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BOA VISTA, RR
2016.2
AMANDA OLIVEIRA SOUZA
BOA VISTA, RR
2016.2
AMANDA OLIVEIRA SOUZA
___________________________________________
Prof. Dr. Fernando César Costa Xavier.
Orientador/Curso de Direito – UFRR
_____________________________________________
Prof.MsC. Lívia Dutra Barreto
Curso de Direito – UFRR
_____________________________________________
Prof.MsC. Gustavo da Frota Simões
Curso de Relações Internacionais – UFRR
Aos meus pais, namorado, amigos e professores,
os quais foram essenciais nesta etapa da minha vidae
no desenvolvimento desta monografia.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Arlene Oliveira Souza e Francisco Edson de Souza, pelo
aprendizado constante a mim oportunizado e pelo incentivo desmedido para a concretização
dos meus estudos.
Aos meus irmãos, Thiago Oliveira Souza, Bruno Oliveira Souza e Mariana
Oliveira Souza, por me ensinarem a seguir o caminho profissional mais prazeroso.
Ao meu sobrinho, Dante da Silva Oliveira Souza, e aos meus cachorros, Jason,
Pandora, Soninha, Kimbo e Abu, pelos tantos sorrisos e alegrias que me foi proporcionado
durante o nosso convívio, o que auxiliou a reduzir o estresse e o nervosismo nas situações
mais críticas.
Aos demais familiares e amigos pela compreensão nas tantas ocasiões em que
estive ausente devido às atividades do Curso de Bacharelado em Direito e às provas da Ordem
dos Advogados do Brasil.
“Migrar, com todos os riscos que isto
implica, explica-se simplesmente
porque a busca de felicidade é
inerente ao ser humano.”
(Deisy Ventura)
RESUMO
Este trabalho visa analisar a eficácia e a legitimidade das ações estatais (dos três entes
federativos) que estão sendo realizadas na cidade de Boa Vista – RR, com vistas a examinar
se alguns standards de direitos humanos estão sendo assegurados em favor dos venezuelanos
que migraram por conta da crise econômica e política iniciada na Venezuela em 2014. Para
tanto, apresenta-se a fundamentação teórica que afirma a existência de um direito humano de
migrar, concorrente com o princípio da soberania dos Estados, devendo o direito de migrar
prevalecer sobre este. Além disso, são tecidas considerações sobre a relação do Brasil com o
sistema global e regional de proteção de direitos humanos, destacando os principais tratados
internacionais ratificados pelo país sobre a matéria. É tratada ainda a política migratória
interna brasileira, através da realização de breves considerações sobre os aspectos
internacionalistas da Constituição Federal de 1988 e sobre o Estatuto do Estrangeiro, bem
como dos projetos de lei sobre a questão migratória. Concluiu-se pela necessidade de ações
complementares a fim de assegurar determinadas garantias para os imigrantes venezuelanos,
de maneira a resguardar primeiramente o direito à alimentação, à saúde, à educação e ao
trabalho, propiciando a dignidade humana que lhes é inerente, devendo ainda o Estado
brasileiro promover outras medidas com o fim de proteger os demais direitos previstos nos
instrumentos internacionais que não foram assegurados nesse primeiro momento de atuação
emergencial durante o ano de 2016.
Palavras-chave: Direitos Humanos dos migrantes internacionais. Eficácia e legitimidade de
medidas protetivas. Migrações internacionais. Imigração de venezuelanos para Boa Vista –
Roraima – Brasil.
ABSTRACT
This work aims to analyze the effectiveness and legitimacy of the state actions (all three
federative entities) that are being held in the city of Boa Vista - RR, in order to examine if
some human rights standards are being assured in favor of the Venezuelans who migrated
because of the economic and political crisis that began in Venezuela in 2014. For that, we
present the theoretical foundation that affirms the existence of a human right to migrate,
competing with the principle of State sovereignty, and the right to migrate should prevails
over it. In addition, considerations are being made regarding Brazil's relationship with the
global and regional system for the protection of human rights, highlighting the main
international treaties ratified by the country on the issue. Brazilian immigration policy is also
dealt with, by making brief comments about the internacional issues of Constituição Federal
(1988) and the Foreigners' Statute, as well as draft law about migration issue. It was
concluded that there is a need for complementary actions in order to assure certain guarantees
for Venezuelan immigrants, in order to protect the right to food, health, education and work,
providing the inherent human dignity. Brazilian State should to promote other measures in
order to protect the other rights provided for in the international instruments that were not
assured in this first moment of emergency action during the year 2016.
