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Didática

Material Teórico
Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Júlia de Cássia Pereira Nascimento
Profa. Ms. Adriana Xavier da Silva

Revisão Técnica
Profa. Dra. Jane Garcia de Carvalho

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Abordagens de Ensino e Aprendizagem

• Abordagens dos Processos de Ensino e de Aprendizagem


• O Professor para o Aprendizado do Aluno
• Os Alunos

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer e refletir sobre diferentes abordagens do processo de
ensino e aprendizagem, baseadas na concepção da autora Maria das
Graças Nicoletti Mizukami.
· Discutir sobre o saber e o saber-fazer dos professores, pois, para refletir
sobre as abordagens de ensino e aprendizagem temos de visualizar
o papel do professor de acordo com o contexto social atual. Para
tanto, tomaremos por base uma análise do relatório elaborado por
Delors (1998) para a UNESCO: “Os quatro pilares para a educação
do século XXI”.
· Focar a Didática e o trabalho docente, agora sob um novo tema: o
professor na Era Digital.
· Não se esqueçam de que a aprendizagem ocorre com a informação,
a participação, a reflexão e os comentários; portanto, leiam os textos,
realizem as atividades propostas e participem do Fórum.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Contextualização
Todos os assuntos tratados nesta Disciplina colaboram de forma positiva na
formação de vocês, como professores.

Mas, como atuar no contexto atual de nossa Sociedade, que nos pede formação
e atualização constantes?

Como preparar uma aula? Quais posturas, abordagens e métodos utilizar? E


quanto ao planejamento?

Mais ainda, que Sociedade é essa que nos cobra conhecimentos e habilidades
diferenciadas para trabalhar a Educação? O que se espera de nós, professores, nesse
cenário de novas tecnologias? Devemos conhecê-las e utilizá-las ou somente nosso
conhecimento didático é suficiente para atender às necessidades de aprendizagem
de nossos alunos?

Assista ao vídeo Tecnologia ou Metodologia, para refletir sobre o que nos espera. Pense
Explor

na maneira como os professores estão atuando nas salas de aula, sob quais abordagens e
metodologias e se há utilização de novas tecnologias no processo ensino e aprendizagem.O
vídeo está disponível em: https://youtu.be/IJY-NIhdw_4.

Estamos certas de que vocês ficaram curiosos quanto aos assuntos desta Unidade.

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Abordagens dos Processos de Ensino
e de Aprendizagem
Por meio dos estudos já realizados, pudemos perceber que a Didática tem im-
portante papel no trabalho do professor, vez que ela se dedica ao estudo e ao
aprofundamento das maneiras de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem,
objetivos primordiais da Educação.

Nesta unidade, estudaremos algumas abordagens do processo de ensino e


aprendizagem, que darão ao professor uma direção a seguir no desenvolvimento
de suas aulas, na relação com os alunos e em sua prática pedagógica.

Sabemos que a Educação é um processo que está em constante formação e


transformação e trabalha de diferentes formas, de acordo com a teoria ou a abor-
dagem do processo ensino e aprendizagem adotado.

A adoção de determinada abordagem pelo professor não se dá de forma alea-


tória, não é uma simples escolha. As diferentes abordagens de ensino estão cada
qual ligadas a conceitos e escolhas mais profundas, que se relacionam a ideologias,
à visão de mundo e à visão de Educação, por exemplo.

Essa escolha deve também contemplar diferentes momentos da sala de aula, as


individualidades de cada aluno, os conteúdos a serem trabalhados e os objetivos
que se pretende atingir naquele momento.

É fruto de uma interpretação pessoal do fenômeno


educacional, assim como de uma tomada de posição em
relação ao sujeito e ao meio.

As bases de nossa reflexão sobre as abordagens do


processo ensino e aprendizagem serão as considerações
da Profª. Dra. Maria das Graças Nicoletti Mizukami.

