You are on page 1of 10

No ano de 2015, o anuncio de vencedor do Nobel de literatura dizia que “por

seus escritos polifônicos, um monumento ao sofrimento e coragem no nosso tempo”1


(nobelprize.org), o prêmio seria concedido a Svetlana Aleksiévitch. A escritora
bielorrussa já havia, em trinta anos, publicado cinco livros em uma série que ela própria
chama de “Vozes da Grande Utopia”, que seria a história do homo sovieticus, um ser
social construído culturalmente na antiga URSS e que, de acordo com a autora, ainda
sobrevive após anos da queda do império soviético. A temática de cada livro traz consigo
grandes eventos que atingiram de maneira violenta a sociedade soviética, a Grande Guerra
Patriótica2, a guerra no Afeganistão, o desastre de Tchernóbil e o colapso da própria
União Soviética. Aleksiévitch gerou muita polêmica por abordar temas sensíveis à sua
sociedade por uma perspectiva considerada antissoviética e dissidente.

Aleksiévitch nasceu apenas três anos após o fim da grande guerra e, assim,
cresceu no período pós-guerra quando ainda se podia sentir suas graves consequências.
Nesse contexto, ela começa a desenvolver sua paixão pelas histórias contadas pelos mais
velhos, como ela diz em entrevista para John Palatella: “eu costumava viver em uma vila,
e eu sempre amei ouvir as pessoas mais velhas. Infelizmente, eram sempre as mulheres
quem estavam falando, porque depois da guerra pouquíssimos homens restaram”3 (2016,
p.27). A grande maioria dos homens haviam morrido na guerra. Assim, Aleksiévitch
ouvia das mulheres mais velhas da vila, suas histórias sobre a guerra e, a partir dessas
histórias narradas pelas mulheres, ela começou a notar uma diferença significativa entre
a guerra contada pelas mulheres daquela guerra dos livros de escola contada por homens.
“Mulheres dizem as coisas de uma maneira mais interessante. Elas vivem com mais
sentimento. Elas observam a si mesmas e suas vidas. Homens são mais impressionáveis
com a ação. Para eles, a sequência de eventos é mais importante”4 (Alexievich apud
Gessen, 2015, p.37). Posteriormente, com a carreira de escritora já estabelecida
Aleksiévitch vai afirmar: “Nenhum livro sobre o sacrifício soviético era tão forte quanto
as histórias das mulheres que eu ouvi enquanto criança”5 (Alexievich apud Khrusheva,

1
Texto original: “for her polyphonic writings, a monument to suffering and courage in our time”
2
Assim era chamada a Segunda Guerra Mundial na URSS.
3
Texto original: “I used to live in a village, and I always loved listening to old people. Unfortunately, it was
always women who were talking, because after the war very few men were around.”
4
Texto original: “Women tell things in more interesting ways. They live with more feeling. They observe
themselves and their lives. Men are more impressed with action. For them, the sequence of events is
more important.”
5
Texto original “No book about Soviet sacrifice was as strong as the women’s stories I heard as a child.”
2017, p.37). Dessa forma, foi com um livro contendo várias dessas histórias da guerra na
versão das mulheres que a escritora se lançou de fato no mundo literário.

Contudo, Aleksiévitch começou sua carreira como jornalista trabalhando em


vários jornais da Bielorrússia até se estabelecer exclusivamente como escritora, seu sonho
de infância. Antes mesmo disso ela foi professora em uma escola de vila, como eram
também seus pais, e apenas um pouco depois se tornou jornalista. Porém, Aleksiévitch
decidiu cedo qual profissão queria de fato seguir, “Eu soube desde que eu tinha cinco
anos que eu queria ser uma escritora,” não uma jornalista”6 (Aleksiévitch apud Gessen,
2015, p.37). Gessen chega a sugestionar que “ela se inscreveu na faculdade de jornalismo
da Universidade Estatal da Bielorrússia, por que era a coisa mais próxima, que ela poderia
imaginar de uma escola de escritores”7 (2015, p.37). Ela, durante esse tempo até se tornar
uma escritora, buscou encontrar seu próprio estilo criativo, como ela explica, “eu estive
procurando por um gênero que seria o mais adequado para minha visão de mundo para
transmitir como meus ouvidos escutavam e meus olhos viam a vida”8 (alexievich.info).
Então, ela se manteve ativa e escrevendo nas mais variadas áreas, “ela trabalhou em um
jornal, escreveu poesia e peças e roteiros, mas se manteve buscando, como ela coloca,
“criar um novo texto”9 (Gessen, 2015, p.37).

