa, diariamente, com sabonete neutro.
II - comer iogurtes com lactobacilos.
III - usar o preservativo — camisinha — nas relações sexuais.
Estão corretos os procedimentos:
(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III.
Atividade 2
(Encceja 2005) Em uma certa comunidade, para cada quatro crianças nascidas, uma era albina (ausência de pigmenta-
ção da pele). Na maioria dos casos, essas crianças tinham pais com pigmentação de pele normal. Considere as informações
abaixo, que procuram explicar
o que ocorre com essas crianças:
I - Trata-se de uma característica congênita adquirida durante a gestação.
II - Trata-se de uma característica recessiva, já que os pais são normais.
III - Trata-se de uma característica herdada somente do pai.
IV - Trata-se de uma característica genética e os pais devem ser portadores do alelo albino.
Estão corretas
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) III e IV.
Atividade 3
(Encceja 2002) Pesquisas realizadas na França mostraram que um aumento de 10% do número de médicos por habi-
tante provoca uma redução de 0,3% na mortalidade da população. Em compensação, uma diminuição de 10% no consumo
de lipídeos (gorduras) reduz a mortalidade em 2,5%.
Adaptado de WALDMANN, Maurício e SCHNEIDER, Dan.
Guia ecológico doméstico. São Paulo: Editora Contexto, 2000.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
(A) investir no atendimento médico da população é mais eficaz do que mudar os hábitos de alimentação.
(B) embora os hábitos saudáveis de alimentação devam ser praticados, pouco resolvem quando o desafio é reduzir a
mortalidade.
(C) para melhorar a saúde da população, é mais vantajoso prevenir que remediar.
(D) se o objetivo é reduzir a mortalidade, a melhor receita é aumentar o número de médicos.
Atividade 4
(Encceja 2006) Quando um tipo vírus penetra o nosso organismo, o nosso sistema imunológico reage, produzindo
anticorpos, os quais tem a tarefa de destruir os vírus invasores.
As vacinas são, na verdade, soluções que contêm determinados vírus atenuados (enfraquecidos) ou mesmo mortos
que levarão o nosso sistema imunológico a produzir anticorpos contra o vírus infectante. Quando uma pessoa que já foi
vacinada contra um determinado tipo de vírus for contaminada pelo mesmo vírus, a doença:
(A) se desenvolverá de qualquer forma, pois as vacinas feitas com vírus mortos não funcionam.
(B) não se desenvolverá na primeira infecção, somente nas próximas contaminações.
(C) se desenvolverá de forma mais rápida, pois já havia uma quantidade de vírus no organismo.
(D) não se desenvolverá, porque os anticorpos já existentes combaterão o vírus logo que entrar no organismo.
75
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5
(Encceja 2006) Lavar as mãos com sabonete reduz significativamente a proliferação da pneumonia e da diarréia, as duas
principais causas de morte no mundo em crianças menores de 5 anos. Esses resultados foram obtidos de estudos financia-
dos por uma empresa de produtos de beleza e limpeza, no Paquistão, onde os pesquisadores examinaram 900 domicílios.
Analise os dados da pesquisa na tabela abaixo.
Atividade 6
(Encceja 2002) Para evitar problemas de choque anafilático em transfusões sangüíneas, entre outros fatores, deve-se
verificar o fator Rh das pessoas envolvidas: pessoas com fator Rh- não podem receber sangue Rh+; por sua vez, pessoas com
Rh+ podem receber sangue Rh- e Rh+.
O quadro seguinte indica fenótipos e genótipos em relação ao fator Rh.
Um casal tem três filhos e duas filhas, a mulher com Rh+ e o marido com Rh-. Desconhecendo-se o grupo sanguíneo
dos filhos, numa situação de urgência que exija transfusão de sangue, pode-se considerar que, por medida de segurança,
no que se refere ao fator Rh:
(A) todos os três filhos podem doar sangue tanto para o pai quanto para a mãe.
(B) os filhos podem doar sangue para o pai e apenas as duas filhas podem doar sangue para a mãe.
(C) todos os filhos e filhas podem doar sangue para a mãe, mas não para o pai.
(D) apenas os filhos podem doar sangue ao pai, mas não para a mãe.
Atividade 7
(Encceja 2002) Para prevenir doenças como ascaridíase e giardíase, uma das medidas mais recomendadas é
(A) a vacinação das crianças em idade escolar.
(B) a higienização dos alimentos, em geral.
(C) a cloração da água distribuída às residências.
(D) o controle sistemático dos insetos que as transmitem.
76
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 8
(Encceja 2002) Os resultados do exame de sangue do Antônio são:
Glóbulos brancos
Glóbulos vermelhos Plaquetas
Função: defesa do
Função: transporte de oxigênio Função: coagulação do sangue
organismo
3.800.000
Antônio 2.800.000 8.100
• Interpretar e relacionar indicadores de saúde e desenvolvimento humano, como mortalidade, natalidade, longevi-
dade, nutrição, saneamento, renda e escolaridade, apresentados em gráficos, tabelas e/ou textos.
• Reconhecer os mecanismos da transmissão da vida e prever a manifestação de características dos seres vivos, em
especial, do ser humano.
• Associar os processos vitais do organismo humano (defesa, manutenção do equilíbrio interno, relações com o
ambiente, sexualidade, etc.) a fatores de ordem ambiental, social ou cultural dos indivíduos, seus hábitos ou outras carac-
terísticas pessoais.
• Avaliar a veracidade e posicionar-se criticamente diante de informações sobre saúde individual e coletiva relacio-
nados a condições de trabalho e normas de segurança.
• Analisar propostas de intervenção social considerando fatores biológicos, sociais e econômicos que afetam a qua-
lidade de vida dos indivíduos, das famílias e das comunidades.
• Analisar aspectos éticos, vantagens e desvantagens da biotecnologia (transgênicos, clones, melhoramento genéti-
co, cultura de células), considerando as estruturas e processos biológicos neles envolvidos.
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
77
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 6
A Metodologia Cientifica
Método, entre outras coisas, significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge um objetivo. O que dizer
então do método científico? Poderia se dizer que é o caminho seguido pelo cientista quando ele está em busca de “verdades”
científicas.
O método científico é composto dos seguintes elementos:
- Caracterização - Quantificações, observações e medidas. Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou
pode exigir a utilização de instrumentos apropriados.
- Hipóteses – Explicações possíveis das observações e medidas.
- Previsões - Deduções lógicas das hipóteses. As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no
presente e no futuro.
- Experimentos - Testes dos três elementos anteriores.
- Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido).
- Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aque-
la que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem interferir e modificar o resultado.
- Explicação das Causas - Na maioria das áreas da Ciência é necessário que haja causalidade, ou seja, é preciso saber o
que provocou o surgimento de um determinado efeito. Nessas condições são vistos como importantes no entendimento
científico:
* Identificação das Causas,
* Correlação dos eventos - As causas precisam se correlacionar com as observações,
* Ordem dos eventos - As causas precisam preceder, no tempo, os efeitos.
Todos nós, vez ou outra, nos comportamos como cientistas. Ser cientista não é possuir um rótulo, mas sim ter uma
atitude científica; por outro lado, mesmo aquele que se diz cientista, muitas vezes assume atitudes não científicas e pe-
netra em terrenos apoiados em regras próprias ou, até mesmo, sem regras. O rótulo é freqüentemente utilizado quando
queremos nos referir às pessoas que se utilizam de seus talentos científicos como meio de vida: seriam então os cientistas
profissionais.
Pensamento Científico para fazer um simples pão de queijo.
78
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
sintética.
Imagine um cozinheiro fazendo pão de queijo. Antes Eles obviamente se reproduzem, mas diferentemen-
de qualquer coisa, ele precisa seguir vários procedimentos, te de células, que crescem, duplicam seu conteúdo para
etapas, ter conhecimento de culinária, ter os ingredientes então dividirem-se em duas células filhas. Os vírus repli-
certos, equipamentos, fazer medidas de volume e peso, cam-se através de uma estratégia completamente dife-
etc. Caso ele não siga algumas das etapas corretamente, rente: eles invadem células, espalham os componentes da
provavelmente, sua receita não agradará a todos. Muito ou partícula viral; esses componentes então interagem com o
pouco sal pode ser um problemão, principalmente na área material interno da célula hospedeira, modificando o me-
de alimentos! tabolismo celular para a produção de mais vírus. Ele não
No pensamento cientifico tudo começa semelhante a possui um reino especifico na classificação dos seres vivos
uma simples receita, no qual cada cientista segue padrões, e alguns cientistas até defendem a sua não classificação
para criar evidências fortes, provar suas observações, e tal- como ser vivo.
vez, por em prática suas hipóteses levantadas. Exemplos de doenças causadas por vírus incluem a
Na área da saúde a demonstração da relação causal caxumba, raiva, rubéola, sarampo, hepatite, dengue, polio-
entre microrganismos e patologias consiste basicamente mielite e febre amarela. Também há a gripe, que é causada
nos seguintes passos: por uma variedade de vírus; a varicela ou catapora, varíola;
- Definição do problema; meningite viral e AIDS, que é causada pelo vírus HIV. Re-
- Recolhimento de dados; centemente foi mostrado que o câncer cervical (câncer de
- Proposta de uma hipótese; colo uterino) é causado, ao menos em parte, pelo papilo-
- Realização de uma experiência controlada, para testar mavirus (que causa papilomas ou verrugas), representando
a validade da hipótese; a primeira evidência significante em humanos para uma
- Análise dos resultados; ligação entre câncer e agentes virais.
- Interpretação dos dados, o que serve para a formula- A AIDS - sigla em inglês que significa Acquired Immune
ção de novas hipóteses; Deficiency Syndrome - ou síndrome da imunodeficiência
- Publicação dos resultados em monografias, disserta- adquirida, em português - SIDA é transmitida pelo vírus
ções, teses, artigos ou livros aceitos por universidades e/ou HIV - sigla em inglês de Human Immunodeficiency Vírus
reconhecidos pela comunidade científica. (ou vírus da imunodeficiência humana, em português).
Vale à pena notar que esta seqüência de ações é ape- Como todo vírus, esse também precisa de uma célula
nas um exemplo, não sendo obrigatória a existência de to- viva para se reproduzir. Essas células, no caso da AIDS, são
dos esses passos. Na verdade, na maioria dos casos não as que cuidam da defesa do nosso organismo contra a in-
se segue todos eles. O método científico requer acima de vasão de organismos estranhos, os leucócitos.
tudo inteligência, imaginação e criatividade. Os vírus da AIDS também são atacados pelos leucó-
citos, mas, com o tempo, alguns tipos deles (como os lin-
ACUMULANDO CONHECIMENTO fócitos T) são destruídos e o organismo fica desprotegido
Temos discutido muito neste caderno sobre o assunto contra a agressão de outros vírus ou bactérias, chamados
saúde e agora, abordando o método cientifico tocaremos então de oportunistas. Assim, o indivíduo infectado fica
imunodeficiente, permitindo o aparecimento de infecções
novamente no assunto.
variadas (pneumonia, encefalite, etc), que geralmente le-
Uma grande parte das doenças mais comuns é causa-
vam o paciente à morte. Sem saber que está contamina-
da por microorganismos. O tratamento delas depende da
da, a pessoa pode contagiar muitas outras. Quando a AIDS
identificação do agente causador e de como ele foi parar
surgiu e era pouco conhecida, um único doador de sangue
no corpo do paciente. Para realizar esta tarefa é necessária
contaminado provocava a doença em dezenas de outras.
uma grande quantidade de conhecimento. Tome cuidado,
Os vírus não podem ser combatidos com antibióticos,
as informações discutidas aqui servem para que nós pos-
este tipo de medicação não tem ação contra eles. As únicas
samos nos cuidar melhor e sabermos como evitar diversas drogas que conseguem algum resultado são as anti-retro-
doenças. Elas não são suficientes para fazermos diagnós- virais, que impedem a multiplicação dos vírus.
ticos e decidirmos que medicamento tomar, só o médico A vacina seria o meio mais eficaz de se combater a
tem conhecimento suficiente para isso. AIDS, mas não se consegue produzir uma vacina eficiente
porque o vírus sofre mutação muito rápido. Como o sis-
O VÍRUS tema imunológico precisa ter uma defesa especifica para
Os vírus não são constituídos por células, embora de- cada tipo de microorganismo, ele não consegue combater
pendam delas para a sua multiplicação. Eles tipicamente o novo vírus.
consistem de uma cápsula de proteína que armazena e
protege o material genético viral. Contido nele também A CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
está o mecanismo pelo qual o vírus invade seu próximo O desenvolvimento da vida na Terra gerou uma infini-
hospedeiro. dade de seres vivos na superfície, nos ambientes aquáticos
Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando e até sob o solo. Para estudar toda essa diversidade foi pre-
está fora da célula hospedeira: eles não podem captar nu- ciso separá-los de acordo com suas características comuns.
trientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade bios- Um organismo poder ser classificado de acordo com
79
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
a sua espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino. consideradas vegetais primitivos.
Você já viu a palavra “espécie” diversas vezes, mas o Protista - Seres unicelulares eucariontes (que possuem
que ela realmente significa? núcleo individualizado) Apresentam características de vege-
Pense, por exemplo, no cavalo e na égua. Eles podem tal e animal. Representados por protozoários, como a ameba,
acasalar e dar origem a um descendente fértil, isto é, que o tripanossomo (causador do mal de Chagas) o plasmódio
também pode gerar seus próprios descendentes. Dizemos, (agente da malária), a euglena (um tipo de alga).
por isso, que cavalos e éguas são animais que pertencem a Fungi - Seres eucariontes uni e pluricelulares. Já foram
uma mesma espécie. Podemos, então, definir: classificados como vegetais, mas sua membrana possui quiti-
na, molécula típica dos insetos e que não se encontra entre as
plantas. São heterótrofos (não produzem seu próprio alimen-
Espécie é um conjunto de organismos semelhan- to), por não possuírem clorofila. Têm como representantes as
tes entre si, capazes de se cruzar e gerar descen- leveduras, o mofo e os cogumelos.
dentes férteis. Plantae ou Metafita - São os vegetais, desde as algas ver-
des até as plantas superiores. Caracterizam-se por ter as cé-
Espécies mais aparentadas entre si do que com quais- lulas revestidas por uma membrana de celulose e por serem
quer outras formam um gênero. O gato-do-mato, encon- autótrofas (sintetizam seu próprio alimento pela fotossíntese).
trado em todas as florestas do Brasil, pertence a espécie Existem cerca de 400 mil espécies de vegetais classificados.
Leopardus wiedii; a nossa jaguatirica, o maior entre os Animali ou Metazoa - São organismos multicelulares e
pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence à espécie heterótrofos (não produzem seu próprio alimento), pois são
Leopardus pardalis; e o gato-do-mato-pequeno, o me- aclorofilados – não possuem clorofila -. Englobam desde as
nor dos pequenos felinos silvestres brasileiros, pertence esponjas marinhas até o ser humano.
à espécie Leopardus tigrinus. Todos esses animais são de Observe a figura a seguir que mostra a classificação dos
espécies diferentes, porque não são capazes de cruzar-se Reinos de acordo com a evolução:
entre si gerando descendentes férteis. Mas como estas es-
pécies são mais aparentadas entre si do que com quais-
quer outras, elas formam um gênero chamado Leopardus.
A onça pintada, outro mamífero que pode ser encontrado
na maior parte das Américas do sul e central têm o nome
cientifico Phantera Onca, portanto ela pertence a um gê-
nero diferente (gênero Phantera) da jaguatirica e do gato
do mato.
De qualquer modo todos eles se parecem com ga-
tos, têm essa característica em comum, logo, pertencem à
mesma família a Felidae.
Para que os especialistas conseguissem um grau maior
de organização na classificação dos seres vivos foram cria-
dos outros níveis. Por exemplo famílias de animais com
características semelhantes pertencem a mesma ordem.
Os Felidae pertencem à ordem Carnívora. Todos os ani-
mais carnívoros podem ser classificados na classe Mamalia
ou dos mamíferos. Os mamíferos pertencem a um gru-
po maior ou filo cordados como os peixes, aves, répteis
e mamíferos. A última categoria que reúne os filos que Figura 6.2 – Representação dos reinos dos seres vivos por or-
possuem características em comum é o reino. Os cordados dem evolutiva.45
pertencem ao reino animal.
Uma observação deve ser feita: os VÍRUS são seres que
Resumindo os graus de classificação: são classificados à parte, sendo considerados como seres sem
reino. Isto acontece devido às características únicas que eles
apresentam, como a ausência de organização celular, ausên-
Espécie - Gênero - Família - Ordem - Classe
cia de metabolismo próprio para obter energia, reproduz-se
- Filo - Reino
somente em organismo hospedeiro, entre outras. Mas eles
possuem a faculdade de sofrer mutação, a fim de adaptar-se
Reino é o grupo mais abrangente da classificação ao meio onde se encontram.
dos seres vivos. Grande parte dos pesquisadores aceitam,
atualmente, cinco reinos: O REINO MONERA
Monera - Seres unicelulares (formados por uma úni- O reino monera é composto pelas bactérias e ciano-
ca célula), procariontes (células sem núcleo organizado, o bactérias (algas azuis). Elas podem viver em diversos locais,
tipo mais simples de célula existente). São as bactérias e como na água, ar, solo, dentro de animais e plantas, ou ainda,
as algas cianofíceas ou cianobactérias (algas azuis), antes 45 bp2.blogger.com/
80
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
como parasitas.
AS BACTÉRIAS
A maioria se seus representantes são heterótrofos (não conseguem produzir seu próprio alimento), embora existam
também algumas bactérias autótrofas (produzem seu alimento, via fotossíntese, por exemplo). Existem bactérias aeróbias,
ou seja, que precisam de oxigênio para viver, as anaeróbias obrigatórias, que não conseguem viver em presença do oxigê-
nio, e as anaeróbias facultativas, que podem viver tanto em ambientes oxigenados ou não. As formas físicas das bactérias
podem ser de quatro tipos: cocos, bacilos, vibriões, e espirilos. Os cocos, podem se agrupar, e formarem colônias. Grupos
de dois cocos formam um diplococo, enfileirados formam estreptococos, e em cachos, formam estafilococo.
Por serem os seres vivos mais primitivos da Terra, eles também são os que estão em maior número. Por
exemplo, em um grama de solo fértil pode haver 2,5 bilhões de bactérias e 50 mil algas.
ESTRUTURA CELULAR
As bactérias e cianobactérias não têm núcleo organizado, elas são procariontes, ou seja, o DNA fica es-
palhado na parte liquida da célula, no citoplasma. Por isso, o filamento de material genético é fechado, sem
pontas, para que nenhuma enzima comece a digerir o DNA. Possuem uma parede celular bastante rígida. Para
se locomoverem, as bactérias contam com os flagelos, que são pequenos cílios que ficam se mexendo, (igual ao esperma-
tozóide humano, só que muito mais simples). Também podem possuir Fímbrias, que são microfibrilhas protéicas que saem
da parede celular. As fímbrias podem ser vistas nas duas micrografias do lado esquerdo da figura a seguir:
81
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 6.5 – A figura A47 mostra uma representação esquemática de uma célula em fagocitose.
A figura B48 é uma micrografia de um linfócito também em fagocitose.
REPRODUÇÃO
A reprodução das bactérias ocorre de forma assexuada e sexuada. A assexuada é a mais
comum, feita por bipartição (divisão binária, ou cissiparidade), onde a célula bacteriana cresce,
têm seu material genético duplicado, e então, a célula se divide, dando origem a outra bacté-
ria, geneticamente igual.
Observe a figura a seguir:
46 www.iep.uminho.pt
47 clientes.netvisao.pt/freiremj/img/fagocitose.jpg
48 www.biologo.com.br/.../fagocitose_gif
49 www.ufmt.br/bionet/conteudos/
82
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
50 www.iep.uminho.pt
51 www.todabiologia.com/citologia/fagocitose.jpg
83
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
pel de destaque. Afinal, foi do Penicillium notatum que Alexander Fleming, em 1929, extraiu a penicilina, antibiótico respon-
sável pela salvação de milhares de vidas durante a Segunda Guerra Mundial. Hoje, muitos outros antibióticos largamente
aplicados são conseguidos a partir de culturas de fungos.
O gênero Penicillium, além de abranger espécies fornecedoras de penicilina, compreende outras que são indispensá-
veis na manufatura de queijos como o roquefort e o camembert
Os liquens resultam da associação entre algas unicelulares (azuis ou verdes) e fungos (principalmente ascomicetos).
Nessa interação, as algas constituem os elementos produtores, isto é, sintetizam matéria orgânica e fornecem para os fun-
gos parte do alimento produzido; estes, com suas hifas, envolvem e protegem as algas contra a desidratação, além de lhes
fornecer água e sais minerais.
Denomina-se mutualismo à interação biológica onde as duas espécies são beneficiadas, como as algas e os fungos
que constituem o líquen.
CONHECIMENTO E DIAGNÓSTICO
Quando um médico recebe um paciente com queixas em seu consultório, ele invariavelmente vai aplicar o pensamento
cientifico para descobrir qual é o problema do paciente, pois tem conhecimento para isso. Ele precisa então conhecer o
problema para poder formular uma hipótese sobre a existência ou não da doença e faz isso através de uma breve entrevista
e exames clínicos.
De posse dessas informações preliminares ele passa para a parte dos experimentos, pede alguns exames laboratoriais
de tecidos (como Sangue), secreções (como urina) e excretas (como fezes). De posse dos resultados o médico formula sua
hipótese.
No caso da gripe suína, por exemplo, que se espalhou pelo mundo no primeiro semestre de 2009 (se transformou
em pandemia) faz parte do conhecimento do problema saber se os sintomas um paciente apresenta estão entre aqueles
causados pelo vírus H1N1. Os sintomas atribuídos a essa gripe suína que está atualmente provocando alarme em toda a
população mundial principalmente são:
• Febre • Calafrios
• Dores no corpo • Dor de cabeça
• Nariz entupido • Corisa
• Dor de garganta • Alterações intestinais, diarréia (às vezes).
• Tosse seca
Se o paciente apresenta estes sintomas então se passa para a fase de recolhimento de dados e se procura saber se este
ele esteve em locais ou países onde existem casos da doença ou teve contato com pessoas doentes. Se as respostas forem
positivas então se pode formular a hipótese de que a pessoa esteja contaminada.
Para testar a validade da hipótese neste caso passa-se para a fase da experiência controlada em laboratório. Só se
consegue a certeza isolando-se o vírus influenza tipo A, analisando amostras respiratórias dos pacientes (secreções de nariz
e laringe durante as primeiras 24-72 horas ou até 10 dias em crianças), e de sangue para identificar anticorpos específicos
que atacam este vírus.
Vamos supor que os resultados dos testes e analises clinicas tenham dado o resultado mostrado na tabela a seguir:
De posse de todos esses resultados se faz uma análise minuciosa, tiram-se conclusões e confirma-se a hipótese inicial
(o paciente está com a doença) ou formula-se uma nova hipótese (o paciente tem outra enfermidade) que será identificada
84
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
através de outros experimentos. No caso dos resultados não fizer nenhuma atividade física e não gastar esta ener-
mostrados na tabela vários dos sintomas da gripe H1N1 gia ela ficará acumulada na forma de gordura que de fato
estão presentes, contudo os testes experimentais e defi- é necessária em vários processos químicos que ocorrem no
nitivos não apresentaram os traços do vírus, portanto esta organismo, mas muita gordura pode entupir nossas veias,
hipótese deve ser descartada. trazer doenças do coração e pressão alta.
Caso a hipótese seja confirmada os dados devem A carne tem proteína, este nutriente é importante por-
ser publicados, pois o vírus se espalha pelo ar ou conta- que será utilizado para a construção e reposição de tecidos
to podendo atingir várias pessoas. De qualquer forma o e outras substâncias necessárias ao organismo. Por isso
tratamento deve ser feito já na fase hipotética da doença. os atletas que fazem musculação precisam ingerir muita
Algumas drogas antivirais são usadas na prevenção e tra- proteína para que seus músculos se desenvolvam. A carne
tamento da doença, tentando impedir a replicação do vírus também tem o mineral ferro, que é importante para que o
dentro do corpo humano. O resultado é a diminuição da organismo produza uma substância existente nos glóbu-
agressividade da infecção com a terapia. los vermelhos do sangue, a hemoglobina, responsável pelo
Para maior eficácia, é necessário começar sua utilização transporte do oxigênio absorvido nos pulmões, através da
nos dois primeiros dias de sintomas. Por outro lado, o uso respiração, até as células.
indiscriminado desses remédios pode induzir a mais muta- O queijo além de proteína e gordura possui cálcio, um
ções e a efeitos colaterais com riscos desnecessários. mineral muito importante para manter os ossos e dentes
saudáveis. Aliás, as mulheres gestantes precisam manter
NÓS SOMOS O QUE COMEMOS – AS FUNÇÕES uma dieta rica em leite e seus derivados que possuem cál-
DOS ALIMENTOS
cio. Se o organismo não encontra esse mineral disponível
Ainda mantendo nosso foco na área da saúde po-
ele irá retirá-lo dos ossos e dos dentes da gestante para
demos perceber através de noticiários que a sociedade
formar o esqueleto do bebê. Mulheres na menopausa tam-
brasileira tem apresentado problemas de saúde que não
bém precisam ter uma dieta rica em cálcio porque a mu-
possuía há alguns anos atrás e que são típicas de países
industrializados. Entre elas podemos citar a obesidade, hi- dança no ciclo hormonal favorece a perda desse mineral
pertensão, vários tipos de câncer, infartos, entre outros. Al- deixando os ossos fracos, é a osteoporose.
gumas dessas doenças estão intimamente ligadas à forma A folha de alface além de possuir sais minerais possui
como a população vem se alimentando e a hábitos de vida fibras, elas são importantes porque estimulam os movi-
que estão sendo incorporados. Não é só a falta de comida mentos dos intestinos, as fezes ficam mais consistentes e
que nos causa problemas de saúde, a alimentação de for- mais fáceis de serem eliminadas.
ma errada e maus hábitos podem prejudicar em muito o A maionese até possui alguma proteína na sua for-
nosso organismo. mulação, pois é feita com ovos, mas a quantidade de óleo
A multiplicação das nossas células revela uma das fun- (e conseqüentemente gordura) usada na sua preparação
ções do alimento: ele serve de matéria-prima para a cons- faz com que este alimento seja extremamente prejudicial
trução do corpo. se consumido em excesso.
A construção do corpo não pára: muitas partes conti- E por fim o refrigerante, se você ler o rótulo de um
nuam sendo renovadas por toda a vida. Células da epider- deles para verificar a composição, verá que só informam a
me envelhecem, se desprendem da pele e são substituídas quantidade de carboidrato e ela está por volta de 125 g.
por outras, novas. Cerca de 200 bilhões de glóbulos ver- Porém ele está na forma de polissacarídeo, o nosso popular
melhos do sangue são destruídos por dia e substituídos açúcar, o resto do refrigerante é água.
por novos. Quando sofremos um ferimento na pele, é do O problema é que durante o dia uma pessoa ingere o
alimento que tiramos as substâncias necessárias para repa- açúcar de varias fontes e não apenas do refrigerante. Para
rar a região ferida. retirar este excesso de açúcar do sangue o pâncreas tem
O crescimento e a renovação do corpo, as contrações que produzir muita insulina, a substância responsável por
musculares, a manutenção de uma temperatura constante, essa tarefa. Se essa sobrecarga for prolongada ele pode
tudo isso precisa de energia. Essa energia é fornecida pe- deixar de produzir esse hormônio, a pessoa adquire então
los alimentos. o diabetes que é a falta da insulina no sangue.
Porém alimentação é diferente de nutrição, alimento é
tudo aquilo que comemos para matar nossa fome. Mas co-
mer muito não significa que estamos ingerindo tudo o que Hormônios são substâncias que agem no controle
o corpo precisa para funcionar bem. Se você comer lanche e regulação de vários processos do organismo.
na hora do almoço ao invés de uma refeição completa você
estará se alimentando ou se nutrindo? Vamos pegar como Agora voltamos à pergunta: você está se alimentan-
exemplo um Cheese salada (X-salada) com pão, queijo, do ou se nutrindo? O pão e o açúcar serão armazenados
hambúrguer, maionese, uma folha de alface e mais um re- na forma de gordura se você não gastar energia, o queijo,
frigerante. O pão contém carboidrato, um nutriente impor- maionese e a carne possuem gorduras que poderão entu-
tante que depois de digerido será usado nas nossas célu- pir suas artérias. Então você pode até matar sua fome, com
las para produzir energia, ele é conhecido como alimento o lanche, mas seu corpo continuará pedindo os nutrientes
energético. O problema é que se você trabalhar sentado,
85
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
necessários, para seu bom funcionamento (vitaminas, proteínas, minerais, fibras, aminoácidos, etc.). Desta forma o melhor
é perder um pouco mais de tempo, mas fazer uma refeição mais equilibrada com verduras, carne, arroz, feijão, frutas e
legumes.
A DIGESTÃO
Os alimentos que ingerimos não estão pontos para serem absorvidos pelo corpo. Eles são formados por partículas
muito grandes que precisam ser quebradas. O processo de “desmonte” dessas partículas é chamado de digestão.
O Sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por várias glândulas que produzem substâncias necessárias à
digestão.
O tubo digestório, que é o caminho por onde o alimento passa, é formado pela boca, faringe, esôfago, estômago, in-
testino delgado e intestino grosso.
O alimento entra no tubo digestório pela boca, onde é triturado pelos dentes e misturado com a saliva que é produzi-
da por três pares de glândulas, as glândulas salivares. Esta saliva contém água, muco lubrificante e uma enzima chamada
ptialina ou amilase salivar capaz de digerir o amido de pães, biscoitos, etc.
Ao longo deste tubo várias outras enzimas são misturadas ao bolo alimentar, decompondo os alimentos para que os
nutrientes possam ser absorvidos pelo corpo.
Tudo o que foi digerido no processo descrito acima está disponível para ser usado pelo nosso organismo. E se não for?
Nesse caso os nutrientes serão eliminados ou acumulados na forma de gordura para uma necessidade futura.
Porém o estilo de vida predominante, principalmente nas cidades, consome cada vez menos energia, portanto cada
vez mais gordura tem ficado acumulada deixando a população em média com o peso cada vez maior. Observe o gráfico a
seguir:
Figura 6.8 - Gráfico mostrando como a obesidade da população tem aumentado nos últimos 30 anos.52
De fato dados da pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Tele-
fônico (Vigitel)”, realizada recentemente pelo Ministério da Saúde mostrou que o percentual de obesos passou de
11,4% em 2006 para 12,9% em 2007 entre os brasileiros.
A pesquisa considerou como obesas as pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 30. O IMC é
calculado dividindo-se o peso (em quilos) pela altura (em metros) elevada ao quadrado.
Quem tem IMC igual ou maior que 25, mas inferior a 30, é considerado com excesso de peso. Segundo a pesquisa,
52 Saúde.hsw.uol.br/obesidade-e-desnutricao1.htm
86
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
43,3% das pessoas estavam nessa faixa em 2007, quando a crianças são vítimas ainda mais vulneráveis. As porções ser-
pesquisa foi realizada. vidas aos pequenos fregueses em lanchonetes e cantinas
O excesso de peso é mais comum entre os homens, são cada vez mais vistosas e atraentes, mas também são
segundo o estudo. Os dados mostram que, em 2007, 49,2% maiores e mais calóricas. A televisão tem uma força extraor-
deles estavam com IMC acima de 25, enquanto o índice dinária neste campo: “Mãe compra estes salgadinhos! Olha,
entre as mulheres ficou em 37,8%. mãe, o hambúrguer com uma montanha de batatas fritas
O estudo do Ministério da Saúde também mostrou que está em promoção” e por aí vai.
apenas 15,5% das pessoas entrevistadas costumavam fazer No supermercado a criança se deslumbra com os cho-
atividade física suficiente, ou seja, pelo menos 30 minutos colates da páscoa, com o panetone do Natal, com os novos
diários de atividade de intensidade leve ou moderada em tipos de sorvetes, com o enorme tamanho da barra de cho-
cinco ou mais dias da semana ou 20 minutos diários de ati- colate! Este assunto é tão sério que a ONG “Intenational
vidade física de intensidade vigorosa em três ou mais dias Association for Study of Obesity” lançou uma campanha na
da semana. Os homens costumam praticar mais exercícios União Européia para proibir anúncios atraentes de produ-
que as mulheres – 19,3%, contra 12,3% no sexo feminino. tos que possam causar excesso de peso às crianças.
Já 29,2% é o percentual de pessoas que não praticam Todo adulto compara a infância do filho com o tempo
qualquer atividade física no lazer, não realizam esforços fí- em que ele próprio era criança. É comum fazer-se compa-
sicos intensos no trabalho, não se deslocam para o trabalho rações do tipo: “No meu tempo de criança corríamos atrás
a pé ou de bicicleta e não são responsáveis pela limpeza da bola e dos balões, jogávamos bola na rua, andávamos
pesada de duas casas. de bicicleta pelo bairro, vivíamos praticando esportes”.
Entre os entrevistados, 22,9% disseram ter tido diag- Hoje os jogos eletrônicos prendem a criança em casa. Elas
nóstico médico prévio de hipertensão arterial e 5,3% de ficam horas e horas jogando o hipnótico “game”, comendo
diabetes. salgadinhos, batatas fritas e pipoca. Todos sabemos que o
O problema da obesidade tem sido sentido entre as fato de passar horas na frente de uma televisão está direta-
crianças de forma grave e alarmante. O número de crian- mente relacionado com excesso de peso infantil.
ças com excesso de peso em muitos países industrializados Mas essa não é opção da criança. É uma característi-
TRIPLICOU nas últimas duas décadas. A obesidade infantil ca da vida atual. O fato de parte substancial da população
passou a ser não só um problema de saúde pública como viver em espaços residenciais restritos, sem acesso a par-
gerou outros fatores graves entre crianças e jovens: o desa- ques, sem praticar esportes nos clubes, sem andar pelas
juste social e distúrbios emocionais. ruas, faz com que a criança se acostume com a inatividade.
No Brasil, de acordo com levantamento do IBGE, 10% Com toda informação que obtivemos sobre os alimen-
das crianças e adolescentes têm sobrepeso e 7,3% (cerca de tos, sobre as causas da obesidade e sobre o método cien-
um milhão e meio de crianças e adolescentes) são obesas. tifico você poderia imaginar uma solução para diminuir a
Em geral são as camadas de classe média baixa as que obesidade infantil? Existem muitas pessoas pensando nisso
apresentam maior índice de obesidade infantil, onde o e algo já está sendo feito, no Rio de Janeiro o prefeito
maior lazer ainda é a farta mesa dos restaurantes de fast proibiu que as crianças de Escolas Públicas tivessem acesso
food. a alimentos “engordativos” substituindo-os por frutas, su-
Não há dúvida que pais obesos tendem a gerar crianças cos naturais e preparações menos calóricas. Tal exemplo foi
obesas, seja por direta influência genética seja, por exem- seguido por Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre. É
plo, de maus hábitos alimentares. um bom começo e sem dúvida irá ajudar na prevenção à
Com o problema instalado é normal e compreensível obesidade infantil. É preciso ainda que escolas, professores
que se busque os motivos, os culpados, a origem de tudo. e programas educativos na televisão invistam em divulgar,
Claro que a causa número 1 é o excesso de alimentação, de uma forma apropriada à idade, os princípios de Nutri-
principalmente aquela sob forma de comidas pré-prepara- ção Saudável. A informação é um caminho eficiente tam-
das, com excesso de gordura e muito carboidrato. Vivemos bém para os pequenos.
em uma sociedade onde os pais, por trabalharem demais,
têm pouco ou nenhum tempo para supervisionar o preparo AGORA É A SUA VEZ!
da alimentação e as refeições de seus filhos. Muitas crian-
ças ficam “livres” para escolher alimentos fast food (pizza), Atividade 1
fáceis de preparar (pipoca) e doces, bolos, chocolates, sor- (Encceja 2005) O número de pessoas diabéticas vem
vetes, refrigerantes disponíveis na geladeira. crescendo muito nos último anos. Estima-se que atualmen-
Na escola as guloseimas supercalóricas estão disponí- te há no Brasil 10 milhões de pessoas acometidas desse
veis na cantina, favorecendo a gulodice, entupindo a crian- mal. O diabetes surge de uma alteração no metabolismo
ça com salgadinhos, batata frita e embutidos gordurosos. da glicose, açúcar obtido dos alimentos, especialmente os
Mesmo as crianças que têm o privilégio de receber em casa ricos em carboidratos.
uma educação alimentar adequada dificilmente conseguem Marcos trabalha no comércio e tem pouco tempo dis-
resistir ao apelo de experimentar o que a “turma” está co- ponível para o almoço. Por esse motivo e por questões
mendo e bebendo. Imagine as que não têm supervisão dos econômicas, ele prefere fazer diariamente uma refeição rá-
pais? pida e de baixo custo na lanchonete mais próxima e dispõe
Não é fácil resistir. Se os adultos já não conseguem, as das seguintes opções:
87
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 2
(Encceja 2006) Cachaça, vinho e cerveja são bebidas muito apreciadas que têm coloração, sabor e aroma característi-
cos. Na produção dessas bebidas, sob a ação de microrganismos, os carboidratos da cana-de-açúcar, da uva e do malte
são convertidos em etanol em concentrações que variam de bebida para bebida. O conjunto de transformações que leva à
obtenção do etanol com liberação de CO2 é conhecido como:
(A) alcoolização.
(B) fermentação.
(C) pasteurização.
(D) condensação.
Atividade 3
(Encceja 2005) Nas tabelas abaixo, estão informações nutricionais de dois tipos de amendoim.
Tipo A
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL– Porção de 20g
Quantidade por porção VD* (%)
Valor Calórico 110kcal 4
Proteínas 5g 10
Gorduras Totais 9g 11
Gorduras Saturadas 0g 0
Colesterol 0mg 0
Ferro 0,70mg 5
Sódio 410mg 17
* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.500 Kcal.
Tipo B
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL– Porção de 10g
Quantidade por porção VD* (%)
Valor Calórico 60kcal 2
Proteínas 3g 6
Gorduras Totais 5g 6
Gorduras Saturadas 1g 4
Colesterol 0mg 0
Ferro 0,20mg 1
Sódio 0mg 0
* Valores diários de referência com base em uma dieta de 2.500 Kcal.
88
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Em relação à polêmica se as recomendações nas embalagens de congelados devem ou não ser atendidas, os dados da
tabela:
(A) não contribuem para que se opte com segurança por uma ou outra possibilidade.
(B) indicam que as recomendações dos rótulos devem ser atendidas.
(C) não permitem descartar a opinião de que se trata de truque de vendedor.
(D) mostram que as recomendações valem para carnes e não para vegetais.
Atividade 5
(Encceja 2002) Estatísticas de Saúde:
Nos anos 90, a obesidade atingia 8% das crianças brasileiras. Atualmente, o índice chega a 15%. Em menos de uma
década, a obesidade infantil pode bater na casa dos 20%.
Revista Educação, ano 28, abril de 2002.
Foram analisados os lanches consumidos habitualmente por um grupo de crianças, obtendo-se os seguintes resultados:
Lanche I Lanche II
Calorias 540 Kcal Calorias 862 Kcal
Gordura total 15 g Gordura total 45 g
Colesterol 8 mg Colesterol 128 mg
Fibras 6g Fibras. 3g
Vitamina C 18 mg Vitamina C 5 mg
Atividade 6
(Encceja 2002) Receita de pão caseiro salgado,
Ingredientes:
- 2 tabletes de fermento biológico
- ½ copo de água morna
89
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
90
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Ficou estabelecido que o meridiano de Greenwich seria o meridiano principal ou inicial, portanto a 0°. Se caminharmos
em direção a leste de Greenwich, adiantamos os relógios; se viermos em direção a oeste, atrasamos os relógios. Observe
a figura a seguir:
Figura 7.2 – Planisfério mostrando os meridianos que dividem os vários fusos horários.54
Países com grande extensão territorial (de leste a oeste) possuem muitos fusos horários, é o caso do Brasil que possui
4 fusos.
Como vimos a pouco todos os relógios de um mesmo fuso, delimitado por dois meridianos, deveriam marcar a mes-
ma hora. De um meridiano a outro os relógios deveriam ter uma hora de diferença. Entretanto, para facilitar as atividades
comerciais, os limites de fusos foram adaptados às fronteiras ou aos limites regionais de países extensos, como é o caso
do Brasil.
91
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Na figura podemos verificar que Fernando de Noronha, ilha que fica a leste de Pernambuco, apresenta 2 horas a menos
em relação ao horário do Meridiano de Greenwich que passa pela Inglaterra, mais precisamente pelo observatório nacio-
nal. As cidades de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro ficam no segundo fuso, com 3 horas de defasagem. Manaus fica no
terceiro com 4 horas e Rio Branco no estado do Acre com uma diferença de 5 horas em relação ao horário Inglês.
A medida em graus (de 0° a 180°) que vai de um ponto qualquer da Terra até o Meridiano de Greenwich é chamada de
longitude. Portanto são 180 meridianos a leste e 180 a oeste, perfazendo um total de 360° ou 360 meridianos de 1° cada.
Além dos meridianos, para efeito de referência global temos também os paralelos. Como o nome diz são linhas imaginárias
traçadas paralelamente a linha do equador que divide o globo terrestre em dois hemisférios. A distância entre elas é chamada
de latitude e é medida em graus (de 0° a 90°), que vai de um ponto qualquer da Terra até a linha do equador. Portanto o pólo
norte está localizado a 90° de latitude norte e o pólo sul 90° de latitude sul. Dois desses paralelos, além do equador, têm grande
importância e possuem nomes especiais, são o trópico de câncer no hemisfério norte e o trópico de capricórnio no hemisfério sul.
Figura 7.4 – Figura indicando as orientações de latitude e longitude assim como os principais paralelos:
Brasília (Brasil)
Latitude: 15° 46’ Sul (Lê –se: quinze graus e quarenta seis minutos de latitude sul)
Longitude: 47° 55’ Oeste de Greenwich (Lê – se: quarenta e sete graus e cinqüenta e cinco minutos de longitude
oeste)
92
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Quanto tempo você leva para chegar em casa? de seus motores, o combustível que ele utiliza, sua eficiência
Agora que você já sabe qual a origem do tempo e a rela- e economia, os materiais de que são feitos, a sua segurança
ção que ele tem como o movimento da Terra, vamos falar sobre e conforto.
alguns aparelhos que você pode ter em sua casa e que apa- Os combustíveis usados são particularmente impor-
rentemente não têm nada a haver com isso. Por exemplo, uma tantes nos dias de hoje, devido ao rápido esgotamento
batedeira, um ventilador, uma furadeira. Repare que todos eles, dos derivados do petróleo, como a gasolina e o diesel e
apesar de estarem executando tarefas diferentes, produzem também aos seus efeitos sobre o ambiente.
algum movimento. Nesses três exemplos, todos possuem mo- Em termos energéticos, a eficiência ou rendimento de
tores elétricos. Esse tipo de motor transforma a energia elétrica um veículo está associada à razão entre a energia con-
em movimento, que está relacionado com uma outra forma de sumida por ele e o trabalho útil de transporte que rea-
energia, que chamamos de energia mecânica. Que outras má- liza. Este trabalho depende da carga (peso) que carrega
quinas você pode pensar bem rápido que geram movimento? ao percorrer uma certa distância. Quanto menos energia
Carros, aviões, trens, navios, caminhões, pois é, nessa nossa vida consumir para transportar um peso, mais eficiente ele é.
agitada parece que tudo lembra movimento, mas...você se lem- Mas o que seria melhor para o transporte e o movi-
bra do que Newton falava sobre movimento? mento dos veículos, passageiros e cargas então? Quan-
O movimento é a mudança de posição de um corpo ou do comparamos um automóvel de passeio a um ônibus,
objeto com o passar do tempo. Se este objeto muda de po- podemos ver que cada um tem suas vantagens: em uma
sição em um tempo curto, podemos dizer que ele se move cidade, um automóvel pode ser mais rápido e ágil (quando
com grande velocidade. Ao contrário se ele demora muito o trânsito permite) ou dar mais liberdade aos seus passa-
para mudar sua posição dizemos que ele se move com uma geiros (por exemplo, na escolha do trajeto). Mas, pensan-
velocidade baixa. do no coletivo da cidade, o ônibus tem a vantagem de
Ops, ficou confuso? Então vamos separar: transportar um número de pessoas muito maior. Um trem
de carga, comparado a um caminhão, além de ser capaz
Movimento é a mudança de posição com o de transportar uma carga maior, polui menos o ambiente
passar do tempo. e não atrapalha o trânsito nas estradas de rodagem. Ago-
ra, faça a sua avaliação!