Para a autora, é importante que se reflita sobre a ques-


tão “O que fundamenta a ação docente?”, vez que desta
ação dependem a aprendizagem do aluno e a Educação,
como processo. Figura 1

É preciso que o professor perceba que a Educação é um fenômeno humano e


histórico, na qual estão presentes diferentes dimensões: humana, técnica, cognitiva,
emocional, sociopolítica e cultural. Essas dimensões trazem implicações e relações
diferenciadas no processo educativo.

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UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Quando trabalhamos com alunos dos cursos de licenciaturas, procuramos


organizar as disciplinas pedagógicas de forma que o futuro professor possa formar
um corpo de ideias que justifiquem e deem subsídios à sua prática pedagógica. A
partir dessas ideias, cada professor vai filtrar e escolher sua prática baseado em
suas próprias vivências, ideologias e crenças.

Por esse motivo é importante que se conheçam diferentes abordagens ou


linhas pedagógicas usualmente utilizadas no ensino brasileiro, as quais servirão de
diretrizes à ação docente, vez que a utilização e a elaboração de cada professor
serão individuais e intransferíveis, e trarão em si as escolhas pessoais, humanas,
sociopolíticas e ideológicas.

Vejamos, então, cada uma das abordagens do processo de ensino e aprendiza-


gem, em seus aspectos mais fundamentais.

Abordagem tradicional
A abordagem tradicional apresenta como característica uma concepção e uma
prática educacional com ênfase à transmissão de conteúdos de forma sistematizada
pelo professor e pela reprodução deles pelos alunos.

A didática tradicional poderia ser resumida em “dar a lição” e “tomar a lição”.


Sendo assim, as avaliações passam a ter um fim em si mesmas, mantendo-se o
mesmo ritual: avalia-se conforme o que o aluno pode “reproduzir” acerca do que
lhe foi “transmitido”. As notas obtidas funcionam, na escola e na sociedade, como
níveis de aquisição do patrimônio cultural.

Podemos concluir, em relação à abordagem tradicional que a Escola é o local


da apropriação do conhecimento, por meio da transmissão de conteúdos pelo
professor, que detém todo o saber, e a confrontação com modelos e demonstrações.
O indivíduo nada mais é do que um ser passivo, um receptáculo de conhecimentos
escolhidos e elaborados por outros para que ele se aproprie. Nesaa escola, os
alunos têm apenas a função de receber, memorizar e reproduzir, com a máxima
exatidão possível, os ensinamentos transmitidos pelo professor.

Aqui, convidamos você à assistir ao clip de Pink Floyd – The Wall (legendado), pensando no
Explor

papel do professor no processo de ensino e aprendizagem.


O clip está disponível em: https://youtu.be/vrC8i7qyZ2w.

Abordagem comportamentalista
Na concepção comportamentalista, o desenvolvimento e a aprendizagem são
entendidos como transformações resultantes das interações ocorridas entre o
comportamento apresentado e os acontecimentos do ambiente.

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Essa abordagem vê o homem como uma consequência das influências ou forças
existentes no meio ambiente, sendo que suas ações são resultado das condições
do meio que, uma vez estabelecido, pode antecipar os resultados. O ser humano
não depende apenas de si mesmo, mas principalmente daqueles que o ensinaram
a construí-lo.

Ao analisarmos o processo ensino e aprendizagem nessa abordagem, perce-


bemos que ensinar consiste em saber usar o condicionamento e o reforço para
manter o conhecimento, sendo papel do professor assegurar a aquisição do com-
portamento necessário. Esses comportamentos serão instalados e mantidos por
condicionamento e reforçadores arbitrários (elogios, notas, prestígio, castigos) e as-
sociados a reforçadores mais remotos e generalizados (status, profissão, diploma).

Podemos entender, portanto, que a abordagem comportamentalista consiste


na aquisição de determinados comportamentos pelos alunos, que os levarão à
aprendizagem, que se garante pelo programa estabelecido e pela aquisição
de comportamentos desejáveis, instalados e mantidos por condicionantes e
reforçadores arbitrários, sejam positivos ou negativos.

Você Sabia? Importante!

O Behaviorismo é a teoria que fundamenta a abordagem Comportamentalista?


