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Aula 01
Sumário
1. Palavras Iniciais. .......................................................................................................... 2
2. Visão geral da administração pública com foco em resultados e o caso brasileiro. ...... 3
2.1. Algumas observações sobre a visão estratégica da Administração Pública. ....................... 16
3. Resumo ..................................................................................................................... 20
4. Questões Comentadas .............................................................................................. 23
5. Lista de Questões ...................................................................................................... 34
6. Gabarito .................................................................................................................... 41
7. Bibliografia Principal ................................................................................................. 42
1. PALAVRAS INICIAIS.
Oi!
Nessa aula extra estudaremos diferentes tópicos de administração pública, incluindo os assuntos
realmente cobrados em prova quando a banca fala em todos os subtópicos que estão no título da
aula, que desembocam na gestão por resultados .
Observação importante:
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O foco em resultados nada mais é do que uma administração pública voltada para os fins a serem
atingidos na sociedade (efetividade e eficácia), e não os meios utilizados, estando ligado ao
movimento gerencial da administração pública e, no caso Brasileiro, ao PDRAE e iniciativas
gerenciais posteriores.
Importante destacar que, apesar do seu foco não ser a melhoria dos processos e ganho de
eficiência, ao se utilizar de mecanismos de gestão flexíveis e orientados aos resultados o Poder
Público também consegue melhoria da eficiência.
O que se busca, de forma geral, é a geração de resultados pelas ações do Poder Público e seus
servidores para os cidadãos na medida do que for possível. O acompanhamento dos resultados
deve ser constante para que seja possível realimentar de informações outros ciclos de
planejamento ou mesmo a tomada de ações corretivas, quando os resultados alcançados estejam
diferentes daqueles que foram planejados.
O surgimento de processos de reforma na administração pública ao redor do mundo, a partir da
década de 1980, marca o início da preocupação com os resultados e representam uma grande
quebra do paradigma até então vigente, o burocrático, centrado nos processos e no cumprimento
das normas legais, como vimos um pouco antes.
Atualmente, diversos aspectos se envolvem na gestão pública por resultados. Matias-Pereira
(2012) afirma que, no cenário geral deste tipo de administração, merecem destaque a
preocupação com a elevação da qualidade dos serviços públicos, a cobrança da responsabilidade
dos gerentes de programas governamentais, o desenvolvimento do governo eletrônico e a Lei de
Responsabilidade Fiscal.
De forma geral, o que se observa é um maior foco em questões de desempenho, estabelecimento
de metas, mecanismos de monitoramento dos resultados obtidos e tomadas de ações
corretivas.
Há um verdadeiro alinhamento entre planejamento, execução e controle das ações de governo,
favorecendo o acompanhamento pelo cidadão e a responsabilização dos gestores (accountability).
Nesse sentido, Matias-Pereira (2012) apresenta os principais itens da agenda de gestão por
resultados, segundo Makón (2008):
Foco nos resultados;
Políticas públicas formuladas a partir de processo de planejamento governamental;
Caráter descentralizado da tomada de decisões;
Flexibilização de recursos com cobrança de responsabilidade dos gestores;
Utilização de planejamento estratégico nas organizações públicas e otimização dos processos
administrativos;
Mudanças metodológicas no processo de formulação do orçamento público;
Sistemas de informação que forneçam subsídios para a tomada de decisão e mensurem os recursos na
obtenção dos resultados (sistemas de apuração de custos);
Sistemas de monitoramento da gestão, prestação de contas e avaliação;
Desenvolvimento de indicadores que permitam medir o impacto da ação governamental e indicar os
desvios para introdução de medidas corretivas.
Um bom modelo de gestão pública por resultados deve possuir alguns atributos essenciais, tais
como ser abrangente, dinâmico e multidimensional, conforme os conceitos apresentados a
seguir:
Atributo Conceito
avaliá-los.
Com isto em mente, vamos fazer uma breve revisão sobre os projetos básicos do Plano Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE), já que este foi um importante instrumento de
administração pública com foco em resultados no Brasil.
