You are on page 1of 5

:: Doenças :: http://www.floresta.ufpr.br/alias/lpf/public_html/contbio02.

html

Microrganismos Endofíticos

AUTOR: Rafaela Mazur Bizi

Obs - este texto foi desenvolvido pela autora na disciplina " Controle Biológico
Florestal, no Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, área de
concentração Silvicultura, do Setor de Ciências Agrárias da Universidade
Federal do Paraná", ministrada pelo Prof. Dr. Nilton José Sousa. Em função
disto, o texto é uma compilação de várias fontes bibliográficas, desta forma, as
informações aqui descritas não devem ser utilizadas em revisões bibliográficas
de teses, dissertações, monografias, artigos, resumos ou outras formas de
produção bibliográfica, como se fosse de autoria do autor acima citado. Para
este tipo de citação recomendamos aos usuários que consultem os trabalhos
originais citados na relação de bibliografias consultadas.
INTRODUÇÃO

A necessidade da redução do consumo de agroquímicos, em especial aqueles que causam danos ao


meio ambiente, às comunidades microbiológicas e ao homem, tem aumentado o interesse por estratégias
de controle biológico de pragas e doenças de inúmeras espécies cultivadas. Este controle biológico pode
ser feito alterando as condições ambientais que dificultam o aparecimento da praga ou doença, ou
utilizando inimigos naturais do patógeno ou praga alvo. No Brasil o controle biológico com microrganismos
começou a ser utilizado com o fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae e com o Baculovírus, no
controle das cigarrinhas da cana e das pastagens e no controle da Anticarsia gematalis na soja,
respectivamente. Atualmente, o fungo Trichoderma tem sido utilizado para o controle do fungo Crinipellis
perniciosa , agente causal da vassoura de bruxa do cacaueiro.

A teoria da associação benéfica ou neutra entre microrganismos e plantas se iniciou com o trabalho de
Perotti (1926). Entretanto, o conhecimento de microrganismos em tecidos vegetais assintomáticos iniciou-
se antes de 1870 com Pasteur (revisado por Smith, 1911 e citado por Hallmann et al ., 1997). Neste
contexto, foi definido que endófitos são aqueles microrganismos que habitam o interior de tecidos vegetais
sem causar aparentemente nenhum dano ao seu hospedeiro.

Com o acúmulo de informações a respeito da interação entre endófitos e a planta hospedeira, e com os
resultados promissores obtidos, tem sido verificada uma atenção especial ao estudo de microrganismos
endofíticos como agentes de controle biológico de inúmeras doenças, como promotores de crescimento
vegetal e no controle de pragas. Estudos recentes têm demonstrado que microrganismos considerados
presentes somente na risosfera podem também colonizar endofiticamente a planta, onde também são
ativos na promoção de crescimento e no controle de patógenos e pragas.

Microrganismos endofíticos colonizam os espaços intercelulares dos tecidos vegetais, sem causar
quaisquer danos a estes. Desta forma, este nicho ecológico ocupado pelos endófitos, os favorecem para o
controle biológico de patógenos e pragas, pois neste local poderiam competir por nutrientes e espaço com
os patógenos, bem como produzir substâncias tóxicas a estes organismos ou ainda, induzir a planta a
desenvolver resistência às doenças.

Estudos anteriores têm mostrado que pelo menos 15 gêneros de bactérias são capazes de controlar
doenças fúngicas ou bacterianas em culturas de interesse, destes, os gêneros Bacillus e Pseudomonas
apresentam um maior potencial para o controle efetivo de doenças. No caso de fungos endofíticos, os
gêneros Neotyphodium (sin. Acremonium) e Fusarium apresentam maior potencial para o controle
biológico de doenças e principalmente de insetos.

Os endófitos são transmitidos via sementes, por meio da reprodução de plantas por estaquias
contaminadas. Ou penetrando ativa ou passivamente via as raízes e estômatos. Após a penetração e
estabelecimento, os microrganismos endofíticos podem colonizar regiões específicas dos tecidos do
hospedeiro ou se disseminarem de forma sistêmica pelos vasos condutores ou espaços intercelulares.
Neste caso, para fungos a colonização sistêmica depende da formação de estruturas leveduriformes que
possibilitem esta disseminação.