Vamos aprender um pouco mais sobre esse tema assistindo ao vídeo disponível em:
https://youtu.be/-wAceVuAbxY

Abordagem humanista
Na abordagem humanista, privilegia-se a vida emocional e a psicológica do
indivíduo, sua orientação e o desenvolvimento de uma visão de si orientada para
uma realidade individual e grupal. O homem é considerado uma pessoa situada no
mundo. É único e se relaciona consigo mesmo e com as pessoas em seu redor,
realizando constantes descobertas em sua vida. Desse modo, constrói seu próprio
mundo exterior, partindo de suas experiências.

A atitude básica presente nessa abordagem é de confiança e de respeito ao


aluno. A aprendizagem tem a qualidade de envolvimento pessoal. O aluno é
considerado em sua sensibilidade e, sob o aspecto cognitivo, é incluído, de fato, na
aprendizagem. O aprender e o compreender vem de dentro do aluno, ainda que o
primeiro impulso venha de fora, do professor.

Podemos dizer que, nessa abordagem, a aprendizagem é significativa e


penetrante, vez que ela provoca modificações no comportamento e nas atitudes
dos alunos.

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UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Não existe, portanto, em relação à avaliação, qualquer padronização de


produtos de aprendizagem e competências do professor, sendo muito utilizada a
autoavaliação, pois tanto os alunos quanto os professores têm a responsabilidade
de definir os critérios para avaliar se seus objetivos estão sendo atingidos. O próprio
aluno sabe se está ou não satisfazendo suas necessidades, se está aprendendo o
que antes ignorava.

Abordagem cognitivista
A Abordagem cognitivista preocupa-se com a maneira como se dá a aprendiza-
gem e utilizá-la pede que se estude a aprendizagem como um produto do ambiente,
das pessoas ou de fatores que são externos aos alunos. É, portanto, uma aborda-
gem predominantemente interacionista, na medida em que privilegia a capacidade
que o aluno tem de integrar informações e processá-las.

O importante nessa abordagem é a maneira como acontece a organização do


conhecimento, o processamento das informações e os comportamentos que dizem
respeito às tomadas de decisões.

Nesse processo de interação e formação do conhecimento, essa abordagem


encontra respaldo na teoria de Jean Piaget, que consiste no estudo do
desenvolvimento mental do ser humano, no campo do pensamento, da linguagem
e da afetividade.

Priorizam-se as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situação social.

Abordagem construtivista
Alguns autores entendem que a Abordagem construtivista é uma vertente da
Abordagem cognitivista, devido à citação de que “A inteligência se constrói a partir
da troca do organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo” (MIZUKAMI,
1986, p. 78).

No Construtivismo, o aluno está sempre criando algo novo, num processo


permanente de evolução e criatividade. Aqui, o ato de aprender depende do aluno e
o objetivo da educação é liberar sua capacidade, tanto intelectual quanto emocional,
desenvolvendo características como a autodescoberta e a autodeterminação, na
busca do conhecimento e da aprendizagem.

Nessa abordagem, são oferecidas aos alunos algumas situações de desafios à


sua percepção, análise e raciocínio, assim como jogos, leituras, visitas, excursões,
trabalho em grupo, arte, oficinas, teatro etc. Assim, novas aprendizagens são
assimiladas por uma estrutura já existente, que provoca uma reestruturação do
conhecimento.

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A aprendizagem só se realiza quando o aluno elabora seu conhecimento.
Isso porque conhecer um objeto é agir sobre ele e transformá-lo. O mundo
deve ser reinventado (MASETTO, 1997, p. 44).

Na Abordagem construtivista, há uma grande preocupação com a aprendizagem


e com a participação do aluno nessa aprendizagem, elaborando seu próprio
conhecimento, valorizando o ensaio e o erro, e reinventando o mundo que o cerca
com novos conhecimentos.

Abordagem sociocultural
A abordagem sociocultural busca a superação da relação entre opressor e opri-
mido e as situações de ensino e aprendizagem devem contribuir para essa supe-
ração, por meio de algumas condições, como nos mostra Masetto (1986, p. 44):
a) Solidarizar-se com o oprimido, o que implica assumir a sua situação;
b) Transformar radicalmente a situação objetiva geradora de opressão.

