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by Seymour Rechteit
Meu pai que estava em plena condição física, teve que sair do navio. Ele ficou
em uma longa fila e os oficiais fizeram diversas perguntas tipo: de onde ele vinha, o que
fazia para se manter na Polônia e quais eram seus planos nos Estados Unidos. Só depois
você poderia sair da ilha de Ellis e pegar um barco para Nova Iorque e finalmente
colocar os pés nos Estados Unidos. Quando o médico me examinou, descobriu que eu
estava gripada. Disse então que eu não poderia seguir com meu pai. Chorei e até mesmo
implorei, eu estava apavorada em ficar completamete sozinha em um lugar
desconhecido.
Fiquei na Ilha de Ellis alguns dias, até melhorar. Eu não tinha brinquedos, nem
sabia o que era isso. Mas lá haviam outros garotos enfermos que me faziam companhia.
Alguns deles falavam minha língua, Yiddish. Nós comemos em uma enorme sala de
jantar, a comida era estranha, estilo americano, mas gostei, principalmente do leite.
Havia um grande portão que se estendia até os barcos e este conduziam as
pessoas à ilha, passando do porto de Nova Iorque, até a cidade. Todos os dias íamos até
o portão, olhar além mar. Queríamos ver os Estados Unidos. Sentimos enjaulados,
sentíamos pesar e nos perguntavamos se um dia atravessaríamos o portão, entraríamos
no barco rumo ao nosso destino final, os Estados unidos da América.
O Começo
Assim que meu resfriado acabou, os oficiais disseram que meu pai assim como
meu tio me buscaria. Quando pisei na Ilha de Ellis, senti maravilhada. Ao redor haviam
centenas de pessoas saudado uns aos outros; dando boas vindas aos familiares,
acolhendo-os aos Estados Unidos. Era o começo de uma nova vida em Nova Iorque.
Imediatamente cantei em concertos e comecei a ganhar dinheiro para trazer o restante
da minha família. Eu também cantava em escolas, cantei meu pais tis of thee e the star
spangled Banner, canção que aprendi rápido.
O Astro
A Estratégia
Minha voz era a porta que traria minha família para os Estados Unidos. Um
congressista que me ouvirá cantar, organizou minha viagem para Washington, para que
me apresentasse aos lideres no Capitol dos U.S.A Os políticos gostaram de mim e
quiseram me ajudar. Consegui um convite para cantar para o presidente Calvin
Coolidge, em plena casa branca. Cantei, depois encontrei-me pessoalmente com ele,
que apertou minha mão e disse que cantava bem, disse também que ajudaria trazer
minha família para os Estados Unidos. Seríamos uma família novamente.
Muita coisa boa aconteceu comigo nos Estados Unidos, como um rapaz jovem
continuei cantando e tornei-me a estrela do teatro de Yiddish. Fazia shows e gravações.
Conheci minha esposa Miriam Kressyn, que também era cantora e imigrante. Sua
família imigrou pela Ilha de Ellis. Ficamos cadados durante 43 anos.Voltei para Europa
trabalhando como ator, mas jamais retornei a Polônia. Sinto feliz nos Estados Unidos.