1 de 5 12/07/2018 14:55
:: Doenças :: http://www.floresta.ufpr.br/alias/lpf/public_html/contbio02.html

MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS NO CONTROLE BIOLÓGICO

Embora alguns produtos, como os inseticidas e fungicidas, visem respectivamente ao controle de pragas e
fungos fitopatogênicos, eles também são responsáveis pela eliminação de espécies úteis, como insetos
controladores de pragas e microrganismos que estão desempenhando um importante papel no ambiente,
controlando o crescimento e a multiplicação de outros microrganismos que, devido aos desequilíbrios
surgidos, tornam-se patógenos. Um dos grupos de microrganismos afetados por essas modificações
antropogênicas é o dos endofíticos, incluindo aí, principalmente fungos e bactérias.

As interações entre as plantas e microrganismos já são conhecidas há muito tempo. Entretanto, com
exceção da associação de plantas com fungos micorrízicos diazotróficos da rizosfera, acreditava-se que
estas interações levavam à formação de lesões nos tecidos vegetais. Mais recentemente vem sendo
registrada a presença de microrganismos no interior de tecidos vegetais sadios, abrindo novas
perspectivas para o estudo da interação planta/microrganismo.

Microrganismos endofíticos, geralmente fungos e bactérias, são combinações de microrganismos e


plantas que vivem sistematicamente no interior das plantas, sem causar aparentemente dano a seus
hospedeiros. São distintos dos microrganismos epifíticos, que vivem na superfície dos órgãos e tecidos
vegetais .

Microrganismos endofíticos também podem ser encontrados não apenas nas partes aéreas dos vegetais,
mas inclusive em raízes, que são, aliás uma das principais portas de entrada.

Entretanto, fungos micorrízicos distinguem-se de outros microrganismos endofíticos de raízes, pois estes
últimos não possuem estruturas externas, como por exemplo hifas. Também bactérias endofíticas de
raízes distinguem-se das simbiontes fixadoras de nitrogênio, como Rhizobium, que formam estruturas
externas designadas de nódulos.

Através de análises ecológicas de uma gama de espécies hospedeiras, fica aparente que fungos
endofíticos compreendem um nicho e complexo ecológico distinto de parasitas obrigatórios saprófitas

Colonizando o interior da planta hospedeira, os microrganismos endofíticos podem competir por espaço e
nutrientes com os patógenos, reduzindo dessa forma o aparecimento de doenças. As doenças causadas
pelo fungo Rhizoctonia solani em batata ( Solanum tuberosum ), tem sido as mais estudadas para o
controle por microrganismos endofíticos. No Brasil, a cultura do repolho tem recebido especial atenção e
resultados promissores têm sido obtidos no controle de Xanthomonas campestris pelas bactérias
endofíticas Alcaligenes piechaudii e Kluyvera ascorbata . Neste aspecto, a indução de resistência
sistêmica por fungos e bactérias endofíticas parece ser o mecanismo mais importante para controle
biológico de doenças, embora a produção de compostos antagônicos também possa estar envolvida.

A indução de resistência esta associada à alterações bioquímicas e estruturais na planta hospedeira.


Neste tipo de controle, a penetração ativa do microrganismo endofítico pode induzir a planta a sintetizar
compostos que atuam sobre o patógeno ou alterar a morfologia vegetal, as quais podem incluir o aumento
da parede celular do hospedeiro e a síntese de fitoalexinas, afetando adversamente o crescimento e
desenvolvimento do patógeno.

Em outras observações, surge a constatação de que alterações do ambiente podem afetar a produção de
toxinas pelos fungos endofíticos. Breen (1992) verificou que alterações na temperatura e mudanças de
estação modificam as concentrações de toxinas nas plantas, como é o caso da peramina produzida em L.
perenne, infectado com A. lolii. Dessa maneira, como a antixenose em relação ao afídio S. graminum é
dependente de peramina e da concentração de endófitos, uma decorrência natural é de que também se
alterem os efeitos sobre o inseto-praga. A existência de especificidades entre certos fungos endofíticos e
plantas hospedeiras fizeram com que Leuchtmann (1992) sugerisse um estudo mais aprofundado da
ocorrência de raças fisiológicas em fungos endofíticos que seriam importantes em futuros estudos visando
a um controle biológico de insetos, utilizando endófitos.