As obras mais relacionadas a essa abor-


dagem, por se referirem ao aspecto po-
lítico-social mais significativo no contexto
brasileiro, são as escritas por Paulo Freire.

A abordagem sociocultural trabalha


com a educação problematizadora, cujo
objetivo é o desenvolvimento da consci-
ência crítica e libertadora, como forma de
superar as contradições da Educação tradi-
cional. Entende que, por meio da reflexão,
o aluno torna-se sujeito da Educação, po-
dendo, assim, refletir sobre sua realidade e Figura 2
a transformar. Fonte: Wikimedia Commons

A Educação é, portanto, um descobrimento constante da realidade, num esforço


para que os alunos possam, criticamente, perceberem-se como participantes do
mundo e como se inserem nesse mundo. Nesse processo, é preciso que os alunos
assumam, desde o início, o papel de sujeitos cidadãos.

A cultura constitui a aquisição sistemática da experiência humana, que se dará


por meio da conscientização crítica e criadora do homem. Todo conhecimento é
elaborado e criado a partir do pensamento e da crítica.

Nesse sentido, a Educação é um ato de conhecimento da realidade, que se


dará por meio da consciência crítica, que não é um produto acabado, e sim um
processo contínuo. Esse processo de ensino e aprendizagem constitui-se na troca
de experiências que procuram transformar a situação concreta que gera a opressão.

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UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Professores e alunos relacionam-se de forma horizontal; não há imposição e o


diálogo é desenvolvido por meio da cooperação, da união, da solução conjunta dos
problemas. Alunos e professor participam juntos do processo.
Educador e educando são, portanto, sujeitos de um processo em que
crescem juntos, porque “ninguém educa ninguém, ninguém se educa.
Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo” (MASETTO,
1997, p. 44).

Por esse motivo, a metodologia utilizada deve ser ativa, dialógica e crítica, com
um conteúdo próprio, estabelecido a partir da consciência que se tem da realidade.

A abordagem sociocultural pressupõe que o alu-


no seja sujeito de sua própria educação. Toda ação
educativa deverá promover o indivíduo e não ser
instrumento de ajuste dele ao mundo. A interação
homem-mundo ou sujeito-objeto é imprescindível
para que o ser humano se torne sujeito de sua obra.

Essa abordagem procura desenvolver a ação e a


reflexão dos homens sobre o mundo, com o objetivo
de transformá-lo.

Ao estudarmos as Abordagens do Processo de


Ensino Aprendizagem, não podemos perder de foco
Figura 3 nossa Disciplina, que é Didática. Certamente, cada
Fonte: gritodosexcluidos.org
um de nós está interessado em uma formação que
nos permita desempenhar da melhor forma possível nossa atividade docente.

Ao assumirmos a Didática como reflexão sistemática sobre o processo de ensino


e aprendizagem, na busca de melhores soluções para os problemas que enfrenta-
mos em nossa prática pedagógica, é preciso que possamos refletir profundamente
sobre cada uma das abordagens aqui apresentadas, para que possamos escolher
aquela que julgamos mais próxima de nossos pensamentos, ideologias, práticas e
posicionamento sociopolítico e cultural.

Nesse sentido, é preciso que nos coloquemos numa postura constante de re-
flexão-ação, partindo do compromisso com a transformação social e individual
de nossos alunos, buscando alternativas pedagógicas que tornem o ensino mais
eficiente, a partir das teorias e concepções de ensino e aprendizagem já desenvol-
vidas ou, ainda, criando novas alternativas de trabalho a partir de nossas próprias
experiências e concepções.
Explor

Assista à animação Aprender a Aprender, disponível em: https://youtu.be/Pz4vQM_EmzI.

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O Professor para o Aprendizado do Aluno
O aprendizado dos seus futuros alunos é de sua responsabilidade e você deve
certificar-se de que as metas de aprendizado e métodos de ensino estejam de acordo
com o contexto no qual sua Escola está inserida.