Aleksiévitch encontraria cedo algumas barreiras por conta das ideias contidas
em seus textos e sofreria uma enorme censura pelo governo soviético, tendo inclusive seu
primeiro livro escrito duramente proibido, como nos conta Khrusheva:

“sua primeira coletânea de ensaios, sobre a difícil jornada das pessoas das vilas
para a cidade em uma URSS cada vez mais industrializada, foi retirada do prelo
pelos funcionários do Partido Comunista. Hoje ela está ansiosa para superar
esse volume não publicado. “Eu estava apenas tentando me encontrar, assim
como aqueles que foram reassentados””10 (2017, p.37).

6
Texto original: “I’ve known since I was five that I wanted to be a writer,” not a journalist”
7
Texto original: “She applied to the journalism department of Belarusian State University, because it was
the closest thing she could imagine to a writing school”
8
Texto original: “I've been searching for a genre that would be most adequate to my vision of the world
to convey how my ear hears and my eyes see life.”
9
Texto original: “She worked at a newspaper, wrote poetry and plays and screenplays, but kept looking,
as she puts it, “to create a new text.”
10
Texto original: “Her first collection of essays, about people’s difficult journey from thee village to the
city in the increasingly industrialized U.S.S.R., was pulled from the printing press by Communist Party
officials. Today she is eager to put that unpublished volume behind her. “I was just trying to find myself,
just like those who got resettled,” she told me.”
uma escritora até aquele momento pouco conhecida no mundo ocidental e,
aparentemente, menos conhecida ainda em seu próprio país. Com nacionalidade
Bielorrussa,

Masha Gessen
“I’ve known since I was five that I wanted to be a writer,” not a journalist, she said. p.37
She worked at a newspaper, wrote poetry and plays and screenplays, but kept looking, as
she puts it, “to create a new text.” P.37
“Women tell things in more interesting ways. They live with more feeling. They observe
themselves and their lives. Men are more impressed with action. For them, the sequence
of events is more important.” P.37
She applied to the journalism department of Belarusian State University, because it was
the closest thing she could imagine to a writing school. p.37
was published in abridged form in 1984, in the Moscow-based journal Oktyabr, after
being rejected by journals in Belarus as “pacifist and naturalistic.” p.38
Alexievich decided to leave Belarus, in part to protest the authoritarian politics of
Lukashenko, in part to save her energies for writing. “No one was chasing after me with
a Kalashnikov,” she said. Unlike some Belarusian intellectuals who were arrested or
“disappeared,” Alexievich was protected by her international renown. P.40
She found herself in a different kind of intellectual trap: she was living where she could
write freely but not use her immersion method. She went many months between trips to
the former Soviet Union, and found that her subjects’ language was changing. P.40-41
The women in “War Has Not a Woman’s Face” wanted to rewrite the book, to replace
the pain with the very banalities Alexievich had fought. “I thought, That’s as if the
subjects of ‘The Gulag Archipelago’ had tried to rewrite the book.” p.41
John Palatella 2016
I used to live in a village, and I always loved listening to old people. Unfortunately, it was
always women who were talking, because after the war very few men were around. p.27
Nina Khrushcheva 2017
“No book about Soviet sacrifice was as strong as the women’s stories I heard as a child.”
p.37
Also knew the obstacle before her. Her first collection of essays, about people’s difficult
journey from thee village to the city in the increasingly industrialized U.S.S.R., was
pulled from the printing press by Communist Party officials. Today she is eager to put
that unpublished volume behind her. “I was just trying to find myself, just like those who
got resettled,” she told me. Pg.37
Had faced outraged censors. “Who will go fight after such books?” they demanded, as
she duly noted down after her encounter with them. “You humiliate women with a
primitive naturalism… You make our Victory terrible.” Her book “might never have
gotten published if it weren’t for one man,” she said to me, and paused – “Gorbachev”.
pg.40