CF – Constituição Federal
PF – Polícia Federal
PL – Projeto de Lei
LISTA DE ENTREVISTAS
Entrevistado 01 – Boa Vista – RR, 01/02/2017: Péricles Pedro Ferreira dos Santos, Chefe da
Seção de Políticas de Trabalho, Emprego, Renda e Economia Solidária da Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego de Roraima.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11
1 O DIREITO HUMANO DE MIGRAR E O DIREITO INTERNACIONAL DOS
DIREITOS HUMANOS ........................................................................................................ 15
1.1 O Direito Humano de Migrar ......................................................................................... 15
1.2 Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos ..................................................... 27
1.3 Sistema Regional de Proteção dos Direitos Humanos .................................................. 32
2 A POLÍTICA MIGRATÓRIA BRASILEIRA E OS INSTRUMENTOS
NORMATIVOS DOMÉSTICOS ......................................................................................... 36
2.1 Aspectos internacionalistas na Constituição Federal de 1988 ...................................... 36
2.2 O Estatuto do Estrangeiro de 1980 ................................................................................. 40
2.3 Os Projetos de Lei sobre a questão migratória e suas perspectivas ............................. 43
3 MEDIDAS ADOTADAS PELO ESTADO PARA PROTEÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS DOS IMIGRANTES VENEZUELANOS EM RORAIMA .......................... 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 54
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57
APÊNDICES .......................................................................................................................... 62
11
INTRODUÇÃO
1
Venezuela is lurching closer and closer to chaos. The Washington Post. Disponível em
<https://www.washingtonpost.com/opinions/global-opinions/venezuela-is-lurching-closer-and-closer-to-
chaos/2016/12/26/63af5186-c79c-11e6-bf4b-2c064d32a4bf_story.html?utm_term=.e6221fe9a6ff>. Acessado em
03 jan. 2017.
6 things you need to know about Venezuela’s political and economic crisis. The Washington Post. 18 mai.
2016. Disponível em <https://www.washingtonpost.com/news/monkey-cage/wp/2016/05/18/6-things-you-need-
to-know-about-venezuelas-political-and-economic-crisis/?utm_term=.070f8a44ea99>. Acessado em 19 jan.
2017.
2
A Venezuela está à beira do colapso. Entenda. Exame.com, 17 mai. 2016. Disponível em
<http://exame.abril.com.br/mundo/a-venezuela-esta-a-beira-do-colapso-entenda/>. Acessado em 20 nov. 2016.
3
Crise na Venezuela: veja a cronologia do agravamento da situação no país. G1 Globo, São Paulo, 25 mai.
2016. Disponível em <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/05/crise-na-venezuela-veja-cronologia-do-
agravamento-da-situacao-do-pais.html>. Acessado em 20 nov. 2016.
12
Tal situação é vista pelo Governo de Roraima como uma crise humanitária,
razão pela qual estão sendo criadas medidas para assegurar o mínimo de proteção aos direitos
humanos destes indivíduos em estado de vulnerabilidade jurídica e social, bem como já foi
4
Parlamento venezuelano declara crise humanitária. El País, Caracas, 28 jan. 2016. Disponível em
<http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/27/internacional/1453927049_531078.html>. Acessado em 20 nov.
2016.
5
Hungry Venezuelans flood Brazilian towns, as threat of mass migration looms. The Washington Post.
Disponível em <https://www.washingtonpost.com/world/the_americas/hungry-venezuelans-flood-brazilian-
towns-as-threat-of-mass-migration-looms/2017/01/01/39f85822-c6d1-11e6-acda-
59924caa2450_story.html?utm_term=.a0438e058b58>. Acessado em 06 jan. 2017.
6
Venezuela exports its crisis. Bloomberg View. 20 out. 2016. Disponível em
<https://www.bloomberg.com/view/articles/2016-10-20/venezuela-exports-its-crisis>. Acessado em 20 jan.