O PDRAE
Importante destacar: já estudamos o PDRAE na aula anterior, mas é importante estudá-lo
novamente, pois ele se insere fortemente no contexto dessa aula também e é muito cobrado em
provas!
Já no início do governo FHC, em 1995, o Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado
(MARE), capitaneado pelo Ministro Luis Carlos Bresser-Pereira, propõe uma nova reforma
administrativa para o Estado Brasileiro, partindo do princípio de que existe uma crise no papel do
Estado, e compreendendo a necessidade de melhorar sua eficiência, eficácia e efetividade.
Para isso, ainda em 1995, foi criado o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE),
que buscava enfrentar especificamente o encarecimento do custeio da maquina administrativa e a
baixa eficiência dos serviços públicos. O novo foco deveria estar em reduzir o custo da máquina
estatal e aumentar não só sua eficiência e eficácia, mas também a efetividade das ações públicas,
que deveriam estar voltadas para o cidadão e não para sí a própria atuação estatal.
A grande inspiração do PDRAE eram as modernas discussões britânicas e americanas sobre a Nova
Gestão Pública, considerando o paradigma gerencial de uma forma pragmática e aplicada à gestão
pública.
A reforma do aparelho do estado proposta pelo PDRAE passaria então pelas seguintes dimensões:
1. Dimensão institucional-legal: relacionada aos obstáculos de ordem legal para o alcance de
uma maior eficiência do aparelho do Estado. Questões como regime jurídico dos servidores,
regras de licitação, estabilidade dos servidores, etc., se encontram nessa dimensão.
2. Dimensão cultural: definida pela coexistência de valores patrimonialistas e principalmente
burocráticos com novos valores gerenciais e modernos na administração pública brasileira.
Deveria haver uma mudança cultural para que os princípios da administração pública
gerencial fossem completamente aceitos e a visão patrimonialista fosse completamente
rejeitada.
3. Dimensão gerencial (ou dimensão-gestão): é uma dimensão associada às práticas
àD à à à à à à à à áà à à à
aquela que define claramente os objetivos, recruta as melhores pessoas por meio de
Considera-se que houve sucesso nas dimensões institucional e cultural, mas a dimensão gerencial
não obteve o sucesso desejado, pois as ferramentas não puderam ser perfeitamente instaladas na
administração pública brasileira, que continuou com uma base racional-legal.
Como consequência dessa visão, o PDRAE identificou quatro setores em que o Estado opera, cada
um com características distintas, que justificava regimes de propriedade e tipos de instituições
distintas operando dentro deles. A ideia central era que o Estado deveria se preocupar mais com o
que é o seu papel central, reduzindo custos e ineficiências ao deixar de operar onde a iniciativa
privada poderia fazê-lo com maior eficiência e eficácia.
Assim, o PDRAE, buscando introduzir na configuração do Estado Brasileiro características mais
modernas em busca de maior eficiência operacional, identificou os seguintes setores em que o
estado atuava: 1) o núcleo estratégico; 2) as atividades exclusivas; 3) os serviços não-exclusivos;
e 4) o setor de produção de bens e serviços para o mercado.
O núcleo estratégico do estado foi caracterizado como sendo o setor que define as leis e as
políticas públicas, cobrando da população o seu cumprimento. É neste setor que as decisões
estratégicas são tomadas. Por isto, a efetividade das decisões é uma das características mais
marcantes na sua forma de gestão. O regime de propriedade típico deste setor é a propriedade
pública estatal, uma vez que não se devem delegar as decisões estratégicas. As instituições que
prevalecem neste setor são os órgãos públicos. Nesse setor, ao contrário dos demais, a
administração burocrática deveria continuar existindo em conjunto com a administração gerencial,
pois a burocracia possibilita uma maior segurança e efetividade das decisões. Nos demais setores,
que você verá a seguir, a regra é a administração pública gerencial e a gestão de resultados ao
invés do controle de processos.