Existem muitos recursos de ensino, mas o professor é o principal. De nada


adianta tecnologia de ponta, os melhores livros, recursos e Escola, se não há
comprometimento do professor, se ele não se vê ou age como um dos protagonistas
do processo de ensino e aprendizagem. O professor do século XXI não é mais o
guardião do saber; ele é o mediador e o parceiro que precisa usar todos os recursos
disponíveis para envolver, conquistar e trazer o aluno para a sua Disciplina.

Você já ouviu falar em Augusto Cury?

Ele é psiquiatra, cientista e autor. É também diretor da Academia de Inteligência,


um instituto que promove o treinamento de psicólogos, educadores e público em
geral.

Augusto Cury, em um dos seus livros, chamado Pais brilhantes, professores


fascinantes, apresenta os sete hábitos dos bons professores e dos professores
fascinantes. Vou compartilhar esses hábitos com você, pois é de suma importância
que o futuro professor reflita sobre a sua prática e exerça o seu papel social de
educador, fazendo a diferença na vida do aluno.

Vejamos então, segundo Augusto Cury (2003), os sete hábitos dos bons profes-
sores e dos professores fascinantes:

Bons professores são eloquentes; professores fascinantes conhecem o funcionamento da mente.


Bons professores têm boa cultura acadêmica e transmitem com segurança e eloquência as informações em sala de
aula. Os professores fascinantes ultrapassam essa meta. Eles procuram conhecer o funcionamento da mente dos alunos
para educar melhor. Para eles, cada aluno não é mais um número na sala de aula, mas um ser humano complexo, com
necessidades peculiares.
Bons professores possuem metodologia; professores fascinantes possuem sensibilidade.
Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons professores são didáticos, professores
fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para falar ao coração dos seus alunos.
Bons professores educam a inteligência lógica; professores fascinantes educam a emoção.
Bons professores ensinam seus alunos a explorar o mundo em que estão, do imenso espaço ao pequeno átomo.
Professores fascinantes ensinam os alunos a explorar o mundo que são, o seu próprio ser. Sua educação segue
as notas da emoção.
Bons professores usam a memória como depósito de informações; professores fascinantes usam-na como suporte
da arte de pensar.
Bons professores usam a memória como armazém de informações; professores fascinantes usam a memória como suporte
da criatividade. Bons professores cumprem o conteúdo programático das aulas; professores fascinantes também cumprem
o conteúdo programático, mas seu objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores, e não repetidores
de informações.
Bons professores são mestres temporários; professores fascinantes são mestres inesquecíveis.
Um bom professor é lembrado nos tempos de escola. Um professor fascinante é um mestre inesquecível. Um bom
professor procura os alunos; um professor fascinante é procurado por eles. Um bom professor é admirado; um professor
fascinante é amado. Um bom professor se preocupa com as notas de seus alunos; um professor fascinante se preocupa em
transformá-los em engenheiros de ideias.

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UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Bons professores corrigem comportamentos, professores fascinantes resolvem conflitos em sala de aula.
Bons professores corrigem os comportamentos agressivos dos alunos. Professores fascinantes resolvem conflitos
em sala de aula.
Bons professores educam para uma profissão, professores fascinantes educam para a vida.
Um bom professor educa seus alunos para uma profissão;, um professor fascinante os educa para a vida. Professores
fascinantes são profissionais revolucionários. Ninguém sabe avaliar o seu poder, nem eles mesmos. Eles mudam
paradigmas, transformam o destino de um povo e um sistema social sem armas, tão somente por prepararem seus alunos
para a vida por meio do espetáculo das suas ideias.

O que você achou dos sete hábitos? Sonho ou realidade? Possível ou impossível?
Acreditamos que eles sejam possíveis no processo ensino e aprendizagem. De nada
adianta ser doutor em Língua Portuguesa e usar tecnologia de ponta se o professor
não enxergar o aluno.

Pense nisso quando for entrar em sala de aula, combinado?

Recomendamos a leitura do livro na íntegra: CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores


Explor

fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

Os Alunos
Agora, vamos tratar da outra ponta do processo ensino e aprendizagem: os
alunos. Que bom seria se os nossos alunos pudessem ser programados para cada
aula do Ensino Fundamental e Médio, não?