2017.
7
A crise na Venezuela cruza a fronteira de Roraima. Carta Capital, 13 dez 2016. Disponível em
<http://www.cartacapital.com.br/internacional/a-crise-na-venezuela-cruza-a-fronteira-de-roraima>. Acessado em
26 dez 2016.
Venezuelanos no Brasil. G1 Globo, 03 set. 2016. Disponível em
<http://especiais.g1.globo.com/rr/roraima/2016/venezuelanos-no-brasil/>. Acessado em 26 nov. 2016.
Venezuela’s crisis brings economic boom but social tensions to Brazil border town. The Guardian. 01 nov.
2016. Disponível em <https://www.theguardian.com/world/2016/nov/01/brazil-border-town-boom-venezuela-
economic-crisis>. Acessado em 26 dez. 2016
13
solicitado o apoio ao Governo Federal para arcar com as despesas decorrentes do crescimento
do aparato estatal voltado ao atendimento dos imigrantes8.
8
Temer diz que Roraima terá ajuda humanitária. Folha de Boa Vista, Boa Vista, 02 dez. 2016. Disponível em
<http://www.folhabv.com.br/noticia/Temer-diz-que-Roraima-tera-ajuda-humanitaria-para-os-imigrantes/23009>.
Acessado em 24 nov. 2016.
Imigração de venezuelanos é pauta de discussão. Folha de Boa Vista, Boa Vista, 19 out. 2016. Disponível em
<http://folhabv.com.br/noticia/Imigracao-de-venezuelanos-e-pauta-de-discussao/21356>. Acessado em 25 nov.
2016
Êxodo de venezuelanos já é tratado em Roraima como crise humanitária. Estadão, Pacaraima, 12 out. 2016.
Disponível em <http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,exodo-de-venezuelanos-ja-e-tratado-em-
roraima-como-crise-humanitaria,10000081629 >. Acessado em 25 nov. 2016.
Brazil evaluates measures against influx of Venezuelan refugees. Panam Post. 20 out. 2016. Disponível em
<https://panampost.com/sabrina-martin/2016/10/20/brazil-evaluates-measures-against-influx-of-venezuelan-
refugees/>. Acessado em 27 jan. 2017.
14
direitos humanos, a nível global e regional, apontando quais os principais tratados ratificados
pelo país sobre a matéria; o segundo trata da política migratória interna do Estado brasileiro,
indicando os aspectos internacionalistas da Constituição Federal de 1988 e comentando as
principais questões e perspectivas referentes ao texto do Estatuto do Estrangeiro de 1980, bem
como do Projeto de Lei nº 288/2013 e do Anteprojeto de Lei substitutivo do Projeto de Lei nº
5.655/09; por fim, o terceiro capítulo visa apontar as medidas adotadas pelo Estado para
proteção dos direitos humanos dos imigrantes venezuelanos em Roraima, bem como analisar
a sua eficácia e legitimidade, de maneira a identificar se as medidas estão sendo devidamente
cumpridas e se a qualidade dos serviços é satisfatória.
15
9
“Artigo 1º - Os propósitos das Nações Unidas são:
(....)
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico,
social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
(...)
Artigo 55 – Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, necessárias às relações pacíficas e
amistosas entre as Nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos
povos, as Nações Unidas favorecerão:
a) níveis mais altos de vida, trabalho efetivo e condições de progresso e desenvolvimento econômico e social;
b) a solução dos problemas internacionais econômicos, sociais, sanitários e conexos; a cooperação internacional,
de caráter cultural e educacional; e
c) o respeito universal e efetivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de
raça, sexo, língua ou religião.”.
16
Seja por fixar a ideia de que os direitos humanos são universais, decorrentes da
dignidade humana e não derivados das peculiaridades sociais e culturais de
determinada sociedade, seja por incluir em seu elenco não só direitos civis e
políticos, mas também sociais, econômicos e culturais, a Declaração de 1948
demarca a concepção contemporânea dos direitos humanos.
1. Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito
apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de
assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de
outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do
bem-estar de uma sociedade democrática. (grifo do autor)
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos
contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.
Teixeira (2009, p. 17) diz que “(...) quando há um conflito entre soberanias e
direitos individuais insculpidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem ou em outro
documento internacional sobre Direitos Humanos, devem prevalecer os direitos individuais.”.
