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2. CONCEITO DE PROCESSO
O processo pode ser compreendido como método de criação de normas jurídicas, ato jurídico
complexo (procedimento) e relação jurídica.
Conceito de processo quanto ao efeito jurídico: processo é o conjunto das relações jurídicas
que se estabelecem entre os diversos sujeitos processuais (partes, juiz, auxiliares da justiça,
etc).
Note-se que, para encarar o processo como um procedimento (ato jurídico complexo de
formação sucessiva), ou, ainda como um procedimento em contraditório, não se faz
necessário abandonar a ideia de ser o processo, também, uma relação jurídica.
O termo processo serve, então, tanto para designar o ato processo como a relação
jurídica que dele emerge.
Teoria geral do processo pode ser compreendida como uma teoria geral, pois os conceitos
jurídicos fundamentais (lógico-jurídicos) processuais, que compõem o seu conteúdo, têm
pretensão universal.
Direito processual civil é o conjunto das normas que disciplinam o processo jurisdicional
civil – visto como ato-jurídico complexo ou como feixe de relações jurídicas. Compõe-se de
normas que determinam o modo como o processo deve estruturar-se e as situações jurídicas
que decorrem dos fatos jurídicos processuais.
Críticas ao neoconstitucionalismo:
Princípio é espécie normativa. Trata-se de norma que estabelece um fim a ser atingido.
O processo deve estar adequado à tutela efetiva dos direitos fundamentais (dimensão
subjetiva) e, além disso, ele próprio deve ser estruturado de acordo com os direitos
fundamentais (dimensão objetiva).
Princípio da adequação judicial das normas processuais está relacionado a
competência do juiz de aferir a constitucionalidade da norma processual (controle de
constitucionalidade difuso).
Cada ato que compõe o processo é um ato jurídico que merece proteção. Lei nova não
pode atingir ato jurídico perfeito, mesmo se ele for um ato jurídico processual. Por isso o art.
14 do CPC determina que se respeitem os atos processuais praticados.
O direito processual é uma situação jurídica ativa. Uma vez adquirido pelo sujeito, o
direito processual ganha proteção constitucional e não poderá ser prejudicado por lei. Lei
nova não pode atingir direito adquirido, mesmo se for um direito adquirido processual. Por
isso o art.14 do CPC determina que se respeitem “as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.”
2. PRINCÍPIOS
2.1.2 Conteúdo
Ao longo dos séculos, inúmeras foram as mudanças em relação ao devido processo legal, e
essas mudanças (direitos fundamentais inerentes ao devido processo legal), em virtude do
princípio da hermenêutica constitucional, não podem ser retiradas, uma vez que o referido
princípio proíbe o retrocesso em tema de direitos fundamentais. Essas concretizações do
devido processo legal estão previstas ao longo da CF, em diferentes dispositivos
(contraditório e ampla defesa; proibição de provas ilícitas, decisões motivadas, duração
razoável do processo, dentre outros) e estabelecem o modelo constitucional de processo
brasileiro.
2.1.3. Dimensões
Devido processo legal formal/fundamental: composto por garantias processuais. Ex: direito
ao contraditório, ao juiz natural, a duração razoável do processo.
Devido processo legal substancial: origem nos EUA devido é o processo que gera
decisões jurídicas substancialmente devidas. – assimilado pelo Brasil ao considerar o
fundamento constitucional das máximas da proporcionalidade e da razoabilidade. O STF
extrai da cláusula geral do devido processo legal os deveres de proporcionalidade ou
razoabilidade. Assim, o processo legal substancial significa desde a proibição de leis
aberrantes a razão, passando pela exigência de que devem ser elaboradas com justiça,
razoabilidade.
É fundamento da República (art. 1º, III, CF/1988). Disposto também no art. 8º do CPC.
O devido processo legal é cláusula conhecidíssima, secular, cujo conteúdo mínimo já foi
incorporado ao texto da Constituição. Dignidade da pessoa humana é cláusula normativa
recente, ainda carente de maior densidade normativa. A dignidade da pessoa humana ilumina
o devido processo legal.
