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C G o rm an , Edmundo, 1906-
A invenção da America: reflexão a res|x-ito da estrutura histórica do
Novo Mundo e do sentido do seu d evir/ Edmundo C G orm an ; tradução
de Ana Maria M artin« Corria, Manoel Leio Bellotto. - São Paulo:
Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992. - (Biblioteca Básica)
Bibliografia.
ISBN 85-7139-025-8
92-1977 CDD-970.01
O PROCESSO DE
INVENÇÃO DA AMÉRICA
Somente o que se iVlenli?« e o que se cê;
niíis o que se idealiza ê o que se inventa.
Martini I leidcggcr:
Aus der Hrfahrung des Detikens, 1954.
1.1' habitual apresentá-los assim. Veja-se, por exemplo, Morison, Admirai oj tlie Ocenn
Sen. 1, p. 201 e II. p. 47. 219, 307.
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tação cio passado não tem, nem podo tor, como as leis justas, efeitos
retroativos. Afirmar o contrário, proceder de outro modo, é
despojar a história da luz com que ilumina seu próprio devir e
privar as façanhas da sua profunda dramaticidade humana e de
sua não menos profunda verdade pessoal. Diametralmente dife
rente, pois, da atitude que adotam todos os historiadores que
partem do principio de uma América á vista, ja plenamente feita,
plenamente constituída, vamos partir de um vazio, de uma América
ainda não existente. Compenetrados desta idéia e do sentimento
de mistério que acompanha o início de toda aventura verdadeira
mente original e criadora, passemos a examinar, em primeiro lugar,
o projeto de Colombo.
II
5. Ibid. iv, t.
6. O texto deste famoso documento está em Navarrete, Colecddn, II, v.
7. Segunda Parte deste livro, V, 4. Nas Cnpiliilnrio/ws (Navarrete, Colección, II, v)
peruando e Isabel se deixam ostentar como "senhores que são” , diz o texto, “ tios
referidos mares oceanos e enviam Colombo para os explorar, prometendo torná-lo
almirante deles.
8. Vide nota 2.
A INVENÇÃO PA AMÉRICA 103
111
IV
11. N;i mesma Carta (Barcelona, 30 de março de 1493) em <|iie os reis tiào as Boas
vindas a Colom bo pelo sen regresso, já o encarregam de organizar, com a maior
brevidade, uma segunda viagem. Navarrete, Colrccidn, II, xv.
12. Ibi<l.
110 EDMUNDO 0 ’GORMAN
VI
Pouco depois, Pedro Mártir fixa sua posição inicial: diz que a
viagem de Colombo foi uma “ feliz façanha” , mas não porque
admita que tenha conseguido alcançar, segundo quer o navegante,
o outro extremo da Ilha da Terra, mas porque dessa maneira se
começava a ter conhecimento dessa parle da Terra, compreendida
entre o Quersoneso Áureo (hoje Península de Malaca)ea ltspanha,
que permaneceu oculta, “ desde o princípio da Criação” e que, por
esse motivo, chama o “ novo hemisfério” .20 O problema concreto
a respeito do ser das terras que Colombo encontrou não parece,
pois, inquietá-lo ainda.
Mais tarde, Pedro Mártir ratifica sua idéia a respeito da
verdadeira importância da exploração e acrescenta que até a
rivalidade entre ltspanha e Portugal se enfraquece diante tio
supremo objetivo de chegar a conhecer a ignorada metade tia
Terra.21 Nesta ocasião, porém, já se refere de maneira expressa á
crença de Colombo. Considera que é inaceitável, porque “ a
magnitude tia esfera parece indicar o contrário” , isto é, porque a
seu juízo, a distância percorrida é insuficiente para haver alcançado
22. Ibid.
23. Décadas. De Orbe Novo. A primeira edição é do Aleal.i de I feirares, 1 530.
24. Décadas, Doe. I, liv. I, 13 d e novembro de 14l23.
25. IVdro Mártir empregou essa designação pela primeira vez em carta de primeiro de
novembro de 1403, dirigida ao Cardeal Ascàneo Slorza. I-pisiolario, 1 38.
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26. Na carta a que se refero a nota anterior, Pedro Mártir escreveu a seguinte Irase:
“ Coltmus ille noi-i tubis reperlor.” Hem, estas palavras têm sido traduzidas habitual-
mente |>or Aquele ( -olomho, descobridor do Novo Mmulo” , assim em maiusculas,
como se o autor se referisse a um ente geográfico tine afirma ter sities descoberto por
Colombo, bica insinuado assim que lVdro Mártir já se relere , em 1493, a esse ente
que agora chamamos Novo Mundo e que atribui a viagem de Colomlso o sentido
de o ter descoberto. Claro que nada pode ser mais falso e, se é verdade que os
historiadores não t hegam a tanto, como admitir et juivtx o ião flagrante, não é menos
verdade que, ao traduzirem aquelas palavras tie Pedro Mártir tia maneira indicada,
acabaram (xu semear confusões nas quais eles próprios se vècm envolvidos. Veja-se,
por exemplo, ocaso tie Samuel Idiot Morisot«, Admiral o/tlie Otetm Sett, II, p. 40-1.
O autor nao parece compreender que Pedro Mártir se mostra cético em relação á
itleia tie Colomlxs ler chegado a Ásia, e como, |xsr outro lado, acredita que a
expressão tiocis orbis foi empregada nesse momento por Mártir como nome
proprio, |tensa que se refere concretamente as ilhas achadas como se fossem regiòes
asiáticas. Assim, Morison acaba por atribuir a Pedro Matiir "o mesmo erro” , tliz,
tiue cometeu Colom bo e ao qual aderiu obstinadamente por toda vida” , quando,
precisamente, o decisivo na atitude tie Pedro Mártir foi ter resistido desde o inicio
a isso que Morison chama o erro tie Colombo. Morison picle l i t le a po ia r sua
interpretação numa carta tie Pedro Mártir tie fins tie 1 PH (h'/iistoltirio, 142), sem se
dar tonta tie que nessa carta o autor expõe a opinião tie Colomlx) e não a sua
própria.
A INVENÇÃO DA AMERICA 115
VII
VIII
27. Cotomlxi inclinava-se a acreditar que o litoral da Terra de Caiba era o da Ásia mas,
Mossa o|>o<a, anula lom dúvidas. Vii lo nota 31 dosta Parto.
2vS. Segunda Parto dosto livro, IV, 2.
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IX
2l). C ouvem deixar registrada a situação para aqueles que se interessam pelos detalhes.
a. Colombo suspeitava da existência de um colar de ilhas que se estendiam da
hspanhola para o oriente e se tossem verdadeiras, tornaria mais breve a travessia do
Oceano. Tratava-se das ilhas dos caribes e dentre elas se contava uma habitada só
por mulheres e da qual Colomlxi loi informado na primeira viagem.
b. A respeito da hspanhola, a preocupação teórica principal consistia, para
Colombo, em conseguir identilicã-la com Cipango ou com Olir. Também restava
esclarecer se a terra contígua ao Golfo das Mechas, formava uma ilha separada ou
se era o prolongamento extremo oriental da hspanhola.
c. No tocante á “ Terra de C uba" ou "Juana” , havia uma dúvida tolalmente
semelhante à anterior, porque Colombo deixou de averiguar se a posição do litoral
que explorou era um todo continuo ou se havia uma separação |x-lo mar, onde
estava o promontório que ele chamou de C abo de Cuba na primeira viagem.
d. Mas a grande questão consistia em salx-r se Cuba era terra insular ou se
formava parte de terra firme.