Velocidade é a rapidez com que essa mudança Voltando a falar do movimento em si, como podemos
de posição é realizada. avaliar se um objeto está se movendo com maior ou me-
nor velocidade? Vamos supor que você saia da sua cidade
A espécie humana tem verdadeiro fascínio pela velocida- em um ônibus direto, desses que não param em várias ci-
de. Faz competições para ver quem é mais o rápido e constrói dades, para visitar um parente que mora em uma locali-
veículos que desenvolvem velocidades cada vez maiores. Mas dade que fica a 300 quilômetros de distância. Este ônibus
até onde isso é bom? leva uma hora (1:00 h) para percorrer os primeiros 100
Viagens longas que antigamente eram feitas de navio po- quilômetros, mais uma hora para chegar até o quilômetro
diam durar meses. Hoje em dia se faz uma viagem do Brasil 200 e mais uma hora para chegar ao destino. Portanto este
para a Europa em questão de horas com aviões a jato. Por ônibus percorreu distâncias iguais em tempos iguais, ou
este lado a humanidade ganhou muito em agilidade e, con- seja, 100 quilômetros a cada hora, podemos dizer que sua
seqüentemente, aumentou seu ritmo de desenvolvimento e velocidade foi de 100 quilômetros por hora (100 km/h).
interação cultural entre os vários povos. Mas você estava sentado no banco da frente e viu que
Por outro lado podemos ler estatísticas após cada feriado o velocímetro às vezes marcava 120 km/h, em outros mo-
prolongado sobre o número de mortes causadas nas estradas mentos 80 km/h, esse ônibus até parou no pedágio. Qual
por causa do excesso de velocidade. Veículos mais velozes velocidade está certa? A resposta é: todas. Quando olha-
podem encurtar o tempo das viagens, fazer escoar mais rápi- mos a velocidade no velocímetro do ônibus descobrimos
do a produção agrícola, transportar com maior agilidade bens a velocidade que ele está no momento, e a chamamos de
industriais e matéria prima para as fábricas.
velocidade instantânea. Ao avaliarmos apenas a distância
Mas a imprudência dos condutores desses veículos, a
que o veículo percorre e o tempo que ele leva para percor-
péssima condição de conservação de estradas de rodagem,
rê-la estamos medindo a velocidade média desse veiculo.
ferrovias e aeroportos pode transformar a velocidade em uma
Neste caso não importa se ele parou, acelerou ou diminuiu
implacável inimiga. Podemos somar a isso o número crescen-
a velocidade durante o trajeto.
te de veículos que deixam as fábricas e ganham as ruas das
Resumindo:
grandes cidades. Muito carro para pouca rua gera enormes
congestionamentos, lentidão de tráfego e stress dos condu-
tores, o que piora a saúde e a qualidade de vida da população. Velocidade instantânea é aquela que o veículo ou
Para se ter uma idéia, a velocidade média de um automóvel um objeto qualquer está num determinado momento.
em São Paulo é de 15 Km/h e olhe que lá se encontra uma das
frotas mais modernas e com os carros mais velozes do país. Velocidade média é a relação entre o tempo que o
Sendo assim, vários fatores vão influenciar a qualidade de veículo ou objeto leva para cumprir um determinado
um meio de transporte além da velocidade que pode atingir: percurso e o tamanho deste percurso.
a carga que é capaz de transportar, a potência e o rendimento
93
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Você percebeu que até agora ninguém aqui falou em curva? Nesta etapa de estudos dos movimentos vamos consi-
derar apenas que eles ocorrem em linha reta e com velocidade constante, é claro que existem outros que exigem maiores
complexidades para estudo, por enquanto ficaremos com esses, os Movimentos Retilíneos Uniformes - MRU.
Já discutimos no capítulo 2 uma maneira simples de calcular a velocidade média (Vm) de um objeto móvel, dividindo a
distância (d ou ΔS) que ele percorre pelo tempo que ele leva (t ou Δt), ou em termos matemáticos:
Vm = d ou Vm = d/t ou ainda Vm = ΔS/ Δt
t
Você se lembra quando falamos que a energia gasta na sua residência era medida em quilowatt hora (kWh)? Pois para
medir velocidades também utilizamos unidades adequadas. No caso que usamos como exemplo essa unidade foi quilô-
metro por hora (km/h). Se discutirmos outro exemplo onde a distância seja medida em metros e o tempo em segundos a
unidade ficaria metros por segundo (m/s). Então você pode se perguntar: não tem uma unidade fixa para velocidades? A
resposta é não, ela vai depender do movimento que estamos estudando.
Quando os cientistas estudam astronomia eles usam unidades que para nós são totalmente estranhas. Por outro lado
existem áreas das ciências que trabalham com unidades muito pequenas usadas em microbiologia e eletrônica,
Observe algumas delas:
Unidade Dimensão
Unidade astronômica 150 milhões de Km
Ano luz 9,5 trilhões de Km
Parsec 3,26 anos luz
milímetro 0,001 m
micrometro 0,000 001 m
nanômetro 0,000 000 001 m
Tabela 7.1 – Unidades usadas pelas ciências e comparação com dimensões mais comuns no cotidiano.
Para que você possa comparar, unidade astronômica é equivalente a distância entre o Sol e a Terra. Já a estrela mais
próxima, Alfa Centauri, está a 4,3 anos luz de distância da Terra.
Uma célula de glóbulo branco mede 10 mícrons e a molécula de DNA 100 nanometros.
Vamos olhar com atenção duas das grandezas que estudamos até agora, tempo e velocidade:
t = 10:00 h v = 5 km/h
Percebe alguma diferença? O tempo precisa de apenas uma variável para ser expresso, no caso, hora (h), pois ele é uma
grandeza escalar. Já a velocidade precisa de duas, a distância (km) e o tempo (h). Grandezas que necessitam de mais de
uma variável para ser expressa são chamadas de grandeza vetorial.
Qualquer movimento ficará completamente expresso apenas se indicarmos:
a) Intensidade ou módulo - é a quantificação, isto é, quanto é capaz de cumprir distancias maiores ou menores
(quanto maior for a velocidade, maior será a sua intensidade);
b) Direção - para os movimentos retilíneos, é a reta suporte na qual a velocidade atua, pode ser vertical, horizontal
ou inclinada;
c) Sentido - é a orientação do deslocamento na direção indicada:
- para direções verticais e inclinadas o sentido pode ser ascendente ou descendente.
- para direções horizontais o sentido pode ser para direita ou para a esquerda.
As grandezas vetoriais também podem ser representadas matematicamente por um vetor, que é um segmento de
reta orientado (uma seta) com todas as características descritas anteriormente.
Observe o movimento descrito na figura 7.4 a seguir:
94
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Considere que A seja o ponto inicial do movimento e Nele colocamos os valores dos espaços no eixo vertical
B o ponto final. Com qual velocidade média o automóvel (S) e dos tempos no eixo horizontal (t). Cada deslocamento
cumpriu este trajeto? do móvel durante o movimento está relacionado com um
Para calcular essa velocidade precisamos saber o tem- tempo gerando um ponto no gráfico. O conjunto de todos
po total em que foi cumprido o percurso e o tamanho dele, esses pontos até que o móvel chegue ao seu destino forma
ou seja, a distância percorrida. Podemos calcular da seguin- uma reta (chamamos de curva). Quando a curva é ascen-
te forma: dente – aponta para cima - o movimento é progressivo.
Quando ela aponta para baixo o movimento é retrogrado.
Distância = posição final – posição inicial Ainda podemos, através do gráfico, descrever o mo-
ΔS = Sfinal – Sinicial vimento que um móvel realiza, observe a figura a seguir:
ΔS = 90 – 0
ΔS = 90 km
95
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Se fizermos a conversão de 100 km/h para m/s teremos: Percebeu que a força, aceleração e a massa estão re-
V m/s = 100 : 3,6 = 27,8 m/s lacionadas? Pois é, Newton também e formulou a segunda
a = ∆v / ∆t = 27,8 / 5 = 5,56 lei da dinâmica: A força é proporcional ao produto da mas-
sa pela aceleração.
Isso que dizer que a cada segundo a velocidade au- F=m.a
menta 5,56 m/s ou Essa equação é conhecida como equação fundamental
a = 5,56 m/s = 5,56 m/s2 da dinâmica.
s A unidade que se usa para representar a grandeza for-
ça é o Newton (N). Uma força de 1N é equivalente a massa
Os movimentos onde existe a variação da velocidade de 100g quando atraída pela gravidade da Terra.
com o tempo são chamados de Movimentos Retilíneos A força também é uma grandeza vetorial. Poderíamos
Uniformemente Variados - MRUV. E Também podem ser representar uma força de 3N, horizontal e com sentido de
representados por gráficos como fizemos com o Movimen- esquerda para a direita com o seguinte vetor:
to Uniforme. Observe o gráfico a seguir:
QUE TRABALHO!
Diz-se em Física que se realiza um Trabalho toda vez
que uma força provoca um deslocamento. Esse trabalho
pode ser representado pelas letras W (work) ou τ (tau). Va-
mos fazer o seguinte: Se você empurrar um móvel da sua
sala com 20 Kg de massa, por uma distância de 2m, com
aceleração de 1m/s, quanto trabalho estará realizando?
Primeiro é preciso calcular a força que você usou:
F=m.a
F = 20 . 1 = 20N
Figura 7.8 – Gráfico de v x t mostrando um movimento Agora podemos calcular o trabalho:
retardado entre 0 e 2s e acelerado entre 2 e 4s. W = F . d (ou ∆S)
W = 20 . 2 = 40J (Joule)
No instante t = 0 ele possui uma velocidade de 10 m/s No (S.I.) a unidade de medida para trabalho é dada por
(lembre-se de que o sinal indica apenas o sentido do movi- Joule.
mento). Seguindo a curva até o instante t = 2s percebemos Agora... Você pode realizar este trabalho tranquilamen-
que a velocidade diminuiu e ele pára, ou seja ele estava te ou, se estiver atrasado, com maior rapidez. A rapidez
freando (sua aceleração foi negativa). Um movimento va- com que se realiza um trabalho é definida como potência,
riável com aceleração negativa é chamado de retardado. A que é a relação entre o trabalho realizado e o tempo que
partir de t = 2s a velocidade voltou a aumentar, ou seja o se levou para realizá-lo.
móvel está acelerando, portanto a aceleração foi positiva. P=W/t
O movimento variável onde a aceleração é positiva chama- Quando uma máquina realiza um trabalho rapidamen-
se movimento acelerado. te ela dissipa uma potência maior do que outra que leva
um maior tempo. Um automóvel com motor 2.0 consegue
COLOCANDO CORPOS EM MOVIMENTO realizar um trabalho para elevar a velocidade de 0 a 100
Quando você empurra um móvel na sua casa durante Km/h mais rapidamente que um de motor 1.0.
aquela limpeza de final de semana você o coloca em movi- Podemos considerar também que entre dois carros
mento, não é? Se ele entrou em movimento sua velocidade com motor de mesma potência, realizará um trabalho mais
aumentou, ele foi acelerado, portanto ele teve um movi- rápido aquele que tiver a carroceria mais leve.
mento variado. Se for a cadeira da cozinha que é leve, você
movimenta com facilidade. Já o sofá da sala é um proble- O TRABALHO DA GRAVIDADE
ma, precisa de mais Força. Quando soltamos qualquer objeto, ele é atraído pela
força gravitacional da Terra e se choca contra o solo. Quan-
Força é qualquer ação capaz de alterar a to mais alto ele estiver, maior será a velocidade com que
velocidade de um corpo ou causar nele ele chegará ao solo, isso significa que ele é acelerado. O
uma deformação. valor da aceleração da gravidade é constante e tem valor
9,8 m/s2. Para cálculos de pouca precisão admite-se a utili-
zação de 10 m/s2.
96
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Podemos fazer para a gravidade todas as considera- A quantidade de movimento pode ser calculada, pois
ções que fizemos até agora para o movimento acelerado ela é proporcional ao produto da massa m de um corpo por
com algumas poucas modificações. No caso da queda, a sua velocidade v. Podemos até comparar quantidades de
distância percorrida por um corpo ou objeto deve ser subs- movimentos de corpos diferentes. Um caminhão de 4 tone-
tituída pela altura. ladas movendo-se a 5 quilômetros por hora, por exemplo,
Vamos supor como exemplo a queda de um vaso de tem a mesma quantidade de movimento que um carro de 2
massa 2kg, de uma altura de 10 m e levando 5s na queda. toneladas se movendo a 10 quilômetros por hora.
A Força com que ele é atraído nesse caso é chamada No sistema internacional de medidas (S.I.) a unidade
de peso, mas podemos calcular da mesma forma: para quantidade de movimento é dada em quilograma x
F = Peso (P) = m . a metro por segundo (kg. m/s). A quantidade de movimento
P = 2 . 20 = 20N de um corpo pode ser calculada desde que sejam conheci-
Da mesma forma podemos calcular o trabalho subs- das a massa e a velocidade desse corpo, observe a expres-
tituindo a força pelo peso e a distância por altura que é são a seguir:
representada pela letra h: Q = m.v onde: Q = quantidade de movimento
W=P.h M = massa (sempre em quilogramas)
W = 20 . 10 = 200J V = velocidade (em metros por segundo)
E a potência dissipada na queda. Mas preste atenção,
porque a letra que representa peso e potência é a mesma: Observe como podemos determinar qual deve ser a
P = W/t velocidade de um automóvel para que ele tenha a mesma
P = 200 / 5 = 40 W (watts é uma homenagem ao inven- quantidade de movimento que um caminhão que se movi-
tor da máquina a vapor) menta com velocidade de 36 Km/h. Considere o automóvel
com massa igual a 1500 kg e o caminhão com massa 4500 kg.
A CONSERVAÇÃO DO MOVIMENTO Como o enunciado diz, o automóvel e o caminhão de-
Em física acredita-se que a energia não é a única gran- vem ter a mesma quantidade de movimento então:
deza que se conserva nos fenômenos físicos. Também se Q automóvel = Q caminhão
conserva a quantidade de movimento, assim como a massa m automóvel . v automóvel = m caminhão . v caminhão
se conserva nos fenômenos químicos. 1500 . v automóvel = 4500 . 36
Sempre que um corpo ganha movimento, algum outro v automóvel = 162000 / 1500
deve perder igual quantidade de movimento. Jogue uma v automóvel = 108 km/h
bola contra outra igual, em repouso. Se a segunda bola é
atingida em cheio e o choque for perfeitamente elástico, Esses princípios da física são de extrema importância
ela sai com toda a quantidade de movimento, ficando a para a indústria automobilística, pois são usados na avalia-
outra parada. Você já deve ter visto isso em jogos de bi- ção da segurança dos automóveis
lhar. Se você atinge a bola branca com o taco ela ganha Numa batida de carro nos preocupamos em primei-
movimento, ao atingir outra bola da mesa, a branca perde ro lugar se há alguém machucado e, em seguida, qual foi
velocidade, enquanto a outra bola sai velozmente. o estrago no carro, se houve danos na estrutura ou não.
A perda de quantidade de movimento da bola bran- Existe uma relação entre essas duas coisas. Os carros que
ca é igual à quantidade de movimento ganha pela outra amassam mais são mais seguros que aqueles que não
bola. Quantidade de movimento nunca é criada ou des- amassam. As leis da física que estamos estudando podem
truída. Essa é a lei da conservação da quantidade de explicar o porquê.
movimento. Vamos começar com o que é preciso quando parar-
Os cientistas acreditam que existe atualmente no Uni- mos algo que está em movimento. Uma situação muito co-
verso a mesma quantidade de movimento que há um bi- mum em nossa vida é parar o carrinho do supermercado
lhão de anos. Quando você dá um tiro de espingarda, a para pegar algum produto que vamos comprar. É mais fácil
quantidade de movimento para frente, positiva, da bala, é parar o carrinho de compras quando ele ainda está vazio.
igual à quantidade de movimento para trás, negativa, da Com o aumento da massa, fica cada vez mais difícil pará-lo.
espingarda. Só conseguimos fazendo força durante certo tempo, pois
A soma das duas, positiva e negativa, é nula, como era ele não pára imediatamente.
nula a quantidade de movimento antes do tiro. O tiro não Para uma mesma velocidade, quanto maior a massa,
produz nenhuma quantidade de movimento (se lembrou maior será a quantidade de movimento. Para interromper,
da ação e reação?). cessar, um movimento, temos que mudar sua quantidade
A lei que exprime a conservação da quantidade de mo- (m.v), até que ela seja zero.
vimento é válida qualquer que seja o número de objetos, e A segunda Lei de Newton afirma que se a quantidade
independe de suas dimensões. Ela se aplica tanto às partí- de movimento (m.v) de um corpo foi alterada, então uma
culas fundamentais (que são muito menores que o átomo) força (F) foi exercida durante um intervalo de tempo (t).
quanto às colisões de veículos e às galáxias. Ela é válida Esses conceitos científicos explicam o que já sabemos
quer os corpos permaneçam unidos após o choque, quer intuitivamente com o carrinho do supermercado. Em ter-
se separem depois de se tocarem. mos matemáticos, isso se escreve:
F.t = m.(v final – v inicial)
97
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Para uma mesma variação da quantidade de movimen- Podemos dizer então que entre a Terra e o carrinho
to, quanto maior a força, menor será o tempo que a força está associada uma forma de energia denominada Ener-
terá de agir; se a força diminuir à metade, o tempo será gia Potencial gravitacional (Ep). Isto é, quanto mais alto
dobrado, mantendo a mesma variação da quantidade de estiver o carrinho em relação ao solo, maior será a ener-
movimento. Na batida de carro, a relação entre a defor- gia potencial gravitacional acumulada nele. Chamamos de
mação do carro e a gravidade dos ferimentos dos ocupan- potencial porque ela está armazenada e pronta para ser
tes está ligada ao tempo que demora a colisão. Num carro transformada em outra modalidade de energia.
com estrutura muito rígida, que não amassa, o tempo de Agora vem a descida, quando o carrinho começa a
colisão é muito pequeno e a força será grande. Se a lataria descer pela ação da gravidade, toda a energia acumulada
deformar bastante e o carro amassar muito, o tempo de começa a ser convertida em outra forma de energia que é
colisão será aumentado, pois com a demora até que amas- aquela associada ao movimento, ela é chamada de Energia
se a estrutura, a força será menor. Na batida, geralmente, a Cinética (Ec). Quanto maior a energia acumulada, maior a
velocidade do carrinho quando ele terminar a descida.
velocidade final (vf ) é zero e a velocidade inicial (vi) é a que
Mas não é só na queda que podemos avaliar a ener-
o carro estava antes da colisão. Assim, a expressão pode
gia cinética de um corpo, quando temos o movimento na
ser simplificada para:
direção horizontal também haverá a presença dela. Neste
F = - m . vi
caso ela será proporcional a massa do corpo e a velocidade
t que ele estiver no momento que estamos estudando. Essa
relação pode ser mostrada através da equação:
O sinal negativo indica que a força é oposta à velocida-
de inicial. Veja que um carro indeformável teria uma colisão
instantânea e a força seria infinita! Ec = m . v2
2
AS MANIFESTAÇÕES DE ENERGIA
Outra modalidade de energia surge quando compri-
mimos uma mola. Mais uma vez estamos transferindo para
ela certa quantidade de energia. Essa energia que fica ar-
mazenada na mola é chamada de Energia Potencial Elás-
tica. Ao soltar essa mola ela pode impulsionar um objeto
transformando a energia potencial elástica em energia
cinética.
A energia química também é uma forma de energia
potencial, associada aos elementos que formam cada subs-
tância. Durante a combustão (queima) da gasolina, por
exemplo, essa energia é transformada em energia térmica.
QUE CALOR!
“Em apenas 1 segundo, o volume de vapor que se for-
ma sobre os rios e plantas da floresta Amazônica equivale
a quase 200 mil toneladas. Isso é mais do que o próprio rio
Amazonas despeja no mar em qualquer momento: 160 mil
toneladas por segundo. Lado a lado, essas duas grandes cor-
Figura 7.9 – Montanha russa 56 rentes de água criam imponente sistema de circulação tão
essencial à sobrevivência da maior floresta do mundo quan-
Observando a figura da montanha-russa podemos to as artérias para o corpo humano. Mas o espetáculo dessas
pensar: “De onde vem a energia que se transforma no mo- forças perde todo o brilho e grandeza quando comparado
vimento do carrinho?” Acabamos de discutir que a quan- com a sua fonte de energia - o Sol.
tidade de movimento nunca é perdida e que ela também Vista da superfície do astro-rei, a Terra é um irrisório
não surge do nada. Você também estudou que a gravidade grão de areia girando à remota distância de 150 milhões de
puxa todos os corpos para o solo fazendo com que eles quilômetros. Mesmo assim, a ínfima parcela de luz e calor
acelerem na descida. que efetivamente alcança o planeta - em vez de perder-se
Se a gravidade puxa os corpos para baixo, alguma em outras direções no espaço - é suficiente para dar vida
energia deve ser gasta para levá-los para cima, portanto e movimento aos oceanos, ventos, florestas, a cada um e a
algum trabalho deve ser realizado para isso. todos os organismos.
Este trabalho realizado sobre o carrinho será maior, Essa energia, que os antigos atribuíam aos deuses, hoje
pode ser calculada com precisão. Equivale à eletricidade que
quanto maior for a altura a qual o carrinho será levado pois:
seria gerada por 10 bilhões de hidrelétricas do porte de Itai-
W = P . h ou W = m . g . h
pu.”
E a energia gasta nesse trabalho não será perdida, es-
(Extraído e adaptado do artigo de Flávio Dieguez, re-
tará acumulada no carrinho.
vista
56 (fonte: http://gracielialine.floguxo.com.br)
98
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
99
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Tabela 7.3 - Tabela com valores de calor específicos de materiais comuns nos nossos dia-a-dia.
Tabela 7.4 - Tabela com valores nutricionais impressos em uma embalagem de biscoito.
Carboidratos, proteínas, gorduras... a embalagem mostra algumas substâncias químicas necessárias ao organismo.
Essas substâncias são chamadas nutrientes.
Na primeira coluna da tabela estão os nutrientes e as quantidades existentes em uma porção que corresponde a 40g.
Na primeira linha desta coluna, está a energia, que é medida em quilocalorias. Caloria é definida como a energia necessária
para aquecer em 1 grau (Celsius) a quantidade de 1 grama de água como acabamos de ver. Mas é, também, a unidade
usada para medir a quantidade de energia que os alimentos fornecem ao nosso organismo.
Uma das maneiras de saber a quantidade de calorias de um alimento é queimá-lo em um aparelho especial chamado
calorímetro, que informa a energia liberada sob a forma de calor. Como a caloria é uma unidade muito pequena. Seus
valores são expressos em grupos de 1000. O biscoito do exemplo mostrado na tabela que acabamos de apresentar possui
170.000 calorias a cada 40 g consumidas, por isso a unidade usada em nutrição é a quilocaloria (kcal).
As outras colunas da tabela usam como unidade de medida o grama. O grama é uma fração do quilograma, uma uni-
dade usada regularmente em compras, receitas culinárias e embalagens.
A caloria é usada também para medir a quantidade de energia utilizada em uma determinada atividade física ou qualquer
outra que uma pessoa possa realizar em casa, no trabalho, na escola, etc. É de acordo com essas atividades que um nutricionista
indica a dieta de um paciente para que ele não consuma mais calorias do que o seu corpo pode gastar nas atividades que realiza.
100
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
A TEMPERATURA
Mas como fazemos então se quisermos dizer que um objeto está “quente”? Nesse caso precisamos primeiro entender
o que é temperatura.
No capitulo 4 comentamos que para um líquido evaporar, suas partículas devem se agitar com energia suficiente para
poder “escapar” do restante do liquido. Pois é essa mesma agitação que as Ciências definem como temperatura.
Desse modo, um corpo “quente” é aquele que possui, alta temperatura ou muita energia cinética contida nas suas
partículas.
Figura 7.10 – Figura mostrando espaços para dilatação entre os viadutos e trilhos.58
Tudo isso é feito porque os materiais estão sujeitos a grandes variações de temperatura, quando se aquecem dilatam,
quando se esfriam ocorre uma contração. Se não houver o espaço, nem a placa de isopor, o viaduto trinca e os trilhos en-
tortam. Viu como a física faz parte do nosso dia-a-dia?
58 Ciências (Ensino fundamental) Sezar. Sasson, Sezar, Paulo Sergio Bedaque Sanches, Cesar da Silva
Junior – 20 ed – São Paulo: Saraiva, 2005.
101
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
SERÁ QUE É FEBRE? Podemos relacionar essas 3 escalas discutidas através das
Muitas das grandezas físicas dos corpos variam com a expressões matemáticas:
temperatura além do comprimento de uma barra metálica.
Do mesmo modo, o volume de um gás contido em um balão
elástico também varia com a temperatura. A pressão exercida
por um gás contido em um recipiente de volume constante
constitui outro exemplo de grandeza física que varia.
Essa relação entre as três propriedades foi usada com muito
engenho na construção de geladeiras e refrigeradores. Um gás TROCA DE CALOR
confinado em um sistema metálico de cobre é comprimido por Uma grande parte dos processos industriais utilizam altas
um compressor elétrico que se liquefaz, perde calor e é jogado temperaturas durante a produção ou essa temperatura é ge-
para um tubo dentro do aparelho. Ao retornar para o estado rada como resultado do processo. De qualquer modo ela tem
gasoso ele retira a energia do ambiente deixando o interior re- de ser reduzida para que a produção não pare. As usinas nu-
frigerado. Outra vez ele é jogado para fora do aparelho, sendo cleares, por exemplo, produzem o calor para vaporizar água e
liquefeito novamente reiniciando o processo. assim movimentar as turbinas dos geradores. Os reatores que
Outro exemplo onde a propriedade que os corpos apre- abrigam o combustível precisam ser resfriados, o que também
sentam de mudar de volume, quando se modifica a tempe- é feito pela passagem de água. Contudo o fluxo de água ne-
ratura, pode ser usada é para produção de termômetros. Eles cessário para que o resfriamento seja eficiente deve ser cuida-
são aparelhos capazes de medir essa grandeza, já que nossos dosamente calculado para que não ocorra superaquecimento.
sentidos de tato não são precisos nem confiáveis para me- A quantidade de calor que a água e outras substâncias podem
di-la. receber ou perder pode ser calculado através da expressão:
Os termômetros de mercúrio, muito comuns em labora-
tórios, clínicas médicas e mesmo em casa, funcionam basea- Q = m . c .∆T
dos na dilatação do metal mercúrio. Digamos, por exemplo,
que precisamos medir a temperatura corporal de uma pessoa Onde: m = massa em gramas.
para ver se ela está com febre. Colocamos o termômetro sob C = calor especifico da substância.
as axilas ou na boca e aguardamos alguns minutos para que ∆T = variação da temperatura.
o corpo e o termômetro entrem em equilíbrio térmico. A va-
riação de temperatura, para mais ou para menos, sofrida pelo
mercúrio, vai fazer com que seu volume varie. Com isso, ele
sobe ou desce em um tubo bem fino onde está contido. A
temperatura é lida na escala de temperaturas que fica próxi-
ma ao tubo, indicando o seu valor numérico correto.
No século XVII, o físico e astrônomo sueco Anders Cel-
sius escolheu valores arbitrários de temperatura para a fusão
e para a ebulição da água, que seriam usados como padrões
na medição de temperatura.
A escala Celsius adota para a temperatura de fusão da
água, ao nível do mar, O valor arbitrário de 0 grau (hoje 0°C).
Arbitrário mesmo, pois poderia ter adotado 30 ou 70 que Figura 7.11 – Torres de resfriamento de água resultante de
também serviria para medir a temperatura. processos industriais e caldeiras.59
A temperatura de ebulição da água, também ao nível
do mar, foi fixada em 100 graus (100°C), valor tão arbitrário Como um exemplo podemos calcular a massa de água
como o escolhido para a fusão. Do mesmo modo que a escala necessária para refrigerar um sistema que libera 80.000
Celsius adota 100, poderia ter adotado 35 ou 456, ou outro kcal de um processo produtivo. A água está inicialmente a
número qualquer. 20°C e deve atingir no máximo 60°C para que não ocorra
Outra escala, muito usada em países de língua inglesa, muitas perdas com evaporação.
utiliza valores diferentes para os pontos de fusão (32°F) e ebu- A variação de temperatura ∆T nesse caso será:
lição (212°F) da água, é a escala Fahrenheit. Mas como ambas ∆T = Tf –Ti = 60 – 20 = 40°C
se baseiam nas propriedades físicas de uma substância são Onde Tf é a temperatura final e Ti a temperatura inicial.
Sabendo que o calor específico da água é 1 cal/g .°C
chamadas de escalas relativas.
usamos a relação:
Uma terceira escala, a Kelvin, é bastante utilizada no meio
Q = m . c . ∆T
cientifico e mede o grau de agitação das partículas. Quando
80 000 000 = m . 1 . 40
elas estão totalmente paradas a escala mede 0K (ou zero ab-
80 000 000 / 40 = m
soluto). Quanto maior a energia cinética (energia relacionada
m = 2 000 000 g
ao movimento) contida no corpo maior a temperatura regis-
Considerando a densidade da água 1,0 kg/L seriam ne-
trada na escala. A escala Kelvin é chamada de escala absoluta
cessários 2 000 litros de água.
e de acordo com ela a água funde quando tiver uma energia
equivalente 273 Kelvin (273K). 59 Portal ibta.com.br
102
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
CALOR E TRABALHO
A tecnologia criou ao longo da história uma infinidade de máquinas que tinham como finalidade transformar calor em
trabalho. Os teares mecânicos da Revolução industrial, os navios e locomotivas a vapor e até hoje, os automóveis que ainda
são movidos por motores a combustão. Com certeza os motores de hoje são mais eficientes do que as antigas máquinas no
aproveitamento da energia. Mesmo assim esse aproveitamento é limitado por barreiras que a Física pode explicar. A área
dela que trata desses estudos é a termodinâmica.
O motor de combustão interna, também chamado de motor à explosão, é muito conhecido em nossa sociedade. Os
carros, motos, trens, navios, aviões utilizam motores à explosão, que podem empregar combustíveis como o diesel, a ga-
solina, o querosene e o álcool, gás natural, entre outros.
Eles apresentam uma câmara de combustão, onde ocorre a explosão de uma mistura de ar e combustível vaporizado,
transformando energia química em energia térmica. A explosão gera gases que, aquecidos, se expandem e empurram um
pistão móvel, que faz girar uma “manivela”, que por sua vê movimenta um eixo, e assim transforma a energia térmica em
trabalho mecânico.
O processo se repete, com a expulsão dos gases queimados e admissão de ar e combustível seguida de sua compres-
são, para que ocorra uma nova explosão. Dessa forma, a energia térmica produzida na explosão da mistura gasosa é trans-
formada em movimento. Veja a seguir o esquema bem simplificado do pistão de um motor à explosão.
O trabalho realizado pelo gás na sua expansão pode ser obtido através da expressão:
W = P . ∆V
Nesta expressão W representa o trabalho, P a pressão do gás e ∆V a variação do volume.
Este raciocínio é válido considerando que toda a energia seja transformada em movimento, mas parte dela é perdida
no próprio funcionamento da máquina e para o ambiente. A 1ª Lei da Termodinâmica nos diz:
A variação de energia interna de um sistema é igual à quantidade de calor menos o trabalho que é efetivamente rea-
lizado.
Em expressão matemática:
∆U = Q – W
Onde ∆U é a variação da energia interna.
Então podemos concluir que é impossível construir uma máquina térmica capaz de converter integralmente em traba-
lho o calor à ela fornecido (2ª Lei da Termodinâmica).
De fato os motores de combustão interna são pouco eficientes no aproveitamento de calor. Um motor a gasolina apre-
senta aproximadamente 25% de eficiência e um movido a óleo diesel por volta de 45%.
Uma forma de calcularmos essa eficiência desde que sejam conhecidas as energias fornecidas e as efetivamente apro-
veitadas é através da expressão:
η = Q2 / Q1
η é o símbolo que representa a eficiência, Q1 a energia fornecida e Q2 a energia aproveitada.
103
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Infelizmente a civilização é altamente dependente delas e para fazê-las funcionar é necessária muita energia, em gran-
de parte energia elétrica. Cada fonte dela que criamos e utilizamos gera um custo ambiental que precisamos minimizar
ao máximo. Só é possível fazer isso conhecendo seus impactos, usando de maneira adequada e otimizando seu consumo.
Este é o principal desafio que nossa civilização está enfrentando. E para que nós também possamos participar deste desafio
mostramos um quadro com diversas maneiras de produção de energia em larga escala:
60 Adaptado de SILVEIRA, S.; REIS, L.B.(Org.). Energia elétrica para o desenvolvimento sustentável:
Introdução de uma visão multidisciplinar (2001) e de GOLDEMBERG, J. Energia. meio ambiente e desenvolvimento
(2001)
104
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
No mundo, a maior parte da produção de energia elétrica Contribuem para a economia de energia elétrica as re-
é gerada pelas usinas termoelétricas convencionais, que fun- comendações
cionam com a queima de combustíveis fósseis como carvão, (A) I e II.
diesel, óleo, biomassa ou gás natural. São as mais importan- (B) I e IV.
tes, pois geram cerca de 77% da energia elétrica mundial, e (C) II e III.
para isso liberam cerca de 2 bilhões de toneladas de CO2 por (D) III e IV.
ano.
As geradoras termoelétricas são responsáveis por cerca Atividade 2
de um terço de toda emissão de monóxido de carbono (CO) (Encceja 2006) João quer viajar de trem desde a estação
no mundo, ou seja, 190 milhões de toneladas de CO lançadas Brás em São Paulo até a estação de Jundiaí, no mesmo es-
na atmosfera . A termoelétrica tem rendimento de 33%, signi- tado. Ele procurou na Internet e encontrou no sítio da com-
ficando que, da energia térmica que ela recebe, somente 33% panhia de trem a informação que consta no quadro abaixo.
serão transformadas em elétrica.
A geração hidrelétrica não produz nenhum poluente du-
rante sua operação, apenas a energia do movimento da água
é utilizada para girar a turbina, mas as usinas hidrelétricas
produzem grandes quantidades de CO2 devido à necessidade
de se criar uma represa para seu funcionamento: por inundar
grandes áreas de mata, as árvores submersas morrem e co-
meçam a se decompor, gerando grandes quantidades de CO2
que são liberadas para o ar nos lagos das represas.
As hidrelétricas tem muitos argumentos favoráveis, mas
tem o problema social de deslocar as famílias que moram nas
margens dos rios que formarão o lago da represa. As áreas
inundadas são grandes, deslocando muitas pessoas, obrigan-
do-as a mudar sua forma de sustento. Estima-se que até hoje
já foram atingidas cerca de 200 mil famílias.
Você pode concluir que nenhum sistema de geração é auto-
suficiente. Eles devem ser usados em conjunto dependendo da
finalidade e do consumo necessário. Assim como as termoelétri-
cas e termonucleares se somam às hidrelétricas para completar
a oferta de eletricidade, outros sistemas podem ser agregados.
Especialmente em hospitais, clubes e hotéis, a água para banho
e para a lavanderia pode ser pré-aquecida por coletores solares,
que são constituídos de tubos escuros expostos ao sol.
Mesmo as residências podem fazer uso desse método,
economizando gás ou eletricidade em seus sistemas de aque-
cimento de água. Nota: Este roteiro de viagem é gerado de forma
Em regiões isoladas, o sistema fotovoltaico tem sido utili- automática, de acordo com as estações informa-
zado, juntamente com pequenos geradores eólicos, que tam- das. O tempo estimado de viagem é baseado no
bém funcionam durante à noite, ou com pequenos geradores regime normal de operação, e não leva em conta
termoelétricos, tornando pequenas comunidades auto-sufi- fatos eventuais que possam gerar atrasos.
cientes em produção de energia elétrica. Apesar do sistema
fotovoltaico apresentar um custo elevado, ele permite que Em um período de regime normal de operação, sendo
regiões economicamente inviáveis para a rede de distribuição a distância entre as duas estações igual a 120 km, o valor
de energia recebam eletrificação. aproximado do módulo da velocidade média desenvolvida
no percurso é de:
AGORA É A SUA VEZ! (A) 75 km/h.
(B) 65 km/h.
Atividade 1 (C) 55 km/h.
(Encceja 2006) O manual de utilização de um refrigerador (D) 50 km/h.
recomenda:
I armazene os alimentos em embalagens apropriadas, Atividade 3
tais como sacos plásticos ou recipientes com tampas; (Encceja 2006) Colocar uma panela com água para fer-
II não coloque alimentos quentes no refrigerador; aguar- ver em um fogão é uma tarefa diária para quem cozinha.
de até que estejam à temperatura ambiente;
Entretanto, poucos se dão conta de que se pode economi-
III evite quantidades excessivas e períodos longos de
zar uma fração apreciável de gás, energia elétrica ou lenha
abertura das portas;
— dependendo do tipo de fogão —, se a panela permane-
IV mantenha seu refrigerador vazio e operando por pelo
cer tampada até a fervura. Essa economia provém:
menos duas horas antes de abastecê-lo com alimentos.
105
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 4
(Encceja 2005) Há diversas situações em que é necessário o uso residencial de dispositivos geradores de energia elétri-
ca como alternativa à rede de distribuição pública. Alguns desses dispositivos são:
I Geradores a óleo diesel ou gasolina: convertem a energia térmica da queima de combustíveis em energia elétrica.
II Geradores eólicos: a energia do vento é convertida em energia elétrica.
III Geradores hidráulicos: uma roda d’água é acoplada a um dínamo, que gera energia elétrica.
IV Geradores eletroquímicos (pilhas e baterias): reações químicas geram energia elétrica. Alguns podem ser recarregá-
veis; outros não.
O uso de cada um desses dispositivos tem vantagens e desvantagens. Identifique a linha da tabela abaixo que associa
corretamente os dispositivos às suas características.
Atividade 5
(Encceja 2005) O motor elétrico de um elevador de automóvel foi dimensionado para ser capaz de levantar um carro
em 40 s. Se quiséssemos levantar o carro em 20 s, seria suficiente um motor com:
(A) a mesma potência do anterior.
(B) o dobro da potência do anterior.
(C) o triplo da potência do anterior.
(D) o quádruplo da potência do anterior.
Atividade 6
(Encceja 2005) Quatro novos empregados de uma empresa que constrói estradas de ferro souberam que ela iria cons-
truir uma nova ferrovia. Conversando sobre a finalidade das juntas de dilatação (espaço deixado entre os trilhos), surgiram
opiniões diferentes entre eles:
- Adão: acha desnecessário a existência das juntas de dilatação porque não acredita que, com o calor, os trilhos au-
mentem de tamanho.
- Bento: acha que o trilho aumenta de tamanho porque ele sente calor quando está quente e se encolhe quando está
frio.
- Carlos: acha que o trilho aumenta de tamanho porque as partículas do ferro crescem quando está quente e que di-
minuem quando está frio.
- Diogo: acha que o trilho aumenta de tamanho, com o calor, porque as partículas de ferro vibram mais, e diminuem
com o frio, porque vibram menos.
A interpretação cientificamente correta é a de:
(A) Adão.
(B) Bento.
(C) Carlos.
(D) Diogo.
106
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 7
(Encceja 2005) Uma fábrica de motocicleta, antes de lançar um novo modelo no mercado, realizou um teste de desem-
penho conforme o gráfico:
Analisando o gráfico, o movimento realizado pela motocicleta nos trechos I, II, III, IV, e V, foi, respectivamente:
(A) acelerado, acelerado, retardado, retardado e acelerado.
(B) retardado, acelerado, acelerado, acelerado e retardado.
(C) acelerado, retardado, acelerado, retardado e acelerado.
(D) retardado, acelerado, retardado, acelerado e retardado.
Atividade 8
(Encceja 2002) Suponha que uma indústria de panelas disponha de três materiais, X, Y e Z, para utilizar na fabricação
de panelas. Os valores de condutividade térmica desses materiais estão apresentados na tabela. Valores baixos de condu-
tividade técnica indicam bons isolantes:
107
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
108
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
tentava explicar a estrutura do átomo, concluiu que: Quando eletricamente neutro, o átomo perde elétrons
- O átomo tem mais espaço vazio do que preenchido. e passa a apresentar um excesso de prótons e, portanto,
- Quase toda a massa do átomo encontra-se no nú- adquire carga positiva transformando-se num íon positivo
cleo com carga positiva (prótons). chamado de cátion.
- Na eletrosfera (região ao redor do núcleo) estão os Por outro lado, o mesmo átomo eletricamente neutro
elétrons de massa muito menor que os prótons. pode ganhar elétrons, com esse excesso, passa a apresen-
- O raio total do átomo é muito maior do que apenas o tar carga negativa, transformando-se num íon eletrica-
raio do núcleo sozinho. mente negativo, um ânion.
Esse modelo atômico de Ruthertord ficou conhecido Já discutimos como o átomo é formado e que exis-
como “modelo planetário”, pois no átomo os elétrons gi- tem átomos, diferentes, mas como reconhecer a diferença
ram em torno do núcleo assim como os planetas giram em entre eles? A diferença é dada pelo número atômico (Z),
torno do Sol. Dois anos depois, em 1913, Niels Bohr com- o número de prótons presentes no seu núcleo e pelo nú-
pletou o modelo de Rutherford com os seguintes postu- mero de Massa (A), a soma do número de prótons (Z) e de
lados: nêutrons (N) presentes no átomo.
- Nos átomos, os elétrons giram ao redor do núcleo Como exemplo observe o seguinte elemento químico:
em trajetórias circulares, chamadas de camadas (ou níveis), Elemento químico: Flúor
sendo que cada camada possui um certo valor de energia. Símbolo do elemento: F
- Um elétron pode sair de um nível de energia e pas- número atômico (Z): 9
sar para outro nível de energia maior: para fazer isso, ele número de massa (A): 19
“pega” energia externa (luz, calor, etc.). Assim, dizemos que número de prótons: 9
temos um elétron no estado excitado. número de elétrons (e-) :9
número de nêutrons: 19 - 9 = 10
Então podemos observar as seguintes relações entre
as partículas subatômicas:
A=Z+N Z=A-N N=A-Z
obs:
- Para um átomo eletricamente neutro Z = e-
109
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Confira os dados que mostramos no exemplo: O flúor é representado pelo símbolo F, possui nove prótons (Z=9), massa
19 e na tabela aparece uma informação a mais, ele é gasoso nas condições ambientes (25°C e 1 atmosfera).
