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não impunidade
Há um golpe de direita em andamento no Brasil, mas a justiça prevalecerá
CURITIBA, Brasil - Dezesseis anos atrás, o Brasil estava em crise; seu futuro incerto.
Nossos sonhos de nos transformarmos em um dos países mais prósperos e
democráticos do mundo pareciam ameaçados. A ideia de que um dia nossos cidadãos
poderiam desfrutar dos padrões de vida confortáveis de nossos colegas na Europa ou
em outras democracias ocidentais parecia estar desaparecendo. Menos de duas
décadas após o fim da ditadura, algumas feridas daquele período ainda estavam cruas.
O Partido dos Trabalhadores ofereceu esperança, uma alternativa que poderia mudar
essas tendências. Por essa razão, mais que qualquer outra, vencemos nas urnas em
2002. Tornei-me o primeiro líder trabalhista a ser eleito presidente do Brasil.
Inicialmente, o mercado financeiro se abalou; mas o crescimento econômico que
seguiu tranquilizou o mercado. Nos anos seguintes, os governos do Partido dos
Trabalhadores que chefiei reduziram a pobreza em mais da metade em apenas oito
anos. Nos meus dois mandatos, o salário mínimo aumentou 50%. Nosso programa
Bolsa Família, que auxiliou famílias pobres ao mesmo tempo em que garantiu que as
crianças recebessem educação de qualidade, ganhou renome internacional. Nós
provamos que combater a pobreza era uma boa política econômica.
Então este progresso foi interrompido. Não através das urnas, embora o Brasil tenha
eleições livres e justas. Em vez disso, a presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment
e foi destituída do cargo por uma ação que até mesmo seus oponentes admitiram não
ser uma ofensa imputável. Depois, eu fui mandado para a prisão, por um julgamento
questionável de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
Former Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva attends a protest in Sao Bernardo do
Campo, Brazil April 7, 2018. Leonardo Benassatto/Reuters
Moro tem sido celebrado pela mídia de direita do Brasil. Ele se tornou intocável. Mas a
verdadeira questão não é o Sr. Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de
intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior
justiça social e igualdade no Brasil.
Eu não acredito que a maioria dos brasileiros aprove essa agenda elitista. É por isso
que, embora eu possa estar na cadeia hoje, eu estou concorrendo à presidência. E por
isso que as pesquisas mostram que se as eleições fossem realizadas hoje, eu venceria.
Milhões de brasileiros entendem que minha prisão não tem nada a ver com corrupção,
e eles entendem que eu estou onde estou apenas por razões políticas.
Eu não me preocupo comigo mesmo. Já estive preso antes, sob a ditadura militar do
Brasil, por nada mais do que defender os direitos dos trabalhadores. Essa ditadura
caiu. As pessoas que estão abusando de seu poder hoje também cairão.
Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial.
Essas forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a esmagadora
evidência de minha inocência e me negaram Habeas Corpus apenas para tentar me
impedir de concorrer à presidência. Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem
me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder
vem do povo, que elege seus representantes. Então, deixe o povo brasileiro decidir. Eu
tenho fé que a justiça prevalecerá, mas o tempo está correndo contra o democracia.
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