BOLETIM OPERÁRIO
Caxias do Sul, 18 de agosto de 2018 | Edição nº 507
A Época
Rio de Janeiro 13 de outubro de 1912
Página 10
Edição 75
Coluna Operária
Francisco Ferrer
Os adeptos do livre pensamento e todos
quantos almejam uma nova sociedade justa,
afastada de todos os falsos preconceitos
religiosos; todos quantos são amigos da
liberdade da razão e completa igualdade
humana foram há três anos, no dia de hoje,
ofendidos pelo crime nefando praticado pelo
governo espanhol, ao mando do clero, o eterno
e implacável inimigo da instrução, do
raciocínio, do livre arbítrio, da inteligência e dos
direitos que hão de um dia prevalecer sobre
todos os crimes e imperfeições da sociedade
dominante, aqui e em toda a parte do mundo
civilizado.
Francisco Ferrer: o educador dedicado a uma
geração nova que há de por força levar avante
as doutrinas do mestre tão infamemente
assassinado, foi vítima desse conluio covarde,
dessa trindade maldita – clero, capital e
militarismo!
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Foi essa trindade que, colocando-se ao lado do
rei, consertou o infame crime que horrorizou a
todos os homens inteligentes, livres de
preocupações religiosas, amigos da justiça e
da igualdade humana, que teve o seu desfecho
monstruoso, fazendo desaparecer barbara e
selvagemente o grande amigo da mocidade
futura, que ele com tanto amor e carinho
educava para afasta-la do caminho rotineiro do
passado, para se prepararem com os
indispensáveis conhecimentos exatos que os
conduz a convicção de que as religiões tem
sido em todos os tempos, a pior conselheira do
proletariado, que o traz iludido com os olhos
fitos em uma mentirosa ilusão de uma vida
futura, além desta vida.
Sim, Ferrer era o verdadeiro amigo da
humanidade futura e todo seu esforço, toda a
sua inteligência, elo pôs ao serviço ao serviço
da sua Escola Moderna, que era ao mesmo
tempo o espantalho do rei, do clero, do
militarismo e do capital!
Mas, o mestre querido foi sacrificado, pagou
com sua preciosa vida todo o seu grande
desvelo e amor pela humanidade, porém, a
sua ideia caminhará com mais impetuosidade,
porque, depois do grande crime cometido
surgiram novos propagadores então
desconhecidos, que não trepidam pagar com a
vida, como pagou o mestre querido, na certeza
de que, por cada um mártir assim tão
miseravelmente assassinado, surgirão muitos
outros e cada vez mais, que há de ver em fim
o triunfo da razão sobre o erro, da justiça contra
a opressão da luz sobre as trevas, da
inteligência sobre a ignorância!
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E nós, operários que aspiramos os mesmos
sublimes ideais que eram a preocupação da
grande vítima, façamos de seu nome o faro
que nos há de guiar ao termo de todas as
nossas aspirações humanas, recordando
sempre, todos os anos, neste dia sacrossanto
para nós, o seu nome imortal!
Mariano Garcia
Liga Anticlerical do Rio de Janeiro
Esta associação fez distribuir em profusão,
ontem, em toda esta cidade o seguinte boletim:
Ao Povo
Convidamos a todos os amantes da liberdade
a assistir, no dia 13 do corrente, domingo, a
sessão solene que se realizará no Teatro
Carlos Gomes, a 1 hora da tarde, em
comemoração ao 3º aniversário do fuzilamento
de Francisco Ferrer y Guardia, pela mão dos
jesuítas, para poder desta forma continuar a
sua obra de embrutecimento.
Mas, enganam-se, pois a obra grandiosa do
imortal mártir da liberdade, de dia para dia vê
surgir maior número de propagadores do
ensino racionalista que há de levar a completa
emancipação a Humanidade!
A Comissão
A entrada é franca