Figura 8.4 – Tabela periódica dos elementos químicos. A legenda, do lado inferior esquerdo indica
quais informações são fornecidas e as suas localizações.
110
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
As linhas horizontais dessa tabela são chamadas de períodos e mostram os elementos químicos em ordem crescente
de seus números atômicos. Ainda, o número do período onde o elemento se encontra mostra o número de camadas que
foram preenchidas pelos elétrons desse elemento. Exemplo: o elemento cálcio (Ca) encontra-se no quarto período (quarta
linha de cima para baixo), então o Ca possui quatro camadas ocupadas por seus elétrons é a quarta camada que também
é chamada de camada de valência.
A camada mais externa de um átomo ocupada por pelo menos um elétron é chamada de camada de valência.
As colunas verticais são chamadas de famílias ou grupos. Em cada coluna temos elementos químicos que apre-
sentam semelhanças em suas propriedades químicas, pois têm o mesmo número de elétrons na camada de valência. As
famílias podem ser identificadas com nomes indicados pelo seu primeiro elemento ou por nomes especiais. Assim, temos
as famílias:
A IUPAC (International Union for Pure and Applied Chemistry) é um orgão internacional que regulamenta a química em
todo o mundo. Ela indica uma nomenclatura oficial mais recente, numerando as famílias de 1 (família 1A) até 18 (família 0).
Continuamos ainda a usar a nomenclatura não oficial devido à praticidade que ela oferece na indicação das propriedades
químicas dos átomos.
Os elementos das famílias A são chamados de elementos representativos. Todos os elementos da família 1A apresen-
tam apenas 1 elétron na camada de valência, os elementos da família 2A apresentam 2 elétrons na camada de valência e
assim por diante. Isso é válido apenas para os elementos que se encontram em uma família A.
Já os elementos das famílias B são chamados de elementos de transição e de transição interna. Esses elementos não
apresentam uma regularidade na variação de propriedades como se observa nos elementos representativos.
Esses elementos existentes na tabela se combinam e formam uma infinidade de substâncias que compõem o mundo
como conhecemos.
Vamos entender o modo pelo qual os átomos se unem para formar moléculas. Os átomos da maioria dos elementos
químicos não existem isoladamente, por exemplo, átomos de oxigênio podem ser encontrados ligados a outros átomos
iguais a ele (O2) ou ligados a átomos de outros elementos (CO, SO2, etc.). Porém, não é possível encontrar átomos de oxi-
gênio “sozinhos” (O).
Apenas os gases nobres (grupo zero) são encontrados “sozinhos”, isto é, sem estarem ligados a outros átomos. Isso
ocorre porque os gases nobres possuem oito elétrons em sua camada de valência, o hélio (He) é uma exceção com dois
elétrons na última camada (o He só tem elétrons na primeira camada, então essa camada é também a última). Então, um
átomo estará estável quando tiver oito elétrons em sua camada de valência.
Os átomos que não possuem esses oito elétrons se unem uns aos outros, fazem ligações químicas, de modo a conse-
guir essa estabilidade. Tentam desse modo, atingir a configuração estável dos gases nobres (Regra do Octeto).
Os elementos H, Li, Be e B são exceções, estarão estáveis com dois elétrons em sua camada de valência, adquirindo a
configuração do gás nobre hélio (He).
111
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Os elétrons disponíveis para as ligações químicas são Todo composto iônico, ou seja, formado através de
os elétrons da camada de valência. Precisamos observar uma ligação iônica é sólido, quando for puro, nas condi-
quantos elétrons existem nessa camada para prever por ções ambiente de temperatura e pressão (25 °C e 1 atm). É
qual mecanismo este átomo irá se estabilizar. preciso submeter estes elementos a uma temperatura mui-
Vamos considerar como exemplo átomos do ele- to alta para que eles entrem em fusão, porém a maioria
mento sódio, de numero atômico 11 (11Na) e de cloro deles é muito solúvel em água.
(17Cl ). O sódio pertence à família 1A portanto tem um elé- Vamos pensar agora no que acontece quando um áto-
tron na última camada, seria preciso receber mais 7 elé- mo de cloro (Cl) se liga a outro átomo de cloro (Cl)? Pode
trons para completar sua camada, uma coisa muito impro- haver ligação iônica entre os dois? A resposta é NÃO.
vável de acontecer. O cloro pertence à família 7A e possui Ocorre uma ligação chamada covalente entre os dois
7 elétrons na última camada, se receber mais um elé- átomos de cloro, pois os dois possuem sete elétrons na
tron de algum outro elemento químico, completa sua última camada. Não podendo doá-los eles compartilham
camada de valência formando o octeto. Nenhum dos seus elétrons. O resultado é uma molécula de cloro. Veja:
dois está estável, mas se houver uma transferência de 1
elétron do sódio (Na) para o cloro (Cll), os dois átomos
alcançarão a estabilidade.
O sódio fica estável porque a camada onde estava o
elétron doado fica vazia, portanto a camada mais inter-
na passa a ser a última e ela possui os 8 elétrons neces-
sários à estabilidade. Observe a figura:
112
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Todas essas informações parecem muito distantes da rubi e a safira, por exemplo, são formas impuras de Al2O3
nossa realidade e difíceis de entender. Mas não é bem as- contendo os íons Cr3+ e Fe3+, que conferem às gemas as co-
sim. Vamos discutir um pouco sobre a presença do alumínio res vermelha e amarela, respectivamente.
nas nossas vidas diárias e veremos como essas e muitas ou-
tras informações químicas estão sempre presentes. Óxido de alumínio é uma substância onde o me-
tal está combinado com oxigênio. Ex: Al2O3.
A UTILIZAÇÃO E O DESTINO DO ALUMÍNIO
Já discutimos neste caderno a importância da recicla-
O minério de importância industrial para obtenção do
gem do alumínio, agora discutiremos algumas das suas
alumínio metálico e de muitos compostos de alumínio é a
propriedades para abordarmos conceitos químicos impor-
bauxita, que se forma em regiões tropicais e subtropicais por
tantes.
ação do intemperismo (chuva, vento, calor, frio) sobre alu-
O alumínio pode ser considerado um elemento bastan-
minossilicatos (compostos de alumínio e silício combinados).
te “popular”, pois está presente em quase todas as esferas
Apesar de ser freqüentemente descrita como o minério
da atividade humana. As inúmeras aplicações em diversos
de alumínio, a bauxita não é uma espécie mineral propria-
setores da indústria (transportes: automóveis, aeronaves,
mente dita, mas um material heterogêneo formado de uma
trens, navios; construção civil: portas, janelas, fachadas;
mistura de vários compostos de alumínio.
eletro-eletrônico: equipamentos elétricos, componentes
As principais reservas de bauxita, que correspondem a
eletrônicos e de transmissão de energia; petroquímica, me-
um total de 55 a 75 bilhões de toneladas, são encontradas
talurgia e outros) e a freqüente presença no nosso dia-a-
na América do Sul (33%), África (27%), Ásia (17%) e Oceania
dia (móveis, eletrodomésticos, brinquedos, utensílios de
(13%), sendo que as três maiores localizam-se na Guiné (1a),
cozinha, embalagens de alimentos, latas de refrigerantes,
no Brasil (2a) e na Austrália (3a)63.
produtos de higiene, cosméticos e produtos farmacêuticos)
Estima-se que a reserva total deva ser suficiente para a
ilustram bem a sua importância econômica no mundo con-
demanda de alumínio no século XXI. Cerca de 85 a 90% da
temporâneo. A própria reciclagem de embalagens de alu-
produção mundial desse mineral é usada na obtenção da
mínio, setor no qual o Brasil se destaca, tem papel relevante
alumina (Al2O3) que é, então, destinada à indústria do alu-
do ponto de vista econômico, social e ambiental.
mínio metálico. Os 10 a 15% restantes têm ampla aplicação
A forma mais conhecida do alumínio é a metálica, o
industrial para a manufatura de materiais refratários (pois
metal já foi considerado tão raro e precioso que chegou a
a alumina tem alto ponto de fusão, 2.000°C), abrasivos ( o
ser exibido ao lado de jóias da coroa e utilizado em lugar do
coríndon, um óxido do alumínio tem sua dureza ultrapas-
ouro em jantares da nobreza no século XIX.
sada apenas pelo diamante), diversos produtos químicos,
Os compostos não metálicos de alumínio, por outro
cimento com alto teor de alumina e outros.
lado, servem a humanidade há mais de 4000 anos. Os egíp-
O Brasil, além de possuir grandes reservas (especial-
cios já os empregavam em tinturarias e os gregos e os ro-
mente na região de Trombetas, no Pará, e em Minas Gerais),
manos também os usavam para fins medicinais, na Antigüi-
é também um dos maiores produtores do minério, ocupan-
dade. Dentre as principais aplicações dos compostos não
do lugar de destaque no cenário mundial.
metálicos de alumínio, destacam-se o sulfato de alumínio
O primeiro uso da bauxita para produzir alumina e alumí-
[Al2(SO4)3] no tratamento para obtenção de água potável, o
nio metálico em escala industrial no país foi feita pela Elquisa
hidróxido de alumínio [(Al(OH)3] no tingimento de tecidos,
(hoje, Alcan) durante a Segunda Grande Guerra, em 1944. A
na indústria de medicamentos, a alumina (Al2O3) em mate-
produção nacional de bauxita aumentou desde então, e che-
riais refratários como tijolos, cerâmicas) e catalisadores.61,62
gou recentemente a cerca de 13 milhões de toneladas/ano,
O alumínio não ocorre na forma elementar, na forma de
colocando o Brasil entre os quatro principais produtores. Os
átomos isolados na natureza. Devido à alta afinidade pelo
maiores produtores mundiais são: Austrália, Guiné, Brasil e
oxigênio, ele é encontrado como íon Al 3+, na forma combi-
Jamaica, com um total de 70% da produção mundial.
nada, em rochas e minerais. Embora constitua apenas cerca
O que faz com que o alumínio tenha uma aplicabili-
de 1% da massa da Terra, é o primeiro metal e o terceiro
dade tão grande são as suas propriedades, ele é um metal
elemento químico mais abundante da crosta (cerca de 8,3%
em massa), ou seja, da superfície que pode ser economica- leve, macio e resistente. Possui um aspecto cinza prateado,
mente explorada pelo homem. Outros elementos abundan- fosco e não é tóxico na forma metálica. O alumínio não é
tes são: Oxigênio = 45,5%; Silício = 25,7%; Ferro = 6,2% e um material magnético, e não cria faíscas quando exposto
Cálcio = 4,6%; outros = 9,7%. ao atrito. Por tudo isso ele pode ser usado em áreas como:
O alumínio é encontrado em rochas ígneas (aquelas - Transporte: Como material estrutural em aviões, bar-
provenientes de vulcões) e muitas pedras preciosas contêm cos, automóveis, tanques, blindagens e outros.
este metal, algumas são formadas pelo próprio óxido. O
63 “PREPARAÇÃO DE COMPOSTOS DE
61 Kauffman, G. B.; Adams, M. L.; Educ. Chem. ALUMÍNIO A PARTIR DA BAUXITA: CONSIDERAÇÕES
1990, 36. SOBRE ALGUNS ASPECTOS ENVOLVIDOS EM
62 Evans, K. A. Em Industrial Inorganic Chemicals: UM EXPERIMENTO DIDÁTICO”. Vera R. Leopoldo
Production and Uses; Thompson, R., ed.; The Royal Constantino*, Koiti Araki, Denise de Oliveira Silva
Society of Chemistry; Cambridge, 1995, cap. 11, p. 277- e Wanda de Oliveira, Quim. Nova vol. 25 no.3 São
349. Paulo,May 2002.
113
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Metais C
Cobre 95
Alumínio 60
Zinco 27
Prata 100
Tabela 8.2 – C = condutibilidade elétrica relativa à prata, para a qual se fixou o valor 100.64
Portanto a escolha de um material condutor para utilização comercial não depende apenas da sua condutibilidade, mas
também de outras propriedades e do valor que esse material possui no mercado.
Apesar de existir em grande quantidade o alumínio é um recurso não renovável. Além disso, sua produção a partir da
bauxita e outros minérios consome uma quantidade muito grande de energia elétrica. A bauxita é purificada pela reação com
hidróxido de sódio, resultando em hidróxido de alumínio que pode ser representado pela formula Al(OH)3. O aquecimento
produz o óxido de alumínio (Al2O3), que sofre redução eletrolítica para produzir o alumínio puro. Como a eletrólise do Al2O3
puro é impraticável, pois o seu ponto de fusão, 2060 °C é superior à do próprio alumínio, 2056°C, só foi possível tornar o
processo economicamente industrial quando se descobriu o fundente adequado para o Al2O3, o mineral criolita (AlF3 . 3 NaF)
que reduz o ponto de fusão para algo em torno de 960 °C.
Eletrólise é a quebra das partículas de uma substância a partir da passagem de corrente elétrica.
Em média, duas toneladas de bauxita resultam em uma tonelada de óxido de alumínio e duas deste óxido, em uma de
alumínio. Nessa proporção você pode imaginar a quantidade de minério que deve ser usado para produzir todo o alumínio
que nossa sociedade consome! Considerando que o minério é parte do solo e que acima dele existe vegetação e todo um
ecossistema sua exploração causa enormes danos ao ambiente se for feito de forma indiscriminada.
As reações eletrolíticas para a produção do metal são realizadas na chamada cuba eletrolítica. Ela é normalmente de
aço com revestimento interno de grafite, que atua como catodo (aonde os elétrons da corrente elétrica chegam). O anodo
(local aonde os elétrons da corrente elétrica saem do sistema) também é de grafite.
A reação total, decorrente da passagem da corrente elétrica, que ocorre no forno, consiste então na redução da alumina,
liberando o alumínio que é depositado no catodo, e na oxidação do carbono do anodo devido ao oxigênio liberado no processo.
2 Al 2O3 Δ
4 Al + 3 O2
AlF3 . 3 NaF
Redução é uma reação química onde o íon (átomo eletricamente carregado com carga positiva ou negativa)
recebe elétrons e se transforma na forma metálica.
(É isso que acontece quando aparece um pó branco nas janelas e objetos de alumínio)
64 Adaptada de: Ensino de Química: dos fundamento à pratica. Vol 1. SENP. SE/SP 1988
114
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
O alumínio sai das cubas no estado líquido, a aproxi- ácido mais comum na natureza. A fermentação do suco de
madamente 850ºC, e é então transportado para a fundição, frutas pode vir a produzir ácido acético. Quando utilizamos
onde são ajustadas a sua composição química e forma física. nossos músculos em excesso sentimos dores provocadas
pela liberação de ácido lático.
Com tamanha freqüência em nosso ambiente, não é
de se espantar que os ácidos e bases tenham sido estuda-
dos por tantos séculos. Os próprios termos são medievais:
“Ácido” vem da palavra latina “acidus”, que significa azedo.
Inicialmente, o termo era aplicado ao vinagre, mas outras
substâncias com propriedades semelhantes passaram a ter
esta denominação.
“Álcali”, outro termo para bases, vem da palavra ará-
bica “alkali”, que significa cinzas. Quando cinzas são dis-
solvidas em água, esta se torna básica, devido à presença
de carbonato de potássio. A palavra “sal” já foi utilizada
exclusivamente para referência ao sal marinho ou cloreto
de sódio, mas hoje tem um significado muito mais amplo.
Veremos de que forma podemos classificar substâncias
como ácidos ou bases, as principais propriedades destes
grupos e o conceito de pH.
Os íons hidrônio e hidróxido
Entre as propriedades da água, há uma de particular
interesse no estudo de ácidos e bases: a auto-ionização.
Duas moléculas de água podem interagir e produzir dois
íons: um cátion, o hidrônio ou hidroxônio (H3O+), e um
ânion, o hidróxido ou hidroxila (OH-). Observe a reação
Figura 8.9 – Representação de uma cuba eletrolítica para a usando a fórmula estrutural das moléculas:
produção de alumínio metálico.65
(Água) (Água) (hidrônio) (hidroxila)
O processo é consumidor intensivo de energia elétrica. H—O—H + H—O—H → H—O—H+ + OH-
Para cada tonelada de alumínio produzido são gastos cerca │
de 14000 kWh de eletricidade. Isso demonstra a importân- H
cia da reciclagem, uma vez que são necessários apenas 700
kWh para refundir a mesma quantidade do metal. Podemos representar também na forma de uma equa-
ção química convencional:
AS SUBSTÂNCIAS E AS SUAS FUNÇÕES H2O + H2O → H3O+ + OH-
Durante o texto que você leu até aqui apareceram pa-
lavras como óxidos e hidróxidos. O que elas significam? Ou de forma mais simplificada:
Essas duas palavras, juntamente com ácidos e sais formam H2O
o grupo das funções de substâncias químicas inorgânicas H2O → H+ + OH-
mais importantes da química.
Já tivemos oportunidade de estudar neste material os Esta é uma reação onde ocorre uma transferência de
processos de digestão. Algumas enzimas digestivas agem próton de uma molécula de água para outra.
no estômago, que precisa ter uma certa “acidez” para que
elas funcionem. Esta acidez é proporcionada pelo ácido Vamos nos referir aqui ao íon H+ como próton.
clorídrico. Isso faz sentido se lembrarmos que o H possui
As funções mais importantes da química, os ácidos um próton e um elétron, quando ele perde o
e bases, são os grandes pilares de toda a vida de nosso elétron sobra apenas o próton.
planeta, bem como da maioria das propriedades do reino
mineral. Íons carbonatos e bicarbonatos (ambos básicos)
A compreensão da auto-ionização da água é o ponto
estão presentes na maior parte das fontes de água e de ro-
de partida para os conceitos de ácidos e bases aquosos.
chas, junto com outras substâncias básicas como fostatos,
Um dos primeiros conceitos de ácidos e bases que leva-
boratos, e amônia. Você sabia que vulcões podem gerar
vam em conta o caráter estrutural das moléculas foi de-
águas extremamente ácidas pela presença de HCl e SO2?
senvolvido no final do século 19, por Svante Arrhenius, um
A fotossíntese das plantas pode alterar a acidez da água
químico sueco. Ele propôs que os ácidos eram substâncias
nas vizinhanças por produzir CO2, a substância geradora de
cujos produtos da ionização (formação dos íons) em água
incluíam o íon hidrogênio (H+) e bases as que produziam o
65 www.aluminiocba.com.br/.../processos/ íon hidróxido (OH-) quando sofriam dissociação.
cuba_1.gif
115
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
116
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Verificou-se que os valores que abrangem praticamente todos os ácidos e bases conhecidos se encontravam em um
intervalo entre 0 e 14. Deste modo montou-se uma escala como a que mostramos a seguir:
Interpretamos esta escala da seguinte forma: quanto mais próximo de 1 estiver o valor do pH, mais acida será a solução.
Quanto mais próximo de 14, mais alcalina ela será. Quanto o valor for exatamente 7 esta solução será neutra.
Como exemplo vamos calcular o pH do vinagre considerando que ele seja uma solução que contenha uma concentra-
ção de 1,0 x 10-3 mol/L de íons H+.
pH = - log [H+] = - log [1,0 x 10-3] = 3
Olhando na escala podemos classificá-la como ácida.
INDICADORES DE PH
O pH pode ser determinado indiretamente pela adição de um indicador de pH na solução em análise.
A cor do indicador varia conforme o pH da solução. Um indicador de pH muito usado em laboratórios é o chamado
papel de tornassol (papel de filtro impregnado com a substância tornassol). Este indicador apresenta uma ampla faixa de
viragem (mudança de cor), servindo para indicar se uma solução é nitidamente ácida (quando ele fica vermelho) ou nitida-
mente básica (quando ele fica azul).
Existem também indicadores naturais. Plantas como amora, hibisco, repolho roxo e hortênsias possuem substâncias
com essas características. As flores das hortênsias têm cores que podem variar em tons de rosa e azul, dependendo do tipo
de solos e dos fertilizantes utilizados. Isso acontece porque certas substâncias na flor apresentam cor azul em contato com
ácidos e cor rosa em contato com bases.
Os indicadores mais usados em laboratórios são geralmente artificiais e suas cores em função do meio são:
Ácido Base
Tornassol Rosa Azul
Fenolftaleína Incolor vermelho
Vermelho de metila Vermelho Amarelo
Alaranjado de metila Vermelho Amarelo
Azul de bromotimol Amarelo Azul
Tabela 8.3 – Indicadores de uso comum e suas cores nos meios ácido e básico.
117
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
De acordo com a tabela o ânion CO3-2 é chamado de carbonato, a partir desse nome estabelecemos uma comparação
seguindo o quadro:
Tabela de sufixos para Oxiácidos:
Ânions Sufixo
ITO oso
ATO ico
Como a terminação de carbonato é ATO, a nomenclatura para o ácido do qual este ânion é gerado será Ácido carbô-
nico (sufixo – ico):
H2CO3 → 2 H+ + CO3-2
Ácido carbônico carbonato
Veja mais exemplos:
H2SO3 → H+ + SO3-
Ácido sulfito
sulfuroso
HNO2 → H+ + NO-2
Ácido nitroso nitrito
Como se vê, o ânion sulfito dá origem ao Ácido sulfuroso, e o ânion nitrito ao Ácido nitroso.
No nosso texto sobre alumínio falamos sobre seus sais e seus óxidos, precisamos agora descobrir também o que sig-
nificam estas duas outras funções.
A nomenclatura das bases é bem mais simples, basta iniciar o nome com as palavras hidróxido de e em seguida adicio-
nar o nome do átomo que forma a base.
Ex: NaOH – hidróxido de sódio
Mg(OH)2 – hidróxido de magnésio – popularmente chamado de leite de magnésia quando está em suspensão
aquosa.
OS SAIS
Sal é o grupo de substâncias iônicas que possuem um cátion diferente de H+ e um ânion diferente de OH-.
Os sais podem tanto existir na natureza como o sal de cozinha ou cloreto de sódio (NaCl), como podem ser preparados
em laboratório reagindo-se um ácido e uma base em solução aquosa. Observe a equação a seguir:
HCl + NaOH → NaCl + H2O
118
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Nesta reação tanto o ácido quanto a base estão dissolvidos, portanto ambos se “quebraram” gerando íons livres.
Esses íons se re-combinam dando origem à um sal e água. A solução resultante não possui nem os íons H+ nem OH-
livres, portanto se torna neutra, sendo assim a reação é chamada de Reação de neutralização.
ÓXIDOS
A cada momento que você respira está em contato com milhões de moléculas de óxidos. Quando inspira o ar contem
molécula de vapor de H2O. Quando expira, seus pulmões liberam CO2 para o ambiente. O que essas moléculas têm em
comum é a presença de apenas dois tipos diferentes de átomos na molécula. São compostos binários e como possuem
oxigênio são chamados de óxidos.
Os gases de enxofre (SO2, SO3) e nitrogênio (NO2) emitidos por fábricas, usinas a base de carvão ou petróleo, carros e
outros veículos podem se combinar com o vapor da água do ar e formar ácidos como os mostrados a seguir:
H2O + SO3 → H2SO4 Ácido sulfúrico
H2O + SO2 → H2SO3 Ácido sulfuroso
H2O + NO2 → HNO3 Ácido nítrico
CATALISADORES
Certamente você Já ouviu falar que os carros possuem um acessório no escapamento chamado catalisador, usado para
diminuir a emissão de gases potencialmente poluentes. Um catalisador é uma substância ou material que atua numa reação
ou processo químico, alterando sua velocidade seja positiva ou negativamente.
Se forem misturadas apenas as substâncias H2 e O2, não haverá reação de formação de água. Entretanto, se for intro-
duzida uma grade de platina no sistema, a reação se tornará praticamente instantânea, sem que a grade sofra qualquer
alteração.
Nesse processo, dizemos que a platina é um catalisador, ou seja, uma substância que apresenta a propriedade de au-
mentar a velocidade da reação, sem que seja consumida no processo.
119
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Figura 8.11 – Gráficos mostrando a variação de energia durante uma reação química sem catalisador (8.11A) e com catali-
sador (8.11B)
Em outras palavras, o catalisador torna a reação mais fácil. Lembrando que a energia de ativação é um obstáculo para
a ocorrência da reação, fica evidente o principal papel do catalisador: ele facilita a reação porque diminui a energia de ati-
vação (Figura 8.11 (B)).
Neste caso a água oxigenada ou peróxido de hidrogênio (H2O2) tem a sua decomposição acelerada pela presença de
uma enzima existente no sangue, a catalase. Como ambos formam uma mistura com uma única aparência dizemos que a
catalise é homogênea.
- Catálise heterogênea
O catalisador e os reagentes formam um sistema com duas ou mais fases. Nesses processos geralmente o catalisador
é sólido.
MnO2
H2O2(l) → H2O(l) + ½ O2(g)
Neste exemplo o oxido de manganês (um pó marrom) é usado para decompor a água oxigenada. Na mistura podemos
distinguir os dois reagentes portanto temos duas fases e a catalise é chamada de heterogênea.
120
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 1
(ENCCEJA) – 2002) As chuvas ácidas que causam danos às plantações, lagos e monumentos históricos são causadas
pelos gases SOx e NOx.
Os gráficos abaixo mostram as emissões de óxidos de enxofre (SOx) e nitrogênio (NOx), produzidos na geração de1000
megawatts de energia pelas usinas. Elas utilizam: carvão, gás natural, petróleo residual, madeira e material radioativo.
Dentre as usinas, a que mais contribui para o agravamento do fenômeno das chuvas ácidas é a que utiliza:
(A) carvão mineral.
(B) petróleo residual.
(C) madeira.
(D) material radioativo.
Atividade 2
(ENCCEJA) – 2006) O brometo de metila, H3ClBr , é um gás que age como inseticida e fumegante, utilizado para trata-
mento de solo, controle de formigas e fumigação de produtos de origem vegetal. O Brasil está implantando um programa
que pretende eliminar até o final de 2006 o uso desse produto na agricultura, pois, de acordo com pesquisas, o brometo de
metila contribui para a diminuição da camada de ozônio. O efeito do brometo de metila é devido ao fato de que:
(A) essa substância acelera a capacidade de fotossíntese dos vegetais, o que aumenta o consumo de ozônio na atmos-
fera.
(B) essa substância, em contato com o vapor de água, produz metanol, que reage com o ozônio para formar água e
dióxido de carbono.
(C) suas moléculas são decompostas pela radiação solar em átomos de bromo livres (Br•), que transformam o ozônio
em oxigênio gasoso.
(D) essa substância, ao atingir a estratosfera, provoca o deslocamento do ozônio para camadas mais baixas, por ser um
gás muito estável.
Atividade 3_________
(ENCCEJA) – 2006) A combustão da gasolina nos motores de automóveis produz uma série de gases como dióxido de
carbono, monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Na camada mais baixa da atmosfera, ou seja, na
troposfera, tais gases participam de diversas reações químicas que geram outras substâncias poluentes, como o ozônio que
é gerado a partir de hidrocarbonetos e de óxidos de nitrogênio.
Com o uso de conversores catalíticos (catalisadores) nos escapamentos, todos esses gases são convertidos em dióxido
de carbono, vapor de água e nitrogênio. Sendo assim, o emprego desses conversores
(A) diminui a formação de ozônio na troposfera.
(B) elimina a emissão de gases-estufa para a atmosfera.
(C) diminui os buracos da camada de ozônio da estratosfera.
(D) elimina a poluição do ar causada por veículos automotores.
121
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 6
(ENCCEJA) – 2002) Para retirar a camada de ferrugem
(óxido hidratado) que se forma sobre objetos de ferro, eles
podem ser mergulhados em uma solução diluída de ácido
sulfúrico (incolor), por alguns minutos, e, em seguida, lava-
dos em água corrente para retirar a solução salina amare-
lada e o ácido que ainda resta.
A representação que melhor resume a reação que
ocorre na limpeza desses objetos, segundo o enunciado, é:
(A) óxido + ácido → sal.
(B) base + ácido → óxido.
(C) sal + óxido → ácido.
(D) sal + ácido → base.
122
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 9
Meio Ambiente e Biodiversidade
APROPRIAR-SE DE CONHECIMENTOS DA BIOLOGIA PARA COMPREENDER O MUNDO NATURAL E INTERPRE-
TAR, AVALIAR E PLANEJAR INTERVENÇÕES CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO.
Segundo o dicionário Aurélio “diversidade” significa variedade, diferença. Quem está acostumado a viajar por este
nosso país já percebeu que ele possui grandes diferenças de norte a sul. São diferenças climáticas, culturais, urbanísticas,
biológicas e até de fuso horário. Se observarmos o mundo como um todo, vamos perceber que em várias partes dele o cli-
ma é muito parecido com o nosso, mas os animais e plantas nem tanto. Como isso é possível? Precisamos discutir algumas
características do nosso planeta para podermos entender toda a diversidade que nosso país nos oferece.
Já discutimos no capitulo 7 como o movimento de rotação da Terra está relacionado com a medida do tempo. Discuti-
mos também como os meridianos nos ajudam a definir as horas em várias partes do mundo.
O outro movimento da Terra que é importante trazer à lembrança agora é o de translação. É o movimento que ela faz
ao redor do Sol e que é o responsável pelas estações do ano.
Observe a figura 9.1 a seguir que mostra a órbita (percurso) da Terra ao redor do sol.
Note também que o eixo do planeta é inclinado, o sol vai bater mais forte na parte de cima e mais fraco na parte de
baixo. Portanto quando na parte de cima (hemisfério norte) for verão, na parte de baixo (hemisfério sul) será inverno.
No lado oposto do movimento podemos verificar que a parte sul agora recebe mais energia, portanto na época do ano
em que a Terra está nesta posição ela é mais quente. Mas note também que em ambas as posições a parte compreendida
entre os trópicos se encontra bem iluminada, portanto tem temperatura quente ou amena e condições atmosféricas mais
agradáveis na maior parte do ano. Às condições atmosféricas mais freqüentes de uma região do planeta damos o nome
de Clima.
A temperatura mais alta favorece a adaptação de uma quantidade maior de seres vivos, portanto a biodiversidade nas
regiões entre os trópicos é maior. Passaremos agora a discutir a variação da biodiversidade em diferentes regiões em fun-
ção do clima e da latitude que ela apresenta.
O biociclo terrestre compreende seis grandes ecossistemas: tundra, taiga, florestas decíduas, florestas tropicais, campos
e desertos. As características mais marcantes desses diferentes grandes ecossistemas são fornecidas principalmente pelo
tipo de vegetação que apresentam.
123
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
67 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e 68 Coleção Novo Pensar, Demetrio Gowdak e
Eduardo Martins – São Paulo – FTD Eduardo Martins – São Paulo – FTD
124
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
As florestas tropicais mais extensas se localizam na ba- As plantas que vivem nos desertos são adaptadas a per-
cia do rio Amazonas, na bacia do rio Congo (África) e em der o mínimo de água e aproveitar o máximo das chuvas,
grande parte do sudeste da Ásia. que raramente caem. São denominadas plantas xerófitas.
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical rema- Entre elas, destacam-se os cactos, com caules espessados,
nescente do mundo. No Brasil, ocupa uma área de aproxi- para armazenar água, e folhas transformadas em espinhos,
madamente 3,7 milhões de quilômetros quadrados, quase para evitar o excesso de transpiração.
40% do território brasileiro, mas ao todo se espalha por
oito países além do Brasil, e no nosso país a Amazônia re-
presenta três quintos da nossa disponibilidade de água
doce, tamanha é a quantidade de rios e igarapés existentes
nesta região.
A variedade de formas de vida vegetal e animal é tão
grande que a Amazônia abriga 50% da biodiversidade
mundial.
CAMPOS
Os campos têm localização variada no biociclo terrestre.
São ambientes onde predominam as gramíneas e, portanto, Figura 9.5 – Distribuição do biociclo deserto ao redor do
favoráveis ao desenvolvimento da pecuária e da agricultura. globo terrestre.70
Eles podem estar em regiões temperadas ou regiões tro-
picais. Os campos são conhecidos por nomes diferentes con- Os poucos animais que aí são encontrados geralmente
forme o país ou o continente em que se encontram. Assim, apresentam cor de areia, audição muito boa e uma série de
são denominados pradarias nos Estados Unidos e no Canadá, adaptações para resistir à falta de água, como, por exem-
pampas no Brasil e na Argentina e estepes na Rússia. plo, tegumento (um revestimento que cobre o corpo) im-
permeável, vida noturna e capacidade de armazenar água.
OS BIOMAS BRASILEIROS
O Brasil possui uma grande extensão em termos de latitude,
portanto apresenta uma grande diversidade climática e biológica.
Há duas grandes florestas tropicais em território brasileiro:
a Floresta Amazônica e a Floresta ou Mata Atlântica. A primeira
ocupa também os países vizinhos ao norte (Guiana, Suriname,
Venezuela, Colômbia e Peru); a segunda é exclusiva do território
nacional. Sendo florestas tropicais, são quentes e úmidas duran-
te todo o ano. As plantas têm a possibilidade de crescer e de se
reproduzir durante diferentes épocas do ano, ao contrário das
florestas temperadas, que florescem apenas na primavera.
Figura 9.4 – Distribuição do biociclo Campos ao redor do A Floresta Atlântica, no passado, cobria uma extensa
globo terrestre.69 área, acompanhando o litoral, do Rio Grande do Norte ao
Rio Grande do Sul.
Nos campos de regiões tropicais, os períodos de seca
são mais longos e eles são cobertos por gramíneas altas
e árvores bem distantes umas das outras. São chamados
campos arborizados, como as savanas, na África, e os cer-
rados, no Brasil.
Em ambas as regiões a fauna é variadíssima e, como
nas demais regiões tropicais, cada uma das muitas espé-
cies é representada por grupos de poucos indivíduos (ao
contrário das espécies de regiões frias, cada uma delas com
muitos indivíduos, pois são poucas que agüentam condi-
ções tão rigorosas vivendo isoladamente).
125
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Hoje ocupa menos de 8% do espaço original e continua A devastação trouxe a ameaça de extinção dos seres vivos
ameaçada pelas cidades que crescem sem planejamento, que lá habitavam, como a gralha-azul. Essas aves são fa-
pelas atividades agrícolas, pela construção de estradas e mosas por seu comportamento: enterram as sementes co-
tudo mais que faz parte da vida humana atual. letadas, os pinhões como forma de guardar alimento, mas
Há séculos a floresta vem sofrendo a exploração de muitos brotam antes de a ave reencontrá-Ios, colaborando
madeira, palmito, xaxim ou orquídeas sem a preocupação para a disseminação das plantas.
de reposição. A extinção da vida animal e vegetal, decor- Tem havido pouco reflorestamento com os pinheiros
rente da sua devastação, é de difícil avaliação, já que ainda típicos, pois só com cinqüenta anos se tornam bons para
não se dispõe de dados completos sobre a sua biodiversi- corte e comercialização. Assim, são plantados eucaliptos ou
dade.72 outro tipo de pinheiro, o Pinus sp., de crescimento mais rá-
As áreas preservadas desse bioma ocorrem, em sua pido. Essas espécies exóticas acabam por tomar o lugar das
maior parte, em regiões montanhosas e de difícil acesso, nativas descaracterizando toda a biodiversidade natural.
onde é possível apreciar a grandiosidade da mata sempre
verde.
Espécies exóticas – São animais ou vegetais inse-
As plantas, muito numerosas, são adaptadas à abun-
ridos no ambiente pela ação do homem.
dância de chuva, o que oferece condições à existência de
muitas epífitas, como orquídeas bromélias, e musgos, que Espécies invasoras – são aquelas que migram es-
vivem também sobre rochas e o solo dos barrancos. pontaneamente para uma região se adapta e se
espalha pelo ambiente.
Epifitismo é o nome da relação ecológica entre
seres vivos onde uma das espécies se beneficia O PANTANAL
da relação e a outra vive indiferente a ela. As Famoso mundialmente pela fantástica riqueza de sua
orquídeas se fixam nos troncos de arvores que, fauna de aves e mamíferos o Pantanal Mato-grossense é a
ao crescerem, levam junto as orquídeas para o maior área alagável do planeta. Situado na região Centro
alto onde elas podem captar mais energia solar -Oeste do país, com cerca de 140 000 quilômetros quadra-
para sua fotossíntese. dos, é um local onde facilmente são encontrados animais
como o jacaré, o lobo guará, o tamanduá-bandeira e aves
A árvore do pau-brasil, que deu nome ao nosso país, é como o tuiuiú - o símbolo do Pantanal. Entre os primatas,
nativa dessas matas. vivem no pantanal o macaco-prego e o bugio. Assim como
Sobre o solo há muitos arbustos, como antúrios e sa- a onça, vários outros felinos são atraídos para este ecossis-
mambaias de muitos tipos. Durante os meses de março e tema pela abundância de presas.
abril (tempo da quaresma), chamam a atenção as quares- O Pantanal é delimitado pelo planalto brasileiro, ao les-
meiras, árvores de porte médio que abrem flores roxas, te, pelas chapadas mato-grossenses, ao norte, e também
oferecendo ao espectador uma vista do verde pintado de por uma cadeia de morros e terras altas do sopé andino, a
roxo, misturado ao amarelo das acássias, árvores superio- oeste. A localização estratégica, associada às características
res, vascularizadas, ou seja, com vasos condutores de seiva do relevo, faz do Pantanal o local com a maior concentra-
e de grande porte. ção de fauna das Américas. Já foram catalogadas mais de
Lendo com atenção o texto verificamos que existem na 262 espécies de peixes, 1100 tipos de borboletas, oiten-
mata atlântica vegetais de vários tamanhos e alturas, o que ta espécies de mamíferos e cinqüenta de répteis. Animais
faz que ela seja fechada e de difícil penetração. À essas di- como o jaburu, o cabeça-seca e o maguari utilizam as ár-
ferentes alturas damos o nome de estratos, portanto tanto vores locais como hábitat, enquanto garças ficam nos re-
a floresta atlântica quanto a amazônica possuem vários es- mansos. É muito comum avistar no local dezenas de araras
tratos. Uma enorme biodiversidade de animais tem essas -azuis e.diversas aves de rapina (carnívoras como o gavião).
matas como hábitat. Por ser uma das mais exuberantes e diversificadas re-
A Floresta Atlântica, como outras florestas, não é ho- servas naturais da Terra, a área foi reconhecida pela Unes-
mogênea. Ocupa regiões mais quentes e mais frias con- co, em 2000, como Reserva da Biosfera. Sua principal ca-
forme as características específicas de relevo e de posição racterística é a dependência que quase todas as espécies
geográfica, onde variam as condições físicas, como solo, de plantas e animais possuem do fluxo das águas. Todos
por exemplo, e a diversidade de seres vivos. Mas é comum os anos, de outubro a abril, as chuvas aumentam o volume
os terrenos que abrigaram a Floresta Atlântica serem fér- das águas dos rios, que transbordam seus leitos e inundam
teis, bons para a agricultura. a planície pantaneira.
Na região Sul do Brasil, principalmente, a Floresta Ao final do período das chuvas, de junho a setembro,
Atlântica se torna muito rica em pinheiros, formando-se as as águas baixam lentamente e voltam ao seu curso natu-
conhecidas Florestas com Araucárias ou pinhais. Atualmen- ral, deixando nutrientes e matéria orgânica suficientes para
te, resta apenas 0,3% das áreas primitivas cobertas pelas a fertilização do solo e alimento em abundância para mi-
araucárias, pinheiro-do-paraná e outras espécies de árvo- lhares de aves aquáticas (muitas migratórias), que se aglo-
res utilizadas na construção civil e na produção de móveis. meram formando imensos ninhais e iniciam a reprodução
antes das espécies de outros ecossistemas brasileiros.
72 http://www.sosmataatlantica.org.br
126
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
127
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Nos manguezais, o solo é um lodo escuro, riquíssimo - As matas de igapó apresentam o solo sempre enco-
em detritos, que chega dos ambientes vizinhos ou do mar. berto pela água dos braços de rios e lagoas.
Ele representa um desafio à vida vegetal. Apenas algumas - As matas de várzea são formadas nas margens ala-
espécies da flora estão adaptadas às limitações do solo. gadas dos rios durante as cheias, quando eles recebem a
Sendo mole e úmido, não oferece boa sustentação para as água de degelo da cordilheira dos Andes.
plantas, tornando difícil também a entrada de ar para que - As matas de terra firme distribuem-se em regiões
as raízes respirem. Quanto ao problema da sustentação, aonde nem as águas das cheias chegam.
uma boa adaptação são as abundantes raízes do tipo esco- Essas condições determinam, em cada tipo de mata, a
ra, característica do mangue-vermelho, uma das principais ocorrência de plantas e de animais exclusivos.
árvores do manguezal. Já a siriúba, ou mangue-branco, é Com as cheias, as terras às margens dos rios recebem
dotada de raízes respiratórias, que se projetam para cima muitos detritos. Quando as águas baixam, as várzeas tor-
da superfície do solo e possuem aberturas onde entra o ar, nam-se férteis e são aproveitáveis temporariamente para
contendo o gás oxigênio para a sua respiração. a agricultura. Porém, essas áreas correspondem a apenas
O intenso emaranhado de raízes fornece esconderijo a 2% do total de terras. Por este motivo maioria dos povos
uma variada fauna aquática, que vive tanto nos mangue- indígenas da floresta habita as várzeas.
zais como no mar. Vários peixes e camarões chegam pela Nas matas de terra firme, a fertilidade do solo depen-
maré alta e encontram o lugar propício para a desova e de da ação dos organismos detritívoros e decompositores,
para suas primeiras fases de vida. Por isso, esse ecossiste- facilitada pelo calor e pela umidade constantes. Na floresta
ma é considerado o berçário dos mares. não falta alimento a bactérias, fungos e animais detritívo-
Ainda há diversos trechos de manguezais e restingas ros (uma enorme e ainda pouco conhecida diversidade de
no Brasil, desde o Norte até o estado de Santa Catarina, insetos, caramujos e vermes).
mas são constantemente diminuídos ou alterados pela Até para a sua fixação, as grandes árvores não depen-
ação humana. A ocupação do espaço para moradia ou em- dem só do solo, pois são auxiliadas pelo entrelaçamento
preendimentos e a construção de estradas levam à devas- das copas de árvores vizinhas. É muito difícil cortar uma
tação direta dos manguezais. Além disso, os manguezais árvore: se não há cuidado especial, ao serrar uma, várias
e as águas do litoral vêm sofrendo constante perturbação são derrubadas juntas.
por derramamento de petróleo. Esse líquido primeiro co- Ao aproximar nossa visão deste grande tapete verde
bre a superfície do mar, como um lençol escuro, impedin-
percebemos que aquelas árvores, que do alto pareciam
do a passagem de luz e, assim, impossibilita a fotossíntese
todas iguais, na verdade são todas diferentes. Na floresta
realizada pelas algas microscópicas marinhas, alimento de
amazônica, as grandes árvores se distribuem de tal forma
peixes.
que é difícil encontrar vários indivíduos de uma mesma
A poluição das águas tem outras causas, já que esgo-
espécie próximos. O que poderia ser uma explicação para
tos domésticos e industriais são constantemente lançados
este fato? Estas grandes árvores atingem até 60 metros de
nos rios, chegam ao mar e se dispersam, causando prejuí-
altura, como uma maçaranduba ou uma castanheira. Ima-
zos imediatos e a longo prazo, pois muitas substâncias não
gine o tamanho de suas flores. E os frutos que contêm as
se degradam e vão se acumulando no ambiente.
sementes? Devem ser grandes também, não é? Agora ima-
ECOSSISTEMAS DA AMAZÔNIA gine que tipo de animal faz a polinização (leva os grãos de
A Amazônia apresenta clima Equatorial Úmido com pólen de uma planta para outra) destas flores. E a dispersão
precipitações elevadas e bem distribuídas ao longo do ano das sementes desses frutos grandes? Provavelmente, você
(superiores a 2500mm), não possui estação seca e as tem- imaginou animais grandes que percorrem extensas áreas,
peraturas são praticamente constantes (acima de 25°C). por exemplo: morcegos, roedores, macacos, aves, etc.
