You are on page 1of 17

LIÇÃO 8

SUBSÍDIO PARA O ESTUDO DA 8ª LIÇÃO DO 3º TRIMESTRE DE


2018 – DOMINGO, 19 DE AGOSTO DE 2018

A SOBRIEDADE NA OBRA DE DEUS


Texto áureo

“E não vos embriagueis com


vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18)
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE – Levítico 10.8-11; 1
Tm 3. 1-3.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Meus diletos amigos leitores, que a Graça superabundante do Senhor Jesus


reine em suas vidas! Queiram sentir-se a vontade para mais um estudo pautado nas
Sagradas Escrituras, e, desta feita, no que tange ao comportamento cristão frente às
bebidas fortes e alcoólicas, sobretudo com relação àqueles que oficiam perante o
Senhor Deus junto a uma comunidade, quer seja nos tempos idos – a comunidade
do antigo Israel – quer nos tempos hodiernos – na Igreja do Deus Vivo.

Neste caso, a presente lição visa mostrar que o exercício do ofício divino é
incompatível com o alcoolismo e os maus costumes devem ser evitados.

Deste modo, explicaremos o Vinho na História Sagrada; discutiremos a


respeito do Vinho no Ofício Sagrado; e compreenderemos que o ministro Precisa ser
Cheio do Espírito Santo.

Logo, cordatos e distintos amigos leitores, tenham uma excelente e agradável


aula.
1
I – O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA

Antes mesmo de nos debruçarmos no contexto do vinho na história sagrada,


vamos conhecer um pouco sobre esta bebida que, vira e mexe, é por uns enaltecida,
mas por outros rechaçada – como se alguma bebida fosse a causa da
destemperança de muitos e o vinho, em si, fosse la vileté du siècle!1; bem como
conhecer o seu uso medicinal.

Pois bem, sem ser advogado do diabo de alguma beberagem qualquer, e sem
fazer apologia aos enófilos, o vinho desde tempos longínquos era utilizado como a
mais comum de todas as bebidas – mas era digerida com moderação.

Povos os mais variados faziam uso desta bebida, e cultivavam os mais


variados tipos de vinhas: além das regiões dos Cáucasos (Geórgia e Armênia),
cultivava-se na Anatólia (Turquia), na Pérsia (Irã) e no sul da Mesopotâmia (Iraque);
nas montanhas de Zagros, entre o Mar Gáspio e o Golfo Pérsico; no Líbano como
em toda Europa; no Egito, Canaã (Israel, Jordânia e parte da Síria); na Assíria (parte
do Iraque e da Arábia Saudita); na região montanhosa da Núbia e costa da África,
etc.

Quando se degustava essa bebida, era feito na proporção de duas partes de


vinho por três de água (em algumas culturas). Até porque o ébrio era uma ofensa,
mesmo na sociedade pagã comum.

Mas e o que dizer do valor medicinal do vinho? Em pleno século da


informação e do conhecimento, ninguém deve dar-se o direto de ser insipiente
quanto ao uso medicinal desta bebida, mas sempre de forma cordata. Vejamos o
que tem a dizer o médico Jairo (meu xará) Monson de Souza Filho, especialista em
clínica médica, sobre este assunto.

Deste modo, assim, ele se expressa: “dentre as bebidas alcoólicas, o vinho é


a que mais traz benefícios à saúde. Mas isso só é verificado quando ele é
consumido de forma regular e moderada, acompanhando as refeições e, o mais
importante, por pessoas que não apresentem contraindicações ao seu consumo”.
1
“Vilania do século” (Tradução do françês).

2
Note-se a expressão: “consumido de forma regular e moderada,
acompanhando as refeições”, portanto, nada de exageros desenfreados e
irresponsáveis. E ele continua: “A combinação entre polifenóis e álcool é perfeita
para a saúde, desde que seguidas as recomendações de consumo. São mais de
200 tipos dessa substância antioxidante encontradas nos vinhos, em especial nos
tintos”.

Os especialistas dizem que a relação álcool-polifenóis é a seguinte: na


presença do álcool, o organismo é capaz de absorver mais polifenóis. Já a presença
dessas substâncias faz com que o organismo absorva menos álcool, logo, ambos se
complementam. É por esse motivo que o vinho traz um número maior de benefícios
quando comparado ao suco de uva. Contudo, o último é uma ótima opção para as
pessoas com intolerância ao álcool ou dependência química.

Jairo Monson acrescenta que já se evidenciaram os seguintes mecanismos


para a proteção cardiovascular oferecida pelo consumo moderado de vinho:

1. aumento do Colesterol HDL, principalmente as frações HDL2 e HDL3 –


considerado o bom Colesterol, pelas ações benéficas que exerce ao sistema
cardiocirculatório. Este aumento é tanto na quantidade quanto na qualidade deste
tipo de Colesterol, cuja composição é rica em fosfolipídios poli-insaturados, como o
ácido Omega-3 – reconhecido pelo seu efeito cardioprotetor.

2. Diminui o Colesterol LDL e sua oxidação – situação inicial do processo de


aterosclerose.