A expressão da resistência aos insetos pode ser afetada por diversos fatores, como quantidade dos
aleloquímicos presentes, genótipo da planta, concentração de microrganismos endofíticos, fertilidade do
solo e genótipo dos endófitos. Falta de água, temperatura, pH do solo, resistência dos insetos-praga e
outros fatores podem afetar também a quantidade de endófitos e a concentração de toxinas.

Em milho foi observado que em plântulas provenientes de sementes inoculadas com uma linhagem
endofítica de Fusarium moniliforme, ocorreu uma maior deposição de lignina nas raízes, sugerindo que
esta característica pode conferir maior resistência contra patógenos.

Foi observado que em algumas formas de resistência a doenças, a planta deve apresentar uma
predisposição a ser colonizada por endófitos específicos, os quais poderiam conferir este caráter,
sugerindo a necessidade da introdução destes fungos e bactérias endofíticas em programas de
melhoramento genético de diferentes espécies vegetais, visto que esta interação poderia ser melhorada
com genótipos mais susceptíveis a estes endófitos.

Várias espécies de fungos endofíticos são conhecidos por serem taxonomicamente relacionados a

2 de 5 12/07/2018 14:55
:: Doenças :: http://www.floresta.ufpr.br/alias/lpf/public_html/contbio02.html

patógenos virulentos dos mesmos hospedeiros relacionados e podem refletir recente especiação. Em
pinheiros, o endófito Lophodermium pinastri e L. conigenum pertencem ao mesmo gênero do patógeno L.
seditiossum.

OCORRÊNCIA DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS ENDOFÍTICOS E SUA INOCULAÇÃO EM


PLANTAS

Como fungos endofíticos, principalmente os do gênero Acremonium, são controladores de alguns insetos-
praga, é importante saber se eles podem ser inoculados em plantas livres de endófitos e transmitir a elas
a capacidade de se tornarem resistentes a certas pragas. Foi o que fizeram com sucesso Koga et al.
(1997), transferindo o endófito Acremonium para F. arundinacea e L. perenne. Conseguiram, assim,
transmitir via semente a capacidade dessas plantas controlatem o inseto P. teterrella.

Da mesma forma, Pereira et al. (1999) em bananeira, inocularam artificialmente fungos endofíticos com
marcadores genéticos de resistência a determinados fungicidas e verificaram que não apenas a
inoculação era eficiente, como também os fungos foram mantidos em competição com outros não-
mutados. Isso demonstra que a inoculação de linhagens de valor no controle biológico poderá não apenas
ser praticada com sucesso, mas que o microrganismo modificado, uma vez inoculado, mantém-se no
hospedeiro, podendo coexisistir e até superar linhagens selvagens da mesma espécie.

Um ponto importante, pelo menos em gramíneas, reside no fato de que várias espécies de fungos podem
ser transferidas por meio de sementes, o que torna o biocontrole praticamente “hereditário”, capaz de
passar para os descendentes.

FUNGOS ENDOFÍTICOS

Fungos endofíticos atende-se a designar as espécies de fungos que habitam os tecidos internos e sub-
cuticulares de uma planta, por pelo menos parte do ciclo de vida. Nem endófitos, nem epífitos apresentam
haustórios, estrutura comum em fungos patogênicos. Em geral, as infecções por fungos endofíticos não
produzem sintomas externos, podendo estar latentes ou serem assintomáticos.

A infecção por fungos endofíticos adiciona ao repertório de defesas constitutivas e induzidas a presença
de uma micotoxina, cuja natureza é de alcalóides ou de compostos fenólicos. A própria presença do fungo
poderia atuar sinergicamente para alterar o fenótipo da planta e acionar as defesas acima mencionadas. A
presença de patógenos pode alterar a temperatura da planta e alterar o padrão de escolha de plantas por
insetos para oviposição e herbivoria. A infecção microbiana causa perda prematura de folhas, resultando
no aumento na taxa de mortalidade de insetos minadores de folhas (os quais possuem hábitos
sedentários). Estes autores sugerem ainda que inimigos naturais de insetos herbívoros podem ser
atraídos por metabólicos fúngicos para o local onde está ocorrendo herbivoria.

