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GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
<http://lattes.cnpq.br/4882579117919191>.
APRESENTAÇÃO
MACROECONOMIA I
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro (a) aluno (a), é com muita satisfação que apresentamos a você o livro que fará parte
da disciplina de Macroeconomia I. O objetivo principal deste livro é introduzir você ao
estudo sobre os determinantes do produto, do emprego e da renda sob a ótica dos clás-
sicos, da teoria Keynesiana e, por fim, a análise desenvolvida por Hicks e Hansen, que faz
uma reinterpretação da teoria keynesiana, com a elaboração do modelo de equilíbrio
macroeconômico, denominado de modelo IS-LM.
Este livro está constituído por cinco unidades. Na Unidade I, apresentarei a você o conceito
da macroeconomia, o que ela estuda e seus objetivos. Também apresentarei a evolução
histórica das principais teorias macroeconômicas, desde as teorias clássicas, desenvolvidas
no século XVIII, passando por Keynes, no século XX, até as teorias mais contemporâne-
as. Nessa unidade, você também aprenderá como é realizada a contabilidade nacional, ou
seja, como é calculado o Produto Interno Bruto e a Renda Nacional e, por fim, como um país
é uma grande empresa, também aprenderemos sobre o Balanço de Pagamento do país.
Na Unidade II, aprenderemos sobre o sistema monetário nacional, começando com a
definição de moeda, sua evolução histórica e as funções que ela deve desempenhar
para que seja considerada moeda forte. Nessa unidade, também aprenderemos os fato-
res condicionantes da oferta e da demanda por moeda, ou seja, estudaremos o processo
de criação dela, na economia, seu efeito multiplicador e a relação da demanda por mo-
eda com a taxa de juros da economia.
Conhecidos os determinantes da oferta e demanda por moeda, a Unidade III irá se concen-
trar em ensinar como o governo utiliza a Política Monetária para estimular o crescimento eco-
nômico e quais são os instrumentos que utiliza para alcançar tais objetivos. Por fim, apresen-
tarei a você os principais produtos financeiros que são negociados no mercado monetário.
A Unidade IV está focada na teoria clássica de determinação da produção, da renda e do
emprego na economia, ou seja, a formação da Oferta Agregada. Aprenderemos sobre
os principais postulados desta corrente teórica e o conceito de equilíbrio com pleno
emprego. Desta forma, aprenderemos como é determinado o nível de emprego na eco-
nomia e o equilíbrio no mercado de trabalho. Também estudaremos como é formada a
demanda agregada clássica e a relação entre poupança, investimento e taxa de juros.
Por último aprenderemos como se dá o equilíbrio macroeconômico entre a Oferta Agre-
gada e a Demanda Agregada clássica e os efeitos de política monetária e fiscal.
Na última unidade do livro, a Unidade V, apresentarei a teoria keynesiana de determi-
nação da renda, dos juros e do emprego. Aprenderemos quais são suas propriedades
básicas e as principais divergências com a teoria clássica. Estudaremos como se dá o
equilíbrio no mercado monetário, relacionando a renda e a taxa de juros para a constru-
ção da curva LM. Também estudaremos como se dá o equilíbrio no mercado de bens e
serviços e quais são as diferentes combinações de taxa de juros e a renda que equilibra
este mercado, dando origem à curva IS. Por fim, estudaremos o equilíbrio simultâneo do
modelo IS-LM de Hicks e Hansen e os impactos da política econômica e fiscal na deter-
minação do equilíbrio. BOM ESTUDO!
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SUMÁRIO
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
15 Introdução
16 Objetivos da Macroeconomia
24 Contabilidade Nacional
35 Balanço de Pagamento
40 Considerações Finais
45 Referências
46 Gabarito
UNIDADE II
49 Introdução
55 Oferta de Moeda
74 Considerações Finais
80 Referências
81 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
85 Introdução
131 Referências
132 Gabarito
UNIDADE IV
MACROECONOMIA CLÁSSICA
135 Introdução
175 Referências
176 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
179 Introdução
232 Referências
233 Gabarito
234 Conclusão
Professora Dra. Juliana Franco Afonso
INTRODUÇÃO À
I
UNIDADE
MACROECONOMIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Desenvolver, no aluno, uma visão panorâmica sobre a
macroeconomia.
■■ Apresentar a evolução histórica das principais teorias
macroeconômicas.
■■ Conhecer os agregados monetários e sua forma de mensuração por
meio do Sistema de Contabilidade Nacional.
■■ Apresentar as contas que fazem parte do Balanço de Pagamento e
suas especificidades.
Plano de Estudo
■■ Objetivos da Macroeconomia
■■ Evolução da Teoria Macroeconômica
■■ Contabilidade Nacional
■■ Balanço de Pagamento
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OBJETIVOS DA MACROECONOMIA
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
17
Para responder estas questões, várias teorias foram desenvolvidas com o objetivo
de desmistificar as causas do desemprego, da inflação e do crescimento econô-
mico e definir quais políticas econômicas (política fiscal, monetária, cambial,
comercial) deveriam ser adotadas pelo governo para alcançar determinado fim.
Por exemplo, alguns estudiosos dizem que o governo não tem muito o que
fazer para conter o alto desemprego, e que o melhor a ser feito é a instituição de
políticas de compensação apropriadas, como: seguro desemprego, bolsa família,
entre outros. Por outro lado, outros estudiosos defendem o uso de uma polí-
tica fiscal especial, como o corte de impostos, a redução do IPI (Imposto Sobre
Produto Industrializado) sobre os automóveis e eletrodomésticos, em 2009. Estes
pontos de vista são sustentados por líderes das duas principais tradições inte-
lectuais da macroeconomia: a teoria clássica e keynesiana, que estudaremos nos
próximos capítulos de nosso livro.
Objetivos da Macroeconomia
18 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EVOLUÇÃO DA TEORIA MACROECONÔMICA
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
19
a ser necessária por causa do aumento das trocas decorrentes da ampliação dos
mercados. Assim, as economias de mercado tinham a capacidade de utilizar de
maneira eficiente todos os recursos disponíveis, de forma a alcançar sempre o
nível de pleno emprego, segundo o qual não existiria desemprego voluntário,
e este seria garantido pela flexibilidade de preços e salários.
Para Smith, o Estado tem apenas como papel oferecer proteção à sociedade,
criação e manutenção de instituições necessárias ao bom andamento do estado.
As teorias desenvolvidas por ele foram estudadas e aprimoradas por vários segui-
dores, que contribuíram para a constituição do conjunto de obras que fazem
parte da teoria clássica. Dentre seus principais seguidores, que se destacam pelas
importantes contribuições à Ciência Econômica, estão: Thomas Malthus, David
Ricardo, Stuart Mill e Jean Baptiste Say, todos de meados dos séculos XVIII e XIX.
Jean Baptiste Say instituiu a chamada Lei de Say, supondo que tudo o que
seria produzido seria vendido, ou seja, “a oferta cria sua própria demanda”. Desta
forma as empresas produziam sem se preocupar com a demanda, concentrando-se
apenas no modo de produção. Assim, a teoria clássica foi a base teórica do sis-
tema capitalista de produção, que se instituiu na Europa, em fins do século XVIII.
A partir de 1920, com o término da Primeira Guerra Mundial, surgem muitos
debates sobre a aplicabilidade das teorias neoclássicas para explicar os proble-
mas da atividade econômica (alto nível de desemprego e recessão econômica).
Estas críticas atingem o seu auge com a Crise de 1929, decorrente da quebra da
Bolsa de Valores de Nova York, evidenciando a insuficiência da teoria clássica e
neoclássica para solucionar a crise que os EUA e os países da Europa Ocidental
estavam enfrentando.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lado por contratos - assim, os trabalhadores não conseguem ajustar os seus salários
de forma automática.
De acordo com Keynes (1992), o poder dos sindicatos de trabalhadores
faz com que os salários sejam rígidos, dando origem ao chamado desemprego
involuntário, ou seja, a economia opera abaixo do pleno emprego. Este pos-
tulado significa que o emprego só aumenta, se o salário real dos trabalhadores
(expresso em bens de consumo dos assalariados) diminuir, e as empresas pude-
rem obter mais lucros.
Keynes defendeu que, para que a economia pudesse ser elevada novamente
ao pleno emprego, o governo deveria intervir por meio de políticas públicas que
incentivassem o crescimento da demanda agregada por bens e serviços, reduzindo
a capacidade ociosa das empresas e estimulando, com isso, mais contratações de
mão de obra. Desta forma, a sua teoria inverte o sentido da Lei de Say ao enfatizar o
papel da demanda agregada de bens e serviços como geradora do nível de emprego.
Assim, para tirar uma economia que está em um estado de recessão econô-
mica, o governo deve intervir por meio de uma política de gastos públicos. Isto
significa o fim da crença clássica no laissez-faire, como mecanismo de ajuste dos
mercados ( PINHO; VASCONCELLOS, 2004).
Os argumentos da teoria keynesiana influenciaram muito a política econô-
mica dos países, após 1930, principalmente, nos anos que se seguiram à Segunda
Guerra Mundial. Em 1937, John Hicks publicou um artigo com o nome Mr.
Keynes and the classics: a suggested interpetation, que apresenta uma estrutura
teórica conhecida como Modelo IS-LM, que foi a base para a formação da sín-
tese neoclássica, no período pós guerra (LOPES; VASCONCELLOS, 2000).
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
21
cura relacionar a inflação com a taxa de desemprego, sendo esta uma medida
(proxi) do nível de atividade da economia. Segundo este modelo teórico, have-
ria um trade-off entre inflação e desemprego, uma vez que, quanto maior o
desemprego, menor seria a taxa de inflação, e vice-versa. Desde o seu surgi-
mento, a teoria sofreu vários ajustes de acordo com a conjuntura econômica e
questionamentos teóricos. Apesar de adaptações, a maneira como as variáveis
desemprego e inflação relacionam-se varia de país a país e ao longo do tempo
(BLANCHARD, 2007).
Assim durante a primeira metade da década de 1960, os formuladores de
política tinham como instrumento o modelo IS-LM, que representa o equilíbrio
no mercado de bens e serviços (IS) e no mercado monetário (LM), e, por isso,
analisa os componentes da demanda agregada e a curva de Phillips que retrata
as condições de oferta agregada.
De acordo com Blanchard (2007), a relação da curva de Phillips mostrou-se
verdadeira até a década de 1970, quando os choques do petróleo de 1973 e 1979
provocaram aumento no nível de preços, ou seja, a inflação subiu por razões não
inerentes a custos relativos ao trabalho, mas sim por causa do aumento do preço
do petróleo, sendo uma inflação de custo, e não de demanda.
As mudanças na conjuntura internacional fizeram com que as críticas dos
economistas Edmund Phelps (1967) e Milton Friedman (1968) ganhassem noto-
riedade. Segundo eles, os indivíduos preocupam-se com a evolução das variáveis
reais e não nominais, assim, as expectativas de evolução dos preços são impor-
tantes. Neste sentido, propõem a inclusão da expectativa da inflação na análise
da curva de Phillips, que fica conhecida como curva de Phillips modificada.
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De acordo com Pinho e Vasconcellos (2004), os grandes modelos macroeco-
nométricos foram desenvolvidos pelos autores adeptos à síntese neoclássica, com
destaque para Jonh R. Hicks, Roy F. Harrod, James E. Meade, Franco Modigliane,
Willian Phillips, entre outros.
Durante as décadas de 1970 e 1980 surge a escola das expectativas racionais,
também conhecida como novos clássicos. Esta escola defende que os agentes
econômicos formam as suas expectativas sobre o comportamento futuro de uma
determinada variável econômica, baseado nas informações passadas e presentes,
assim, não cometem erros sistemáticos. Neste sentido, vão se formando quatro
grandes escolas do pensamento macroeconômico: os keynesianos, os neoclás-
sicos, os novos clássicos e os pós-keynesianos.
Os pós-keynesianos surgem a partir da década de 1970 e fazem uma relei-
tura de Keynes. Defendem que as deficiências na demanda agregada é que são
responsáveis pelos níveis de desemprego verificados em muitos países, pela redu-
ção da atividade econômica e desaceleração da taxa de crescimento do produto.
A demanda agregada da economia é formada pelas despesas com bens de con-
sumo e pelos gastos com investimento realizados pelas empresas (gastos com
bens de capital). No entanto estes dependem das expectativas dos empresários
com relação à lucratividade do investimento e ao seu custo de oportunidade, ou
seja, o empresário avaliará se vale mais a pena investir na empresa ou deixar o
capital aplicado em ativos do mercado financeiro. Agindo assim o empresário
está sendo racional.
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
23
Por outro lado, os gastos com bens de consumo dependem da renda auferida
pela população. Quando maior a renda , maior o consumo. No entanto o rendi-
mento recebido depende do emprego. Em períodos de alto investimento, novos
postos de trabalho são criados, estimulando a renda e o consumo. Assim, temos
que o investimento determina o nível de emprego, o qual determina a renda e
que, por sua vez, determina o consumo. Para os pós-keynesianos, quando há uma
deficiência de demanda agregada, significa que há uma deficiência na geração de
novos investimentos, assim, o governo deve atuar estimulando os investimentos.
De acordo com Lopes e Vasconcellos (2000), os neoclássicos e os novos
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Nos dias atuais, qual teoria macroeconômica é utilizada pelos governos dos
países capitalistas?
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CONTABILIDADE NACIONAL
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
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EMPRESAS FAMÍLIAS
Insumos Terra,
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para a trabalho e
produção capital
MERCADO DE
FATORES DE
Salários, aluguéis PRODUÇÃO Renda (=PIB)
e lucros (=PIB)
Fluxo de moeda
Fluxo de bens e serviços
Figura 1 - Fluxo circular da renda
Fonte: Mankiw (2006).
Contabilidade Nacional
26 UNIDADE I
Assim, o Produto Interno Bruto (PIB) pode ser medido sob a ótica da produ-
ção, da renda e da despesa agregada.
■■ Produto Interno Bruto sob a ótica do produto agregado: é
o valor total de mercado de todos os bens finais e serviços pro-
duzidos dentro de um país durante um dado período de tempo
(MANKIW, 2006).
■■ Produto Interno Bruto sob a ótica da renda agregada: repre-
senta a soma das rendas recebidas pelos produtores, incluindo os
lucros e os impostos pagos ao governo, cujo conceito chave é a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
renda nacional (ABEL; BERNANKE; CROUSHORE,2008). Na
renda nacional estão inclusos:
»» salários dos empregados;
»» renda dos proprietários;
»» aluguel;
»» lucros empresariais;
»» juros líquidos;
»» impostos sobre a produção e as importações;
»» pagamentos (líquidos) de transferências correntes das
empresas;
»» superávit corrente de empreendimentos governamentais.
■■ Produto Interno Bruto sob a ótica da despesa agregada:
representa a soma das despesas totais com bens e serviços finais
(BLANCHARD, 2007).
Y=C+I+G+X-M
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
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Em que,
Y = PIB = produção total = renda total = despesa total;
C = consumo;
I = investimento;
G = compras de bens e serviços pelo governo;
M = importações;
X = exportações.
Blanchard (2007) interpreta da seguinte forma os componentes do PIB na abor-
dagem da demanda agregada:
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Contabilidade Nacional
28 UNIDADE I
Podemos verificar pela equação do PIB, sob a ótica da demanda agregada, que
um aumento do consumo, do investimento, dos gastos do governo e das expor-
tações causam elevação no PIB e vice-versa, e que o aumento nas importações
causam a redução. Assim, quando o governo quer estimular o crescimento eco-
nômico, ele pode adotar políticas que gerem aumento em uma das variáveis que
compõem a fórmula do PIB, no entanto deve levar em consideração os impac-
tos que isto pode gerar na economia, como nos preços, mas estudaremos estes
impactos em capítulos posteriores.
O que devemos entender é que, no Brasil, o governo está presente em inú-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
meras atividades econômicas, seja como produtor de bens e serviços, como
consumidor ou como regulador dos mercados. No caso de produtor de bens e
serviços por meio das empresas estatais ou de economia mista, esta atividade é
registrada na contabilidade nacional como se fosse uma empresa privada. Mas
o que entraria na conta gastos do governo?
Na conta gastos do governo (G) são registradas as despesas com a oferta de
bens públicos cujo fomento destas atividades provêm da arrecadação de impos-
tos, taxas e contribuições. Lopes e Vasconcellos (2000) definem bens públicos
aqueles bens e serviços que não podem ser promovidos pelo mecanismo de
mercado, como: justiça, segurança nacional, administração pública etc. Mas e
a oferta de serviços educacionais e de saúde? Estes são providos pelo governo
como forma de fazer uma redistribuição de renda.
Os impostos arrecadados pelo governo podem ser distribuídos em duas
categorias:
i. Impostos diretos - inclui os impostos que incidem diretamente
sobre a renda e riqueza das pessoas jurídicas (empresas) e físicas
(população). São eles: IRPJ, IRPF, CSLL, IPTU, ITR;
ii. Impostos indiretos - são aqueles que incidem sobre a produ-
ção e comercialização dos bens e serviços, como: IPI, ICMS, IX,
IM, PIS, COFINS.