Se por acaso se tratasse de uma ilha, o projeto consistia cm prosseguir na busca
do continente, cujo achado era o desejo mais veemente do explorador e a missão
csjxvial encarregada pelos reis. Lis Casas, I lisloria, I, Ixxxi e xciv.
e. Por último, o programa incluía o objetivo geral de reconhecer o maior número
possível ile terras. A este respeito Colombo tinha em mente a região que os naturais
lhe haviam assegurado existir no sul e ã qual chamava Ymiuijt* (Jamaica.').
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30. I ns Casas, I lisioria, !, xci, “ ...y bien In lliwunon loi iiuíios Cilvto, de ci ha, que cs piedra,
nuise pedregal, o tiena de mitclua piedras." [3a mesma maneira Bcrnáldcz, I listaria,
cap. 121. Ver, tamlx'm, Pedro Mártir, /Vendus, Hcc. I, liv. 1, eap. 4, e I Keyes , IX,
28. Também IVdro Márlir, lipisiolaria, 1 24. Ciaria de 9 de agosto de 1405.
Ou iro lixai que Colombo lenlou identificar loi a região de Suivi. Nisto lem
ocorrido algum equivoco. Em realidade não parece iralar-se da E.spanbola, mas da
Ilha Gorda, de dilieil localização. Morison, Ailiiiirul Ocean Sea, 11, pp.79 e 81.
Syllaeio loi quem afirmou lratar-se da Espanhola, mas deve corres|xmder a uma má
interpretação originada num incidente relatado por Cunco; Raccoha, 111, ii, 107.
Syllaeio acreditou, (xir outro lado, que Colomlxi estava nas vizinhanças da Arabia
pois su]xx> que a viagem loi via oriente e não através do Oceano. Vet Nieolo Syllaeio
ad sapientissimum !.. Murium Sjorzam. Pavia, 14Ó-}. Trata-se de um relato baseado
cm informações de Cmilhermo C.oma, que estava na segunda viagem. Raccoha, 111,
ii, 83-94. Tradução ingles a cm TI i.k Ikt , 11, p. 243-62. Verifica-se a fantasia exaltada
ile Syllaeio sobretudo na parte em que relata a expedição de Ojeda y Gorbolãn a
Ci Rio em busea de ouro.
31. Na Información y teslimonio sobre a exploração de Cuba, Colombo déclara exprès-
samenle que, ao regressar da primeira viagem, eslava em dúvida se essa terra era ou
não uma ilha. Disse que “ tio declaró afirmativo que Juese lierra Jnme, salvo que lo
pronunciô dubitativo, y lu habia Jmesto nombre la Juana, a memória dei />rfnri/>e don
Juan, nuestro sefior” . Navarrete, Coleceión, ll, Ixxvi.
32. As principais fontes para esta segunda parte da viagem são: Cameo Raccoha, III, ii,
103-7; Pedro M.útir, Décadas, Déc. I liv. Ill; Bernãldez, I listaria caps. 119-31;
bernando Colombo, Vnla dei Almirante, caps. liv. -lx, e Ras Casas, I listaria, 1,
xciv-xcix.
Dentre as referências mais significativas para Colomlxi, devemos lembrar aqui o
grande arquijxdago que encontrou junto a costa de Cuba; a noticia dada jx>r um
A 1NVUNÇÀO OA AM LÍRICA 123
arqueiro de ler visto homens com túnicas brancas; as (regadas ile animais identifi
cados como leóes e grifos; o nome ife uma região chamada Magón, que o almirante,
naturalmente, acreditou ser Mangi. A este rcs|x4to Morison, Admirai 0/ lhe Ocenn
Sen, II, p. 1 33, procede com muita superlícialidade quando, ao comentar a referencia
feita por Bernáldez, Hislurin, cap. 127, atribui a ele a identificação de Magón com
"a mítica terra de sir Joltn de Mandeville ile More, onde viviam os homens com
raho” . Mas não é isso que diz IVrnáldez. O texto ile Mandeville: Troteis, cap. 55.
O relato concernente aos homens ile túnicas brancas em IVrnáldez, I fistorin, cap.
I 28; 1'cdro Mártir, DeVudus, IVc. I, liv. III, cap. 6; 1as Casas, I li.uorin, I, xcv; e em
Peruando Colomlto, Vidn dcl Almirante, cap. lvii. Cunco naifa ilisse sobre esta
questão; e Morison não parece ter razão (o/), cit., II, p. 1 37) ao associar o episódio
com o que Cunco relere (Knccoítu, III, ii, 102 ) sobre os sacerdotes dos carilics. A
explicação ife I lumlroldt (lixtimeu Critique, IV, p. 24 3) ife que se trata de uma
contusão com grandes garças brancas tem (>or base as passagens ile IVrnáldez
(I li.uorin, cap. 128), Pedro Mártir (IVc. I, liv. III, cap. 6) e lais C asas (I li.uorin, I, xcv)
onde se refere que nesse lugar havia garças brancas maiores do que as conhecidas
pelos europeus.
1: IVrnáldez (I Iiuoriu, cap. 128) quem afirma que as pegadas encontradas eram
de grifos. Sobre estes animais labulosos e sobre a crença neles, veja-se Mandeville',
Trateis, cap. 85.
33. “ Informacion y tcsiimonio acerca de la exploracion de Caiba . 1 2 d eju n iod e 1494.
Navarrete, Coleccidn, II, Ixxvi.
124 HOMUNDO O'GORMAN
36. Consulte-se, outro os muitos testoiminlios i)uc so pode citar para documentar osso
ceticismo, a C2arta do Colom bo sobro sua terceira viagem (Navarrote, Coleccidii, 1, p.
244-5) c outra Carta cie Colom bo transcrita om parle polo padre Lis Casas (/ /istorin,
I, cxxxvi).
37. lembremo-nos dos comovedores esforços de Colomlxi para impressionar favoravel
mente aos reis e ao |Xivo durante o percurso de Sevilba a Almazán, onde estava a
corte. Bernáldez, Historiei, cap. I 31, c I as Casas, Historio, I, exii.
A INVENÇÃO PA AMÉRICA 127
38. Vejam-se, | xh exemplo, os documentos oin Navarrete, Colcuion, II, eix, cxiii, txiv,
cxxii, cxxv c cxxvi.
39. JvVnl IW iiúm a respeito dos que queriam povoar as índias c dos que desejavam
descobrir novas (erras. 10 de abril de 1495. Navarrete, Culru.ió?i, II, l.xxxvi.