3. Diminui a agregação plaquetária e o fibrinogênio e aumenta a atividade


fibrinolítica e antitrombina – todas ações que dificultam a formação de coágulo, que
é a causa principal de oclusão dos vasos sanguíneos. Fato este que causa infarto do
miocárdio, derrame cerebral e gangrenas.

4. Modifica a camada interna dos vasos sanguíneos – o endotélio, alterando a


produção de óxido nítrico e diminuindo outras moléculas de adesão ao endotélio,
dificultando dessa maneira a aterosclerose.

3
5. Aumento da resistência e elasticidade da parede vascular.

6. Dilata os vasos sanguíneos diminuindo a resistência ao trabalho do


coração. E ele acrescenta:

“O vinho bebido com moderação e junto com as refeições é a bebida mais


favorável para o diabético. Isso porque ele aumenta a sensibilidade das
células à ação da insulina. Em decorrência disso ocorre: Melhora o
aproveitamento dos açúcares pelas células, evitando o acúmulo no sangue,
o que é danoso para o organismo; Diminui a Insulina circulante, o que
desencadeia uma série de reações metabólicas que culminam com o ganho
de peso; Diminui a necessidade de medicamentos; Diminui a Hemoglobina
Glicosilada (um marcador bioquímico usado para avaliar o controle da
doença); Favorece ao emagrecimento. A principal causa de morte dos
diabéticos são as doenças cardiocirculatórias. O efeito cardioprotetor do
vinho é bem conhecido e representa um benefício adicional para quem sofre
desse mal.”

E Jairo Monson continua:

“Quem bebe vinho às refeições, moderada e regularmente, morre mais


tarde e tem melhor qualidade de vida. O envelhecimento das células, dos
tecidos e do organismo como um todo é uma ação dos Radicais Livres. O
organismo produz substâncias que são neutralizadoras dos Radicais Livres.
Mas esta produção diminui com o aumento da idade. Isso é trágico, pois
desse modo ficamos mais expostos aos processos biológicos do
envelhecimento conforme envelhecemos. Como os vinhos, mormente os
tintos, são ricos em polifenóis que são potentes eliminadores de Radicais
Livres, é fácil entender o efeito antienvelhecimento dessa bebida. As
localidades no mundo onde as pessoas são mais longevas são, quase
todas, regiões vitivinícolas. Pesquisadores de Harvard conseguiram com o
Resveratrol (que existe em abundância nos vinhos tintos) ativar o gen Sir2,
que estabiliza o DNA e com isso diminui o declínio celular. Dessa maneira
eles conseguiram aumentar em 70% a vida de alguns seres unicelulares e
em 33% a da mosca da fruta. Esses são dados experimentais e em animais
muito simples. Embora muito animadores esses resultados ainda não
podem ser transpostos para o homem.”

O Doutor Drauzio Varella (portal Drauzio Varella - 8 de abril de 2014


Revisado em 5 de março de 2018) diz que entre as propriedades mais estudadas no
vinho está o fator de prevenção de doenças cardiovasculares, enfermidades que
constituem a maior causa de mortes no mundo. A bebida tem ação antiplaquetária,
pois contribui para a redução dos níveis de lipídios e colesterol, agentes
responsáveis pela formação de placas que podem obstruir as artérias.

4
Além disso, é um vasodilatador, o que favorece a redução da pressão
sanguínea. Essas duas características fazem do vinho um importante aliado contra o
infarto.

Já os polifenóis, em especial os flavonoides encontrados na uva, contribuem


para acelerar o metabolismo, o que ajuda no controle do peso. Os mesmos
componentes atuam na prevenção de doenças neurodegenerativas, como a
demência. Outras bebidas alcoólicas também possuem essas substâncias, mas o
vinho se destaca.

Segundo a biomédica, professora e pesquisadora do Centro Universitário


Metodista do IPA, Caroline Dani, compostos fenólicos estão presentes também no
suco. “Ambos apresentam propriedade antioxidante, que promove melhora cognitiva
e da memória. O suco possui menos que o vinho, mas em geral as pessoas
consomem mais suco.”

Estudos mais recentes indicam que o vinho pode ter também ação
anticancerígena, devido a alguns compostos como o resveratol. Propriedades desse
tipo, entretanto, ainda são objetos de pesquisa.

Para que os benefícios não se transformem em danos, o uso deve ser


comedido. A quantidade recomendada estabeleceu-se da seguinte forma: para suco,
aproximadamente 400 ml por dia. Para vinho, atualmente se defende que os
benefícios já podem ser garantidos com o consumo de uma taça (aproximadamente
100 ml), mas são recomendadas duas por dia, sempre junto com as refeições.

1. A embriaguês de Noé (Gênesis 9.18-27).

Noé, o grande héroi da fé, embriagou-se, sendo um mau exemplo para os


seus filhos. O dilúvio interrompeu o processo acelerado de degradação da
humanidade, contudo não o encerrou. O pecado não foi eliminado através do dilúvio.
Tendo saído da arca, Noé plantou uma vinha e se embriagou com o seu vinho. Pois
bem, vejamos algumas lições desse trágico episódio:

5
1 – Os que usam a bebida precisam estar atentos aos seus riscos: vício e
embriaguez (Ef.5.18);
2 – O vicio leva os recursos financeiros da família;
3 – O beberrão perde a responsabilidade, o emprego, a saúde, o nome e a
perspectiva de vida;
4 – A embriagues leva à perda do controle. Como visto, Noé ficou nu em sua tenda;
5 – O vicio e a embriagues fazem a pessoa perder o respeito da família ou até a
família; Cão desrespeitou seu pai, embora não tivesse tal direito.