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
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C = C0 + c(Y - T)
C = C0 + cYd
Em que,
C = consumo total;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Contabilidade Nacional
30 UNIDADE I
Sabemos que o governo não pode gastar (G) mais do que arrecada com im-
postos, taxas e contribuições (T). Quando G < T temos um superávit do go-
verno, quando os G > T temos um déficit público. No entanto o déficit deve
ser financiado de alguma forma, senão alguém vai ficar sem receber. Mas
quais as formas de financiamento do déficit público?
Algumas formas são:
■■ lançamento e novos impostos, como a CPMF, o conhecido imposto do
cheque;
■■ aumento da carga tributária;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ lançamento de títulos da dívida pública, como Letras do Tesouro Nacio-
nal, que podem ser compradas no site do Tesouro Direto.
Fonte: a autora.
Com a introdução do governo, podemos chegar a mais dois conceitos sobre o pro-
duto: produto a custo de fatores (Pcf) e o produto a preços de mercado (Ppm).
Quando excluímos no cálculo do produto os impostos indiretos e incluímos
os subsídios pagos pelo governo, temos o conceito de produto a custo de fato-
res (Pcf). Por outro lado, quando incluímos, no cálculo do produto, os impostos
indiretos e excluímos os subsídios, estamos trabalhando com o conceito de pro-
duto a preços de mercado (Ppm). Neste sentido, temos a seguinte relação:
Podemos verificar por esta relação que os impostos indiretos aumentam os preços
de mercado dos produtos e serviços da economia e quem os paga são os consu-
midores. Por outro lado, quando o governo subsidia os custos de produção de
determinados bens e serviços, os consumidores são beneficiados.
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
31
Deflator do PIB =
ΣQtPt x 100
ΣQ0P0
Desta forma, o deflator do PIB também pode ser medido como sendo a razão
entre o PIB nominal e o PIB real multiplicada por cem.
Contabilidade Nacional
32 UNIDADE I
O valor real, portanto, responde à seguinte pergunta: quanto o valor teria subido
em determinado período se os preços permanecessem os mesmos do ano-
-base? Para isso, deve-se excluir do valor nominal o efeito da inflação. Isto pode
ser realizado por meio de algum índice que sirva de deflator para o período.
Matematicamente, isso não é nada mais do que a seguinte fórmula:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O deflator implícito do PIB para o período de 1995 a 2011 está apresentado na
tabela a seguir:
Tabela 1 - Deflator implícito do PIB, ano-base 1995.
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
33
Exemplo 1:
Segundo dados disponíveis no Ipeadata, o PIB nominal do Brasil para o
período de 2008 a 2011, estão apresentados na Tabela 2. Dado que o deflator
implícito do PIB para os anos de 2008, 2009, 2010 e 2011 são: 297,45; 323,03;
254,14 e 351,70, calcule o PIB real para os períodos de 2008 a 2011, sendo 1995
o ano-base, ou seja, calcule o PIB real a preços de 1995.
Tabela 2 - PIB nominal brasileiro
2011 4.376.382,00
2010 3.885.847,00
2009 3.333.039,00
2008 3.109.803,00
Fonte: adaptado de Ipeadata ([2018], on-line)1.
Solução:
FÓRMULA
Assim podemos verificar que o valor do PIB real a preços de 1995, quando tira-
mos a inflação do período, é bem menor. Agora, podemos calcular o crescimento
econômico, pela seguinte fórmula:
Contabilidade Nacional
34 UNIDADE I
2008 1.045.487,65
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2009 1.031.804,79
1.045.487,65
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
35
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
BALANÇO DE PAGAMENTO
Todo dinheiro estrangeiro ou divisas, que entra no Brasil e sai dele em um deter-
minado período, é contabilizado em uma demonstração financeira nacional
chamada balanço de pagamentos, que representa o resumo contábil das transa-
ções econômicas de um país com o resto do mundo.
Na definição utilizada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o balanço de
pagamentos é o registro sistemático das transações econômicas realizadas, durante
determinado período de tempo, entre residentes e não residentes de um país.
Definem-se residentes as pessoas físicas ou jurídicas domiciliadas em um
país: indivíduos com residência fixa, mesmo imigrantes, filiais de empresas
estrangeiras sediadas no país, funcionários em serviço no exterior, indivíduos
que se encontram, transitoriamente, no exterior, entre outros. Este balanço de
pagamentos é elaborado pelo Banco Central, tendo como referência as transa-
ções realizadas pelos residentes do país, no caso o Brasil, e os residentes de outros
países. Toda entrada de divisas constitui um crédito, e toda saída de divisas cons-
titui um débito, veja o Quadro 1 a seguir:
Balanço de Pagamento
36 UNIDADE I
CRÉDITO DÉBITO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estrangeiros
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
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BALANÇO DE PAGAMENTOS
C. ERROS E OMISSÕES
SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (A+ B+C)
D. TRANSAÇÕES COMPENSATÓRIAS
XI. Variações das reservas internacionais.
XII. Operações de regularização.
XIII. Atrasados comerciais.
Fonte: adaptado de Feijó (2007).
(*) FOB – Free on board. As despesas incluídas no valor das mercadorias são as
incorridas até o embarque destas.
Balanço de Pagamento
38 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tos e obrigações de residentes no país com não residentes, inclui os investimentos
estrangeiros diretos, os reinvestimentos das empresas multinacionais já locali-
zados no país, os empréstimos e financiamentos de curto, médio e longo prazo,
o pagamento de empréstimos (amortização), o capital especulativo direcionado
às aplicações do mercado financeiros.
A conta erros e omissões serve para arrumar erros no registro das operações,
visto que muitas das transações com o exterior são lançadas com valores esti-
mados. O resultado do balanço de pagamentos deve estar em equilíbrio, e isto
ocorre quando o total de créditos é igual ao total de débitos. Assim, temos que:
■■ se o SBP = 0, o BP está em equilíbrio;
■■ se o SBP > 0, o BP está superavitário;
■■ se o SBP < 0, o BP está deficitário.
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
39
(US$ milhões)
350000
300000
250000
200000
150000
100000
50000
-
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
-50000
-100000
Saldo da Balança Comercial
Exportações
Importações
Figura 2 - Evolução do Saldo da Balança Comercial no período de 1995 a 2016
Fonte: adaptado de Banco Central ([2018], on-line)2.
Balanço de Pagamento
40 UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Também aprendemos que a medida da atividade econômica agregada de
um país é definida pelo Produto Interno Bruto (PIB), que pode ser mensurado
pela abordagem do produto, da demanda e da renda, sendo o mais utilizado nas
análises de impacto de políticas, a definição do PIB pela ótica da demanda ou
despesa agregada. No entanto, em um país como o Brasil, que possui inflação,
devemos tirar o efeito desta do cálculo do PIB para que possamos interpretar
corretamente a sua evolução, assim, na medição do crescimento econômico de
um país utilizamos PIB real.
Vimos, pela equação do PIB sob a ótica da demanda agregada, que um
aumento do consumo, do investimento, dos gastos do governo e das exporta-
ções causam elevação no PIB e vice-versa, e que um aumento nas importações
causam redução.
Finalizamos esta unidade aprendendo como são contabilizados os recursos
monetários que entram e saem de nossa economia, por meio da demonstra-
ção financeira denominada balanço de pagamentos, que é realizada pelo Banco
Central e tem de estar em equilíbrio, ou seja, o total de créditos deve ser igual
ao total de débitos, quando isto não acontece, o Balanço de Pagamentos está em
desequilíbrio. Quando há um superávit, significa que há um excesso de divi-
sas (moeda estrangeira), que é então enviado para conta variação de divisas do
Banco Central. Quando há déficit, significa que saiu mais divisas do que entrou,
e o balanço de pagamentos precisa ser financiado, o que pode ser feito de várias
formas: entrada de divisas da conta variação de divisas, empréstimos de insti-
tuições internacionais, como o FMI, ou deixar de realizar algum pagamento.
INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
41
3. A política fiscal é uma das maneiras que o governo possui para intervir e regu-
lar a atividade econômica do país. Para isso, ele manipula seus próprios níveis
de gastos e de arrecadação de tributos, adotando políticas expansionistas ou
contracionistas. Dessa forma, caso o governo queira realizar uma política fiscal
expansionista, ele poderá:
a) Aumentar os gastos e reduzir os tributos.
b) Aumentar os gastos e aumentar os tributos.
c) Reduzir os gastos e reduzir os tributos.
d) Reduzir os gastos e aumentar os tributos.
e) Aumentar ou reduzir os gastos e aumentar os tributos.
4. O PIB – Produto Interno Bruto – representa a soma de todos os bens e serviços
finais produzidos no país em um determinado período de tempo. Sendo assim,
com base nos indicadores abaixo, assinale a alternativa que apresenta a fór-
mula CORRETA para a determinação do PIB:
A Consumo E Exportações
B Importações F Investimento
C Gastos do governo G Produção agrícola
a) A+B+C+E+F+G.
b) A-B+C+E+F+G.
c) A+B+C-E+F.
d) A-B+C+E+F.
e) A+B+C-E.
5. Considere que o PIB nominal do Brasil para o ano de 2001 é de R$ 1.315.756 e
que o deflator implícito é 164, em relação a 1995. Calcule o valor do PIB real a
preço de 1995 e assinale a alternativa correta:
a) R$ 802.290,24.
b) R$ 803.292,42.
c) R$ 1.083.290,24.
d) R$ 1.292.803,42.
e) R$ 802.392,42.
43
O texto abaixo faz parte da análise sobre a conjuntura brasileira para o primeiro trimes-
tre de 2017, realizada por Marcelo José Nonnenberg, do IPEA.
“O comércio exterior brasileiro parece estar rentes caiu fortemente entre 2015 e 2016,
entrando em um novo ciclo de preços. Nos passando de US$ 59,4 bilhões para US$
últimos 12 meses, os preços das expor- 23,5 bilhões. A queda do déficit corrente
tações começam a dar mostras de forte em 2016 foi devido, principalmente, ao
recuperação. Esse aumento é mais intenso aumento do superávit comercial em US$
nas commodities, mas é observado tam- 27,4 bilhões, ao mesmo tempo em que o
bém nos demais produtos de exportação. déficit da conta serviços experimentou uma
Ao mesmo tempo, os preços das importa- redução de US$ 6,5 bilhões com relação a
ções se mantêm constantes, causando uma 2015. Já o déficit da conta de renda primá-
expressiva melhora dos termos de troca. ria manteve-se razoavelmente constante,
Por outro lado, a taxa de câmbio vem se alcançando US$ 41,0 bilhões em 2016. Em
valorizando, com efeitos opostos sobre as janeiro deste ano, esse valor foi um pouco
exportações e as importações. No acumu- superior ao verificado no mesmo mês do
lado do ano até fevereiro, as exportações ano passado, atingindo US$ 5,3 bilhões.
cresceram 23,6%, principalmente devido Em compensação, o ingresso líquido de
ao aumento de 41,7% dos básicos. Esse capitais externos também caiu bastante
crescimento, por sua vez, reflete tanto um em 2016, na comparação com o ano ante-
aumento generalizado dos preços de expor- rior. O saldo da conta capital e financeira
tação quanto um aumento das quantidades passou de US$ 55,6 bilhões em 2015 para
exportadas de básicos e semimanufatura- US$ 16,4 bilhões em 2016, uma queda de
dos. Já as importações cresceram 12% no US$ 39,2 bilhões. Apesar de essa queda ser
acumulado do ano, devido basicamente ao maior do que a observada na conta de tran-
aumento de 22,6% dos produtos interme- sações correntes, é preciso lembrar que a
diários, em especial dos produtos agrícolas conta erros e omissões também cresceu
e alimentícios. O déficit em transações cor- fortemente em 2016.”
Fonte: Nonnenberg (2017, on-line)3.
MATERIAL COMPLEMENTAR
ABEL, A. B.; BERNANKE, B. S.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. São Paulo: Pe-
arson Addison Wesley, 2008.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
DORNBUSH, R.; FISCHER, S.; STARTZ, R. Macroeconomia. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil, 2006.
FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade Social. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
HOFFMANN, R. Estatística para Economistas. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning,
2009.
KEYNES, J. M. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. São Paulo: Atlas,
1992.
LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Macroeconomia Básico e Inter-
mediário. São Paulo: Atlas, 2000.
MANKIW, N.G. Macroeconomia. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
______. Introdução à Economia: princípios de micro e macroeconomia. 3. ed. Rio
de Janeiro: Pioneira Thomson, 2006.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Economia. 5. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2004.
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2008.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1. B
2. E
3. A
4. D
5. A
Professora Dra. Juliana Franco Afonso
II
SISTEMA MONETÁRIO:
UNIDADE
OFERTA E DEMANDA DE
MOEDA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as funções da moeda e sua importância para a atividade
econômica.
■■ Conhecer o processo de criação de moeda na economia e seu efeito
multiplicador.
■■ Conhecer os determinantes da demanda por moeda e sua relação
com a taxa de juros.
Plano de Estudo
■■ As funções da moeda e a sua importância
■■ Oferta de moeda
■■ Demanda por moeda
49
INTRODUÇÃO
Hoje, no século XXI, não conseguimos nem imaginar como era o mundo antes
do aparecimento da economia monetária. Como as pessoas faziam as trocas de
bens e serviços?
Pois é, caro(a) aluno(a), o mundo não era tão fácil até o século XV, quando
as primeiras moedas metálicas começam a aparecer. Antes, as trocas eram rea-
lizadas por um mecanismo denominado escambo, ou seja, trocas diretas de
mercadorias. Mas para que a troca pudesse ser realizada, havia a necessidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
50 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AS FUNÇÕES DA MOEDA E SUA IMPORTÂNCIA
Quando a sociedade passa a definir uma mercadoria que servirá como inter-
mediária de troca, começa a surgir o conceito de moeda. Isso facilitou muito as
transações comerciais que eram realizadas nas feiras dentro das áreas feudais,
propiciando o surgimento das cidades. Várias mercadorias foram utilizadas como
moeda: sal, arroz, trigo, peixe, entre outras, dependia da região e do momento
histórico. Até a palavra salário teve sua origem pela utilização do sal, em Roma,
para o pagamento de serviços prestados. Mas, mesmo tendo facilitado as tran-
sações comerciais, este tipo de moeda continuava a apresentar os problemas de
perecibilidade, divisibilidade e estocagem, a evolução da moeda - mercadoria
para a moeda metálica - era uma questão de tempo.
As primeiras moedas metálicas utilizadas como instrumento monetário eram
feitas com metais não preciosos, como o cobre, o bronze e o ferro. Mas como
estes metais existiam em abundância, comprometiam uma das funções básicas
da moeda, que é servir como reserva de valor, comprometendo a sua aceitação
geral pela sociedade (LOPES; ROSETTI, 1998).
A substituição de metais não nobres pelo ouro e pela prata ocorreu de forma
progressiva. Como eles eram escassos, o seu valor mantinha-se relativamente está-
vel ao longo do tempo, favorecendo a sua aceitação irrestrita (LOPES; ROSETTI,
1998). Assim, a existência de uma economia monetária só aparece de forma defi-
nitiva a partir do século XV, com a utilização da moeda metálica feita de ouro
e prata, utilizada em grande escala como intermediária de troca. Até o século
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ouro e prata junto às casas de custódia, a qualquer momento. Com o aumento
da circulação dos certificados de depósito com lastro em ouro e prata, estava
criada uma nova modalidade de moeda denominada moeda-papel, com garan-
tia de plena conversibilidade.
Com o aumento da utilização deste tipo de moeda pelos agentes, as casas de
custódia verificaram que a conversão da moeda-papel em metais preciosos não
era solicitada ao mesmo tempo por todos os seus detentores e, todos os dias,
novos depósitos eram realizados. Diante disto, as casas de custódia começa-
ram a emitir certificados de depósito sem lastro de conversão, dando origem à
moeda fiduciária ou papel-moeda.
A emissão de certificados sem lastro em metais preciosos permitiu às casas
de custódia realizarem operações de empréstimos, mediante a cobrança de juros,
emissão de títulos e ações. Com a evolução destas operações, os recibos de cus-
tódia passaram a ser fracionariamente conversíveis até chegarem aos dias atuais
em que a moeda é de emissão privativa do Estado, e não há conversibilidade.
Segundo Lopes e Rossetti (1998), foi a partir da crise de 1929-1933, chamada
Grande Depressão, que começou a quebra da bolsa de valores de Nova York, as
moedas nacionais deixaram de ter garantias com lastro metálico proporcional,
prevalecendo as seguintes características dos sistemas monetários:
■■ inexistência de lastro metálico;
■■ inconversibilidade absoluta;
■■ monopólio estatal das emissões.
apenas uma parcela dos depósitos à vista, emprestando o valor restante. Fazendo
isto os bancos criam moeda escritural, e o volume de meios de pagamentos torna-
-se muito superior ao saldo de papel-moeda emitido pelo Banco Central.
É importante destacar que o depósito do público, nos bancos comerciais, é
considerado moeda, pois é uma promessa de pagar quando lhe for requerido.