40. bernaldez, / lisiorúi, eap. 123. Duianie a viagem de reiorno, ColomU* observou um
eclipse da lua e acreditou ijue os resultados conlirmavam a medida de longitiiuc
necessária para poder alirmar que havia t.hegado ao QuersonesoÁureo. (1-as Casas,
I hstorUi, I, xivi e xcviii, e Morison, Aiiniirul oj lhe Ocemi Sea, 11, 1 38-9 e 162, nota
16). O doutor Chanca (Curtu, Navarrete, Colea um, 1, p. 198-22-1) não colocou em
duvida que as novas terras fossem a Ásia, mas o seu testemunho se releie tao so a
pane da viagem que corresponde até a chegada a ilha 1 xpanhola. Nada diz a respeito
128 HDMUNDO O’GORMAN
ii:i explorarão tie Cuba. O relato ile Syllaeio ineroecria uni comentário detalhado
pela fantástica visão i]ite tem ilas regiões achadas por C'olonibo. Aqui basta vcriltrar
que, como o doutor Chanca, seu testemunho relere-se tão só a primeira parte da
viagem e que o autor está convencido de que Colombo circunavegou a Alrica
convertendo-o num Vasco da Cam a «trmt In Icttre. Parece-lhe que o almirante havia
re|x-tido a su|xista tacanha do cartaginês I lannon, que chegou a umas ilhas próximas
do G ollo Arábico, e que os carilvs podiam ser os lusiuic, iritx> marítima dos etio|H's
africanos, denominação que signiiica homens com (rês olhos, não porque os
tivessem, mas como alusão á pontaria inlalivel das suas llechas. Certamente o pobre
Syllaeio andava muito perdido.
4 1. Cunco, “ Relato da Segunda viagem” . Rncailui, III, ii, 107.
42. Pedro Mártir, l.pistolario, 142, 152, 1 Só, 158 e 164. ISuas cartas são de fins de 14l24
c as restantes, de 14l75.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 129
XI
4V IV,Iro M ártir, P.Vruím, Dec. I, liv. III. (Redigido cm 1500). O autor não so
comprometo com declarações explicitas, mas já se |x*rcelx- que ailmile para si mesmo
a |xv>sihilidade de <]iie, na hipótese de C.nl’a ser parte cie um continente, não era
absolutamenle necessário cpic- este losse o asiático. Isso parece indicar, cie lato, a
maneira |vla qual se relere a Cutha, seja como illta, seja como a imaginada terra
lirm e” (na tradução de Torres Asonsio ó empregada a expressão cl existimrtcío
commente"), ambiguidade quo, indicando prolerència pela tese insular, nau deixa de
adm itir a |xrssibilidade contrária, mas sem identificações comprometedoras. I aroco
claro cjite a ausência de indícios indiscutíveis de caracleristicas asiáticas |X'sa no
ânimo de IVdro M ártir de modo que ele tiluhoie a respeito da suposta enorme
dimensão da Ásia, única premissa da c|ttal depende, para ele, a possiwl verdade da
crença colombiana.
44. A este res|H Íto devemos ter presentes as duas ex|xdições de Ceilxrto patrocinadas
pelo rei da Inglaterra, c|ite se eleluaram cm maicvjulho de 1497 e junho de 1498-99,
rospoctivamontc. M u ito mais importante c a exjxxliçào espanhola de maio de
1497-otuuhro de I 498, que se sitpcV tenha sido comandada por Solis c que I evil lier
tdeniilie.i como a “ primeira navegação de Américo Vesptic io. A prova cartográltca
130 l:DMUNDOO’CORMAN
HGURA 4- Desenhos cio litoral sul do Cuba. Ilustram as idéias geográlioas do Cristóvão
Colom bo depois do haver percorrido tais litorais otn sua segunda viagem. (1: linha
conliinia, litorais explorados por Colombo; linlia interrompida, litorais não suspei
tados |n>r Colombo. II: linha eontinua, litorais explorados por Colom lx'; linha
inurrompula, lilorais imaginários suspoitiulos por Colomlx>).
A1NVHKÇÀO DA AMHIUCA 1M
encontradas polo almirante jazia uma grande massa tio torra, hstc
importantíssimo fato lavorooia a crença tio Colombo, pois preen-
chia o primoiro rot]tiisilo oxi^itlo pola prova, tio manoira cjuo a
hipóloso tio tino so tratava tio oxtromo orionto tia Ilha tia Torra não
só parooia possivol, como so ponsava ato ontao, mas ora provávol.
Kssas regiões hahitatlas por homons, t)uo outra coisa podiam sor
so não litorais desconhecidos, mas tio existência sabida tio orbis
lermrwn? Colombo continuava convencido tio que a Torra tio Caiba
não ora uma ilha adjacente a ossos litorais, mas parlo deles.4Í Deniro
do quadro gorai tio problema, no entanto, esta opinião tatla voz
mais solitária deixou tio tor verdadeira importância, porque so
tratava da modalidade tio um mesmo o fundamental lato. Consta
ta-se, então, que todo o poso tia duvida passa a gravitar, a seguir,
em torno tio segundo requisito tia prova: a localizaçao daquela
passagem marítima quedaria acosso ao Oceano Indii o o as riqut zas
tias rogiõos que já estavam na iminência d«* oairem nas mãos tios
portugueses.*46 Assim indopendonlemonto do so sabor so Cuba ora
ou não o que Colombo supunha, decisivo ora eiuontrar aquela
passagem, a qual, tio acordo com a imagem que olee muitos outros
tinham tios litorais tia Ásia, deveria estar nas imediações tia linha
equatorial, pois, por essas latitudes terminava a península do
Quersonoso Áureo.47 listo ora, consequentemente, o próximo
inv.xada |x4o historiador argentino parece contundente, e.nlxira não tenha conven
cido a uxlos. Vcja-sc Mostro Ves/mcirmo. Catálogo. C:omil<ilo o.ioro..;.' ad Amer.go
Ves/mcc. ,u-l ,,ióntoce..iennrio(l.4!a »oscilo. Horença, 1955. Hm Itxlt. caso, de acordo
an u essa prova, e in.lcpcndcntcmonle .los problemas concretos que suscita, e
incgãvel em princípios .lo século XVI, .lis,n 11iltain-s.- cio .lados sobre a ex.sténc.a
cto uma grande massa . lf terra ao |xacnlc .las ilhas e vizinha ilelas.
*15. Isso e t. que se infere da alirmação em sua Cana sohre a terceira viagem, em que
diz que os reis eram agora senhores do monte Sophora, que esta na .lha hspanhola.
Navarreie, Colccriórt, I, p. 244. Pierre d ’A illy, Imago M un.li, cap. 49, menciona esse
monte to m o ..... prom ontório na índia oriental, para onde Saltm .ao enviata. sua
frota. Colom bo numa anotação rc|vle a inlormação. Anolaetx-s, 304, 3/4 e 5t\ .
46. Não parece casual que tenha sido exatamente ate 1495, quando os portugueses
decidiram realizar a viagem á índia apesar de o Calxt da boa I sperança ter s.do
descolx-rto anos antes. A viagem só foi empreendida |x>r Vasco da ( .ama em 14 /.
47. Colomlxs, anotação 36 ã Historio rcriim »bique gcstori.m de Pio II (Aeneas Sylvn.s
Piccolomini).
132 U13MUNDO O'GORMAN
X ll
48. Colom bo, Caria sobro a terceira viagem enviada aos reis em outubro ile I 498.
Raccoha I, ii, 26-40. Diz Colombo: y yo naieguê al austro, con propósito de llegar
a hi linen equinoctial y de alli seguir al pon Unite hasta que la isla lispanola me quedase
al septentrión.