Daí pensar, nestes sujeitos, sobretudo nos que estão em situação irregular, os sem-
território, não como sujeitos que vivem na ilegalidade. Esta é uma das dificuldades
que estas pessoas enfrentam quando sua irregularidade – como já apontamos
anteriormente,é confundida com ilegalidade e como tal, estes sujeitos são tratados,
como foras da lei. Embora o discurso geralmente refira-se a essas pessoas como
imigrantes ilegais, devemos lembrar que não há ilegalidade, mas infração
administrativa no ingresso no país sem o cumprimento de todos os requisitos. Como
nenhum discurso, especialmente os utilizados no âmbito político, são neutros, pode-
se identificar nesta “criminalização discursiva” uma tentativa de provocar repúdio e
com isso justificar as medidas anti-migratórias cada vez mais adotadas. (CHUEIRI e
CÂMARA, 2010, p. 167)
Por esse motivo, a proteção dos direitos humanos aos imigrantes ilegais é um dos
grandes desafios do século XXI, pela comunidade internacional. Em razão disso, a
21
Declaração Universal dos Direitos Humanos, amparada pela ONU, destaca como
garantias o respeito aos imigrantes indocumentados, assim como o direito à vida, à
liberdade, ao trato digno, dentre outros. Desta forma, a sociedade civil também deve
desempenhar um papel relevante, pois não há dúvida de que os Direitos Humanos e
o reconhecimento e o respeito à dignidade do homem são a base formada pela
liberdade, justiça e a paz no mundo. (...) as políticas de restrição da imigração
devem ser analisadas em um contexto internacional. Mas, antes desse contexto é
necessário que os Estados façam valer os Direitos Humanos no seu próprio território
a todos, com atividades de proteção e fomento ao nacional, alcançando até mesmo
os imigrantes. Por isso, a proteção e o fomento dos direitos humanos são uma
aspiração da comunidade internacional. (ALMEIDA e SOUSA, s.d., p. 11)
Como solução coerente para a questão, Xavier (2012, p. 57) indica que
Para Sayad (1998, apud BARBOSA, 2010, p. 26), tais acontecimentos são um
“fato social total”, afirmando que
Para o ACNUR,
(...) os migrantes escolhem se deslocar não por causa de uma ameaça direta de
perseguição ou morte, mas, principalmente, para melhorar sua vida, buscando
melhores oportunidades de trabalho e educação ou procurando viver com parentes
que moram fora do país de origem. Diferentemente dos refugiados, que não podem
voltar ao seu país, os migrantes continuam recebendo a proteção do seu governo.
10
Conceitos básicos de migração segunda a OIM é o resultado da tradução livre feita pela equipe do Centro
Scalabriano de Estudos Migratórios de alguns termos do Glosario sobre migración. Derecho Internacional sobre
Migración, n. 7, Ginebra: OIM, 2006.
23
ocorrido em janeiro de 2010 no Haiti, o qual causou uma emigração de grandes proporções
para o Brasil, conforme ensinam Melo e Cardoso (sem data). Se, em razão de um destes
fatores, a migração é a única saída para o indivíduo, diz-se que a migração é forçada.
(1) migrações forçadas em decorrência de uma política específica do Estado para tal;
(2) por perseguição e/ou grave e generalizada violação de direitos humanos –
motivos que permitem a caracterização de pessoas que cruzam fronteiras
internacionais como sendo refugiados; (3) em razão de conflitos armados (internos
ou internacionais), distúrbios internos ou tensões internas – nessas situações caso a
pessoa consiga deixar o país pode ter o status de refugiado concedido; do contrário e
tendo que deixar sua residência habitual para buscar maior segurança, pode se tornar
uma deslocada interna; e (4) por falta de efetividade de direitos sociais, econômicos
ou culturais, o que limita a qualidade de vida.
A migração interna é a que ocorre dentro dos limites territoriais de um único Estado
soberano, indo o indivíduo de uma região a outra, sendo também chamados por
vezes de deslocados internos. Em contrapartida a migração internacional é a que
ocorre fora dos limites territoriais de um país, indo de sua pátria de origem a outro
Estado soberano.