2. A devassidão das filhas de Ló (Gênesis 19.30-38).

Essas jovesn moças certamente não tinham um padrão que agradacem a


Deus. Não entrando no mérito dos costumes da época, elas por não terem mais
rapazes para se casarem, deliberadamente embebedaram o pai, em duas noites
seguidas, com o intuito de gerarem de seu pai filhos para a posteridade e deste
modo preservar sua descendência.

Assim foi feito, e dessa relação incestuosa nasceram-lhes filhos, isto é, os


descendentes de Ló – os moabitas e os amonitas, ferenhos inimigos de Israel; mas
isso é outra história.

3. O vinho como instrumento de corrupção.

Assim está escrito em 2 Sm 11. 12 e 13:

(v.12) “Então disse Davi a Urias: Fica ainda hoje aqui, e amanhã te
despedirei. Urias, pois, ficou em Jerusalém aquele dia e o seguinte. (v13) E Davi o
convidou a comer e a beber na sua presença, e o embebedou; e à tarde saiu Urias a
deitar-se na sua cama com os servos de seu senhor, porém não desceu a sua
casa.”
Como visto acima, Davi de forma inescrupulosa arquiteta um plano vil para
culpar a Urias, e ainda, vergonhosamente, embebeda-o. Contudo, temos que o
pecado traz dois resultados – separa o homem de Deus e produz maus efeitos no
mundo. O primeiro pode ser cancelado pelo perdão, mas o segundo permanece. A

6
tragédia da história humana é que os maus efeitos do pecado não são sempre, nem
totalmente, sofridos pelo pecador. Pois Deus ainda usa de misericórdia.

II – O VINHO NO OFÍCIO DIVINO

A lei de Moisés admitia o uso do vinho; contudo, proibia-se a embriaguez. O


vinho era usado como oferta de libação do sacrifício diário (Êxodo 29.40). Os
nazireus estavam proibidos de beber (Números 6.3), como estavam também os
sacerdotes quando executavam os serviços do templo (Levítico 10.1,9ss), além de
reis (Pv 31.4ss), magistrados (Is 5. 22.23) e profetas (Is 28.7), todos estes quando
em exercícios de suas funções.

Paulo sugere a Timóteo que os presbíteros não fossem “dado ao vinho” (I


Timóteo 3. 3) nem os diáconos “dados a muito vinho” (1Timóteo 3.8) – veremos mais
adiante o porquê destas recomendações. Parece não haver dúvida de que o beber
em excesso era problema naquele tempo como continua a ser hoje.

Incluída numa lista de leis e ordenanças está a admoestação de não tardar


em “trazer ofertas... das tuas vinhas” (Êxodo 22:29). A palavra hebraica traduzida
como “vinhas” parece referir-se ao suco de olivas e de uvas. A “beberagem de uvas”
mencionada em Números 6.3 era uma bebida feita pela saturação das uvas. A borra
do vinho era usada para melhorar o sabor, a cor e a força do vinho novo. “Vinhos
velhos bem clarificados” (Isaías 25.6) referia-se a um vinho rico de considerável
qualidade ― um símbolo das bênçãos da festa do Senhor.

É interessante que ofereceram a Jesus uma esponja embebida em vinagre


quando ele pendia na cruz. Este era provavelmente o vinho azedo que os soldados
romanos bebiam (Mateus 27.48). Embora não fosse uma bebida agradável, o
vinagre era usado para molhar o pão (Rute 2.14). Quando despejado sobre o salitre,
o vinagre produz um efeito efervescente. Assim: “O que entoa canções junto ao
coração aflito é... como vinagre sobre salitre” (Provérbios 25.20, Almeida, ERC).

7
1. No Antigo Testamento.

Vamos entender, agora, o significado do vinho em termos etimológicos no


Antigo Testamento. Segundo Donald C. Stamps, há duas palavras hebraicas
traduzidas por “vinho” na Bíblia.