Ainda que a lei permita que o juiz possa agir de ofício e basear-se em fatos não alegados
pelas partes, esses novos fatos devem passar pelo contraditório, uma vez que decisão
fundamentada neles é decisão-surpresa, logo é decisão nula. Vide: art. 493; art. 772, II;
art. 77, §§1º e 2º; art. 9 e 10; art. 933 do CPC.
Exceções a regra de que a parte deve sempre ser ouvida: a) O acusado não precisa ser
ouvido caso a decisão lhe seja favorável, assim, a parte contrária só precisa ser ouvida se a
decisão lhe for desfavorável; b) decisões que concedem tutela provisória liminar de
urgência ou evidência; dentre outras. Nesses casos, o contraditório não é dispensando, é
apenas postergado, pois trata-se de decisão de caráter provisório.
Fredie Didier destaca que não é a toa, a disposição desse dever no mesmo dispositivo que
consagra a igualdade processual, portanto, é preciso que as partes possam exercer o
contraditório em condições iguais. Assim, o juiz deve atuar a fim de neutralizar as
desigualdades e promover uma equivalência de oportunidades a todos os sujeitos processuais.
Vide: art. 139, primeira parte: dispõe a respeito da dilação dos prazos processuais.
Previsão legal: inciso LX, art. 5º da CF a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse público o exigirem;
arts. 8º e 11 do CPC; art. 93, incisos IX e X da CF.
É um direito fundamental que possui duas funções: a) proteger as partes contra juízos
arbitrários e secretos; b) permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça.
Direito de consulta aos autos e pedir certidões em processos que tramitem em segredo de
justiça PARTES E PROCURADORES. Vide: art. 189, §2º.
O processo arbitral pode ser sigiloso, portanto não trata-se de pressuposto. Atenção: Se
envolver entes públicos, não pode.
Não se admite em negócio processual atípico pacto de segredo de justiça, caso as partes
desejem, devem se encaminhar para o juízo arbitral.
A publicidade é importante elemento para formação dos precedentes judiciais. Vide: art.
979, §§1º,2º e 3º.
Peculiaridade brasileira transmissão ao vivo dos julgamentos do STF trata-se de técnica
de concretização da dimensão externa do direito fundamental à publicidade processual.
Aspecto positivo: disseminação da informação jurídica, bem como do posicionamento do
STF. Aspecto negativo: espetacularização das sessões e o enfraquecimento da colegialidade
do julgamento.
Previsão legal: art. 8, 1, do Pacto de São José da Costa Rica: “Toda pessoa tem o direito a
ser ouvida com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal
competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem os seus direitos
ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza”. pelo caráter
constitucional atribuído aos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, este
princípio é uma norma constitucional; vale destacar que posteriormente com a edição da EC
n. 45/2004, incluiu-se o inciso LXXVIII no art. 5º da CF que também consagrou esse
princípio: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Art. 4º e 139 do CPC.
Atenção: os critérios devem ser analisados de acordo com o caso concreto, um não possui
mais relevância que o outro, devem ser observados em conjunto.
Previsão legal caput do art. 5º da CF: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes. Art. 7º do CPC É assegurada às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos
deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório.
Previsão legal: art. 37, caput, da CF/1988 A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte – neste caso o princípio da eficiência se apresenta como norma de
direito administrativo; como norma de direito processual, encontra fundamento no art. 8º do
CPC: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Eficiência x Efetividade
Efetivo é o processo que realiza o direito firmado e reconhecido judicialmente.
Eficiente é o processo que atingiu esse resultado de modo satisfatório nos termos acima.
UM PROCESSO PODE SER EFETIVO SEM TER SIDO EFICIENTE, MAS JAMAIS
PODERÁ SER CONSIDERADO EFICIENTE SEM TER SIDO EFETIVO.
2.9.1. Generalidades
Previsão legal art. 5º do CPC: “Aquele que de qualquer forma participa do processo deve
comporta se de acordo com a boa fé”. – o princípio extrai-se de uma cláusula geral
processual.
Boa-fé objetiva: é uma norma de conduta; impõe e proíbe condutas além de criar situações
jurídicas ativas e passivas. Não existe princípio da boa-fé subjetiva. O art. 5º do CPC não está
relacionado à boa-fé subjetiva, à intenção do sujeito processual: trata-se de norma que impõe
condutas em conformidade com a boa-fé objetivamente considerada, independentemente da
existência de boas ou más intenções. Destaca-se que existem regras de proteção a boa-fé, um
exemplo é a proibição da litigância de má-fé.