Já o cheque, por sua vez, é apenas o mecanismo de conversão do depósito em
moeda manual, ou seja, nada mais é do que uma ordem de transferência de fun-
dos, da mesma forma o cartão de crédito.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ unidade de conta;
■■ reserva de valor.
a) Intermediária de trocas
A moeda serve como uma unidade padrão de medida utilizada para comparar
o valor de diversos bens e serviços que são expressos por meio dos preços. Além
disso, é por meio da moeda que podemos somar itens distintos.
c) Reserva de valor
Quando se recebe moeda por alguma transação que se tenha realizado, não é
preciso gastar todo o dinheiro imediatamente. Pode-se guardá-lo para uso pos-
terior. Isto significa que a moeda serve como reserva de valor. Mas para que esta
função seja cumprida é necessário que a moeda tenha o seu valor estável, possi-
bilitando que a pessoa que a possui consiga quantificar o seu poder de compra.
Neste sentido a inflação leva à deterioração do valor da moeda e à perda de sua
função como reserva de valor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OFERTA DE MOEDA
OFERTA MONETÁRIA
Oferta de Moeda
56 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Definimos como meios de pagamento o total de haveres monetários possuídos
pelo setor não bancário, de liquidez imediata. O estoque de meios de pagamento
(M) é representado por ( LOPES; VASCONCELLOS, 2000):
M = PMPP + DV
Sendo
M : estoque de meios de pagamento ou oferta de moeda
PMPP: papel-moeda em poder do público, emitido pelo Banco Central
DV: depósitos à vista, nos bancos comerciais
economia. Do total de moedas criadas pela Casa da Moeda, parte fica como
caixa no Banco Central (reserva), e parte é emitida, veja:
Oferta de Moeda
58 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reservas Compulsórias Depósito de poupança
Reservas Voluntárias Depósito a prazo
Empréstimos Empréstimos
Títulos Repasses do BNDES e
CEF
Imobilizado Patrimônio líquido
Fonte: adaptado de Mishkin (2002).
Assim, a cada R$ 1,00 de depósito à vista, uma parcela fica na forma de reserva
ou encaixe, e o restante o banco utiliza para realizar empréstimos, criando moeda
bancária ou discricionária uma vez que o repasse dos recursos a um terceiro não
reduz os meios de pagamento (oferta de moeda) do depositante. Assim, se a taxa
de reservas bancárias for de 20%, significa que para cada R$ 1,00 de depósito à
vista do público, os bancos emprestam R$ 0,80 e deixam R$ 0,20 na forma de
reserva. Se a taxa de reserva aumentar para 50%, o montante de recursos dispo-
níveis para empréstimo reduz, tornando o crédito mais restrito e, muitas vezes,
mais caro, pois os bancos podem tentar compensar aumentando a taxa de juros
de mercado.
Oferta de Moeda
60 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
3 C 2.500,00 1.250,00
4 D 1.250,00 625,00
5 E 525,00 262,50
6 F 313,00 156,50
7 G 156,00 78,00
8 H 78,00 39,00
9 I 39,00 19,50
10 J 20,00 10,00
19.881,00
Fonte: a autora.
1
Multiplicador � Bancário� =
nível � de
� reservas � compulsória
Vamos supor, agora, que o público retenha 10% dos meios de pagamento na
forma de papel-moeda, e os bancos continuem a manter 50% dos depósitos na
forma de reserva. Imaginemos uma expansão inicial na base monetária de R$
10.000. Qual seria a expansão total dos meios de pagamento?
Para responder a esta questão, devemos conhecer a fórmula do multipli-
cador monetário também conhecido como multiplicador da base monetária,
conforme Lopes e Vasconcellos (2000).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1
Multiplicador � Monetário = m � =
1 − d (1 − r )
Resposta: para cada R$ 1,00 de depósito à vista, o banco cria R$1,81, o total da
expansão monetária pelo aumento de R$ 10.000 na base monetária foi de R$
18.181,00.
Podemos perceber, pelos dois exemplos, que o valor do multiplicador é tanto
maior quanto maior for a preferência do público por depósito à vista em rela-
ção à retenção de papel-moeda. No primeiro exemplo, consideramos o depósito
de 100% da renda recebida pelo público e o valor do multiplicador era de m
= 2. No segundo exemplo, consideramos que a população retém 10% da renda
recebida na forma de papel-moeda e 90% são colocados nos bancos comerciais
como depósito à vista, e o valor do multiplicador reduz para m =1,81. Também
podemos verificar que o aumento das reservas bancárias reduz o valor do mul-
tiplicador. Em síntese temos:
Oferta de Moeda
62 UNIDADE II
• Quando d m
• Quando r m
Na realidade, para definirmos o multiplicador da moeda na prática, é importante reco-
nhecer que o Banco Central controla as reservas bancárias e a moeda em circulação
(PMPP), mas não controla o percentual de depósitos à vista nos bancos comerciais,
visto que cada cidadão decide o quanto depositar nos bancos. Assim é importante
entendermos o conceito de base monetária (KRUGMAN; WELLS, 2007):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
� ( B ) = papel − moeda � com
Base � Monetária � o � público ( PMPP ) + Reservas � ( R )
Moeda
Reserva em
Depósito
dos Circulação
em conta
Bancos Corrente
O Banco Central atua na economia controlando a oferta de moeda e faz isso por
três mecanismos principais (MISHKIN, 2002):
i. controle das reservas compulsórias;
ii. utilização da política de redesconto;
iii. operações de open-market.
a) Reservas compulsórias
Oferta de Moeda
64 UNIDADE II
b) Política de redesconto
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(taxa de empréstimo dos bancos), os bancos serão mais cautelosos na concessão
de crédito para evitarem recorrer a empréstimos do Banco Central para cobrir a
sua liquidez. Quando os bancos fazem isso, a oferta de moeda reduz.
De outra forma, se a taxa de redesconto estiver abaixo da taxa de juros de
mercado, os bancos possuem incentivos para expandir as suas operações de cré-
dito, tornando-se, inclusive, líquidos, recorrem a empréstimos do Banco Central,
obtendo um ganho com a diferença entre a taxa paga pelo empréstimo junto ao
Banco Central e a taxa de juros que ganha com os empréstimos.
c) Operações de open-market
Estudamos, até agora, os fatores que envolvem a oferta de moeda realizada pelo
Banco Central e pelos bancos comerciais. Devemos, agora, analisar quais fato-
res determinam a demanda por moeda pelo público e pelas empresas, isto é,
quais razões levam os indivíduos a reterem um determinado volume de moeda.
Segundo os economistas clássicos do século XVIII e XIX (Adam Smith,
David Ricardo, John Stuart Mill, Jean Baptiste Say e Frederic Bastiat), existem,
fundamentalmente, duas razões principais para os indivíduos reterem moeda
(LOPES; ROSSETTI, 1998):
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A demanda agregada de moeda para o motivo transação, segundo a versão clás-
sica, pode, então, ser expressa, como segue (LOPES;ROSSETTI, 1998):
L = k .P.Y
Sendo
L: demanda agregada de moeda
k: proporção de moeda retida pelo público em relação a um dado nível
de renda
Y: nível de renda ou produto
P: nível geral de preços
Por esta equação, podemos verificar que quanto maior o nível de renda (Y)
maior será a demanda por moeda. Resta-nos entender quais fatores determi-
nam maior ou menor valor da proporção k. Segundo Lopes e Rossetti (1998),
estes fatores são:
■■ a forma com os agentes econômicos (o público e as empresas) distribuem
as suas despesas ao longo do tempo;
■■ o intervalo entre pagamentos e recebimentos, definidos por hábitos
e práticas econômicas das empresas. Por exemplo, quando vamos ao
supermercado, normalmente, pagamos as compras à vista, mas a ener-
gia elétrica que consumimos em nossa residência, pagamos com um
prazo de 30 dias;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Assim, a demanda por moeda, na versão keynesiana, é representada como
segue (LOPES; ROSSETTI, 1998):
L = Lt ( �Y )� + Ls ( � i )
em que
L: é a demanda total de moeda
Lt: demanda de moeda para transação e precaução
Ls: demanda de moeda para especulação
Y: nível de renda real
i: taxa de juros
Lt i Y0 Y1
∆Lt
>0
∆Y
0 Y 0 Lt0 Lt1 Lt
(a) (b)
Figura 2 - Demanda agregada de moeda para transação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
i i Y0 Y1
Lt Ls
0 Ls 0 L
(a) (b)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando você toma uma decisão de investimento em ativos financeiros, ana-
lisa a rentabilidade real dos ativos? Considera a inflação e suas análises?
Efeito Fisher
No entanto, em uma economia inflacionária, para induzir um indivíduo a adqui-
rir um determinado título, a taxa nominal de juros terá que se ajustar à sua
expectativa com relação à inflação futura, sendo denominado efeito Fisher. Veja:
i = r +�π e
Assim, a taxa nominal de juros eleva-se ou por aumento da taxa real de juros
ex ante ( aquela que se espera receber ao fazer determinada aplicação), ou por
aumento na expectativa de inflação. Portanto, a demanda por moeda pode ser
expressa como uma função da renda, da taxa real de juros ex ante e da expecta-
tiva de inflação (CARVALHO, 2007):
d
M e
L f Y r
P
d
M
sendo a demanda real de moeda.
P
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vas de inflação dos agentes no momento presente (o aumento da oferta de moeda
gera inflação), elevando a taxa de juros nominal. Isto reduz a demanda por moeda,
gerando excesso de oferta, o que levará ao aumento dos preços, no presente, para
equilibrar a oferta e a demanda por moeda. Neste sentido, a inflação pode ocorrer
antes mesmo da emissão monetária (LOPES; VASCONCELLO, 2000).
Por outro lado, se houver expectativa de que o Banco Central reduzirá a oferta
de moeda no futuro, as expectativas de inflação serão para baixo, e a taxa de juros
nominal reduz no presente, aumentando a demanda por moeda para transação,
e os preços terão de reduzir para equilibrar o mercado monetário. Assim, se o
governo tiver credibilidade, ele consegue reduzir a inflação no presente, com um
simples anúncio de que no futuro adotará políticas restritivas.
Dada uma inflação de 6 % ao ano, o que compensa mais: aplicar o seu di-
nheiro na poupança, rendendo 7% ao ano de juros nominal, aplicar em Títu-
los do governo com um rendimento nominal de 11% ano, ou gastar todo o
dinheiro comprando bens e serviço?
Desta forma, podemos verificar que a demanda por moeda depende do custo de
oportunidade da moeda, que é medido pela rentabilidade dos ativos financeiros.
Vimos que a taxa de juros é utilizada como medida desta rentabilidade, assim, o
indivíduo decidirá se reterá moeda para utilizar em suas transações comerciais
ou se deixará este recurso aplicado em ativo financeiro (títulos) que rende juros,
sendo esta uma forma de substituir o consumo presente pelo consumo futuro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ridos durante o transporte da moeda para se realizar as trocas. Surge, assim, o
aparecimento das casas de custódia, onde as pessoas podiam depositar as suas
moedas feitas com metais preciosos em troca do recebimento dos certificados de
depósito, com garantia de plena conversibilidade, denominada de moeda-papel.
Como a conversão da moeda-papel em metais preciosos não era solicitada
ao mesmo tempo por todos os seus detentores, as casas de custódia começaram
a emitir certificados de depósito sem lastro de conversão, dando origem à moeda
fiduciária ou papel-moeda.
Hoje, a oferta de moeda na economia é definida pela classificação M1 do
Banco Central, representado pelo papel-moeda em poder do público (papel-mo-
eda + moeda metálica) mais os depósitos à vista, que é o dinheiro que deixamos
nos bancos em nossa conta corrente. Aprendemos que os bancos deixam parte
destes depósitos na forma de reservas e a outra parte ele empresta, criando meios
de pagamentos na economia, gerando, assim, um efeito multiplicador da moeda.
Também aprendemos que existem três motivos para retermos moeda: quere-
mos moeda para pagar nossas contas e comprar bens e serviços, para nos prevenir
da ocorrência de eventos que gerem despesas extras e, por último, para aplicar
em títulos financeiros que rendem juros.
Neste sentido, aprendemos que existe relação direta entre a renda e a demanda
por moeda e uma relação inversa entre a demanda por moeda e a taxa de juros,
sendo, agora, este visto como um custo de oportunidade.
MV = PT
em que
M: e a quantidade total de moeda
V: velocidade de circulação da moeda
P: nível geral de preços
T: número de transações
Assim, o produto da quantidade de moeda, pela sua velocidade de circulação, é igual
à soma de todos os preços multiplicados pelo volume de mercadorias transacionadas.
A velocidade de circulação da moeda representa o giro de uma unidade monetária em
um dado período de tempo, representando quantas vezes esta moeda muda de mãos
por causa das trocas. Por exemplo, quando você gasta R$ 10,00 em uma padaria para
pagar o seu café da manhã, esta mesma nota de R$ 10,00 vai ser utilizada pelo dono da
padaria para dar troco e a pessoa que pegou o troco pode utilizar esta nota para pagar
outros itens, como o estacionamento, e assim por diante.
Para facilitar o entendimento desta teoria, podemos transformar a equação quantitativa
da moeda, utilizando, no lugar do número de transações (T), o produto (renda) da eco-
nomia (Y), representado pelo PIB nominal. Podemos reescrever a equação quantitativa
da moeda da seguinte forma:
MV = PY
em que
Y : produto real
V: velocidade renda da moeda
Esta equação diz que a quantidade de moeda nominal multiplicada pela velocidade da
moeda é igual ao PIB nominal.
Podemos reescrever a equação apresentada para estabelecer uma relação entre a quan-
tidade de moeda (M) e o produto nominal (PY):
76
1
M =� PY
V
Supondo constante a velocidade de circulação da moeda (V), a equação quantitativa
fornece a primeira explicação para o surgimento da inflação, visto que toda variação
no estoque de moeda deverá gerar a variação proporcional no produto nominal (PY).
Considerando que, no curto prazo, o produto seja constante, decorrente da demora na
resposta da produção, temos que a variação na quantidade de moeda (aumenta o con-
sumo) acarretará aumento proporcional no nível de preços. Assim, o aumento contínuo
da oferta na oferta de moeda leva ao aumento contínuo da inflação.
O mecanismo de transmissão ocorre da seguinte forma: o aumento da oferta de mo-
eda leva os indivíduos a aumentarem a demanda por bens e serviços, como o setor
produtivo não responde tão rapidamente ao aumento da demanda, pode ocorrer ex-
cesso de demanda, levando a posterior aumento de preços para restaurar o equilíbrio
no mercado de bens e serviços.
Macroeconomia
Oliver Blanchard
Editora: Pearson Education
Sinopse: por meio dessa edição de Macroeconomia, o autor Olivier Blanchard
teve dois objetivos principais: estreitar o contato com os fatos macroeconômicos
atuais – como a introdução de uma nova moeda na Europa Ocidental, a
eliminação dos déficits orçamentários nos Estados Unidos, a transformação
da Europa Oriental, a crise na Ásia. Esses eventos – e muitos mais – estão
descritos no livro, em boxes pormenorizados, cada um deles mostrando como a
macroeconomia pode ser aplicada para entender o que aconteceu; o segundo
objetivo foi oferecer uma visão integrada da macroeconomia.
Agora o livro se organiza em duas partes importantes, um fundamento e um conjunto de três
extensões principais. O fundamento apresenta uma visão integrada do curto prazo, do médio
prazo e do longo prazo. As três extensões examinam o papel das expectativas, as implicações
da abertura, e as patologias, do desemprego elevado à hiperinflação. Isto tem duas vantagens:
permite ao leitor obter rapidamente uma visão integrada da macroeconomia e das flutuações de
curto prazo ao crescimento.
Caro(a) aluno(a), sugiro este vídeo para que você possa ampliar um pouco mais seu
conhecimento sobre a evolução da moeda. Ele apresenta, de forma simples e didática,
como se deu a evolução da moeda na economia brasileira até a implantação do Plano
Real. Você conhecerá todos os tipos de moeda que tivemos. Confira o vídeo no link :
<www.youtube.com/watch?v=i6pPim5TQLM>.
Material Complementar
80
REFERÊNCIAS
1. D
2. B
3. C
Questão 4:
Sendo d a parcela dos meios de pagamento que o público mantém como depósito
à vista, e r a relação reservas/depósitos à vista dos bancos comerciais,
no exemplo d = 80% e r = 37,5%, assim o valor do multiplicador monetário é:
1 1
Multiplicador Monetário m 2
1 d 1 r 1 0, 8 1 0, 375
� Pagamento � ( M )
Meios � de
� ( m ) =�
multiplicador � monetário
Base � Monetária � ( B )
Meios de Pagamento M 2 5 x R 1.000.000 R 2.500.000, 00
Resposta: o meios de pagamento aumentaram R$ 2.500.000,00.
Professora Dra. Juliana Franco Afonso
POLÍTICA MONETÁRIA E
III
UNIDADE
PRODUTOS FINANCEIROS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar o conceito de moeda e sua relação com a determinação
da taxa de juros.
■■ Ensinar como o governo utiliza a política monetária para estimular o
crescimento econômico e os instrumentos que utiliza para alcançar
seus objetivos.
■■ Mostrar os principais produtos financeiros que são negociados no
mercado monetário.