Fungos endofíticos podem também influenciar na dispersão da planta hospedeira. De acordo com
McCaffrey et al. (1991) e Wolock & Clay (1991), fungos transmitidos por semente podem ter papel
fundamental na dispersão diferencial de uma planta e, portanto, no seu padrão de distribuição. Formigas e
pássaros parecem ter preferência por sementes não infectadas.

Este padrão corrobora a hipótese de que plantas cuja infecção também ocorre na porção reprodutiva
tendem a possuir um crescimento vegetativo mais vigoroso, como se percebe nas plantas infectadas. O
vigor, a produção de compostos secundários, o crescimento modular, a arquitetura, a abscisão de folhas, a
temperatura e o estresse das plantas hospedeiras são de crucial relevância nos mecanismos de
resistência e susceptibilidade a herbívoros, principalmente insetos galhadores.

Especificamente em Baccharis (Asteraceae), uma espécie de fungo endófito, Ceratopycnidiium


baccharidicola, foi descrito recentemente colonizando B. coridifolia no Brasil, uma espécie tóxica ao gado.
Em B. concinna foram identificadas, até o presente momento, 8 espécies associadas: Cladosporium
cladosporioides, Penicillium rugulosum, Penicillium sp., 2 espécies da classe Coelomycetes e 3 espécies
de fungos não esporulados. Todavia, ainda não conhecemos sua dinâmica temporal e espacial, seu
padrão de produção de toxinas e a influência na comunidade de herbívoros associados.

Apesar de devidamente comprovada a existência da microbiota endofítica, muitas pesquisas ainda


deverão ser feitas a respeito de aspectos ecológicos, genéticos e fisiológicos dessa interação. Antes
disso, é interessante se conhecer a diversidade desses organismos, sua presença, freqüência e funções.
Existe uma série de razões para que se aprofundem os estudos com endofíticos. Primeiro, a falta de
informações para elucidar a base biológica dessas interações. Segundo, porque os endofíticos são
vantajosos, pois muitos benefícios para a planta têm sido atribuído à presença deles:

a) vários endofíticos são capazes de produzir antibióticos e outros metabólicos secundários de interesse
farmacológico;

b) podem servir como bioindicadores de vitalidade (Helander & Rantio-Lehtimaki, 1990);

c) têm sido usados como agentes de controle biológico de pragas e doenças;

d) têm sido usados como bioherbicidas;

3 de 5 12/07/2018 14:55
:: Doenças :: http://www.floresta.ufpr.br/alias/lpf/public_html/contbio02.html

e) podem ser usados na biorremediação de solos contaminados com poluentes, e

f) são usados como vetores para introdução de genes em plantas hospedeiras.

ENDÓFITOS NÃO ATUANDO NA REDUÇÃO DE ATAQUE

DE INSETOS EM SEUS HOSPEDEIROS

A presença de endófitos, mesmo os que comprovadamente já demonstraram atuar no controle de pragas,


nem sempre resulta em um controle efetivo. Em carvalho, estudos realizados durante um período de
quatro anos mostraram que existem diferenças sazonais com relação à presença de endófitos. Nesse
caso, a incidência do lepidóptero Cameraria sp., um minador de folhas, não foi alterada pelo endófito e até
em alguns casos houve maior incidência da praga coincidindo com o aumento de endófitos, sugerindo que
os insetos minadores de folhas facilitam a instalação e o incremento de fungos endofíticos. Também não
houve qualquer preferência de ovoposição por parte de fêmeas do inseto, que colocaram ovos igualmente
em folhas com ou sem o fungo.