Na área das atividades exclusivas é que o Estado presta serviços governamentais típicos à
sociedade. É nela que são realizadas as atividades de fiscalização, regulamentação e fomento,
como na previdência social, o serviço de trânsito, etc. Aqui a eficiência se torna fundamental: os
serviços devem ser executados, conforme definido pelo núcleo estratégico, com o menor uso
possível de recursos, em busca de uma ótima relação entre custo e benefício. O regime de
propriedade deste setor é o público estatal, uma vez que aqui se tomam decisões que envolvem o
Poder Extroverso do Estado e sua capacidade de formar, unilateralmente, obrigações para
terceiros. Instituições que devem prevalecer neste setor são os órgãos públicos e as agências
autônomas.
No setor de serviços não exclusivos, o Estado deveria realizar a publicização para atuar através de
organizações públicas não estatais, as Organizações Sociais, ao mesmo tempo em que as
organizações privadas continuariam mantendo sua prestação de serviço no setor. Estes serviços
são caracterizados por não serem exclusivos do Estado, mas envolverem aspectos
governamentais, como saúde e educação. Aqui também se busca a eficiência na aplicação dos
recursos públicos nas políticas delineadas no núcleo estratégico. O regime de propriedade que
deve ser adotado neste setor é o público não-estatal, onde o Estado continua detendo o poder de
influência, mas o controle social é maior e a flexibilidade de gestão também. As instituições típicas
que se verificam neste setor são as organizações sociais.
Já o setor de produção de bens e serviços para o mercado é caracterizado pelas atividades
econômicas voltadas para o lucro, mas que ainda permanecem na estrutura do Estado por razões
diversas. Nesta área, o regime de propriedade deveria ser o privado, dada a possibilidade de
coordenação via mercado. As instituições presentes neste setor são as empresas, e o Estado só
deveria atuar nesse setor quando extremamente necessário.
Para a execução propriamente dita do plano foram previstos três projetos principais de reforma
para serem implantados, incluindo à á àE à á àá à à O à
“ àC à à à à à à à
O A E consistia em examinar, de forma global, a estrutura do aparelho
do Estado, tendo como objetivos analisar as missões dos órgãos e entidades governamentais, com
foco em identificar superposições, inadequação de funções e possibilidades de descentralização,
para dar ao Estado uma estrutura organizacional moderna, ágil, e permeável à participação
popular. A operacionalização deste projeto deveria se dar de forma permanente, por meio da
elaboração de respostas a diversas perguntas sobre os órgãos e atividades do Estado, de modo
que se pudesse chegar a propostas de extinção, privatização, publicização, descentralização,
incorporação e criação de órgãos na Administração Pública.
O A A , por sua vez, nasceu da necessidade de maior autonomia de
gestão com base na responsabilização pelos resultados. Atuando de forma vertical no nível das
atividades exclusivas de Estado, seu objetivo principal foi a transformação de autarquias e
fundações públicas executoras de atividades exclusivas de Estado em agências autônomas. Em
teoria, essas agências seriam dotadas de maior flexibilidade de gestão e, por isso, teriam mais
facilidade para atingir os fins públicos aos quais se destinariam.
O último dos projetos básicos, intitulado O “ , buscava atuar no nível dos
serviços não exclusivos do Estado, sendo acompanhado, neste caso, por um programa de
publicização dos referidos serviços, ou seja, sua transferência do setor estatal para o não-estatal,
onde as organizações sociais assumiriam o controle dessas funções públicas. O principal objetivo
deste projeto era permitir a descentralização de atividades não exclusivas, onde não existe o
Poder Extroverso do Estado de, unilateralmente, criar obrigações para terceiros. O pressuposto
central é de que os serviços públicos, nesse caso, serão realizados de forma mais eficiente se
executados pelo setor público não estatal, sendo mantido o seu financiamento por parte do
Estado.
Como consequência do PDRAE, foi editada e promulgada a Emenda Constitucional no. 19 de 1998,
que realizou algumas importantes mudanças na dimensão institucional-legal da administração
pública, como:
1. Inclusão do princípio da eficiência na Constituição;
2. Previsão de uma Lei que trate da participação do usuário na administração pública (como
forma de controle social/foco no cliente-cidadão);
3. Previsão de maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira através do uso de
contratos de gestão (acordo programa), visando maior foco em resultados;
4. Fim do Regime Jurídico Único dos servidores civis (que foi derrubado pelo STF, voltando,
portanto, o RJU).