No que concerne à distinção entre as migrações legal e a irregular, aquela é a que
obedece a todos os trâmites legais de entrada e saída, tanto de seu país de origem
como do país que acolhe o migrante, enquanto que a migração irregular ou ilegal
pode ocorrer tanto na entrada no país estrangeiro como na permanência além do
prazo legal estipulado pela lei do país receptor, caso em que a medida cabível é a
deportação.
Com relação à migração voluntária, está (sic) ocorre quando o migrante
espontaneamente deixa seu país de origem para adentrar em solo estrangeiro ou
vice-versa, como é o caso do repatriado, sendo esse tipo de migração menos comum,
diferentemente da migração forçada que sucede no caso do migrante que busca outro
país por motivos de força maior, como os casos de guerra, perseguição política,
causas econômicas, desastres naturais em que se vislumbra a simples sobrevivência,
podendo alguns desses migrantes ser encaixados no rol de refugiados, sendo tais
situações mais comuns nos dias de hoje.
Por fim, a diferença entre migrações temporária e permanente é que essa ocorre no
caso do migrante ter por objetivo estabelecer raízes no país estrangeiro, seja de
24
modo legal ou não, enquanto aquela ocorre num espaço de tempo determinado e por
vezes curto, seja por motivos de estudo, trabalho ou lazer.
Sobre essa discussão, entende-se que o imigrante, ainda que esteja de maneira
regular no outro território, não terá acesso a direitos políticos, uma vez que é comumente visto
pelos Estados como ameaça à ordem nacional, sendo excluído de seus corpos políticos. Nesse
sentido:
No limite, agora que a imigração se prolonga durante toda uma vida ativa, viver a
vida inteira é o mesmo que ser privado e privar-se durante toda a vida do direito
mais fundamental, o direito do nacional, o direito de ter direitos, o direito de
pertencer a um corpo político, de ter um lugar nele, uma residência, uma verdadeira
legitimidade, ou seja, o direito, em última análise, de poder dar sentido e uma razão
de ser a suas ações, a suas palavras, a sua existência, é não ser habilitado, não poder
adquirir os meios para ter uma história, um passado e um futuro e, assim, a
possibilidade de dominar essa história. (SAYAD, 1998, apud REDIN, 2015, p. 125-
126)
Neste contexto,
Cidadania significa, acima de tudo, igualdade perante a lei e igualdade de acesso aos
direitos, e, definitivamente, não há, sob esses aspectos, nenhuma identidade entre
imigrantes e cidadãos “nacionais”. O fato de os estrangeiros gozarem de um maior
número de direitos hoje não modifica a natureza da cidadania. O estrangeiro
continua numa situação precária em relação ao cidadão.
Não obstante, Costa e Reusch (2016) apontam que o discurso utilizado de que a
imigração oferece risco à segurança nacional faz com que a população pressione os Estados a
27
Ainda que não tenham direito à participação política, o direito de votar e ser
votado, os imigrantes participam da cidadania dos Estados, com a finalidade de defender o
seu direito e a sua luta pela própria concepção de dignidade humana (FLORES, 2005, apud
BARALDI, 2014).
Nesse contexto, foi criada a Organização das Nações Unidas no ano de 1945,
integrada por certos órgãos destinados a trabalhar visando assegurar a segurança e a paz
internacional, possibilitar a cooperação internacional nos planos econômico, social e cultural,
desenvolver relações amistosas interestatais, adotar um padrão internacional de saúde, criar
uma nova ordem econômica internacional e promover a proteção do meio ambiente e dos
direitos humanos (PIOVESAN, 2011).
Desta forma, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 veio para
regulamentar a expressão “direitos humanos e liberdades fundamentais” contida na Carta da
ONU, estabelecendo direitos inerentes a todos os povos, de maneira que as “razões de
Estado” perderam o seu status de autoridade suprema para a qualidade de pessoa humana, a
qual todos os indivíduos têm em comum (CASADO FILHO, 2012).
Na Parte II, integrada por quatro artigos, o Pacto estabelece o dever do Estado de
respeito e garantia de todos os direitos nele previstos a todos os indivíduos que se
achem em seu território, sem qualquer tipo de descriminação, inclusive quanto a
origem nacional e, especialmente, entre homens e mulheres. Mesmo o imigrante em
situação irregular pode invocar direitos do PIDCP contra o Brasil. (RAMOS, 2014,
p. 130).