A região amazônica possui duas estações apenas, o E embaixo destas árvores? Como é a floresta vista de
inverno e o verão. Diz um dito popular da região: no ve- dentro? Dentro da floresta, aquilo que parecia um tape-
rão, chove todo dia, no inverno, chove o dia todo. Toda te verde quando visto de cima, parece mais um telhado
essa água alimenta os inúmeros rios que formam a Bacia verde. Sob este telhado o ambiente é sombreado, quen-
Amazônica. Supõe-se que a ausência dessa floresta traria te e úmido. Neste ambiente desenvolve-se uma enorme
enorme mudança na distribuição das chuvas no mundo diversidade de “microambientes”, relacionados com varia-
todo, mas não afetaria tanto os estoques de gás oxigênio ções de luz, umidade, tipos de solo e com a diversidade de
da atmosfera, pois a floresta tanto produz quanto consome organismos.
o gás oxigênio. Os seres que mais contribuem para a reno- A exemplo da mata atlântica a floresta amazônica pos-
vação do oxigênio do ar estão nos oceanos, são as algas sui árvores de diversas alturas (diversos estratos). As mais
unicelulares. altas chegam a 60 metros. Logo abaixo destas, aparecem
Vista do alto, essa floresta tropical parece uma almofa- árvores de aproximadamente 40 metros. Esta é a parte ar-
da verde, entrecortada por rios, braços de rios e lagoas. Po- bórea da floresta. Abaixo deste “estrato” arbóreo, aparece
rém, não é um bioma homogêneo: há vários ecossistemas uma enorme diversidade de árvores jovens, palmeiras e
no bioma da Amazônia. De modo esquemático, podem ser plantas arbustivas; este é o estrato arbustivo. E, embaixo
identificados três tipos de mata: de igapó, de várzea e de deste, ainda existem as plantas herbáceas, que cobrem o
terra firme. chão da floresta amazônica. Sobre todos estes estratos,
128
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
penduram-se diversos tipos de cipó. Antes do solo, ainda Muitos alertas têm acontecido sobre o desmatamento
existe uma camada de folhas e restos de animais mortos na Amazônia e recentemente ele tem dado sinais de desa-
sobre o chão florestal, a serapilheira, que abriga uma infini- celeração com programas de manejo sustentável e maior
dade de microorganismos, acumula umidade e distribui a fiscalização por parte dos órgãos oficiais.
água lentamente para o solo. Os sistemas agroflorestais (SAFs) também representam
Agora imagine as águas das chuvas passando por este uma boa alternativa de produção para as propriedades
“filtro” florestal. Antes de atingir o solo e se encaminhar familiares na região amazônica, principalmente no que se
para os rios, a água vai se dispersando no caminho, através refere à conservação florestal, à diversificação de produtos
dos diversos estratos da floresta. Quando chega ao solo, já que podem ser comercializados e à geração de renda.
não tem mais força para provocar grandes perdas de solo Nestes sistemas, são cultivadas várias espécies de valor
por erosão. Que simples conclusão podemos tirar disso? econômico em uma mesma área obedecendo às “regras”
A floresta armazena água, e com isso se mantém úmida e impostas pelo ambiente florestal. Ou seja, levando em con-
aquecida. Além disso, protege o solo de perdas por erosão. sideração a estrutura e o funcionamento deste ecossiste-
E a luz? Como fica a distribuição da luz neste ambiente? ma, são cultivadas várias espécies arbóreas, arbustivas e
Já vimos que a região equatorial é a que recebe mais herbáceas.
luz no planeta. Por isso, a produtividade vegetal (fotossín- Este sistema de manejo também é indicado para re-
tese) nestas áreas é muito alta. A floresta ainda melhora o cuperação de áreas degradadas, por propiciar controle de
aproveitamento dessa luz, se dividindo em estratos. É de erosão e melhorias do solo, contribuindo ainda para manu-
se esperar que os estratos superiores recebam mais luz do tenção de sua umidade e fertilidade. Na Amazônia, existem
que os inferiores. E você já pensou nas adaptações que as diversos SAFs em atividade, desenvolvidos por comunida-
plantas de cada estrato apresentam? As plantas que rece- des indígenas, caboclas e ribeirinhas, especialmente para
bem menos luz possuem adaptações nas folhas, elas são fins de subsistência. São vários os produtos utilizados em
largas e o número de estômatos (poros por onde entra a sistemas agroflorestais, entre palmeiras (açaí, bacaba, pu-
luz para a fotossíntese) existem em número muito maior punha, babaçu e dendê), castanha-dobrasil, e várias frutas,
que as folhas daquelas espécies que recebem luz em abun- como cupuaçu, acerola, guaraná e banana. A introdução de
dância. espécies arbóreas e arbustivas para utilização madeireira e
E você já pensou em quantos organismos vivem nas para uso múltiplo também está sendo aproveitada nesses
árvores da floresta ou dependem de alguma maneira delas sistemas.
para viver? Um dos princípios que torna os Sistemas Agroflores-
Além da enorme diversidade vegetal, a fauna terres- tais eficientes em áreas de floresta é o da manutenção
tre arborícola, que vive nas árvores, e aquática é varia- dos processos de produção e decomposição de maté-
díssima, com inúmeros tipos de sagüis e macacos, pre- ria orgânica na floresta. Ou seja, estes sistemas mantêm
guiças, sapos e pererecas, peixes, répteis (cobras, lagar- a biomassa vegetal viva em quantidade semelhante a da
tos, jacarés, tartarugas) e mamíferos aquáticos, como o floresta e mantêm também os microorganismos que vivem
peixe-boi e o boto-cor-de-rosa. Contudo, eles não estão no solo fazendo a decomposição da matéria orgânica. Os
espalhados igualmente pela floresta e há muitas espécies microorganismos são essenciais para o meio ambiente e
que habitam territórios pequenos. Não é tão fácil vê-Ias, contribuem para a estabilidade de ecossistemas por serem
pois muitas têm hábitos noturnos, ficando escondidas e os principais agentes da ciclagem de nutrientes. O estudo
quietas durante o dia. dos microorganismos é de grande importância prática. O
A exuberância da floresta levou os primeiros visitan- entendimento de suas atividades em ambientes naturais é
tes europeus a crer que a Amazônia teria um solo muito extremamente importante para a agricultura e conservação
fértil, podendo ser o celeiro do mundo. A verdade é que no tocante ao aumento da produção de biomassa.
a agricultura e a pecuária são inadequadas à maior parte Já tivemos oportunidade de estudar neste caderno a
da região, pois a fertilidade do solo é mantida e aprovei- importância dos microorganismos, mas não é demais fa-
tada pela própria floresta. Em grande parte da Amazônia, zermos aqui uma rápida revisão. Os microrganismos são
os solos são pouco profundos e muito ricos em areia. Sem de grande importância também na indústria alimentícia
a proteção da mata, o esgotamento do solo é rápido, pois (iogurte, queijo, pão, vinagre, enzimas), alcooleira (bebidas
é levado pelas chuvas, restando um terreno arenoso muito e combustível), farmacêutica (antibióticos, hormônios, vita-
parecido com um deserto, ressecado pela grande insolação minas) e na de compostos orgânicos e pesticidas naturais.
da região. Outra aplicação do conhecimento sobre os microor-
Além disso, o desmatamento logo afeta as áreas vi- ganismos é na recuperação de áreas degradadas. Algumas
zinhas. As faixas desmatadas tornam-se barreiras para espécies de vegetais da Amazônia de rápido crescimento
os animais, levando ao aumento da sua competição pelo (chamadas de leguminosas) possuem em suas raízes as-
alimento e pelo abrigo nos locais preservados. Em conse- sociações específicas com bactérias e fungos que ajudam
qüência, diminuem suas populações. A degradação dos na fixação de nitrogênio no solo. Estas bactérias e fungos
terrenos à beira dos lagos e dos rios altera as condições aceleram o processo de liberação de nutrientes e por isso,
de reprodução da vida aquática e contribui também para a estas árvores leguminosas são muito utilizadas em fases
erosão dos terrenos nas margens e para o acúmulo de solo iniciais de reflorestamentos.
no fundo dos rios, ao que se dá o nome de assoreamento.
129
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Ecossistema – conjunto que engloba os fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (não vivos) de um ambiente.
Já pensou na complexa rede de interações entre os organismos que vivem na floresta? As relações alimentares que os
seres vivos estabelecem entre si? Como uma planta obtém seu alimento por exemplo. Nós sabemos que ela faz fotossíntese
e usa os elementos do solo para produzir o seu próprio alimento. Por isso, são chamadas de produtores. Existe também
na floresta aqueles seres que se alimentam, consomem apenas plantas, são os animais herbívoros. Eles são considerados
consumidores primários ou de primeira ordem. Podem ser consideradas como exemplos as capivaras, os ratos, os
insetos, alguns macacos e pássaros que se alimentam somente de plantas. Há animais que se alimentam de outros ani-
mais são os casos de os sapos, os lagartos, alguns macacos e cobras, eles podem ser considerados então consumidores se-
cundários. No topo desta seqüência de seres vivos que se alimentam uns dos outros e que chamamos de cadeia alimentar,
estão os consumidores terciários (carnívoros): onças, gaviões e algumas corujas. Cada um desses níveis que mencionamos
é denominado nível trófico.
Nesta representação podemos perceber que a direção das flechas indica o caminho percorrido pela energia de um
grupo de seres vivos a outro. A cadeia alimentar está mostrando que parte da energia química conseguida pelo vegetal
na fotossíntese foi transferida para os insetos, quando estes se alimentaram. Quando os sapos comem os insetos, parte da
energia química do corpo desses insetos é transferida para os sapos. Apenas uma parte da energia é transferida de um ser
vivo para outro, pois cada um deles gasta um pouco nas suas atividades vitais: respiração, reprodução, busca de alimento,
crescimento etc. De qualquer modo há sempre um aumento de matéria de um nível trófico para o seguinte.
Quando um ser vivo pode ser consumido por mais de um predador a cadeia alimentar apresenta uma bifurcação dan-
do origem à teia alimentar mostrada na figura 9.9 a seguir. Observe que a planta serve de alimento tanto para o pássaro,
quanto para a lagarta (os dois consumidores primários). Se o pássaro se alimentar da lagarta ele poderá ser considerado
um consumidor secundário.
130
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
131
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
132
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Algumas espécies se adaptam a condição de presas e ramos mais altos e dão origem a descendentes com pesco-
desenvolvem formas de sobreviver aos predadores são for- ços mais compridos). Este conceito errado (da herança dos
mas especiais de adaptações ao Predatismo: caracteres adquiridos) ficou conhecido como Lamarckismo,
• Mimetismo em honra de um dos seus principais proponentes, Jean
Mimetismo é uma forma de adaptação revelada por -Baptiste Lamarck (1744–1829). Contudo, a sugestão que
muitas espécies que se assemelham bastante a outras, dis- estruturas corporais usadas frequentemente tornam-se
so obtendo algumas vantagens. mais desenvolvidas, enquanto que estruturas não usadas
A cobra falsa-coral é confundida com a coral-verdadei- deterioram-se, não é suportada por qualquer evidência.
ra, muito temida, e, graças a isso, não é importunada pela A informação que faltava para explicar o surgimen-
maioria das outras espécies. Há mariposas que se asseme- to de novas características em descendentes foi forneci-
lham a vespas, e mariposas cujo colorido lembra a feição do pelo trabalho pioneiro em genética de Gregor Mendel
de uma coruja com olhos grandes e brilhantes. (1822–1884). As experiências de Mendel em cruzamentos
de ervilheiras demonstraram que a hereditariedade funcio-
A ORIGEM DA BIODIVERSIDADE na embaralhando e recombinando “fatores” (o que agora
Citamos nos textos até aqui a existência de uma infi- conhecemos como genes) durante a reprodução sexual. Os
nidade de seres vivos que vão de animais microscópicos genes são as unidades básicas de hereditariedade nos se-
a seres superiores como os mamíferos e o homem. Eles res vivos. Eles contêm a informação biológica que dirige o
podem conviver no mesmo ambiente como podem estar desenvolvimento físico e o comportamento do organismo.
isolados por centenas de quilômetros, mas terem muitas É este embaralhar do código genético que assegura que
características em comum. O Brasil tem emas e siriemas não há dois indivíduos que sejam cópias exatas um do ou-
vivendo livremente no cerrado, a África possui avestruzes. tro. A fusão da teoria de Darwin com a compreensão da
Ambas são aves rasteiras com os corpos pesados e maiores hereditariedade levou a uma compreensão clara dos me-
que as asas, por isso não voam. Por que aves com as mes- canismos que provocam evolução.
mas características foram parar em lugares tão distantes e
adquiriram formas cores próprias? ENCERRANDO
Desde a origem da vida, a evolução transformou a pri- Você deve ter percebido neste capitulo a diversida-
meira espécie (o ancestral comum de todos os seres vivos) de de conhecimentos necessários para entender o nosso
num enorme número de espécies diferentes. mundo.
A evolução ocorre através de mudanças nos genes, as Para manter nossa saúde são necessários conhecimen-
“instruções para “construir” os organismos. Quando um tos sobre seres microscópicos, métodos científicos e sobre
ser vivo se reproduz, pequenas mudanças aleatórias nos o corpo humano entre muitos outros.
seus genes fazem com que o seu descendente seja dife- Para manter o ambiente preservado para a gerações
rente dele próprio. Por vezes estas mudanças aumentam a futuras são necessários diversos equipamentos e conheci-
probabilidade de um descendente sobreviver o tempo su- mentos tecnológicos, como satélites para monitorar nos-
ficiente para se reproduzir; e assim, os genes responsáveis sas matas, aviões e automóveis para controlar os incêndios
por essa característica benéfica são transmitidos aos filhos, que a ameaçam e principalmente a ética, bom senso e ci-
tornando-se mais comuns na próxima geração. As mudan- dadania que você completa quando adquire todo o conhe-
ças que não ajudam os organismos, ao se reproduzirem, cimento discutido neste caderno.
poderão torná-los mais raros ou serão eventualmente eli- Esperamos ter ajudado nesse seu caminho para uma
minados da população. plena cidadania.
O aumento ou diminuição da abundância relativa de
um gene devida à sua aptidão é chamada de seleção natu- AGORA É A SUA VEZ!
ral. Através da seleção natural, populações de organismos
vão mudando lentamente ao longo do tempo à medida Atividade 1
que se vão adaptando a mudanças no seu ambiente. (ENCCEJA – 2002) O reflorestamento de interesse eco-
O mecanismo que levou a estas mudanças permane- nômico com uma única espécie vegetal está sendo aper-
ceu pouco claro até à publicação do livro A Origem das feiçoado pela utilização de clones (mudas geneticamente
Espécies em 1859 por Charles Darwin (1809–1882), deta- idênticas). Sendo obtidos de uma única árvore-mãe, os clo-
lhando a teoria da evolução por seleção natural. O trabalho nes são vantajosos pois:
de Darwin levou rapidamente à aceitação da evolução pela (A) garantem a variabilidade e aumentam as chances
comunidade científica. de sobrevivência da espécie.
Essa teoria lançou a fundação para a teoria evolutiva (B) são mais resistentes às pragas que atacam as árvo-
moderna. No entanto, faltava uma explicação adequada res adultas da espécie.
para a fonte de variação nas populações. Como muitos dos (C) possuem características previamente definidas.
seus antecessores, Darwin deduziu incorretamente que as (D) garantem a biodiversidade.
características hereditárias eram produto do ambiente, as-
sumindo que as características adquiridas durante a vida
de um organismo podem ser passadas à descendência
(por exemplo, girafas esticam-se para alcançar folhas nos
133
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 2
(ENCCEJA – 2005) Existem várias ameaças à biodiversidade da floresta amazônica, como a expansão das grandes
plantações de soja do sul do Pará, a extração indiscriminada de madeira e o crescimento da população. Dentre as opções
abaixo, a que apresenta a melhor proposta diante de uma utilização auto-sustentável da biodiversidade é
(A) transferir a comunidade local para uma área maior para que a floresta se desenvolva naturalmente, sem confronto.
(B) delimitar e conservar a floresta em uma determinada área para que não acabe.
(C) utilizar alternativas para que a população use os recursos da floresta de forma equilibrada.
(D) delimitar o espaço para plantações e a moradia da população.
Atividade 3
(ENCCEJA – 2005) Nos Estados do Tocantins e do Maranhão, a taxa do desmatamento chegou a 68,3% em 2000 (WWF
-Brasil). A supressão da floresta pode causar desequilíbrios entre populações de presas e predadores.
O gráfico relaciona o crescimento populacional de uma espécie de presa e de predador em um determinado sistema.
Atividade 4
(ENCCEJA – 2005)
134
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
Atividade 5
(ENCCEJA – 2002) A principal praga da lavoura de milho no Brasil é a lagarta-do-cartucho, que causa os maiores estragos
logo nos trinta dias após a plantação e segue causando mais prejuízos durante todo o desenvolvimento do milho. Em geral, a
lagarta-do-cartucho é combatida com grandes quantidades de inseticidas. Nos últimos anos, os inseticidas vêm sendo substi-
tuídos, com muito sucesso, por lotes de joaninhas, marimbondos ou microvespas, criados em laboratórios. Soltos nos milharais,
esses animais atacam as lagartas nos primeiros dias após a eclosão dos ovos, matando-as.
Sobre esse método alternativo de combate às pragas da lavoura, foram feitos os seguintes comentários:
I. além de garantir a produção do milho, o método não produz poluição ambiental;
II. os animais introduzidos podem fugir ao controle dos agricultores e causar futuramente prejuízos até então desconhe-
cidos;
III. o método reduz em muito a produção do milho, pois os inseticidas, além de matar as lagartas, funcionam como fertilizantes.
Com base no que se sabe hoje sobre o assunto, é correto o que se afirma apenas em
(A) I.
(B) II.
(C) I e II.
(D) II e III.
Atividade 6
(ENCCEJA – 2002) Na escolha de vegetais para cultivo, é preciso pensar não apenas nas vantagens econômicas. Culturas
adequadas ao tipo de solo e outros fatores do ambiente são propícios à sua conservação e, portanto, representam a manuten-
ção do patrimônio dos agricultores.
Considere o cultivo de:
I. eucalipto, árvore que exige água abundante;
II. leguminosas, que ajudam a fertilidade do solo;
III. palma e milheto, resistentes à seca, a primeira, para alimentação do gado, e a segunda, para extração de óleo.
Um pequeno agricultor, em área de caatinga, deveria plantar, de preferência,
(A) palma e milheto, apenas.
(B) leguminosas, palma e milheto.
(C) eucalipto e leguminosas.
(D) eucalipto, apenas.
Atividade 7
(ENCCEJA – 2002) O cerrado brasileiro apresenta uma cobertura vegetal de arbustos com raízes superficiais e árvores
dispersas com raízes profundas. No período de seca, os arbustos secam e muitas vezes pegam fogo, enquanto as árvores não
secam e até produzem flores e frutos.
Uma explicação para esse fato é que
(A) as árvores consomem toda a água disponível nesse período, não deixando nada para os arbustos.
(B) a superfície do solo fica seca e as raízes profundas das árvores buscam água nos rios subterrâneos.
(C) as árvores do cerrado não precisam de água para produzir flores e frutos.
(D) o fogo atinge a parte rasteira da vegetação, mas não queima as árvores.
Atividade 8
(ENCCEJA – 2002) O esquema abaixo representa as relações alimentares observadas numa área doPantanal mato-gros-
sense.
135
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
136
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
137
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
138
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
139
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
140
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
141
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
142
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
143
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
GABARITO OFICIAL
01 - C 02 - C 03 - C
04 - B 05 - B 06 - A
07 - C 08 - D 09 - C
10 - C 11 - A 12 - C
13 - A 14 - A 15 - A
16 - A 17 - C 18 - C
19 - A 20 - C 21 - B
22 - A 23 - C 24 - C
25 - B 26 - B 27 - A
28 - D 29 - A 30 - A
144
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
145
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
146
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
147
CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
148
INTRODUÇÃO
Este livro de estudo foi desenvolvido pela Editora Washington para dar apoio aos candidatos que irão se preparar
para a avaliação com a finalidade de obter o certificado de conclusão do Ensino Médio.
Este volume contém as orientações necessárias para sua preparação para a prova de Ciências Humanas e suas
tecnologias que irá avaliar os seus conhecimentos em situações reais de sua vida em sociedade.
As competências e habilidades fundamentais desta área de conhecimento estão de acordo com o programa do
ENCCEJA – Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos – e são as seguintes:
2. Compreender a gênese e a transformação das diferentes organizações territoriais e os múltiplos fatores que
neles intervêm, como produto das relações de poder.
4. Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as
às práticas de diferentes grupos e atores sociais.
6. Perceber-se integrante e agente transformador do espaço geográfico, identificando seus elementos e inte-
rações.
7. Entender o impacto das técnicas e tecnologias associadas aos processos de produção, ao desenvolvimento
do conhecimento e à vida social.
9. Confrontar proposições a partir de situações históricas diferenciadas no tempo e no espaço e indagar sobre
processos de transformações políticas, econômicas e sociais.
Os textos que se seguem pretendem ajudá-lo a compreender melhor cada uma dessas nove competências.
Cada um dos nove capítulos é composto de textos que discutem os conhecimentos referentes à competência
tema do capítulo.
Você encontrará atividades que irão ajudá-lo na resolução dos exercícios da prova oficial ao final do livro para que
possa praticar seu conhecimento.
As respostas das atividades podem ser encontradas ao final de cada capítulo e confira também se você pode
compreender as habilidades trabalhadas em cada assunto.
ÍNDICE
Capítulo 1
HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA................................................................................................................................................................................01
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 2
AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO HUMANO.............................................................................................................................................16
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 3
MODOS DE VER A PRODUÇÃO NO BRASI..............................................................................................................................................................27
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 4
ADMINISTRANDO CONFLITOS: O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS...........................................................................38
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 5
DEMOCRACIA E CIDADANIA..........................................................................................................................................................................................51
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 6
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE..................................................................................................................................................................61
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 7
INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE.....................................................................................................................72
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 8
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS............................................................................................................................................................................................85
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
Capítulo 9
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES PARA UMA MESMA HISTÓRIA....................................................................................................................94
Gabriel Bonatelli
Maria Ester de Siqueira Rosin Sartori
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 1
HISTÓRIA, MEMÓRIA E CULTURA.
HISTÓRIA
A História é uma ciência que não se resume apenas ao estudo do passado. É uma das áreas do conhecimento que bus-
ca entender o Homem, como agente e construtor da sua historicidade, as relações estabelecidas por ele na sociedade e
suas manifestações culturais. É na verdade a totalidade das ações humanas do passado e do presente. Pode ser entendida
basicamente de três formas: como relato narrado, isto é, os fatos contados por alguém que vivenciou o momento; como
conjunto de ações e fatos ocorridos na vida dos seres humanos, ou como estudo dos fatos e ações humanas.
Dependendo do ponto de vista que se tem sobre as manifestações humanas, a interpretação dos movimentos sociais,
passam a ter um significado. Por isso, um mesmo fato ou acontecimento histórico pode ter interpretações diferentes, difi-
cultando a imparcialidade dos indivíduos que tendem a aceitar como verdadeiras as ações ou fatos que estejam próximos
a sua realidade. Ou seja, um mesmo fato pode ter interpretações diferentes, vejamos, por exemplo, a pintura de Victor
Meirelles, que retrata a Primeira Missa no Brasil em 26 de abril de 1500, no litoral sul da Bahia.
Reprodução
Como se sabe, as imagens não representam a realidade, mas foram muito utilizadas para demonstrar a fácil conversão
indígena ao catolicismo. Trata-se de um documento histórico muito importante, pois Victor Meirelles nasceu em 1832 em
Florianópolis, Santa Catarina, portanto para produzir essa obra teve de utilizar registros da época, dentre eles as cartas de
Pero Vaz de Caminha, que fazia parte da tripulação de Pedro Alvares Cabral, ao Rei de Portugal. Sua pintura representa
o ideário europeu da época dos grandes descobrimentos em relação aos povos que já habitavam a região, conforme a
trecho da carta de Caminha:
“E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles (os índios) se levantaram
conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado: e então tornaram-se a assentar como nós... e em tal maneira
sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção.” - Carta de Caminha a El-Rei, 1º de maio de 1500.
1
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, o conhecimento das relações entre portugueses e indígenas tinham como base os documentos oficiais por-
tugueses. Com o passar do tempo novas interpretações sobre esse mesmo fato passaram a surgir através dos vestígios
deixados pelos indígenas que habitavam o litoral brasileiro em 1500, possibilitando um olhar diferenciado sobre o contato
entre essas duas civilizações, indígena e européia, tão distantes. Percebe-se então que, o estudo da História possibilita
perceber a pluralidade cultural humana através de documentos, registros e outras pistas - vestígios - deixadas pelas pes-
soas que viveram em outras épocas. São Fontes Históricas que estão presentes até hoje, e que permitem conhecer o que
foi produzido ou modificado pela humanidade, ao mesmo tempo, que resgata a memória e preserva a cultura.
Todas as pessoas são agentes e construtoras das suas histórias de vida, o que as tornam únicas. Ao resgatá-las e con-
tá-las apóiam-se nas vivências, sentimentos e relacionamentos estabelecidos na sociedade a que pertencem. Buscam na
memória os fatos passados para apresentar sua história e a partir desse resgate, preservar características culturais que sem-
pre estiveram presentes em suas lembranças. Por sermos seres humanos temos muitas coisas comuns, porém pela própria
realidade de vida de cada um, língua, espaço físico e crenças o que prevalece é a diversidade.
Entender essa diversidade, o que existe em comum ou não entre os povos, como o Homem se relaciona e quais os
fenômenos culturais humanos é um dos objetivos das ciências humanas em geral. Parte desse estudo cabe ao historiador
que busca entender o Homem, suas relações sociais, culturais e suas mudanças ou permanências, em diversos lugares do
mundo e nos mais variados tempos.
O tempo, então, devido à possibilidade de estabelecer relações entre o passado, o presente e o futuro, passa a ser a
matéria prima do historiador, e as relações humanas um dos principais objetos de estudo.
2
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
“seja qual for nosso Em 1845 o imperador brasileiro, D. Pedro II, decretou que o contato com
conceito de História e os índios no Brasil deveria ocorrer pela catequese e pela civilização, por
tempo, não podemos serem eles considerados selvagens aos olhos do colonizador. A partir de
esquecer o problema de 1988, o Artigo 231, da constituição Brasileira assegurou aos índios alguns
que o tempo não é somente direitos, dentre eles: o direito de terem seus costumes, língua, crenças,
sua medida, senão que tradições, organização social e direitos sobre a terra.
é parte intrínseca da vida Nota Pública sobre caso de tortura a indígenas tupinambá
humana, de maneira que o 22 de junho de 2009.
tempo histórico é também No dia 19 de junho de 2009, a Folha de São Paulo noticiou o caso de
seu conteúdo. A atividade tortura, praticado por agentes da Polícia Federal, nos cinco indígenas
humana transforma o Tupinambá que tradicionalmente ocupam suas terras localizadas nos
tempo e fá-lo humano. municípios de Buerarema, Una e Ilhéus, no sul do estado da Bahia.
Nesse sentido a linha do Este não é um caso isolado. Em outubro de 2008, essa mesma comunidade
tempo estabelece a relação Tupinambá foi violentamente atacada pela Polícia Federal, o que causou
entre o tempo e seus indignação na sociedade nacional e motivou, inclusive, uma campanha da
conteúdos”. Anistia Internacional. Infelizmente não há notícia de que qualquer agente
- Huerta - da PF tenha sido responsabilizado pelos excessos e pelas ilegalidades
dos atos cometidos naquela ocasião. Em decorrência disso, criou-se
um clima de impunidade, o que resultou neste crime hediondo agora
divulgado.
(retirado do site oficial: /www.direitos.org.br)
Apesar de todas as sociedades terem uma forma de marcar e contar o tempo, não o fazem da mesma maneira. A ci-
vilização Maia, por exemplo, contavam o tempo de acordo com a posição dos astros – estrelas e planetas - no céu. Assim,
marcavam as estações do ano e o melhor período para plantio. O tempo da natureza foi utilizado por muitas sociedades
nos primeiros tempos de existência da humanidade.
Atualmente, no Brasil, mantém-se o calendário Gregoriano, feito pelo Papa Gregório XIII (1502 – 1585), baseado entre
outras coisas no nascimento de Cristo, daí a própria nomenclatura a.C., para fatos anteriores ao nascimento de Cristo dado
como ano zero, e d. C. para fatos posteriores ao nascimento de Cristo. Esse modelo de construção temporal convencionou
a classificação da História em períodos determinados por marcos históricos considerados relevantes para a mudança da
humanidade: Pré-História, História Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea. Hoje, após vários debates essa periodi-
zação modificou-se muito, pois nem todas as civilizações passaram pelos mesmos acontecimentos, ao mesmo tempo, que
justificassem a mesma divisão. Se para a França, a Revolução Francesa de 1789 modificou profundamente a estrutura polí-
tica européia a partir do momento que propunha o fim da Monarquia, no Brasil a transição da Monarquia para a República
só ocorreu em 1889.
MEMÓRIA
A busca pelo passado faz com que a memória seja resgatada e possibilita a preservação da cultura, dos patrimônios
e da identidade da sociedade. Através da memória individual ou coletiva temos conhecimento do nosso meio cotidiano,
práticas e gestos, assim, podemos fazer associações com as situações do passado, dar sentido ao conjunto das nossas ex-
periências adquiridas e principalmente, ter consciência do papel que exercemos no mundo que nos cerca.
Vila Rica, início do século XIX, aquarela sobre lápis de Thomas Ender
3
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Vila Rica
Fonte: www.skyscrapercity.com
Minas Gerais é um dos Estados brasileiros que permite resgatar grande parte do passado colonial, escravocrata e
religioso brasileiro. Observando as imagens anteriores podemos notar, perfeitamente, as mudanças estruturais do seu
território. Por outro lado, se buscarmos sua História, entenderemos também a estrutura social que se formou com a desco-
berta das primeiras pedras de ouro, entre 1693-1698, os interesses econômicos e, principalmente, os conflitos sociais com
sua descoberta. O resgate à memória dessa região auxilia o historiador a entender os movimentos que possibilitaram sua
construção social e cultural abrindo espaço para uma investigação documental mais detalhada.
A História trabalha junto com a memória, porém o que a torna rigorosa e investigativa é a maneira como interpreta
e analisa o conteúdo das “memórias”. Quando se trata de recolher as lembranças das pessoas, é preciso separar o fato
ocorrido do imaginário individual ou coletivo, identificar as distorções, analisar as versões e confrontar com os documentos
existentes. Nesse momento, a História assume uma postura investigativa e assume seu caráter científico.
CULTURA
Cultura diz respeito a padrões de comportamento assumidos por uma determinada sociedade ou grupo social espe-
cífico, é algo que se constrói com o convívio e o relacionamento entre os indivíduos que partilham do mesmo meio, das
mesmas crenças e valores. É transmitida por meio da aprendizagem e independe do grau de escolaridade. Uma dança, uma
música, um esporte, uma comida típica são exemplos de manifestações culturais e auxiliam na construção da identidade
de muitas culturas.
Por muito tempo era comum acreditar que havia culturas superiores ou inferiores, como se houvesse algum método de
classificação para o desenvolvimento cultural dos povos. No caso brasileiro, essa percepção mostrou-se bem verdadeira,
durante o processo de colonização. Por muito tempo foi aceita a idéia de que os índios tivessem tido participação inexpres-
siva na construção da identidade nacional. Eram vistos como coadjuvantes da nossa história e dependentes dos estímulos
externos dos europeus para se manifestarem. Sua participação limitava-se aos interesses dos colonizadores prevalecendo
sempre a relação de dominação.
Em geral, quando os índios eram citados na História mostrava-se os momentos de confronto, quando suas comunida-
des pretendiam negar uma situação de subserviência (submissão), o que era encerrado com guerras em que saíam sempre
derrotados, possibilitando cada vez mais a ocupação territorial do território que lhes pertencia. Sem possibilidade de re-
sistência passavam por um processo de aculturação que lhes retirava a identidade, a cultura e, nos casos mais extremos, a
extinção étnica, isto é, a extinção de seus povos. Tudo em nome da chamada, “civilização”.
Hoje, busca-se demonstrar que não há culturas “superiores” nem “inferiores”, mas que o mundo é composto por
diversidades culturais que o tornam extremamente rico. A tendência é o estudo comparativo na tentativa de estabelecer
semelhanças e diferenças entre os variados padrões culturais. Não se pode negar a influência indígena na construção cul-
tural brasileira, nem tão pouco a africana, mesmo que reduzidos a condição de escravidão esses povos foram capazes de
reconstruir significados e fortalecer sua identidade. Não se pode também exaltar a européia, pois todas tiveram sua parte
na construção sócio-cultural brasileira e muitas permanecem até hoje em dia.
4
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Arte Indígena.
Urna Funerária Marajoara.
A Ilha de Marajó foi habitada por vários
povos desde, provavelmente, 1100 a.C.
Os povos que viviam nessa região foram
divididos em 5 fases arqueológicas. A
fase Marajoara é a quarta na sequência
da ocupação da ilha e que apresenta as
criações mais interessantes.
Fonte: www.diaadia.pr.gov.br
5
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Existe um importante fator para a ocupação do território brasileiro. Estamos falando do relevo da região para onde os
colonizadores iam e, posteriormente, os brasileiros vão.
Mas por que o relevo é um fator importante? Sua importância reside em alguns fatores chaves para o explorador do
século XVI e, também, ao empresário do século XXI. O explorador, na figura dos bandeirantes, precisava ficar próximo a rios
para manter suas explorações, por causa da água potável, transporte e alimentação.
A formação do rio, desde a sua nascente, seu percurso e a sua foz (quando chega a um lago e/ou oceano) é determi-
nada pelo relevo. As nascentes de rios são, em sua maioria, formadas em topos de montanha com muita vegetação.
Já o empresário pode, em função dos conhecimentos atuais, determinar se uma área tem ou não possibilidade de
conter recursos naturais, como ferro, petróleo, bauxita e outros. Ao pesquisar uma região, ele pode descobrir qual é a sua
formação geológica, ou seja, determinar se pode ou não existir aquele recurso que procura. Diante destas colocações, po-
demos deduzir que existem diversos tipos de relevos, e por conta disto uma classificação foi feita.
No Brasil, temos a classificação por cotas altimétricas, ou seja, o tipo de relevo estava relacionado com a altitude no qual
estava localizada, que foi criada pelo Prof. Aroldo de Azevedo e, levemente alterada por seu discípulo, o Prof. Aziz Ab’Sáber. Isso
aconteceu durante as décadas de 40 e 50. A última proposta de alteração da classificação do relevo brasileiro ocorreu em 1995,
onde o Prof. Jurandyr L. S. Ross parte da análise de imagens de radar obtidas no período de 1970 a 1985 pelo projeto Radam Brasil.
Os próximos quadros mostrarão a classificação do Relevo Brasileiro, proposta pelos três professores já mencionados.
Veremos que é possível notar a evolução da compreensão territorial nas três análises, porém o que é importante observar
é que o relevo brasileiro tem uma formação muito antiga e desgastada. Isso é resultado da falta de atividades recentes do
agente interno (forças tectônicas) em eras geológicas, e dos ciclos climáticos (erosão através dos agentes externos, como
a chuva, o vento, o sol e outros).
6
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Antes do último quadro, do Prof. Jurandyr Ross, temos que entender o que é terreno sedimentar e terreno cristalino,
conforme a classificação feita pelo Prof. Aziz Ab’Saber. Nesta classificação, há uma distinção de planície e planalto por
meios dos processos de erosão, sendo que na planície, houve maior acúmulo de sedimentação, enquanto o planalto só
ocorreu a erosão. Assim, o terreno sedimentar fora formado, ao longo de milhões de anos, através do acúmulo de resí-
duos (partículas minerais) do processo de erosão, em depressões. Junta-se, também, matéria orgânica (plantas e animais)
em decomposição nesta formação. Já o terreno cristalino, foi formado através das ações dos agentes internos (as forças
tectônicas, vulcanismo e terremotos) que já sofreram as ações dos agentes externos, tendo assim, sua configuração original
alterada. São terrenos que formam as cadeias de montanhas, onde há uma altitude média superior a 400m.
Jurandyr L.S. Ross: É a mais complexa das análises de relevo brasileiro. Ele levou em conta as classificações
anteriores e, através de imagens de radar obtidas pelo Projeto Radam Brasil, pode levar em consideração
outros fatores para a nova classificação. Os fatores são: estrutura geológica (a formação e os solos presentes),
o clima e a ação dos agentes externos (erosão) na formação dos meios ambientes de cada área.
7
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Esta formação antiga é observada através das baixas altitudes encontradas por todo território brasileiro. Sinal de pouca
atividade interna, ou seja, não há encontros de placas tectônicas, que ocasionam terremotos e cria novas e altas cadeias de
montanhas, como a Cordilheira dos Andes. Cordilheira é uma cadeia de montanhas, como podemos ver na figura ao lado.
A parte próxima a costa é o caminho que esta cordilheira percorre. O relevo pode ajudar na determinação dos limites físicos
dos municípios, estados e países. Especialmente rios, pois eles se tornam numa barreira natural à ocupação humana. Os
países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) estão delimitados através da Bacia Platina.
Porém, isto não é uma regra. Muito da divisão política interna brasileira vêm da época da colonização, com a desco-
berta e a implantação das capitanias hereditárias. Na época, o conhecimento do relevo brasileiro era precário e as divisões
foram feitas através dos interesses da Coroa Portuguesa para incentivar a colonização e exploração econômica de seu novo
território.
Fonte: http://thewrittenworld.files.wordpress.com/2008/06/nasa_anden.jpg
Mas o que seria uma divisão política? Esta divisão política se dá em duas esferas. A primeira seria a esfera internacional,
onde em um determinado território, há a presença de um povo que divide certos fatores culturais em comum, como língua,
costumes, origens, apoiadas pela história de formação de seu país (importantes marcos, como a sua independência, heróis
e guerras) e outros. Esta seria a divisão política internacional e o Brasil localiza-se no continente sul-americano.
A outra esfera seria a nacional, ou seja, a organização política dentro de um país. Neste caso, há grandes variações de
organização de país para país. Neste caso, o Brasil está organizado através de estados que são, em alguns casos, as antigas
capitanias hereditárias (figura ao lado).
Porém, com a expansão territorial e a independência brasileira, a divisão política apresentou outros fatores e interesses.
Isto levou a uma nova configuração da divisão política, com 26 estados e o distrito federal. Este é o formato atual, alcançado
através da Constituição de 1988, que determinou a criação do estado de Tocantins.
Pela próxima imagem, você poderá ver o mapa da divisão política atual dos estados brasileiros, inclusive, as principais
cidades em cada estado. Desta forma, esperamos que possa comparar com a figura anterior e verificar a influência da
presença das capitanias com as atuais divisões políticas dos estados. Não se esqueça que houve a expansão territorial que
trouxe novos territórios para o Brasil, o que levou a criação de novos estados, além da limitação anterior.
8
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Perceba, ainda, que dentro dos estados há uma divisão menor, porém é aquela com a qual você pode se relacionar
mais. Esta divisão são os municípios. Sua formação também é variada, muitas vezes foi criado para servir de entreposto para
os viajantes ou por determinação política, como foi o caso de Brasília. Há, também, casos de municípios criados para dar
suporte a uma determinada empresa, que está explorando os recursos naturais de uma região.
Com isso, o Brasil possui 5 grandes regiões, sendo elas: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Elas são divididas
através dos aspectos naturais presentes pelo território, proposto pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
como clima, relevo, vegetação e hidrografia (com exceção do Sudeste, em virtude de seu desenvolvimento industrial e
urbano, aspectos da ação humana). Veja, a seguir, um mapa com a divisões por região do Brasil e compare com o mapa
anterior para identificar os Estados de cada região.
9
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Fonte: http://www.mochileiro.tur.br/
Contudo, para explorar estes recursos naturais, as empresas interessadas precisam seguir determinações que visam
diminuir o impacto negativo de suas atividades no meio-ambiente. Este é o caso do município de São João do Piauí, no
Estado do Piauí.
Neste município, foi encontrada a segunda maior reserva de níquel do Brasil. Este é um minério com alto valor comer-
cial e que irá atrair, o quanto antes, empresas interessadas em explorá-lo. Além disso, parte deste município está no Parque
Nacional Serra da Capivara (ver o próximo quadro). Isso é uma ótima oportunidade para conciliar dois importantes fatores:
o desenvolvimento econômico daquela região, com a preservação de um Patrimônio Cultural da Humanidade.
Fotos do Parque Nacional da Serra da Capivara. Neste lugar é onde se encontra o mais importante sítio
arqueológico brasileiro. Já foram encontrados esqueletos humanos, pinturas rupestres e cerâmicas
(de mais de 8.960 anos). Os estudos indicam presença de um denso povoamento pré-histórico. Por
estes motivos, a UNESCO (sigla em inglês para Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura) atestou que este Parque faz parte do Patrimônio Cultural da Humanidade.
Atualmente, o Parque implementou um projeto para o desenvolvimento econômico e social, que visa
educar e preparar as comunidades carentes próximas, para atuar no mercado de trabalho que o
próprio Parque oferecerá, como obras de infra-estrutura, manejo adequado e turismo ecológico e
cultural.
Para maiores informações, acessar os sites: http://www.fumdham.org.br/ e http://360graus.terra.com.
br/ecoturismo/default.asp?did=6650&action=reportagem.
10
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
No caso do Piauí, este empenho ajuda a melhorar o seu desempenho frente a outros estados. Conforme o ranking do
IDH dos Estados em 2005, o Piauí está na 25º posição, na frente apenas de Maranhão e Alagoas.
Possui população de 3.032.421 distribuída em uma área de 251.529,19 km², segundo o Censo de 2007 do IBGE, o que
resulta em uma densidade demográfica de 12,06 habitantes por km². Isto representa um estado pouco povoado, ou seja,
existem poucos habitante por km² de terra,
Com estas informações, podemos tirar algumas conclusões. Este Estado não apresenta um desenvolvimento industrial
muito avançado, sendo sua principal atividade econômica a exploração da terra, através da agricultura, com destaque para
a Cana-de-Açúcar, Soja, Arroz e Algodão, e da pecuária extensiva, com bovinos, suínos e caprinos.
A pecuária bovina foi a primeira atividade econômica do Piauí. Assim, tem grande peso na tradição cultural histórica do
Estado, com o folclore e costumes regionais que foram influenciados por esta atividade.
Além da agricultura e da pecuária, o Piauí tem destaque para os recursos naturais de grande valor comercial, com gran-
des jazidas descobertas, como as de mármore, de amianto, de ardósia e de níquel.
Um importante fator é a grande presença de água no subterrâneo artesiano, o que possibilitaria irrigar grandes áreas
para plantações e, também, levar esta água paras as regiões que enfrentam secas (que podem chegar até oito meses) du-
rante o ano. Esta região se localiza mais ao sul do Estado, longe da pequena costa para o Oceano Atlântico, que lhe garante
um clima mais úmido.