5. Criação de novas possibilidades de perda do cargo público pelo servidor:
a. Por meio de avaliação periódica de desempenho;
b. Exoneração dos servidores públicos em virtude de excesso de gastos de pessoal a
serem definidos em Lei Complementar (no caso, a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei
Complementar 101/2000). A constituição passou a possibilitar a exoneração tanto de
servidores estáveis quanto de não estáveis, em casos específicos.
6. Suspensão de repasses de verbas para Estados e Municípios. Serão suspensos os repasses de verbas federais
e estaduais aos Estados, Distrito Federal e Municípios que não promoverem o ajuste de suas contas aos limites
de despesas com pessoal, previstos em lei complementar, esgotado o prazo previsto na referida lei.
7. Proibição de auxílio financeiro para pagamento de pessoal. Fica proibida a transferência voluntária de
recursos ou a concessão de empréstimos entre entes federados, para pagamento de despesas de pessoal dos
Estados, Distrito Federal e Municípios.
Novos Limites e Critérios para a Fixação das Remunerações
1. Exigência de lei para fixação ou alteração de remuneração de servidor. Fica estabelecida a exigência de
aprovação de projeto de lei específico, sujeito a veto presidencial, para a fixação ou alteração de remuneração
dos servidores públicos e membros de Poder.
2. Teto de remuneração único, referenciado no subsídio dos Ministros do STF. É definida nova regra para o teto
de remuneração, que será equivalente ao valor do subsídio fixado para os Ministros do Supremo Tribunal
Federal, ficando submetidos ao mesmo os três Poderes e os Estados, Distrito Federal e Municípios. Além disso,
serão enquadrados no teto as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza e as situações de acumulação
de remunerações ou de proventos.
3. Remuneração na forma de subsídio, para determinadas categorias. A remuneração na forma denominada
subsídio, não permitido quaisquer tipo de acréscimo, adicional ou parcela remuneratória, será aplicada a
membros de Poder, detentores de mandato eletivo, Ministros, Secretários estaduais e municipais, e outros
cargos e categorias previstos na Constituição ou em lei.
4. Enquadramento das remunerações ao novo teto. As remunerações e subsídios serão enquadrados no novo
teto constitucional, podendo haver redução nominal de valor.
5. Proibição de vantagens com incidência cumulativa. As vantagens que complementam o vencimento do
servidor não poderão servir de referência para a fixação do valor de vantagens ulteriores; ou seja, somente o
vencimento pode ser usado como base para o cálculo do valor de vantagens que integrem a remuneração.
6. Política de remuneração dos servidores. O sistema remuneratório dos servidores deverá compreender a
fixação de padrões de vencimento que considerem as peculiaridades, complexidade, responsabilidade e
exigências para a investidura em cada cargo.
7. Conselho de política de administração e remuneração de pessoal. Será instituído o referido conselho na
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com participação de servidores designados pelos respectivos
Poderes.
Flexibilização do Regime de Admissão dos Servidores
1. Supressão da previsão de regime jurídico único para admissão de servidores. Deixa de ser obrigatória a
adoção de regime jurídico único para os servidores da administração pública direta, autárquica e fundacional.
2. Permissão para requisitos diferenciados de admissão do servidor. A lei poderá fixar requisitos diferenciados
para admissão do servidor, quando as características do cargo assim o exigirem.
3. Adequação do concurso público à natureza e complexidade do cargo. Permite a regulamentação em lei dos
procedimentos do concurso público de modo a considerar, em cada caso, a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego.
Profissionalização da Função Pública
1. Reserva de cargos e funções para servidores de carreira. Fica prevista a ocupação das funções de confiança
exclusivamente por servidores detentores de cargo efetivo e a fixação de percentual mínimo dos cargos em
comissão, para servidores de carreira.
2. Atribuições dos cargos em comissão e funções de confiança. Será obrigatória a destinação destes cargos e
funções para o exercício de atribuições de direção, chefia e assessoramento.