PRODUÇÃO DE TOXINAS POR MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS

Desde os trabalhos pioneiros na área, a capacidade dos endófitos em repelir insetos ou causar redução
de peso, crescimento, desenvolvimento e mesmo mortalidade de pragas, foi relacionada à produção de
toxinas por determinados fungos endofíticos. Em vários desses casos, foi verificado que o modo de
atuação de certos fungos endofíticos no controle era tornar a planta menos palatável a vários tipos de
pragas, como afídeos, grilos, besouros, etc. Atualmente, é conhecido o fato de que várias toxinas são
produzidas por fungos endofíticos e são elas que protegem a planta contra herbívoros, sejam eles
mamíferos, insetos ou outros animais.

Até o presente, a maioria das toxinas identificadas pertence ao grupo dos alcalóides, incluindo
ergopeptina, lolitrem indolisoprenóide, pirrolizidina e pirrolopirazina. Entre estas, as toxinas produzidas
pelo fungo Neotyphodium sp. são as mais importantes, pois este endófitos coloniza inúmeras espécies
utilizadas como pastagens e as toxinas por ele sintetizadas apresentam intenso efeito sobre os animais.

A toxina Lolitrem B ataca o sistema nervoso central, causando dificuldade de andar e reações
involuntárias no animal que a ingere, enquanto a Ergovalina é um vaso constritor, que pode causar
alterações na temperatura corpórea e redução dos níveis de prolactina dos animais. Além disso, estas
duas moléculas podem interagir aumentando os efeitos sobre o sistema nervoso central. A Peramina torna
a planta hospedeira menos atrativa para insetos, tornando a menos atacadas por pragas.

Compostos não alcalóides produzidos por Epichloë typhina em Phleum pratense aumentam a resistência
da planta hospedeira contra Cladosporium phlei . Estes compostos incluem sesquiterpenóides, ácidos
graxos e fenólicos, mostrando que diferentes compostos produzidos por endófitos podem atuar sobre a
planta hospedeira ou diretamente sobre o patógeno.

Outro exemplo é o caso do fungo entomopatogênico Beauveria bassiana , o qual pode colonizar plantas
de milho, apresentando a capacidade de habitar tecidos vasculares da planta hospedeira. Nestas plantas,
quando a broca do colmo do milho ataca plantas colonizadas por B. bassiana , a infecção é reduzida, pois
o fungo endofítico protege a planta contra esta larva. Para isso, os esporos ou hifas do fungo, em contato
com o inseto germinam e secretam enzimas que degradam a cutícula do hospedeiro, penetrando no corpo
do inseto. Estando em seu interior, o fungo produz uma toxina chamada Beauvericina que diminui as
defesa imunológica do inseto. Após a morte do hospedeiro, um antibiótico (oosporeína) é produzido,
favorecendo a competição do fungo com bactérias do intestino do inseto.

UTILIZAÇÃO DIRECIONADA DOS MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS:

A TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE

Finalmente, programas de melhoramento têm sido conduzidos e neles procura-se associar variedades de
plantas melhoradas com presença de microrganismos endofíticos que atuem eficientemente no controle
de pestes, mas que não prejudiquem o gado que vai se alimentar dessas plantas.

Talvez o primeiro trabalho direcionado à introdução de um gene por tecnologia do DNA recombinante em
um microrganismo endofítico visando ao controle de insetos foi descrito por Fahey, em 1988. Como
membro da equipe de uma empresa de biotecnologia, a Crop Genetics Internacional, ele descreve os
passos para construir e utilizar uma bactéria, a Clavibacter xyli subsp. Cynodontis, para obtenção de um
produto comercial que foi chamado de “Incide” (composto pelos termos “in”= dentro e “cide”= matar). Essa
bactéria recebeu um gene de outra bactéria, o Bacillus Thuringiensis, produtor de toxinas ativas contra
insetos, especialmente lepidópteros e coleópteros. Dessa maneira, a bactéria modificada geneticamente
produz toxina. Introduzida na planta hospedeira, ela atua protegendo a planta contra o ataque de insetos
suscetíveis a essa toxina. O autor cita várias vantagens do processo de inoculação dessa bactéria em
plantas de milho para torna-las resistentes aos insetos, tais como: a) para ser usado, o produto requer
uma única aplicação em sementes ou aspersão em plantas jovens; b) o produto não requer inoculação de
doses elevadas de bactérias, pois elas se multiplicam após a aplicação; c) a bactéria modificada