49. No Diário dei lercer viaje. Raccoha, I, ii, 5, expressamente alirma-se esse propósito:
“ ... yquiere ver (Colomlx’Ocuál era la intention del rei don Juan de Ruitugal, que dei (a
al austro hahia tierra Jirm e” Sobre o mesmo assunto, consulte-se a Carta tios reis a
Colom bo, de 5 de setembro de 1493. Navarrete, Co lección, ll, Ixxi.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 133
50. Colom bo, Puni« ilel tercer v ia je . “ Vo estoy creíl0 <|ue esui es liemi Jmne gmtulistma,
de (jut• luisui hoy no it* fui stibido. Rtwcohti, I, ii, 22.
51. Segunda Parle deste livro, III, 5-
52. Ibid., lit, 2.
134 LiDMUNDO CCORMAN
não sc ter tido noticia alguma a respeito tia sua existência, Colombo
afirma: “ rniçy l>oco ha que no se sabia olra tierra más ele la que Tolomeu
escribiá", 5) de maneira que nada havia de surpreendente naquela
circunstância. O que é surpreendente, no entanto, é que Colombo
não tivesse invocado neste lugar os seus conhecimentos da geogra
fia de Marco Polo, que ampliou e corrigiu as noções de Ptolomeu.
Mas o caso é que a terra recentemente achada não parecia
acomodar-se adequadamente a esses conhecimentos e nisso con
sistia o verdadeiro problema do achado. De fato, como ajustar essa
tão inesperada experiência à imagem geográfica que vinha servindo
para Colombo de esquema fundamental e que estava baseada,
justamente, no relatô de Marco Polo/ Que relação poderia ter com
o orbis lerrarum esta inusitada extensão de terra/
O problema é mais complicado do que parece. Convêm que
tenhamos a devida consciência dele.
De acordo com a lese invocada por Colombo, era possível
explicar a existência da terra recém-achada mas ê de se notar que
o argumento supõe a continuidade desses litorais em relação aos
de Cuba, que o almirante imaginava pertencerem á terra firme da
Ásia. De fato, a tese se baseava, precisamente, na afirmação da
unidade geográfica de toda a terra não submersa, ou seja, que a
Ilha da Terra era a que ocupava as seis sétimas partes da superfície
do globo. Conseqüentemente, já não existiria a passagem marítima
para o Oceano Indico, onde Colombo supunha, e toda a sua idéia
de que a costa do Quersoneso Áureo começava em Cuba desmo
ronava pois, em lugar dessa península, havia esta nova e inusitada
terra austral.
Por outra parte, se se supunha, para salvar esse esquema, 1 )111'
a terra firme recém-achada chamada Paria pelos naturais, era uma
ilha austral comparável ao orbis lerrarum e situada a sudeste cio
extremo tio Quersoneso Áureo, então a lese invocada por Colom
bo não conseguia realmente explicar a sua existência, pois já não53
53. Colombo, Diário dei lercer viaje. (lutccolui, I, ii, 22.) Lm nenhum momento parece
que Colom bo tenha identificado esta terra firmo que achou com a que o rei de
Portugal havia imaginado.
A INVbNÇÀO PA AMI:RICA 135
XIII
Ou era uma enorme terra firme a que havia achado ou era onde
estava o Paraíso Terrestre, bis aqui o dilema que preocupava
Colombo quando desembarcou em São Domingos. Considere
mos, antes de tudo, o que significou esse dilema.
O motivo que obrigava Colombo a pensar que se tratava de
uma terra firme de grande extensão era, já o sabemos, a necessidade
de explicar o golfo de água doce como resultado de algum grande
rio que nele tinha a sua desembocadura. H se não se conformou
cubai e plenamenle com essa inferência foi pelas dilieuldades que,
segundo vimos, atendiam igual mente á idéia de que essa terra lirme
estivesse unida à Asia ou á de que estivesse separada. Se ocorreu
a Colombo como dilema que havia estado na região onde se achava
o Paraíso Terrestre, loi porque dessa maneira lhe pareceu que
poderia sair desse conflito, pois já não havia necessidade de
justificar o golfo de água doce como resultado de um grande rio
engendrado numa imensa extensão de terra. De lato, no Paraíso
Terrestre existia uma fonte de onde, no dizer das autoridades mais
respeitadas, procediam os quatro grandes rios do orbis lerrarum.
Não seria, portanto, dessa mesma fonte que procedia o caudal de
água que formava aquele golfo/ hsla possibilidade deve ter impres
sionado tanto a Colombo, não só porque se enquadrava admira
velmente á sua maneira de pensar e à sua crescente convicção de
ser um mensageiro de Deus, mas também pelo brilho que este
achado emprestava á sua empresa, que não se deu conta nem do
58. Carla sobre sua lerecira viagem, já cilada nesias notas, lüurulla, I, ii, 26-42. I.scrila
ciure 30 de maio e 31 ile agosto de 14l38 e enviada em outubro desse ano.
A INVENÇÃO OA AMERICA 1 37
59. Interessa esclarecer em que sentido Colomlxi empregou as palavras outro mundo
ao referir-se às terras que havia achado. hxaminemos os textos.
I. Diário dei tercer viaje, luiecolta, I, ii, 18-9 e I as Casas, / lisloria, I, cxxxvi.
Numa passagem autoapologética, que tem o ohjetivo de defender a empresa dos
maledicentes que pretendiam desacreditá-la, Colomlxi usa, entre outros, o argumetv
to de que nunca antes um principe de Castela leria conquistado terras fora da
Hspanha e acrescenta “ aluna Vuestras Altezas ganaron estas lierras, tantas, <juc sou
outro mundo, y donde habrá la ('ristandad tanto fflaeer, y nuestra Je, fxn l tempo, tritito
ucreceuimuiculo.
Neste contexto Colomlxs refere-se as terras recentemente achadas nesta terceira
viagem e nas anteriores e parece claro que as qualifica de outro mundo , por serem
de muita extensão e grandeza. São cie lato “ outro mundo , por serem tantas .
II. Caria ile Colón sobre sii tercer viaje, luieeoha, I, ii, 2S e 40. Navarrete, C oleeeión,
I, p. 244 e 265.
1. No preâmbulo da carta, de novo Colomlxs defende a empresa tios seus
detratores. Nesta passagem, porém, refere-se unicamente as terras achadas nas duas
primeiras viagens que, como sabemos, considerava rcgux*s asiáticas. Repetindo o
argumento de que nunca antes um príncipe de Castela leria conquistado terras fora
da hspanha, acrescenta "rjue esta de aeá (Colombo escreve de Sao Domingos, na
Ilha hspanhola) es oiro mundo cu ijwe trabajaron Romanos y Alejandre y Griegos, (rara
ui haber con gramles ejereicios.
A idéia é clara no que se refere à identificação das terras: trata-se tias regiões
extremas da Ásia às quais os antigos, em vão, com grandes esforços, quiseram
conquistar. Conclui-se, |xus, que se Colom bo as qualifica de outro mundo , nao
é no sentido de serem terras das quais nao se tivesse lido noticias antes, hsta
conclusão está expressamente confirmada |x»r outra C-arta de C-olombo, enviada ao
Rei Católico na mesma data, na qual relere-se as terras encontradas nas duas
primeiras viagens como “ tierro Jirme de los antiguos muy conoiida y no ignota, lomo
(juieren decir los envidiosos e ignorantes . Raeeoha, 1, ii, 47- h de se supot , então, que
na passagem que analisamos, Colom bo lenha empregado a expressão outro
m undo" no mesmo sentido que na citaçao do Diário, ou talvez no sentido de que
aquelas regiões, não ignoradas desde a antiguidade, constituem algo diferente do
133 l-DMl INDO O'GORMAN
habitual, como quando so diz, por exemplo, ilo um ouro|X’u que, ao so mudar para
a África , irá viver om outro muudo.