3. Manutenção de Escolas de Governo. A União, os Estados e o Distrito Federal deverão manter escolas de
governo para seus servidores, sendo a participação em seus cursos requisito para a promoção do servidor nas
carreiras.
4. Aproveitamento de estrangeiros na administração pública. Fica permitido o acesso de estrangeiros a cargos,
empregos e funções públicas, desde que expressamente previsto em lei.
Desenvolvimento da Gestão, Transparência e Controle Social
1. Eficiência como princípio da administração pública. Fica incluído, entre os princípios a serem observados
pela administração pública, a eficiência.
2. Adoção de contratos de gestão na administração pública. Fica prevista lei que regulamentará a ampliação
da autonomia dos órgãos e entidades da administração pública que firmem contratos, com a fixação de
objetivos e metas de desempenho.
3. Bonificações por economia de despesas. Poderão ser instituídos adicionais ou prêmios a título de bonificação
por economias obtidas com despesas correntes em cada órgão, autarquia ou fundação da administração
pública. Os recursos poderão, ainda, ser aplicados em programas de treinamento ou de melhoria das
condições de trabalho no serviço público.
4. Descentralização da prestação de serviços públicos. A lei poderá disciplinar a transferência de servidores e
bens públicos entre os entes federados e a formação de consórcios para a prestação de serviços públicos.
5. Publicação dos valores de remuneração dos cargos. Será obrigatória a publicação periódica de tabela com
valores de remuneração e de subsídio dos cargos e empregos públicos.
6. Participação do cidadão na administração pública. Fica prevista lei que tratará do acesso do usuário a
registros administrativos e informações, da representação contra abuso ou negligência de servidor e do
encaminhamento de reclamações relativas à prestação de serviços públicos em geral.
7. Acesso pelo servidor a informações privilegiadas. Fica prevista lei que estabelecerá requisitos e restrições ao
servidor que venha a ocupar cargo público, inclusive após o seu afastamento, em situações que propiciem o
acesso a informações privilegiadas.
Ampliação da Autonomia de Gestão da Administração Indireta
1. Estatuto da empresa pública e da sociedade de economia mista. Fica prevista lei que estabelecerá a função
social, mecanismos de fiscalização, áreas de atuação, obrigações inerentes ao regime das empresas privadas,
avaliação e responsabilização dos seus dirigentes e normas de licitação e contratos, para estas entidades.
2. Normas de licitação para empresas estatais. A regulamentação de licitações e contratações nas empresas
públicas e sociedades de economia mista será objeto de legislação específica, distinta da que rege a
administração pública direta, autárquica e fundacional.
3. Não-incidência dos tetos de remuneração sobre as empresas estatais. O teto de remuneração constitucional
só se aplicará às empresas públicas e sociedades de economia mista que recebam recursos do Poder Público
para o pagamento de suas despesas de pessoal e de custeio.
4. Revisão dos estatutos das entidades da administração indireta. No prazo de 2 anos, serão revistos os
estatutos de empresas estatais e fundações públicas, com vistas à correção de desvios e inadequações da sua
forma jurídica.
5. Afastamento de empregado de empresa estatal para exercício de mandato eletivo. Deixam de se aplicar ao
empregado de empresa pública e de sociedade de economia mista, as disposições que permitem a opção pela
remuneração do cargo ou emprego e a contagem de tempo de serviço para obtenção de benefícios.
Apesar de ter proposto uma reforma claramente inspirada no moderno modelo da Nova Gestão
Pública, originário das discussões acadêmicas e práticas ocorridas nos países anglo-saxões, o
PDRAE não conseguiu o mesmo sucesso em sua implementação que foi obtido nos países de onde
essas ideias se originaram. Existiam várias divergências de opinião quanto às propostas do plano,
que não foram integralmente aplicadas.
O grande mérito do PDRAE, na verdade, foi a implementação de um novo padrão de cultural para
a Administração Pública brasileira, que passou a ser pautada por um maior foco em resultados e
na efetividade da ação pública em todas as suas esferas.