A primeira palavra, a mais comum, é yayin, um termo genérico usado 141


vezes no AT para indicar vários tipos de vinho fermentado ou não
fermentado (ver Neemias 5: 18, que fala de “todo o vinho [yayin]” = todos os
tipos). (a) Por um lado, yayin aplica-se a todos os tipos de suco de uva
fermentado (Gênesis 9: 20-21; Gênesis 19: 32-33; I Samuel 25:36-37;
Provérbios 23:30-31). Os resultados trágicos de tomar vinho fermentado
aparecem em vários trechos do AT, notadamente em Provérbios 23:29-35
(ver a próxima seção). (b) Por outro lado, yayin também se usa com
referência ao suco doce, não fermentado, da uva. Pode referir-se ao suco
fresco da uva espremida. Isaías profetiza: “já o pisador não pisará as uvas
[yayin] nos lagares” (Is 16:10); semelhantemente, Jeremias diz: “fiz que o
vinho [yayin] acabasse nos lagares; já não pisarão uvas com júbilo” (Jr
48:33). Jeremias até chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jeremias
40:10-12). Outra evidência que yayin, às vezes, refere-se ao suco não-
fermentado da uva temos em Lamentações, onde o autor descreve os
nenês de colo clamando às mães, pedindo seu alimento normal de “trigo e
vinho” (Lm 2:12). O fato do suco de uva não-fermentado poder ser chamado
“vinho” tem o respaldo de vários eruditos. A Enciclopédia Judaica (1901)
declara: “O vinho fresco antes da fermentação era chamado yayin-mi-gat
[vinho de tonel] (Sanh, 70a)”. Além disso, a Enciclopédia Judaica (1971)
declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em
diferentes etapas, inclusive “o vinho recém-espremido antes da
fermentação”. O Talmude Babilônico atribui ao rabino Hiyya uma declaração
a respeito de “vinho [yayin] do lagar” (Baba Bathra, 97a). E em Halakot
Gedalot consta: “Pode-ser espremer um cacho de uvas, posto que o suco
da uva é considerado vinho [yayin] em conexão com as leis do nazireado”
(citado por Louis Ginzberg no Almanaque Judaico Americano, 1923, pp.
408, 409). (2) A outra palavra hebraica traduzida por “vinho” é tirosh, que
significa “vinho novo” ou “vinho da vindima”. Tirosh ocorre 38 vezes no AT;
nunca se refere à bebida fermentada, mas sempre ao produto não-
fermentado da videira, tal como o suco ainda no cacho de uvas (Isaías
65:8), ou o suco doce de uvas recém-colhidas (Deuteronômio 11:14;
Provérbios 3:10; Joel 2:24). Brown, Driver, Briggs (Léxico Hebraico-Inglês
do Velho Testamento) declaram que tirosh significa “mosto, vinho fresco ou
novo”. A Enciclopédia Judaica (1901) diz que tirosh inclui todos os tipos de
sucos doces e mosto, mas não “vinho fermentado”. Tirosh tem “benção
nele” (Isaías 65:8); o vinho fermentado, no entanto, “é escarnecedor”
(Provérbios 20:1) e causa embriaguez (ver Provérbios 23:31).

8
E ele acrescenta:

Além dessas duas palavras para “vinho”, há outra palavra hebraica que
ocorre 23 vezes no Antigo Testamento, e frequentemente no mesmo
contexto – shekar, geralmente traduzida por “bebida forte” (e.g., I Samuel
1:15; Neemias 6:3). Certos estudiosos dizem que shekar, mais comumente,
refere-se à bebida fermentada, talvez feita de suco de fruto de palmeira, de
romã, de maçã, ou de tâmara. A Enciclopédia Judaica (1901) sugere que
quando yayin se distingue de shekar, aquele era um tipo de bebida
fermentada diluída em água, ao passo que esta não era diluída.
Ocasionalmente, shekar pode referir-se a um suco doce, não-fermentado,
que satisfaz (Robert P. Teachout: “O Uso de Vinho no Velho Testamento”,
dissertação de doutorado em Teologia, Seminário Teológico Dallas, 1979).
Shekar relaciona-se com shakar, um verbo hebraico que pode significar
“beber a vontade”, além de “embriagar”. Na maioria dos casos, saiba-se que
quando yayin e shekar aparecem juntos, formam uma única figura de
linguagem que se refere às bebidas embriagantes.

Pois bem, diante do exposto; a Bíblia declara de modo inequívoco que para
evitar ais e pesares e, em lugar disso, fazer a vontade de Deus, os justos não devem
admirar, nem desejar qualquer vinho fermentado que possa embriagar e viciar, (Pv.
23.29-35).

Vejamos, nesse momento, um pouco mais sobre esse tema na visão de


alguns eruditos da Bíblia.

William Barclay em sua obra The First Letter to Timothy diz que “no mundo
antigo se usava o vinho continuamente. Em condições em que a provisão de água
era inadequada e algumas vezes perigosa, o vinho era a bebida mais natural de
todas. É o vinho aquele que alegra o coração de Deus e do homem (Juízes 9:13).
Na restauração, Israel plantará seus vinhedos e beberá seu vinho (Amós 9:14). Aos
que estão desfalecendo devem receber cidra, e vinho aos amargurados de ânimo
(Provérbios 31:6).”

Henri Daniel – Rops em sua obra La Vie Quotidienne en Palestine au Temps


de Jésus, Librarie Hachette, Paris, 19612, declara que indubitavelmente o vinho fazia

2
A vida Diária nos Tempos de Jesus, 3ª Edição, Vida Nova, São Paulo, 2008.

9
parte do esquema religioso do mundo: desde os tempos de Noé até os Tratados de
Kethuboth e de Tartarin de Tarascon, que enaltecem a produção de barris de vinho
produzidos pelos seus cachos, bem como uma grande produção de vinhos que
chegavam aos tornozelos. Além disso, a Bíblia (que fala de vinho 141 vezes) referiu-
se ao suco da uva nos termos mais cordiais. O famoso “vinum laetificat cor hominis”3
está no versículo 15 do Salmos 104.