Fonte: http://www.brazadv.com/images/mapa_biomas.gif
11
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Por conta das prolongadas secas, a vegetação varia em Um elemento em comum é a Festa Junina. Esta festivi-
caatinga e cerrado no interior e sul do Estado. E, próximo dade está espalhada por todo o Brasil, mas mesmo assim,
ao litoral, temos a Mata de Cocais e Floresta, em função do apresenta algumas diferenças entre as regiões. Ela foi in-
clima mais úmido. troduzida pelos imigrantes portugueses e teve a sua pi-
E é desta forma que vários fatores, como o clima, o tada de mistura no Brasil com fogos de artifícios, tradição
relevo e a sua formação histórica têm um papel único na chinesa, e a dança marcada (quadrilhas), que é de tradição
cultura local de cada Estado. francesa. Ainda tem a fogueira, tradição em qualquer Festa
O Brasil é um país de proporções continentais, mas há Junina.
certos fatores que se apresentam com mais semelhanças Em São Paulo, especialmente em seu interior, as festas
nos pontos mais distantes entre si e outros que não exis- são organizadas por clubes, igrejas, associações de bairro,
tem além das suas próprias fronteiras. colégios, sindicatos, empresas e prefeituras. É a época da
colheita do milho, por isso há grande presença do mesmo
nas comidas relacionadas a ela, como: pamonha, cural, mi-
lho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho e outros.
Também há arroz doce, bolo de amendoim, broa de fubá,
cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente e outros.
Já no Nordeste, a festa ganha uma expressão diferen-
te. Ela está muito mais relacionada ao fator religioso, com
homenagem a três santos católicos: São João, São Pedro
e Santo Antônio. O fator religioso está relacionado a um
problema sério dos habitantes do Nordeste, especialmen-
te do Sertão e Agreste: a seca.
Os habitantes aproveitam este momento para agrade-
cer aos santos às chuvas que já caíram e para pedir, tam-
bém, que a seca não seja tão forte. Além disso, tais festas
garantem uma renda extra para as cidades, pois é cada
vez maior o fluxo de visitantes (brasileiros e estrangeiros)
que vão ao nordeste para acompanhar de perto estas fes-
tividades.
Um costume típico do Rio Grande do Sul, o chimarrão,
é uma bebida servida quente que acompanha o gaúcho
A imagem acima é a da Rosa dos Ventos. É nos locais onde ele se faz presente, sendo:
através dessa figura que podemos visualizar os “O símbolo da paz, da concórdia, do completo enten-
pontos cardeais e colaterais. Ambos se dividem dimento – o mate! Todos os presentes tomaram o mate.
Não se creia, todavia, que cada um tivesse sua bomba e sua
em quatro, totalizando 8 diferentes pontos. N, cuia própria; nada disso! Assim perderia o mate toda a sua
L, S e O são os pontos cardeais e representam mística significação. Acontece com a cuia de mate como à
o Norte, Leste, Sul e Oeste, respectivamente. tabaqueira. Esta anda de nariz em nariz e aquela de boca
Já NE, SE, SO e NO são os pontos colaterais em boca.
e representam o Nordeste, Sudeste, Sudoeste Primeiro sorveu um velho capitão. Depois um jovem,
um pardo decente – o nome do mulato não se deve escre-
e Noroeste, respectivamente. A sua função é ver; depois eu, depois o “spahi”, depois um mestiço de ín-
de localização e orientação para as diversas dio e afinal um português, todos pela ordem. Não há nis-
atividades humanas. Por isso que há uma so, nenhuma pretensão de precedência, nenhum senhor e
subdivisão entre cardeais e colaterais, para criado; é uma espécie de serviço divino, uma piedosa obra
aumentar a precisão da direção. Foi largamente cristã, um comunismo moral, uma fraternidade verdadei-
ramente nobre, espiritualizada! Todos os homens se tor-
utilizado nas grandes navegações e ainda é nam irmãos, todos tomam o mate em comum!” (Viagem
utilizado, mesmo com o advento do GPS. Tais pelo Sul do Brasil, 1.º, 191. Rio de Janeiro, 1953)
pontos nunca mudam de posição, basta colocar Esta bebida se adaptou bem ao clima dos Estados do
ou visualizar a Rosa dos Ventos nos mapas, Sul por apresentar as estações do ano mais definidas e
que é possível identificar os pontos cardeais e estar mais longe da linha do Equador, que representa lati-
tudes maiores e, por isso, a influência da radiação solar é
os lugares aos quais qualquer texto se refere menor, e o frio é mais intenso naquela região.
tendo um mapa como referência. O relevo é baixo, com 70% abaixo dos 300m de alti-
tude. Isso é mais um fator que contribui para o clima mais
frio, pois as massas de ar frio que vêm do Pólo Sul não
encontram barreiras naturais para avançar.
12
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
13
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A partir da leitura do poema, responda: Carta de Veneza, Art. 1.o. Internet: <portal.iphan.gov.
a) Que nome damos ao conjunto de vestígio deixados br>.
pelo homem? A Carta de Veneza, de 1964, é um documento interna-
b) Qual a importância desses vestígios? Retire da poe- cional sobre a conservação e o restauro de monumentos e
sia dois exemplos de vestígios deixados pelo homem. localidades, que serve de parâmetro para a formulação de
políticas de preservação do patrimônio histórico no Brasil
2- Junho é o mês de São João, Santo Antônio e São e no mundo. Com base no artigo sobre monumentos his-
Pedro. Por isso, as festas que acontecem em todo o mês de tóricos, é correto afirmar que:
junho são chamadas de “Festa Joanina”, especialmente em a) o monumento histórico se restringe ao patrimônio
homenagem a São João. O nome Joanina teve origem, se- arquitetônico.
gundo alguns historiadores, nos países europeus católicos b) as criações modestas são monumentos de menor
no século IV. Quando chegou ao Brasil foi modificado para valor social e econômico.
junina. Trazida pelos portugueses, logo foi incorporada aos
c) as produções culturais significativas são considera-
costumes dos povos indígenas e negros miscigenando-se
das monumentos.
à nossa cultura.
d) monumentos históricos são testemunhos do passa-
a) Podemos afirmar que esse é um valor cultural do
do que perderam seu significado cultural.
povo brasileiro? Retire do texto o parágrafo que demonstra
a mistura entre os valores culturais da nossa sociedade.
b) É correto afirmar que uma pessoa, pelo fato de não HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
freqüentar a escola, não possuí cultura? Por quê? Exercício referente ao texto complementar:
a) Com o rápido desenvolvimento tecnológico e com
3- (ENCCEJA 2006) A festa do Divino foi instituída em as mudanças por ele proporcionadas houve a necessidade
Portugal nos primeiros anos do século XIV pela rainha Isa- de preservar o passado para que ele fosse conhecido pelas
bel, mulher de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espíri- gerações futuras.
to Santo em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século b) Porque possibilita a preservação dos mais variados
XVI e é celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas aspectos culturais de um povo com o passar do tempo.
Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas, Espí- c) Na troca de conhecimento entre as características
rito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão, leilão de culturais.
prendas e as manifestações folclóricas peculiares de cada
região. Na preparação da festa realiza-se uma folia, com Exercício 1:
a bandeira do Divino, para arrecadar fundos e são arma- a) Fontes históricas.
dos coretos, palanques e um trono para o imperador do b) Os vestígios deixados pelos homens são pistas que
Divino. Trata-se de uma criança ou adulto que, durante a permitem conhecer os vários aspectos que construíram
festa, exerce poderes majestáticos, chegando até a libertar uma sociedade. Um pires e um retrato.
presos comuns em algumas regiões de Portugal e do Brasil.
Internet: <www.terrabrasileira.net/folclore/ regioe- Exercício 2:
s/6ritos/divino.html>. a) Sim, (...) logo foi incorporado aos costumes dos po-
De acordo com o texto, sobre a festa do Divino, con- vos indígenas e negros miscigenando-se à nossa cultura.
clui-se que: b) Não, cultura independe do grau de escolarização,
a) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel é algo que se constrói com o convívio e o relacionamento
de Portugal. entre os indivíduos que partilham do mesmo meio, das
b) é herança da cultura européia cristã trazida pelos
mesmas crenças e valores.
colonizadores.
c) descaracterizou-se ao incorporar manifestações fol-
Exercício 3:
clóricas.
Resposta B.
d) servia para arrecadar fundos ao imperador em Por-
tugal.
Exercício 4:
4- Qual a diferença entre país populoso e povoado? O termo “populoso” se refere à população absoluta,
ou seja, o número total de habitantes. O Brasil é o quinto
5- Relacione os estados brasileiros por região. país mais populoso do mundo, atrás da China, Índia, Es-
tados Unidos e Indonésia. Isso significa que a população
6- (ENCCEJA 2006) A noção de monumento histórico absoluta do Brasil é bastante elevada.
compreende, além da obra arquitetônica em si, os sítios Já o termo “povoado” considera também a distribui-
urbanos e rurais, testemunhos de uma civilização deter- ção das pessoas no território, ou seja, a densidade demo-
minada de uma evolução significativa, e de fato histórico. gráfica (número de habitantes por km2). Entre os países
Compreende as grandes criações e, também, as obras mo- mais povoados do mundo, podemos citar Cingapura, Ban-
destas, que, através do tempo, adquiriram valor cultural gladesh, Taiwan, Coréia do Sul, Holanda e Japão.
significativo.
14
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Exercício 5:
Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Tocantins, Pará, Rondônia e Roraima.
Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Exercício 6:
C
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta iniciando um processo de aprendi-
zagem e ele exige persistência...vamos lá!
15
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 2
AS TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO HUMANO
COMPREENDER A GÊNESE E A TRANSFORMAÇÃO DAS DIFERENTES ORGANIZAÇÕES TERRITORIAIS E OS
MÚLTIPLOS FATORES QUE NELES INTERVÊM, COMO PRODUTO DAS RELAÇÕES DE PODER.
Fazer um estudo histórico é implicar em periodizar, ou seja, estabelecer um recorte de tempo-espaço. Tradicionalmen-
te, como já vimos, a História foi dividida em períodos e a cada período foi atribuído um marco histórico, acontecimentos
considerados relevantes, para alguns historiadores, e que determinaram mudanças substancias na passagem de uma época
para outra. Não ocorrem de forma isolada, estão relacionados a várias ações ou reações humanas que determinam mudan-
ças estruturais na sociedade. Por não ocorrerem ao mesmo tempo, ou com as mesmas características em todas as culturas
não podem ser considerados absolutos, mas apresentam o desenvolvimento dos povos, a sua construção sócio-cultural e
o seu relacionamento com o mundo.
A CONSTRUÇÃO HUMANA
Atribui-se à Pré-história o início da longa caminhada evolutiva do Homem, datada de cerca de três milhões de anos.
Nela encontramos toda a base para entender o desenvolvimento físico e mental do Homem, bem como os caminhos trilha-
dos em seu processo de humanização. Das várias espécies que conviviam juntas na pré-história, sobreviveu a que melhor
se adaptou ao meio ambiente fazendo da natureza sua aliada. É importante destacar que essa adaptação não estava ligada
a um ou a outro ambiente específico, mas a qualquer ambiente.
Essa humanização ocorreu sempre que as condições ambientais exigiram. Enquanto os hominídeos, durante o Período
Paleolítico e Paleolítico Inferior, ou Idade da Pedra Lascada, aproximadamente de 5.000.000 a 25.000 a.C, eram simples ca-
çadores e coletores, a dependência pela natureza era extremamente grande. A partir do momento que a natureza, devido
às condições climáticas e ambientais, modificou o ambiente ou, deixou de fornecer os bens necessários à sobrevivência, os
bandos passaram a se organizar de forma produtiva, isto é, começaram a produzir seus alimentos para preservar a existên-
cia da sua espécie, tornando as relações e a organização mais complexas. Há, portanto, uma verdadeira Revolução Agrícola
e produtiva denominada Revolução Neolítica, aumentando o domínio do Homem sobre a natureza e a necessidade de
formas administrativas que garantissem a produção e a sobrevivência dos grupos.
O nomadismo característico das sociedades caçadoras e coletoras, em muitos casos, abre espaço para a sedentariza-
ção – habitação fixa - e cada indivíduo passa a ser proprietário dos seus instrumentos e ferramentas produtivas e a divisão
do trabalho acontece naturalmente, de acordo com a possibilidade produtiva de cada um. Apesar de toda mudança, que
permitiu o domínio dos meios produtivos, o espaço em que viviam ainda era coletivo.
O desenvolvimento da técnica possibilitou o aumento do número de animais, da produção agrícola e, principalmente,
da população. As comunidades e as famílias aumentaram com a fixação e exploração do solo e passaram a se preocupar
cada vez mais com suas posses e acumulação de riquezas. A sociedade antes comunitária estrutura-se em uma nova ordem
familiar, baseada na propriedade privada e na divisão em classes. Conseqüentemente, ocorre o surgimento de um poder
central para legitimar esse novo regime de propriedade: o Estado.
16
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Fonte: www.fisicanet.com.ar
Fonte: entrandonahistoria.blogspot.com
O SURGIMENTO DO ESTADO
Atribui-se ao Antigo Oriente Próximo, região da Mesopotâmia, que compreende o Médio Oriente como Iran, Iraque,
Turquia, Síria, Líbano, Israel e Egito chegando até a Pérsia, o surgimento das primeiras cidades que o mundo conheceu.
A existência de planícies irrigadas por grandes rios garantiam não só o desenvolvimento da agricultura, proporcionado
pelo regime de cheias periódicas que deixavam uma camada de húmus (fertilizante natural), como também, facilitava o
transporte de matérias primas e criação de animais, o que possibilitou a ocupação e o desenvolvimento dessa região até o
surgimento das primeiras cidades-Estado.
Fonte: http://galeria.blogs.sapo.pt/arquivo/Sumeria_entre_3500_e_3000_aC.jpg
17
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Houve o desenvolvimento do comércio (inicialmente A Grécia não se constituía como uma Nação ou um rei-
a base de troca), os cidadãos passaram a ser classificados no. Ela era um conjunto de cidades-Estado, conhecidas por
conforme a função que exerciam na sociedade, as relações Pólis, independentes que tinham características comuns e
tornaram-se mais complexas com a divisão do trabalho e que estabeleciam relações sem que houvesse unidade polí-
o acúmulo de riquezas. Toda essa dinâmica exigia a coope- tica entre elas. O Estado aqui conheceu diferentes formas de
ração entre as pessoas que ali se fixaram para a execução poder: a Monarquia, Democracia, Tirania. O cidadão grego
dos mais variados trabalhos e, para a administração, e a era normalmente um proprietário de terras e escravos e so-
existência de um poder centralizado que mantivesse o con- mente ele possuía direitos políticos. Não cabia ao cidadão
trole sobre todas as tarefas. discutir assuntos privados na Pólis, nela o cidadão deveria
Articulam-se assim, as relações de poder, soberania, exaltar a cultura, o pensamento e tudo o mais que fosse con-
regulamentação e dominação, surge então o Estado. A siderado de ordem pública. Havia um grande desprezo pelo
idéia de Estado, seu conceito e relação com o poder não escravo, pela mulher e pela criança, considerados inferiores
ocorre assim que as cidades são formadas, aparece a partir por serem ligados a vida privada.
do Renascimento, quando as pessoas passam a refletir so- Roma, por sua vez, era uma única e grande cidade-Es-
bre a relação entre governados e governantes. tado, apesar de não haver parentesco direto com os gre-
gos, a estrutura política romana era muito semelhante à
da pólis grega devido à influência das colônias gregas na
Renascimento: movimento artístico, científico e Magna Grécia, localizada atualmente ao sul da Itália. Ini-
cultural que teve início no final da Idade Média e cialmente, os grandes proprietários de terras, conhecidos
que buscava resgatar os princípios da Antiguidade por patrícios, tomavam conta da vida política de Roma. O
Clássica (Greco-romanos). Exaltando o Homem e o restante da população, excluído da vida política era conhe-
racionalismo. cido por plebeu, camada social que sustentava a economia
romana com seu trabalho sem, no entanto, participar da
vida política. Além destes havia também os clientes, agre-
Em todas as civilizações encontraremos sistemas polí- gados à família dos patrícios, prestando serviços em troca
ticos nos quais o Estado se apóia sobre princípios jurídicos de pequenos privilégios.
ou religiosos, defendidos por governos eleitos livremente O Estado aqui conheceu basicamente três formas de
ou impostos pela força. Em qualquer caso, nenhuma socie- administração, inicialmente a Monarquia (IV a.C.), com a
dade pode prescindir de um estado que garanta a ordem oligarquia agrária no poder, a República (VI a.C. – I a.C.) fun-
e a segurança necessária para permitir as relações transpa- damentada no poder do Senado e Império (I a.C. – III a.C.)
rentes entre os indivíduos. (Héctor Leguizamón) fundamentado no poder do Imperador.
Nem todas as civilizações possuíam o mesmo modelo Com a queda do Império Romano, inaugura-se o perío-
para administração do Estado. No caso do Egito, o Estado do da História denominado Idade Média, uma nova estrutu-
era Teocrático, ou seja, o chefe era visto como represen- ra social, política e econômica, o Feudalismo, que substituiu
tante dos deuses, ou mesmo como o próprio deus, na Ter- o escravismo Greco-romano, pela servidão. A exploração
ra. Como no Egito a religião e o Estado caminhavam juntos, do trabalho servil levou a total subordinação da população
cabia ao Faraó, chefe supremo e incontestável, a adminis- rural, pois mantinha os trabalhadores presos a terra e a vá-
tração desses dois setores, a fim de manter o equilíbrio do rias obrigações em impostos e serviços, em troca da permis-
universo. são do uso da terra e da proteção militar. Por estarem sem-
Na Mesopotâmia apesar da religião e o Estado tam- pre atrelados as obrigações para com os senhores feudais,
bém estarem juntos, a identidade era dada pela cidade, (camada dominante, proprietária das terras que poderiam
vista como o elemento unificador da sociedade, e não ao ser membros do alto clero ou nobres guerreiros) muitas ve-
governante como acontecia no Egito com o Faraó. Eram zes os servos morriam sem jamais saírem do mesmo lugar.
também politeístas, mas os deuses não assumiam caracte- Houve, então, uma descentralização do Estado e o po-
rísticas animais como no Egito, e a cada cidade cabia um der concentrou-se na mão do senhor feudal, proprietário
deus protetor. As terras eram consideradas propriedade do feudo (latifúndio) que era a unidade produtiva indepen-
dos deuses e administradas pelo patesi, chefe militar e re- dente e com características próprias. Economicamente, o
ligioso, ao homem caberia servir aos deuses não só com sistema feudal caracterizou-se pela produção agrícola para
produção, mas com a construção dos zigurates, templos consumo local, comércio reduzido, basicamente feito a base
religiosos. da troca de produtos e a quase inexistente utilização de
No Ocidente, as cidades-Estado foram características moeda. Com a crise do sistema feudal, período que vai do
predominantes, principalmente nas civilizações greco-ro- século X ao XV chamado de Baixa Idade Média, houve o de-
manas, consideradas a base histórica e cultural ocidental senvolvimento do comércio, proporcionado pelo excedente
devido à grande influência cultural que exerceu nas civili- produtivo – aquilo que não era destinado ao consumo - e
pelo Movimento Cruzadista, e a vida urbana renasceu. Sur-
zações subseqüentes. A própria língua portuguesa deriva
giram os burgos (fortificações que abrigavam os comercian-
do latim, idioma utilizado pelos romanos e os conceitos de
tes e onde viviam os chamados burgueses) que se tornaram
filosofia e democracia, desenvolvidos pelos gregos, forne-
grandes centros produtivos, e as corporações de ofícios
ceram modelos iniciais para o estudo do Homem em so-
para estabelecer um equilíbrio entre a oferta e a procura
ciedade.
de produtos e a manutenção da qualidade dos mesmos.
18
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A sociedade torna-se mais complexa e a necessidade do Estado centralizador volta a existir. A diversidade regional e
política passam a ser um obstáculo ao desenvolvimento do comércio, pois os senhores interferiam nas transações comer-
ciais. Não havia unidade monetária – moeda, dinheiro – legal ou mesmos pesos e medidas na Europa. Para os comerciantes
europeus, burguesia, um poder centralizado que impusesse regras e normas facilitaria as transações comerciais e suprimiria
os poderes locais dos senhores feudais. Ocorre então, a formação das monarquias centralizadas.
Fonte: carbonocatorze.blogspot.com
Modo-de-produção
Forma como se organiza a
produção de riquezas numa
sociedade. Um conjunto de
relações econômicas, mas
também sociais, políticas e
culturais, intimamente ligadas
entre si e interferindo uma nas
outras.
A escravidão fez parte de quase todo o processo evolutivo do Homem, não surgiu com os gregos ou com os romanos, existiu
também, no Antigo Oriente Próximo, espalhou-se pelo Ocidente, chegou até as sociedades modernas e no Brasil, onde persistiu
oficialmente até a Idade Contemporânea, mais precisamente até 1888, quando foi assinada a Lei Áurea pela Princesa Isabel.
O trabalho escravo, conforme se apresentava na sociedade Greco-romana, tinha pouco em comum com a escravidão
no período do Brasil colônia. Na Antiguidade Clássica o escravo era normalmente um prisioneiro de guerra ou um cidadão
que contraiu dívidas sem possibilidade de pagá-las, era visto como um simples instrumento de trabalho, e em alguns casos
poderia até recorrer por maus tratos. No Brasil colonial a escravidão foi fruto de uma relação econômica que vinha a aten-
der não só as necessidades produtivas, mas também as comerciais da época. A economia colonial dependeu, quase que ex-
clusivamente, da mão-de-obra escrava, a princípio indígena, e posteriormente africana, devido ao lucrativo tráfico negreiro.
19
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Porém, durante a Alta Idade Média, as relações de servidão Isto teria acontecido há 15 bilhões de anos atrás, porém
tornaram o Homem preso a terra. A sociedade estava dividi- ainda hoje há reflexos dessa explosão. Uma das evidências que
da em dois grupos sociais determinados pelo nascimento, se- buscam comprovar esta teoria é a procura por determinar se
nhores (nobres ou membros do clero) e servos. Contudo, havia o universo está crescendo ou diminuindo em tamanho, o que
grande diferença entre a condição de servo na Idade Média e provaria que ele não é estável, logo, não se manteria igual du-
de servo do Antigo Oriente Próximo, e também grande dife- rante o tempo todo. Porém, como explicar o motivo da explo-
rença entre a condição de escravo na civilização greco-romana, são dessa esfera, densa e quente, para começar?
quanto no período do Brasil colonial. Este é um debate que não tem previsão de acabar, pois
O servo medieval, não era escravo como o da Antiguidade, existem e existirão diversas controvérsias. Contudo, isso não im-
ou como os africanos trazidos para o Brasil séculos mais tarde, pois pede de tentar entender como surgiu o planeta Terra, pois esta
ele estava preso a terra, não podia ser negociado, ou seja, não era é uma compreensão importante para a sua formação geológica.
uma mercadoria, pois mesmo quando ocorria a transferência da O primeiro passo é entender o tempo no qual a Terra é forma-
propriedade do feudo a um outro senhor, os servos permaneciam. da. Anteriormente foi falado que o Big Bang ocorreu há 15 bilhões
Neste período, a igreja cristã tornou-se a instituição feudal de anos atrás. Qual é a sua referência para 15 bilhões de anos atrás?
mais poderosa de toda a Idade Média graças a sua incalculável Para ajudar nessa questão, veja o calendário cósmico no
riqueza e a hegemonia ideológica exercida na sociedade. Sua quadro, desenvolvido por um importante cientista e astrôno-
influência atingia os senhores feudais (a nobreza do país) e o mo: Carl Sagan.
seu representante máximo, o Rei. O símbolo dessa influência
eram as obrigações que a nobreza tinha com o clero e, princi- Calendário Cósmico: O modo mais didático que
palmente, na coroação do Rei, ocorria somente com a presença
conheço para expressar essa cronologia cósmica
e permissão do representante máximo da igreja cristã no país.
Porém, o aumento populacional experimentado pelos paí- é imaginar a vida de quinze bilhões de anos do
ses, junto com as cruzadas – guerra e conquista de povos e ter- universo (ou pelo menos sua forma atual desde
ritórios, bem como do solo sagrado, em nome do Deus católico a Grande Explosão) condensada em um ano. Em
-, permitiu o crescimento de uma nova classe dentro dessas vista disso, cada bilhão de anos da história da Terra
sociedades, os comerciantes. corresponderia a mais ou menos 24 dias de nosso
O ímpeto comercial, presente no auge da época Clássica ano cósmico, e um segundo daquele ano a 475
(com Grécia e Roma) havia sido substituído com a auto-suficiên- revoluções reais da Terra ao redor do Sol.
cia que o feudo possibilitava. Porém, a capacidade do feudo era Datas anteriores a Dezembro
limitada para suprir as necessidades da crescente população, que
Grande Explosão 1º de janeiro
foi obrigada a se aventurar pelo mundo. As cruzadas, e também
as outras guerras, permitiram o movimento de soldados e mer- Origem da Via Láctea 1º de maio
cenários em países com grandes riquezas comerciais, tais como Origem do Sist. Solar 9 de setembro
ouro, prata, tapetes e outros. Isto, foi realizado com a permissão Formação da Terra 14 de setembro
e o incentivo do Clero, em função da expansão islâmica que che- Origem da Vida (Terra) 25 de setembro
gou à Europa, especialmente na Espanha e, também, com os Reis,
interessados para aumentar suas posses. (...) Dezembro
Tais transformações, especialmente ascomerciais da Baixa Ida- Primeiros Dinossauros 24 de dezembro
de Média (X d.C.- XV d.C.) levaram a transição do sistema feudal Primeiros Mamíferos 26 de dezembro
para o sistema mercantil, as mudanças nas relações de trabalho
Extinção Dinossauros 28 de dezembro
também ocorreram. As corporações de ofício proporcionaram mo-
dificação no processo produtivo. Surgiram as oficinas produtivas Primeiros Primatas 29 de dezembro
controladas pelo mestre artesão que detinha os meios e os mo- Primeiros Humanos 31 de dezembro
dos-de-produção, e que passa a trabalhar diretamente com seus
oficiais, trabalhadores assalariados. Surgem os jornaleiros, indiví- 31 de dezembro
duos que passam a trabalhar por jornadas de trabalho, a sociedade Primeiros Humanos 22h30min
antes estamental (sem mobilidade e organizada pelo nascimento) Império Romano;
tornou-se dividida em classes e a riqueza determinada não só pela Nascimento de Cristo 23h59min56s
terra, mas também pela moeda. Assim, os reinos e a divisão política Cruzadas 23h59min58s
da Europa começarama se estruturar, tomando a forma de organi-
Renascimento Europa 23h59min59s
zação político-econômica que nós já aprendemos.
(Adaptado de SAGAN, Carl. Os dragões do Éden.)
ONDE E QUANDO TUDO COMEÇOU
A teoria mais aceita, atualmente, diz que o universo come- Neste calendário, podemos ver que o planeta Terra só
çou com uma grande explosão, no qual todos os materiais que surge em 14 de setembro, ou seja, muito tempo depois do
compõem todos os objetos presentes em galáxias, estrelas e pla- Big Bang. E, para surgir os primeiros seres humanos, foi so-
netas existiam em uma quente e densa esfera. Com a explosão, mente no último dia do calendário cósmico.
conhecida como Big Bang (do inglês: Grande Explosão), liberou- Uma vez entendido este calendário, avançamos na for-
se desta esfera estes materiais que, com a mesma explosão, em- mação da Terra. Este, também, é um campo com muita dis-
purrou-as para todos os lugares. cussão e controvérsias.
20
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, iremos tratar apenas daquela que é mais aceita atualmente: a teoria da condensação. Nela, diz-se que a Terra
e os outros planetas do Sistema Solar formaram-se através da condensação da matéria cósmica, ou seja, pedaços de rochas,
de gelo, de gases que estavam presentes pelo universo, começaram a se juntar, numa grande nuvem, constituindo o Sol (na
parte com mais gases) e os planetas, nas partes com maior concentração de rocha e gelo.
Isto teria ocorrido a 4,6 bilhões de anos atrás. Ao decorrer do tempo, a atividade do Sol sobre os planetas era direta e
forte, levando as rochas formadoras do planeta a se derreterem. O níquel e ferro, em grande quantidade naquele momento,
se fundiram e formaram o núcleo da Terra, enquanto na superfície flutuavam oceanos de rocha incandescente.
Depois, em torno de 4,0 bilhões de anos atrás, a crosta terrestre começou a adquirir forma, sendo que, no princípio, havia
grande número de pequenas plaquetas sólidas, que flutuavam na rocha fundida.
Porém, com o passar de milhões de anos, a crosta terrestre se tornou mais espessa, e os vulcões que entraram em erupção
começaram a emitir gases, que formaram a atmosfera. Assim, quando o vapor de água finalmente se condensou, formaram-se
os lagos, rios e oceanos.
Então, por volta de 3,5 bilhões de anos atrás, a maior parte da crosta terrestre já estava formada, porém a configuração
era muito diferente da atual. Não obstante, a Terra continuou e continuará em transformação.
A crosta terrestre está dividida em enormes placas – as placas tectônicas sobre as quais falaremos mais adiante -, cujas
bordas estão em constante atrito, resultando em diversas modificações. Sendo assim, os continentes estão sempre em movi-
mento, em função das forças provenientes do núcleo da Terra.
Não é possível citar as placas tectônicas sem falar da teoria da Deriva dos Continentes, que apesar de ter sido constituída no
século XVI, ela só ganhou força no século XX, com sua publicação por um meteorologista alemão, conhecido como Alfred Wegener.
Nesta teoria, o autor constrói sua argumentação através de elementos morfológicos, paleoclimáticos, paleontológicos e
litológicos, resumindo, através de elementos que demonstravam haver inúmeras evidências de similaridades entre os conti-
nentes. Dentre elas, podemos citar a presença de um mesmo réptil terrestre, já extinto, de nome Cinognatus, na América do
Sul e na África (se você reparar no contorno da costa leste da América do Sul e na costa oeste da África notará que há um
encaixe entre os continentes). Há, também, outro animal extinto chamado Lystrosaurus que aparece na África, Índia e Antár-
tida, reforçando a tese.
Além disso, nos locais de possíveis encaixes entre os continentes, existem, também, similaridades na estrutura geológica.
21
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Na figura acima, é possível verificar como teria sido a evolução da derivação (mudança) dos continentes ao longo de
milhões de anos. Foi Wegener quem sugeriu que antes só existia um super continente, de nome Pangéia. Com o passar
dos tempos, o mesmo foi se quebrando e se afastando, em função de terremotos ocasionados pela força do magma no in-
terior da terra. Note que a configuração do Planeta Terra está em constante alteração, porém para realizar esta observação
é necessário milhões e milhões de anos.
Um fato interessante de se notar é a Índia. No período Pérmico, ela aparece entre o que seria a África, a Antártida e
a Oceania mais ao lado. Nos períodos Triássico, Jurássico e Cretácio, ela se movimenta ‘fugindo’ desses três continentes,
porém se aproximando da Ásia. Por fim, no presente, vemos que ela se junta ao continente asiático, numa região onde há
inúmeros dobramentos modernos (ver quadro a seguir).
Fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/imagens/
Placas Tectônicas: A palavra tectônica deriva do radical grego tektoniké, que significa ‘arte de construir’.
A imagem demonstra as diversas placas que formam a crosta terrestre e, também, o resultado de sua
movimentação (orogênese), o processo no qual há a formação de montanhas ou cadeias de montanhas,
nas áreas onde há atrito e/ou separação das placas tectônicas. Estes encontros são os momentos onde
há terremotos e os dobramentos modernos. Há, também, a formação de vulcões nessas regiões, ou seja,
surge uma ruptura na crosta terrestre que permite o magma (material no qual as placas tectônicas se
movimentam) sair.
Dobramentos Modernos: Este nome é dado às formações recentes (em termos geológicos – no fim da
era Mesozóica e início da era Cenozóica – que trabalharemos no item seguinte) de montanha ou cadeias
de montanhas, ocasionados pela movimentação e choque das placas tectônicas. Os exemplos são: os
Andes, o Himalaia, as Rochosas, os Alpes e outros. Em função de sua formação recente, estas montanhas
e suas cadeias apresentam grande instabilidade, ocorrendo à ação de terremotos e vulcões, gerando e
destruindo novas montanhas. Também, essas montanhas apresentam elevadas altitudes e pouco desgaste
ocasionado pela a ação da erosão.
22
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
• Era Paleozóica
É a era posterior à pré-cambriana e antecessora da era
mesozóica. Neste período que durou entre 325 e 280 mi-
lhões de anos, surgiram os primeiros animais invertebra-
dos, isto é, sem esqueleto interior. Neste período rodeado
de transformações está registrada a existência da grande
extinção de espécies que chegou a 90%. Também se pode
destacar a formação da Pangéia, no período Pérmico, a
partir de vários blocos de rochas menores que se colidiram.
23
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Durante este período, houve a dominância dos dinossauros. Contudo, após milhões de anos, esta dominância acabou e,
com ela, acabou-se mais uma Era e, claro, iniciou-se outra: a Era Cenozóica. O domínio da mesma está representado pelos
mamíferos (período no qual ocorreu uma grande diversificação de espécies). Uma delas foi o surgimento dos primeiros
hominídeos.
A imagem ao lado mostra a evolução final dos hominídeos, conhecida como homo sapiens. Esta foi a espécie que me-
lhor se adaptou à natureza, conseguindo garantir a sua sobrevivência perante os desafios da natureza e das outras espécies.
Assim, no período Holocénico, o domínio no planeta ficou restrito a uma espécie de mamíferos, o homo sapiens.
24
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
25
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
5- A liberdade não depende da classe social. O amo pode reter seu escravo, mas não pode obrigá-lo a pensar algo que
não queira. Conforme o texto:
a) A liberdade é indivisível e não depende da classe social.
b) A liberdade para pensar não é uma escolha e independe da classe social
c) O pensamento independe da liberdade e da classe social.
d) O pensamento não é uma escolha.
e) A classe social determina o pensamento dos indivíduos.
Exercícios
1- a) Que o ser humano para sobreviver teve de criar ou construir seus próprios meios de defesa.
b) A partir das suas construções passou a dominar a natureza.
2- Forma como se organiza a produção de riquezas numa sociedade. Na escravidão os indivíduos são propriedade de
um senhor funcionando como instrumento de trabalho. Na servidão o indivíduo estabelece uma relação diferenciada, não
podendo ser trocado ou comercializado
3- A partir do momento que pode proporcionar riquezas e relações de domínio.
4- Resposta A
5- Resposta C
Caro Aluno
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude um pouco mais, você esta construindo um processo de apren-
dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
26
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 3
MODOS DE VER A PRODUÇÃO NO BRASIL
COMPREENDER O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE COMO PROCESSO DE OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS
FÍSICOS E AS RELAÇÕES DA VIDA HUMANA COM A PAISAGEM.
Mercantilismo:
Conjunto de práticas comerciais que propõe a grande Absolutismo:
arrecadação de metais e pedras preciosas. Poder centralizado nas mãos do
Características: rei validado pela igreja. O rei passa
• Estado interfere na economia. a ser a personificação do próprio
• Balança comercial favorável, ou seja, exportar mais do Estado. Foi uma forma de governo
que importar. predominante na Europa entre os
• Protecionismo, fortalecimento da economia reprimindo a séculos XVI e XVIII.
concorrência.
Fonte: cafehistoria.ning.com
As idéias mercantilistas modificaram as estruturas econômicas européia, a partir do século XV e, consequentemente, transfor-
maram também o padrão mundial de consumo, de ocupação do solo, o modo-de-produção e o de sobrevivência. Suas práticas
comerciais exigiam cada vez mais produtos o que demandava cada vez mais mão-de-obra e matérias-prima para produção. Como
conseqüência, o trabalho escravo passa a ser uma prática e a busca constante por novos mercados, especiarias e novas terras, uma
febre. Quanto mais a população crescia maiores eram as necessidades comerciais e a busca por riquezas. As exigências ultrapassa-
ram o campo material e ocuparam também o campo das idéias, à medida que as cidades se desenvolviam a busca por conhe-
cimento científico e artístico e por novas técnicas produtivas crescia na mesma proporção levando às descobertas científicas
que fizeram os Homens atravessarem o oceano em busca de novas terras.
Vimos florescer então, na Europa, o movimento Renascentista, que teve como princípios a valorização do Homem (humanismo),
das artes e da ciência através da construção de um novo saber cujo centro fosse a racionalidade. Esse modo de viver tinha como
modelo as concepções da Antiguidade Clássica, Greco-romana, e proporcionou uma interpretação também diferenciada do mundo.
A religiosidade, que por muito tempo dominou o modo de pensar e de agir das pessoas, passa a ser contestada pela racionalidade,
e as descobertas científicas vão levar à Expansão Marítima e, consequentemente, aos grandes “descobrimentos” e a europeização
do mundo, ou seja, ao primeiro processo de globalização, quando as atividades mercantis passam a ocorrer em escala mundial.
Diante desse quadro, estruturou-se uma nova ordem socioeconômica denominada por alguns estudiosos de capi-
talismo comercial ou capitalismo mercantil, com a acumulação progressiva de riquezas que abriram caminho para a
industrialização dos séculos XVIII e XIX.
27
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Até 1492 a Europa pode ser interpretada como mera periferia do mundo muçulmano. Com poucas cidades, riqueza
escassa, população relativamente pequena, arte e ciência submetidas ao domínio da igreja. O Império Árabe dominava as
principais rotas de comércio, o Mar Mediterrâneo e os conhecimentos náuticos. Somente após os grandes descobrimentos,
no período denominado Idade Moderna, com a ocupação de novos territórios, com descobrimento de novas rotas comer-
ciais e com a submissão dos povos conquistados que essa condição européia mudou.
De periferia passa a ocupar uma posição mais central no cenário mundial, eurocentrismo. Europa como centro do
universo, e geradora de todo o conhecimento que deveria ser imitado pelos povos conquistados e para que se desenvol-
vessem precisavam ser “civilizados” seguindo o padrão europeu.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Iberian_map_europe.svg
28
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Os primeiros grupos humanos a chegar atingiram o Alaska e atravessaram a América. Com o passar do tempo foram
se espalhando pelo continente, formando suas comunidades com características específicas influenciadas pelo território
que dominavam. Há teorias que exploram as possibilidades de alguns bandos terem chegado ao Brasil através do Oceano
Atlântico, vindos da África. Porém, são teorias que permanecem ainda em estudos.
No caso brasileiro, podemos notar a existência de comunidades ainda em primitivo estágio de desenvolvimento, os in-
dígenas viviam da caça, da pesca e da agricultura, os grupos lingüísticos eram os mais variados, foi com os Tupis que Cabral
estabeleceu o primeiro contato, e foram eles a primeira mão-de-obra explorada no Brasil. Em parte, o extermínio dessas
comunidades ocorreu devido a essa exploração. A organização produtiva no Brasil necessitava de mão-de-obra, Portugal
era um reino que não ultrapassava muito mais do que um milhão de habitantes, não havia população suficiente para enviar
para fora do país. A opção foi pela escravização da população local.
Além da mortandade causada pela escravidão, tanto na perseguição quanto na imposição de trabalho pesado, aqueles
que sobreviviam eram obrigados a assumir o modo de vida dos europeus. Esta imposição dava-se através da catequização,
imposta pelo colonizador e pelos jesuítas, forçando as comunidades indígenas a abandonarem suas origens e raízes para
assumir a cultura européia, resultando na desintegração de suas culturas. Esse processo é chamado de aculturação.
Se por um lado, a catequização, auxiliou na consolidação de uma civilização mestiça no Brasil, por outro, através da
imposição do catolicismo, fazia com que as comunidades indígenas aceitassem sua condição de submissos.
29
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Fonte: http://www.jornaldosamigos.com.br/
mata_atlantica.jpg
30
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
31
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
32
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O plantio de café, que começou no Rio de Janeiro, en- Até antes do advento da ferrovia, o transporte de car-
controu logo sua limitação: Os produtores sofriam com a fal- gas no Brasil era feito com mulas e burros, através de es-
ta de espaço para expandir suas plantações. Então, os novos tradas carroçáveis. Estima-se que, em Santos, chegavam anual-
produtores começaram a levá-lo para outros lugares, com mente 200 mil animais transportando café e outros produtos
grande destaque para o interior paulista, sul de Minas Gerais, agrícolas e retornavam com as mercadorias importadas para
Espírito Santo e, posteriormente, Norte do Paraná. São Paulo e outras regiões.
Esta região detinha o clima adequado para a produção A ferrovia só ganhou destaque através do empresário Iri-
de café, com temperaturas medianas (entre 18º a 25º), um neu Evangelista de Souza (1813-1889), conhecido como Barão
inverno não muito rigoroso e um verão não muito forte, chu- de Mauá, que conheceu na Inglaterra as fábricas, fundições de
vas regulares (seca de no máximo de 3 meses), uma altitude ferros e a ferrovia (elementos presentes na Revolução Industrial),
mínima de 500 metros e um solo fértil. Estas características e decidiu trazer a industrialização para o Brasil. Sua iniciativa foi
estão presentes em todos os estados citados, porém um fator agraciada com a construção do primeiro trecho de ferrovia, ligan-
faz a diferença, a terra roxa. do a Praia de Estrela, na Baía de Guanabara à Raiz da Serra de
Assim, com a maior procura pelo café no exterior, a pro- Petrópolis, conhecida como a Estrada de Ferro de Petrópolis.
dução de café disparou no interior paulista, substituindo a ca- Contudo, as construções de ferrovias no Brasil atendiam
na-de-açúcar onde ela já havia alcançado e expandiu as terras aos interesses dos produtos de café (produto que financiava
cultiváveis paulistas, através da devastação da Mata Atlântica. as ferrovias, junto com o Estado brasileiro), renegando o trans-
Essa expansão levou à criação de novas cidades, o que porte intermunicipal e interestaduais de pessoas e mercadorias.
transformou terrenos, antes naturais, em pequenas cidades, A lógica das ferrovias era de buscar o café nas principais
onde a economia local girava em torno das grandes fazendas, fazendas produtoras e encaminhar o produto aos portos para
que estavam ligadas aos maiores centros através da ferrovia. serem exportados. Isso tornava as ferrovias menos eficientes,
pois eram necessários diversos desvios até o destino final.
As ferrovias garantiram a continuidade da produção e ex-
portação do café brasileiro, dando-lhes uma grande vantagem
logística, porém as regiões produtivas do Brasil se mantiveram
longe uma da outra e com difícil acesso. A utilização de carro-
ças, através de precárias estradas, impedia um maior intercâm-
bio entre as cidades, de pessoas e mercadorias e a ferrovia era
a solução ideal para a época.
33
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
34
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Após muita pressão externa, principalmente dos ingleses que necessitavam ampliar seu mercado consumidor; e interna
com a dificuldade de abastecimento de mão-de-obra escrava interprovincial, ocorre o fim da escravidão no dia 13 de maio
de 1888, conforme já pontuamos no capítulo anterior quando a Princesa Isabel assina a Lei Áurea.
O GADO
Este animal, no começo da exploração brasileira, era visto como um elemento complementar nas fazendas, servindo de
força de tração – puxando carroças e material para arar o solo - e de alimento para consumo próprio.
Inicialmente, a presença de gado aconteceu na Bahia e, depois, para os demais Estados do Nordeste. A abundância de
chuva, na Zona da Mata, permitia a criação de pastos onde o gado se alimentava. Porém, com o incremento na produção da
cana-de-açúcar e a necessidade de mais terras para plantar, os gados foram levados ao interior do Nordeste, mas sempre
próximos aos rios, onde há pasto e água para sua sobrevivência.