Apesar disso, aspectos patrimonialistas e burocráticos continuam existindo até hoje na
administração pública brasileira. O grande desafio atual é aprofundar a modernização
administrativa criando estruturas mais flexíveis e empreendedoras.
No contexto do PDRAE, surge a ideia de contratualização de resultados, do uso de programas de
excelência em qualidade na administração pública e também a necessidade de criação de agências
reguladoras para acompanhar a prestação de serviços públicos.
No que diz respeito à gestão pública propriamente dita, chama atenção o contrato de gestão,
motivo pelo qual irei falar mais detalhes agora:
- R.: orientando a gestão para que ela produza resultados reais, agregando valor para a sociedade
como um todo.
O Papel do Servidor
O servidor público também desempenha importante papel na administração pública voltada para
resultados, pois há uma tendência histórica no Brasil de que a continuidade das políticas públicas
costumam ser dadas pelos servidores, que permanecem de uma gestão para outra.
Além disso, mecanismos de remuneração variável dos servidores tem se tornado uma tendência,
de modo que o servidor possa ser remunerado de acordo com o atingimento de suas metas
individuais e das metas institucionais.
O principal problema nesta frente é que, na avaliação institucional, geralmente as metas são
focadas no cumprimento das ações programadas para o órgão/entidade, e não no desempenho
frente às necessidades da sociedade.
Ainda assim, o uso de mecanismos de remuneração variável para o servidor é uma ferramenta
interessante, baseada no modelo de administração gerencial, que ajuda a dar foco nos resultados
para a gestão pública.
Programa: unidade de gestão das ações governamentais, com foco em resultados: é instrumento de
organização da ação governamental, definindo objetivos e metas a serem alcançados para solucionar
o problema que o originou; é elemento de ligação entre o plano plurianual, os orçamentos anuais, a
execução e o controle; é referencia para a avaliação da gestão pública; é canal que proporciona
visibilidade e transparência às ações governamentais para o conhecimento e controle da sociedade.
Responsabilização: cada programa tem um gerente que se responsabiliza pelo impacto do gasto na
sociedade. Na primeira versão, o gerente, indicado pelo Ministro de Estado do setor, não precisava ter,
necessariamente, posição hierárquica de decisão sobre o gasto. As dificuldades geradas pela falta de
poder decisório sobre os recursos disponíveis para o programa e a pouca compatibilidade entre a
lógica de gerenciamento de programas e a lógica de estruturação dos órgãos de administração pública
impuseram, a partir do PPA 2004-2007, a localização do gerente na hierarquia institucional,
assegurando o poder decisório para ordenar despesas.
Monitoramento em rede: o gerente, situado no ministério setorial, fornece informações sobre a
execução do programa; o monitor de programas, situado no Ministério do Planejamento, facilita a
resolução de restrições à execução dos programas; e o SIGPLAN, sistema informatizado que fornece ao
gerente os meios necessários para informar e controlar a execução do programa. Esse sistema
articula, em rede, a alta direção do governo e o conjunto de gerentes e o Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão.
Gestão de restrições (ou gerenciamento intensivo): enfoque prospectivo que possibilita aos gerentes a
antecipação de restrições à execução do programa, o que facilita a mobilização e a busca de soluções
por parte do governo e de seus parceiros.
Avaliação anual dos programas e do plano plurianual, com base em resultados previstos e alcançados.
Comunicação com a sociedade: para o desenho de programas e apresentação do andamento do plano,
com o objetivo de dar transparência às ações do governo.
Considerando toda a discussão que já fizemos até agora, devemos entender que a visão
estratégica consiste na habilidade gerencial de interpretar adequadamente o meio ambiente e
nele detectar as ameaças a serem neutralizadas ou evitadas e as oportunidades a serem
aproveitadas. Esta visão estratégica deve ser acompanhada de capacidade de ação para atingir os
objetivos desejados.
A administração pública se utiliza de várias ferramentas adaptadas do setor privado, inclusive o
famoso Balanced Scorecard. Neste sentido, além das várias ferramentas estratégicas passíveis de
serem utilizadas, faz-se necessário incluir as teorias de sistemas e de decisão no referencial teórico
a ser utilizado para a visão estratégica da Administração Pública.