“O vinho era considerado o símbolo de Israel e uma videira dourada podia ser
vista no Templo. Quando Jesus falou de si mesmo como sendo a videira, e quando
consagrou o vinho a ponto de dizer, ‘Este é o meu sangue’, ele estava falando como
um filho de Israel, inteiramente envolvido na tradição do seu povo”, acrescenta
Rops.

“Isto não quer dizer que o mundo antigo não tivesse consciência dos perigos
que provêm da bebida. Provérbios fala do desastre que sobrevém ao homem que
olha ao vinho quando avermelhado (Provérbios 23:29-35). O vinho é escarnecedor e
a cidra é alvoroçadora (Provérbios 20:1)”, alerta-nos William Barclay. E ainda, o
Testamento dos Doze Patriarcas – um fragmento de literatura judaica apócrifa do
primeiro século antes de Cristo – diz contundentemente: “O espírito da prostituição
tem o vinho como servo”, contudo, prostituição, aqui, não tem apenas o seu sentido
denotativo, ipsis verbis, mas também a ideia figurada, conotativa, de apostasia.

2. No Novo Testamento.

Ainda em termos etimológicos, destarte para com o Novo Testamento,


tomemos emprestado, mais uma vez, o pensamento de Donald C. Stamps:

A palavra grega para “vinho”, em Lucas 7: 33, é oinos. Oinos pode referir-se
a dois tipos bem diferentes de suco de uva: (1) suco não fermentado, e (2)
vinho fermentado ou embriagante. Esta definição apoia-se nos dados
abaixo.(1) A palavra grega oinos era usada pelos autores seculares e
religiosos, antes da era cristã e nos tempos da igreja primitiva, em
referência ao suco fresco da uva (ver Aristóteles, Metereologica, 387.b.9-
13). (a) Anacreontes (c. de 500 a.C.) escreve: “Esprema a uva, deixe sair o
vinho [oinos]” (Ode 5). (b) Nicandro (século II a.C.) escreve a respeito de
espremer uvas e chama de oinos o suco daí produzido (Georgica,
fragmento 86). (c) Papias (60-130 d.C.), um dos pais da igreja primitiva,

3
“O vinho alegra o coração do homem”. (N.T).

10
menciona que quando as uvas são espremidas produzem “jarros de vinho
[oinos]” (citado por Irineu, Contra as Heresias, 5.33. 3-4). (d) Uma carta em
grego escrita em papiro (P.Oxy. 729; 137 d.C.), fala de “vinho [oinos] fresco,
do tanque de espremer” (ver Moulton e Milligan, The Vocabulary of the
Greek Testament, p.10) (e) Ateneu (200 d.C.) fala de um “vinho
[oinos]doce”, que não deixa pesada a cabeça” (Ateneu, Banquete, 1.54).
Noutro lugar, escreve a respeito de um homem que colhia uvas “acima e
abaixo, pegando vinho [oinos] no campo”(1.54). Para considerações mais
pormenorizadas sobre o uso de oinos pelos escritores antigos, ver Robert P.
Teachout: “O Emprego da Palavra Vinho no Antigo Testamento”.
(Dissertação de Th. D. no Seminário Teológico de Dallas, 1979).(2) Os
eruditos judeus que traduziram o AT do hebraico para o grego c. de 200
a.C. empregaram a palavra oinos para traduzir varias palavras hebraicas
que significam vinho.Noutras palavras, os escritores do Novo Testamento
entendiam que oinos pode referir-se ao suco de uva, com ou sem
fermentação.(3) Quanto à literatura grega secular e religiosa, um exame de
trechos do Novo Testamento também revela que oinos pode significar vinho
fermentado, ou não fermentado. Em Efésios 5:18, o mandamento: “não vos
embriagueis com vinho [oinos] “ refere-se ao vinho alcoólico. Por outro lado,
em Apocalipse 19:15 Cristo é descrito pisando o lagar, O texto grego diz:
“Ele pisa o lagar do vinho [oinos]”: o oinos que sai do lagar é suco de uva
(ver Isaías 16:10, Jeremias 48:32,33). Em Apocalipse 6.6 oinos refere-se às
uvas da videira como uma safra que não deve ser destruída. Logo, para os
crentes dos tempos no Novo Testamento, “vinho” (oinos) era uma palavra
genérica que podia ser usada para duas bebidas distintivamente diferentes,
extraídas da uva: o vinho fermentado e o não fermentado.(4) Finalmente, os
escritores romanos antigos explicam com detalhes vários processos usados
para tratar o suco de uva recém-espremido, especialmente as maneiras de
evitar sua fermentação. (a) Columela (Da Agricultura, 12.29), sabendo que o
suco de uva não fermenta quando mantido frio abaixo de 10 graus C.) e
livre de oxigênio, escreve da seguinte maneira: “Para que o suco de uva
sempre permaneça tão doce como quando produzido, siga estas instruções:
Depois de aplicar a prensa às uvas, separe o mosto mais novo [i.e., suco
fresco], coloque-o num vasilhame (amphora) novo, tampe-o bem e revista-o
muito cuidadosamente com piche para não deixar a mínima gota de água
entrar; em seguida, mergulhe-o numa cisterna ou tanque de água fria, e não
deixe nenhuma parte de ânfora ficar acima da superfície. Tire a ânfora
depois de quarenta dias. O suco permanecerá doce durante um ano” (ver
também Columela: Agricultura e Árvores; Catão: Da Agricultura). O escritor
romano Plínio (século I d.C.) escreve: “Tão logo tiram o mosto [suco de uva]
do lagar colocam-no em tonéis, deixam eles submersos na água até passar
a primeira metade do inverno, quando o tempo frio se instala” (Plínio,
História Natural, 14.11.83). (b) Outro método de impedir a fermentação das
uvas é fervê-las e fazer um xarope.(2). Historiadores antigos chamavam
esse produto de “vinho” (oinos). O Cônego Farrar (Smith’s Bible Dictionary,
p. 747) declara que “os vinhos assemelhavam-se mais a xarope; muitos
deles não eram embriagantes”. Ainda, O Novo Dicionário da Bíblia (p.1665),
observa que “sempre havia meios de conservar doce o vinho durante o ano
inteiro”.