2. Já quase ao liual da Cana, Colombo lança-se nova mento contra os inimigos
da empresa e r e | X ' t e os mesmos arpumentos: "nutpimos príncipes de Íopíiàu - diz -
pnmis gmiriTon tierru «Ipwuu j iterei de rllu, sulco uhoru rpte VWslrus Alte;«5 tienen «cri
oito mundo, etc...”
Neste caso pode-se supor que Colombo esteja se referindo ao conjunto das terras
encontradas nas três viapens, mas nada existe que nos laça pensar que emprepou a
expressão "outro mundo” num sentido diferente dos casos anteriores.
111.Curt« de (üoliitt u dunii J nuuu de !« Turre (Navarrete, Coleccióu, 1, 27‘1).
Colombo, queixando-se das ofensas que se Ibe fizeram, disse<|ite devo ser julpado
como um capitão que saiu da b.spanba "u eompmtur huslu l«s (ndius... y «donde por
toluttlud divin« he pnesto y<> el senorto dei reyyile 1« rem« nuestros senures oiro mundo” .
Const«!« se com clure;« rjire se Colombo «/irm« r/ne colocou sob « soheruni« d« Coro«
tlu Itspunh« “nutro mundo" n«s índius (isto é, na Ásia) onde, como capitão, loi
conquistar esse outro mundo, não se refere a repiòos cio que não se tivesse lido
conhecimento. Usa, |xris, a expressão no mesmo sentido que nos casos precedentes.
Podemos concluir, então, que Colomlxi não emprepou a expressão de "outro
mundo” para se rclerir a uma entidade desconhecida dilerente e separada do orbis
terruium, e muito menos, claro está, para se referir proleticamenle a América, como
prelente o ilustre historiador norte-americano Samuel Idiot Morison. Admirul uJ lhe
Occun Seu, II, pp. 268-9. Mais adiante veremos que Colombo utilizou, numa
ocasião, a expressão "novo mundo” num sentido muito dilerente deste que
analisamos.
60. Veja-se p. 1 31, nota dh.
A INVliNÇÀO DA AMIiMCA 139
61. Caria ile C olom k i sol>rc sua lereeira viajou . Kmvelw, I, ii, VM>. IVilro M.imr,
LXvaJas, IVe. I, liv. 6 em Jiante, eonsUletou ak u n las e i i i i i e i s estas espeeula-
\\Vs de ColouiUi. Salvm os que esta iJeia J e uma montanlu ile anua não tuvessita
ile antecedentes mcdiivais. Veja-te a Soijutula Parle deste ln to, III, ) e nota —
^2. Vcj.t-sc I C .as.is, Historia, I, t*xl\\
( .;»n.i ilt* C'oloinlx> sohrt* su.i icíPcir.» viajjciu. luuxolta, I, ii, 37 i* 3S.
140 EDMUNDO 0 ’GORMAN
XIV
XV
XVI
72. Veja-se Josc' Torihio Meciina, fã «iíííiibrimiíiuo JA Oce<ino IWíjico; Vasco Núnei «lí
Halboa, 191 3-20, para um relato dessas viagens. Para a de Ojeda, que ó “ a scguiula
navegação «íe Vespiicio", consultar Irvillier, Aiiutricn la f>icn llamada, 1, pp. 107-14
c 123-34.
146 LDMUNDO O’GORMAN
XVII
O sentido ou ser das terras que tinham sido achadas desde que
Colombo realizou sua primeira viagem continuava dependendo da
localização da passagem para o Oceano índico. Mas agora a
localização dessa passagem oferecia duas possibilidades. Conse
quentemente houve duas viagens cujos resultados deveriam resol
ver o dilema. Referimo-nos ã chamada terceira navegação de
Américo Vespúcio (viagem portuguesa, maio de 1501 a setembro
de 1502) e ã quarta e última viagem do almirante (maio de 1 502
a novembro cie 1504).
liste c o item seguinte são dedicados ao estudo dessas duas
expedições que, embora independentes, constituem um único c
grandioso acontecimento nos anais da história da Cultura do
Ocidente. Como tal queremos apresentá-las aqui, nao so porque
assim o exige a lógica do processo, mas também porque, desse
modo, Colombo e Vespúcio aparecem como os colaboradores que
em realidade foram, e não como os rivais que uma mal aconselhada
paixão pretendeu fazer deles, h alem do mais, querem também
reparar a injustiça histórica que foi cometida com ambos: com o
primeiro, ao atribuir-lhe o suposto descobrimento da América
que não realizou, nem poderia ler realizado; com o segundo, ao
responsabilizá-lo pela suposta auloalribuição dessa inexistente
façanha.
Comecemos por tomar ciência dos propositos que motivaram
ambas as expedições e, primeiro, daquela em que Vespúcio tomou
parle.75
A frota zarpou de Lisboa em meados de maio de 1501 com
destino às regiões subequatoriais recenlemenle achadas. Vespúcio
capitaneava um dos navios e, pelo que se sabe, a armada seguia
sob o comando de Conçalo Coelho, hm ptincipios de junho,
75. lista viagem de Vespúcio, como nulo o que fez, motivou longas e apaixonadas
discussões eruditas que, para nós, se revestem de importância secundária. Decisivo
em nosso prol'lema não são os itinerários e outros detalltes dessa natureza, mas os
conceitos <]iic aparecem nos escritos ilo navegante.
150 EDMUNDO O’GORMAN
76. Carla ile C abo Vente, 4 ite junho ile 1 501, e Carla a IjOivnzo ili Piei Iranccsco de
Mediei, Sevilha, 18 de julho de 1500. Referências: Irvillier, América la biet i llamuila,
II, 278-81 e 275-8. Texto com tradução para o castelhano e para o inglês: Vcspúcio,
Canas, 126-41; 283-9 c 9 4 1 25; 271-83.
77. O texto citado diz: perche mia intenjúme era <li vedere si polevo volgere uno cavo ili
terra, che Ptolomeo tiomina in Cavotli Caltcgara, che e gitituo con il sino Magno." Carta
dc 18 de julho do 1 500. Vespúcio, Cartas, 98.
78. O “ Sino Magno' a que se refere Vespúcio é o nome que se dava ao golfo que
separava o Quersoncso Áureo da suj>osta |x*ninsula adicional, em cuja existência
Vcspúcio acreditava.
79. " /: to tengo speranza in qucsla mia navigazione rivcilere, e correrc gran parte tlcl
sopradetto, e discoprire molio piu." Carta de CaU> Verde. Vespúcio, ('artas, 1 36.