Plano de Estudo
■■ A moeda e a taxa de Juros
■■ Objetivos de política e política monetária
■■ Produtos financeiros
85
INTRODUÇÃO
Este estudo visa apresentar a você, de forma simples e objetiva, como a taxa
de juros é determinada no mercado monetário, e o que acontece na economia
quando esta taxa está fora da sua condição de equilíbrio. Como órgão emissor
da moeda, o Banco Central também é a instituição executora da política mone-
tária na economia, a qual consiste no uso de mecanismos operacionais que visam
controlar a oferta de moeda e a taxa básica de juros.
Mostrarei que o governo utiliza-se de meios para alcançar seus objetivos
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Introdução
86 UNIDADE III
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A MOEDA E A TAXA DE JUROS
Sabemos que a remuneração da moeda é dada pela taxa de juros, sendo conside-
rada como um custo de oportunidade. Neste sentido, devemos entender como as
taxas de juros são formadas na economia. Para simplificar nosso entendimento,
vamos supor que exista apenas uma taxa de juros que é paga sobre os ativos
financeiros não monetários tanto no curto como no longo prazo. Utilizaremos
esta simplificação para entendermos a formação da taxa de juros na formação
do equilíbrio, no mercado monetário. Entendido como as taxas de juros são for-
madas, apresentarei a você quais são as taxas de juros do mercado financeiro.
em que
P: nível geral de preço
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Taxa de
juros Oferta
Equilíbrio
i0
Demanda
Quantidade
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de moeda
nominal
Figura 1 - Equilíbrio no mercado de moeda
Fonte: a autora.
Vamos supor que a taxa de juros está mais elevada que a taxa de juros de equilíbrio
(i1 > i0) . Quando isso acontece, a demanda por moeda pela população é menor
que a oferta de moeda, pois as pessoas preferem ter menos dinheiro líquido em
mãos, aplicando o máximo que puderem em ativos que rendem juros (depósitos a
prazo, renda fixa etc.). O aumento da demanda por estes tipos de ativos, também
denominados títulos financeiros, provocará a redução dos juros pagos por eles,
pois suas entidades emissoras não terão que oferecer altos pagamentos de juros
para atrair dinheiro, e a taxa de juros converge para a taxa de juros de equilíbrio.
Por outro lado, se a taxa de juros está mais baixa que a taxa de juros de
equilíbrio (i1 < i0), a população preferirá ter mais dinheiro líquido a ter dinheiro
aplicado nos ativos financeiros que rendem juros e, na tentativa de transferir a
sua riqueza, acabam pressionando a taxa de juros para cima, em direção à taxa
de juros de equilíbrio.
Taxa de
juros Oferta
Oferta2
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Equilíbrio
Equilíbrio
i0
Demanda
Quantidade
de moeda
nominal
Figura 2 - Efeito de um aumento na oferta de moeda sobre a taxa de juros
Fonte: a autora.
Equilíbrio
Taxa de
juros Oferta2 Oferta
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Equilíbrio
i0
Demanda
Quantidade
de moeda
nominal
Figura 3 - Efeito de uma redução da oferta de moeda sobre a taxa de juros
Fonte: a autora.
Pela Figura 3, podemos ver que uma redução oferta de moeda pelo Banco Central
desloca a curva de oferta de moeda para a esquerda. Ao mesmo nível de taxa de
juros (i0), a demanda por moeda permaneceria a mesma, ocasionando um excesso
de demanda por moeda. Como consequência a taxa de juros sobe até que o mer-
cado alcance um novo equilíbrio. A uma taxa de juros mais alta, a preferência
do público por reter liquidez reduz, visto que o custo de reter moeda aumenta,
e o público aumenta a sua demanda por ativos financeiros que rendem juros.
Taxa de
juros Oferta2
Oferta
Equilíbrio2
Equilíbrio
i0
Demanda
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Quantidade
de moeda
nominal
Figura 4 - Efeito do aumento da renda sobre a taxa de juros
Fonte: a autora.
MS
curva LM
A’ A’
Taxa de juros, i
Taxa de juros, i
i’ i’
M d’
(para Y>Y)
A A
i i
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M d (para Y)
M/P Y Y’
Moeda (real), M/P Renda, Y
(a) (b)
Figura 5 - Derivação da curva LM
Fonte: Blanchard (2007).
Assim, para cada oferta de moeda, o equilíbrio dos mercados monetários indica
que o aumento do nível de renda (que aumenta a demanda por moeda) leva ao
aumento da taxa de juros. Diante disso, podemos constatar que o crescimento
econômico, com aumento do emprego e da renda, gera aumento da demanda
por moeda para o motivo transação, e dada a oferta de moeda, a taxa de juros
de equilíbrio da economia eleva-se.
it t r* g yt h t
*
em que
ti: taxa básica de juros nominais no período t
π*: taxa real de juros de equilíbrio
πt = taxa média da inflação de um determinado período de tempo
π*: meta de inflação
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Agora que já sabemos como as taxas de juros são formadas no mercado mone-
tário, é importante sabermos que existem várias taxas de juros que são tomadas
como base ou referência nas transações financeiras. Vamos aprender sobre as
principais: taxa DI, taxa Selic, taxa referencial de juros (TR), taxa financeira
básica (TBF) e taxa de juros de longo prazo (TJLP).
A taxa Selic
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Os pagamentos no Selic processam-se por meio de reservas bancárias, e as
transferências dos títulos entre os investidores somente são autorizadas pelo sis-
tema mediante movimentações nessas reservas (ASSAF NETO, 2014).
A taxa de juros apurada diariamente nas negociações destes títulos é conhecida
como taxa Selic. Esta taxa é fixada pelo Banco Central pelo Copom (Comitê de
Política Monetária), sendo considerada a de mais baixo risco. Por isso, é utilizada
como a taxa de referência para as demais taxas de juros do mercado financeiro.
Segundo o Banco Central, a sua formulação básica é dada por (ASSAF
NETO, 2014):
252
k j xV j
Taxa Selic a.a. 1 1 x100 ao ano
Vj
em que
Kj: taxa diária aplicada a j - ésima operação
Vj: valor (R$) da j = ésima operação
Verifica-se que a taxa Selic é determinada pela capitalização da taxa média pon-
derada das operações por dia útil, que, por resolução do Banco Central, são 252
dias úteis no ano. Por meio do Selic, as instituições financeiras podem adquirir
e vender títulos todos os dias, criando uma taxa diária conhecida como overni-
ght e representativa das operações de um dia útil.
A taxa DI
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cheques. Em termos de liquidação financeira das operações, os sistemas Selic e
Cetip passaram a ter o mesmo procedimento de pagamento (ASSAF NETO, 2014).
Na figura a seguir, tem-se o histórico da taxa Selic meta, desde jul. 1996.
HISTÓRICO TAXA SELIC META
45
40
35
Taxa Selic (% ao ano)
30
25
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20
12,75
15
10
5
jul-96
jan-97
jul-97
jan-98
jul-98
jan-99
jul-99
jan-00
jul-00
jan-01
jul-01
jan-02
jul-02
jan-03
jul-03
jan-04
jul-04
jan-05
jul-05
jan-06
jul-06
jan-07
jul-07
jan-08
jul-08
jan-09
jul-09
jan-10
jul-10
jan-11
jul-11
jan-12
jul-12
jan-13
jul-13
jan-14
jul-14
jan-15
Figura 6 - Histórico da taxa Selic
Fonte:Minhas Economias (2015, on-line)2.
Segundo Kerr (2011), a taxa referencial (TR) foi criada em 1991 com o objetivo
de ser uma taxa referencial dos juros e promover a substituição da indexação
presente na economia que era realizada pela ORTN (Obrigações Reajustáveis
do Tesouro Nacional), Bônus do Tesouro Nacional (BTN) entre outros. A TR é
obtida pela média ponderada mensal das taxas de remuneração dos títulos de
dívida privada: Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e dos Recibos de
Depósitos Bancários (RDB) prefixados das trinta maiores instituições financei-
ras cujo rendimento médio é atrelado ao CDI. Sobre a média apurada das taxas
dos CDBs/RDBs, é aplicado um redutor que varia mensalmente.
Esta taxa é apurada e anunciada mensalmente pelo governo e utilizada no
cálculo do rendimento de vários investimentos, tais como: títulos públicos, cader-
neta de poupança, FGTS, títulos da dívida agrária e outras operações, como
empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), pagamentos a prazo
e seguros em geral.
A TJLP foi criada para remunerar os contratos de longo prazo. Segundo Assaf
Neto (2014), esta taxa veio substituir, definitivamente, a indexação na economia
brasileira, tendo um prazo de vigência de três meses.
Segundo Kerr (2011), são considerados os seguintes fatores no cálculo da
TJLP: a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional e prêmio
de risco, que incorpora a taxa de juros real internacional e um componente de
risco Brasil perspectiva de médio e longo prazo.
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A TJLP é aplicada em:
■■ linhas de financiamento do BNDES;
■■ recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);
■■ fundo de participação PIS-PASEP;
■■ Fundo de Marinha Mercante (FMM).
A Figura 7 apresenta a evolução da taxa Selic e da TJLP. Verifica-se que, quando a
inflação está alta, o Banco Central aumenta a taxa Selic para desaquecer o mercado.
18,00
16,00
14,25
14,00 13,75
12,00 12,50
10,00
8,00 7,50
6,00
6,00
5,00
4,00
2,00
0,00
jan-06
jul-06
jan-07
jul-07
jan-08
jul-08
jan-09
jul-09
jan-10
jul-10
jan-11
jul-11
jan-12
jul-12
jan-13
jul-13
jan-14
jul-14
jan-15
jul-15
jan-16
jul-16
jan-17
Selic TJLP
Com juros mais altos, as pessoas e empresas tendem a consumir menos e, por-
tanto, a atividade econômica cede, assim como a inflação. No entanto a TJLP
também é uma taxa de juros básica, pois pauta os empréstimos do BNDES e não
muda com as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim, na
prática, há duas taxas básicas de juros: uma taxa de juros baixa para quem tem
acesso ao BNDES, e outra taxa de juros alta que baliza os empréstimos para as
demais pessoas e empresas.
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Segundo este autor, as questões relativas ao aumento do nível do emprego e ao
controle da inflação são consideradas como conjunturais, de curto prazo, cons-
tituindo-se nas chamadas políticas de estabilização. Alguns textos colocam
também como meta de curto prazo o equilíbrio no balanço de pagamentos,
visto que o seu déficit gera redução de divisas (moeda estrangeira) na economia.
Já com relação à distribuição equitativa da renda, alguns economistas,
como Mário Henrique Simonsen, argumentam que, no processo de crescimento,
ocorre desigualdade com mobilidade, ou seja, o indivíduo permanece pouco na
mesma faixa salarial e tem facilidade de ascensão. Isso seria um fator importante
para a convivência com a má distribuição de renda (VASCONCELLOS, 1994).
A quarta meta macroeconômica refere-se ao crescimento econômico, que
representa o crescimento da renda nacional per capita, isto é, que a produção
de bens e serviços supere o crescimento populacional. A renda per capita é uti-
lizada como um indicador para medir a melhoria do bem-estar e do padrão de
vida da população, pois está implícito o aumento do emprego e da renda. No
entanto possui falhas, pois não leva em consideração indicadores sociais, como:
concentração de renda, taxa de analfabetismos, mortalidade infantil, entre outros
indicadores sociais.
Assim, podemos dizer que um país está realmente melhorando seu nível de
desenvolvimento econômico e social se, em conjunto com o aumento da renda
per capita, houver melhora dos indicadores sociais (pobreza, desemprego, meio
ambiente, moradia etc.). Vasconcellos (1994) afirma que, se existe desemprego
e capacidade ociosa das empresas, o produto da economia pode ser aumentado
por meio de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. Mas há
um limite à quantidade do que se pode produzir com os recursos disponíveis.
Assim, se a economia alcançar o pleno emprego dos recursos produtivos para
aumentar o produto além desse limite, exigirá:
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da produção agregada e, portanto, do emprego.
Diante do exposto até aqui, podemos verificar que o administrador público
(policy-maker) tem de fazer uma escolha quanto à ênfase a ser dada a diferentes
objetivos, visto que cada combinação afeta diferentes grupos na sociedade, de
formas diferente, e qualquer escolha estará sujeita à objeção política pelos repre-
sentantes dos grupos para os quais a escolha alternativa é pior.
Quando analisamos os partidos políticos, geralmente, conseguimos prever a
alternativa de política econômica a ser escolhida, a partir do conhecimento prévio
das políticas de campanha e, assim, prever os futuros impactos do novo governo
na economia. Para atingir estes objetivos globais da economia, o governo pode
atuar sobre a capacidade produtiva (produção agregada) e despesas planejadas
(demanda agregada), visando permitir à economia operar a pleno emprego dos
fatores de produção, com baixas taxas de inflação e distribuição equitativa de
renda. Os principais instrumentos utilizados pelo governo são:
■■ política fiscal;
■■ política cambial e comercial;
■■ política de rendas (controle de preços e salários);
■■ política monetária;
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Como vimos, uma das formas de o governo atingir os objetivos das políticas
globais é pela da utilização da política monetária, que consiste no controle do
governo sobre a quantidade de moeda, o crédito e a taxa de juros, que é reali-
zada pelos seguintes instrumentos de política (CARVALHO, 2007):
■■ emissões de moeda pelo Banco Central;
■■ reservas compulsórias (percentual sobre os depósitos que os bancos comer-
ciais devem reter junto ao Banco Central);
■■ operações de open market (compra e venda de títulos públicos);
■■ política de redescontos (empréstimos do Banco Central aos bancos
comerciais);
■■ regulamentação sobre crédito e taxa de juros.
Sendo
ΔM = variação dos meios de pagamentos ou oferta monetária
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Por outro lado, quando o Banco Central reduz as taxas de reservas com-
pulsórias, a proporção dos depósitos à vista que podem ser direcionados aos
empréstimos aumenta, os bancos comerciais concedem mais empréstimos e o
valor do multiplicador monetário “k” aumenta, e, consequentemente, aumenta
a oferta de moeda na economia.
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No Brasil, as taxas de reservas compulsórias são aplicadas não apenas sobre
os depósitos à vista, mas também sobre os depósitos a prazo (dinheiro apli-
ca nas cadernetas de poupança, CDB etc.).
Fonte: a autora.
Diante do que foi apresentado até aqui, temos que se o objetivo de política for
o controle da inflação, a medida de política monetária seria diminuir o estoque
monetário da economia, e isto poderia ser feito pelo aumento da taxa de reserva
compulsória ou pela venda de títulos no mercado aberto (open market). Mas, se
a meta for o crescimento econômico, o processo seria o inverso.
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no leilão primário pode revende-lo no mercado secundário cujo instrumento
operacional é o open market (mercado aberto). Por este mecanismo, a institui-
ção financeira vende o título ao público com compromisso de recompra em data
futura, mediante remuneração, chamada operações compromissadas.
O spread bancário, receita financeira da instituição, é formado no diferen-
cial entre a taxa de juros que é ganha na compra do título e a taxa de juros que
é paga na sua venda. Quando um banco vende um título público, com compro-
misso de recompra, comporta-se como se estivesse tomando empréstimos no
mercado para financiar suas operações, entregando os títulos como garantia. No
entanto, caso o investidor decida permanecer com o título e a instituição des-
fizer-se dele, ocorre a operação definitiva, ou seja, a liquidação da transação.
Neste contexto, é formada a taxa Selic, que representa a taxa média diária das
operações compromissadas, conhecidas como overnight (ASSAF NETO, 2014).
Outro aspecto importante é que o investidor, como eu e você, não é obri-
gado a manter o título até o seu vencimento, pode revendê-lo antecipadamente.
No entanto, neste caso, as negociações ocorrem à taxa do dia, pode ser diferente
da taxa contratada, não conseguindo o investidor garantir a taxa prometida na
compra do título. Além disso, há a incidência do Imposto de Renda sobre a ren-
tabilidade dos títulos, que obedece à seguinte regra:
PRAZO IR (ALÍQUOTA)
Até 180 dias 22,5%
De 181 a 360 dias 20%
De 361 a 720 dias 17,50%
Acima de 720 dias 15%
Fonte: adaptado de Tesouro Direto ([2018], on-line)5.
O rendimento dos títulos da dívida pública podem ser de dois tipos: pré-
-fixados ou pós-fixados. A remuneração é atrelada a um indexador, como:
taxa Selic, taxa referencial – TR, índice de inflação como o IPC-A, IGP-M ou
variação cambial.
Fonte: adaptado de Tesouro Direto ([2018], on-line)6.
Política de Redesconto
Uma das funções do Banco Central é ser banco dos bancos, o que significa que,
se os bancos comerciais precisarem de liquidez, em última instância, o Banco
Central deve atuar suprindo os bancos de moeda, por meio de desconto de títu-
los dos bancos comerciais a uma taxa pré-fixada, chamada taxa de redesconto.
O controle dos meios de pagamentos por este instrumento de política mone-
tária resulta das seguintes operações (LOPES; ROSSETTI, 1998):
■■ Alteração da taxa de redesconto. Quando o Banco Central quer aumen-
tar a liquidez dos bancos, ele reduz a taxa de redesconto e, quando quer
evitar que os bancos adquiram empréstimos, ele aumenta a taxa de redes-
conto, o que aumenta o custo de oportunidade dos empréstimos.