“O vinho era considerado o símbolo de Israel e uma videira dourada podia ser
vista no Templo. Quando Jesus falou de si mesmo como sendo a videira, e quando
consagrou o vinho a ponto de dizer, ‘Este é o meu sangue’, ele estava falando como

11
um filho de Israel, inteiramente envolvido na tradição do seu povo”, acrescenta
Rops.

3. Advertência quanto ao uso do vinho.

A Bíblia nos adverte quanto ao uso inadvertido do vinho, bem como do suco
de uva:
Provérbios 20. 1: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e
todo aquele que neles errar nunca será sábio”.

Provérbios 23.31, 32,35: “Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho,
quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No seu fim, morderá como a
cobra e, como o basilisco, picará…”“…e dirás: Espancaram-me, e não me doeu;
bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-la outra
vez”.

Provérbios 31.4-5: “Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber
vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte. Para que não bebam, e se esqueçam
do estatuto, e pervertam o juízo de todos os aflitos”.

Isaías 28: 7: “Mas também estes erram por causa do vinho e com a bebida forte se
desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são
absorvidos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte, andam errados
na visão e tropeçam no juízo”.

Oseias 4: 11: “A incontinência, e o vinho, e o mosto tiram a inteligência”.

Lucas 1. 15: “porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem
bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe”.

Isaías 16.10: “E fugiu o folguedo e a alegria do campo fértil, e já nas vinhas se não
canta, nem há júbilo algum; já o pisador não pisará as uvas nos lagares. Eu fiz
cessar o júbilo”.

Atos 2: 13 “E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto”.

12
III – MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO

1. Recomendações aos ministros (1 Tm 3.1-8; Tt 1.7)

Na sua obra The First Letter to Timothy, William Barclay nos presenteia com
ensinamentos enriquecedores, mormente o assunto em apreço. Vejamos.

Que no caso em tela, todo líder cristão deve ser sóbrio (Gr. nefalios), e
também não deve ser dado ao vinho, não deve ser paroinos. Existem histórias
terríveis a respeito do que aconteceu a várias pessoas por ser muito indulgentes
com o vinho. Como já estudado, temos o caso do Noé (Gênesis 9.18-27); o de Ló
(Gênesis 19.30-38); o de Amom (2 Samuel 13.28, 29). O interessante é o duplo
significado que têm ambas as palavras nesta seção. Nefalios significa sóbrio, mas
também quer dizer atento, vigilante. Paroinos significa viciado no vinho, mas também
significa briguento e violento.

Assim, o ensino das Pastorais assinala aqui que o cristão não deve permitir-
se nem prazeres nem indulgências que diminuam sua vigilância cristã ou manchem
sua conduta cristã. Logo seguem duas grandes palavras gregas que descrevem
duas importantes qualidades que devem caracterizar o líder cristão. O líder cristão
deve ser prudente (sofron) e decoroso (kosmios). A palavra sofron se traduziu por
prudente, mas em realidade não é esta a única tradução. Pode ser traduzida com
variações como cabal, discreto, prudente, controlado, casto, que tem domínio
completo sobre os desejos sensuais. Os gregos a derivaram de duas palavras que
significam manter um juízo cabal e seguro. O substantivo que lhe corresponde é
sofrosune, e os gregos escreveram e pensaram muito a respeito dela. É o oposto da
intemperança e falta de domínio próprio. Vejamos o que disseram alguns
destacados personagens sobre esta palavra:

 Platão a definiu como “o domínio do prazer e do desejo”.

 Aristóteles como “esse poder por meio do qual os prazeres do corpo se utilizam
como mandatos da lei”.

13
 Filo como “uma certa limitação e ordenação dos desejos, que elimina aqueles que
são externos e excessivos, e que adorna aqueles que são necessários com a
oportunidade e a moderação”.

