Resumos Expandidos do VI Seminário Mídias & Educação do Colégio Pedro II:
“Dispositivos Móveis e Educação”
Número 1 – Ano 2015 – cp2.g12.br/ojs
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: A QUEBRA DO
PARADIGMA A PARTIR DO OLHAR SOBRE A
MOBILIDADE E A UBIQUIDADE.
Vivian Martins Lopes de Souza
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio de Janeiro
Rua Pereira de Almeida, 88. Praça da Bandeira, - RJ
vivi.lmartins@gmail.com
RESUMO
A educação a distância é uma modalidade de
ensino que se consolida como a principal inovação
da área educacional nas últimas décadas. Com base
em um paradigma de flexibilidade e rapidez nas
premissas educacionais, surge o conceito de
educação ubíqua e de mobilidade no processo de
ensino e aprendizagem. A educação ubíqua
aplicada na educação a distância é o foco do
trabalho e sobre ela é realizada uma pesquisa com
a finalidade de contribuir para o seu entendimento
conjuntural. Os instrumentos de coleta de dados
compreendem questionários direcionados aos
discentes e aos docentes que podem oferecer
contribuições sobre o tema, pois estão inseridos na
realidade estudada. Os resultados da pesquisa
apontam uma grande parte dos respondentes
inscritos em cursos de pós-graduação à distância.
Dos respondentes, 84% afirmam utilizar
dispositivos móveis para acessar conteúdos
educacionais, oferecendo subsídio para entender
que é importante trabalhar conceitos como
educação ubíqua na realidade atual.
Palavras Chaves
Educação a distância, mobilidade, educação
ubíqua.
1. INTRODUÇÃO
Com a popularização das tecnologias da
informação e comunicação (TICs), o nascimento
das práticas de ensino a distância (EAD) e os
conceitos contemporâneos como cibercultura e
Bruno Augusto Torres
Marinha do Brasil
Rua Teófilo Otoni, 4. Centro - RJ
bruno_augusto_torres@yahoo.com.br
mobilidade, faz-se necessário refletir sobre a
educação contemporânea. A EAD se consolida
como a principal inovação da área educacional nas
últimas décadas, criando “possibilidades de se
promover oportunidades educacionais para
grandes contingentes populacionais” [1]. Com
base em um paradigma de flexibilidade e rapidez
nas premissas educacionais, surge o conceito de
educação ubíqua e de mobilidade, que remonta à
disponibilização de recursos educacionais e de
informações gerais, sem a dependência de espaço
e tempo. É a comunicação através de dispositivos
móveis: computadores de bolso, tablets, celulares,
notebooks, entre outros, onde o acesso à
informação não está fixo, preso a um desktop [2].
O trabalho presenta cunho quantitativo e
qualitativo e utiliza uma metodologia capaz de
articular a pesquisa bibliográfica à empírica, de
forma combinada. Quanto aos procedimentos, a
pesquisa bibliográfica é utilizada para revisar a
literatura referente à área. Já os instrumentos de
coleta de dados compreendem questionários, com
perguntas de múltipla escolha e abertas,
direcionados aos discentes e aos docentes que
podem contribuir para a compreensão do tema, já
que estão inseridos na realidade estudada. Por fim,
é realizada a análise dos dados compilados,
visando descrever os resultados obtidos. O
objetivo geral é pesquisar sobre a utilização de
dispositivos móveis na EAD com docentes e
discentes de cursos a distância. E o objetivo
específico é investigar quais as estratégias mais
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modernas e eficazes de aprendizagem que melhor
se aplicam para a educação a distância.
2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA,
MOBILIDADE E EDUCAÇÃO UBÍQUA
As novas demandas tecnológicas e educacionais
proporcionaram o surgimento e a disseminação da
educação a distância. As características positivas
dessa modalidade são inúmeras, tais como a
flexibilidade de horário e a descentralização
geográfica, entre outros, que têm chamado a
atenção de gestores educacionais.