A INVHNÇÀO OA AMKR1CA 151
tia bulia c chegar até Lisboa através tio Cabo tia Boa Esperança,
completando assim, pola primeira vez na história, a ei reii navegação
tio globo. Não lhe faltava razão, |x>is dizia na earta que fomentamos
que o alimentava a “ esperanza de cobrar fama tmpereeederti, si logra
regresar a sahv de esle viaje'b80
Vejamos agora quais foram os projetos que motivaram Colom
bo. Sabe-se que no dia 26 de fevereiro de 1 502, quando a armada
em que seguia Vespúeio pereorria a eosta atlântiea acreditando ser
uma península asiátiea, Colombo apresentou um memorial solici
tando a autorização e tis meios para empreender nova viagem. O
documento se perdeu, mas o objetivo tia exploração pode ser
inferido pela resposta tios reis, pelas instruções que a acompanha
vam e por uma earta subscrita pelos monarcas sem o nome tio
destinatário, mas dirigida àquele que fora o capitão de uma frota
portuguesa recém enviada à bulia pela rota do oriente.81 Dessas
peças documentais, deduz-se que a expedição tinha propósitos
complelamente semelhantes àqueles que motivaram a de Vespú-
cio. A alusão a um percurso que seria muito extenso, a afirmação
de que o roteiro não passaria pela Ilha hspanhola, a permissão
para levar a bordo intérpretes árabes e, sobretudo, a carta destinada
ao capitão português acusam, sem dar lugar a dúvidas, que o
destino da exploração era alcançar as regiões da bulia, já reconhe
cidas pelos portugueses, sendo licito supor-se que também se
abrigaria a esperança de que o almirante regressasse à hspanha pela
via do Cabo da Boa Esperança.82 Mas é claro que, para realizar
NO. Spero eenire in fama lango secolo, se io torno con solule tli (juesio luiggio. Carta de
Calx> Verde. Vespúeio, Cartas, 128.
81. A Carta autorizando a viagem, o dixaimento de instruções e a Carta para o eapitao
da armada portuguesa, em Navarrete, ( 'oleeeión, I, 277-82. O s três dvxumentos estão
datados de Valèneia de la Torre, a 14 de março de 1 502.
82. Na Carta de autorização da viagem, os reis proibiram o almirante de passar pela
hspanhola, dando como razão que o roteiro da viagem era outro. C om o salvm os,
Colomlxs desobedeceu esta ordem, alegando a necessidade de trocar um dos seus
navios. 1'- provável que tivesse o desejo de falar com Bastidas, que se encontrava
então em São Domingos, para informar-se até que ponto esse navegador havia levado
a exploração. CViedo afirma que Colomlx) “ tinlta informações de que o capitão
Rodrigo de Bastidas havia descolxTto ate o gol lo de l babá, que lica a 9,5 (nove
152 EDMUNDO O’OORMAN
XV11I
graus c meio), c a poma J e C arikm a, que está na boia J.iquele gollo". l/islorin,
Primeira Parte, liv. lit, rap. ‘2.
A rclcrt'iuia île que se tratava ile uma viagem muito longa encontra-sc nas
/itslmcciortes: "porquel tiem/so de ngorn es mui bueno Jxirn nmvgur, y segtin es Inrgo el
eitlje que, Pios r/ueriendo, bobeis de ir todo el Iiem/>o ile rti|uí mlelume, es bien meuester
rimes <|tte t ueltri In /bruma rlel meierno.” Navarrete, Coleuiõn, I, 279.
Pi>r último, a |x‘rmissão para levar intérpretes ile língua áralv esta na l.arta de
autorização J a viagem: “ A Io i/iretleeis rjtre r/iierrirtries lletnr uno o rios r|tie sepdn arribigo
(«trestenos bien, ton tul Je que /mr filo no os delengnij." Navarrete, Coleetiiín, 1, 277-8.
Segundo Morison, o provável destinatário da Caria dirigida aocapilao português
era Vasco da Gania, na ojx>riunidadc cm sua segunda viagem para a índia. AdmiruI
oj lhe Océan Seu, II, .316.
83. Diego de Porras, Navarrete, Colección, 1, 284- Peruando Colomlx*, Vida, cap. 88, e
Oviedo, I liuuria , Primeira Parie, III, cap. 9, documentam a Inisca da passagem
como mela imediata da viagem.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 153
84. 1’ara a reconstrução |x>rmenorizada tio itinerário tia terceira viagem ilo Vespúcio,
Iwillier, Américu in bieti lltimml/i, II, 322-37.
85. Isso explica cjni- a partir desse momento os textos não descrevem o itinerário como
até então. Icvillier distribui os dias em que a armada esteve sob o comando de
Vespúcio, ao menos nominalmenic, digo eu, da seguinte maneira: 20 dias até a
chegada ao rio Jordão (boje Rio da Prata); 10 dias gastos na exploração da sua
cm lxxadura, os demais no restante do jx-rcurso para o sul.
86. IV acordo com Icvillier, Vespúcio levou a exploração até a Patagônia, em 46 ° ou
47° ile latitude sul. Quando os navegantes chegaram ao rio Jordão, devem ter
acreditado que, |x>r lim, haviam dado com o extremo da peninsula e, |x>r conse
guinte, com a passagem para o Indico. Isso explica o tcm|x>que gastaram explorando
essa embocadura.
154 titlMUNDO O'GORMAN
87. Para a reconstrução do itinerário tia quarta vingem do ( 'oloinlm, veja-se Morison,
Atlmiral of lhe Ocean Sea, II, caps. SO.
A INVliNÇÀO DA AMERICA 155
88. “ Vo, quo, coiiio dijo, habta llegado minims nvos a In muorlo, tilli su(>o do Ins minus lie
oro ilc- In pnx'lncia ilc CiiimKi, quo so Isusoiilxi.” Colomlxs, la'llom Knrissinm, 7 do
julliodo 1 503, Navarroto, Cole.vuiii, I, 298. C iam ki 6 a Com lum liin.i da goot-ratia
do M ario l’olo.
89. Colomlxs, I s i u r a Kririssiiim. Navarroto, Colon ion, I, 299.
90. IVdro Mariir, C artaaoCardc.il lVnurdinodoCaiv.ij.il. Ii'/sisloliirio, 168. Datada do
5 do outulsro do 1496, mas cvidoiitcmciite do data |xsstorior ao rogicsso do Colomlxs
d ll outulsro do 1 500. Dissc Podro Mariir quo Colomlxs "sii/xino quo osms region«
(Paria) osuin coiuigims y pegadas a Culm, do iimnoru quo umlms soon ol (mifsrio ooiilinonto
do In India Gnngi'liivi' .
156 EDMUNLX) O’GORMAN
XIX
91. Com csie titulo Jacobo Mordi publicou a cana cm 1810. Lm 1 505, havia sido
impressa cm Veneza, cm tradução latina. A carta deve ter chegado á hspanha, no
mais tardar, em fins de junho de 1 504. Texto em Navarrete, Coleccióit, I, 2%-M 3.
Trata -se de um estranho documento <]ue revela a contusão mental do almirante,
vitima, na oportunidade, de sua abalada saude. Veja-se a aluciuaçao *|uc teve nesta
viagem e que relata em cores tão patéticas.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 157
92. N.i /.ellera Raríssima, Colom bo cxprossamenlo insisto na sua irlóia do que Caiba é
a província chinesa Mangi. Navarrolo, Coleccititi, I, 50*1. Linouua passagem, t, 507,
afirma que encontrou "la gertle do r/ue escrilv /’a/»a Eío • Relere-se a Gosmographia
seu historia reruin wbique gestarum locorwm deseriptio rle Acnoas Silvio. Segutulo
Morison, Admirai 0/ lhe Ocean Sea, II, 542, Colombo refere-se aos antigos cibas. Na
mesma Carta, Colomlxr diz que Salomão e David extrai ram otuo das minas rle
Veragtta, fundamentando-se nas autoridades rias Escrituras (/’aralipdmenos y Re>'s)
e no De atilópiitalibus dejoselo, VIII, 6, 4.