Já o PIDESC “é considerado como marco por ter assegurado destaque aos
direitos econômicos, sociais e culturais, vencendo a resistência de vários Estados e mesmo da
doutrina, que viam os direitos sociais (...) como sendo meras recomendações ou exortações”
(RAMOS, 2014, p. 136).
11
“Artigo 12. Todo o indivíduo legalmente no território de um Estado tem o direito de circular livremente e de aí
escolher livremente a sua residência.
Todas as pessoas são livres de deixar qualquer país, inclusive o seu.
Os direitos mencionados acima não podem ser objeto de restrições, a não ser que estas estejam previstas na lei e
sejam necessárias para proteger a segurança nacional, a ordem pública, a saúde ou a moral públicas ou os
direitos e liberdades de outrem e sejam compatíveis com os outros direitos reconhecidos pelo presente Pacto.
Ninguém pode ser arbitrariamente privado do direito de entrar no seu próprio país.
Artigo 13. Um estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado Parte no presente Pacto não
pode ser expulso, a não ser em cumprimento de uma decisão tomada em conformidade com a lei e, a menos que
razões imperiosas de segurança nacional a isso se imponham, deve ter a possibilidade de fazer valer as razões
que militam contra a sua expulsão e de fazer examinar o seu caso pela autoridade competente ou por uma ou
várias pessoas especialmente designadas pela dita autoridade, fazendo-se representar para esse fim.”
GARCIA, Leonardo de Medeiros (Coord.). Legislação Internacional Comentada. P. 94.
31
Por fim, os Estados deverão assegurar ainda o direito de toda pessoa desfrutar
do mais elevado nível possível de saúde física e mental, adotando, dentre outras medidas, a
prevenção e o tratamento de doenças, na forma do art. 12, bem como o direito à educação,
sendo a educação primária obrigatória e acessível a todos gratuitamente, e as demais também
deverão ser acessíveis a todos os indivíduos, comprometendo-se a implementar
progressivamente o ensino gratuito, além de outras providências previstas no art. 13 do
PIDESC.
É preciso ainda tecer algumas críticas referentes ao fato de que o Brasil, até a
presente data, não ratificou o Protocolo Facultativo ao PIDESC e nem a Convenção
Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos
Membros de suas Famílias.
A Carta da OEA reconhece, em seus artigos 3º, “l”, 17, 45 e 49, os direitos
fundamentais da pessoa humana sem qualquer distinção, o desenvolvimento com observância
dos direitos humanos, direitos sociais como o direito ao trabalho, à greve e à previdência
social, dentre outros, e o direito à educação.
33
Por fim, atente-se que o Brasil não elaborou a declaração referente ao art. 45 da
CADH, impossibilitando, assim, a atuação da Comissão Interamericana para examinar
comunicações entre Estados sobre violação de direito previsto na Convenção. Com relação
aos artigos 43 e 48 da CADH, o Brasil fez ainda uma declaração interpretativa para que o
sistema de visitas e inspeções in loco pela Comissão não ocorra de forma automática,
necessitando de uma autorização do Estado brasileiro.
12
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
38
13
“§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.”
39
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica,
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma
comunidade latino-americana de nações.
Tal princípio serviu ainda para alcançar o sucesso na ratificação pelo Brasil de
importantes instrumentos internacionais de proteção de direitos humanos, dentre eles, a
Convenção Americana dos Direitos Humanos (PIOVESAN, 2011).
Além disso, atente-se à previsão do texto constitucional do art. 5º, §2º, a qual
diz que os direitos e garantias expressos na CF/88 não excluem outros direitos decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil faz
parte, demonstrando expressamente a relação da ordem constitucional brasileira com o Direito
Internacional dos Direitos Humanos.
40
Tal situação pode ser verificada na previsão do art. 50, §1º, do Estatuto:
Art. 50. Não se exigirá visto de saída do estrangeiro que pretender sair do território
nacional.
§1º O Ministro da Justiça poderá, a qualquer tempo, estabelecer a exigência de visto
de saída, quando razões de segurança interna aconselharem a medida.