Contudo, o clima do sertão nordestino não é muito adequado para o gado, mesmo quando estão próximos aos rios. É
por isso que, com o passar do tempo, outras regiões começaram a criar gado, obtendo mais sucesso. Também, não haveria
de ser diferente, já que no nordeste temos uma mudança do clima tropical semi-árido, com uma vegetação pobre em ali-
mentação (caatinga), para um clima sub-tropical úmido e/ou tropical úmido, com uma vegetação abundante e rica para a
alimentação de gado (campos naturais – campanha gaúcha e campos de vacaria no Mato Grosso do Sul.
Porém, o gado é um argumento a mais para justificar a destruição de uma vegetação natural. A prática atual no Brasil
é a extensiva, ou seja, grandes pedaços de terra para uma grande quantidade de gado, se alimentando através do pasto.
Quando há necessidade de mais espaço, a primeira coisa que acontece é a destruição da floresta próxima ou da própria
fazenda, para alimentar os animais.
Não obstante, tal prática extensiva é pior para a produção de gado para corte – aquele que nós compramos no frigorí-
fico. É uma técnica antiga, rudimentar, que não aproveita os conhecimentos obtidos durante anos e anos de estudo desses
animais, para melhorar a não só a sua alimentação – através de ração –, mas também sua saúde e controle.
UMA REFLEXÃO
As principais rodovias existentes no Brasil passam por São Paulo ou estão dentro de São Paulo. Este fato é em função
da produção industrial brasileira se concentrar no estado, um mercado consumidor forte, possuir grandes plantações agrí-
colas e criação de gado e, por fim, possuir um planalto relativamente plano após a serra do mar, o que diminui o custo de
construção.
35
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Portanto, temos as rodovias estaduais no sentido Interior Embaixo do “cascalho cego” estão 24 toneladas de
(SP-Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto), com destaque para ouro numa área de cem hectares, segundo estimativa do
o sistema Anhanguera-Bandeirantes (reprodução de antigas Departamento Nacional de Produção Mineral de 2004. Ex-
rotas dos bandeirantes) e, no sentido litoral (SP-Santos), o trair essa fortuna depende de máquinas, pois o ouro não
sistema Anchieta-Imigrantes. Essas rodovias representam o está ao alcance das mãos de garimpeiros.
que aconteceu com o transporte ferroviário no Estado e no “Se você perguntar, 95% das pessoas querem sair de lá
Brasil. Ele foi substituído pelo o uso de rodovias e caminhões [Serra Pelada], mas não têm condições”, diz o candidato do
como os meios de transporte preferenciais de mercadorias PT, Luiz Rezende, 44.
(carros e ônibus para pessoas). Os trechos citados anterior- Já Wenderson Chamon, 33, o Chamonzinho (PMDB),
mente, possuíam uma importante malha ferroviária que es- disse que não quer falar sobre Serra Pelada. Ele tenta se
coava a produção de café do interior do Estado. esquivar da disputa pelo controle da Coomigasp, a coope-
Não obstante, temos as rodovias federais que chegam rativa de garimpeiros de Serra Pelada.
a São Paulo, tais como: a Fernão Dias (SP – Belo Horizonte O direito de mineração na área de cem hectares, será
– Brasília); a Dutra (SP – Rio de Janeiro) e; Régis Bittencourt da Coomigasp, que reúne mais de 45 mil associados no
(SP – Curitiba – Florianópolis – Porto Alegre). país.
Podemos ver na imagem anterior, portanto, o mapa com O ex-prefeito e fundador da Coomigasp, Sebastião
todas as rodovias existentes e em projeto no Brasil. É possí- Moura (DEM), 73, o major Curió, é a maior influência elei-
vel observar que, há ligações entre quase todos os estados toral local. Ele foi cassado em julho passado acusado de
com fronteiras, tendo exceção alguns estados do Norte, em compra de votos. Curió comandou Serra Pelada por ordem
função da Floresta Amazônica. Estes são estados onde há o do governo, na década de 80. Curionópolis foi batizada
domínio de outro meio de transporte, o fluvial (especialmen- com esse nome em homenagem a ele. Para a prefeitura, o
te na Amazônia, em função da grande bacia hidrográfica da candidato dele é Alexei da Silva (PDT), 40, que prega “levar
região). Isso acontece por causa da maneira extremamente vida digna” aos garimpeiros.
complicada, com altos custos financeiros e ambientais, de Após o prefeito ser cassado, assumiu o poder o verea-
construir uma rodovia na Floresta Amazônica. dor Cassiano Bezerra, 42, (PSB), eleito por via indireta pela
Esta solução começou a ser implantada em outros lu- Câmara. Disse que seu primeiro projeto é atender Serra
gares, especialmente em São Paulo e no Sul do país, que se Pelada.
utilizam da Bacia Platina (Bacia do Paraná e do Uruguai) para a) Localize num mapa a Serra Pelada.
transporte de mercadorias agrícolas, através de hidrovias b) Em 1980, a região de Serra Pelada alcançou seu
(mais importantes são o Rio Tietê e o Paraná). período de maior produção. Faça um paralelo entre a situa-
Junto com as ferrovias, as hidrovias apresentam a me- ção da região em 1980 e hoje.
lhor forma de transporte de mercadorias, tendo em vista a
relação custo/benefício final. Uma composição de trem ou SUGESTÃO PARA PESQUISA:
várias barcaças sendo rebocadas retiram um número expres- O que restou dos quilombos?
sivo de caminhões das estradas e das cidades. Contribuem Atualmente podemos encontrar cerca de 724 comu-
para a diminuição na poluição atmosférica, com o trânsito e nidades negras identificadas como remanescentes de qui-
a preservação das estradas e ruas. lombos. Entretanto nem todas foram reconhecidas pelo
governo. Busque identificar algumas delas levando em
LEITURA COMPLEMENTAR conta a região, a população, a organização produtiva e os
18/09/2008 - 08h49 costumes.
Voto de garimpeiro é decisivo em Serra Pelada
AGORA É A SUA VEZ!
HUDSON CORRÊA - enviado especial da Folha a Curio-
nópolis (PA) 1- De que forma atualmente podemos perceber as
Serra Pelada virou uma favela sobre toneladas subterrâ- interações culturais entre os povos que ocuparam o terri-
neas de ouro, mas os votos de seus moradores, a maioria ex- tório brasileiro?
garimpeiros, são decisivos nas eleições de Curionópolis (PA).
Por isso, os candidatos a prefeito disputam a preferência do 2- Leia o trecho do poema de Castro Alves, “O Navio
povoado de ex-garimpeiros. Negreiro” e responda.
Cerca de 6.000 pessoas, segundo a prefeitura, vivem em “Era um sonho dantesco...O tombadilho
Serra Pelada. É mais de um terço da população de Curionó- Que das luzernas avermelha o brilho.
polis. Distrito do município, a serra reuniu, no início da déca- Em sangue a se banhar.
da de 80, 116 mil homens atrás de ouro. “No morro tiravam Tinir de ferros... estalar de açoites...
as folhas do chão e achavam as pedras de ouro. Então, veio Legiões de homens negros como a noite,
um cascalho cego e não acharam mais nada”, diz Sebastião Horrendos a dançar...
Ferreira da Silva, 78, o Trovão, garimpeiro que chegou por Negras mulheres, suspendendo às tetas
lá em abril de 1980 e hoje vive em um barraco de madeira Magras crianças, cujas bocas pretas
coberto de palha, moradia semelhante à de outros ex-ga- Rega o sangue das mães
rimpeiros do local. Outras moças, mas nuas e espantadas,
36
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
37
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
38
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
39
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
40
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A mecanização industrial iniciou-se na Inglaterra com a indústria têxtil (tecidos), devido ao fato de ter sido ela o reino
que mais acumulou capital durante a fase do capitalismo comercial. A produção têxtil tinha amplos mercados coloniais,
portanto o lucro com essa produção era garantido. O surgimento da mecanização industrial alterou profundamente as
relações sociais e produtivas, substituindo a manufatura – trabalho manual - pela maquinofatura – trabalho feito pelas
máquinas industriais -, fazendo com que o trabalhador artesão fosse perdendo sua função e desaparecendo.
Porém, para as máquinas funcionarem, o que era necessário? Energia, claro, mas de onde ela vinha? A solução era o
vapor, que era obtido através do aquecimento de uma grande quantidade de água através da queima de carvão, gerando
o vapor necessário para o funcionamento das máquinas.
Este era, portanto, um fator importante para a localização das primeiras grandes indústrias, ou seja, estar próximo das
minas de carvão. Porém, somente este fator não explica a revolução causada pela máquina na produção na sociedade. Era
necessário, também, que houvesse pessoas interessadas em trabalhar nas fábricas, pois os antigos artesões não atenderiam
a demanda.
Para tanto, fora utilizado na mão de obra o antigo camponês, agora, servo dos senhores feudais nos feudos, os quais,
neste momento, trocavam a colheita de subsistência por ovelhas para vender a lã às indústrias. Aqueles que foram expulsos
de suas terras foram para as cidades e lá, para sobreviver, aceitaram os cansativos trabalhos nas fábricas.
Observe as imagens anteriores, há grande diferença entre as estruturas produtivas nas atividades artesanais medievais
e na industrial do século XIX.
Enquanto na figura da esquerda o artesão, possuidor de habilidade criativa e produtiva, cuida da pequena produção
sendo, ele mesmo, o trabalhador e o dono dos meios de produção e dos frutos do seu trabalho. Na figura da direita, o
trabalho industrial impõe ao trabalhador operário, longas jornadas de trabalho, grande produção, salário (pois o trabalho
é visto como mercadoria), sujeição à maquina e alienação.
Nessa estrutura sócio-econômica ocorre a definitiva separação entre capital, representado pelo dono dos meios e mo-
dos-de-produção, e trabalho, representado pelo operário, ou proletário, que por não terem mais posse das suas ferramen-
tas ou máquinas de trabalhar passam a vender seu único produto, sua força de trabalho em troca de salário. A exploração
desenfreada desses operários, que são submetidos à baixa remuneração e a péssimas condições de trabalho em favor do
enriquecimento dos proprietários, proporcionará a criação de organizações trabalhistas como as trade unions (sindicatos)
que se mostravam preocupados com a nova ordem social.
Por fim, o capitalista precisava vender a sua produção. Naquele momento, o mercado interno estava adequado à oferta
dos artesões e os novos trabalhadores assalariados não possuíam a renda necessária para consumir além daquilo que era
absolutamente necessário para a sua sobrevivência. Logo, a exportação – envio da mercadoria para outros países - e a
grande quantidade de mercados dominados pela Inglaterra, foi a solução encontrada.
www.vitruvius.com.br
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/imagens/artigos/historia/revolucao_industrial_03.jpg
Era necessária, portanto, uma confiável estrutura de transportes e de comunicações, para que os negócios fluíssem
sem maiores dificuldades. Estradas terrestres teriam que possuir uma infra-estrutura melhor, as fluviais (importantes vias
de comércio para os ingleses) tiveram portos que foram melhorados, permitindo um fluxo estável e seguro dos produtos.
Este é um movimento cíclico, ou seja, um gera e puxa o outro. Quanto mais produção, maior é a necessidade por ope-
rários, maior é a necessidade por mercados, maior é a necessidade de transporte (de mercadorias e pessoas) e maior é a
necessidade de matérias-primas. As cidades começaram a ganhar a forma atual, onde a grande e não pensada aglomeração
de milhares de pessoas trazem problemas à própria cidade.
41
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
42
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Além disso, as potências européias necessitavam de A Primeira Grande Guerra (1914 – 1918) envolveu to-
espaço para o excedente populacional e novas áreas para das as grandes potências do mundo ocidental da época,
investimentos onde pudessem ser estabelecidas bases es- caracterizou-se pelo conflito bélico fazendo com que cada
tratégicas que garantissem a segurança financeira de seus Estado assumisse o controle absoluto da sua economia e
investimentos. Essa nova realidade abriu espaço para o de- voltasse seus esforços para a guerra. Todos os cidadãos fo-
senvolvimento do capitalismo financeiro que submetiam ram recrutados para participar ou do exército ou da produ-
as atividades produtivas e comerciais às instituições finan- ção industrial para a guerra.
ceiras devido aos empréstimos, financiamentos, ou mesmo
ao controle acionário.
Os defensores do imperialismo, também chamado de
neocolonialismo, afirmavam que o modelo administrativo Neocolonialismo: é o movimento de que
europeu garantiria melhores condições de vida às regiões retomou a idéia de colonizar o continente
que o incorporavam. O imperialismo era visto por muitos africano, no meio do século XIX. Com a expansão
como uma “missão civilizadora”, pois cabia ao “homem industrial ocorrendo outros países, a rivalidade
branco” a missão de levar a “civilização” aos povos que, ressurgiu e os mercados (para comprar matéria-
pelo olhar europeu, ainda estava em estágio primitivo de prima e vender a produção) diminuíram com as
desenvolvimento, portanto necessitava da ajuda de povos ações protecionistas. Assim, para evitar novos
já “civilizados”. “Era o fardo do homem branco” caracte-
conflitos, fora acertado a partilha do continente
rizando, portanto, uma dominação que podia ocorrer de
africano, durante a Conferência de Berlim 1884-
duas formas: ou por meio de administração direta, com a
ocupação dos principais cargos governamentais por indi- 85, que permitiu a exploração econômica das
víduos da metrópole; ou indireta, através de acordos ou colônias agora divididas conforme os interesses
alianças entre agentes metropolitanos e a elite local. e a importância econômica de cada nação. Este
foi um dos fatores que levaram a Primeira Guerra
POVO “CIVILIZADO” QUE PROMOVE GUERRAS! Mundial, com o descontentamento com a divisão
A partir do século XX, diante da opressão imperialista feita e o crescimento que cada país experimentou
imposta aos continentes asiáticos, africanos e latinos, des- durante os anos seguintes à partilha.
mascarou-se a farsa civilizatória criada pelos europeus, isto
é, o discurso da missão civilizadora se perdeu, principal-
mente com os conflitos pelas disputas territoriais e com a
eclosão das duas grandes guerras mundiais. Nas duas fases de conflito, guerra de movimento e
guerra de trincheiras, cada país defendia palmo a palmo o
território conquistado e as inovações tecnológicas garan-
tiam um poder de destruição até então inatingível. Entre as
inovações tecnológicas podemos citar os tanques de guer-
ra, os encouraçados, os submarinos, os obusses de grosso
calibre e a aviação.
A Segunda Grande Guerra (1939 – 1945), marcada pelo
totalitarismo, fascismo na Itália e nazismo na Alemanha,
determinou a definitiva negação ao caráter civilizatório eu-
ropeu ou de qualquer outra grande potência da época.
43
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Guerra de Trincheira: Conhecida como a segunda fase da Primeira Guerra Mundial, onde as
linhas de defesa de cada nação envolvida no conflito, cavam milhares de trincheiras (túneis)
onde a infantaria ficavam para defender ou partir para o ataque. Havia pouca alteração no
ganho e perda de território, pois era uma posição que privilegiava a defesa.
Guerra de Movimento: Conhecida como a primeira fase da Primeira Guerra Mundial, onde as
linhas de defesa e ataque possuíam grande mobilidade, levando a altos ganhos e perdas de
território, conforme a batalha ocorria.
Muitos historiadores afirmam que a Segunda Guerra foi uma continuidade da Primeira Guerra, e surgiu devido ao
revanchismo e o nacionalismo exacerbado pelos países “vencidos”, que não concordavam com o desfecho proposto pelo
Tratado de Versalhes, que conheceremos melhor adiante. A Alemanha, considerada culpada pela eclosão da Primeira
Guerra, foi a que mais reagiu às determinações do tratado.
O revanchismo e o nacionalismo desenvolvidos pela Alemanha, após o Tratado de Versalhes, sentindo-se injustiçada
pelas determinações, configurou o Nazismo que proporcionou o extermínio em massa de milhões de judeus, ciganos, de-
ficientes, homossexuais comunistas e militares. Calcula-se que cerca de 50 milhões de pessoas tenham sido exterminadas.
Os campos de concentração, para onde eram enviados os judeus, proliferavam em grande escala e o extermínio chegou
a proporções tão grandes que os corpos precisavam ser incinerados. Com o fim da Segunda Grande Guerra uma nova or-
dem mundial se estabeleceu, a Europa perde sua posição de eixo do poder, já que saiu da guerra destruída, dando espaço
para duas novas potencias: Washington – EUA - e Moscou – União Soviética (URSS) -. Inauguravam-se dois pólos opostos
de poder, um com bases no capitalismo (EUA) e outro com base no socialismo (URSS) estabelecendo novo conflito, só que
agora ideológico e sem confronto direto, conhecido como Guerra Fria.
O Brasil posicionou-se a favor dos aliados, Inglaterra, França e Estados Unidos na II Guerra Mundial, apesar da postura
de indefinição inicial do governo de Getúlio Vargas que ora pendia ao Eixo, Alemanha, por acompanhar tendências totali-
tárias e manteve essa postura também no decorrer da Guerra Fria.
44
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Fonte: http://galeria.blogs.sapo.pt/
O quadro ao lado consegue transmitir a idéia do que Mapa da Europa durante a Guerra Fria. Na área em
foi a Guerra Fria, que perdurou até o desmantelamento da vermelho, influência da União Soviética. E na área
União Soviética. Isto começou com a queda do muro de em azul, influência dos EUA.
Berlim – muro erguido pela União Soviética na cidade de
Berlim, que fora capturada e divida pelos Aliados, após a
Segunda Guerra Mundial, considerada a expressão máxi-
ma da separação do mundo capitalista e socialista –, em O mapa ao lado mostra claramente como ficou a divi-
1989 e, em 1991, definiu-se o seu fim, com a criação da são de influências pós-segunda guerra mundial.
CEI (Comunidade dos Estados Independentes). Comu- E, como era de se esperar, houve um acirramento entre
nidade formada por suas antigas repúblicas, com exceção as duas partes. Os países sob a influência dos EUA recebe-
da Lituânia, Estônia, Letônia e, agora, Geórgia que o seu ram ajuda financeira, no que ficou conhecido como Plano
parlamento aprovou a separação em 2009. Marshall, para reorganizarem suas economias, uma ma-
Sobraram, então, ainda 10 repúblicas associadas, sen- neira de evitar novos conflitos.
do elas: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Esta ajuda fazia parte da Doutrina Truman (Presidente
Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Ucrânia e Uz- dos EUA da época) que visava aumentar a influência nor-
bequistão. te-americana (capitalista), impedindo a expansão da União
Não obstante, o surgimento desta bipolaridade veio Soviética (socialista) na Europa e no mundo. Ela buscava
após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial, pois havia a contenção da influência socialista, não somente através
uma divisão ideológica entre os vencedores. A busca pela de ajuda econômica, mas também de guerras, como as da
vitória, que levou a união dessas diferentes ideologias, tor- Coréia e do Vietnã.
nou-se uma motivação passageira. O que importava, neste O Plano Marshall serviria para qualquer país que sofreu
momento, era a divisão final das áreas que Hitler-Musso- com os efeitos da Segunda Guerra Mundial, veja a frase do
lini-Hiroito (Alemanha, Itália e Japão, respectivamente) ha- criador deste plano:
viam conquistado durante sua expansão. “A política dos Estados Unidos não é dirigida con-
Aquelas terras que foram alvo de batalhas vitoriosas tra um país ou uma ideologia, mas contra a fome, a
(através da expulsão dos alemães) por tropas da União So- pobreza, o desespero e o caos. Quem tentar bloquear
viética ficaram sob a sua influência política e econômica. O a reconstrução de outros países não pode esperar aju-
mesmo aconteceu com as terras em que os Estados Uni- da”. Discurso de George Marshall em 5 de junho de 1947,
dos, Inglaterra e os demais aliados foram vencedores. referindo-se ao bloco comunista do Leste Europeu, que
realmente foi excluído da ajuda ao exterior, aprovada em
3 de abril de 1948.
Bastava, portanto, cada país apresentar uma lista com
os danos sofridos e com estimativas daquilo que esperava
ser necessário para reconstruir. Contudo, os países sob in-
fluência da União Soviética não puderam utilizar-se deste
recurso, pois consideravam este ato como uma guerra eco-
nômica dos EUA.
45
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Além disso, estava previsto a criação de organismos O sistema de mandatos estabelecido, revezamento de
internacionais, como a OTAN (Organização do Tratado do países membros e convidados, somado a dificuldade em
Atlântico Norte), para auxiliar na defesa militar destes paí- se chegar a definição de algum problema (algumas ques-
ses sob a influência dos EUA. Neste caso, houve uma con- tões exigiam a unanimidade de votos dos países membros,
trapartida soviética com a criação do Pacto de Varsóvia, inicialmente 9, posteriormente 15 e, também, outras ques-
garantindo a defesa militar dos países sob a influência da tões exigiam o consentimento unânime de toda a assem-
União Soviética. bléia), levou a várias indefinições e, assim, chegou ao fim.
Na luta pela dominação política e econômica mundial, Apesar do fracasso em arbitrar as disputas, desta ini-
o Brasil ficou sempre ao lado dos EUA, de maneira explícita ciativa surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU).
ou implícita. Os interesses econômicos estavam sempre em E, com ela, lições foram aprendidas para evitar um fracasso
voga e havia a defesa dessa aliança em todos os níveis da semelhante ao da Liga das Nações (logo da ONU na ima-
sociedade. Contudo, no governo de Jânio Quadros, surgiu gem ao lado).
a idéia de Política Externa Independente (PEI), onde o A próxima imagem, do mapa mundo, mostra todos os
Brasil passou a estabelecer relações comerciais e diplomá- países que estavam vinculados a ONU no ano de 2008. Exis-
ticas com quaisquer países que desejavam fazê-lo pacifica- tem algumas exceções, no caso da Antártica, não há confi-
mente, fugindo assim, das exigências dos dois pólos anta- guração de país, é um espaço internacional para pesquisas,
gônicos para submeter-se à suas influências. regulado através do Tratado da Antártica. E outros, como
Houve um regresso a um alinhamento específico aos o Saara Ocidental, que está em disputa com Marrocos e a
EUA, quando ocorreu a ditadura, porém durante o gover- Frente Polisário; Taiwan, que é considerada uma província
no Médici, a PEI retornou com o nome de Pragmatismo da China e Kosovo, considerada província da Sérvia.
Responsável, onde os interesses nacionais colocavam-se a
frente dos demais.
ORGANISMOS INTERNACIONAIS
O Tratado de Versalhes foi imposto ao perdedor da
Primeira Guerra Mundial, no caso, a Alemanha em 1919.
Nele, foi assinado um armistício, do latim arma (arma) e sti-
tium (parar), onde a Alemanha aceitou a responsabilidade
pela guerra, concordando em pagar reparações aos países
vencedores e a sofrer restrições tanto territoriais quanto no
que dizia respeito ao tamanho de seu exército.
Na época, a quantia a ser paga foi estabelecida em 33
bilhões de dólares, ainda ocorreu perda territorial para a
França – a região de Alsácia-Lorena é devolvida à França,
que já fora motivo de guerras anteriores entre as duas na- Fonte: http://www.onu-brasil.org.br/
ções – e as suas colônias na África. Por fim, a última limita-
ção imposta foi que a capacidade dos alemães de fabricar
armas (como navios e aviões) estavam limitadas à cotas A ONU agrega várias organizações internacionais,
menores dos exércitos inglês e francês. como as já citadas anteriormente, além da UNESCO (Or-
Outro fato importante, deste Tratado, foi o estabele- ganização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
cimento da Liga das Nações. Ela agiria como um árbitro e a Cultura), a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a
das disputas entre nações, com o objetivo de evitar guerras Infância), o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras
na mesma escala e destruição da Primeira Guerra Mundial. importantes organizações sociais.
Hoje se sabe que tal Liga fracassou, pois não conseguiu
prevenir a Segunda Guerra Mundial, que fora mais destru-
tiva que a primeira.
Contudo, outras importantes organizações internacio-
nais surgiram na mesma época, dentre elas: a Organização
Internacional do Trabalho (OIT), Tribunal Permanente da
Justiça Internacional (atual Tribunal Internacional de Justi-
ça) e Organização da Saúde (atual Organização Mundial da
Saúde [OMS]) que estavam ligadas a Liga das Nações.
Porém, a Liga não englobava todos os países do mun-
do naquela época. A União Soviética fora deixada de lado,
pois era um país socialista (só entrou em 1934). Os EUA,
cujo Presidente, Woodrow Wilson, fora o idealizador deste
organismo internacional, vetou, através do Senado, a sua
participação. Assim como a Alemanha e a Turquia também
não participaram (entraram 1925 e 1934, respectivamente).
46
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:United_Nations_Members.PNG
Desde a sua criação, após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, a ONU atua com alguns dos mesmos ideais da Liga
das Nações e outros que se tornaram fundamentais aos povos, que são: (1) Manter a Paz Mundial; (2) Proteger os Direitos
Humanos; (3) Promover o Desenvolvimento Econômico e Social das nações; (4) Estimular a autonomia dos povos depen-
dentes; e (5) Reforçar os laços entre todos os estados soberanos.
Para manter-se operacional e cumprir com seus objetivos, a ONU depende do financiamento dos países membros. São
doações voluntárias, determinadas pela capacidade de cada país pagar e, também, num teto máximo de doação por país
– para não criar dependência do mesmo.
Fonte: http://www.info.planalto.gov.br/exec/inf_fotografia.cfm?diafoto=29&mesfoto=5&anofoto=2008
47
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
No ano de 2008/2009, seu orçamento está previsto em 4,86 bilhões de dólares, para o funcionamento regular e, tam-
bém, financiar as missões de manutenção de paz, a qual o Brasil realiza no Haiti. Os soldados que atuam nessas missões
utilizam o capacete (ou boina) na cor azul e, por isso, são chamados de Boinas Azuis, como podemos ver na próxima foto.
Há, atualmente, críticas à atuação da ONU nos conflitos do Século XXI. Especialmente, quando se trata da Invasão do
Iraque, pelos norte-americanos, em 2003. A ONU mediava desde o final da Guerra do Golfo, na década de 90, com o Go-
verno de Saddam Hussein, a supervisão para impedir o desenvolvimento de armas para destruição em massa. Contudo,
após o ataque de 11 de setembro, os EUA decidiram agir, com a ajuda de alguns países aliados, pela invasão do Iraque,
mesmo sem o consentimento do Conselho de Segurança (órgão interno da ONU, no qual os membros – China, EUA, França,
Inglaterra e Rússia – possuem o direito de veto sobre as decisões da Assembléia). Isso levou a um desprestígio da entidade,
mesmo se comprovando, posteriormente, que não havia nenhum tipo de armas de destruição em massa em solo iraquiano.
TEXTO COMPLEMENTAR
24/02/2008 - 08h00
DIREITO DE VOTO FEMININO COMPLETA 76 ANOS NO BRASIL; SAIBA MAIS SOBRE ESSA CONQUISTA
da Folha Online
Faz só 76 anos que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais. Esse direito foi obtido por meio
do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932. Mesmo assim, a conquista não foi completa. O código permitia
apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar.
As restrições ao pleno exercício do voto feminino só foram eliminadas no Código Eleitoral de 1934. No entanto, o
código não tornava obrigatório o voto feminino. Apenas o masculino. O voto feminino, sem restrições, só passou a ser
obrigatório em 1946.
Reprodução
O direito ao voto feminino começou pelo Rio Grande do Norte. Em 1927, o Estado se tornou o primeiro do país a per-
mitir que as mulheres votassem nas eleições.
Naquele mesmo ano, a professora Celina Guimarães --de Mossoró (RN) se tornou a primeira brasileira a fazer o alis-
tamento eleitoral. A conquista regional desse direito beneficiou a luta feminina da expansão do “voto de saias” para todo
o país.
48
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
MULHERES NO PODER
A primeira mulher escolhida para ocupar um cargo eletivo é do Rio Grande do Norte. Foi Alzira Soriano, eleita prefeita
de Lajes, em 1928, pelo Partido Republicano. Mas ela não terminou o seu mandato. A Comissão de Poderes do Senado
anulou os votos de todas as mulheres.
Reprodução
Em 3 de maio de 1933, a médica paulista Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher a votar e ser eleita deputada
federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.
A primeira mulher a ocupar um lugar no Senado foi Eunice Michiles (PDS-AM), em 1979. Suplente, ela assumiu o posto
com a morte do titular do cargo, o senador João Bosco de Lima. As primeiras mulheres eleitas senadoras, em 1990, foram
Júnia Marise (PRN-MG) e Marluce Pinto (PTB-RR). Suplente de Fernando Henrique Cardoso, Eva Blay (PSDB-SP) assumiu o
mandato dele quando o tucano se tornou ministro do ex-presidente Itamar Franco.
Em 1994, Roseana Sarney (pelo então PFL) foi a primeira mulher a ser eleita governadora, no Maranhão. Em 1996, o
Congresso Nacional instituiu o sistema de cotas na Legislação Eleitoral --que obrigava os partidos a inscreverem, no míni-
mo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais. No ano seguinte, o sistema foi revisado e o mínimo passou a ser de 30%.
A primeira mulher ministra de Estado foi Maria Esther Figueiredo Ferraz (Educação), em 1982. Hoje, as mulheres não
só estão à frente de vários ministérios como há uma Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres --chefiada por Nilcéa
Freire, que tem status de ministra.
Apesar do avanço feminino na política, o Brasil ainda não teve nenhuma mulher eleita presidente. Entre as ministras
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está Dilma Rousseff (Casa Civil), cotada como possível candidata do PT à Presidência
da República, em 2010. Outra ministra, Marta Suplicy (Turismo) é a favorita dentro do PT para disputar a Prefeitura de São
Paulo nas eleições de outubro de 2008. Seu nome também é cotado para a eleição para o governo de São Paulo, em 2010.
a) Faça uma pesquisa sobre o direito ao voto no Brasil durante o Primeiro Império.
b) Você acha que o Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932, que permitia o voto feminino era demo-
crático? Justifique sua resposta.
49
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Exercício 1
Unindo-se à burguesia viabilizou o processo revolucio-
nário.
No caso brasileiro há necessidade de maior conheci-
mento dos indivíduos em relação ao exercício do voto. In-
felizmente muitos ainda são conduzidos a votar não pelas
propostas partidárias, mas por interesses individuais.
Exercício 2
As potências européias necessitavam de espaço para o
excedente populacional e novas áreas para investimentos
onde pudessem ser estabelecidas bases estratégicas que
garantissem a segurança financeira de seus investimentos.
Essa nova realidade abriu espaço para o desenvolvimento
do capitalismo financeiro que submetiam as atividades
produtivas e comerciais às instituições financeiras devido
aos empréstimos, financiamentos, ou mesmo ao controle
acionário.
Exercício 3
B
50
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
51
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Hectare: é uma unidade de medida Reforma Agrária: pode se tornar uma maneira
de área igual a 100 ares (100 m², ou de melhorar diversos problemas sociais do Brasil,
seja, 100x100). Equivale a um campo dentre eles: diminuir o inchaço populacional
de futebol profissional, cuja medida nas cidades, melhorar a condição de vida e
máxima é 90x120 metros. a produção de alimentos para as grandes
regiões. Isso ocorreria através da utilização de
terras improdutivas por aqueles interessados
a usá-las. O governo federal compraria essas
Os efeitos são visíveis ainda hoje. Existem no Brasil, terras e as repassaria a esses interessados,
aproximadamente 50.000 propriedades rurais com menos
com certos direitos e obrigações, para tornar
de 1 hectare. Essas propriedades respondem por 25.827,00
hectares por todo o país. Por outro lado, existem cerca de
produtivas essas terras, gerando retornos à
75 propriedades, com área superior a 100.000,00 hectares, família, sociedade e ao estado (arrecadação de
totalizando 24.047,67 hectares por todo o país. Nota-se, impostos).
portanto, que a maior quantidade de terra está restrita as
mãos de poucos.
Também, com a evolução do agronegócio, houve o Cidadania e Direito
aprofundamento da monocultura extensiva – plantio de O Direito é um conjunto de normas que apontam o
um único produto -, através da utilização de maior quan- que é permitido numa sociedade, ele se interessa
tidade de máquinas (para plantar, colher e limpar), pes- mais concretamente pelas normas sociais que
ticidas e fertilizantes. Apesar dessa evolução a produção dependem da consciência de cada um. Ficam fora
ainda continua buscando, preferencialmente, o mercado do Direito as normas morais que dependem da
externo. Assim, a concentração de terra aumentou e tende consciência de cada um. Nas primeiras civilizações,
a aumentar mais. as leis vinham de uma tradição. Somente a partir
Para o país, no sentido puramente econômico, essa do século XVIII entendeu-se que as leis de uma
sociedade correspondem à razão considerada
evolução do agronegócio é importante, pois a atividade
como normalmente aceitável. Por isso a busca por
tem melhor rentabilidade, maior cuidado com a terra, au-
normas universais.
mento do investimento na produção e, também gera, atra-
vés da exportação da produção, melhora nas contas da
balança comercial e através da arrecadação dos impostos.
Toda esta concentração gerou graves problemas so- Uma das primeiras manifestações na tentativa de cons-
ciais. O aumento no valor das terras e a falta de apoio trução da cidadania, no Brasil, ocorreu com a elaboração
para a produção agrícola de subsistência levou ao aumen- da nossa I Constituição, a Constituição do Império em
to da migração para as cidades – êxodo rural ou migração 1824, que propôs, pela primeira vez, estabelecer direitos
-. Havia aqueles que buscavam, também, uma melhora civis e políticos no país. Porém, essa Constituição fazia uma
no padrão de vida, deslumbrados com as possibilidades distinção entre sociedade civil e sociedade política. Essa
dentro das cidades. Com a industrialização, expandiu-se distinção aparecia com a evidente divisão da sociedade,
fortemente o mercado de trabalho para pessoas que não em cidadão ativos, aqueles que possuíam além dos direitos
possuíam qualificação técnica, porém não foi suficiente civis, os direitos políticos, e os outros que possuíam apenas
para atender a nova oferta de trabalhadores. os direitos civis e ocorria por que o direito de ser eleito
Os governos municipais, estaduais e federal não pos- ou de eleger era determinado de forma censitária, ou seja,
suíam uma rede de garantias sociais (educação, saúde, conforme a renda.
transporte e outros) adequada ao aumento populacional Com a Proclamação da República em 1889, foi promul-
produzido pela migração. Portanto, aqueles que não en- gada a segunda Constituição brasileira, e a Primeira Cons-
contravam emprego, tinham que buscar alternativas para tituição Republicana, em 24 de fevereiro de 1891, estabele-
sobreviverem. cendo como forma de governo o regime representativo,
Assim, dos vários problemas que as grandes cidades em que o povo exerce o poder indiretamente, através de
brasileiras sofrem, atualmente, como: violência, desorgani- seus representantes, eleitos em pleitos diretos por todos os
zação, habitações precárias (favelas, invasões), saneamen- cidadãos do sexo masculino e maiores de 21 anos. Adotou
to básico, saúde, educação e outros decorrem da pequena o Presidencialismo, então o presidente eleito, também de
capacidade que elas tiveram ao absorver esta nova mão- forma direta, exerceria o poder por quatro anos. Depois
de-obra. dessa, mais cinco Constituições foram elaboradas na tenta-
tiva de garantir a cidadania aos brasileiros.
A garantia da cidadania implica também numa série
de conquistas estabelecidas pela sociedade. O voto sem
dúvida é uma forma de legitimar conquistas, mas não o
único. Muitas conquistas ocorreram através de lutas, mani-
52
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
festações e conflitos e acabaram se tornando leis. Algumas ras da monarquia se organizar, com destaque para a abso-
universais, como a Lei dos Direitos Humanos, e algumas lutista e a constitucional. A monarquia absolutista ocorreu
mais localizadas, como por exemplo, no Brasil o Estatuto em vários países europeus, especialmente durante o Re-
da Criança e do Adolescente, Lei Federal número 8.069, nascimento, onde a figura do Rei ganhou força política e
promulgada em 13 de julho de 1990, que tem por objetivo econômica (através da proteção à burguesia), assim ele se
melhorar a situação da criança e do adolescente no Brasil, tornou absoluto, ou seja, não havia regras ou restrições a
coibindo a violência doméstica, trabalhista, sexual, escolar para qualquer ato que fosse dele. Contudo, especialmente
ou qualquer outra forma de violência que venha a preju- na Inglaterra, surgiu a monarquia constitucional, ou seja, o
dicar as condições de vida da criança ou do adolescente. Rei não usufruía tanta liberdade para realizar seus atos. Ha-
via um conselho constituído de lordes e do clero que, atra-
Declaração Universal dos Direitos Humanos vés da Magna Carta, regulavam as suas ações. Neste caso,
o Rei se torna um Chefe de Estado, representando a sua
10/12/1948
nação perante as demais e liderando o povo, por exemplo.
A presente Declaração Universal dos Diretos Neste caso, a evolução foi a constituição de um parlamen-
Humanos como o ideal comum a ser atingido to (poder legislativo – onde se fazem as leis) através do
por todos os povos e todas as nações, com o voto da população. Países como Inglaterra, Espanha, Sué-
objetivo de que cada indivíduo e cada órgão cia, Holanda, Japão, Jordânia e Malásia são os exemplos
da sociedade, tendo sempre em mente esta de monarquias constitucionais atuais. E a Arábia Saudita e
Declaração, se esforce, através do ensino e Suazilândia são as Monarquias Absolutas de agora.
da educação, por promover o respeito a esses • República é uma forma de governo no qual a coi-
direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas sa pública (Res publica do latim) é organizada através da
progressivas de caráter nacional e internacional, população, geralmente através do voto. Por coisa pública,
por assegurar o seu reconhecimento e a sua entende-se os governos federal, estaduais, municipais e os
seus serviços básicos de proteção e social. Para simplifi-
observância universais e efetivos, tanto entre os
car o comando de todos esses serviços, é eleito um repre-
povos dos próprios Estados-Membros, quanto sentante geral do povo, no caso o presidente, que pode
entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. acumular os cargos de: Chefe de Estado (indivíduo que re-
Artigo I presenta o país no exterior, bem como comanda as forças
Todas as pessoas nascem livres e iguais em armadas) e Chefe do Governo (indivíduo que comandará
dignidade e direitos. São dotadas de razão e o poder executivo – onde se cumprem as leis – e nomear
consciência e devem agir em relação umas às os seus ministros para auxiliá-lo). A diferença entre acumu-
outras com espírito de fraternidade. lar ou não estes cargos está no sistema de governo. Se a
República for parlamentarista, o poder legislativo escolhe
um representante (Primeiro Ministro, Premiê ou Chance-
Garantir a cidadania significa garantir não só os direi- ler) para exercer as funções executivas, isto é, escolhem um
tos aos cidadãos, mas também dar a oportunidade para Chefe de Governo. Caso a República seja presidencialista,
que eles exerçam seus deveres. Em quase todas as platafor- o presidente acumula as funções. Atualmente, temos como
mas políticas dos partidos que disputam o poder no Brasil, exemplo de países com República Presidencialista o Brasil,
o discurso da necessidade de garantia de educação, saúde EUA, Chile e México. Países com República Parlamentarista
e de trabalho dignos aparecem como prioritários, mas qual a Alemanha, Itália e outros.
educação, qual saúde e que tipo de trabalho podem ou • Comunismo pode ser considerado como a pri-
não ser considerados dignos? meira forma de organização política das primeiras socie-
A Constituição Federal Brasileira de 1988 prevê a re- dades humanas. Segundo Karl Marx, o que caracteriza o
tomada das eleições diretas já na próxima eleição, acordo comunismo é a ausência do estado, das classes sociais e as
este estabelecido com o final da ditadura e o primeiro pre- necessidades de todas as pessoas estão supridas. As pri-
sidente civil, eleito indiretamente. A república é comanda- meiras sociedades humanas eram tribos nômades, onde
da por um presidente, eleito pelo povo diretamente, assim não havia classes e todos ajudavam conforme podiam, sen-
como os demais representantes do legislativo. do recompensados (comida e roupas) da mesma maneira.
Porém, existem diferentes formas de governo, isto é, Contudo, na evolução humana, houve a sedentarização
como o poder é instituído no país e as relações entre o go- através da agricultura, o que tornou a propriedade privada
verno nacional, regionais e locais com a população. E mes- mais forte, através da defesa daquilo que você produziu
mo dentro de uma forma de governo, existem variações e dos meios de produzir. Surgiu, então, uma organização
de construções entre elas. Veremos algumas delas a seguir: para ajudar nessa defesa, o Estado. O mesmo Karl Marx
• Monarquia é uma forma de governo no qual exis- diz que o comunismo é a etapa final da evolução das or-
te a figura de um Rei ou Rainha, que personalizam a nação ganizações políticas e econômicas, onde as características
perante as demais. Estas mesmas figuras dão continuidade supracitadas retornariam, porém o progresso alcançado
à manutenção ao poder através de seus filhos, que se tor- manteria e seria expandido, conforme as necessidades das
nam Rei ou Rainha após a morte ou a abdicação de seus pessoas. Não há registro de um país realmente comunista
pais. No decorrer dos tempos, ocorreram diferentes manei- durante toda a história humana.
53
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
54
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Expectativa de Vida 74,2 anos 75,0 anos 71,6 anos 73,8 anos 72,0 anos
15,5 por mil 13,5 por mil 25,9 por mil nas- 18,0 por mil 38,7 por mil
Mortalidade Infantil
nascidos nascidos cidos nascidos nascidos
Além disso, o IBGE aponta que o desemprego averiguado em 2008 foi de 7,89% no Brasil. No mês de abril de 2009,
sentindo os efeitos da crise financeira de 2008, a taxa de desemprego averiguada pelo Instituto chegou em 8,9%.
Vemos, portanto, uma grande diferença entre os Estados. Cada um representa uma macro-região brasileira, São Paulo está
no Sudeste, Rio Grande do Sul, no Sul, Amazonas no Norte, Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste e a Bahia no Nordeste.
São Paulo é o Estado que se destaca na renda per capita e no analfabetismo, ficando um pouco atrás do Rio Gran-
de do Sul na expectativa de vida e mortalidade infantil. O destaque negativo é a Bahia, com alto nível de analfabetismo,
mortalidade infantil e baixa renda. Tais dados dão uma mostra de como está a vida do brasileiro e os principais problemas
enfrentados em cada estado.
Apesar da alta renda per capita em São Paulo, este dado não mostra a concentração de renda existente no Estado, nem
tão pouco, o distanciamento entre as camadas “ricas” e as “pobres”. A concentração de riquezas atinge pequena parte da
população fazendo com que haja um grande distanciamento entre as classes sociais brasileiras. Em relação à educação e
a mortalidade infantil percebemos que a região sudeste é mais desenvolvida em comparação com as demais regiões. Já a
Bahia, possui graves problemas no setor educacional e, também, no controle da mortalidade infantil. A realidade do interior
da Bahia, onde as famílias geram muitos filhos e dependem da agricultura para sobreviver, traduz-se nos dados da tabela
anterior.
A seguir, veja a tabela da comparação do Brasil com outros países:
Através do quadro, note-se a disparidade entre os números dos países desenvolvidos como EUA, Japão e Alemanha
em relação aos demais.
Dentre os países analisados, encontramos a África do Sul, um país de maioria negra controlado por uma minoria branca
e que possui índices baixos de expectativa de vida e mortalidade infantil, com alta taxa de analfabetismo. Essa situação per-
mitiu por muito tempo que as comunidades negras não tivessem voz em seu próprio país. Ainda hoje esse continente sofre
as conseqüências da política neocolonial imposta pelos países europeus. Veremos, a seguir, um pouco mais da história da
África do Sul e você poderá entender melhor estes números.
