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À Comissão de Graduação da FFLCH, ao CCINT- FFLCH e demais interessados,

Após ter cursado 3 anos de filosofia eu gostaria de aplicar para o programa de


intercâmbio da USP. O meu interesse nesse programa está fortemente relacionado à
minha formação acadêmica, complementando esse percurso com a experiência em
outra universidade que tenha programas tão reconhecidos como os que temos na USP,
permitindo assim progredir com o meu desenvolvimento intelectual e cultural, além
de contribuir para aperfeiçoamento de uma segunda língua, essencial para o trabalho
acadêmico. Assim, uma vez que já havia concluído uma graduação em Cinema e
comecei a Filosofia com o intuito de obter a melhor formação acadêmica possível e
garantir o exercício adequado dessa carreira, busquei para esse intercâmbio
universidades com forte caráter interdisciplinar, onde o curso de filosofia não se
encontre afastado das outras ciências humanas e que tenha disciplinas que abarquem
minhas áreas de interesse.
Por uma questão de afinidade, desde o começo da graduação eu venho
priorizando as disciplinas e o enfoque social e político que o curso de Filosofia e a
USP em geral oferecem. Durante meu percurso, tive a oportunidade de assistir
disciplinas em outros departamentos, como a disciplina Antropologia e Gênero – dada
pela Heloisa Buarque de Almeida no primeiro semestre desse ano, além de cursar as
diversas disciplinas optativas de Teoria das Ciências Humanas oferecidas pelo
departamento de Filosofia, entre elas a disciplina que tratou de Erotismo, Sexualidade
e Gênero, ministrada pelo Prof. Vladimir Safatle e a disciplina ministrada pelo Prof.
Ricardo Terra sobre Problemas de gênero, Raça e Interseccionalidade:
Existencialismo e Teoria Crítica.
Dado que minha pesquisa de iniciação científica, sob orientação do Prof. Dr.
Luiz Repa, é sobre a noção de reconhecimento na teoria política de Judith Butler,
reconhecida filósofa contemporânea norte-americana, tenho trabalhado sobre as
questões de gênero e como elas se articulam na esfera pública e na produção de
subjetividades, uma vez que uma das premissas dessa teoria é a de que o aquilo que
conhecemos por pessoal é também uma questão política, ou melhor, como a
construção da identidade é um processo performativo que se dá por atos reiterados
pelas práticas sociais, mais ainda, como esse processo estabelece limites para o nosso
campo do inteligível que demarca quais vidas podem ser vividas e quais se tornam
invisíveis.
Assim, como parte dessa pesquisa, integro o grupo de formação em Filosofia
Crítica e Política, com coordenação dos Profs. Luiz Repa e Ricardo Terra, além de ter
participado recentemente, apresentando meu trabalho, de dois eventos ocorridos em
Salvador, o IV Seminário Enlaçando Sexualidades e o II Seminário Internacional
Desfazendo Gênero, que teve em sua mesa de abertura a própria Judith Butler.
Dessa forma, foi após ter me inclinado para a teoria política feminista que
acabei descobrindo a possibilidade de fazer um intercâmbio na Radboud University, –
que tem uma larga oferta de cursos dados em inglês, língua que já possuo domínio – a
fim de conhecer os trabalhos e as pesquisas desenvolvidas pelos seus professores e
pela universidade de modo geral, a qual tem uma perspectiva com forte engajamento
nos estudos multiculturais e pós-coloniais que me interessam em especial.
O que me motivou a escolher o curso de filosofia da Radboud University,
situada na Holanda, que tem se fortalecido como foco para estudos multiculturais e
teoria crítica, foi a oferta de cursos relacionados aos estudos de gênero e à teoria
feminista, cujo conteúdo certamente será capaz de complementar a minha formação e
pesquisa, considerando que são áreas nem sempre exploradas no contexto da
universidade de São Paulo e que eu já tenha cursado todas as disciplinas oferecidas
pelo departamento sobre esse tema. Além disso, tendo conhecimento do papel do
feminismo no trabalho de Judith Butler, assim como do papel fundamental da Judith
Butler para a luta feminista atual, vejo como indispensável escolher disciplinas que
possibilitem uma aproximação com as diferentes correntes críticas e perspectivas
feministas na filosofia política, que são tratadas apenas de forma secundária nos
cursos aqui oferecidos.

Dentre essas disciplinas escolhidas, as quais pretendo cursar, está “Introducing


Gender Theories”, que abordará de maneira interdisciplinar algumas das mais
influentes teorias para o debate sobre gênero dos últimos 30 anos, e será coordenada
pela professora Veronica Vasterling, que tem como campo de pesquisa a filosofia
política, e em especial a teoria de gênero e feminista, tendo inclusive publicado
artigos científicos sobre o uso político da teoria psicanalítica no trabalho de Judith
Butler.

A segunda disciplina pretendida,


Portanto, acre dito que essa experiência será muito rica e proveitosa, e me trará
contribuições extremamente indispensáveis para uma pesquisa que está somente no
começo, uma vez que pretendo fazer com que ela se torne um projeto de mestrado. As
disciplinas escolhidas me ajudarão a pensar criticamente como as noções de gênero
operam na vida política, a entender a extensão e diversidades da teoria feminista, além
de aprimorar minha habilidade de relacionar debates conceituais a realidades vividas
em diferentes contextos geográficos, também dado pela possibilidade de me encontrar
e me confrontar com outra cultura, em uma universidade situada entre as melhores do
mundo, da qual eu tiraria o maior proveito, fazendo uso de sua biblioteca e das trocas
com estudantes e docentes, buscando contribuições para o melhor desenvolvimento de
minha pesquisa.

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