Com as tecnologias inseridas na educação e as
diversas funcionalidades que se apresentam, é
necessário criar novas práticas pedagógicas que
possam suportar e potencializar a ação e a
interação dos sujeitos. Para tanto, são realizados
estudos a respeito da mobilidade no Brasil. Dados
preliminares da Anatel indicam que havia no Brasil
em setembro de 2014, 278,1 milhões de celulares.
Ou seja, 136,9 celulares para cada 100 habitantes.
[3].
A educação ubíqua é um novo paradigma
educacional, que emerge da massificação dos
dispositivos móveis e é realizada considerando as
características do contexto dos estudantes. A
ubiquidade requer intencionalidade e outras
características, que a tornam mais flexível, como
personalização, espontaneidade e pervasividade,
agindo em conjunto [4]. Enquanto a mobilidade é
o ato de utilizar os dispositivos móveis para acessar
a informação, sem nenhuma preocupação ou
planejamento pedagógico, a educação ubíqua é a
ação intencional para que a aprendizagem, através
dos dispositivos móveis, seja eficaz. Ou seja, é a
preparação educacional dos conteúdos didáticos e
das atividades focadas diretamente no processo de
ensino e aprendizagem considerando fatores como
o contexto do aluno, por exemplo.
Com o objetivo de entender como a mobilidade e
a ubiquidade são vistas pelos diversos atores da
educação a distância, é realizada uma pesquisa e a
análise dos resultados obtidos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES DA
PESQUISA
Solicitamos a colaboração de alunos e
profissionais com experiência em cursos a
distância. Foram 38 respondentes ambientados em
cursos de graduação, capacitação ou pós-
graduação a distância. Do total dos respondentes
63% fizeram pós-graduação a distância. Entre
esses, 35% responderam ter entre 51 e 60 anos.
Outro ponto importante observado é que 68% dos
respondentes afirmaram estar participando como
alunos de um curso a distância. 53% deles
preferem utilizar o notebook para acessar os
conteúdos educacionais do curso. Como respostas
às perguntas relacionadas diretamente aos
dispositivos móveis, 66% dos respondentes
afirmou utilizá-los para acessar ambientes virtuais
de aprendizagem (AVA), quebrando um
paradigma sobre a EAD. Esse dado nos mostra
como os recursos de mobilidade e responsividade
são relevantes e devem ser considerados no
planejamento de um curso a distância. Para acessar
os conteúdos educacionais 84% dos respondentes
afirmaram utilizar dispositivos móveis, sendo que
45% deles realizam o acesso diariamente. Ainda
dentre os que utilizam os dispositivos móveis para
acessar conteúdos educacionais, 32% são
profissionais e 68% alunos. Com relação ao
ambiente virtual de aprendizagem de seu curso
50% afirmaram considerá-los adequado para
serem acessados através de um dispositivo móvel.
Os alunos que não consideraram adequados ou
adequados somente em parte puderam qualificar
suas respostas: 20% afirmaram que a dificuldade
estava na conectividade, 20% na ergonomia, 13%
na interface e 47% na responsividade dos AVA.
Esse fato nos permite responder à pergunta inicial:
qual a principal estratégia que melhor se aplica
para a educação a distância no contexto da
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educação ubíqua. Do total dos respondentes 63%
afirmaram que a vantagem de maior relevância no
uso dos dispositivos móveis é a mobilidade. Outros
47% responderam saber o que é educação ubíqua.
Já estamos inseridos em uma realidade em que
quase metade dos respondentes conhece a
ubiquidade. O fator relevante, entretanto, pode ser
o fato de todos os participantes da pesquisa estarem
ambientados aos cursos a distância, facilitando o
entendimento sobre o objeto dessa pesquisa. Para
entender quais são as alterações necessárias para
uma educação ubíqua eficaz são descritas algumas
narrativas dos respondentes:
“Alguma informação é possível visualizar no
dispositivo móvel, mas nem tudo é possível fazer, sem
falar que tudo fica bem reduzido.”