ÁFRICA DO SUL
Como se vê, não é incomum os meios de comunicação influenciarem as sociedades na tomada de decisões que podem
alterar os rumos de suas construções históricas, muitas vezes fazendo com que o mundo tenha contato com realidades
tão cruéis que obrigam uma postura daqueles que nele vivem. Daí as manifestações pacifistas ou mesmo um protesto em
relação às agressões da humanidade contra o meio ambiente ou mesmo contra o próprio Homem. Foi o caso do Regime
Apartheid, na África do Sul, sistema que vigorou até o ano de 1990, quando o presidente de Estado sul-africano Frederik
Willen de Klerl tomou várias medidas e colocou fim ao Apartheid. A opinião pública mundial colaborou muito para o fim
desse sistema, e os meios de comunicação se consolidaram como uma forte ferramenta contra a sua manutenção.
55
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Apartheid (significa “vidas separadas” em africano) era um regime segregacionista – divisor - que negava aos negros
da África do Sul o direito de exercer cidadania, ou seja, seus direitos sociais, econômicos e políticos. Embora a segregação
existisse na África do Sul desde o século XVII, quando a região foi colonizada por ingleses e holandeses, o termo passou
a ser usado legalmente em 1948. No regime do apartheid, o governo era controlado pelos brancos de origem européia
(holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas
várias leis, regras e sistemas de controles sociais.
Dentre as medidas que deram fim ao Apartheid estava a libertação de Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar
com o regime de segregação. Em 1994, Mandela assumiu a presidência da África do Sul, tornando-se o primeiro presidente
negro do país.
Texto adaptado de: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/apartheid.htm
Todas as instabilidades políticas deste país, somada à disseminação da AIDS, contribuíram para alcançar os números
da tabela anterior com a comparação entre os países. O Apartheid é uma herança ainda muito presente na sua sociedade,
criando barreiras para a integração com os brancos e, também, para os problemas sociais.
Na Segunda Grande Guerra o rádio foi um grande divulgador das idéias nazistas na Alemanha; e no Brasil, durante o
governo de Getúlio Vargas, era através do rádio que havia a divulgação das plataformas políticas governamentais. Atual-
mente um dos maiores meios de divulgação em massa é a internet, através dela qualquer pessoa pode ter acesso a todos
os acontecimentos do mundo.
56
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Se durante a Guerra do Vietnã, entre 1959 e 1975, o mundo ficou chocado com a ação das tropas norte americana,
fazendo com que o próprio povo americano se voltasse contra a guerra através das imagens transmitidas pela televisão,
hoje com a informação em tempo real e o acesso às informações com maior velocidade, podemos entender o quanto a
Guerra do Golfo e a ocupação do Iraque pelas tropas americanas influenciaram as eleições presidências nos Estados Unidos
em 2009.
Vivemos num mundo marcado por grandes contrastes. De um lado podemos contemplar grupos com realidades bem
homogêneas – parecidas -, apesar de restrito, desfruta de todos os benefícios que o capital pode oferecer, são os incluídos,
que podem comer em bons restaurantes, fazer compras em shoppings, freqüentar escolas particulares, ter automóveis,
computadores e celulares tornado-se, assim, padronizados e inseridos nesse mundo globalizado. De outro, aqueles que
dividem as mazelas sociais, que sofrem pela falta de atendimento médico, pela fome, pelo descaso, porque muitas vezes
nem escola freqüentam, na verdade são eles um exército de excluídos.
A fome deixa de ser um fato isolado ou ocasional e passa a ser um dado generalizador e
permanente. Ela atinge 800 milhões de pessoas espalhadas por todos os continentes. Quando
os progressos da medicina e da informação deveriam autorizar uma redução substancial dos
problemas de saúde, sabemos que 14 milhões de pessoas morrem todos os dias, antes do
quinto ano de vida.
Dois bilhões de pessoas sobrevivem sem água potável. (...) O fenômeno dos sem-teto,
curiosidade na primeira metade do século XX, hoje é um fato banal, presente em todas as
grandes cidades do mundo. O desemprego é algo tornado comum. (...) A pobreza também
aumenta. No fim do século XX havia mais 600 milhões de pobres do que em 1960; e 1,4 bilhões
de pessoas ganham menos de um dólar por dia. (...) O fato, porém, é que a pobreza, tanto
quanto o desemprego, são considerados como algo natural, inerente a seu próprio processo.
Junto ao desemprego e à pobreza absoluta, registre-se o empobrecimento relativo de camadas
cada vez maiores graças à deteriorização do valor do trabalho.
Milton Santos. Por uma outra globalização, Rio de Janeiro, Record, 2000. P.59
57
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O Vietnã é um país localizado no Sudeste Asiático e como podemos ver na imagem, tem vizinhos como a China, Laos
e Camboja. Seus vizinhos tiveram um importante papel durante a Guerra, pois era através deles que o esforço de guerra se
fazia possível. Da China, vinham armamentos e conhecimento técnico. Do Laos e Camboja, era por onde ocorriam movi-
mentações dos Vietcongues (tropa paramilitar com o suporte do Vietnã do Norte – na época) através da trilha Ho Chi Minh,
ou seja, por onde eles conseguiam suprimentos e mantimentos.
Essa movimentação só era possível por causa da extensa vegetação em comum, a floresta tropical. Ela proporcionava
uma cobertura natural aos combatentes. Além disso, por estar localizado numa região com o clima de monções – ventos
sazonais que trazem chuva intensa e prolongada, caracterizando a estação de chuvas – há inúmeros rios e deltas (ramifi-
cações dos rios para deságue quando perto de mares e oceanos) por todo o país. Isso obrigou o Vietnã a construir várias
pontes, para poder interligar o país através de uma via terrestr
Após essa guerra sem vencedores, o Vietnã foi totalmente afetado. Os bombardeiros norte-americanos despejaram mi-
lhares de bombas convencionais e químicas, destruindo as estruturas de geração de energia, de produção de água potável,
as cidades, as bases inimigas, as poucas indústrias e partes da floresta onde se imaginavam serem rotas de transporte. Os
próprios soldados Vietnamitas do Norte causaram grande destruição na parte do Vietnã do Sul, ao conquistá-lo.
E, mesmo com o apoio da China e da Rússia, o esforço requerido para guerrear trouxe problemas para o desenvolvi-
mento posterior da economia do país. A divisão interna, que surgiu na repartição entre Vietnã do Norte e do Sul, quando
ainda era colônia da França, trouxe diferentes concepções e atitudes para a vida, que traziam novas dificuldades. Assim, o
Vietnã permaneceu como um país essencialmente agrário, com forte influência da pesca – por conta da grande extensão de
seu litoral –, também, com milhares de bombas inativas – veja a notícia a seguir – por todo o seu território e com o número
de quase 2 milhões de mortos, entre civis e militares.
58
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Morry Gash/A 3- Escreva, com suas palavras, o que você entende por:
a) Monarquia;
b) República;
c) Comunismo.
4- (ENCCEJA 2006)
1850 – Aprovação da Lei de Terras, que impediu agri-
cultores de origem italiana se tornarem proprietários.
1988 – A reforma agrária foi incluída na nova Constitui-
ção. Artigo 184 – Compete à União desapropriar por inte-
Democrata Barack Obama resse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que
cumprimenta eleitores em discurso não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e
justa indenização (...).
da vitória no Grant Park
De 1990 a 1999, foram assentadas, em terras desapro-
priadas pelo Estado, 500 mil famílias, em várias regiões do
país. Esse número tem aumentado nos últimos anos. Anali-
O democrata Barack Obama afirmou na noite desta ter- sando os trechos acima, é correto afirmar que:
ça-feira que nos Estados Unidos tudo é possível. O discur- a) a estrutura fundiária brasileira sofreu profundas mo-
so foi apropriado à sua vitória como o primeiro presidente dificações e o trabalhador rural passou a ter direito de pos-
negro dos EUA eleito em uma votação de participação re- se sobre o solo cultivado.
corde e que mudou o tradicional mapa eleitoral americano b) o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-
como a Virgínia, que não votava em um democrata nos Terra) perde a razão quando reivindica terras porque a
últimos 40 anos.
Constituição já garante a posse de terras a esses trabalha-
Obama, que ressaltou em seu discurso que os EUA po-
dores.
dem mudar sua história, criou um novo capítulo na política
americana com uma vitória esmagadora, marcada pela par- c) houve conquistas recentes na luta da sociedade pela
ticipação de quase 66% dos 153,1 milhões eleitores regis- reforma agrária, que busca um melhor crescimento econô-
trados para as eleições presidenciais deste ano. mico e justiça social.
Segundo as estimativas do site Real Clear Politics, isso d) o trabalhador rural foi excluído de seus direitos
significa a maior taxa de participação desde 1908, quando constitucionais no decorrer de nossa história.
restrições impediam alguns americanos de votar. A por-
centagem bateria também o recorde histórico recente, de HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
1960, quando 64,9% do eleitorado foi às urnas na disputa
entre John Kennedy e Richard Nixon. Nas eleições de 2004, Exercício referente ao Texto Complementar:
o número de registrados era de 142,1 milhões, das quais 1- A grande insatisfação norte americana, pela atua-
63,8% compareceram às urnas. ção do presidente Republicano George Bush, a crise eco-
“Foi uma longa campanha, mas, nesta noite, por causa nômica e os escândalos causados pelas guerras e ocupa-
do que nós fizemos neste dia, neste momento definidor, a ções no Oriente Médio.
mudança chegou à América”, disse Obama, 47, a mais de 2- Por todo o contexto racista que envolveu a história
200 mil apoiadores que acompanharam sua festa da vitória da sociedade norte americana.
no Grant Park, em Chicago.
A partir da leitura do texto responda:
Exercício 1:
1- No seu entender, por que houve a adesão em
Por causa da realidade social ainda com mentalidade
massa das eleições nos EUA?
2- Por que o fato da eleição de um presidente negro escravocrata, elitista e agrária que, até o século XX, favo-
nos EUA causou tanta polêmica? recia a concentração de terras e o favorecimento das eli-
tes, a construção da cidadania seguiu um caminho mais
SUGESTÃO PARA PESQUISA: complexo, ora assimilando padrões europeus, ora padrões
- Vida e luta de Nelson Mandela na África do Sul e de norte americanos de construção social para a cidadania,
Mahatma Gandhi na Índia. mas que pela fragilidade dos direitos civis, desrespeitava
- Diferença entre comunismo e socialismo. os direitos políticos.
59
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Exercício 2:
A exclusão social e a miséria.
Exercício 3:
Resposta pessoal, mas vale observar como os itens foram tratados neste capítulo.
Exercício 4:
60
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 6
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE: UM OLHAR CRÍTICO.
PERCEBER-SE INTEGRANTE E AGENTE TRANSFORMADOR DO ESPAÇO GEOGRÁFICO, IDENTIFICANDO
SEUS ELEMENTOS E INTERAÇÕES.
A partir do século XVI, a ciência realizou grande progresso. Seus avanços foram sentidos nos mais variados setores.
Avançou-se, infinitamente mais nos últimos 400 anos que nos anteriores. A quantidade de aplicações técnicas que mudam
a vida dos seres humanos, as descobertas, a rapidez com que as informações chegam e saem da vida das pessoas é fruto do
progresso das pesquisas científicas. Se o critério para afirmar que a humanidade melhorou for apenas o avanço da produ-
ção científica e tecnológica podemos estar seguros em afirmar que sim, porém se olharmos as relações estabelecidas entre
os indivíduos e o meio ambiente a partir do progresso científico não saberemos responder com exatidão.
As primeiras sociedades humanas faziam uso do tempo da natureza para produzir seus alimentos, portanto havia um
grande respeito pela sua dinâmica. Seu conhecimento era fundamental para o plantio, colheita e armazenamento dos
alimentos, portanto o processo de evolução do homem está intimamente ligado ao aproveitamento do meio ambiente. A
fabricação dos utensílios deu à humanidade a possibilidade de melhor aproveitamento dos recursos naturais disponíveis na
natureza. Sem o domínio da natureza seria muito difícil ao homem sobreviver. Porém, o que é dominar a natureza?
Um dos maiores
problemas sociais
é o êxodo rural.
O abandono do
campo em busca de
melhores condições
de vida na cidade
contribui para a
situação de pobreza
e exclusão social no
Brasil.
Durante o século XIX o pensamento humano em relação a natureza era de domínio, pois ela servia para atender a ne-
cessidade humana, portanto deveria ser dominada. O Homem tinha o direito de retirar da natureza tudo o que fosse neces-
sária para seu sustento e ela a obrigação de se manter para suprir constantemente as necessidades humanas. Atualmente,
esse domínio da natureza tem como conseqüência a extinção de vários animais, o desmatamento, as queimadas e muitas
outras conseqüências obrigando o homem a reciclar seus recursos.
Mas você sabe o que é reciclar? Este é um importante fator, que ganhou muito espaço na sociedade mundial atual.
A sociedade de consumo (veja neste capítulo a seguir), configurada pelo desenvolvimento capitalista, evidenciou um
problema importante, a capacidade do planeta Terra para fornecer aquilo que é essencial para a nossa sobrevivência e
manutenção do nosso estilo de vida.
61
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
62
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
CERRADO BRASILEIRO
Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza
biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema am-
biental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de
20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como de-
semprego, falta de habitação, poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na
região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o
desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja,
milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30
anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerra-
do. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
O Cerrado é uma vegetação original brasileira, porém possui similaridades com a vegetação da Savana Africana. Cons-
titui-se, predominantemente, por uma vegetação caducifólia, plantas que perdem as folhas em épocas muito frias ou secas
do ano, arbustiva, de raízes profundas, galhos retorcidos e casca grossa (que retém mais água). Esta formação está plena-
mente adaptada ao clima tropical típico, ou seja, com chuvas abundantes no verão e inverno bastante seco.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b9/
Cerrado_ecoregion.jpg
63
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Ela é o segundo bioma – uma determinada região que Isto leva a importantes mudanças nas áreas afetadas
apresenta o mesmo tipo de clima e vegetação – brasileiro, com pelo desmatamento. O solo da Floresta é pobre e não
mais de 2 milhões de km² espalhados por oito estados, confor- agüenta radiação solar intensa, ou seja, sem a proteção da
me pode ser visto na figura ao lado (parte contornada em ama- copa das árvores, o solo se degrada e torna-se inútil para
relo). O Cerrado apresenta um relevo acidentado, com poucas qualquer atividade econômica. O que leva a mais desmata-
áreas planas, apresentando elevação máxima de 1.400 metros, mento, pois o produtor rural precisa de espaço para a pas-
aproximadamente. Por ter clima tropical sua temperatura média tagem do gado e/ou para o plantio de soja, por exemplo.
é de 25ºC, com variações entre máxima de 40ºC e mínima de
10ºC. No inverno, as chuvas são escassas e retornam no começo
da primavera permanecendo até o final o começo do outono. Segue a relação dos biomas que existem
no Brasil.
64
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
65
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
66
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Ao contrário da UE, o NAFTA não quer estabelecer um Por fim, a CAN é formada pela Bolívia, Colômbia, Equa-
mercado comum, sob a gerência e controle de instituições dor e Peru, sendo que a Venezuela deixou de ser membro.
supra-nacionais. A intenção do mesmo é apenas se tornar Este acordo pretende criar uma área de livre comércio e de
uma área de livre comércio, onde a circulação de mercado- livre trânsito entre seus países-membros. Porém, por não
rias (apenas) entre os países-membros possuísse vantagem possuir peso econômico e político, a maioria dos seus paí-
sobre os demais. ses está associada de alguma forma ao MERCOSUL e, inclu-
A grande diferença econômica entre seus membros, sive, existe a possibilidade do surgimento de um tratado de
fez com que a indústria mexicana fosse destruída em fun- livre comércio entre os dois blocos.
ção do capital norte-americano. Contudo, a sua produção Vemos, portanto, que os tais blocos econômicos são
aumentou, por conta da mudança de indústrias para o seu a união comercial de países próximos, que apresentam al-
país, buscando vantagens como: mão-de-obra mais barata guma similaridade, através de um sistema alfandegário ou
e legislação ambiental praticamente nula. união aduaneira em comum. Também há grandes diferen-
Já o MERCOSUL é uma iniciativa que se aproxima mais ças nessas uniões, como é o caso do NAFTA e da UE. O
da UE. Seus países integrantes são a Argentina, Brasil, Pa- MERCOSUL estaria em transição entre esses dois blocos,
raguai e Uruguai. Há a busca pela criação de um mercado mas sem avançar muito na direção da UE.
comum, com instituições supranacionais similares à UE, Mesmo assim, existe uma instituição internacional que
como o Parlamento. arbitra, isto é, resolve as disputas comerciais entre países e,
As barreiras para a livre circulação de mercadorias, também, entre blocos econômicos. Estamos nos referindo
pessoas e capitais sofreram transformações, tornando esta à Organização Mundial de Comércio (OMC) que surgiu
circulação mais fácil e menos onerosa – custosa -. Estabele- na década de 90, em substituição ao Acordo Geral de Ta-
ceu-se, também, uma política comum de tarifas para mer- rifas e Comércio (GATT – sigla em inglês), criado após a
cadorias importadas de outros países, o que originou uma Segunda Guerra Mundial.
união aduaneira. A criação o GATT serviu para equilibrar acordos e nor-
Contudo, o nível de integração entre as economias mas entre o comércio dos países capitalistas, através da
continua pequeno e sujeitos às variações políticas internas harmonização das políticas aduaneiras dos países mem-
de cada país. A industrialização é mais forte no Brasil e na bros. Contudo, não era uma instituição permanente, sen-
Argentina. Já Paraguai e Uruguai permanecem países for- do convocada apenas para as reuniões e lá, tendo que
temente agrícolas, porém sem condições de competirem discutir os assuntos que ocorreram na sua ausência. Já a
com o forte mercado do agronegócio brasileiro. A livre cir- OMC manteve essa mesma postura, acrescentando a sua
culação de mercadorias não é eficaz, pois os governos dos permanência durante a falta de reuniões, estabelecendo-se
países-membros, quando pressionados pelos setores de como um fórum internacional para a resolução de diversos
sua economia, retomam práticas protecionistas. problemas no comércio.
Apesar disso, o comércio entre os países continuam a
crescer. Contudo, o Brasil leva grande vantagem em rela-
ção aos demais, obtendo contínuos superávits – lucros - no
comércio, o que gera reinvidicações dos países-membros
para a adoção de medidas compensatórias.
67
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Capital especulativo
Capital especulativo são recursos financeiros alocados sem a intenção de gerar lucro via trabalho ou
produção. É diferente do capital de produção, onde o investimento é feito diretamente em pessoas,
equipamentos e outros bens, de modo que o trabalho gere valor, e o valor gere lucro. Já o capital
especulativo é aquele que compra ‘um sistema’ esperando sua valorização, e vende logo após.
O volume de dinheiro que gira diariamente pelos bancos e pelas bolsas de valores e mercados
de investimentos em busca de lucro rápido pode ser devastador para alguns países. A entrada
e saída de capitais especulativos num país são determinadas pela sua estabilidade política ou
econômica, ao primeiro sinal de crise, os investidores retiram rapidamente seus investimentos
do país e aplicam em outro cujas vantagens se mostram mais seguras. Essas entradas e saídas
de capital especulativo, em países economicamente frágeis, têm como conseqüência direta crise
financeira que afeta todo o quadro social.
Adaptado de: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20060722152104AAUKdHx
Brasília - A variação dos índices dos mercados de capitais mostra que a semana terminou em clima de
nervosismo, reflexo da crise financeira que chegou os Estados Unidos. Segundo o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, o Brasil passa com tranqüilidade pela situação econômica.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que meses atrás vinha alcançando recordes de pontuação,
caiu 0,4% na semana. E o câmbio, alvo de sucessivas queixas do setor produtivo brasileiro por
causa da desvalorização do dólar norte-americano, subiu 2,63%, encerrando a semana a R$ 1,95.
A crise se intensificou nos Estados Unidos porque vários credores do setor imobiliário deixaram de pagar suas
dívidas. Eles estão no grupo do subprime, um tipo de mercado que não exige garantias como comprovante de
renda. Como se trata de uma operação de alto risco, os empréstimos são feitos a taxas bastante elevadas. O
retorno para o investidor é bom, mas arriscado.
Os bancos, que emprestaram muito para mutuários, não estão recebendo de volta. Em conseqüência, as
instituições e os investidores do mundo inteiro que emprestam aos bancos também não recebem. E sofrem o
efeito dominó. Ainda não há números oficiais sobre o tamanho do calote. “Por isso é muito difícil avaliar a
profundidade da crise”, ponderou o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini.
Nos dois últimos dias, bancos centrais de vários países colocaram mais de US$ 300 bilhões para ajudar os
bancos a manterem seus empréstimos, já que os investidores estão tirando seu dinheiro do mercado de crédito
para aplicarem em outros setores mais seguros, como ouro ou títulos públicos. O ministro da Fazenda, Guido
Mantega, afirmou que a turbulência não afetou o Brasil. Ao contrário. Segundo ele, ao final da crise, os
investidores podem até apostar no país, que oferece investimentos mais seguros.
68
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
No Brasil, as interferências do mercado globalizado se mostram bem presentes. Se hoje estamos inseridos no modelo
globalizado sofremos a influência constante dele tanto de forma positiva, quando obtemos um crescimento econômico nos
últimos dez anos em torno de 5%, quanto negativa quando não possuímos infra-estrutura para suportar esse crescimento.
Grande parte da produção industrial e do comércio mundial está sob controle de empresas transnacionais ou multi-
nacionais determinando um novo processo de divisão do trabalho. As transnacionais têm a possibilidade de possuir filiais
no mundo inteiro permitindo dividir suas fases de produção. Esse modelo produtivo leva em conta algumas características
que determinam maior ou menor lucro na produção, dentre elas notamos: o custo da mão-de-obra, a qualificação profis-
sional, a carga tributária, a existência de infra-estrutura, incentivos fiscais, leis ambientais, etc.
Multinacional é um termo que está entrando em desuso, pois passa a idéia de uma
empresa de várias nacionalidades (multi = vários), o que não existe. Uma empresa pode contar
com inúmeras filiais pelo mundo, com uma variedade enorme de funcionários, atuando em diversos
tipos de mercado, contudo a empresa continua a ter uma sede, possuí uma cultura, projeta isso
internamente e tem responsabilidade para os seus donos.
Transnacional é o termo que está substituindo o termo multinacional, pois coloca a idéia
que a empresa se baseia na organização internacional, nos mais diversos locais, para viabilizar seu
negócio. Além disso, dá a idéia que a própria sede (dono) é de diversos locais, pois o seu capital
está concentrado nas diversas bolsas pelo mundo.
69
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
TRABALHO INFANTIL
Veja, a seguir, uma notícia de 2007 falando sobre este problema:
Além do crescimento de problemas ambientais enfrentados na China e no Sudeste Asiático, acentua-se um novo antigo
fator: o trabalho infantil. O rápido desenvolvimento econômico dessas regiões levou a situações enfrentadas na Inglaterra,
durante a sua Revolução Industrial, mas que hoje já foram superadas naquele país, ou seja, a utilização da mão-de-obra
infantil, associada às grandes quantidades de horas trabalhadas e a sua precária situação embora já não seja mais uma
realidade em alguns lugares é algo muito presente em outros.
Este é um problema que cada país industrializado já passou ou passa, não só a Inglaterra e a China. E, também, é um
problema que tende a diminuir conforme ocorre o desenvolvimento de outras áreas dentro do país, especialmente através
da conscientização da sociedade que tal prática é prejudicial ao próprio desenvolvimento sócio-econômico.
Apesar disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que existam 218 milhões de crianças, entre 5 e 17
anos, que executam trabalhos inadequados e que dois terços dessas crianças trabalham em condições críticas (exploração
na agricultura, horas excessivas e até escravidão).
E, grande parte dessa estatística está localizada na África, América Latina e na Ásia, com uma importante exceção: o
Japão.
O país passou por sua fase de grande desenvolvimento, através da expansão industrial vivenciada nas décadas de 60 e
70. Ultrapassou todos os países europeus, na questão econômica, ficando atrás apenas dos EUA. Durante este desenvolvi-
mento, o forte investimento em educação permitiu a evolução da ciência e da tecnologia, lhes garantindo a sua posição de
destaque atual. Este investimento foi realizado em todas as partes da educação, seja a da mais básica (creches) até a mais
alta (universidades).
Conseqüentemente, as crianças japonesas foram o alvo desta política, tornando a educação aquilo que as motivava.
Portanto, o trabalho infantil no Japão é, atualmente, praticamente nulo.
70
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
71
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Exercício 3: Capítulo 7
União Européia – Começou como Comunidade Econô-
mica Européia (CEE) prevendo o livre comércio, mas aca- INFLUÊNCIA DA TÉCNICA E DA TECNO-
bou cedendo ao mercado comum. Possui instituições Su- LOGIA NA SOCIEDADE
pra-nacionais e uma moeda própria, o Euro.
Nafta – Tratado de livre comércio. ENTENDER O IMPACTO DAS TÉCNICAS E TECNO-
LOGIAS ASSOCIADAS AOS PROCESSOS DE PRODU-
Exercício 4: ÇÃO, O DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO E
C A VIDA SOCIAL.
72
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
73
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O avanço industrial caminhou junto com a pesquisa cientifica, servindo, também, de laboratório para as mais diversas
proposições. O objetivo, claro, era tornar a máquina mais produtiva e menor. Preocupações com gasto de energia, poluição
e outros não existia na época.
Este aumento da produção, causado por conta da melhor produtividade das máquinas, incrementou as inter-relações
produtivas. O empresário, para atender a sua necessidade produtiva, tinha que buscar matéria-prima fora do seu limite
territorial. As importações tornaram-se comuns, no caso da Inglaterra, com o desenvolvimento da indústria têxtil, o algodão
era importado – trazido - de outros países.
Atualmente, isto é muito fácil. O nosso nível de comunicação está muito avançado, pois temos telefones, faxes, internet,
celulares e outros. Até a língua está deixando de ser um problema, através da universalização do inglês.
Um dos primeiros meios de comunicação global surgiu em meados do século XIX. Ele era o telégrafo (ver imagem ao lado).
Este aparelho era capaz de enviar mensagens em códigos a qualquer distância, desde que houvesse cabos ligando os
dois pontos. Esta foi a primeira revolução de comunicação que aconteceu no mundo. Por muito tempo o meio de comu-
nicação eram as cartas, que demoravam meses para chegar aos seus destinos. Um dos primeiros países a adotar o telégrafo
no século XIX foi a Inglaterra e o expandiu a todo seu Império. Para os EUA o telégrafo foi fundamental na expansão para
o Oeste de seu território, diminuindo as distâncias e o tempo de comunicação.
Essa inovação permitiu diminuir as distâncias entre qualquer lugar do mundo. A segunda revolução, neste mesmo
sentido, foi a invenção do telefone que, também, necessitava de longas linhas, operadores e aparelhos específicos para
fazer a ligação. A grande vantagem do telefone era a sua facilidade na operação, pois não havia necessidade de conhecer
um código, como o código Morse, para se comunicar com outro alguém.
Bastava, apenas, tirar o telefone do gancho, pedir à operadora para ligar para determinada pessoa e aguardar para uma
conversa comum.
Código Morse
É um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação através de um sinal codificado
enviado intermitentemente. Foi desenvolvido por Samuel Morse e Alfred Vail em 1835, criadores do telégrafo
elétrico (importante meio de comunicação a distância), dispositivo que utiliza correntes elétricas para controlar
eletroímãs que funcionam para emissão
Portanto, com o desenvolvimento de tecnologias de comunicação mais avançadas, o uso do código morse é
agora um pouco obsoleto, embora ainda seja empregado em algumas finalidades específicas, incluindo rádio
faróis
Código morse é o único modo de modulação feito para ser facilmente compreendido por humanos sem ajuda de
um computador, tornando-o apropriado para mandar dados digitais em canais de voz. Este sistema representa
letras, números e sinais de pontuação apenas com uma seqüência de pontos, traços, e espaços.
Ele é transmitido usando apenas dois estados — ligado e desligado — é uma estranha forma de código digital.
O código morse internacional é composto de seis elementos:
4. Sinal curto, ponto ou ‘dit’ (·)
5. Sinal longo, traço ou ‘dah’ (-)
6. Intervalo entre caracteres (entre pontos e traços)
7. Intervalo curto (entre letras)
8. Intervalo médio (entre palavras)
9. Intervalo longo (entre frases)
Adaptado : http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_morse
74
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Partilha da África
Também conhecida como a Corrida a África
A foto é de uma fragata francesa, chamada La Gloire, ou ainda Disputa pela África, foi a prolifera-
exemplo dos primeiros navios feitos com chapas de ferro ção de reivindicações europeias conflitan-
e madeira, o que permitia o uso de velas ainda (como me- tes ao território africano, entre a década de
dida de segurança), porém é possível visualizar a chaminé, 1880 e a Primeira Guerra Mundial em 1914,
entre os mastros, do motor a vapor. que envolveu principalmente as nações da
Foi também, nessa época, que surgiu o trem, como França e Reino Unido, embora também
alternativa para o transporte terrestre. Novamente, a as- participasse do conflito a Itália, Bélgica,
sociação entre ferro e máquina a vapor, criou um meio de Alemanha, Portugal, Espanha e, em menor
transporte em larga escala nunca visto antes. As antigas intensidade, Estados Unidos. Essas dispu-
estradas de terra ou pedra, por onde animais e humanos
tas sobre a África esteve entre os principais
passavam tranquilamente, começaram a serem substituí-
das, gradualmente, por estradas de trilhos, com locomoti- fatores que deram origem à Primeira Guer-
vas e vagões de passageiros e cargas. ra Mundial.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Partilha_
da_%C3%81frica
75
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Por fim, com a soma dos fatores comunicação e transporte – interno e externo -, as configurações das cidades e dos
negócios evoluíram, conforme expandia o capitalismo. As possibilidades de manter um negócio em diversos países eram
reais, assim como as possibilidades de concorrentes se organizarem de forma a determinar o controle de um mercado
mundial, fazendo acordos explícitos ou implícitos, principalmente para fixação de preços ou cotas de produção (famosos
“cartéis”).
Entramos, assim, numa nova era do capitalismo. Houve um avanço tecnológico grande, o que gerou novas maneiras de
relacionamento e, também, possibilitou aumentar o domínio de outros povos (partilha da África) sem necessitar de grandes
quantidades de homens e material. O objetivo final continuava igual, ou seja, aumentar a acumulação de capital e, para isso,
houve apoio dos países para suas próprias empresas, tendo em vista o aumento da rivalidade entre eles.
76
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Já o México, em função de sua proximidade com os Contudo, um importante problema, a falta de recursos
EUA, tinha acesso a um importante mercado consumidor naturais em seu território, levou os japoneses a buscarem
a custos menores e, também, ao capital norte-americano. os mesmos no exterior. Esta busca era para suprir as ne-
cessidades internas, evitando um estrangulamento na pro-
dução e crescimento econômico. Isso os levou a guerrear
Valor agregado: quando se comercializa com diversos países da Ásia (China, Rússia, Coréia e outros)
um produto, o mesmo pode ou não passar o que, no eclodir da Segunda Guerra Mundial, levou-os a
por um processo de transformação, apoiar o eixo (Alemanha, Japão e Itália).
A derrota frente aos norte-americanos fora dura, os ja-
este processo agrega valor ao produto
poneses defenderam bravamente todas as suas possessões
comercializado. Então, um produtor de grão
conquistadas, gerando um número grande de mortos e fe-
de soja pode tanto vender o grão in natura ridos, tanto para o inimigo como para si. Porém, a estrutura
quanto fabricar o óleo de soja. Ao fazer o óleo industrial permaneceu quase que intacta, com exceção de
de soja fez com que seu produto passasse Hiroshima e Nagasaki – cidades bombardeadas pela bom-
por um processo de transformação que ba atômica e foram completamente destruídas.
agregasse um valor, isto é, que o tornasse Mesmo assim, depois da Guerra, a economia japonesa
diferenciado e mais rentável. É possível precisava ainda dos recursos naturais de antes. Porém, des-
ter um alto valor agregado – grandes e/ou ta vez, os japoneses não travaram guerras de conquistas,
complexas transformações no produto -, mas preferiram o comércio. E, então, para gerar os recursos
como se pode ter um baixo valor agregado, necessários para manter sua economia em funcionamen-
poucas e/ou mais simples transformações to, eles adaptaram um modelo de exportação, com uma
no produto. mão-de-obra barata e qualificada, suprimindo o con-
sumo interno, investimento em tecnologia e educação,
para produzir produtos de maior valor agregado, com
Assim, o surgimento das primeiras indústrias nestes destaques para os eletrônicos (rádios, televisão e outros) e,
três países sempre esteve ligado aos proprietários de ter- posteriormente, os automóveis.
ras, que começaram a estar mais presentes nas grandes ci- A configuração do país como um exportador de produ-
dades. A educação, fundamental para o desenvolvimento tos de maio valor agregado possibilitou a consolidação do
japonês (ver a seguir), nunca foi um fator importante para país como a segunda maior economia do mundo, na dé-
os donos das fábricas, numa estratégia de longo prazo. A cada de 80 e alavancou os países da região, os chamados
produção, inicialmente, era voltada para o consumo da re- Tigre Asiáticos, através do investimento de capital próprio
gião e de produtos de baixo valor agregado, porém de uso e da expansão do modelo de país exportador com mão-
diário, como a indústria têxtil (roupas e sapatos). de-obra barata e qualificada. Os grandes exemplos são a
Um caso que vale a pena estudar é o do Japão, pois Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e outros. Atualmente, há
mostrará a evolução de um pequeno país, sem grandes outros países da Ásia que estão copiando o mesmo mode-
atrativos naturais, com pouca área disponível para agricul- lo, entre eles estão Tailândia, Indonésia, Vietnã e Malásia.
tura e de grande instabilidade geológica (área de dobra- A China faz parte da primeira leva de Tigres Asiáticos,
mento moderno e vulcanismo, que pode levar a terremo- junto com a Coréia do Sul. Porém, devido à invasão japo-
tos, maremotos e outros) para a potência atual. nesa e os acontecimentos durante a ocupação, ainda existe
O país não possuía os atrativos dos grandes impérios uma inimizade grande entre os países, que afeta as rela-
comerciais dos séculos XVI à XIV. Inclusive, o Japão, era fe- ções econômicas entre eles. Por isso a maior parte das em-
chado ao comércio externo até o meio do século XIV, após presas multinacionais ou transnacionais na China, pertence
os EUA conseguirem fechar um tratado de comércio. Até aos EUA e à Europa.
então, o país tinha uma estrutura semelhante ao feudalis- Contudo, apesar dessas diferenças de formação, a
mo da Europa, com o domínio dos senhores feudais e dos economia no Brasil gera, também, produtos de maior va-
seus ‘cavaleiros’ samurais. lor agregado. Existem diversos centros de excelências em
Este tratado comercial transformou a sociedade japo- tecnologia no Brasil, com grande destaque para o estado
nesa, o que levou ao fim da sua estrutura feudal. A influên- de São Paulo e a ligação que existe com as universidades
cia do ocidente cresceu e foi assimilada pela população e,
estaduais.
mais importante, deu os meios para o imperador retornar
Por exemplo, em Campinas, interior de São Paulo, exis-
o controle político-econômico do país (armas avançadas).
te o CpQD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Assim, começou a Era Meiji (significa governo ilustra-
Telecomunicações , que é um importante centro tecnológi-
do), onde o imperador determinou maciços investimentos
co voltado para as telecomunicações. Neste mesmo local,
na criação de infra-estrutura (portos, ferrovias e outros),
também, existe o Laboratório Nacional de Luz Síncroton
de fábricas e para a educação, que agora era universal
(único no hemisfério Sul), importante ferramenta para pes-
e voltada para a qualificação de mão-de-obra. Nesta
época, não havia barreira para a entrada de tecnologia e quisas em diversos campos. Ambos estão localizados ao
produtos estrangeiros. lado da Unicamp, importante universidade estadual que
concentra muitas das pesquisas de ponta, no Brasil.
77
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Há, também, em São José dos Campos, o Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que engloba o Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), que foi o berço da Embraer, na briga pelo terceiro lugar em tamanho de companhia de aviões comerciais
do mundo, atrás da Airbus e Boeing. Além disso, ela serve como ponto de apoio para todo o setor de indústria aeroespacial
brasileira.
Isto só foi possível devido ao grande incentivo realizado pelo Estado brasileiro, durante décadas. Houve uma concen-
tração de esforços no ensino superior (universidades), atrasando os investimentos nos ensinos fundamental e médio. Esta
opção caracteriza a situação brasileira com estes desequilíbrios de excelências em algumas áreas da tecnologia e total
atraso em outras. Chegamos ao ponto de, inclusive, investir em áreas em que o nível superior não é necessário, apenas um
técnico seria mais que suficiente.
Nesta área ocorre outro problema que atrapalha o desenvolvimento do país, o desemprego estrutural. Para entender
melhor, é preciso entender o que é estrutural e o que é conjuntural:
CONJUNTURAL: são os fatores envolvidos no curto prazo, que acabam interferindo no funcionamento esperado das
coisas, por exemplo: você não consegue ligar a sua televisão, pois a chuva que caiu momentos antes cortou o cabo de
energia.
ESTRUTURAL: tomando o exemplo anterior, você não conseguiria ligar a sua televisão, pois não existe gerador, postes
de luz e cabos. Ou seja, não há luz na sua casa. Pode-se dizer que a dimensão dos fatores envolvidos aqui, têm uma dimen-
são maior do que aqueles envolvidos no conjuntural.
Assim, o desemprego estrutural está relacionado com a diminuição da produtividade da atividade de um trabalhador
na empresa. Não é uma crise que diminuiu o faturamento da empresa momentaneamente e forçou a demissão deste tra-
balhador, mas aquela atividade deixou de ser economicamente viável, por conta de novos processos e tecnologias. Se no
primeiro caso o trabalhador, quando da melhora nos ganhos financeiros da empresa, poderá ser recontratado, no segundo
caso, não, pois a atividade deixa de existir. Por exemplo, uma máquina que enrola cem carretéis de barbante, em menos
tempo, certamente deixará alguém desempregado dessa atividade para sempre.
Mas como se pode evitar essa situação? Impedir a utilização de máquinas na produção? Acabar com a nossa depen-
dência da energia elétrica? A solução nunca é simples e imediata, como já apontamos anteriormente. Uma melhor qualifica-
ção técnica deverá produzir um profissional mais capacitado para perceber as tendências do mercado de trabalho fazendo
com que possa buscar novos rumos para a sua própria carreira, evitando uma situação como essa.
78
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A grande diferença está na adoção de técnicas específicas, com inspiração nas indústrias, para todo o processo da pro-
dução agrícola. A associação de pesquisa e conhecimento a este processo permitiu que melhores sementes fossem produ-
zidas, que o solo fosse mais bem preparado – através de fertilizantes –, que as máquinas facilitassem o serviço de aragem,
de plantio e de colheita, que criassem locais propícios de armazenamento –silos - e, por fim, que todo este processo fosse
acompanhado por técnicos, engenheiros e administradores, especializados na produção, transporte e comercialização des-
ta produção no mercado interno e externo.
O resultado de todo este processo é uma produtividade altíssima, como podemos ver no gráfico anterior, que mostra
a evolução da área plantada e a produtividade das mesmas.
Todo este processo requer uma grande quantidade de capital disponível, para dar continuidade ao aumento da pro-
dutividade. Aqueles produtores que não conseguiram acompanhar este ritmo preferiram vender suas terras para outros
produtores, o que levou a uma grande concentração de terras nas mãos de poucos. Esta concentração de terra e de um de-
terminado produto agrícola na mesma região foi classificada como ‘belt’ (cinturão, já que a tradução da palavra é “cinto”).
Tais cinturões são grandes áreas de monoculturas, altamente mecanizadas e o produto produzido tem grande apelo
comercial e adequado ao clima da região.
Contudo, este conceito não se aplica somente a agricultura. Existem diversos tipos de cinturões para demarcar uma
determinada área, onde ocorre a concentração de um fator em comum. Vejamos mais algumas dessas áreas:
FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão do Milho (Corn Belt) dos EUA. É uma sub-região do Grain Belt e sua
produção destina-se para ração de animais para o gado leiteiro, cujo Belt está logo aci-
ma do mesmo. Assim como, é a região mais propícia para o plantio de milho.
FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão do Sol (Sun Belt). Esta é a região que apresenta o maior crescimen-
to econômico e demográfico dos últimos anos. Ela percorre o Sul e o Sudoeste dos
EUA, onde se verifica indústrias recentes (de tecnologia principalmente) e, também,
agricultura.
79
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão da Bíblia (Bible Belt). É a área de maior concentração de po-
pulação protestante dos EUA, muito em função da relação entre protestantes e o
período colonial norte-americano
FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão dos Grãos (Grain Belt) dos EUA. Aqui se concentra uma enorme
produção de grãos e soja dos EUA e do mundo. Em funções das pradarias e do cli-
ma, essa é uma área de alta produtividade e, também, próxima ao transporte fluvial,
pelos Grandes Lagos.
80
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
FONTE: www.wikipedia.com
Este é o Cinturão da Ferrugem ou Manufatura (Rust or Manufacturing Belt). É nesta região
onde se localiza as primeiras indústrias dos EUA (automobilística, siderurgia, metalúrgica,
alimentícia e etc.). Estão próximos às matérias-primas e do consumidor.
Essa é uma maneira específica de localizar e determinar uma região por suas características em comum, onde a popu-
lação, em geral, compartilha e está ligada a mesma atividade econômica, política e cultural.
É importante, também, entender que isso não representa a verdade por completo daquela região. Isso não impede de
surgir uma indústria no Cinturão de Milho que não esteja ligada a produção daquele produto, como por exemplo, aviões,
contudo é pouco provável que isso aconteça.
Os belts de produção agrícola dos EUA contam com subsídios fiscais do governo federal para manterem a sua produ-
ção em determinado nível, com o objetivo de manter a rentabilidade da colheita. A mesma prática ocorre na Europa, es-
pecialmente na França, onde os produtos agrícolas possuem força política, conseguindo subsídios de seu governo federal
para manter a produção rentável e, também, em ordem de preservar o estilo de vida que levam.
Além de subsídios, existem outras maneiras de impedir a entrada da produção agrícola de outros países, como o Brasil,
em seu mercado interno. Através de barreiras não-fiscais, como a sanitária, os governos acusam a produção externa que
teriam doenças e/ou agrotóxicos já banidos pelos órgãos sanitários de cada país.
Essa é uma situação na qual os países com foco na produção agropecuária ficam em desvantagem comercial. Na Or-
ganização Mundial do Comércio, as últimas rodadas para definirem um novo marco para o comércio mundial, com menos
restrições alfandegárias (impostos), esbarrou na relutância destes países a cortarem os subsídios dado aos seus produtos
agrícolas. Este empecilho permanece e, até 2009, nada foi resolvido.
81
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Esta é uma situação peculiar, especialmente para os países que propagam os ideais do liberalismo e o neoliberalismo
econômico, como os EUA. Vamos entender um pouco melhor o que são esses dois ideais:
Liberalismo: é uma corrente de pensamento político-econômico que surgiu no final do século XVIII, principalmente
através das idéias de Adam Smith, no seu livro “A Riqueza das Nações”. Nele, Smith busca explicar os motivos que diferen-
ciam o desenvolvimento econômico verificado na Inglaterra, com os demais países europeus e, também, tenta explicar o
funcionamento daquilo que ficou conhecido como mercado. Para tanto, ele diz que é o egoísmo do padeiro que o leva a
produzir pães para a venda (pois almeja o lucro para sobreviver) e não um outro sentido qualquer. Isto seria a “mão invisí-
vel” do mercado em ação.