 Pitágoras disse que era “o fundamento sobre o qual descansa a alma”,

 Lamblico assinala que “é o que salvaguarda os hábitos mais excelentes da vida”.

 Eurípides disse que era “o melhor dom de Deus”.

 Jeremy Taylor a chamou “o cinturão da razão e a corrente da paixão”.

 Trench descreve a sofrosune como “a condição de domínio total sobre as paixões


e os desejos, de modo que estes não recebam mais concessões que as permitidas e
aprovadas pela lei e a razão correta”.

 Gilbert Murray, o grande erudito clássico, escreveu a respeito desta palavra


sofron: “Existe uma maneira de pensar que destrói e outra que salva. O homem ou a
mulher que é sofron anda entre as belezas e os perigos do mundo, sentindo amor,
alegria, ira e o resto; e no meio de tudo tem em sua mente algo que salva. A quem
salva? Não só a ele, mas também, por dizê-lo assim, a toda a situação. Impede que
o mal iminente se concretize”.

 E. F. Brown cita como ilustração de sofrosune uma oração de São Tomás de


Aquino que pede que “se acalmem todos os nossos impulsos, carnais e espirituais”.

Barclay continua:

O homem que é sofron é aquele que tem cada parte de sua natureza sob um
perfeito domínio, o que quer dizer que o homem que é sofron é aquele em cujo
coração Cristo reina de maneira suprema. A palavra que a acompanha é kosmios,
que se traduz como decoroso. Se um homem for kosmios em sua conduta exterior
deve-se a que é sofron em sua vida interior. Esta palavra kosmios significa
ordenado, honesto, decoroso. Em grego tem dois usos muito especiais. E é muito
comum para descrever ao homem que num bom cidadão. Platão define o homem
que é kosmios como "o cidadão que age com tranquilidade, que ocupa seu lugar
devidamente, e ordena os deveres que lhe incumbem como tal". Esta palavra implica
mais que simplesmente um bom comportamento. Descreve o homem cuja vida é
formosa e em cujo caráter se combinam e integram todas as coisas
harmoniosamente. É o homem em que se unem a força e a beleza. O líder da Igreja
deve ser um homem sofron, um homem que controle todos seus instintos, paixões e
desejos; também deve ser kosmios, um homem cujo controle interno se transforme
em beleza externa; o líder deve ser um homem em cujo coração reine o poder de
Cristo, e em cuja vida resplandeça a beleza de Cristo.

14
2. Recomendações à Igreja (Ef 5.15-21).

Em Efésios 5.18, assim está escrito: “E não vos embriagueis com vinho, no qual
há devassidão, mas enchei-vos do Espírito”

Em sua obra The Letter to the Ephesians, Barclay nos ensina que a
admoestação geral de Paulo conclui com uma exortação para que seus conversos
vivam uma vida sensata. Os tempos que se vivem são maus; deve-se recuperar todo
o tempo possível do mau uso do mundo. Paulo continua sublinhando o contraste
entre dois tipos de reuniões: a reunião pagã e a reunião cristã. A reunião pagã é
propensa a derivar em libertinagem. É significativo que ainda usemos a palavra
simpósio para a discussão de um tema por um grupo de pessoas. A palavra grega
symposion significa literalmente um encontro em que se bebe. Quando certa vez A.
C. Welch pregava sobre o texto: “Enchei-vos do Espírito”, começou com uma
sentença inoportuna: “Têm que encher a um homem de alguma coisa.” Os pagãos
encontravam sua felicidade enchendo-se de vinho e dos prazeres do mundo; o
cristão encontrava sua felicidade no fato de que estava cheio do Espírito. Desta
passagem podemos deduzir alguns fatos sobre as reuniões cristãs da época
primitiva.

 A Igreja primitiva era uma Igreja que cantava. Caracterizava-se por seus
salmos, hinos e cânticos espirituais. A felicidade da Igreja primitiva fazia com
que os homens cantassem.

 (2) A Igreja primitiva era uma Igreja agradecida. Instintivamente e em todo


tempo e lugar dava graças por tudo. Crisóstomo, o grande pregador da
Igreja em épocas posteriores, tinha a curiosa ideia de que o cristão devia
agradecer até o inferno, porque o inferno, como ameaça e admoestação o
mantinha no caminho reto. A Igreja primitiva era uma Igreja agradecida
porque seus membros estavam ainda deslumbrados pela maravilha do amor
divino que tanto se rebaixou para salvá-los. Era uma Igreja agradecida
porque os homens jamais tinham tido tal consciência de estar nas mãos de
Deus. Em tudo davam graças porque estavam convencidos de que tudo
provinha de Deus.

15
 (3) A Igreja primitiva era uma Igreja em que os cristãos se honravam e
respeitavam mutuamente. Paulo dá a razão para esta honra e respeito
mútuos; era porque reverenciavam a Cristo. Não se apreciavam à luz de
suas ocupações, profissões e estado social; apreciavam-se à luz de Cristo e
por isso descobriam a dignidade de cada um, e se respeitavam e honravam
mutuamente com facilidade.