■■ Mudança nos prazos concedidos aos bancos comerciais para resgate dos
títulos redescontados. Quanto menores os prazos de resgate, maior será
o percentual dos depósitos à vista deixados como reservas de caixa nos
bancos comerciais e, assim, menor será a oferta de moeda e vice-versa.
■■ Fixação de limites operacionais. Quanto menores os limites operacionais
de crédito, menor será o montante de empréstimos e, assim, da oferta de
moeda e vice-versa.
■■ Restrição dos tipos de títulos redescontáveis. Quanto maiores forem as
restrições, menores serão as possibilidades oferecidas aos bancos para se
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socorrerem junto ao Banco Central, em caso de dificuldade de caixa. Assim,
os bancos adotaram políticas mais conservadoras na concessão de cré-
dito, e a oferta monetária é restringida. O contrário também é verdadeiro.
PRODUTOS FINANCEIROS
Produtos Financeiros
112 UNIDADE III
Uma característica comum destes ativos é que eles são considerados renda
fixa de baixo risco para o investidor. A principal característica que define uma
renda como fixa é que a sua rentabilidade é previamente definida no momento
da aplicação financeira. Os investimentos em renda fixa ainda podem ter a sua
remuneração (taxa de juros por exemplo) pré-fixada e pós-fixada, a diferença é
que os pré-fixados você já sabe exatamente a rentabilidade que receberá, já com
o pós-fixado sabe-se, previamente, qual será a forma de cálculo da sua rentabi-
lidade, mas ela pode variar. Mesmo assim, este último é uma renda fixa porque
o valor inicial do investimento é preservado.
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De acordo com Assaf Neto (2014), as aplicações em rendas fixas podem ser
divididas em três grupos de emissores: o governo (emissão de Títulos Públicos),
Bancos (DCBs, RDBs, Letras Hipotecárias, Poupança, Letras de Câmbio,
Previdência Privada) e empresas (debêntures, commercial papers). Vamos apren-
der um pouco mais sobre cada um deles:
Produtos Financeiros
114 UNIDADE III
Além disso, as taxas cobradas são muito inferiores que a maioria de papéis de
renda fixa existentes no mercado. O investidor pode, ainda, caso necessitar,
converter os papéis em dinheiro por vender a preços de mercado todas as quar-
tas-feiras, dia em que o Tesouro oferece a recompra a preços de mercado.
Outro benefício é fiscal, pois, diferente dos fundos de investimento que
possuem o chamado “come-cotas” (que é a cobrança antecipada de parte do
Imposto de Renda duas vezes por ano), no caso do Tesouro Direto, a cobrança
do Imposto de Renda sobre os rendimentos só é feita no momento da venda ou
do vencimento do título.
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Podem investir nesses papéis qualquer pessoa residente no Brasil que possua
Cadastro de Pessoa Física - CPF e esteja cadastrada em alguma das instituições
financeiras habilitadas a operar no Tesouro Direto.
• Caderneta de Poupança
A caderneta de poupança é o tipo de investimento mais tradicional, conservador
e popular do Brasil. Envolve baixos riscos e, por isso, sua remuneração nominal
também é baixa, atualmente, em torno de 0,5% ao mês, aplicada sobre os valo-
res atualizados pela TR (Taxa Referencial), com capitalização mensal creditada
na data de aniversário da aplicação (FORTUNA, 2008). As principais vantagens
das aplicações na poupança são:
■■ liquidez imediata;
■■ investimentos de até R$ 60 mil são garantidos pelo Fundo Garantidor de
Crédito. Assim, em caso de falência do banco este valor fica garantido;
■■ há isenção de incidência do Imposto de Renda para pessoas físicas. Já as
pessoas jurídicas sofrem incidência do IR sobre os rendimentos com as
seguintes alíquotas:
–– aplicações de até 180 dias: 22,5%;
–– aplicações de 181 a 360 dias: 20%;
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Produtos Financeiros
116 UNIDADE III
As aplicações em CDB podem ser feitas por qualquer pessoa que seja corren-
tista de um banco e tenha dinheiro para investir. O prazo varia de 30 a 180 dias,
e o valor mínimo depende da modalidade disponível no banco. Geralmente, os
bancos oferecem taxas maiores de acordo com o valor investido.
No CDB há incidência do Imposto de Renda, que varia de 15% a 22,5%,
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de acordo com o tempo investido, pago no resgate da aplicação. Não há taxa de
administração. Se o valor ficar aplicado por menos de 30 dias, será cobrado o
Imposto sobre Operação Financeira (IOF).
O risco de aplicação em CDBs é baixo, pois está associado à solidez do banco.
O investidor só perde a aplicação caso a instituição vá à falência, porém o FGC
(Fundo Garantidor de Crédito) garante o valor de até R$ 250 mil por CPF, se a
instituição for associada ao Fundo.
A rentabilidade do CDB é atrelada ao CDI. Assim, um CDB pode render:
■■ 100% do CDI;
■■ mais que 100% do CDI;
■■ menos que 100% do CDI.
Exemplo 1
Um CDB que rende 100% do CDI e este teve uma taxa acumulada de 11,60%,
nos últimos 12 meses, teria rendido exatamente 11,60%, no mesmo período.
Exemplo 2
Caso seu CDB renda 90% do CDI, e o CDI foi de 11,60%, nos últimos 12 meses, a
rentabilidade do seu investimento, no mesmo período, será de 10,44% (11,60 * 0,90).
Exemplo 3
Se um CDB oferece remuneração, por exemplo, de 90% do CDI ao investidor,
e o valor do CDI é de 7%, e for deixado capital investido durante 100 dias, qual
será a rentabilidade líquida do investidor?
■■ 90% de 7% = 6.3%
■■ IR de 22,5 % = 0,225 x 6.3% = 1,42%
■■ Rentabilidade Líquida = 6,3 % - 1,42% = 4,88%
Produtos Financeiros
118 UNIDADE III
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tenha mais de 16 anos de idade, é preciso que este menor também con-
tribua para a previdência oficial para poder contar com o benefício do
abatimento de IR. Exemplo: imagine alguém que tenha uma renda bruta
anual de R$ 200.000,00. Este contribuinte poderá abater então até 12%
dessa renda a título de previdência privada, ou seja, R$ 24.000,00 (desde
que, é claro, tenha de fato contribuído para isso. É necessário compro-
vação). Ficaria assim: a base de cálculo do IR passaria de R$ 200.000,00
para R$ 200.000,00 – R$ 24.000,00 = R$176.000,00.
4. Em caso de saque antecipado, o valor sacado será tributado (lembre-se
de que o Leão não é tão manso assim), de acordo com a tabela progres-
siva do IRPF. Geralmente, os percentuais são elevados, podendo chegar
a 27,5% do montante (capital mais juros acumulados).
5. Em caso de recebimento do valor na forma de renda mensal, o valor rece-
bido entrará como rendimento tributável (igualzinho ao FAPI) e deverá
ser somado às outras rendas tributáveis para compor a base de cálculo
do IRPF.
Portanto, meu caro, pense bem antes de escolher o plano. Isto porque, se você
não se enquadrar na regra número 1 apresentada, ou seja, se não declarar no for-
mulário completo (ou declara como isento), ou ainda se já atingiu o teto máximo
de abatimento de 12% a título de previdência complementar, mas deseja contri-
buir além desse teto, o ideal para você é o VGBL.
VGBL: a sigla vem de vida gerador de benefício livre (preste atenção no V de
vida). Esta forma de previdência complementar privada guarda todas as caracte-
rísticas do PGBL na questão de rendimentos, portabilidade, porém, uma diferença
importantíssima é o tratamento fiscal: ao contrário do PGBL, no VGBL não há
benefício fiscal algum. Não se podem abater valores pagos neste plano (que na
verdade é uma forma de seguro de vida) na declaração de IRPF.
Porém a vantagem é que, caso você necessite resgatar o valor total ou parcial
antes da época prevista para recebimento de benefícios, o Imposto de Renda a ser
cobrado incidirá somente nos rendimentos, como acontece em qualquer outra apli-
cação financeira. Isso é ótimo, caso a pessoa decida investir em outro tipo de ativo
financeiro, como um imóvel, por exemplo, durante o período em que está acumu-
lando esses valores. O resgate não trará nenhum prejuízo em relação a impostos.
Estas são apenas algumas características dos planos PGBL e VGBL. Existem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
outras, e eu recomendo entrar nos portais das empresas que oferecem esses produ-
tos e simular alguns planos que estejam dentro de seu perfil de renda e interesse.
Recomende isso também a quem você assessorar.
• Letras Hipotecárias – LH
São títulos emitidos por instituições financeiras autorizadas a conceder crédi-
tos hipotecários, como as sociedades de crédito imobiliário e bancos múltiplos
com carteira imobiliária e a Caixa Econômica Federal, com lastro em financia-
mentos habitacionais.
São emitidas com juros pré-fixados, flutuantes e pós-fixados em TR, TJLP
ou TBF no prazo mínimo de 180 dias, pois, se resgatados antes desse prazo, não
remuneram o investidor. O prazo máximo é o do vencimento dos créditos hipo-
tecários caucionados em garantia.
Produtos Financeiros
120 UNIDADE III
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quer dos créditos imobiliários que lhe servem de lastro,
■■ a pessoa física é isenta de Imposto de Renda, mas à pessoa jurídica a tri-
butação vai em linha com a de renda fixa,
■■ prazos de aplicação: no caso da Caixa Econômica Federal, atualmente, a
instituição mais ativa em crédito imobiliário, no Brasil, o prazo mínimo
dessa aplicação é de dois meses, e o máximo de 24 meses (2 anos);
■■ aplicação mínima: R$ 30.000,00 e o BB aceita a partir de R$ 1.000,00.
■■ Remuneração: atrelada ao CDI, normalmente, entre 80% e 95% do CDI.
Fonte: Caixa Econômica Federal ([2018], on-line)8.
Exemplo 1
Suponha um título de LCI que remunere 90% do CDI ( 14,13% ano). Qual o valor
da sua rentabilidade líquida se você tivesse deixado aplicado no período de 1 ano?
Solução:
0,9 x 14,13 = 12,7% ano
Resposta: a rentabilidade é de 12,7% ao ano, visto que não paga IR.
• Debêntures
São títulos de dívida de médio e longo prazos, emitidos por sociedades anô-
nimas privadas, que conferem ao investidor (debenturista) um direito de
crédito contra a mesma, de acordo com as características constantes na escri-
tura de emissão. É negociado em Bolsas de Valores e no Mercado de Balcão
(ASSAF NETO, 2014).
Normalmente, os recursos captados com o lançamento de debêntures são uti-
lizados para financiamento de projetos, reestruturação de passivos ou aumento
do capital de giro das empresas. Cada debênture emitida representa uma fração
Produtos Financeiros
122 UNIDADE III
do total da dívida contraída pela companhia, no ato da emissão, e pode ser nego-
ciada no mercado secundário. Apesar de terem características de títulos de renda
fixa (ou seja, tem índices de remuneração previamente conhecidos, sejam pré
ou pós fixados), as debêntures podem ter características de renda variável, como
prêmios, participação no lucro da empresa ou mesmo conversibilidade em ações
da companhia emissora. Quem adquire uma debênture passa a ser credor da
empresa, recebe juros periódicos pelo “empréstimo” e, no vencimento, recebe
de volta o valor pago pelo título inicialmente.
As debêntures têm algumas classificações, e é importante que você as conheça.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Essas classificações são quanto à posse, à espécie e à garantia (ABRASCA, 2008,
on-line)9.
Quanto à posse, as debêntures podem ser:
■■ nominativas - quando consta o nome do titular nos certificados que são
emitidos fisicamente.
■■ escriturais - são emitidas em meio eletrônico, não existindo a emissão
física do certificado, embora sejam, mesmo assim, nominativas.
• Commercial papers
Os commercial papers são títulos de dívida, emitidos por empresas, que podem,
ou não, ser financeiras, direcionados ao financiamento das necessidades de capi-
tal de giro como compra de estoques, pagamentos de fornecedores, entre outros.
Possuem um prazo de duração mais curto que o das debêntures e, por isso, são
mais indicadas para investidores com interesse em aplicações a curto prazo,
sendo o prazo mínimo de um mês, e o máximo de um ano.
Produtos Financeiros
124 UNIDADE III
A rentabilidade destes títulos é por meio dos juros pagos pelas empresas
(emissoras dos títulos) aos investidores, podendo ser pré-fixados e pós-fixados.
Também há a possibilidade de emissão de commercial papers fixados em dóla-
res. A garantia desses títulos está vinculada à saúde financeira da empresa, tendo
um risco maior para o investidor (ASSAF NETO, 2014).
O commercial paper tem como principal função permitir ao setor produ-
tivo a captação de recursos, no mercado financeiro, a curto prazo, a juros mais
baixos que os bancários. Assim, obtem-se de capital de giro e pode, até mesmo,
vir a financiar projetos de ampliação, desenvolvimento de produtos/serviços ou
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mesmo pagamento de impostos (CETIP, 92018], on-line)11.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
126
Caro(a) aluno(a), indico este vídeo para que você possa ampliar um pouco mais seu conhecimento
sobre produtos financeiros. Ele apresenta as características dos principais títulos de renda fixa.
Você pode acessá-lo neste link: <www.youtube.com/watch?v=2a8Jx9SdtAQ>.
131
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2007.
CARVALHO, F. J. C; PIRES, S. F. E; SICSU, J.; PAULA, L. F. R; STUDART, R. Economia Mo-
netária e Financeira. Rio de Janeiro: Campus, 2007.
DORNBUSCH, R. FICHER, S. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Makron Books, 1991.
FORTUNA, E. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 17. ed. Rio de Janeiro: Qua-
litymark Editora, 2008.
KERR, R. B. Mercado Financeiro e de Capitais. São Paulo: Pearson, 2011.
KRUGMAN, P; WELLS, R. Introdução a Economia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
LOPES, J.; ROSSETTI, J. Economia Monetária. São Paulo: Atlas, 1998.
VASCONCELLOS, M. C. S. Economia: Micro e Macro. 4. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 1994.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1. B
2. A
3. B
4. A
5. D
Professora Dra. Juliana Franco Afonso
MACROECONOMIA
IV
UNIDADE
CLÁSSICA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a oferta agregada clássica.
■■ Entender como é determinado o nível de emprego na economia e o
equilíbrio no mercado de trabalho.
■■ Apresentar a demanda agregada clássica.
■■ Conhecer a relação entre poupança, investimento e taxa de juros.
■■ Aprender como é determinado o equilíbrio macroeconômico no
modelo clássico e os efeitos da política fiscal.
Plano de Estudo
■■ A oferta agregada clássica
■■ A demanda e a oferta de trabalho no modelo clássico e o equilíbrio
de mercado
■■ Oferta e demanda agregada clássica
■■ Poupança, investimento e taxa de juros no modelo clássico
■■ Equilíbrio entre oferta e demanda agregada no modelo clássico e
política fiscal
135
INTRODUÇÃO
Introdução
136 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A OFERTA AGREGADA CLÁSSICA
MACROECONOMIA CLÁSSICA
137
Y F K NT
Y = produto agregado
K = estoque de capital utilizado
N = quantidade de trabalho utilizada (hora - homem)
T = nível tecnológico.
Podemos verificar pela função exposta que o nível de produto (Y) responde
positivamente a qualquer das variáveis que o determina, ou seja, se o volume
de capital, trabalho e nível tecnológico aumentar, o produto também aumenta
e vice-versa. Desta forma, a função de produção determina o máximo que uma
economia pode produzir para uma dada combinação de capital e trabalho, com
uma dada tecnologia.
Além disso, no modelo clássico, a função de produção apresenta retornos
constantes de escala, isto é:
zY F zK zN
Para que o nível de produto seja multiplicado por “z”, os fatores de produção
capital e trabalho também devem ser multiplicados por “z”, assim, se quisermos
dobrar a produção, também devemos dobrar o número de trabalhadores e capital.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Y F K NT
ou
Y = F �( � N )
Y = produto agregado
K = volume fixo de estoque de capital
N = volume variável de quantidade de trabalho utilizada
T = nível tecnológico considerado como dado
Y
Y = F(N)
N
Figura 1 - Função de produção agregada
Fonte: adaptado de Mankiw (2004).
MACROECONOMIA CLÁSSICA
139
DEMANDA DE TRABALHO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O lucro das empresas representa a diferença entre a receita com a venda das mer-
cadorias ou serviços e os custos para produzir tais mercadorias e serviços. Veja:
LUCRO===� RECEITATOTAL
LUCRO
LUCRO � RECEITATOTAL
� RECEITATOTAL
� �� � ��
−−−CUSTOTOTAL
CUSTOTOTAL
CUSTOTOTAL
LUCRO pY wN rK
em que:
w = salário nominal por unidade de trabalho (N)
r = custo por unidade do capital (K)
p = preço do produto (Y)
K = volume de capital
N = volume de trabalho
MACROECONOMIA CLÁSSICA
141
Como vimos na seção anterior, no curto prazo, o nível de produto agregado (Y)
é uma função da utilização de trabalho, assim, podemos reescrever a função do
lucro como (LOPES; VASCONCELLOS, 2000):
LUCRO = pF ( N ) − ( w.N + rK )
LUCRO = pF ( N ) − ( w.N + rK )
∆LUCRO ∆F ( N ) ∆N
= p. − w. =0
∆N ∆N ∆N
W
p
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
N d = FN
N
Figura 2 - Demanda de mão de obra no modelo clássico
Fonte: adaptados de Mankiw (2004).