Tendo em mente o egoísmo de cada pessoa como o fator motivador para movimentar a economia, Smith percebeu que
o Estado agia de maneira a criar empecilhos que impediam o arranjo perfeito entre produtores, trabalhadores e consumi-
dores, ao legislar e criar situações que não se sustentavam, a não ser com a presença dele. Assim, chegou-se a conclusão
que o Estado não podia interferir nos assuntos econômicos, ficando restrito às funções de defesa (contra inimigos externos)
e a justiça (ordem interna).
82
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Neoliberalismo: é a evolução do pensamento liberal, 11 e o tripulante Neil Armastrong que se consagra como
que ganhou muita força durante a década de 80, com a o primeiro homem a pisar na Lua. Atualmente esses co-
eleição de Ronald Reagan, nos EUA e Margaret Thatcher, na nhecimentos servem os mais amplos setores industriais no
Inglaterra. Esses dois personagens da história foram eleitos mundo: telecomunicações, meteorologia, observação mili-
com promessas eleitorais de diminuir o peso do estado na tar, medicina, etc. Podemos notar, portanto que o avanço
sociedade, através da redução de impostos, privatizações, tecnológico influenciou em todos os setores produtivos
redução do poder dos sindicatos e desregulamentações mundiais.
da economia. Ou seja, eles voltaram a apostar no mercado 1- De que forma a corrida espacial contribuiu para o
para criar o desenvolvimento econômico. desenvolvimento tecnológico?
Teoria keynesiana: outra corrente de pensamento
político-econômico que ganhou força durante a crise de SUGESTÃO PARA PESQUISA:
1929. Seu principal autor, John Maynard Keynes, difere do Busque conhecer os avanços tecnológicos da Medicina
pensamento liberal ao defender, em momentos de reces- nos séculos XX e XXI e se atendem todas as classes so-
são – baixo crescimento econômico -, a intervenção do Es- ciais.
tado na economia. Em seu livro “Teoria Geral do Emprego,
Juros e Moeda”, publicado em 1936, o autor inverte a análi- AGORA É A SUA VEZ!
se feita pelos liberais, ou seja, ao invés de privilegiar o lado
da oferta - daquilo que é produzido -, defende estimular a 1- Apresente as fases da Revolução Industrial.
demanda, isto é, defende que é preciso pensar em consu-
mir a produção para geração de emprego. 2- Explique os principais fatores que levaram ao de-
A exceção, neste caso, foi que alguns setores da eco- senvolvimento tecnológico no Brasil.
nomia continuaram em poder do Estado, especialmente
setores de regulamentação financeira (Banco Central) e, 3- São Paulo, 18 de agosto de 1929. Carlos [Drum-
também, para combater os monopólios (considerada uma mond de Andrade], Achei graça e gozei com o seu entu-
falha no funcionamento do mercado). Vemos, portanto, siasmo pela candidatura Getúlio Vargas – João Pessoa. É.
que o neoliberalismo aceita que existem falhas no mer- Mas veja como estamos... trocados. Esse entusiasmo devia
cado, que se tornaram evidentes durante o percorrer da ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria
história. Inclusive, além de aceitar tais intervenções, acre- ser de você. (...). Eu... eu contemplo numa torcida apenas
ditavam na gerência pública de serviços essenciais, como simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes deseja-
saúde e educação. ra tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura
No Brasil, o neoliberalismo ganhou força após a elei- (única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes
ção de Collor, onde começara a abertura comercial e al- fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos
gumas privatizações. Neste mesmo momento, foi lançado (...), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o
um documento que ficou conhecido como Consenso de Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos. Tudo isso
Washington. Este era um documento com recomendações não me entristece.
de políticas públicas para os países da América Latina, vi- Continuo reconhecendo a existência de males necessá-
sando à adoção de políticas com viés neoliberal, buscando rios, porém me afasta do meu país e da candidatura Getú-
o seu desenvolvimento econômico. lio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de Andrade]
Ao defender a liberalização do comércio, os países de- Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a história do
senvolvidos querem aumentar a participação de suas in- Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004,
dústrias, que são mais competitivas, em mercados antes p. 305.
restritos devido à alta tributação de importação. Ao mesmo Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira
passo, impedem qualquer movimento para liberar a entra- República, a carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro
da de produtos agrícolas em seus países, pois perdem em Carlos Drummond de Andrade revela:
competitividade para a produção agrícola em países me- a) a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas
nos desenvolvidos. e o desencanto de Mário de Andrade com as composições
políticas sustentadas por Vargas.
LEITURA COMPLEMENTAR: b) a veneração de Drummond e Mário de Andrade
Chegada do Homem a Lua é reflexo do avanço tecno- ao gaúcho Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira
lógico imposto também pelas guerras. A Guerra Fria ins- de São Paulo.
taurou um processo de rivalidades tecno-científicas entre c) a concordância entre Mário de Andrade e Drum-
Estados Unidos e antiga União Soviética, culminando na mond quanto ao caráter inovador de Vargas, que fez uma
corrida espacial. Um dos marcos dessa corrida foi o lança- ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira.
mento do primeiro satélite artificial, o Sputinik, em 1957. d) a discordância entre Mário de Andrade e Drum-
Quatro anos depois um novo triunfo soviético, em 1961, mond sobre a importância da aliança entre Vargas e o pau-
lança a nave espacial Vostok I, tripulada por Yuri Gagárin, lista Júlio Prestes nas eleições presidenciais.
que se tronou o primeiro astronauta a fazer o vôo em torno e) o otimismo de Mário de Andrade em relação a Ge-
da Terra. O pioneirismo russo acirrou ainda mais a corrida túlio Vargas, que se recusara a fazer alianças políticas para
espacial, Estados Unidos, em 1969 envia à Lua a Apollo vencer as eleições.
83
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
4- (ENCCEJA 2006) Em 1986, ano com o maior número PRA FIM DE PAPO!
de contratados na indústria automobilística, havia 157 mil Caro Aluno
trabalhadores para produzir 1 milhão de veículos. Em 2004,
101 mil trabalhadores, produziram 2,2 milhões de automó- Ao final deste capitulo você deve ser capaz de:
veis de qualidade muito superior. Fenômeno semelhante • Identificar e interpretar registros sobre as formas
ocorreu em outros setores da atividade produtiva porque a de trabalho em diferentes contextos históricos geográficos,
humanidade vive os impactos do uso cada vez mais pene- relacionando-os a produção humana.
trante da tecnologia na produção industrial. • Analisar as formas de circulação da informação, da
Época, n.º 411, 13/4/2006 (com adaptações). riqueza e dos produtos em diferentes momentos da his-
Considerando o texto acima, é correto afirmar que: tória.
a) a indústria automobilística representa um setor eco- • Comparar diferentes processos de produção e
nômico alheio aos avanços tecnológicos. suas implicações sociais e espaciais.
b) a qualificação da mão-de-obra inibe o impacto das • Identificar vantagens e desvantagens do conheci-
novas tecnologias no emprego. mento técnico e tecnológico
c) o avanço da tecnologia na produção favoreceu a • produzido pelas diversas sociedades em diferen-
contratação de trabalhadores. tes circunstâncias históricas.
d) a introdução das novas tecnologias aumentou a • Reconhecer as diferenças e as transformações que
quantidade e a qualidade dos produtos. determinaram as várias formas de uso e apropriação dos
espaços agrários e urbanos.
HORA DE CONFERIR O QUE VOCÊ APRENDEU!
Se você não conseguir, não se preocupe, volte e estude
Exercício referente ao Texto Complementar: um pouco mais, você esta iniciando um processo de apren-
Através da abertura que proporcionou ao desenvolvi- dizagem e ele exige persistência...vamos lá!
mento das telecomunicações diminuindo a distância entre
as pessoas, no avanço da medicina e na automação pro-
dutiva.
Exercício 1:
Em (1760-1860) I Revolução Industrial, produção de
tecidos, introdução do tear mecânico, e aperfeiçoamen-
to das máquinas a vapor. (1860- 1900) utilização do aço,
aproveitamento da energia elétrica e dos combustíveis pe-
trolíferos. Caracterizando um processo conhecido como a
II Revolução Industrial. A partir do século XX, avanços tec-
nológicos, valorização das idéias traduzidas pelas novas
tecnologias, microcomputadores, celulares, ipods, iphones.
Alguns historiadores costumam determinar esse período
como a III Revolução Industrial.
Exercício 2:
A Grande Depressão de 1929, com a queda expressi-
va nas exportações, e a redução do comércio internacional
advindo também da crise e a redução do comércio interna-
cional advindo também da crise.
Exercício 3:
A
Exercício 4:
D
84
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Capítulo 8
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS
O desenvolvimento das técnicas de produção, acelerado a partir da Revolução Industrial, levou a um aumento da
disponibilidade de produtos e serviços para faixas cada vez maiores da população. Atualmente estamos repletos de inúme-
ras ofertas de produtos e serviços automatizados e de forma constante, aparecem novidades do mundo digital. Podemos
encontrar os mais variados produtos, desde “máquinas espertas” que se comunicam com as pessoas ensinando-as a ma-
nuseá-las, até as chamadas “casas inteligentes” que fazem a vontade de seus moradores conforme os gostos habituais de
seus moradores. Essa relação entre o homem e a máquina demonstra a tendência futura não da substituição das atividades
humanas pela maquinaria, mas a existência de uma união entre elas determinando as mudanças nos padrões sociais de
comunicação, interação, cultura e consumo.
TÉCNICA DE PRODUÇÃO
Entende-se por técnica de produção a combinação dos diversos meios e materiais de produção que melhorem o pro-
cesso produtivo, ou seja, quando um novo processo de produção determinará o uso de meios que, combinados, melhorem
a técnica, a fim de torná-la mais produtiva com o menor preço de produção.
Para tanto, o desenvolvimento dessas novas técnicas de produção era possível graças a acumulação de capital, obtida
através dos lucros dos empresários, ao longo dos anos. Pois, era através desta acumulação que era possível sustentar a
pesquisa, a produção de novos materiais e o seu posterior teste para averiguar sua viabilidade.
Assim, este aumento nos volumes produzidos e comercializados trouxe diversas novas necessidades às indústrias e
empresas em geral.
Além de desenvolver o processo produtivo em si com a finalidade de gerar mais produtos e diminuir preços, surgiu a
necessidade de controlar esse crescimento, estudar a melhor maneira de se distribuir essa produção e, com o tempo, de se
entender como o público consumidor de determinado produto se comportava diante da possibilidade de comprá-lo frente
à opção oferecida pelos concorrentes.
Essa evolução deu origem a uma série de matérias de estudo presentes em nossos dias como a Contabilidade, o Mar-
keting, a Logística entre muitas outras.
Para tratar todas essas dimensões do conhecimento associadas à produção começaram a ser desenvolvidas novas tecnolo-
gias de suporte que, com o tempo, ganharam tremenda importância no mundo dos negócios e acabaram entrando de forma
definitiva no dia-a-dia das pessoas mudando não só o mundo profissional, mas também a vida pessoal e social do mundo.
Os primeiros controles feitos à mão começaram a tomar cada vez mais tempo e esforço dentro das organizações. Isso
fomentou o desenvolvimento de novas tecnologias que pudessem otimizar o trabalho.
Foi o desenvolvimento da eletrônica que acabou por trazer as novas ferramentas de trabalho e controle. O surgimento
das tecnologias digitais passou a permitir que a geração, controle e disseminação das informações pudessem ser feitas de
forma muito mais rápida, eficiente e sem erros, gerando todas as condições para que a produtividade do trabalho fosse
multiplicada muitas vezes.
85
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
86
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Essa mundialização da economia cria uma interdepen- Assim, ter acesso a esses dados passou a ser funda-
dência entre as nações que passam a beneficiar-se umas mental para o desenvolvimento dos países e cada vez
das outras em momentos de crescimento da economia, mais os governos passaram a investir na disseminação
mas podem, por outro lado, ser afetadas em momentos da informação e do acesso a ela. Hoje é possível medir o
de crise. Ao gerar, recolher e organizar as informações de grau de desenvolvimento de uma sociedade pelo nível de
forma eficaz, as novas tecnologias abriram espaço para acesso que ela possui a informação. Os meios de comu-
toda uma nova economia baseada no valor da informação. nicação passam a ser interativos e todo o modo de vida
A partir do momento em que a Internet (rede mundial moderno é hoje completamente diferente do que era há
de computadores conectados entre si) passou a agregar poucas gerações.
imensos volumes de informação e disponibilizá-los de Cada vez é mais difícil conceber a vida das pessoas
forma praticamente gratuita, o valor de saber transformar sem acesso à comunicação e informação. O telefone ce-
essa informação em conhecimento e novos avanços pas- lular é o exemplo mais claro dessa mudança.
sou a ser enorme. Isso passou a ser o motor da economia Toda essa tecnologia disponível para cada vez mais
e os avanços do conhecimento humano passaram a ser pessoas aponta para novos formatos nas relações traba-
muito mais rápidos do que nas gerações anteriores. lhistas e na produtividade das pessoas.
Atualmente, não existe uma forma de organizar as in- Se por um lado as exigências para que uma pessoa
formações dos milhões de páginas (sites) que existem, nos consiga se inserir no mercado de trabalho são cada vez
diversos servidores espalhados pelo mundo de internet. maiores, tornando indispensáveis o estudo e o conheci-
Os próprios donos dessas páginas fazem uma organização mento das tecnologias de informação, por outro passam
através de marcadores, especificando o que aquela página a ser possíveis novas formas de trabalho já que ao ter
especifica contêm. acesso aos dados que precisa em qualquer lugar, um tra-
Contudo, muitas vezes, estes marcadores não são sufi- balhador moderno pode trabalhar longe do escritório ou
cientes para realmente determinar se o conteúdo daquela da fábrica que o emprega, desempenhando suas funções
página é relevante ou não, de acordo com a sua pesquisa. com produtividade mesmo estando em casa.
Este problema ocorre desde o surgimento da internet Novas funções passam a ser possíveis já que ao do-
e, na mesma época, surgiram páginas específicas, conhe- minar determinados temas, um profissional pode “ven-
cidas como páginas de buscas, para tentar encontrar uma der” esse conhecimento para qualquer um que tenha in-
solução adequada. O Yahoo! foi uma das primeiras em- teresse em qualquer lugar do globo.
presas de internet que criou um buscador que trazia as
páginas, conforme as informações providas.
No Brasil, uma das primeiras empresas a criar um bus- A biologia atual é, provavelmente, a ciência
cador foi o Cadê?, que o Yahoo! acabou comprando, no que propõe o maior número de debates
começo deste século. éticos demonstrando que a definição de
Porém, a empresa que teve mais sucesso nessa ques- vida não é ainda muito clara. Manipulação
tão foi o Google. Com uma proposta diferente, uma pá-
genética, experiências com embriões,
gina específica para buscas, limpa de anúncios, notícias
eutanásia e aborto são assuntos que
e outras distrações, transformou-se no líder mundial em
buscas. Ao contrário de seus concorrentes, como o Yah- geram muita discussão e não chegam a um
oo!, eles desenvolveram um algoritmo matemático que, consenso.
constantemente, visita milhares de páginas, realizando
a leitura delas, atualizando seu banco de dados e, nesse
processo, permitindo um arranjo de informações mais Outras áreas do conhecimento também puderam
eficaz e rápido. acelerar seu desenvolvimento a partir do aumento da ca-
Isto, aliado a um modelo de negócio diferenciado, pacidade de processamento à disposição dos pesquisa-
ajudou o Google a transformar a publicidade na internet, dores e da facilidade de troca de informações entre esses
criando um modelo onde o anunciante remunera por cli- mesmos pesquisadores pelo mundo.
que realizado no seu link, ou seja, no caminho que irá dire- Uma das áreas mais beneficiadas por esse avanço
cionar o consumidor a sua página. Antes disso, o conceito foi a da engenharia genética. Ao dominar essa ciência
de publicidade online era de quantas pessoas visualizam o o homem passa a ter o poder de alterar geneticamente
anúncio, como se fosse um Outdoor nas páginas. plantas e animais para aumentar a produtividade da la-
O sucesso do Google se estendeu para vários segmen- voura e da agropecuária criando geneticamente novos
tos da internet, controlando serviços de correio eletrônico insumos – produtos - para seu consumo. Os cientistas
(e-mail), redes de relacionamento (orkut), blogs e outros. conseguiram mapear todo o genoma humano e esse ad-
A empresa se tornou, também, uma das mais valorizadas vento abre a possibilidade de em pouco tempo ser possí-
no mercado de capitais de Nova York, com valor de mer- vel a cura de doenças que até hoje não eram dominadas
cado superior há inúmeras empresas da economia real, pelo homem.
contudo, o seu papel mais importante, ainda, é o da busca
de informação.
87
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A engenharia genética é uma ciência que tem possibilitado a realização de várias descobertas genéticas. Por sua
relação direta ou indireta com o meio ambiente, não poder deixar de ter a atenção dos ambientalistas e estudiosos do
direito ambiental e da sociedade em geral, que se mostra insegura com suas descobertas.
Muito se discute sobre a validade desses procedimentos e da sua agressão sobre os princípios de muitas religiões.
Caberá à sociedade decidir como lidar com esses avanços que a tecnologia proporcionou.
Em junho, o tempo de navegação por usuário cresceu 10,6% em relação ao mês anterior e alcan-
çou 44 horas e 59 minutos, entre pessoas que usam a internet no trabalho ou em residências.
Navegaram em pelo menos um desses ambientes 33,2 milhões de pessoas, número 3,9% menor
que os 34,5 milhões de maio. A informação é de pesquisa do Ibope Nielsen Online.
O número de pessoas com acesso à internet em casa ou no trabalho é de 44,5 milhões. Consi-
derando somente os internautas residenciais, o tempo de navegação aumentou 8,1% e atingiu a
marca inédita de 27 horas e 48 minutos por pessoa, superando o pico de 26 horas e 15 minutos
que havia sido registrado em março de 2009.
O número de internautas ativos em residências manteve estabilidade em relação ao mês anterior
e permaneceu em cerca de 25,6 milhões. A quantidade de pessoas que moram em domicílios em
que há a presença de computador com internet é de 40,2 milhões.
Entre as dez subcategorias com maior tempo de navegação por pessoa, portais registrou o maior
aumento, ao crescer 22% em relação ao mês de maio, seguida por Ferramentas de Internet, que
cresceu 20%, e por e-mail, que cresceu 16%.
Entre os dez países em que é realizada a pesquisa, o Brasil continua com o maior tempo por
usuário, tanto na navegação em páginas quanto no tempo total, incluindo programas online.
Fonte: http://www.adnews.com.br/internet.php?id=91035
Podemos ver que o Brasil está na quinta posição neste ranking, atrás de China, EUA, Japão e Índia. Podemos ver que
são países populosos, em especial China e Índia, com 1,330 bilhões e 1,132 bilhões de pessoas respectivamente e, também,
países com grande destaque no campo da economia, com altas e constantes taxas de crescimento econômico ano após
ano. Os outros dois países, EUA e Japão, também são populosos, porém não alcançam os números mencionados, com
população de 303 milhões e 127 milhões de pessoas. A diferença está no fato de que eles são países desenvolvidos, com a
primeira e segunda maior economia do mundo.
O Brasil ganha destaque por apresentar uma grande população, com quase 200 milhões de habitantes, porém não é
uma economia desenvolvida e, também, não apresentou as constantes e altas taxas de crescimento verificadas na China e
na Índia. Mesmo assim, apresenta um aumento constante no número de usuários.
O próximo gráfico é interessante, pois demonstra , além do crescimento do número de usuários, outro fator importan-
te que é o tempo que cada pessoa fica online por mês. Neste quesito, o Brasil se destaca, sendo o país onde os usuários
passam a maior parte do tempo conectado.
88
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
FONTE: www.ibope.com.br
89
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Para isso, terá que ocorrer muito investimento na infra-estrutura das cidades brasileiras, especialmente pelas empresas
telefônicas, de televisão a cabo e, uma novidade, das empresas de energia (regulamentada pela a ANATEL – Agência Nacio-
nal de Telecomunicações – em abril de 2009), para criar melhores condições de acesso, barateando o custo da banda larga,
que atualmente é extremamente caro, em compar ação com os demais países.
Há, também, os problemas oriundos da própria utilização da internet pelos usuários, que contraem vírus e tem progra-
mas instalados sem o seu consentimento e/ou o seu completo entendimento que realmente o programa faz. Isto resulta em
grandes prejuízos para o usuário e, também, para as empresas que possuem serviços online como os bancos, principalmente.
Por fim, há o grave problema da falta de privacidade das informações expostas na internet. Ao guardar tais informa-
ções, como senhas de banco, contas, documentos digitalizados e material intelectual (artigos, pesquisas, desenhos e ou-
tros) muitas vezes o usuário não sabe qual é a segurança para evitar o acesso de outras pessoas.
Cracker: é um termo utilizado para designar aquele que quebra um sistema de segurança, com o objetivo de
obter vantagens para si ou para outros.
Hacker: ao contrário do cracker, ele busca alterar a programação de um programa legal, buscando melhorias
em sua funcionabilidade. Os hackers contribuíram para o melhoramento de programas livres (gratuitos), como
o Linux e outros.
Mesmo em caso de uma segurança mais alta, não existe total garantia de inviolabilidade das informações. A atuação de
hackers e crackers ganharam notoriedade conforme a dependência da internet aumenta na vida de cada um. Porém, estas
ações não passam despercebidas das autoridades policiais, que tiveram que criar uma parte específica para atuar contra
essa nova ameaça chamada de Delegacia de Repressão a Crimes Cometidos por Meios Eletrônicos, conforme podemos ver
na próxima notícia:
90
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
91
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
A concorrência na área é grande, porém leva há uma Em 2007, o faturamento das empresas de informática
concentração das empresas, pois o capital necessário para presentes no PIM foi de 7,58 bilhões de reais, valor que re-
tais investimentos é alto. A exceção fica por conta da parte presenta uma queda de quase 20% em comparação com o
do software, ou seja, dos programas que fazem o celular e ano anterior, segundo dados da Superintendência da Zona
o computador funcionarem. Franca de Manaus (Suframa). No mesmo período, o setor
Este é um mercado em crescimento, acompanhando a de informática como um todo, segundo dados da Abinee,
evolução da tecnologia, porém aberto para várias pessoas cresceu quase 7%. Este ano, o crescimento da indústria de
que podem, através de conhecimentos obtidos de graça TI deve ser de 11%, com receitas previstas de 34,89 bilhões
na internet, fazer programas ou páginas que podem atrair de reais. No polo, o segmento faturou, até setembro, 5,46
a atenção de empresas maiores e, também, fazer sucesso bilhões de reais.
por si mesmos.
COMPENSAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR: Ao mesmo tempo, outros setores da indústria ganha-
Empresas de tecnologia perdem interesse pela Zona ram força na região, principalmente o de motocicletas. De
Franca de Manaus acordo com dados da Suframa, de 2006 para 2007 o fatu-
Rodrigo Caetano, do COMPUTERWORLD ramento do setor duas rodas subiu quase 27%, chegando
12-01-2009 a 11,54 bilhões de reais e uma participação de 27,21% na
Em 2003, informática respondia por 24% do faturamen- receita total do polo. Este ano, o segmento já faturou 10,95
to no Polo Industrial de Manaus. Em 2008, participação caiu bilhões de reais.
mais da metade. A indústria eletroeletrônica ainda representa a maior
O Polo Industrial de Manaus (PIM) deixou de ser atra- parte do faturamento, com 28,74% do total. Mas este por-
tivo para as empresas de Tecnologia da Informação. Difi- centual está em queda acelerada. Em 2005, o valor chegou
culdades logísticas e incentivos fiscais pouco interessantes, a ser de 35,57%. Por outro lado, o setor de duas rodas, que
principalmente por conta do dólar baixo dos últimos anos, há três anos era responsável por 16% das receitas, hoje já
estão fazendo com que o setor de bens de informática caia responde por 27,21%.
vertiginosamente em participação no faturamento do polo. Hugo Valério, diretor da área de informática da Abi-
Em 2003, o segmento era responsável por quase 24% nee, afirma que Manaus não deixou de ser atrativa. “Nós
da receita total de todas as empresas com produção em Ma- vivemos em um país bastante plural. Cada estado tem seus
naus. A partir de 2004, este porcentual foi caindo gradativa- anseios e direito a ter sua indústria, não podemos impor
mente e deve ficar em cerca de 13% em 2008. A produção nada”, afirma.
de computadores na região deve ficar estável este ano, em Com a crise e a desvalorização da moeda brasileira,
comparação com o ano passado. Resultado que contrasta a perspectiva é que haja mais investimentos por parte do
com os 20% de crescimento registrado pelo mercado de PCs setor eletroeletrônico, principalmente das empresas de TI,
em geral, segundo dados da Associação Brasileira da Indús- por conta da maior competitividade que o país ganha em
tria Eletroeletrônica (Abinee). termos de custos e exportações. Manaus, porém, ainda deve
Para Humberto Barbato, presidente da Abinee, o movi- seguir fora da rota. “É cedo para afirmar, o câmbio ainda
mento reflete algumas escolhas feitas pelos estados em re- está muito volátil, e talvez caiba rever alguns incentivos
lação ao tipo de indústria que pretendem incentivar. “Cada para o setor”, afirma Almeida.
estado tem o direito de ter a sua indústria”, afirma o presi- Para o PIM, ver as empresas de TI perdendo participa-
dente. “Os investimentos vão acontecer onde o setor está. ção não representa queda no faturamento. Pelo contrário.
Não acredito que haverá novas razões para investir em Ma- Até setembro, a receita total do polo foi de 40,26 bilhões
naus”, completa. de reais, o que representa alta de 11,5% em comparação
Um dos motivos para o setor ter perdido o interesse em com o mesmo período do ano passado. Se as projeções do
Manaus está na desvalorização do dólar, que se manteve Conselho de Administração da Suframa (CAS) de faturar 30
abaixo de dois reais até setembro, quando teve início a crise bilhões de dólares este ano forem realizadas, será um novo
financeira que abalou os mercados do mundo inteiro. “Esta recorde na história da indústria manauara.
queda barateou muito as importações. Com isso, os incenti- Agora, para o setor de TI, os incentivos fiscais são uma
vos para produzir em Manaus não compensavam as dificul- demanda antiga. Mas, ao que parece, a força do segmento
dades de logística e infra-estrutura”, explica Julio Gomes de não é suficiente para fazer o governo colaborar. Se o texto
Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvol- proposto pela Comissão Especial da Reforma Tributária da
vimento Industrial (IEDI). Câmara dos Deputados for aprovado, em votação que deve
O setor de TI é muito dependente de importações, prin- ser realizada em março do ano que vem, a carga de impos-
cipalmente de semicondutores. Segundo dados da Abinee, a tos para o setor de software pode aumentar em até 16%, já
importação de chips cresceu 28% este ano, em comparação que inclui a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de
com 2007. A importação de componentes de informática, Mercadorias e Serviços) sobre a comercialização de progra-
em geral, aumentou ainda mais: 40%. Também de acordo mas de computador.
com a associação, o setor nacional de componentes foi um Fonte: http://pcworld.uol.com.br/noticias/2009/01/12/
dos poucos que registraram queda no faturamento (5%) este empresas-de-tecnologia-perdem-interesse-pela-zona-
ano. franca-de-manaus/
92
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Exercício 1:
A combinação dos diversos meios e materiais de pro-
dução que melhorem o processo produtivo.
93
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
94
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O fenômeno das guerrilhas ocorreu nos principais países da América Latina, como Argentina, Brasil, Chile e México,
durante as décadas de 1960 e 1970. Porém, tal fenômeno só fora possível com o apoio de Cuba, único país do continente
americano que se transformou em uma república socialista, e que tentava, ao treinar novos guerrilheiros nestes países, criar
mais uma nação socialista na América. As guerrilhas, inclusive, coincidem com o surgimento de ditaduras em tais países
(Argentina, Brasil e Chile), com a exceção do México – que já era uma ditadura – com o apoio dos EUA.
ATENTADOS À SOCIEDADE
Os atentados terroristas não são um aspecto novo no mundo. Nem tiveram início no dia 11 de setembro de 2001, com
os ataques ao complexo World Trade Center, em Nova Iorque nos Estados Unidos da América. Ocorrem há muito tempo
e se manifestam das mais variadas formas no Mundo Contemporâneo. Esse atentado em particular, causou uma grande
comoção em vários países do mundo e passou a ser a bandeira de condenação aos atos terroristas. O atentado foi atribuído
ao grupo Al Quaeda fundado em 1989, pelo saudita Osama Bin Laden, e combate a interferência do Ocidente, principal-
mente a norte-americana, no mundo islâmico.
Esse fato gerou várias discussões em relação aos propósitos desse ataque e as tentativas de justificativas para um con-
tra-ataque, além disso, gerou uma série de conflitos sociais entre o ocidente e o oriente generalizando a ação terrorista a
todos os árabes e muçulmanos, que passaram a ser vistos por muitos como perigosos. Essas generalizações quase sempre
trazem injustiças e exclusões sociais. Em represália, Estados Unidos invade o Afeganistão com o intuito de capturar Osama
Bin Laden, mas as dificuldades geográficas, as guerras civis e as baixas-norte americanas, cessaram a invasão.
A história deste país, o Afeganistão, é importante para entender o fracasso na captura de Osama Bin Laden por parte
dos EUA. Seu povo já superou duas invasões de países mais fortes que eles. O primeiro foi o Império Britânico, que durante
todo o século XIX esteve presente em seu território, com vitórias e derrotas e, por fim, foi expulso no começo do século
XX, após o final da Primeira Guerra Mundial. E, posteriormente, a União Soviética, que invadiu o país no final da década
de 1970, e manteve o domínio das principais vias de comunicação e transporte, inclusive as principais cidades, porém não
conseguiram vencer os guerreiros afegãos, os mujahidin, que ficavam nas montanhas e eram supridos e treinados pelos
EUA, Arábia Saudita, Paquistão e outros países. Esta invasão terminou 10 anos depois, com a retirada dos soviéticos, por
conta da agitação política interna em seu país.
O mapa a seguir mostra a posição do país, no mapa mundi, abaixo e no canto inferior esquerdo e, também, de seus
vizinhos com que fazem fronteira. O detalhe é que, na época no qual a Índia ainda era uma colônia inglesa, não havia sepa-
ração entre ela e o Paquistão. O país está localizado na Ásia Central, e possui uma extensa cadeia montanhosa, sendo que
85% de seu território é formado por montanhas. O ponto mais alto no país atinge a altitude de 7.485 metros acima do nível
do mar. Nos restantes 15% de seu território, apresenta planícies no norte e no sudoeste e, também, depressões.
95
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O clima tem características de continental, ou seja, com alta variação de temperatura no dia, pois não há presença de
lagos ou oceanos como agentes de moderação climática, isto é, que amenizam a temperatura, por isso possuem verões
quentes e invernos frios. Há uma falta crônica de água doce, com estoques limitados e, por fim, a cadeia montanhosa do
país é instável, apresentando abalos sísmicos (terremotos), conforme ocorre movimentação nas placas tectônicas.
Tais características geográficas e climáticas, e o fato de as montanhas estarem localizadas nas diversas fronteiras, em
especial com o Paquistão, tornou difícil a ação dos militares ingleses, soviéticos e, agora, dos norte-americanos, neste país.
Estima-se que existam milhares de quilômetros, dentro dessas cadeias de montanhas, de esconderijos que foram cria-
dos desde o início da sedentarização de populações humanas no Afeganistão e que foram expandidas durante as diversas
guerras que ocorreram no país.
Podemos concluir, então, que este país sofreu com os interesses dos países estrangeiros. Especialmente, após a Guerra
Fria, que destruído pela invasão soviética e com uma facção militar experiente e com recursos financeiros, através da venda
da papoula (para produção de heroína), pôde enfim dominar politicamente o país e introduzir um regime islâmico mais
rígido (fundamentalista).
Este regime foi imposto pelos Talibãs, representantes da etnia mais populosa do país. Foram responsáveis pelo domí-
nio do Afeganistão após a guerra civil que ocorreu ao final da dominação soviética. O país, então, tornou-se um centro de
instabilidade política para os países com que faz fronteira, com acusações de provocação das populações minoritárias de
muçulmanos em algumas regiões, como a Caxemira na Índia e na Chechênia, região da Rússia.
96
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Um dos atos deste regime, que ganhou projeção na mídia internacional, antes dos atentados de 11 de setembro, foi a des-
truição das imagens do Buda, esculpidas nas montanhas no Vale de Bamiyan, a 240 km de Cabul, capital do país. Tais imagens
são fruto de trabalho de monges budistas que habitavam a região até serem expulsos por povos islâmicos.
A destruição fora imposta pelo Talibã, pois as imagens do Buda eram consideradas idolatria, um pecado imperdoável na
visão islâmica, por considerar uma arrogância e egoísmo dos seres humanos ao tentarem recriar a imagem de Deus.
CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE
Os conflitos entre árabes e israelenses ocorrem desde a libertação do povo hebreu por Moisés, e a ocupação da Pales-
tina, a chamada Terra Santa. No início do século, os conflitos se intensificaram com a criação do Estado de Israel em 1949,
pós Segunda Guerra Mundial, dividindo a região entre duas grandes áreas: a judaica e a palestina. Atualmente os conflitos
permanecem, principalmente entre os grupos que defendem a luta pela criação do Estado Palestino e aqueles que preten-
dem manter as possessões territoriais.
97
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O Irã, conforme o mapa anterior mostra, possui fronteiras com o Iraque, Turquia, Armênia, Arzebaijão, Turcomenistão
e Paquistão. Possui, ainda, ligação com o Golfo Pérsico, ao sul e, também, ao norte, há o Mar Cáspio.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caspian_Sea_from_orbit.jpg
98
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
O país é cercado por cadeias montanhosas, com exceção da sua parte costeira, ao sul. O seu ponto mais alto é ao
norte, com 5.671 metros de altitude com relação ao nível do mar. É, também, uma área instável, sujeita a ação de vulcões
e terremotos. O centro do país é um planalto, onde existem dois grandes desertos desabitados. Seu clima é árido, com
poucas chuvas inclusive no inverno, sendo que a exceção fica por conta da área próxima ao Mar Cáspio, onde existe um
clima subtropical.
A capital, Teerã, localiza-se próximo ao Mar Cáspio e possui uma grande população. O país foi agitado por uma Revolução Islâmica,
no final da década de 1970, onde o governo do Xá – título de Rei dos persas, atual Irã – Mohammad Reza Pahlavi, que era apoiado pelas
potências ocidentais, como EUA e Inglaterra, fugiu do país com o retorno do Aiatolá – o mais alto representante da hierarquia do Islã –
Rudollah Khomeini.
O governo do Xá era em favor do ocidente, com muita liberdade de capital e de pessoas que vinham do ocidente para
investir em seu país. Ele queria modernizar o país, porém mantinha-se firme no poder, perseguindo a oposição formada por
cleros xiitas e, também, daqueles que defendiam a democracia. Com o passar do tempo, o Xá foi se configurando como um
ditador, o que se traduziu em perda de apoio por partes da sociedade iraniana.
Então, com o apoio do clero xiita, o Aiatolá Khomeini, como ficou conhecido, se tornou o chefe do governo, após a
fuga do Xá, e criou-se a república islâmica do Irã, que seguia os preceitos do Islamismo. A crítica ao Xá, tornou-se crítica
também aos seus apoiadores do Ocidente, com diversos episódios de atrito político entre Irã e EUA, o que levou ao final
das relações diplomáticas e econômicas entre eles, durante a Guerra Irã-Iraque.
99
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
À semelhança do Iraque, o Irã é um país com forte produção e exportação de petróleo. Para tanto, utiliza-se da proxi-
midade que há entre as suas principais reservas e o Golfo Pérsico para a sua exportação. Assim, o Golfo Pérsico é uma das
principais rotas para a exportação do petróleo, o que faz com que seja extremamente monitorado por diversos países com
interesse econômico naquela região.
A dependência da economia iraniana do petróleo aumentou após a revolução islâmica, pois os investidores e os turistas
ocidentais não eram mais bem vindos. Atualmente, o Irã exporta petróleo, frutos secos, tapetes, gado e especiarias, impor-
tando alimentos, maquinários, ferro, aço e outros.
Por fim, temos o arranjo político do país, que possuí particulares, em relação aos países do mundo. Há uma eleição
direta, que elege um presidente, um parlamento e uma assembléia de peritos.
Conforme pode-se observar, é a assembléia de peritos quem elege um líder supremo. O mandato deste líder é vitalício,
ou seja, somente após a sua morte que ocorre outra eleição. O Aiatolá Khomeini morreu em 1989 e foi substituído pelo o
Aiatolá Khamenei. Ele exerce a função de Chefe de Estado, ou seja, é o Comandante das Forças Armadas, nomeia o chefe
do poder judiciário, da segurança interna e seis membros do Conselho dos Guardiães e, ainda, possui o poder de demitir o
presidente, caso ele não esteja governando de acordo com a constituição.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Esquema_governo_Irão.png
O Conselho dos Guardiães possui o poder de vetar os candidatos que vão para a eleição direta do povo, ou seja, pode
controlar quem ele quer que concorra a algum cargo público. Por fim, o presidente, junto do parlamento, nomeiam o poder
executivo do país.
100
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
GUERRA DO GOLFO
Ocorre em conseqüência da invasão do Kuwait, por Saddam Hussein, em 1990. Buscando maior domínio e projeção no
mundo árabe, Saddam Hussein dominou o Kuwait. As potências lideradas por EUA e apoiadas pela ONU exigiram a deso-
cupação da região, porém Saddam Hussein manteve-se firme em seu propósito. A união entre as potências deslocou um
aparato militar maior que o da II Guerra Mundial. Através da ação “Tempestade de Areia”, mais de 31 toneladas de bombas
contra os 450 mil soldados iraquianos foram lançadas, além de ataques diretos sobre Bagdá. Terminada a investida militar,
foram estabelecidas várias sanções econômicas e embargos sobre suas importações de petróleos e, principalmente, obri-
gou o Iraque a eliminar seus arsenais bélicos e mísseis de longo alcance.
O Iraque, conforme observamos no mapa a seguir, tem fronteiras com a Jordânia, Turquia, Síria, Arábia Saudita, Kuwait
e com o Irã, sendo esta última a sua maior fronteira.
101
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
Há, ainda, uma pequena ligação com o mar, ao sul, entre o Kuwait e o Irã, que o liga ao Golfo Pérsico, entrada para o
Oceano Índico. Mesmo assim, o país apresenta um clima continental, com verões quentes e secos e invernos frios. O norte
do país é montanhoso, tendo o ponto mais elevado a 3.600 m de altitude, em relação ao nível do mar. Nestas montanhas
é onde se localizam as nascentes dos principais rios deste país, o Tigres e o Eufrates, conforme pode ser visto no mapa ao
lado:
A região localizada entre estes rios é extremamente fértil, inclusive, é onde há os vestígios da civilização suméria. A ca-
pital do Iraque, Bagdá, localiza-se próxima ao Rio Tigres, no ponto onde os rios mais se aproximam, porém não se juntam,
no centro do país.
O Iraque passou a ter destaque na mídia internacional quando, na década de 1970, Saddam Hussein assumiu o poder.
Ele era integrante da parte sunita do país (minoria, pois a maioria são os xiitas e ainda existe uma pequena população de
curdos, ao norte do país), porém se manteve no poder até a invasão de seu país pelos norte-americanos e seus aliados,
em 2003.
No decorrer de seu governo, o Iraque participou da guerra contra o Irã, e da invasão ao Kuwait, no qual foram expulsos
pelas forças norte-americanas e seus aliados, no começo da década de 1990. Desde então, o país foi submetido a pressões
da ONU, com o intuito de diminuir a vocação militar do país, através do controle das suas exportações, revertidas em com-
pras de alimentos e remédios e não mais armas.
O principal produto de exportação iraquiano é o petróleo, o que, inclusive, gerou as diversas disputas territoriais men-
cionadas anteriormente. Alguns países, como o Iraque e Irã, se armaram através da exploração do petróleo e, também, fize-
ram o seu esforço de guerra contando com as receitas futuras da sua exportação. Com isso, outras áreas de sua economia e
sociedade foram deixadas de lado, inclusive o investimento no aumento da exploração e refino do petróleo, o que atrasou
a recuperação da sua economia.
30/12/2006 - 01h41
Saddam Hussein é enforcado na manhã de sábado em Bagdá
O ditador iraquiano Saddam Hussein, 69, morreu enforcado por volta às 6h da manhã deste sábado (1h da
manhã em Brasília), na Zona Verde de Bagdá, região fortemente protegida da capital iraquiana em cumprimento
à sentença determinada pela Justiça daquele país em 5 de novembro. A condenação foi dada a Saddam por sua
participação nos assassinatos de 148 xiitas da cidade de Dujail depois do fracasso de um complô para matá-lo
em 1982, assim como na tortura e a deportação de centenas de moradores de Dujail.
Saddam Hussein governou o Iraque de 1979 a 2003, quando caiu durante a invasão americana ao país.
Conseguiu fugir, mas foi capturado e respondeu a processos por genocídios, acusado pelos EUA de desenvolver
armas de destruição em massa. Um tribunal de apelações de Washington rejeitou ontem o pedido formulado
pelos advogados do ex-presidente do Iraque para impedir a sua execução. Os advogados de Saddam Hussein
solicitaram a um tribunal dos Estados Unidos que o ex-presidente iraquiano não passasse da custódia americana
às mãos de oficiais iraquianos. Com isso, esperavam deter a execução, informaram fontes judiciais.
As ruas de Bagdá foram tomadas pela comemoração, conforme mostrou a rede de TV “CNN”. Iraquianos que
afirmavam ter sofrido sob o regime ditatorial de Saddam Hussein diziam que este era um dia de “comemoração,
Justiça e vingança”.
Enterro
Raghad Saddam, a filha mais velha do ditador iraquiano, pediu que seu pai seja enterrado em Sana, capital
do Iêmen, após sua execução, informou a rede de televisão “Al Jazira”. Segundo a emissora, que cita “fontes
iemenitas”, Raghad pediu ao governo iemenita que “intervenha para que Saddam Hussein seja enterrado em
Sana”. Raghad vive na Jordânia desde a queda do regime de seu pai, em abril de 2003. Ela quer que o corpo
seja enterrado no Iêmen de forma provisória, para ser levado de volta ao Iraque após “a saída das tropas de
ocupação do país”, acrescentaram as fontes. Saddam Hussein foi ditador no Iraque de 1979 a 2003, quando os
Estados Unidos invadiram o país e depuseram-no.
Durante esse período, o Iraque protagonizou três guerras.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u103274.shtml
Mesmo assim, havia a contínua suspeita de desenvolvimento de armas de destruição em massa (bomba atômica,
química e biológica) por parte dos iraquianos o que, após o atentado de 11 de setembro, tornou-se a preocupação e a
justificativa dos norte-americanos para a invasão, pois acreditavam que os terroristas pudessem se apossar de tais armas,
tornando um próximo ataque terrorista muito pior.
Contudo, após a invasão no Iraque, nenhuma arma de destruição em massa foi descoberta. Isto tornou a administração
Bush, nos EUA, extremamente fragilizada internacionalmente.
102
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
103
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
104
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
105
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
106
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
107
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
108
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
109
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
110
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
111
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
112
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
113
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
GABARITO OFICIAL
01 - A 02 - A 03 - A
04 - B 05 - A 06 - C
07 - A 08 - D 09 - A
10 - D 11 - A 12 - B
13 - B 14 - B 15 - A
16 - B 17 - C 18 - B
19 - B 20 - B 21 - B
22 - C 23 - A 24 - D
25 - B 26 - D 27 - A
28 - A 29 - B 30 - B
114
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
115
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
ANOTAÇÕES
__________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________
116