“A visualização dos AVAs nem sempre são adequadas
por meio de um dispositivo móvel, mesmo para o
Moodle que adapta seus conteúdos às telas menores.”
“Muitas vezes, algumas postagens vão sendo
espremidas (letras em baixo de letras) e a leitura fica
difícil. Porém, é importante colocar que, tal fato, não
invalida o acesso, tendo em vista a praticidade.”
“Nem sempre temos disponibilidade e tempo para
acesso por meio de equipamentos mais adequados (no
meu caso, o desktop).”
“O problema não é o AVA em si, mas as limitações
ergonômicas de dispositivos menores, como
smatphones.”
“Não gosto do tamanho da tela.”
“As mensagens postadas dos fóruns não ficam
ajustadas para a tela do meu celular.”
“O AVA parece não ter sido projetado para ser
acessado por dispositivos móveis.”
“Porque é muito pesado. Demora para abrir, ou não
abre, principalmente imagem.”
“Acho que fica lento.”
“A interface não é adequada, dificultando o
acionamento de ícones e a leitura pelas barras de
rolagem horizontais e verticais combinadas.”
As narrativas destacaram dois pontos principais: a
pervasividade das telas, adequando o tamanho dos
recursos textuais e imagéticos e a conectividade
que dificulta o acesso aos conteúdos educacionais.
4. CONCLUSÕES
A necessidade de repensar a educação é imperiosa,
tendo em vista a globalização, as novas tendências
e tecnologias.
As possibilidades que advêm da ubiquidade são
importantes para a educação do futuro. Podemos
destacar as seis principais: portabilidade,
mobilidade, captura de dados, convergência de
mídias, interatividade e colaboração.
A partir da análise dos dados coletados na pesquisa
observamos que 63% dos respondentes
consideram a mobilidade a principal vantagem do
uso dos dispositivos móveis, respondendo ao
questionamento inicial da presente pesquisa. Pode-
se observar a crescente demanda para a utilização
dos dispositivos móveis e como eles já estão sendo
utilizados com fins educativos, já que 84% dos
respondentes utilizam os dispositivos móveis para
acessar conteúdos educacionais. Sabe-se que muito
ainda precisa ser feito para melhorar a qualidade
educacional. No entanto, a evolução não pode ser
impedida ou depreciada.
Um dos papéis da pesquisa em educação ubíqua é
de conhecer a realidade e subsidiar informações,
com a finalidade de preparar o aluno e os
profissionais ligados ao ensino a fim de que se
mantenham nesta nova perspectiva. Porém, ainda
enfrentando muita resistência.
Barreiras educacionais, tecnológicas e
motivacionais, tanto do corpo docente, quanto do
discente existem. Contudo, acreditamos que as
barreiras podem ser ultrapassadas e a educação
ubíqua pode vir a ser uma filosofia pedagógica
comum no planejamento da educação a distância
num futuro não muito distante.
5. REFERÊNCIAS
[1] LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos.
Educação a distância: o estado da arte. São
Paulo: Pearson, 2009.
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[2] SANTAELLA, Lúcia. Desafios da ubiquidade

para a educação. Revista Ensino Superior,
2013. Disponível em:
<http://www.revistaensinosuperior.gr.unicam
p.br/artigos/desafios-da-ubiquidadepara-a-
educacao> Acesso em: 12 set. 2013.
[3] TELECO. Estatísticas de Celulares no Brasil.
Disponível em:
<http://www.teleco.com.br/ncel.asp>
Acessado em: 08 nov. 2014.
[4] SANTOS, E.; WEBER, A. Educação e
cibercultura: aprendizagem ubíqua no
currículo da disciplina didática. Rev. Diálogo
Educ., Curitiba, v. 13, n. 38, p. 285-303,
jan./abr. 2013.