(v. art. 4º, II, CF/88), bem como a igualdade perante a lei, sem distinções de qualquer
natureza (art. 5º da CF/88).
Desta forma,
Resta claro (...) o conflito entre nossa Carta Maior e a vigente lei disciplinadora da
situação do estrangeiro no Brasil. Nesse sentido, faz-se necessária uma nova lei que
trate a migração como um fato social, orientado sob a ótica dos direitos humanos,
com um novo conceito de imigrante, onde o ser humano não seja simplesmente um
estrangeiro, mas um cidadão, detentor de direitos e contribuinte para um Brasil
democrático e diverso (MILESI, s.d., p. 4).
estrangeiros do território nacional brasileiro, tendo sido aprovado o seu texto substitutivo em
2015.
brasileiro face aos interesses e garantias inerentes aos migrantes, o que se depreende da leitura
de seu art. 4º15.
15
“Art. 4º. A política imigratória objetivará, primordialmente, a admissão de mão-de-obra especializada
adequada aos vários setores da economia nacional, ao desenvolvimento econômico, social, cultural, científico e
tecnológico do Brasil, à captação de recursos e geração de emprego e renda, observada a proteção ao trabalhador
nacional”.
Políticas Públicas, Trabalho e Fronteiras, p. 248.
47
Esta imigração teve uma série de impactos sociais em Boa Vista, como o
aumento de número de pedintes, vendedores autônomos e pessoas que se oferecem para
limpar os vidros dos carros nos sinais, do número de atendimentos médicos destinados aos
imigrantes, da prostituição, do número de crimes envolvendo venezuelanos e do número de
pessoas que dormem nas ruas, nas feiras e na rodoviária da capital.
16
Venezuela is lurching closer and closer to chaos. The Washington Post.
Disponívelem<https://www.washingtonpost.com/opinions/global-opinions/venezuela-is-lurching-closer-and-
closer-to-chaos/2016/12/26/63af5186-c79c-11e6-bf4b-2c064d32a4bf_story.html?utm_term=.e6221fe9a6ff>.
Acessado em 03 jan. 2017.
6 things you need to know about Venezuela’s politicla and economic crisis. The Washington Post. 18mai.
2016. Disponívelem<https://www.washingtonpost.com/news/monkey-cage/wp/2016/05/18/6-things-you-need-
to-know-about-venezuelas-political-and-economic-crisis/?utm_term=.070f8a44ea99>. Acessado em 19 jan.
2017.
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2017.
48
Com relação aos recursos que possibilitam o funcionamento do CRI, estes são
oriundos de verbas estatais, mas o Centro também recebe doações de pessoas físicas e
instituições parceiras, sensibilizados pela situação de vulnerabilidade vivida pelos
venezuelanos.
Além das medidas que já estão sendo adotadas, o CRI, mediante a parceria
com membros da Comunidade Comuna, representada pelo Sr. José Carlos Franco, está
proporcionando aulas de português aos imigrantes venezuelanos, três vezes na semana, a fim
de auxiliá-los na compreensão do idioma e na interação com a população local.
feitos de maneira regular e, muitas vezes, faltam medicamentos para tratar das enfermidades
de acometem os imigrantes.
Além disso, o abrigo oferecido pelo CRI não possui higiene e mobília
adequadas, tratando-se de um ginásio em que as pessoas dormem no chão, em colchonetes ou
em redes atadas do lado de fora do local. Há também uma grande área externa, onde se
verifica a existência de lixo e resto de alimentos espalhados pelo chão, local em que as
crianças ficam brincando e os adultos se reúnem para as aulas e os avisos dos coordenadores
do CRI.
Em razão disso, é preciso que sejam adotadas medidas adicionais em prol dos
imigrantes, como a realização de um estudo, com a participação de nutricionistas e dos
venezuelanos, a fim de adequar a alimentação deles às necessidades nutricionais básicas do
corpo humano, com observância à cultura alimentar dos mesmos, propiciando, a melhora e/ou
modificação dos alimentos disponibilizados, assim como se deve mapear as informações
referentes a doenças que atingem estes imigrantes, dando o tratamento médico/odontológico
correspondente, além de realizar ações de conscientização para prevenir o desenvolvimento
destas doenças e outras que também sejam comuns na região, como a dengue, por exemplo.