A teoria de sistemas permite que a realidade seja dividida em partes que guardam uma coerência
interna, uma estrutura funcional e um propósito definido com o objetivo de poder atuar sobre
cada uma das partes com uma visão do todo.
A teoria das decisões apresenta-se como igualmente importante, pois é através das decisões que
a realidade atual é modificada rumo ao futuro delineado nos processos de planejamento
estratégico. Neste sentido, Matias-Pereira (2012) afirma que:
Decidir é posicionar-se em relação ao futuro;
Decidir é escolher um plano de ação;
Toda ação pressupõe uma decisão, explicita ou implícita;
A decisão é o elo entre o pensamento e a ação (preferência/valores);
A decisão precisa se transformar em ação, para permitir que o processo venha a acontecer.
Reforço que existem diversas visões sobre estratégia e planejamento estratégico, seja formal ou
informal. Matias-Pereira (2012) destaca a visão de Osborne e Gaebler (1994), para quem algumas
bases são comuns à maioria das visões de planejamento estratégico, como:
Análise da situação interna e externa;
Diagnóstico ou identificação das questões mais importantes à frente da organização;
Definição de sua missão fundamental;
Articulação dos seus objetivos básicos;
Criação da visão;
Desenvolvimento de uma estratégia para alcance da missão e dos objetivos;
Elaboração de planos no tempo (cronogramas);
Mensuração e avaliação dos resultados.
Ele afirma ainda que a execução das ações estratégicas deve ocorrer em três estágios:
1. Acompanhamento: sua função principal é verificar a implementação dos projetos e
atividades programadas através da comparação do realizado com o previsto, identificando
atrasos, insuficiência de meios e desvio de objetivos;
2. Avaliação: é um juízo de valor sobre a efetividade das ações estratégicas, ou seja, sobre a
pertinência dos objetivos programados;
3. Realimentação: é neste estágio que as informações obtidas retroagem para que sejam
feitas correções nos planos, execuções, políticas e até mesmo das estratégias. É o estágio
do feedback.
3. RESUMO
Um bom modelo de gestão pública por resultados deve ser ainda abrangente, dinâmico e
multidimensional.
O PDRAE
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, buscava introduzir novas características
gerenciais na Administração Pública brasileira, como forma de melhorar o desempenho da
máquina pública face às mudanças do papel do Estado. Três projetos básicos de reforma foram
à à à à à à à à à Avaliação Estrutural à
Agências Autônomas à à Organizações Sociais à
O dirigente deve gerar o maior impacto possível de cada ação que administrar, considerando as
alternativas, os recursos disponíveis e prestando contas dos resultados obtidos. Para que possa
criar valor para a sociedade, o dirigente deve atuar sobre as seguintes dimensões:
Na esfera estratégica: para direcionar a organização de modo a produzir o máximo de valor;No
entorno político: para obter legitimidade, autorizações, colaboração, apoio, e recursos para as
suas iniciativas; Na gestão operacional: para mobilizar os recursos necessários ao atingimento dos
objetivos, com eficiência e eficácia.
O orçamento por resultados propõe que a primeira coisa a ser feita é a fixação dos resultados a
serem atingidos, para que depois se definam quais as ações e caminhos para que os produtos
vinculados a esses resultados sejam produzidos. Deste modo, este tipo de orçamento melhora a
eficiência, eficácia e efetividade do gasto público, além de gerar mais flexibilidade de gestão e
facilitar o atingimento da missão das organizações.
4. QUESTÕES COMENTADAS
representa uma quebra de paradigma em relação aos modelos tradicionais e contempla, entre
seus instrumentos, o contrato de gestão, que
a)contempla a fixação de indicadores aos quais está atrelada a remuneração dos servidores,
podendo afastar a aplicação do teto remuneratório.
b)autoriza a ampliação da autonomia gerencial da entidade, porém não a autonomia orçamentária
e financeira.
c)possibilita a contratualização de resultados, com a fixação de metas de desempenho para a
entidade.
d)amplia o grau de autonomia da entidade de forma gradual a partir do nível de atingimento dos
resultados, incluindo o controle externo.
e)viabiliza a flexibilização dos controles interno e externo incidentes sobre a entidade e das
normas aplicáveis à Administração pública.