MACROECONOMIA CLÁSSICA
143
W
p
W N d = FN
p
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
N1 N2 N
Figura 3 - Deslocamento da demanda de mão de obra
Fonte: adaptado de Mankiw (2004).
Desta forma, podemos verificar, pela Figura 3, que, inicialmente, a demanda por
trabalho era N1 ao salário real w/p, com o aumento do fator de produção capital
ou com o aumento do nível tecnológico, a função de produção aumenta, repre-
sentando que com o mesmo nível de trabalho, produz-se muito mais, ou seja, a
produtividade do trabalho aumentou, assim, as empresas estão dispostas a con-
tratar mais trabalhadores, e a curva de demanda desloca-se para a direita e o
número de postos de trabalho aumenta para N2.
OFERTA DE TRABALHO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dedicada ao lazer e vice-versa. Desta forma, a decisão de quanta horas trabalhar
dependerá da maximização de uma função utilidade, representada por uma
cesta de bens composta pela renda e pelo lazer. (LOPES; VASCONCELLOS, 2000).
O salário real representa o quanto o indivíduo pode consumir a mais de
bens para cada hora adicional de trabalho. De acordo com Dornbusch et al.
(2006), alterações no salário real podem implicar dois efeitos na decisão das
famílias: o efeito substituição e o efeito renda. Vimos que é o salário real que
estimulará o indivíduo a trocar o lazer por mais horas de trabalho, assim, vamos
supor que houve um aumento no salário real da economia. Pelo efeito substi-
tuição, o aumento do salário real tornou o custo relativo do lazer mais elevado,
aumentando a oferta de trabalho. Pelo efeito renda, o aumento do salário real
fez com que os indivíduos aumentassem o seu poder de compra, demandando
mais bens e mais lazer. Desta forma, a inclinação da curva de oferta de trabalho
depende de qual dos dois efeitos (substituição e renda) é mais predominante,
já que, pelo efeito substituição, a oferta de trabalho aumenta, mas pelo efeito
renda a oferta diminui.
Para facilitar o entendimento, iremos supor que o efeito substituição é pre-
ponderante para que a curva de oferta de trabalho apresente-se positivamente
inclinada, evidenciando que, quanto maior o salário real, mais o indivíduo
estará disposto a ofertar horas de trabalho em detrimento do lazer. Posto desta
forma, podemos dizer que a curva de oferta de trabalho reflete a chamada desu-
tilidade marginal do trabalho, que representa o tamanho do salário real que
MACROECONOMIA CLÁSSICA
145
W
p Ns
N
Figura 4 - Oferta de trabalho positivamente inclinada
Fonte: adaptado de Mankiw (2004).
Ns
W
p
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
N
Figura 5 - Oferta de trabalho vertical
Fonte: adaptado de Mankiw (2004).
Pela Figura 5, verificamos que, quando a oferta de trabalho é fixa, ela é indepen-
dente do salário real, ou seja, para qualquer nível de salário a oferta de trabalho
é sempre a mesma.
MACROECONOMIA CLÁSSICA
147
W
p Excesso de oferta de trabalho
W² Ns
p
W*
p
Excesso de demanda de trabalho
W¹
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
p
Nd
N* N
Figura 6 - Equilíbrio no mercado de trabalho
Fonte: Mankiw (2004. Adaptado.)
Como podemos observar pela Figura 6, quando o salário real estiver acima do
2 *
nível de equilíbrio ( wp wp ), o número de horas de trabalho oferecidas pelas
famílias será superior ao requerido pelas empresas, havendo um excesso de
oferta de trabalho, caracterizando uma situação de desemprego. A concorrên-
cia entre os trabalhadores para conseguir emprego ocasionará a redução dos
salários nominais que, dado os preços das mercadorias, reduz o salário real. A
um salário mais baixo, menos trabalhadores estarão dispostos a ofertar horas a
mais de trabalho em troca de lazer, assim, a oferta de trabalho reduz. Por outro
lado, com o salário real mais baixo, as empresas decidirão contratar mais horas
de trabalho, aumentando a demanda. Isto ocorrerá até que as duas quantidades
igualem-se e o salário real de equilíbrio seja atingido, sendo inferior ao inicial.
Por outro lado, quando o salário real estiver abaixo do nível de equilíbrio
1 *
( wp wp ), haverá excesso de demanda por trabalho, sendo esta uma situação de
superemprego. A este salário menos pessoas estão dispostas a trocar lazer por
trabalho, e a concorrência entre as empresas acaba elevando os salários nomi-
nais que, dado os preços dos produtos, eleva o salário real. Conforme o salário
real vai subindo, mais pessoas estarão dispostas a trocar lazer por mais horas de
trabalho, e a oferta de trabalho aumenta, por outro lado, menos empresas estão
dispostas a contratar mais horas de trabalhos por salários mais altos, e a demanda
reduz. Este processo continua até que a quantidade demandada e a ofertada de
trabalho igualem-se e o salário real de equilíbrio seja atingido.
Assim, pode-se afirmar que, em um mercado de concorrência perfeita, sem
desemprego involuntário e com perfeita flexibilidade do valor dos salários, o
mecanismo de mercado leva ao equilíbrio de pleno emprego.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Pleno emprego no Brasil: interpretando os conceitos e indicadores
De acordo com a autora deste artigo, Anita Kon, o emprego e o rendimento
real do trabalho no Brasil cresceram tanto de forma quantitativa como qua-
litativa no período de 2010 a 2012, apresentando uma melhora no padrão
de crescimento do mercado de trabalho do país. As baixas taxas de desem-
prego verificadas no período levaram alguns economistas a anunciarem a
proximidade do pleno emprego no país. Desde meados do ano de 2010,
a economia brasileira iniciou uma fase de recuperação das perdas de em-
pregos verificadas no ano anterior, devidas aos impactos da crise financeira
internacional. Em dezembro daquele ano, a taxa de desocupação divulga-
da pelo IBGE se situou no patamar de 5,3% da PEA, fechando o ano com
uma média de 6,7%, consideravelmente inferior à média histórica anterior.
A continuidade da diminuição gradativa das taxas em 2011, quando a mé-
dia anual atingiu 6% e no mês de dezembro foi registrado o nível de 4,7%,
o menor indicador desde 2002 - ano em que as estatísticas de emprego do
IBGE haviam sofrido uma reformulação metodológica.
Para ter acesso ao artigo completo, acesse o link: < http://revistas.ufpr.br/
ret/article/viewFile/28159/18699>.
Fonte: Kon (2012).
MACROECONOMIA CLÁSSICA
149
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
w
Ys Ys KT
p
Ys = produto de pleno emprego ou oferta agregada
K = estoque de capital utilizado
w
p = salário real de equilíbrio
T = nível tecnológico
Verifica-se que todas as variáveis que afetam o nível do produto de pleno emprego
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da economia são variáveis reais (salário real, tecnologia, estoque de capital), e não
variáveis nominais (preço e salário nominal). Por exemplo, se ocorrer aumento
dos preços dos produtos, as empresas verificarão que o salário real diminuiu e
ampliarão a demanda por trabalho, gerando excesso de demanda. Isto ocasionará
elevação dos salários nominais até que o salário real volte ao seu nível de equi-
líbrio. Desta forma, podemos verificar que a oferta agregada de pleno emprego
é inelástica (independe) ao nível de preços, sendo vertical, conforme a Figura 7:
OA
P
Y*= produto de equilíbrio
Yp= produto de pleno emprego
Y*=Yp Y
Figura 7 - Oferta agregada de pleno emprego
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcelos (2000).
Desta forma, tem-se que alterações no produto de pleno emprego só podem ser
obtidas por mudanças que afetem o mercado de trabalho, como: elevação da
MACROECONOMIA CLÁSSICA
151
W
p
Ns
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
W²
p
W*
p
W¹
p
Nd
N* N
(a) Equilíbrio no mercado de trabalho
Y = F(N)
Y*
N* N
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A demanda agregada representa a quantidade demandada de bens e serviços
a um dado nível de preços. De acordo com Lopes e Vasconcellos (2000), no
modelo clássico a demanda agregada pode ser derivada da teoria quantitativa
da moeda, já estudada na Unidade II. Veja:
MV = PY
em que
Y : produto real (PY é o produto nominal)
V: velocidade renda da moeda
M: quantidade de moeda
P: nível geral de preços
MACROECONOMIA CLÁSSICA
153
D1 = (M1, V0)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
D0 = (M0, V0)
Y
Figura 9 - Demanda agregada no modelo clássico
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2000).
Pela Figura 9, podemos observar que, para determinada oferta de moeda (M0),
quanto menor o nível de preços, maior será o estoque real de moeda ( M 0 ), para
P
realizar as transações e, consequentemente, maior a quantidade de bens e serviços
a ser demandada (Y). Também podemos observar pela Figura 9 que ampliações
na oferta de moeda de M0 para M1 desloca a demanda agregada para a direita,
indicando que, para qualquer nível de preço, a demanda agregada se ampliará.
esta lei seja válida, só deve existir um tipo de demanda por moeda, o motivo
transação, sendo o motivo especulação descartado.
Desta forma, dado que o nível de produto é definido pela oferta agregada e a
oferta de moeda fixada pelo Banco Central, sendo definida exogenamente, cabe à
demanda agregada a função apenas de determinar o nível geral de preços. Assim,
alterações da demanda agregada, decorrentes de alterações da oferta de moeda,
apenas impactam o nível de preços, sem impactar o nível de produto real. Veja:
P
OA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
P1
D1 = (M1, V0)
P0
D0 = (M0, V0)
Y* = Yp Y
Figura 10 - Efeito do aumento da demanda agregada no modelo clássico
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2000).
Podemos, desta forma, concluir que a política monetária só terá influência sobre
as variáveis reais (nível de produto, emprego, salário real e preços relativos) se
houver alguma imperfeição no mercado, como rigidez de preços e salários. Mas
como estas imperfeições não são consideradas no modelo clássico, podemos dizer
que uma política monetária expansionista, com aumento da oferta de moeda,
só causará aumento dos preços e salário nominais, ou seja, inflação, sendo esta
a chamada neutralidade da moeda.
MACROECONOMIA CLÁSSICA
155
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em que
Y : renda
t: carga tributária
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nal a consumir pela seguinte fórmula:
∆C
c1 =�
∆Yd
S = −c0 + (1 − c1 ). (Y − T )]
MACROECONOMIA CLÁSSICA
157
em que
S = poupança agregada
C = consumo agregado
r = taxa de juros real
É importante ressaltar que, para que a poupança renda juros, ela deve ser cana-
lizada na forma de aquisição de títulos (caderneta de poupança, CDB, LCI etc.).
Desta forma, podemos deduzir que o volume de poupança corresponde à oferta
de fundos no mercado financeiro e será tanto maior quanto maior a taxa de juros.
Graficamente, podemos apresentar a função poupança como:
S = S(r)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
S
Figura 11 - Função poupança
Fonte: adaptado de Blanchard (2007).
MACROECONOMIA CLÁSSICA
159
Sendo
I = demanda de investimento
r = taxa real de juros, sendo essa a diferença entre a taxa de juros nomi-
nal e a variação no nível geral de preços (inflação)
Desta forma, temos que a taxa real de juros de equilíbrio da economia é deter-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r
S = S(r)
r2
r* I = I(r)
r1
I* = S* S, I
Figura 12 - Equilíbrio entre poupança e investimento
Fonte: adaptado de Blanchard (2007).
Pela Figura 12, verifica-se que a taxa real de juros de mercado será aquela que
equilibra a oferta e a demanda por fundos, representada pelo volume de poupança
e investimento. Se a taxa real de juros estiver acima da de equilíbrio, haverá
maior oferta de fundos que demanda, e a taxa de juros reduzirá, ampliando os
investimentos e diminuindo a poupança. Isto acontece até que ambas as quan-
tidades se igualem.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O que acontece com a taxa de juros real quando o governo adota uma polí-
tica fiscal contracionista, com redução dos gastos públicos?
Y=C+I
Y = C(r) + I(r)
MACROECONOMIA CLÁSSICA
161
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
S=Y-C
e dado que o nível de poupança na economia também depende da taxa de juros real:
S = S(r)
S(r) = I(r)
Por esta identidade, verificamos que a taxa de juros real tem a função de equili-
brar o mercado de bens e serviços.
De acordo com Lopes e Vasconcellos (2000), esta identidade de equilíbrio
macroeconômico independe do formato da função consumo ou poupança e
pode ser representado pelo seguinte gráfico:
r
S = S(r)
r* I = I(r)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I* = S* S, I
Figura 13 - Equilíbrio no modelo clássico para uma economia fechada sem governo
Fonte: adaptado de Blanchard (2007).
Y=C+I+G
MACROECONOMIA CLÁSSICA
163
C = C(Y - T;r) e S = (Y - T; r)
S(Y - T; r) + T = I(r) + G
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r* I+G
S* + T* = I* + G* S, I, T, G
Figura 14 - Equilíbrio no modelo clássico para uma economia fechada com governo.
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2000).
S + (T - G) = 1
Sendo
S = Sp , a poupança privada
(T –G) = Sg, a poupança pública
S = Sp + Sg
Assim, o investimento é financiado tanto pela poupança público como pela pou-
pança privada.
Sp + Sg = 1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como os T e G são exógenos, não interferem na inclinação das curvas de oferta
e demanda de recursos, mas sim em suas posições, ou seja, quanto maior a arre-
cadação de impostos e os gastos governamentais, mais para a direita estarão
ambas as curvas.
Vejamos o impacto da política fiscal neste modelo: Vamos supor uma polí-
tica fiscal e expansionista com aumento dos gastos do governo (G). Neste caso,
a curva de demanda de recursos desloca-se horizontalmente na magnitude dos
gastos do governo, passando de I + G0 para I+G1.
r
S+T
I + G1
r* I + G0
-∆I -∆C S, I, T, G
Figura 15 - Política fiscal expansionista: aumento dos gastos do governo
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2000).
MACROECONOMIA CLÁSSICA
165
Pela Figura 15, percebemos que o aumento dos gastos do governo provocou o
aumento da demanda por recursos, que dada a oferta, gerou pressão sobre os
recursos existentes, fazendo com que o setor financeiro aumentasse a taxa de
juros para aumentar a poupança. No entanto o aumento da taxa de juros redu-
ziu os investimentos privados no montante ΔI, pois aumentou o custo do capital,
e também reduziu o consumo em ΔC, porque aumentou o custo de oportuni-
dade, ou seja, o consumo presente ficou relativamente mais caro em relação ao
consumo futuro. Desta forma, a variação dos gastos do governo gerou:
∆G = � − ( ∆C � + ∆I )
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Posto desta forma, percebemos que, no modelo clássico, o aumento dos gastos
do governo apenas alteraram a composição da demanda, elevando a taxa de juros
da economia, não gerando o aumento do produto e da renda, visto que este tipo
de gastos não altera as condições tecnológicas, nem a alocação de fatores de pro-
dução. Assim, a política fiscal expansionista no modelo clássico apenas elevou
a participação dos gastos públicos em detrimento dos gastos privados, repre-
sentados pela redução do consumo e investimento. Este fenômeno é conhecido
como crowding-out ou efeito deslocamento. Desta forma não afetou a oferta
agregada que se encontra no nível de pleno emprego.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Como o objetivo das empresas é a maximização do lucro, estas contratarão
trabalhadores até quando o produto marginal do trabalho for igual ao salário
real, isto é, até que a receita adicional gerada na contratação de uma hora a mais
de trabalho seja igual ao seu custo. Desta forma, a demanda por mão de obra é
determinada pelas empresas. Já a oferta é determinada pelas famílias, que dada
a hipótese de pleno emprego, decidirão entre trabalho e lazer, tendo como fator
de decisão o salário real.
Analisando o lado da demanda agregada, podemos concluir que, para a teo-
ria clássica, a demanda agregada tem um papel passivo na determinação do nível
de produção da economia. Sendo esta demanda derivada da teoria quantitativa
da moeda, vimos que um aumento da oferta de moeda impactará apenas o nível
geral de preços, não influenciando o nível de produto e emprego, isto porque os
preços são considerados flexíveis. Assim, o aumento dos preços reduz o salário real
e menos pessoas querem trabalhar a este salário, tendo as empresas que aumen-
tar o salário nominal. No fim das contas, só gera aumento de salários e preços.
A política fiscal, por sua vez, apenas altera a composição da demanda, man-
tendo inalterada a oferta agregada da economia. Assim, pela teoria clássica, não
existe qualquer forma de o governo afetar o nível de emprego ou o produto agre-
gado da economia, nem pela política monetária, nem pela política fiscal. Então,
o governo deve deixar o mercado funcionar livremente. Esta foi a principal crí-
tica de Keynes, como veremos na próxima unidade.