“pouco a pouco, como se estivessem degelando, nossos jornais, revistas, rádio e televisão
publicam e abordam novos tópicos. Um dos sinais da revitalização geral é que nossa
imprensa prefere cada vez mais o diálogo ao monólogo. As notícias formais dão espaço
para entrevistas, conversas, mesas-redondas e discussões acerca das cartas dos leitores.”
p.85
“Precisamos da glasnost como precisamos de ar” p.86
“Gostaria de enfatizar mais uma vez que a politica de ampliação da glasnost e de
desenvolvimento da crítica e autocrítica, mais do que um exercício democrático, é uma
questão de principio para nosso partido.” p.86
“A crítica significa em primeiro lugar, e antes de tudo, responsabilidade, e quanto mais
contundente for, mais responsável deverá ser, pois cada artigo sobre um tópico social não
é apenas a expressão da personalidade de uma certa pessoa ou um reflexo dos complexos
e ambições de alguém, mas uma questão de relevância pública.” p.87
“Uma coisa é óbvia: a crítica sempre deve se basear na verdade, e esta depende da
consciência do autor e do editor, além de seu senso de responsabilidade em relação às
pessoas.” p.87

Este artigo procura examinar idéias de Harold Bloom, em especial, dentro de sua teoria do cânone,
a abordagem da autonomia estética. Além disso, procura elaborar implicações da difusão de suas
idéias em cursos de letras no Brasil. O foco da abordagem consiste em identificar no pensamento
de Bloom elementos de autoritarismo, que se associam a uma concepção elitista de formação do
leitor.
- Svetlana, você começou como jornalista. Conte-nos, por favor, sobre a transição do jornalismo
para a prosa.

- Foi há muito tempo ... E antes eu responderia a essa pergunta de uma maneira diferente. E
depois de um tempo, haverá uma nova resposta.

"Mas, além das versões, há certos fatos. Ela estudou em tal e tal faculdade ...

- Eu sou uma garota filológica típica. Eu tinha um diploma para Pisarev, eu estava atraído por
seu pensamento "não como todo mundo". Eu me formei na universidade em 1972. Universidade
Estadual da Bielorrússia. Faculdade de Jornalismo. Porque ela se comportou de forma muito
independente - eles puniram e enviaram para o jornal do distrito. Eu trabalhei lá por um ano, e
então eles me levaram primeiro para o jornal republicano, e depois para a revista "Neman".
Escrevi ensaios, jornalismo e fiquei interessado. Mas, no entanto, é um pouco apertado neste
quadro.

"Então, como você pulou?"

- Eu me lembro bem de como me preparei para o salto, mas não me lembro como pulei.
O ponto de referência seria o livro "Eu sou de uma aldeia de fogo" (autores A. Adamovich, J.
Bryl, V. Kolesnik). Mas a própria ideia - Ales Adamovich, uma ideia deste tipo: a literatura do
documento. Ela materializou minha própria compreensão das possibilidades da palavra, sua
correlação com a realidade.
Minha mãe é ucraniana, o pai é bielorrusso, os professores rurais estão na terceira geração. Eles
viviam na aldeia, mas da mesma forma que os intelectuais vivem. Vacas, digamos, não tinham.
Quando minha mãe estava doente, morei por muito tempo em uma aldeia ucraniana com minha
avó. Talvez seja por isso que ouço o mundo através de vozes. Na aldeia eles vivem juntos, pelo
mundo inteiro. Mas durante muito tempo eu era uma pessoa do livro, a quem a realidade
assustava e atraía. Da ignorância da vida apareceu destemor.
Agora eu penso: se eu fosse uma pessoa mais real, poderia um tal abismo correr D? O que foi
isso tudo - da ignorância? Ou do sentimento do caminho? Há um sentimento do caminho.