Por estes motivos, verifica-se que o direito ao trabalho, previsto no art. 23, §1º,
da DUDH, no art. 6º do PIDESC e no art. 6º do Protocolo de San Salvador, no aspecto da
disponibilização da CTPS não está sendo garantido a todos os imigrantes, apenas àqueles que
estão regularizados junto à Polícia Federal, apesar da disposição destes tratados de assegurar
os direitos nele previstos sem qualquer distinção, bem como o já alegado argumento de que
direitos humanos devem ser assegurados a todos, independentemente do status migratório.
Os imigrantes sem CTPS e até mesmo aqueles que tiraram a Carteira, mas não
tiveram êxito em ingressar no mercado de trabalho, muitas vezes desprovidos da
documentação adequada, impossibilitados de revalidar seus diplomas (o processo é muito
51
burocrático e dispendioso) e/ou por restrição na oferta de empregos aos trabalhadores não
nacionais, acabam tendo grande dificuldade em conseguir uma ocupação digna, com
remuneração apropriada, sobrando-lhes a possibilidade de ficar nos semáforos limpando os
vidros dos carros em troca de moedas, ou vendendo produtos diversos, para ganhar, ao final
do dia, valor insuficiente para suprir as suas necessidades básicas, que dirá de sua família.
Por fim, faz-se necessário discutir as ações realizadas pela Polícia Federal em
Roraima, tendo sempre em mente a prevalência dos direitos humanos, inerentes às pessoas,
frente à soberania e ao poder discricionário do Estado.
A decisão liminar18 foi proferida no mesmo dia pela juíza da 4ª Vara Federal da
Seção Judiciária de Roraima, a MM. Luzia Farias da Silva Mendonça, determinando a
suspensão da medida pela PF com fundamento na necessidade do contraditório e do devido
processo legal, assim como da igualdade no tratamento de brasileiros e estrangeiros residentes
no país. No entanto, o ônibus com os venezuelanos já havia chegado à cidade de Pacaraima,
na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, tendo que retornar com todas as pessoas para capital
do Estado.
17
PF deporta 200 venezuelanos por entrada e permanência ilegal em RR. G1 Globo. 01 set. 2016. Disponível em
<http://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2016/09/pf-deporta-200-venezuelanos-por-entrada-e-permanencia-
ilegal-em-rr.html>. Acessado em 01 fev. 2017.
Deportações de venezuelanos na fronteira com Roraima crescem 824%. Folha de São Paulo. 23 nov. 2016.
Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/11/1834629-deportacoes-de-venezuelanos-na-
fronteira-com-roraima-crescem-824.shtml >. Acessado em 01 fev. 2017.
18
DPU impetra HC e evita deportação em massa de 450 venezuelanos em Roraima. Justificando, Carta
Capital. 16 dez. 2016. Disponível em <http://justificando.cartacapital.com.br/2016/12/16/dpu-impetra-hc-e-
evita-deportacao-em-massa-de-450-venezuelanos-em-roraima/>. Acessado em 01 fev. 2017.
Justiça suspende deportação de imigrantes venezuelanos em Roraima. Último Segundo, IG São Paulo. 13 dez.
2016. Disponível em <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2016-12-13/justica.html>. Acessado em 01 fev.
2017.
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi concluído que o direito a ter direitos, qual seja, os direitos políticos,
também deve ser assegurado pelo Estado aos imigrantes residentes em seu território, uma vez
que se trata de elemento essencial da dignidade humana poder participar das ações no meio
social em que vive.
dos tratados de temas mais específicos, como a tortura, evidenciando uma agenda
internacional do país fortemente voltada para o tema.
Entendeu-se ainda pela legitimidade das medidas adotas pelos entes estatais
brasileiros, exceto em relação às ações realizadas pela Polícia Federal, considerando que as
mesmas estão em conformidade com as normas internacionais de proteção dos direitos
humanos.
REFERÊNCIAS
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59
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61
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<https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/prisma/article/download/663/617>.
Acessado em 04 jan. 2017.
APÊNDICES
63
1 – Foi criado algum setor e/ou atendimento específico para os imigrantes venezuelanos?