MACROECONOMIA CLÁSSICA
167
Onde
Ri = renda nominal de cada indivíduo
R = Somatória da renda individual ou renda nacional
P . Y = produto real
Dadas as hipóteses simplificadoras, temos que os indivíduos alocarão a sua renda na
demanda por produtos, moeda e títulos. Essas demandas são representadas pelas se-
guintes equações:
Equação demanda por produto (bens e serviços):
n
Y =d
∑Yid
i =1
n
∆M = d
∑∆M id
i =1
sendo M id a demanda individual por moeda, que altera o seu estoque.
Como toda a renda nacional (R) deve ser alocada na demanda destes três mercados,
podemos escrever que:
R = PY d + ∆B d + � ∆M d
Posto desta forma, verificamos que os indivíduos destinam a sua renda para adquirir
bens e serviços, ou para aumentar o seu estoque de moeda ou de títulos. Desta forma,
podemos deduzir:
Se no equilíbrio a renda é igual o produto:
R=P.Y
E a renda nacional é igual à soma das demandas nos mercados de produto, título e
moeda, temos:
PY d Bd Md P.Y
Simplificando temos:
P (Y d Y) Bd Md 0
sendo a variação do estoque desejado de moeda representado pela fórmula:
∆M d = � M d − M 0
169
em que
ΔMd = Md - m0
Substituindo na fórmula de equilíbrio macroeconômico temos:
P (Y d Y) Bd Md M0 0
P (Y d Y) Bd Md M0 0
P (Y d − Y ) + ∆B d + M d − ∆B d − M = 0
P (Y d − Y ) + M d − M = 0
P (Y d Y) Md M
Nova condição de
em que equilíbrio
Simplificando temos:
∆PY d = M
Por esta fórmula, podemos verificar que a equação quantitativa da moeda pode ser in-
terpretada como uma função de demanda por produto. Assim dada a oferta de moeda
(M), um aumento nos preços reduz a demanda por produto ( ), e uma redução dos
preços aumenta a demanda por produto.
Fonte: Simonsen e Cysne (2007).
171
1. No modelo clássico, alterações no salário real podem implicar dois efeitos na de-
cisão das famílias: o efeito substituição e o efeito renda. A inclinação da curva
de oferta de trabalho depende de qual dos dois efeitos (substituição e renda)
é mais predominante. Dado um aumento do salário real na economia, qual é a
inclinação da curva de oferta de trabalho se o efeito renda for superior ao efeito
substituição? Assinale a alternativa verdadeira.
a) A curva de oferta é positivamente inclinada.
b) A curva de oferta é vertical.
c) A curva de oferta é horizontal.
d) A curva de oferta é negativamente inclinada.
e) A curva de oferta é convexa.
2. Vamos supor uma economia hipotética em que a função consumo é representa-
da pela seguinte equação: C = 1.000 + 0,76Yd. Dado que a renda, na teoria clássi-
ca, é gasta com consumo ou é poupada, se a renda disponível (Yd) aumentar em
R$ 100.000, qual será o aumento da poupança? Assinale a alternativa correta:
a) A poupança aumenta em R$ 76.000,00.
b) A poupança aumenta em R$ 7.600,00.
c) A poupança aumenta em R$ 0,76.
d) A poupança aumenta em R$ 24.000,00.
e) A poupança aumenta em R$ 0,24.
3. Supondo uma economia fechada com governo, a função de demanda agregada
inclui os gastos com o governo (G) e a arrecadação pública por meio dos impos-
tos (T), fazendo com que a função consumo e a poupança sejam determinadas
pela renda disponível e pela taxa de juros real. Desta forma, qual é o efeito de
uma política fiscal contracionista, com redução dos gastos públicos sobre a con-
dição de equilíbrio no mercado de bens e serviços? Sobre esta questão, leia as
afirmativas.
I. A redução dos gastos do governo provoca uma redução da demanda por
recursos, que dada a oferta, gerou uma pressão sobre os recursos existentes,
fazendo com que o setor financeiro reduza a taxa de juros.
II. A redução dos gastos do governo é representada por um deslocamento da
curva de demanda por recursos para a direita.
III. A redução da taxa de juros aumenta os investimentos privados no montante
ΔI, pois reduz o custo do capital e também aumenta o consumo em ΔC, pois
reduz o custo de oportunidade, ou seja, o consumo presente ficou relativa-
mente mais barato em relação ao consumo futuro.
172
Macroeconomia
Rudiger Dornbusch, Stanley Fischer, Richard Startz
Editora: McGrawHill, 11 edição
Sinopse: o livro apresenta explicações simples, abordagem dos conceitos com
enfoque acima da tecnicidade e a discussão de fatos empíricos que explicam e
testam a teoria macroeconômica. Apresenta um conjunto de modelos simples
que pode ser aplicado em situações específicas para análise macroeconômica.
Também traz a abordagem de novos temas, como medidas alternativas contra
o desemprego, política monetária heterodoxa e estímulo fiscal durante a
Grande Recessão e uma discussão sobre as bolhas e o colapso que levaram à
atual crise.
175
REFERÊNCIAS
1. D
2. D
3. C
4. C
5. E
Professora Dra. Juliana Franco Afonso
V
MACROECONOMIA
UNIDADE
KEYNESIANA E OS
MODELOS IS-LM
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as propriedades básicas do modelo keynesiano.
■■ Entender como se dá o equilíbrio no mercado de bens e serviços no
modelo IS.
■■ Entender o mecanismo de equilíbrio no mercado de ativos ou
monetário no modelo LM.
■■ Aprender a dinâmica do equilíbrio macroeconômico no modelo
IS-LM e os efeitos da política monetária e fiscal.
Plano de Estudo
■■ O modelo keynesiano
■■ Equilíbrio no mercado de bens e serviços: a curva IS
■■ Equilíbrio no mercado monetário: a curva LM
■■ O modelo IS – LM e o efeito de política fiscal e monetária
179
INTRODUÇÃO
Introdução
180 UNIDADE V
O MODELO KEYNESIANO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
surgimento de monopólios e oligopólios),
Fonte: Independent (2015, on-line)1.
conjugado com a ausência de intervenção
governamental, a economia tenderia a um equilíbrio de pleno emprego. No
entanto a teoria clássica não conseguia explicar o que estava ocorrendo com
a economia mundial na chamada Grande Depressão, que teve seu ápice com
a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. O livre mercado não foi
capaz de recolocar as economias na retomada do crescimento, apresentando
altos níveis de desemprego e recessão econômica.
Nesse cenário, começam a ganhar destaques, teorias heterodoxas que iam
contra a ortodoxia clássica, e a que teve maios destaque foi a teoria desenvolvida
pelo economista inglês John Maynard Keynes, apresentada na obra chamada
Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, publicada em 1936. Nela, Keynes
dá outro norte para a causa da Grande Depressão, voltando sua atenção para
o problema da insuficiência de demanda agregada, desenvolvendo o chamado
princípio da demanda efetiva.
O Modelo Keynesiano
182 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tiva deprimida, que representa as expectativas de curto prazo pessimistas dos
empresários, que têm como consequência equipamentos ociosos e trabalhado-
res desempregados. A grande novidade deste tratamento é que a subutilização de
recursos produtivos é vista como um fenômeno de equilíbrio, pois os empresá-
rios que corretamente antecipam uma demanda baixa, produzem pouco, vendem
pouco e, tendo evitado a acumulação involuntária de estoques, estarão satisfeitos
com a decisão de produzir menos, adequando os seus custos à demanda esperada.
Por outro lado, expectativas otimistas fazem com que os empresários aumen-
tem o nível de produto, gerando um fluxo de renda ao remunerar os fatores de
produção contratados, induzindo novas decisões de gasto. No entanto, para
Keynes, parte destas decisões de gasto tem caráter autônomo em relação a esses
fluxos de renda e não aumentará com a produção. Se isto não é levado em consi-
deração nas decisões de produção, as expectativas das empresas serão frustradas,
estoques de produtos serão acumulados, e rapidamente, voltarão atrás. Para
Keynes, não há mecanismos de mercado capazes de garantir que o gasto autô-
nomo atinja precisamente o valor consistente com o produto potencial, sendo
esta a principal contribuição de Keynes à macroeconomia (SILVA, 2015).
Assim, o princípio da demanda efetiva determina o produto tanto no curto
quanto no longo prazo, e para assegurar o pleno emprego, cabe ao governo garan-
tir a demanda adequada. Assim, Keynes propõe uma atuação mais efetiva do
Estado, por meio dos gastos públicos, complementando a demanda privada e
incentivos aos investimentos, com a redução da carga tributária.
Vamos, agora, aprender como que é definia a oferta agregada no modelo keyne-
siano e suas principais diferenças, como o modelo clássico, tratado na Unidade
IV de nosso livro.
Oferta agregada
O Modelo Keynesiano
184 UNIDADE V
Modelo Clássico
Pleno emprego
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
P
Modelo Keynesiano
Desemprego
Yp Y
Figura 1 - Oferta agregada keynesiana e clássica
Fonte: adaptada de Lopes e Vasconcelos (2000) .
Demanda agregada
DA = C + I + G + X − M
ou
DA = C + I + G + NX
sendo
C = Demanda de bens de consumo pelas famílias
I = Demanda de investimentos pelas empresas (I)
G = Demanda do governo
NX = Demanda líquida do setor externo (Exportações X - Importações Aí)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Curva de Demanda
Agregada (DA)
Y
Figura 2 - Curva de demanda agregada
Fonte: adaptada de Vasconcellos (2011).
O Modelo Keynesiano
186 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sos, que tende a provocar a queda da taxa de juros de mercado. Essa queda
da taxa de juros, além de baratear os empréstimos bancários, e, portanto,
estimular o consumo de muitas famílias, poderá viabilizar muitos projetos
de investimentos, já que muitos empresários, em vez de aplicarem seus
recursos no mercado financeiro, tendem a aplicá-los em investimentos
produtivos, como na ampliação de sua empresa, na modernização de equi-
pamentos etc. Ou seja, a queda do nível geral de preços tende a provocar
a queda da taxa de juros, que deve levar ao aumento tanto do consumo
como do investimento agregado, dois dos elementos da demanda agre-
gada de bens e serviços;
c) efeito taxa de câmbio - a queda do nível geral de preços internos torna
nossos produtos mais competitivos, relativamente, aos preços dos pro-
dutos importados. Esse efeito estimula as exportações (X) e desestimula
as importações agregadas (M), elevando a demanda agregada.
P OA
Y0 Y1 Yp Y
Figura 3 - Oferta agregada keynesiana de curto prazo
Fonte: adaptada de Vasconcelos (2011).
O Modelo Keynesiano
188 UNIDADE V
P OA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DA2
DA1
Y0 Yp Y
Figura 4 - Equilíbrio macroeconômico keynesiano de curto prazo
Fonte: adaptada de Vasconcelos (2011).
Função Consumo
Uma das principais contribuições de Keynes foi instituir que o consumo agre-
gado das famílias é composto por um componente autônomo e por outro que
representa uma função crescente da renda nacional (Y). A função consumo linear
simplificada é expressa, segundo Blanchard (2007):
C = � C0 + cY
em que
Co = consumo autônomo, independentemente da renda, no gráfico é o
intercepto
c = propensão marginal a consumir, é o coeficiente angular ou a inclina-
ção do gráfico
∆C
PMgC = c =� 0 < c <1
∆Y
O Modelo Keynesiano
190 UNIDADE V
C
C = C0 + cY
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
C
C0
Y
Figura 5 - Função consumo agregado
Fonte: adaptada de Blanchard (2007).
Função Poupança
S =Y −C
S = � −C0 + (1 − c ) Y
S = -C0 + (1 - c)Y
1-C
0
Y
-C0
Figura 6 - Função poupança agregado
Fonte: adaptada de Vasconcellos (2011).
O Modelo Keynesiano
192 UNIDADE V
C, S S = 8 + 0,7Y
S = -8 + 0,3Y
0,7
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
0,3
8
0
Y
-8
Figura 7 - Função consumo e poupança agregado
Fonte: adaptada de Vasconcellos (2011).
Função Investimento
I = I0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
I = I0
I0
Y
Figura 8 - Função investimento
Fonte: adaptada de Vasconcellos (2011).
O Modelo Keynesiano
194 UNIDADE V
I = � I 0 + dY
em que
■■ I0 = investimento autônomo
■■ d = propensão marginal a investir
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
No modelo keynesiano simples, também se supõe que os gastos do governo são
autônomos em relação à renda nacional. Assim:
G =� G0
Os gastos públicos são considerados exógenos, isto é, não são determinados por
outras variáveis econômicas, mas se formam institucionais de acordo com os
objetivos da política econômica adotada.
Função Imposto
Mas esta é uma hipótese simplificadora. Assim, a função imposto pode ser repre-
sentada por uma parte autônoma e outra dependente do nível de renda:
T = �T0 + tY
em que
T0 = tributação autônoma
t = propensão marginal a tributar e (0< t < 1)
Sendo
Yd = (Y − T )
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
C = � C0 + c (Y − T )
dado que
T = �T0 + tY
C = � C0 + c (Y − T0 − tY )
ou
C = � C0 − T0 + c (Y − tY )
Assim, o aumento da tributação reduz o consumo e a demanda agregada da
economia.
Função Exportação
X =� X 0
O Modelo Keynesiano
196 UNIDADE V
Função Importação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por esta equação, podemos verificar que quanto maior a renda nacional, maior
será a importação.
Como:
AO = Y
DA = C + I + G + X − M
Y =C + I +G+ X −M
DA = OA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DA
DA = C + I + G + X - M
A0
45º
Y(AO)
Y* Yp
Renda de equilíbrio
entre a DA e OA
Figura 9 - Equilíbrio de curto prazo, em termos de oferta e demanda agregadas
Fonte: adaptado de Vasconcellos (2011).
Na Figura 9, mostramos o nível de produto (Y) no eixo horizontal. A reta de 45o for-
nece o nível de demanda agregada no eixo vertical, que é igual ao nível de produto.
O ponto E é o ponto de equilíbrio do produto, no qual a quantidade produzida é
igual à quantidade demandada. A qualquer nível mais alto da produção de equilíbrio
(Y*), a demanda agregada está abaixo do nível de produto, as empresas começam
a acumular estoques e a passam a produzir menos. Assim, no ponto E, as pessoas
estão comprando o volume que desejam comprar, e não há uma tendência para que
haja variação no nível de produção, a não ser que a demanda agregada se altere.
Y =C + I +G+ X −M
Y = C0 − T0 + c (Y − tY ) + I 0 + G0 + X 0 − mY
Y + mY − c (Y − tY )� = C0 + I 0 + G0 + X 0 − T0
Y � ( 1� − c (1 − t ) + m� ) = C0 + I 0 + G0 + X 0 − T0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Assim, a nova condição de equilíbrio para uma economia aberta será a seguinte:
1
Y * �= ( C0 + I0 + G0 + X 0 − T0 )
1 − c (1 − t ) + m �
em que
1
α=
1 − c (1 − t ) + m�
é o multiplicador de gastos keynesiano da economia aberta
e
A0 = C0 + I 0 + G0 + X 0 − T0 = nível de gastos autônomos
DA2 = α. A’0
E’
DA
∆A0
DA1 = α. A0
A’0 E
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
∆Y
A0
45º
Y1 Y2 Y(AO)
Figura 10 - Efeito de um aumento nos gastos autônomos
Fonte: adaptada de Dornbusch et al. (2006).
Podemos verificar, pela Figura 10, que, quando ocorre aumento na demanda
agregada autônoma, a curva de demanda agregada desloca-se para cima de DA1
para DA2. O equilíbrio move-se do ponto E para o ponto E’. O aumento da pro-
dução de equilíbrio ΔY = Y2 – Y1 é maior que a variação dos gastos autônomos
ΔDA, por causa do efeito multiplicador da renda.
Podemos escrever a variação da renda de equilíbrio, decorrente da variação
de demanda agregada autônoma, da seguinte forma:
Y A0
DA2 = α’. A0
DA
E’
DA1 = α. A0
∆Y 1
α=
1 - C(1 - t ) + m
A0
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
45º
Y1 Y2 Y(AO)
Pela Figura 11, vemos que uma redução na alíquota do imposto de renda
aumenta a renda disponível do consumidor (Yd = Y – T) , ficando este com a maior
parcela da renda para gastar, causando um deslocamento da curva de demanda
agregada de DA1 para DA2. A redução da alíquota do imposto, aumenta o valor
do multiplicador keynesiano, a curva de demanda agregada torna-se mais incli-
nada, e o nível de equilíbrio da renda aumenta de Y1 para Y2.
Exemplo: Vamos supor que, inicialmente, a demanda agregada autônoma é
A0= 500, a propensão marginal a consumir é c= 0,7, a alíquota do imposto de
renda é t = 0,15 e a propensão marginal a importar é m = 0,10. Qual é o valor
do multiplicador? Qual é o valor da renda de equilíbrio?
1
Y* 500 1 339, 34
1 0, 7 1 015 0,10
1
Y* 500 1 851, 85
1 0, 7 1 010 0,10
A CURVA IS
em que
r = taxa de juros real
d = é sensibilidade (elasticidade) do investimento em relação à taxa de juros
I0 = investimento autônomo
r1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r2
I1 I2 I
Figura 12 - Demanda de investimentos, em função da taxa de juros
Fonte: adaptado de Vasconcellos (2011).
