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Adeus Polônia

by Seymour Rechteit

Tradução de Janilza Alencar da Silva

Meu nome é Seymour Rechtzeit, eu nasci em Lodz - Polônia em 1912. Minha


família é judia, foi assim que comecei a cantar, dentro do nosso templo. Aos 4 anos de
idade, as pessoas me chamavam de “wunderkind”, criança maravilhosa. Logo estava
cantando em concertos, nos 4 cantos da Polônia. Minha familia decidiu que eu iria para
os Estados Unidos onde eu teria mais oportunidade. A primeira guerra mundial havia
apenas acabado e a Europa passava por uma fase ruim. Eu tinha um tio que morava nos
Estados Unidos, ele nos enviou duas passagens, uma para meu pai e outra para mim. O
resto da familia ficou na Polônia. Nosso plano era juntar dinheiro para trazê-los para os
Estados Unidos. Em Danzig, atualmente conhecido como Gdansk, embarcamos em um
navio chamado “Laponia”. Isso foi em 1920, no entanto lá estava eu rumo aos Estados
Unidos.
A Travessia do Atlântico

Atravessar o Oceano Atlântico em um grande navio parece divertido, mas não


foi. As duas semanas de viagem foram miserávies. Nosso quarto - deck próximo da
proa, rumo ao fundo do navio - era enfileirada de beliche, uma por cima da outra, um
lugar apertado e desconfortável. Eu subia e descia o convés o tempo todo, apenas para
poder me mexer. Enfrentamos diversas tempestades, chovia forte e eu estava
completamente molhada, tremendo de frio. No momento que adentramos o porto de
Nova Iorque e passamos a estátua da liberdade, peguei um resfriado horrível, mesmo
assim, lá estava eu no convés em meu melhor terno branco, deslumbrada como todos,
com a impressionate imagem da estátua da liberdade.
Uma vez chegado, os imigrantes tinham que passar por uma inspenção médica
para entrarem no País. Diversas pessoas foram mandadas de volta para o país de
origem. Eu tinha oito anos e estava doente, não sabia o que aconteceria comigo nos
Estados Unidos.
Desembarcando

Meu pai que estava em plena condição física, teve que sair do navio. Ele ficou
em uma longa fila e os oficiais fizeram diversas perguntas tipo: de onde ele vinha, o que
fazia para se manter na Polônia e quais eram seus planos nos Estados Unidos. Só depois
você poderia sair da ilha de Ellis e pegar um barco para Nova Iorque e finalmente
colocar os pés nos Estados Unidos. Quando o médico me examinou, descobriu que eu
estava gripada. Disse então que eu não poderia seguir com meu pai. Chorei e até mesmo
implorei, eu estava apavorada em ficar completamete sozinha em um lugar
desconhecido.

Presa na Ilha de Ellis

Fiquei na Ilha de Ellis alguns dias, até melhorar. Eu não tinha brinquedos, nem
sabia o que era isso. Mas lá haviam outros garotos enfermos que me faziam companhia.
Alguns deles falavam minha língua, Yiddish. Nós comemos em uma enorme sala de
jantar, a comida era estranha, estilo americano, mas gostei, principalmente do leite.
Havia um grande portão que se estendia até os barcos e este conduziam as
pessoas à ilha, passando do porto de Nova Iorque, até a cidade. Todos os dias íamos até
o portão, olhar além mar. Queríamos ver os Estados Unidos. Sentimos enjaulados,
sentíamos pesar e nos perguntavamos se um dia atravessaríamos o portão, entraríamos
no barco rumo ao nosso destino final, os Estados unidos da América.

O Começo

Assim que meu resfriado acabou, os oficiais disseram que meu pai assim como
meu tio me buscaria. Quando pisei na Ilha de Ellis, senti maravilhada. Ao redor haviam
centenas de pessoas saudado uns aos outros; dando boas vindas aos familiares,
acolhendo-os aos Estados Unidos. Era o começo de uma nova vida em Nova Iorque.
Imediatamente cantei em concertos e comecei a ganhar dinheiro para trazer o restante
da minha família. Eu também cantava em escolas, cantei meu pais tis of thee e the star
spangled Banner, canção que aprendi rápido.

O Astro

Fiquei famoso em Vaudeville ao apresentar um show, no qual atores cantavam e


contavam estórias. Tornei-me popular porque era criança. Viajei de cidade à cidade para
entreter as pessoas. Em poucos anos ganhará dinheiro suficiente para trazer minha
família para os Estados Unidos. Mas deaprei com um outro problema. Estavamos em
1924 e os imigrantes não tinham permissão de entrar nos Estados Unidos. Minha
família não conseguiu o visto, eles estavam na Polônia, enquanto nós nos Estados
Unidos. Quando poderíamos ser uma família novamente?

A Estratégia

Minha voz era a porta que traria minha família para os Estados Unidos. Um
congressista que me ouvirá cantar, organizou minha viagem para Washington, para que
me apresentasse aos lideres no Capitol dos U.S.A Os políticos gostaram de mim e
quiseram me ajudar. Consegui um convite para cantar para o presidente Calvin
Coolidge, em plena casa branca. Cantei, depois encontrei-me pessoalmente com ele,
que apertou minha mão e disse que cantava bem, disse também que ajudaria trazer
minha família para os Estados Unidos. Seríamos uma família novamente.

O Astro do Teatro de Yiddish

Muita coisa boa aconteceu comigo nos Estados Unidos, como um rapaz jovem
continuei cantando e tornei-me a estrela do teatro de Yiddish. Fazia shows e gravações.
Conheci minha esposa Miriam Kressyn, que também era cantora e imigrante. Sua
família imigrou pela Ilha de Ellis. Ficamos cadados durante 43 anos.Voltei para Europa
trabalhando como ator, mas jamais retornei a Polônia. Sinto feliz nos Estados Unidos.

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