Leonargo Greco aponta que esse princípio serve à proteção dos direitos subjetivos dos
litigantes “pois a eficácia das garantias fundamentais do processo impõe um juiz tolerante e
partes que se comportem com lealdade”.
É aquele que de qualquer forma participa do processo (art. 5º, CPC), o que inclui,
obviamente, não apenas as partes, mas também o órgão jurisdicional.
Doutrina alemã
a) Proibição de agir de má fé Ex: v. arts. 258; 80 e 143, I do CPC.
b) Proibição de venire contra factum proprium que se configura nas seguintes hipóteses:
a) existência de duas condutas de uma mesma pessoa, sendo que a segunda contraria a
primeira; b) haja identidade de partes, ainda que por vínculo de sucessão ou representação; c)
a situação contraditória se produza em uma mesma situação jurídica ou entre situações
jurídicas estreitamente coligadas; d) a primeira conduta (factum proprium) tenha um
significado social minimamente unívoco; e) que o factum proprium seja suscetível de criar
fundada confiança na parque que alega o prejuízo. Exs: art. 276 e 1000 do CPC.
c) Proibição do abuso de direitos processuais. Exs: abuso do direito de defesa; abuso na
escolha do meio executivo (art. 805, CPC), ou o abuso do direito de recorrer (litigância de
má-fé).
d) Supressio/Verwirkung a perda de uma situação jurídica ativa, pelo não exercício em
lapso de tempo tal que gere no sujeito passivo a expectativa legítima de que a situação
jurídica não seria mais exercida.
Previsão legal art. 4º do CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a
solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
CRITÉRIOS DE ADEQUAÇÃO
Deriva de negócios processuais celebrados pelos sujeitos processuais, ora as partes apenas,
ora incluindo o órgão jurisdicional.
Didier afirma que não parece possível defender a existência do dever de auxílio no direito
processual brasileiro. A tarefa de auxiliar as partes é do seu representante judicial: advogado
ou defensor público. É possível, porém, que haja deveres típicos de auxílio, por expressa
previsão legal. Ex: Dever de zelar pelo efetivo contraditório.
CAPÍTULO 4 – COMPETÊNCIA
2. Distribuição da competência
a) Normas constitucionais
b) Legais, regimentais
c) Negociais
Art. 44, CPC. Obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é
determinada pelas normas previstas neste Código ou em legislação especial, pelas normas de
organização judiciária e, ainda no que couber, pelas constituições dos Estados.
Não há vácuo de competência: sempre haverá um juízo competente para processar e julgar
determinada demanda. Por exemplo, é inegável que a atribuição de competência para julgar
determinadas causas embute, implicitamente, a competência para julgar esse recurso.
4. Regra da Kompetenzkompetenz
Todo juízo tem competência para o controle da sua própria competência (competência
mínima), isto é, para determinar se é ou não, competente para julgar determinada demanda.
5. A perpetuação da jurisdição
Exceções:
Embora a regra seja de que apenas a alteração da competência absoluta seja capaz de
excepcionar a regra da perpetuatio jurisdictionis, o STJ sedimentou o seguinte entendimento:
nos processos que envolvem menores, as medidas devem ser tomadas no interesse desses o
qual deve prevalecer diante de quaisquer outras questões.
6. Competência por distribuição
De acordo com o art. 284 do CPC, onde houver mais de um juiz, os processos deverão ser
distribuídos, de modo alternado e aleatório, entre os juízos abstratamente competentes. A
distribuição deve ser feita imediatamente (art. 93, XV, CF), na data da propositura da ação.
Com isso, fixa-se a competência concreta do juízo. Essas regras são um dos requisitos para
que se tenha um juiz natural, portanto, fraude à distribuição significa violação deste principio.
7. Classificação da competência
7.1 Competência do foro (territorial) e competência do juízo
Foro é o local onde o órgão jurisdicional exerce as suas funções, é a unidade territorial
sobre a qual se exerce o poder jurisdicional.
Para uma mesma causa, verifica-se primeiro qual o foro competente, depois o juízo, que é a
vara, o cartório, a unidade administrativa.