Y = C0 − T0 + c (Y − tY ) + I 0 − dr + G0 + X 0 − mY
Assim, a nova condição de equilíbrio para uma economia aberta será a seguinte:
1 1
Y* C0 I0 G0 X 0 T0 .dr
1 c 1 t m 1 c 1 t m
sendo
1
α= o multiplicador de gastos keynesiano da economia aberta.
1 − c (1 − t ) + m�
e
A0 = C0 + I 0 + G0 + X 0 − T0 = nível de gastos autônomos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Y* A0 dr
r2
IS
Y1 Y2 Y
Figura 13 - Curva IS
Fonte: adaptado de Blanchard (2007).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Variações em i e Y não causam deslocamentos da curva IS, apenas movi-
mentos ao longo da curva IS.
■■ Quanto maior for a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros
(d), mais horizontal é a curva IS, ou seja, menor será sua inclinação. Isto
significa que pequena variação na taxa de juros provoca grande variação
no investimento e, portanto, na demanda agregada e na renda. Por outro
lado, a baixa elasticidade do investimento em relação à taxa de juros (d)
apresenta curva IS mais inclinada (próxima da vertical), significando que
são necessárias grandes variações na taxa de juros para que haja variações
no investimento e, assim, na demanda agregada e na renda de equilíbrio.
■■ Quanto maior for o valor do multiplicador dos gastos (α), variações no
investimento gerarão grandes expansões na demanda agregada e na renda,
levando a uma curva IS próxima da horizontal. Quando o multiplicador
é elevado, as variações da taxa de juros causam grandes impactos sobre
o investimento e, assim, sobre a demanda agregada e a renda.
r
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r1
IS2
IS1
αΔG
Y1 Y2 Y
Figura 14 - Elevação dos gastos públicos e o efeito multiplicador na curva IS
Fonte: adaptado de Blanchard (2007).
Podemos, assim, verificar, que o impacto inicial do aumento dos gastos públi-
cos, dado a taxa de juros, é o deslocamento para a direita e para cima da curva
IS. Isso mostra que, quando o governo aumentou os seus gastos, ele estimulou
a demanda agregada, e assim, gerou aumento na produção e na renda de equi-
líbrio da economia.
A magnitude do deslocamento da curva IS é dada pelo incremento dos gastos
público vezes o multiplicador (αΔG), representado pelo deslocamento horizon-
tal da curva IS, como pode ser visto na Figura 14.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO: A CURVA LM
Em que
P =nível geral de preço
Y = renda ou produto nacional
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em que
e = sensibilidade (elasticidade) da demanda por moeda em relação à renda
f = sensibilidade (elasticidade) da demanda por moeda em relação à taxa
de juros
Quando o valor destas elasticidades é maior que um, dizemos que são altas,
pois a variação de 1% na renda ou na taxa de juros causa variação mais que pro-
porcional na demanda por moeda, ou seja, acima de 1%. Já quando o valor das
elasticidades é menor do que um, dizemos que são baixas, e a variação de 1% na
renda ou na taxa de juros causa variação abaixo de 1% na demanda por moeda.
Podemos escrever o equilíbrio entre a oferta e a demanda por moeda como:
M
= eY − fr
P
Isolando a taxa de juros, obtemos a equação da curva LM, que representa as várias
combinações de renda e a taxa de juros que equilibram o mercado monetário:
e 1M
r =� Y � −
f f P
Em que
e
■■ f = é a inclinação da curva LM
■■ 1 M = é o intercepto da curva LM
f P
Graficamente, a determinação da curva LM pode ser apresentada pelos gráfi-
cos da Figura 15.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
M
P
r2 L2(Y2)
r1 L1(Y1)
M
P
(a) Equilíbrio entre oferta e demanda por moeda
r LM
r1
Y1 Y2 Y
(b) Curva LM
Figura 15 - Determinação da curva LM
Fonte: adaptado de Lopes e Vasconcellos (2000).
No gráfico (a), podemos ver que a demanda por moeda responde, positiva-
mente, às variações na renda, mas, negativamente, à taxa de juros. Assim, dada a
oferta de moeda, quando a renda aumenta de Y1 para Y2, a demanda por moeda
aumenta, representada por um deslocamento para a direita da curva de demanda
por moeda. No entanto com maior demanda por moeda pelo motivo transação,
dada a oferta, temos excesso de demanda pressionando os bancos a aumenta-
rem a taxa de juros. Conforme os juros vão aumentado, o excesso de demanda
vai reduzindo até que seja anulado, e novo equilíbrio monetário acontece a uma
taxa de juros mais elevada (r2). Os dois equilíbrios monetários que mostram as
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
INCLINAÇÃO DA CURVA LM
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r1 moeda elevada
Y1 Y2 Y
Em síntese, podemos verificar, pelo gráfico da Figura 16, que a curva LM é mais
inclinada (mais vertical) quando a elasticidade renda for alta e a elasticidade juros
da demanda por moeda for baixa. Por outro lado, a curva LM é menos inclinada
(mais horizontal) quando a elasticidade renda for baixa e a elasticidade juros da
demanda por moeda for alta.
DESLOCAMENTO DA CURVA LM
LM3
r LM1
LM2
Aumento da Oferta de moeda:
Curva LM desloca-se para a direita de
LM1 para LM2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Y
Figura 17 - Deslocamento da curva LM
Fonte: adaptada de Blanchard (2007).
r
LM
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
F
Equilíbrio entre IS_LM
r*
IS
Y* Y
Figura 18 - Equilíbrio simultâneo no mercado de bens e serviços
Fonte: adaptada de Dornbusch et al. (2006).
iv. Área IV: esta região se caracteriza pelo excesso de demanda de moeda
(EOM) pressionando a taxa de juros para cima, e excesso de oferta por
bens (EDB) , pressionando a redução da produção.
III
EDM
EDB IS
Y
Figura 19 - Áreas de desequilíbrios macroeconômico
Fonte: adaptado de Dornbush et al. (2006).
Dados os preços constantes e de acordo com a teoria keynesiana, sempre que hou-
ver desequilíbrio no mercado de bens, o ajuste se dará via quantidade produzida,
alterando o nível de produto e, assim, da renda. Por outro lado, os desequilíbrios no
mercado de ativos ou monetário são corrigidos via alterações na taxa de juros. Assim,
excesso de oferta reduz a taxa de juros, e excesso de demanda aumenta a taxa de juros.
Entendido como se dá o ajustamento macroeconômico, agora, apresentarei
a equação de equilíbrio simultâneo do modelo IS-L, que pode ser obtido com
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
base na seguinte relação de equilíbrio da IS (LOPES; VASCONCELLOS, 2000):
Y A0 dr
e 1 M
Y A0 d Y
f f P
Isolando a renda:
e 1 M
Y d Y A0 .d
f f P
e 1 M
Y 1 d A0 d
f f P
1 1 M 1
Y A0 d
e f P e
1 d 1 d
f f
1 M 1
Y f A0 d
f d .e P f d .e
Sendo esta a equação de renda de equilíbrio no modelo IS-LM:
M
f A0 + d P
Y* =α
[ f + α .d .e ]
M
f A0 d
e P 1 M
r*
f f d .e f P
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r
LM1
LM2
E1
r1
r2 E2
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IS
Y1 Y2 Y
Figura 20 - Efeito de uma política monetária expansionista
Fonte: adaptado de Dornbusch et al. (2006).
r
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
E1
r1 LM1
IS
Y1 Y2 Y
(a) Armadilha da Liquidez
LM1 LM2
r1
r2
IS
Y1 Y2 Y
(b) Caso Clássico
Figura 21 - Casos especiais e eficácia da política monetária
Fonte: adaptado de Dornbusch et al. (2006).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IMPACTO DE POLÍTICA FISCAL
r
E2 LM
r2
E1
r1
IS2
αΔG
IS1
Y1 Y2 Y3 Y
Figura 22 - Efeito de uma política fiscal expansionista
Fonte: adaptado de Dornbush et al. (2006).
E1 E1
r1 LM1
IS2
IS1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Y1 Y2 Y
(a) Armadilha da Liquidez
LM1
r
r2
r1
IS2
IS1
Y1 Y
(b) Caso Clássico
Figura 23 - Casos especiais e eficácia da política fiscal
Fonte: adaptado de Dornbush et al. (2006).
Normalmente, o governo tem uma variedade de objetivos que devem ser atingi-
dos pelas políticas econômicas adotadas, por causa disso ele se utiliza de vários
instrumentos de forma combinada para alcançar as suas metas. Até agora, tra-
tamos os efeitos das políticas fiscal e monetária como sendo independentes, no
entanto, em muitos casos, existe reação de uma política sobre os efeitos da outra,
e é sobre isto que estudaremos agora.
Vamos supor que o governo tem como um de seus objetivos a estabilidade
do nível de produção e renda na economia, ou seja, que y permaneça constante.
Um exemplo é a adoção de políticas assistencialistas, em períodos de recessão
econômica, com ampliação dos gastos públicos como forma de compensar a
queda dos gastos privados. Vamos supor que o Banco Central resolve fazer a
política restritiva, contraindo a oferta de moeda na economia, deslocando a LM
para cima e para a esquerda, pressionando a elevação da taxa de juros e a redu-
ção da renda. Assim, partindo de um equilíbrio inicial no Ponto 1, temos que a
economia caminha para novo equilíbrio no Ponto 2, mas, antes que isto aconteça,
o governo amplia os gastos públicos para manter a renda constante, e a curva
IS desloca-se para cima e para a direita. O resultado é o equilíbrio no Ponto 3,
onde o nível de renda permaneceu constante, mas com grande elevação da taxa
de juros (r3), como pode ser visto no gráfico da Figura 24:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
r
LM2
3
LM1
r2
2 1
r1
IS2
IS1
Y1 Y2 Y
Figura 24 - Política fiscal expansionista, em resposta à política monetária
Fonte: adaptada de Lopes e Vasconcellos (2000).
r
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LM1
2 LM2
r1 3
1
IS2
IS1
Y1 Y2 Y
Figura 25 - Política monetária expansionista visando à estabilidade da taxa de juros em resposta à política
fiscal expansionista
Fonte: adaptada de Lopes e Vasconcellos (2000).
Podemos perceber, nesta situação, que, mesmo a oferta da moeda sendo con-
siderada exógena, quando o Banco Central tem por objetivo manter estável a
taxa de juros, a oferta de moeda fica condicionada à política fiscal, tornando-se,
assim, uma variável endógena.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste livro, você aprendeu que, no modelo clássico, a oferta agregada é deter-
minada pela função de produção, a qual representa a quantidade máxima que
a economia pode produzir, decorrente da combinação dos fatores de produção
disponíveis e do nível de tecnologia. No modelo clássico, havíamos aprendido
que a Lei de Say, em que a oferta cria sua própria demanda, assim, os empresá-
rio não tinham que se preocupar com o mercado, deviam focar suas estratégias
na produção.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Durante as primeiras décadas do século XX, no entanto, as principais eco-
nomias mundiais (EUA, Inglaterra, Alemanha, outras) entram em profunda
recessão econômica, com altos níveis de desemprego, e a teoria clássica não conse-
guia dar explicações de como os países poderiam retornar a crescer. Diante deste
contexto, emerge uma nova explicação teórica para a crise, a teoria keynesiana.
Nós aprendemos que o modelo keynesiano de determinação da produção e
da renda está baseado no conceito da demanda efetiva. Por este conceito, quem
determina a oferta agregada na economia é a demanda agregada, pois o empresá-
rio definirá o quanto produzir, baseado em suas expectativas de vendas, ou seja,
de demanda esperada. Assim, se o empresário visualizar que terá poucas ven-
das, reduzirá a sua produção, trabalhando com capacidade ociosa, produzindo
apenas a quantidade que espera vender. Posto desta forma, o modelo keyne-
siano admite que o equilíbrio macroeconômico possa ocorrer sem estar em um
nível de pleno emprego dos fatores de produção, como postulavam os clássicos.
Ao avançarmos em nossas análises, aprendemos o modelo IS-LM, que
determina o equilíbrio simultâneo no mercado de bens e de ativos, por meio
da relação entre taxa de juros e renda. Esse modelo, também conhecido como
Análise Hicks – Hansen, mantém os pressupostos básicos do modelo keynesiano
simples, com a demanda agregada, determinando o nível de produção da eco-
nomia, mantidos os níveis de preços constantes.
Partindo do ponto de equilíbrio inicial (E1), a redução do nível geral de preços na econo-
mia, primeiramente, leva ao aumento na oferta real de moeda, deslocando a curva LM1
para a direita, indo para LM2. No entanto o aumento de saldos reais ampliará a riqueza
dos indivíduos, impactando no aumento do consumo autônomo e também no nível de
investimentos, dado que a taxa de juros real reduziu. Desta forma a curva IS também
se desloca para a direita, e o equilíbrio da economia ocorrerá no ponto E2, a uma taxa
de juros e nível de produto de equilíbrio mais elevados (r2, y2), ampliando o impacto
expansionista da queda dos preços.
Mas o que aconteceria no caso de aumento do nível de preços? Partindo de uma si-
tuação inicial de equilíbrio ( ponto E1) o aumento do nível geral de preços na economia,
primeiramente, leva a uma redução real da oferta de moeda na economia, deslocando
a curva LM agora para cima e para a esquerda. O aumento do nível geral de preços faz
com os salários reais reduzam-se e também a riqueza real do indivíduo, decorrente da
perda do poder de compra da moeda, ocasionada pela inflação. Isto impacta no consu-
mo autônomo e também no nível de investimentos, que se reduzirá, visto que a taxa
de juros real aumentou. Desta forma, a curva IS também desloca-se para a esquerda, e o
equilíbrio da economia ocorrerá em um ponto com uma taxa de juros e nível de produto
de equilíbrio mais baixos do que o encontrado no equilíbrio inicial.
Fonte: Lopes e Vasconcellos (2000).
229
Macroeconomia
N. Gregory Mankiw
Editora: LTC; Edição: 8ª, Nova Edição, 2014.
SINOPSE: Macroeconomia oferece uma análise das diferentes teorias
econômicas, sua relação com correntes políticas e consequências dos
acontecimentos no mundo em curto prazo – como o ciclo de negócios
e as políticas de estabilização – e longo prazo – como o crescimento
econômico, a taxa natural de desemprego, a persistência da inflação e os
efeitos do endividamento do governo. Com esse enfoque, seu objetivo é,
em última instância, ensinar ao leitor a aplicar os princípios econômicos
as questões relativas aos mais variados contextos, cenários e sistemas,
com uma linguagem acessível e objetiva. Enfatizando o caráter empírico
da disciplina, a obra proporciona uma ampla gama de ferramentas de
aprendizagem, como estudos de caso, gráficos, notas matemáticas ,
resumos dos capítulos, conceitos-chave, questões para revisão, problemas
e aplicações, todas atualizadas quanto aos últimos acontecimentos que
impactaram a economia de alguma forma.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIA ON-LINE
1
Em: <http://www.independent.co.uk/news/business/analysis-and-features/john-
-maynard-keynes-new-biography-reveals-shocking-details-about-the-economists-
-sex-life-10101971.html>. Acesso em: 19 fev. 2018.
233
GABARITO
1. B
2. C
3. C
4. C
5. A
CONCLUSÃO
Caro (a) aluno (a) este material foi desenvolvido com objetivo de ajudar na sua for-
mação profissional, visto que saber avaliar os efeitos das variáveis macroeconômi-
cas sobre os agentes econômicos (famílias, empresas, governo), buscando entender
a relação de causa e efeito entre as variáveis, é a base para a formulação de políticas
e estratégias empresariais.
Na Unidade I, aprendemos sobre os principais fundamentos da teoria macroeconô-
mica que busca explicar o comportamento da economia como um todo, como se dá
o aumento do produto, da renda e do emprego, ao longo de um determinado pe-
ríodo de tempo. Estudamos as diferentes correntes teóricas que dão base à formu-
lação de políticas macroeconômicas e sua evolução histórica. Aprendemos como
é calculada a formação da Renda Nacional ou Produto Interno Bruto e a construção
do Balanço de Pagamentos.
As Unidades II e III estão centradas na dinâmica do Sistema Monetário Nacional,
como são formadas a oferta e a demanda por moeda e sua relação com a taxa de ju-
ros da economia. Na Unidade IV, estudamos o modelo clássico de determinação da
oferta e demanda agregada de bens e serviços na economia. Vimos como o merca-
do de bens e serviços equilibra-se, determinando a taxa de juros real da economia.
Por fim, na Unidade V, aprendemos os princípios base da teoria keynesiana de deter-
minação da renda, dos juros e do emprego. Vimos que uma das principais divergên-
cias com a teoria clássica está baseada no princípio da demanda efetiva, em que é a
demanda agregada que determina o nível de produção e emprego na economia, e
não apenas uma função de produção baseada no pleno emprego dos fatores. Admi-
te-se equilíbrio macroeconômico com desemprego. Também aprendemos sobre o
modelo IS-LM, que utiliza tanto os postulados da teoria keynesiana como da teoria
clássica para explicar como é determinado o equilíbrio simultâneo do lado real e
monetário de nossa economia e qual a taxa de juros e nível de produto que equili-
bra estes dois mercados.