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1) Gálatas contra os judaizantes

Provavelmente, a carta aos Gálatas diga respeito às controvérsias judaizantes, pauta


do Concílio de Jerusalém mencionado em Atos 15,

Os judeus convertidos ao cristianismo ainda viviam a prática do judaísmo,


frequentando as sinagogas, o templo de Jerusalém, oferecendo holocaustos,
observando rituais e preceitos da lei de Moisés e mantendo=se afastados dos gentios.

Muitos gentios se converteram e a polêmica era grande: deveriam eles se circuncidar?


Praticar as regras do judaísmo? Só Cristo era suficiente? Ou Cristo e os princípios e
práticas do Judaismo?

2) Temas e destino

Gálatas insiste na liberdade cristã em relação a qualquer doutrina da salvação.

Há duas teorias de qual seria o destino da carta aos Gálatas:

- Teoria do Norte da Galácia – Paulo teria destinado sua epístola aos cristãos residentes
no Norte da Galácia em sua segunda viagem missionária, a caminho de Troade, tendo
vindo da Antioquia as Psidia, depois do Concilio de Jerusalém.

- Teoria do Sul da Galácia – Paulo teria destinado sua epístola aos cristãos do Sul da
Galácia, por ocasião de sua primeira viagem missionária, antes do concílio de
Jerusalém.

3) Esboço de Gálatas

Introdução - Gálatas 1:1-10 – Saudação aos Gálatas e anátema aos judaizantes que
pervertiam o evangelho. Paulo introduz a razão de escrever a carta de forma imediata
e violenta, porque cristãos gálatas estavam se desviando para outro “evangelho”.

Argumento autobiográfico a favor do evangelho da livre graça de Deus – Gl


1:11-2:21

a) Revelação direta do evangelho a Paulo, por Jesus Cristo – (1:11-12) _ Paulo


assegura que recebera o evangelho por revelação direta por parte de Jesus Cristo.

b) Impossibilidade de se ter originado no passado extremamente judaico de


Paulo – (1:13) – Paulo era judeu zeloso antes de sua conversão e não abandonaria se
não tivesse tido essa revelação
c) Impossibilidade de Paulo tê-lo aprendido de fontes meramente humanas,
os apóstolos, a quem Paulo conhecera somente três anos após sua
conversão e por pouquíssimo tempo (1:14-24) – Paulo somente se encontrou
com os apóstolos em Jerusalém após 3 anos de sua conversão, e teve contato
somente com Pedro (Cefas) durante 15 dias. E somente retornou a Jerusalém 14 anos
depois.

d) Reconhecimento posterior do evangelho Paulino por parte dos líderes da


igreja de Jerusalém (2-1-10) – Tiago, Pedro e João reconheceram formalmente a
correção do evangelho da graça pregado por Paulo entre os gentios

e) Paulo repreende (com êxito) a Pedro por haver cedido às pressões dos
judaizantes em Antioquia da Síria (2:11-21) – Ao chegar na Antioquia da Síria, a
princípio Pedro comia com cristãos gentios, mas depois cedeu à pressão exercida
pelos judaizantes. Por isso, Paulo repreende a Pedro publicamente e Pedro retrocede
diante da reprimenda.

Argumento teológico a favor do evangelho da livre graça de Deus – (3:1-


5:12)

Paulo se concentra em três opostos:


1) Lei x graça e promessa 2) Obras x fé 3) Carne x espírito

a) A suficiência da fé (3:1-5:12) – Paulo usa o termo justificar em referência ao


fato de Deus tratar os crentes em Cristo como jutos, isto é, retos embora continuem
pecadores. Este termo nos reporta a Isaías que diz que Deus intervém com graça para
acertar as contas entre Ele e os homens. O ato gracioso de Deus não invalida seu
caráter justo, pois Cristo sofreu a pena imposta a nossos pecados.

b) O exemplo de Abraão (3:6-9) – Paulo não tolera acréscimo de obras da lei.

c) A maldição imposta pela lei (3:10-14) – a lei pode somente amaldiçoar ou


condenar, já que ninguém pode obedecê-la em sua totalidade. Cristo morreu para
libertar-nos da lei, junto com sua inevitável maldição.

d) O pacto divino da promessa feito com Abraão e seus descendentes


( Cristo e aqueles que a Ele se unem pela fé), antes da lei das obras (3:15-
18) –Deus estabeleceu sua aliança com Abraão, antes de haver dado a lei a Moisés. A
lei não anulou aquele pacto. Da parte de Deus, a natureza do pacto abraâmico tinha
por objetivo abençoar os descendentes de Abraão; da parte humana, visava a
aceitação da promessa divina por meio da fé. O descendente de Abraão é Cristo, junto
com todos aqueles que a Ele vão sendo incorporados por seguirem o exemplo de fé de
Abraão.

e) O propósito da Lei: não oferecer salvação por mérito humano, mas


demonstrar a necessidade da graça de Deus por meio da fé em Cristo. (3:19 -
4:7) – Somos justificados pela fé e devemos continuar pela fé e não pela lei. Paulo
relembra como os gentios haviam aceitado sua mensagem ao se converterem e
insiste com eles para que agora também aceitem essa sua mensagem, exatamente
como no começo.

f) Apelo para que se confie somente na graça de Deus, com uma alegoria
sobre a liberdade cristã baseada em Abraão e seus dois filhos: o escravo
Ismael e o livre Isaque (4:8, 5:12) – Paulo respalda seu argumento, ao estilo dos
rabinos, empregando uma alegoria baseada num relato do AT. Agar, escrava,
representa o Monte Sinai, isto é, a lei mosaica, com seu centro de operações em
Jerusalém, na Palestina; Ismael, seu filho, nascido escravo, ilustra os que estão
escravizados à lei. Sara, simboliza o cristianismo, com sua capital na Jerusalém
celeste. Isaque, seu filho prometido e livre desde o nascimento, representa todos os
filhos espirituais de Abraão, isto é, os que seguem o exemplo da fé de Abraão e, por
isto mesmo, são libertos da lei em Jesus Cristo.

Advertência contra o antinomismo – (5:13-6:10) – Paulo adverte contra as


atitudes libertinas ou licenciosas (antinomismo ou antileísmo), aquela atitude
negligente segundo a qual estar isento da lei equivale a uma licença para praticar a
iniquidade.

a) Liberdade cristã: o viver pelo Espirito e não segundo a carne (5:13-24) – O


crente não deve moldar sua conduta de acordo com a carne, mas em harmonia com o
Espírito.

b) O amor cristão (5:25-6:5) – Cumpre ao cristão ajudar amorosamente seus


semelhantes, sobretudo os irmãos na fé

c) A liberalidade cristã (6:6-10) – O cristão deve contribuir liberalmente para os


que ministram o evangelho.

Conclusão: Contraste entre, de um lado, o temor que os judaizantes tinham


da perseguição e seu orgulho e, de outro, as perseguições humilhantes
sofridas por Paulo; benção final – (6:11-18) – Paulo acusa os judaizantes de
serem motivados pelo desejo de escapar as perseguições movidas pelos judeus
incrédulos; acusa-os também de serem motivados por uma ambição de se
vangloriarem por serem capazes de arrancar convertidos das mãos dos apóstolos. Em
contrapartida, Paulo chama a atenção para os sofrimentos que vinha alegremente
suportando, na defesa da sua mensagem, e, por fim, roga aos crentes da Galácia que
eles mesmos julguem quem era impelido pelos motivos mais puros: ele ou os
judaizantes.

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