Seria perfeito: o professor prepara e ministra a aula, os alunos a assistem, fazem


exercícios, respondem aos questionamentos e aprendem. Simples assim, não?

Na verdade, não é nem um pouco simples. Nossos alunos são únicos e trazem
para a sala de aula toda a sua bagagem cultural, educação, experiência de vida,
medos, alegrias e anseios. E nós estamos lá na frente, com a nossa aula preparada
para o grupo, e não para cada um deles. Difícil, não?
Talvez pelo desejo subconsciente de simplificar seu trabalho docente,
o professor tende, em geral, a considerar o corpo discente como uma
massa homogênea e indiferenciada. É possível que apenas três tipos de
estudantes escapem desse anonimato: o estudante brilhante, o badalador
e o encrenqueiro. No jogo das relações professor-aluno, com efeito,
esses tipos de estudantes fornecem os maiores prêmios e ameaças e, por
conseguinte, chamam a atenção do professor (BORDENAVE; PEREIRA,
2005, p. 59).

Existem as múltiplas inteligências e cada aluno aprende de maneira diferente, e


é importante que o professor olhe e trate seus alunos como pessoas singulares e
adeque seus métodos didáticos às diferenças individuais de cada um.

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Em meio a tanta singularidade, cabe ao professor despertar nos alunos o interesse
pela Língua Portuguesa, mostrando sempre a importância do idioma para a vida
social, escolar e profissional.

Sabemos que não é fácil conhecer todos os alunos, memorizar seus nomes,
preparar atividades individualizadas, dar conta do conteúdo programático e do
calendário escolar. No entanto, só conseguiremos trazer os alunos para a nossa aula
e Disciplina se formos competentes o suficiente para darmos conta do conteúdo,
ou parte dele, em um ambiente repleto de significado, respeito e educação.

Os problemas nas salas de aula são inúmeros, muitos alunos são difíceis e trazem
de casa sérios problemas familiares, mas quem deve ter maturidade e inteligência
emocional para administrar os conflitos e propiciar bons momentos de ensino e
aprendizagem é você, futuro professor de Português.

Quando atuamos na área da Educação, precisamos ficar atentos às inteligências


múltiplas. Cada ser humano aprende de uma maneira. Nos ensinos Fundamental e
Médio, as Instituições de Ensino fornecem aos alunos diferentes Disciplinas e, em
tese, espera-se que eles desenvolvam as inteligências que lhes são inerentes. No
entanto, algumas delas são mais valorizadas no período escolar e muitos alunos são
rotulados quando não conseguem ter bom desempenho em determinadas áreas.

Como já foi dito, cada um aprende de uma maneira e tem inclinação para
determinada área. É importante que os professores respeitem isso e permitam
desabrochar o que há de melhor em cada aluno.

A Teoria das Inteligências Múltiplas foi proposta por Howard Gardner (1985) como
uma alternativa para o conceito de inteligência como capacidade inata, geral e única,
que permite aos indivíduos desempenho maior ou menor em qualquer área de atuação.

Insatisfeito com essa ideia, Gardner redefiniu a inteligência à luz das origens
biológicas da habilidade para resolver problemas. Depois de muitos estudos e
pesquisas, a Teoria de Gardner apontou a existência de 8 inteligências múltiplas:
1. Verbal/Linguística: Habilidade para brincar com as palavras, contar
histórias, ler e escrever. A pessoa com esse estilo de aprendizagem tem
facilidade em recordar nomes, lugares, datas e coisas semelhantes;
2. Lógica/Matemática: Capacidade para brincar com as questões, para o
raciocínio e pensamento indutivo e dedutivo, para o uso de números e
resolução de problemas matemáticos e lógicos;
3. Visual/Espacial: Habilidade para visualizar objetos e dimensões espaciais,
para criar imagens internas. Esse tipo de pessoa adora desenhar, pintar,
visitar exposições, visualizar slides, vídeos e filmes...;
4. Somato-quinestésica: Conhecimento do corpo e habilidade para controlar
os movimentos corporais. As pessoas com esse tipo de inteligência movem-
se enquanto falam, usam o corpo para expressar suas ideias, gostam de
dançar, de praticar esportes e outras atividades motoras;

