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Desde que comecei a tocar, há uns 10 anos, uso pedaleiras digitais (comecei com uma Zoom 505 e depois
comprei a POD XT Live), mas depois de um tempo com a POD XT, vi que tinha chegado a um ponto em que
não usava 5% do que ela me oferecia. Prefiro fazer miséria com pouca coisa a ter um equipamento
subutilizado. Eu não precisava de tudo aquilo, e resolvi iniciar um setup analógico. Desde então me deparei
com um mundo estranho, cheio de dúvidas com algumas respondidas no fórum cifraclub. Mas o que mais me
causava dúvidas eram as questões que não temos que pensar muito quando usamos uma pedaleira digital. O
que nos faz perder a qualidade do sinal? O que acontece no meio do caminho, entre o primeiro pedal e o
último antes do amplificador? Achei algumas respostas incompletas no fórum, por isso pesquisei um pouco
mais e encontrei algo mais embasado, o que não havia por aqui sobre esse assunto. Por isso, resolvi postar o
que aprendi.
A principal fonte é esse site: http://www.stinkfoot.se/andreas/diy/diyhome.htm. Também usei esse artigo do
Pete Cornish, específicamente sobre True Bypass:
http://www.petecornish.co.uk/case_against_true_bypass.html
Já vi gente citando os dois por aqui em outros posts. São de leitura tranqüila (pra quem sabe inglês) e muito
explicativa, o 1º fala sobre vários assuntos. Quem tiver mais curiosidade, vale a pena conferir.
O que eu vou explicar a seguir é um RESUMO do que li. É óbvio que existem exceções, casos específicos e
algumas outras variáveis, que dariam muitas e muitas páginas. Se alguém notar algum erro conceitual, me
avise para que eu corrija, mas no geral está de acordo com o que li nas fontes citadas. Se alguém tiver
dúvidas, estou a disposição, mas aviso que provavelmente não saberei responder questões técnicas
aprofundadas. E aviso também que sou um iniciante no mundo dos analógicos, meu conhecimento ainda é
mais teórico que prático.
INTRODUZINDO:
-TRUE BYPASS é um sistema presente em alguns pedais que permite a passagem do sinal diretamente do
input pro output quando o efeito está desligado. É o sistema considerado mais fiel ao sinal original. Um
problema é que geralmente apresenta um ruído (click) ao ativar/desativar o efeito.
-BUFFER é um componente eletrônico existente em vários pedais (notadamente os BOSS e Ibanez) que
recebe o sinal, o descarta e gera uma cópia deste sinal. O buffer de entrada mantém uma impedância
constante para a fonte de sinal e o buffer de saída, que possui baixa impedância, permite longos trajetos do
sinal com menores perdas. Um bom buffer gera uma cópia muito próxima do sinal que recebeu, um buffer
ruim faz uma cópia não tão fiel. É um sistema silencioso ao ativar/desativar o pedal.
-CABOS são o meio por onde o sinal de sua guitarra viaja. Durante esse trajeto, o sinal inevitavelmente sofre
perdas maiores ou menores dependendo da impedância do sinal e da qualidade do cabo. Uma perda é no
timbre, maior nas freqüências altas. Outra perda que ocorre é no nível do sinal, que vai diminuindo também
de acordo com a distância. Um bom cabo apresenta perdas um pouco menores, mas não as elimina.
-SINAL é a onda eletromagnética gerada pelos captadores da guitarra. Nas guitarras tradicionais (a maioria),
o sinal apresenta nível baixo de saída e enfrenta alta impedância.
EXEMPLOS EXTREMOS (em todos os casos vamos considerar todos os pedais da cadeia desativados)
SUGESTÕES
Para a situação de um setup inteiro True Bypass, além dos melhores cabos que o dinheiro pode comprar, é
quase instintivo compensar parte das perdas de agudos na equalização do amplificador, e de nível de sinal
aumentando no volume, por exemplo. Isso poderia até resolver parte do problema sem nenhum pedal
ativado, mas ao ativarmos qualquer um dos pedais, passaremos a ter um sinal de nível normalizado e com
baixa impedância, assim os agudos e o sinal não sofrem mais tantas perdas. O resultado é um timbre com
excesso de agudos e mais ganho, o que gera mais ruídos de fundo. Para um caminho longo do sinal, a baixa
impedância é fundamental. Se dentre eles, de preferência no início da cadeia de pedais houver algum que
você deixa sempre ligado, problema resolvido. Senão, um pedal com um bom buffer no início da cadeia de
efeitos também resolve o problema com uma cópia bem fiel do sinal. A partir daí, pedais com True Bypass
são recomendados por não alterarem em nada o sinal que passa por eles. Para setups muito grandes, um pedal
com buffer no início e um no final também é uma opção, sendo que o último funciona basicamente para
normalizar o nível do sinal antes de enviar para o amplificador. Uma última sugestão: coloque sempre seus
melhores cabos antes do primeiro pedal que você usa sempre ativado ou desativado com buffer, para garantir
o sinal com menores perdas até que ele seja processado. A partir daí, a influência dos cabos no seu timbre
será bem menor e os cabos comuns farão bem o trabalho.
CONCLUSÃO
Depois de entender isso, vi como é importante compreender o papel de cada equipamento e suas
características para montar um bom setup. Ver como eles interagem e não sair modificando tudo, gastando
uma grana desnecessária com os equipamentos mais caros sem saber bem o que procura. Vi como o True
Bypass é uma característica muito útil em uma cadeia de pedais, mas que não significa muito sem um sinal
adequado. E como os buffers levam a culpa toda da alteração de timbre, quando na verdade eles podem
compensar essa mudança se bem utilizados. Mas, antes de qualquer coisa, tudo depende do seu gosto,
experimente cada pedal individualmente e em conjunto, veja como seu som é afetado e aí procure soluções
para o que não gostar.