93. O s crrsquis originais loram rlesenltarlos por I3artoloineu Colombrs a margem rle
uma cópia ria L -Itera Raríssima. Veja-se b. R. von Wieser "üie Karie des Rartolomeo
Colombo iiber die vieste Reise das Atlmirals. Reimptessão rir* hditt. des lust. /iir
Òslerreithische Geschichls/orschiuig. Innsbnir k, 1893.
E D M U N D O O 'G O R M A N
FIGL’RA 6. Esqucma da composicao dos croquis tic Bartolomeu Colombo, 15C3-15C6. llu>tTa as iJcias geograticas Je
Cristovao Colombo.
A INVUNÇÀO DA AMÉRICA 159
^4. Carla de 1 502, enviada de 1 islxsa a lorenzo di 1'ier praneesco de Mediei, Vespúcio,
Curtos, I 42-55.
95. Psta expressão não se refere ã idéia de um quarto continente; significa que a
navegação compreendeu 9 0° de latitude terrestre, ou seja, 40 ° de Iáslxsa até o
equador e 50*' até o limite da exploração.
96. Carla fragmentária relativa á terceira viagem. I 502, Vespúcio, Curtos, 1 54-69.
97. Carta cltatnada "PI Nuevo M undo” . I 503 ! Vespúcio, Curtos, 170-95.
98. O texto completo é o seguinte: "Allt pnssali zorni ussui niuplomente te scrissi deliu min
relornoln de qttelli nmi pane, i i/itali et cum IVmiuiui et cwm le spese et comuiulumento
de qiiesto sereníssimo re de Portogallo hmvmo cercutu et retrutvitu: i qttoli Novo Mondo
chinmure nesta licito, perche apresso de i mo;ori noslii nittnn ile qttelli e stulu huttlu
cognilione, et a tutu qttelli che aldiramw sera Movijsime cose, imperocKe i/iteslo la
oppinione de li nostri nntiqui excede, couciosio che de qttelli la mayor parte tlica iiltrti la
l.inea etjuinotiale et «vrso el mejo jonto tion esser continente, tiiti el more solo mente, el
160 EDMUNDO O’GORMAN
99. Veja-se a respeito e como exemplo, as exaltadas (rases cio meu aclmiiaclo amigo
Roberto l^evillier em sua Amdricvi In bieu (Iriuuuln, II, pp. 334-5.
162 EDMUNDO 0'GORMAN
XX
empírico - a existência ele uma massa ele terra firme auslial naer
está conelicionaela, como aconteceu a Colermbo, pela prévia ieléia
de que as terras adiadas antes pertenciam à Ásia, mas que é
inelepcnelentc da verdade ou ela falsidade elessa ieléia. Trata-se ele
uma hipótese com fundamento a posteriori. Assim, a necessielaelc
empírica que' levou Vespúcio a supor que a massa ele terra fume
exploraela não podia ser asiática não significou nada a respeito ela
massa ele terra firme setentrional. Isto quer dizer que, em princípio,
a se'paração ou não eletssas duas massas dei terra Pumc' pen um braço
ele mar, será indiferente para a validade ela idéia ele que as terras
expleiradas peir ele não sejam asiáticas porepie, em ejualejuer easei,
não haverá nece'ssielade' ele' abatulesná-la.
Dito de outra maneira, se existe uma separação marítima entre
as duas massas de terra, conforme imaginou Vespúcio, torna-se
necessário admitir, como ele próprio admitiu, que a massa merieliev
nal é uma entielaele geográfica eliferente ela Ilha ela Terra e teirna
possível suporá mesma coisa a respeito ela massa setentrional. Se,
no entanto, não existe essa separação marítima, será ncce.ssririo
então admitir que ambas as massas constituem uma entielaele
ge'ográfica diferente ela Ilha ela Terra. Como esta última era a
hipótese mais ousaela, naela tem ele surpreenelente e|tie ele se tenha
elefinido pela primeira, como tampouco é surpreendente ejue mais
tareie, segundo veremos, já não tenha insislielo nela.
Poelemos concluir epic ;t hipótese ele Vespúcies exrnlém em si ;t
possibilidade ele transccneler ;t premissa (unelamental - a supersla
excessiva elimensão da Ilha ela Terra - que vinha obriganelo ;t
ielentificar as terras achadas com litorais asiáticos, pois cancelem,
como necessário, o pressuposto - a passagem para o Oceano
índico - elo ejinil depenelia a valielade elessa ideniilie açao. Ninguém
contesta a elecisiva importância desta conclusãer, portiue assim se
compreenele que a cxplorae;ãer realizaela pe>r ele conseguiu converter-se
na instância empírica que abriu a possibilidade de explicar a existência
das terras encontradas no Oceano de uma maneira dijerenle daquela
determinada pela colocação inicial. Um suma, se nos ativermos aos
lermos concretos ela tese ele Vespúcio, não se poele dizer ejue esta
A INVENÇÃO DA AMERICA 165
XXI
100. C ontarini, G iovanni Mauco, Mapa gravado |x>r Francesco Roselli, Florença (.;)
1506. Referencias: J. A. de Villiers, A Map o j (he World designed by G io. Malleo
Contarim, Ijondres, 1924- Reproduzido na citada obra de Villiers.
166 EDMUNDO O’GORMAN
102. Uma dilerença notável é <|iieo Knmsmrmti II im ita mente trata o desenho tios litorais
tias novas terras, sem se atrever a completá-los imaginariamenio, tom o atonteív nos
trés mapas.
103. lista iiléia está confirmada |'olo titulo tio mapa de C aulino (vide nota 101), que
expressamente se refere às novas terras como ilhas. A mesma idéia apatete no titulo
que o prim itivo editor italiano deu à Carta de Vespútio de 4 de setemhro de 1504,
sem que isso signifique que este tenha sitio o pensamento de Vespútio. (Vide nota
105).
104. A ideia, neste momento ainda predominante, de que tinha que ser pequena a
supcrlicie tia terra não submersa em relação ã do mar, levava a supor que as ilhas
seriam estreitas como, efetivamente, apatetem nos mapas tilados.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 169
é IGUUa 8. Hsquema J.i porção oeidenla! do Mapa de Nicolo Caneiro Januesis, cri. 1 502.
As terras rccciucmcnte achadas aparecem como duas grandes ilhas no Oceano.
170 EDMUNDO CGOUMAN
XXII
105. Leltera d e Amerigo Vespuci d c lle iso le mtocamente troca te in qualm sitoi viaggi. lãslxia,
4 (te setembro ele 1504. Vespúcio, Corteis, 200-67; referencias e nota editorial, 77-86
e 198-9. Veja-se tam lxm 1evillier, America In bieit Homodo, I, 268-78; 461-6 c II,
288-94. Neste estudo, não fazemos relerCm ia à quarta navegação de Vespúcio
porque foi uma viagem cm que fracassaram os seus propósitos. Para um relato desta
viagem, veja-se o estudo de Levillier em Vespúcio, Cortas, 46-52. Alguns colocam
em dúvida a exislfncia desta navegação. Mostra Ves/mciana. Catálogo, l lorença,
1955, lâminas V I e V II.