- Eu caminhei ao longo da estrada e de repente me virei, certo?

Lembro-me muito da minha infância, da vida na aldeia, lembro-me da sensação de que os livros
são separados e as histórias das mulheres comuns são separadas. Ela gostava muito de sua avó
ucraniana (a avó bielorrussa morreu em guerrilheiros), adorava ouvir, como ela conta. Eu sou
de uma geração que foi criada nos livros, não na realidade.

- Você diz que nós trouxemos um livro ... E eu recentemente ouviu o seu discurso no PEN Centro
Russo (onde estávamos indo a 21 de Junho 95), onde você disse que você acha que a literatura
militar soviética - mesmo em suas amostras mais honestos - culpado de quão feia nossa geração
é formada com você,

- Sim, mas eu imediatamente estipulo que eu diga isso para mim mesmo também para mim, que
escreveu três livros sobre a guerra. Apenas no terceiro, nos "meninos de zinco", eu já culpei
menos, lá eu já era uma pessoa que de alguma forma se separou do sistema. Uma pessoa
separada.
Nós, é claro, somos uma sociedade completamente militar. Pensando, em idéias sobre mártires
e heróis, sobre o bem e o mal, por aí. Nós todo o tempo lutamos, ou estávamos nos preparando
para a guerra, ou nos lembrávamos disso.
Você se lembra da escola? A melhor literatura que consideramos literatura militar. Ela era
necessária, porque eles viviam em modo de emergência. E mesmo Chernobyl, sobre a qual estou
agora escrevendo um novo livro, é um presente para esse regime, o regime aqui encontra uma
extensão, uma oportunidade de sobrevivência. Novamente a distribuição de bens pobres,
novamente a zona, novamente uma situação extrema. Como costumavam dizer: "Se não
houvesse guerra", agora dizem sobre a Bielorrússia: "Se não houvesse Chernobyl".

"A guerra vai escrever tudo!"

- E se novamente sobre nossa culpa, então nós olhamos para a guerra através dos olhos do
sistema. Nós dissemos: que tipo de trabalho duro é guerra, falamos sobre heróis, covardes ...
Finalmente eles disseram sobre o preço da vitória. E o fato de que a guerra é um assassinato,
ainda é um assassinato, nós ainda não falamos, nós o abandonamos. Agora eu escreveria outro
livro sobre a guerra russa, examinaria mais a natureza humana, a escuridão, o subconsciente.
Eu ficaria muito interessado em como determinar isso com mais precisão ... uma pessoa
biológica. Por exemplo, cerca de vinte anos atrás eu cheguei a uma mulher-guerrilheira - ela era
tão grande e bonita - e ela me contou como um grupo (ela, a mais velha e duas adolescentes)
entrou em reconhecimento e capturou quatro alemães. Eles atravessam a floresta. O bloqueio
Em toda parte os alemães. E é claro que eles através de sua cadeia não vão romper com esses
prisioneiros, e imediatamente a decisão - eles devem ser mortos. Os adolescentes não serão
capazes de matar (se três dias você caminhar ao longo de um pântano com uma pessoa, mesmo
com um estranho, então você notará: se é magro, gordo, jovem, que olhos - já existe uma
conexão). E está claro para ela: eles devem ser mortos! E então ela calmamente lembrou como
ela matou. Ela mentiu para eles: um - é necessário, dizem eles, reúnem água, outro para lenha
levou ... E eu fiquei chocado quando ela falou sobre isso: não teria qualquer sentido do pecado
... Se eu tivesse um livro "A guerra não é para as mulheres pessoa "escreveu agora - seria mais
sobre isso solicitado. Repito que eu faria o meu caminho para as profundezas da natureza
humana. O que é um homem em guerra? Como circunstâncias, as idéias são extraídas de uma
pessoa não humana? Outra mulher diz (isso está no livro), como ela queimou toda a família (ela
era uma menina). Ele lembra que quando eles foram feitos prisioneiros pelos alemães, eles não
apenas matar - eles abatidos a sua vareta. E ela foi ver como eles foram esfaqueados e ficou feliz
quando seus olhos explodiram com uma dor não humana. Esta é a palavra dela - "feliz". Então
eu não perguntei se ela estava sonhando com aqueles olhos de outra pessoa agora. Não tenho
direito moral de censurar essas mulheres, não queimei uma família e não matei uma criança ...
Não sei o que se passa com um homem ... Mas eu teria perguntado isso hoje ... eu escreveria ...
O que sabemos sobre o homem biológico na guerra?
Eu sou praticamente o mesmo: quando nos orgulhamos de nossa literatura militar - sempre foi
sobre o preço da vitória. E sobre o que acontece com um homem em guerra, nesta loucura,
acontece - eles disseram pouco. Uma pessoa em qualquer guerra, acredito, é mais baixa que
uma pessoa. E quanto mais baixo! E para que fim ele vem!