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UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

5. Musical/Rítmica: Habilidade para reconhecer sons e ritmos; trata-se


de pessoas que gostam de ouvir música, de cantar e até de tocar algum
instrumento musical;
6. Interpessoal: Capacidade de relacionamento interpessoal. São pessoas
que estão sempre rodeadas de amigos e gostam de conviver;
7. Intrapessoal: Autorreflexão, metacognição e consciência das realidades
espirituais. São pessoas que preferem estar sozinhas e são pouco dadas a
convívios;
8. Naturalista: Alta sensibilidade para as questões ambientais. São pessoas
com elevado interesse pelas Ciências da Natureza e com particular dom
para lidar com plantas e animais.

Você, futuro professor, pode explorar todas essas inteligências em suas aulas.
Portanto, use sem moderação!

Quer saber mais sobre Howard Gardner e a sua Teoria das Inteligências Múltiplas? Então,
Explor

acesse os sites a seguir:


https://goo.gl/Eu6p7S;
https://goo.gl/GzHti.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
As Abordagens e o Professor
A fim de proporcionar um melhor entendimento da relação entre a importância das
abordagens de ensino e aprendizagem e o fazer pedagógico do professor.
https://youtu.be/NpAJOtjY6J4
Didática para a Sala de Aula. Mario Sergio Cortella
Assista também ao vídeo do Professor Cortella sobre Didática na sala de aula
https://youtu.be/TMIGLNT-yis

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UNIDADE Abordagens de Ensino e Aprendizagem

Referências
BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem.
26.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
CARVALHO, Ana Maria Pessoa; PEREZ, Daniel Gil. O saber e o saber fazer do
professor. In CASTRO, Amélia Domingues; CARVALHO, Anna Maria Pessoa
(org.) Ensinar a Ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2001. Cap. 6. p. 107-124.
CHAVES, Eduardo O. C. Educação e Tecnologia: da fala de Sócrates à multimídia
de hoje. 2006. Disponível em: <http://palestras.net/textos-self/edutec.htm>.
Acesso em: fev. 2009.
CUNHA, Emmanuel Ribeiro. Os Saberes Docentes ou Saberes Dos Professores.
Revista Cocar, Local, v. 1, p. 31-39, 2007. Disponível em: <http://www.nead.
unama.br/prof/admprofessor/file_producao.asp?codigo=17>. Acesso em:
fev.2009.
CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.
DELORS, Jacques et al. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: MEC UNESCO, 1998. Relatório para a UNESCO da Comissão
Internacional sobre educação para o século XXI.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
KENSKI, Vani Moreira. O Papel do Professor na Sociedade Digital. In:
CASTRO, Amélia Domingues; CARVALHO, Anna Maria Pessoa (org.) Ensinar a
Ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira Thomson
Learning, 2001. Cap. 5. p. 95-106.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1993. Coleção magistério –
2º grau. Série formação do professor.
LIMA, Adriana Luzia. Educar para a Tecnologia ou Educar com a Tecnologia?
2005. Disponível em <http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.
php?modulo=18&texto=1016>. Acesso em: fev. 2009.
MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: a aula como centro. 4.ed. São Paulo: FTD,
1997. Coleção aprender e ensinar.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: As abordagens do processo. São
Paulo: EPU, 1986.
NASCIMENTO, Julia C. P. TICs – A difícil inclusão no processo educacional.
2007. Disponível em: <http://www.alvoradaplus.com.br/Docs/revista_eletronica/
edicao_3/Artigo_julia.pdf>. Acesso em: fev. 2009.
RODRIGUES, Zuleide Blanco. Pensando na qualidade da educação, a
partir do conhecimento de “Os quatro pilares da Educação do Século
XXI”. 2008. Disponível em: <http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/
pensandoaqualidade.htm. Acesso em: fev. 2009.

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