Comentário:
O contrato de gestão, em sua essência, permite que a entidade contratualize resultados em troca
de maior autonomia, conforme alternativa C. As demais estão erradas.
GABARITO: C.
A gestão por resultados é um instrumento para a administração gerencial do setor público. Entre
várias de suas característica, é possível apontar a contratualização de resultados por meio de
contratos de gestão, como está na alternativa E. Vejamos as demais:
A) Errada. Os processos de planejamento para estabelecer metas e objetivos são diferentes nos
setor público e privado, já que cada setor possui natureza própria.
B) Errada. De fato, a legalidade e impessoalidade podem ser consideradas características da
burocracia em sentido amplo. Apesar disso, elas não servem como orientação para as metas, pois
a burocracia é mero instrumento de viabilização dos objetivos políticos definidos. Além disso, nada
disso possui relação com a administração por resultados.
C) Errada. A gestão de resultados não é instrumento burocrático, e sim gerencial.
D) Errada. Um contrato de gestão não é baseado em hierarquia.
GABARITO: E.
Questão interpretativa sobre o assunto. Tudo está certo, exceto a letra C, pois o gestor não deve,
necessariamente, criar um clima competitivo entre os funcionários. Ele pode ou não fazer isso,
dependendo da cultura organizacional.
Além disso, os funcionários não serão necessariamente recompensados por atingir resultados,
apesar desse modelo de recompensas poder ser utilizado com sucesso dentro de uma visão de
gestão por resultados.
GABARITO: C.
direta, administração indireta, empresa pública e fundação pública de direito privado (ou
fundação estatal), são alguns modelos possíveis observados nos hospitais públicos. A
multiplicidade de modelos sugere alguma dificuldade dos formuladores e gestores na
configuração de uma solução ideal para a operação de unidades dessa complexidade. Por fim, as
organizações do terceiro setor foram também incorporadas ao arsenal terapêutico dos
planejadores como forma de buscar fazer frente às necessidades de autonomia e velocidade de
resposta para as organizações hospitalares em suas atribuições.
Considerando o cenário descrito, assinale a afirmativa incorreta.
a) O contrato de gestão é uma ferramenta própria da administração pública para o
estabelecimento de compromissos.
b) O ente público pode estabelecer contratos de gestão com outro ente público.
c) O ente público pode estabelecer contratos de gestão com um ente privado.
d) Os contratos de gestão efetivos não geram impacto nos custos de transação.
e) O Accoutability remete às relações entre Estado e Sociedade, transcendendo ao simples
contrato.
Comentário:
Questão ampla e interpretativa sobre o conteúdo, que exige muitos conhecimentos de
administração que vão além do simples contrato de gestão ou da gestão por resultados. Vejamos:
a) certo. O contrato de gestão é instrumento típico da administração pública, não sendo um
à à à à à à à à à à à à à à à
atividades desempenhadas.
b) certo. Os contratos de gestão podem ser estabelecidos entre: Poder Público e entidade a ele
vinculadas, Poder Público e entidades do terceiro setor, entre órgãos do próprio Poder Público.
c) certo. Os contratos de gestão podem ser estabelecidos entre: Poder Público e entidade a ele
vinculadas, Poder Público e entidades do terceiro setor, entre órgãos do próprio Poder Público.
d) errado. Os custos de transação devem ser reduzidos, caso os contratos de gestão gerem os
impactos esperados (melhores resultados para a população e maior eficiência da prestação do
serviço).
e) certo. Mais um assunto que vai além do simples contrato de gestão ou da gestão por resultados:
o accountability diz respeito às relações de transparência e prestação de contas entre o
administrador público, órgãos de controle e a sociedade como um todo, conforme apresentado na
alternativa.
GABARITO: D.
5. LISTA DE QUESTÕES
6. GABARITO
7. BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL
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