4 de 5 12/07/2018 14:55
:: Doenças :: http://www.floresta.ufpr.br/alias/lpf/public_html/contbio02.html

geneticamente fica restrita e mantida dentro da planta, não havendo, portanto, disseminação do
microrganismo engenheirado; d) o processo não produz resíduos tóxicos; e) este e outros produtos
semelhantes requerem um tempo menor para seu desenvolvimento tecnológico, pois é mais fácil modificar
um microrganismo do que uma planta; f) o microrganismo engenheirado não é transmitido via semente, de
modo que fica contido na planta e, do ponto de vista de uma empresa de biotecnologia, ele tem que ser
adquirido e inoculado em novas sementes usadas em plantios; g) o processo tem ampla aplicabilidade,
pois pode ser usado para diferentes espécies de plantas; h) a multiplicação da bactéria no interior da
planta é alta, pois foram detectadas até 10 8 bactérias por grama da planta inoculada.

PRODUTOS COMERCIAIS CONTENDO MICRORGANISMOS ENDOFÍTICOS

A importância dos endófitos na produtividade tem aumentado substancialmente, pois estes


microrganismos possibilitam, como já discutido anteriormente, o aumento da produtividade e da
resistência a patógenos e pragas. Neste contexto, a empresa Neozelandesa AGRICOM foi a primeira
companhia de sementes do mundo com experiência em produzir sementes de centeio para pastagens
com fungos endofíticos de interesse. Este produto denominado de Endophyte – Endosafe tem a vantagem
de trazer os benefícios da interação endófitos-plantas, sem aumentar a toxicidade para o gado que se
alimenta nestas pastagens.

Beauveria bassiana é um fungo entomopatogênico, conhecido mundialmente no controle de inúmeras


pragas de interesse agrícola. Este fungo tem sido disponibilizado comercialmente na forma de inseticida
microbiano desde que foi possível a sua produção e formulação em larga escala, além de linhagens
resistentes à exposição a Luz Ultra Violeta e extremos de temperatura e umidade. Atualmente, existem
vários produtos comerciais com B. bassiana, incluindo Naturalis and Mycotrol. Em estudos em lowa (EUA),
após aplicações em plantações de milho de formulações granulares de esporos deste fungo, observa-se
colonização interna, persistência durante o desenvolvimento da planta hospedeira e significativa redução
de infecção pela broca do colmo.

Segundo Nowak (1988) a cocultura de explantes de tecidos vegetais com bactérias leva a alterações
metabólicas nestes tecidos, as quais aumentam a tolerância da planta a estresses bióticos e abióticos,
possibilitando a utilização desta tecnologia em micropropagação comercial. Dessa forma, o
desenvolvimento de mudas com endófitos de interesse pode ser a melhor estratégia para a liberação de
plantas com maior resistência a doenças e pragas, bem como a melhor forma de comercialização destes
microrganismos.

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS:

AZEVEDO, J. L; de, ARAÚJO, W. L; Jr, MACCHERONI, W. Importância dos microrganismos endofíticos


no controle de insetos. In: Controle Biológico , de, MELO, I. S; de, AZEVEDO, J. L. (Ed.) Jaguariúna, SP,
Embrapa Meio Ambiente, 2000. 338p.

AZEVEDO, J. L; Jr MACCHERONI, W; de ARAÚJO, W. L; PEREIRA, J. O. Microrganismos endofíticos e


seu papel em plantas tropicais. In: Biotecnologia: avanços na agricultura e na agroindústria ,
SERAFINI, L. A; de BARROS, N. M; AZEVEDO, J. L. (Ed.) Caxias do Sul: EDUCS, 2002. 433P.

De ARAÚJO, W. L. Microrganismos endofíticos no controle biológico. In: VII Reunião de controle


biológico de fitopatógenos , Anais, Bento Gonçalves, RS, Embrapa Uva e Vinho, 2001. 136p.

http:// www. Icb. Ufmg. Br/ ~prodap/ 2001/ endofíticos/ defesa.html

http:// www. cnpma. Embrapa.br/ projetos/ endofíticos/ introdução.html

5 de 5 12/07/2018 14:55

You might also like