207

"Mas nossa literatura militar, ao contrário, argumentou que um homem na frente se torna mais
alto que ele e mobiliza seu poder secreto."

- Consideramos (Solzhenitsyn) que o campo enobrece, fortalece o espírito e a vontade. Na


disputa entre Solzhenitsyn e Shalamov, estou absolutamente do lado do último. E acho que
Shalamov não ocupou esse lugar na literatura que ele deveria ter tomado. Mas vai! A verdade
mais importante, quase paralisante, sobre os acampamentos e sobre o homem naquele horror
disse que está tudo bem. Eu vi Shalamov que um homem é um céu e um abismo ao mesmo
tempo. Essa força da verdade que ele tem é quase inexistente ou pouco em nossa literatura
militar. Igual. E na literatura ocidental ela conhece. Embora tanto Remarque quanto Hemingway
ainda tenham romantismo masculino, o instinto de antigos caçadores. Oh, não apenas privem
os homens deste brinquedo caro e sem sentido - guerra!

- Sim, eles escreveram sobre a guerra com prazer - como caçar,

- Você sabe como eu queria escrever "Zinc Boys"? Em protesto

- Contra o que?

"Contra a visão do homem sobre a guerra." Eu venho para a aldeia e vejo um menino maluco
que veio da guerra. Ou eu venho para o cemitério onde os pilotos de helicóptero estão
enterrados. Os generais estão se apresentando ... A orquestra está trovejando ... E eu vejo: essa
é a conspiração dos adultos. Apenas uma menininha com uma voz fina acima de todos os anéis:
"Papai! Papai, você me prometeu vir. Ela os impede. É como um filhote de cachorro tirado de
um fob e levado para algum lugar. E percebi que entre aqueles que estavam no túmulo, apenas
essa criança era normal.
Quando eu leio muitos livros militares - eu era apenas essa romantização da guerra e
timidez repelida. Eu não estou falando sobre Prokhanov, não há nem romance - existem
complexos.

- Com o que, na sua opinião, a romanização masculina da guerra está conectada?

- Essa é a natureza deles. Instinto! Delícia secreta antes da arma. Quando o experimentam, não
estão à altura dos problemas do pós-guerra. Os problemas do bem e do mal, infelizmente,
problemas do pós-guerra. "Primeiro você tem que sobreviver e depois pensar" - como um dos
heróis dos meus "Zinc Boys" me confessou.

206

Quando escrevi "A guerra não tem rosto de mulher", eu era muito jovem e muito confiável na
vida. Eu descobri que uma mulher é mais difícil de matar do que um homem. É menos adaptado
para isso. Ela é geneticamente menor que essa experiência. Está mais intimamente ligado ao
mundo dos vivos, ele mesmo cria os vivos.
— Светлана, ты начинала как журналистка. Расскажи, пожалуйста, о переходе из
журналистики в прозу.

— Это было так давно... И раньше я бы на этот вопрос ответила по-другому. А еще через
какоето время будет новый ответ.

— Но кроме версий существуют некие факты. Училась на таком-то факультете...