106. Vespúcio, Cartas, 201.
107. Ib id . 201.
108. Ib id . 205, 233, 251 e 259.
172 EDMUNDO O'GORMAN
XXIII
114. Icsi:i noção cias novas terras como uma barreira em te a Europa o a Ásia, as fez parecer
como um estorvo para realizar o vellio c alucinante desejo de estabelecer um fácil
contato com as riquezas do Extremo Oriente. Sentimento semelhante foi decisivo
para precipitar o processo ontológico que estamos reconstruindo, que agiu como
catalizador ao forçar a atenção sobre o estorvo como algo irritante que, por isso,
reclama o reconhecimento da sua identidade. Isto ajuda a entender jxsrque foi nesse
"» m e n to qne surgiu um interesse pelas novas terras, mas já não como nma |x»ssivcl
e uma decepcionante Asia; ajuda a entender tamlx-m porque apareceu nesse
momento um menosprezo |x>r elas e ,x>r sua natureza, que deu lugar a esse denso
fenómeno histórico que já qualifiquei de “ calúnia da Am érica" (veja-se meu livro
fundam entos de la historia de América. México, 1942, pp. 1 10 e seguintes)- ajuda
a entender porque, ,x>r ultim o, a hi,x,.ese da unidade das novas terras, como um
ente geográfico diferente e separado da Ilha da Terra, obteve um triu n fo tão
prema«.,ro, em vista da sua tardia demonstração empírica, a saber: a exploração de
V ito Bering no século XVIII.
11 5. Cosmogm/Áme Jmrodurlio. Cwm q u ih u u ia m «eometrútl a c rtstronomute prmci/.üs a d errm
rem necesztrus. In super q u m u o r Americi Vrs/n.rii nm-igmioiu-j. Unitvrs , ,l i s cosmo,grt,/>
l u a e descTilH io Um , m so lid o q u a m p l a n o e i s ctimu m.vrtis qtute BtWomco ,K„otr, „ nu/,cus
repertrt Sunt.
116. Waldsscetnüller, Martin. U m m r u d i s Cusmogrnp/u,, sccutuíum /'tlmlumuc, Tru./itioricm
et Americt Ves/iucit rrliorumque /ustrmiones. St. Dié ou Estrasburgo. 1 507.
Releréncias: J“ - Eischer e Eranz vou Wieser, 77,e ( )Uest Muf, u „1, llu- nume Americtt
o) the Yenr 1 5 0 7 a n d the C a r t a Mnritm the Vertr I 5 16 by M «'uMsseemuller.
fílmom,lus). Innsbn.ck, 1903. Reproduzido ,x-los tnesmos autores em Ou- W M a r -
ten W a ld s s e e m ü lle r s , Innsbmck, 1903.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 175
117. O texto original é o seguinte: “ ...e i a l i a qiirirtri p.irs per Americu Ve-sputiu ineviitu
este...” Esta foi a frase que deu senlido á idéia, segtindo a qual, Vespúcio leria
atribuído a si mesmo a fama que unicamente pertence a Colomlxs, embora não
faltem aqueles que, com maior razão, reconhecem que não se |xxle tornar o
navegador llorentino responsável |X-lo que escreveram os autores da Cosmogrrip/Urif
/iilroduclio. Mas, num c noutro casò, o ponto Irágil desta interpretação é que supen
em ambos ou uma inexplicável ignorância a respeito elo que tez Coleim lxi ou uma
injustificada má fé. Parece-nos que se trata ele um lalso problema, eliAÍelei á lalta ele-
compreensão elei vcnlaeleiro senlielo ela frase. De- falo, jxxle-se enle-uele-r a referida
frase ele duas maneiras, segundo se entenela, |x ir sua ve-z, o verlxi “ im vnio" nela
empregado. Sc se traduz polo verbo "elesceibrir", eximo é babitual, ei problema surge;
se, entretanto, se trai luz, comei também é |x>ssivel, |x-lei verbo "concelx-r", ne' se-ntielei
ele eliscorre-r ou compreender, então, nãei séi desaparecem as eliliculelaele-s, mas
também se esclarece o m olivo que tiveram eis autores ela Cosmogntplurie hilriidite lio
para considerar justei epie a “ quana parte" elei muiielei levasse o nome ele Américo,
jxiis assim se reconhece que leii ele quem concelx-u a sua existência, como ele lato,
foi. Esta interpretação parece ficar inelire-tamente confirmada pe le> lato ele epie- no
mapa ele- Waldseemüller, ele 1507, está aehniliela numa elas suas mseriçeVs que texla
a costa setentrional ela que hoje chamameis América ele> Sul, foi achada a maneio
elos reis ele Castela.
118. “ ...et sum ires prime portes ceStmemes/rjiuirto es instilo." Constata-se e|tte o termo
“ continentes” está empregaelo sem distinção elo termo “ ilha” , na sua ace-|x;áei latina,
para significar que uma coisa está próxima ela outra, está junto eiu é contígua a ela.
1 19. O nome América aparece, como texleis sabem, na parte mcrielional ela nova ilha.
Esta circunstância lez jx-nsar que o nome se refere unicamente a e-Ss.i |xirçáei; mas
se nos ativermos aei texto ela Cosmoçnvipfuuc Imroelttctio, epie não estabe le ce nenhuma
distinção a res|x-ito, eleve--se crer epie o cartógrafo epiis amparar, eeiiit e-sse nome, a
totalielade elas terras recentemente achaelas.
A INVENÇÃO DA AMÉRICA 177
■IOURa 9b. Usquema da secção sii|x-rior ilo inosmo planisfrrio. (Mosira o continente
americano sem solução de continuidade.)
173 EDMUNDO O’CORMAN
120. N u desenho tio mapa propriamente tlilo aparece o estreito ile mar que se supunha
piitlesse existir aproximadamente á altura tios 10 de latitude norte-, mas no desenho
de um tios |x-quenos hemisférios inseridos na parle su |xrio r da cana, os litorais se
prolongam de norte a sul sem solução de continuidade e olereceudo, em lin li as
gerais, uma extraordinária semelhança com a ligura do continente americano tal
como a conhecemos. O desenho do pequeno hemislerio loi amplamente divulgado
na reprodução que dele lez Joannes Siohnicza na sua /ntroJmiio i»i Pi Imwhiwm
CosmogniphUitn. Cracóvia, 1512. Referencias: Nordenskiold, IVriplio, p.l 51. Repro
dução: Nordenskiõld, Facsimile -Allas, lâmina XXXIV.
121. A este respeito, c pertinente lemhrar uma aguda observação de Nietzsche, quando
diz: “ a originalidade consiste em ver alguma coisa à qual ainda im o se |K k Ic dar um
nome, apesar de já estar à vista de lodos. C'onlonne as pessoas se organizam, o
nome e o que torna a coisa visivel. As jvssoas originais têm sido ta m lvm , em sua
maioria, as que dâo nomes às coisas” , (lu t Ciaya Ciem ui)
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