3. Ministros usados pelo Espírito Santo (Atos 2; 4).

Ainda em sua magistral obra The Acts of the Apostles, William Barclay
destaca, aqui, que não devemos pensar que o Espírito Santo começou a operar
poderosamente somente no dia de Pentecostes. Não mesmo. Sabemos muito bem
que o Espírito Santo falava e agia através de Davi (Atos 1.16); falou através de
Isaías (Atos 28.25); Estêvão em seu discurso acusa os judeus de terem-se oposto
ao Espírito através de toda sua historia (Atos 7. 51). Nesse sentido o Espírito é Deus
revelando sua verdade e sua vontade aos homens em toda era e em toda geração.
Mas, não podemos negar de que, ao mesmo tempo, algo especial aconteceu no dia
de Pentecostes. Logo ele acrescenta:

Desde esse momento o Espírito Santo se converteu em uma realidade


dominante na vida da Igreja primitiva. Em um aspecto, o Espírito Santo era
a fonte de toda orientação. É o Espírito Aquele que move Filipe a entrar em
contato com o eunuco etíope (Atos 8:29); Aquele que prepara Pedro para a
chegada dos emissários de Cornélio (Atos 10:19); Aquele que ordena a
Pedro a ir sem vacilar com esses emissários (Atos I 1:12); Aquele que
permite que Ágabo profetize a seca (Atos 11:28); Aquele que ordena que se
aparte a Paulo e Barnabé para a transcendente tarefa de levar o evangelho
aos gentios (Atos 13:2,4); Aquele que guia as decisões do Concílio de
Jerusalém (Atos 15:28); Aquele que guia a Paulo, da Ásia, Mísia e Bitínia a
Troas e portanto a Europa (Atos 16:6); Aquele que diz a Paulo o que lhe
espera em Jerusalém (Atos 20 23) A Igreja primitiva não tomava nenhuma
grande decisão, nem se envolvia em nenhuma tarefa de importância, sem a
guia do Espírito. A Igreja primitiva era uma comunidade guiada pelo Espírito.
Por outro lado, todos os dirigentes da Igreja eram homens do Espírito. Os
Sete eram homens do Espírito (Atos 6:3); Estêvão e Barnabé estavam
cheios do Espírito (Atos 7:55; 11:24). Paulo diz aos anciãos em Éfeso que
foi o Espírito quem os fez bispos sobre a Igreja de Deus (Atos 20:28). Todos
os membros da Igreja primitiva viviam no Espírito como viviam no ar que
respiravam. Além disso, o Espírito era a fonte da coragem e poder
cotidianos. Os discípulos receberiam poder quando viesse o Espírito (Atos
1:8); a coragem e a eloquência de Pedro perante o Sinédrio são o resultado
da atividade do Espírito (Atos 4:31); em Chipre, a conquista de Elimas por
parte de Paulo é obra do Espírito (Atos 13:9). A coragem cristã para
enfrentar as situações perigosas; o poder cristão para enfrentar a vida mais
que adequadamente: a eloquência cristã quando se necessitava: a alegria

16
cristã que era independente das circunstâncias: tudo isto se atribui à obra
do Espírito. Finalmente, em Atos 5:32 há uma frase muito sugestiva. O
versículo fala do Espírito “que Deus outorgou aos que lhe obedecem”. Isto
encerra a grande verdade de que a quantidade de Espírito que um homem
pode possuir está condicionada pela classe de homem que é. Significa que
o homem que sinceramente está buscando fazer a vontade de Deus
experimentará mais e mais a maravilha do Espírito. Significa que viver uma
vida cristã traz consigo seu próprio poder. Nos primeiros treze capítulos de
Atos há mais de quarenta referências ao Espírito Santo. A Igreja primitiva
estava cheia dEle e precisamente ali descansava seu poder.

CONCLUSÃO

Pois bem, por tudo que estudamos nesta rica lição, sabemos que “Todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são
lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (I Co 6. 12). Que certas
coisas não são pecados, mas podem vir a ser grandes embaraços. Que muitas das
vezes julgamos os outros, sem conhecimento de causa, pois, nesse caso, até Jesus
foi mal interpretado: “Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um
homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores” (Lc
7.34). Nesse caso, o que o apóstolo Paulo nos recomenda é que devemos ser
pessoas temperantes, moderados, sóbrias, “maître de soi”4 (Gl 5.23), não só em
coisas visíveis, mas nas coisas ocultas também; não apenas nas grandes, mas nas
pequenas também. Assim, “fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios
igualmente graves, a fim de que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e
cuidado”.

Salmodiemos ao nosso Amado Senhor e Salvador Jesus Cristo com este


belíssimo coro extraído do hino de número 96 da nossa Harpa Cristã.

“Deixa penetrar a luz!


Deixa penetrar a luz!
Que a formosa luz de Deus fulgure em ti;
E serás feliz assim.”
[Professor. Teólogo. Tradutor. Jairo Vinicius da Silva Rocha – Presbítero, Superintendente e
Professor da E.B.D da Assembleia de Deus no Pinheiro.]

Maceió, 18 de agosto de 2018.

4
Locução francesa que significa, ipsis litteris: “Mestre de si mesmo, controlado, temperante”.

17

You might also like