— Я—типичная филологическая девочка. Диплом у меня был по Писареву, Меня


привлекало его мышление «не как у всех». Кончила я университет в 72-м году.
Белорусский государственный университет. Факультет журналистики. Поскольку вела себя
слишком независимо — наказали и сослали в районную газету. Я там год проработала, а
потом меня взяли сначала в республиканскую газету, а дальше в журнал «Неман». Я
писала очерки, публицистику, и мне было интересно. Но все же тесновато в этих рамках.

— Ну, и как ты перепрыгнула?

— Хорошо помню, как к прыжку готовилась, а как перепрыгнула — не помню.


Точкой отсчета назвала бы книгу «Я из огненной деревни» (авторы А. Адамович, Я. Брыль,
В. Колесник). Но сама идея — Алеся Адамовича, идея такого рода: литература документа.
Она материализовала мое собственное понимание возможностей слова, его соотношения
с реальностью.
Моя мать — украинка, отец — белорус, сельские учителя в третьем поколении. Они жили
в деревне, но так, как живут интеллигенты. Коровы, скажем, у них не было. Когда мать
болела, я долго жила в украинской деревне, у бабушки. Может быть, поэтому я слышу мир
через голоса. В деревне живут вместе, всем миром. Но я долго была книжным человеком,
которого реальность и пугала, и притягивала. От незнания жизни появилось бесстрашие.
Теперь думаю: будь я более реальным человеком, могла ли бы кинуться D такую бездну?
От чего все это было — от незнания? Или от чувства пути? Ведь чувство пути есть.

— Шла-шла по дороге и вдруг резко повернула, да?

— Я многое помню из детства, из деревенской жизни, Помню свое ощущение, что книги
— отдельно, а рассказы простых женщин — отдельно. Очень любила свою украинскую
бабушку (бабушка белорусская погибла в партизанах), любила слушать, как она
рассказывает. Я из поколения, которое воспитывалось на книгах, а не на реальности.

— Ты говоришь, что нас воспитывали книги... А я недавно слушала твое выступление в


русском ПЕН-центре (мы там собирались 21 июня 95-го), где ты сказала, что считаешь
советскую военную литературу — даже в самых ее честных образцах — виноватой в том,
как уродливо сформировано наше с тобой поколение,

— Да, но сразу оговариваюсь, что осе это я говорю и самой себе, написавшей о войне три
книги. Лишь в третьей, в «Цинковых мальчиках», я уже виновата меньше, Там я уже была
человеком, както отделившимся от системы. Отдельным человеком.
Мы, конечно, общество абсолютно военное. По мышлению, по представлениям о
мучениках и героях, о добре и зле, по всему. Мы все время или воевали, или готовились к
войне, или вспоминали о ней.
Помнишь школу? Лучшей литературой мы считали военную литературу. Она была нужна,
поскольку жили в режиме чрезвычайки. И даже Чернобыль, о котором я сейчас пишу
новую книгу, — подарок этому режиму, Режим здесь находит продолжение, возможность
выживания. Опять распределение нищих благ, опять зона, опять экстремальная ситуация.
Как раньше говорили: «Если б не было войны», так теперь о Беларуси говорят: «Если б не
было Чернобыля».

— «Война все спишет»!

— И если опять о нашей вине, то мы смотрели на войну глазами системы. Мы говорили:


какая это тяжелая работа — война, мы говорили о Героях, о трусах... Наконец сказали и о
цене Победы. А то, что война — убийство, все равно убийство, мы до сих пор не говорим,
опускаем. Сейчас бы я написала другую книгу об отечественной войне, я бы заглянула
дальше в человеческую природу, в тьму, в подсознание. Меня бы очень интересовал, как
бы это определить точнее... биологический человек. Например, лет двадцать назад
пришла я к одной женщине-партизанке, — она была такая большая, красивая, — и она мне
рассказывает, как группа (она, старшая, и двое подростков) вышла в разведку и захватила
в плен четверых немцев. Идут они по лесу. Блокада. Везде немцы. И ясно, что они сквозь
их цепь не прорвутся с этими пленными, и тут же решение — их надо убить. Подростки
убить не смогут (если три дня идешь по болоту с человеком, даже с чужим, то замечаешь:
худой ли он, толстый, молодой ли, какие глаза, — уже связь возникает). А ей ясно: их убить
надо! И вот она спокойно вспоминала, как она убивала. Она их обманывала: одному —
надо, мол, вместе воды принести, другого за хворостом повела... И меня потрясло, как она
об этом говорила: не было у нее никакого ощущения греха... Если бы я книгу «У войны не
женское лицо» писала сейчас — бы больше о таком спрашивала. Повторю, что
пробивалась бы в глубь человеческой природы. Что такое человек на войне? Как
обстоятельства, идеи извлекают из человека нечеловека? Другая женщина говорит (это
есть в книге), как у нее сожгли всю семью (она девочкой была). И вспоминает: когда они
брали немцев в плен, они их не просто убивали — они их закалывали шомполами. И она
ходила смотреть, как их закалывали, и была счастлива, когда у них лопались глаза от
нечеловеческой боли. Это ее слово — «счастлива». Тогда я не спросила, а не снятся ли ей
теперь эти лопнувшие глаза другого человека? У меня нет никакого морального права
упрекать этих женщин, у меня не сожгли семью и не убили ребенка... Я не знаю, что тогда
творится с человеком... Но я бы об этом сегодня спрашивала... Писала бы...
Что мы знаем о биологическом человеке на войне?
Я все о том же: когда мы гордились нашей военной литературой — речь всегда шла о цене
победы. А о том, что с человеком-то на войне, в этом безумии, происходит, — сказали
мало. Человек на любой войне, я считаю, ниже человека. И насколько ниже! И до какого
края он доходит!

207

— А ведь наша военная литература, напротив, доказывала, что человек на фронте


становится выше самого себя и мобилизует свою потаенную силу.

— У нас считалось (Солженицын), что и лагерь облагораживает, укрепляет дух и волю. В


споре Солженицына с Шаламовым я абсолютно на стороне последнего. И считаю, что
Шаламов не занял того места в литературе, которое занять был должен. Но займет! Самую
главную, почти парализующую правду о лагерях и о человеке в том ужасе сказал именно
ок. У Шаламова я увидела, что человек — это небо и бездна одновременно. Такой силы
правды, как у него, почти нет или мало в нашей военной литературе. Равной. А в западной
литературе она встречается. Хотя и у Ремарка, и у Хемингуэя все-таки присутствует
мужской романтизм, инстинкт древних охотников. О, не просто лишить мужчин этой
дорогой и бессмысленной игрушки — войны!

— Да, они о войне писали с удовольствием — как об охоте,


— Знаешь, как у меня возникло желание написать «Цинковых мальчиков»? В знак
протеста.

— Против чего?

— Против мужского взгляда на войну. Я приезжаю в деревню и вижу сумасшедшего


мальчика, пришедшего с войны. Или прихожу па кладбище, где хоронят погибших
вертолетчиков. Генералы выступают... Оркестр гремит... И я вижу: это заговор взрослых.
Только маленькая девочка тоненьким голоском над всеми звенит: «Папа! Папочка, ты
обещал мне приехать». Она им мешает. Ее как щенка отрывают от фоба и куда-то увозят.
И я поняла, что среди тех, кто у могилы стоял, нормальный был только этот ребенок.
Когда я читала многие военные книги — меня именно эта романтизация войны и
бийства отталкивала. Не говорю уже о Проханове, Там даже не романтика — там
комплексы.

— С чем, на твой взгляд, связана мужская романтизация войны?

— Такова их природа. Инстинкт! Тайный восторг перед оружием. Когда они его
испытывают, им не до послевоенных проблем. Проблемы добра и зла, к сожалению,
послевоенные проблемы. «Сначала надо выжить, а потом думать», — как признался мне
один из героев моих «Цинковых мальчиков».

206

Когда я писала «У войны не женское лицо», я была очень молодая и очень доверяла
жизни. Я обнаружила, что женщине убивать труднее, чем мужчине. Она меньше для этого
приспособлена. У нее генетически меньше этого опыта. Она теснее связана с миром
живого, сама творит живое.

You might also like