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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Tecnologia
Curso de Graduação em Eng. Elétrica
Apostila de Circuitos Digitais “A” – ELC 415

CAPÍTULO II - ÁLGEBRA BOOLEANA


2.1 - INTRODUÇÃO
Durante séculos os matemáticos sentiam que havia uma conexão entre a matemática e a lógica, mas
ninguém antes do matemático inglês George Boole descobriu esta ligação. Em 1854 Boole estabeleceu a
teoria da lógica simbólica, onde cada variável lógica pode assumir somente valores discretos. Até
meados de 1938 a álgebra booleana praticamente não teve aplicação nenhuma. Nesta época, Claude E.
Shannon, pesquisador do Bell Labs (USA), demonstrou como adaptar a álgebra booleana para analisar e
descrever o desempenho de circuitos de comutação telefônica construídos a base de relés. Ele fez com
que as variáveis booleanas representassem relés FECHADOS ou ABERTOS. A partir desta aplicação,
começou então a difusão da tecnologia digital que temos disponível na atualidade.
A grande diferenciação que há entre a álgebra booleana e álgebra linear, é que as constantes e
variáveis booleanas podem assumir somente dois valores, 0 ou 1. As variáveis booleanas são utilizadas
freqüentemente para representar um nível de tensão presente na entrada e/ou saída de um circuito
digital. Por exemplo, o nível lógico “0” de uma determinada variável pode estar representando um valor
qualquer de tensão entre 0 e 0,8 volts, enquanto o nível lógico “1” pode estar representando um nível de
tensão entre 2,0 e 5,0 volts. Valores de tensão entre 0,8 e 2,0 volts pertencem a uma região indefinida
devendo serem evitados.
Em função dos valores em que as variáveis booleanas podem assumir (“Verdadeiro” ou “Falso”;
“0” ou “1”; “Aberto” ou “Fechado”, “Alto” ou “Baixo”), três operações básicas são possíveis de serem
executadas:
• SOMA BOOLEANA Operador OU (OR) “+”
• PRODUTO BOOLEANO Operador E (AND) “.”
• INVERSÃO BOOLEANA Operador NÃO (NOT) “ ”
Como em qualquer teoria matemática, a álgebra de boole possui POSTULADOS, LEIS E
TEOREMAS que a definem. O conhecimento destas definições é necessário para o correto
entendimento dos princípios da Eletrônica Digital, permitindo que se consiga desenvolver nossos
próprios projetos de sistemas digitais.

2.2 - POSTULADOS DA ÁLGEBRA DE BOOLE


Os postulados da álgebra de boole são um conjunto mínimo de informações básicas assumidas
como verdadeiras, através das quais todas as demais informações a cerca do sistema podem ser obtidas.
Estes postulados são divididos em três grupos: Postulados de Soma Booleana, Postulados do Produto
Booleano e Postulado da Inversão Booleana.

2.2.1 – Postulados da soma booleana


0+0 = 0
0+1 = 1
1+0 = 1
1+1 = 1
2.2.2 – Postulado do produto booleano
0.0 = 0
0.1 = 0
1.0 = 0
1.1 = 1

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2.2.3 - Postulado de inversão booleana ou do complemento


Seja “A” uma variável booleana, qualquer . Se A = 0 então A = 1 . Se A = 1 então A = 0 .

2.3 – LEIS DA ÁLGEBRA DE BOOLE


Da mesma forma que na álgebra linear, a álgebra de boole possui as LEIS COMUTATIVAS,
ASSOCIATIVAS E DISTRIBUTIVAS.

2.3.1 – Leis Comutativas


X.Y = Y.X
X+Y = Y+X

2.3.2 – Leis Associativas


X.(Y.Z) = (X.Y).Z
X+(Y+Z) = (X+Y)+Z

2.3.3 – Lei Distributiva


X.(Y+Z) = X.Y+X.Z

2.4 – TEOREMAS DA ÁLGEBRA DE BOOLE


Os teoremas da álgebra de boole, são definidos para uma variável booleana qualquer, isto é, cujo
valor pode ser “0” ou “1”. Estes teoremas são divididos em 3 grupos de acordo com as funções lógicas
básicas.

2.4.1 – Teoremas da Adição Lógica


X +0 = X
X +1=1
X+X =1
X+X=X

2.4.2 – Teoremas da Produto Lógico


X .0 = 0
X .1 = X
X .X = 0
X .X = X

2.4.3– Teorema do Complemento ou da Inversão Lógica

X=X

2.4.4 – Teoremas de “DE MORGAN”


Os teoremas de DE MORGAN são bastante importantes quando se necessita simplificar um circuito
lógico, ou mesmo eliminar o complemento de uma função lógica. O primeiro teorema converte uma

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operação “OU’’ em uma operação “E”. O segundo teorema realiza a operação inversa, isto é, converte
de uma operação “E” em uma operação “OU”.
Primeiro Teorema de DE MORGAN: O complemento de uma função lógica na forma de uma
soma lógica de qualquer número de variáveis, pode ser transformado em um produto lógico
complementado-se cada variável em separado e trocando o operador “+”’ por “.”.
Ex : A + B = A.B

Segundo Teorema de DE MORGAN: O complemento de uma função lógica na forma de um


produto lógico de qualquer número de variáveis, pode ser transformado em uma soma lógica,
complementando cada variável em separado e trocando o operador “.” pelo operador “+”.

Ex : A.B = A + B

Regras Práticas para a Obtenção do Complemento de uma Função Lógica

- Dada uma função lógica qualquer deve-se complementar a função;


- Os operadores “E’ e “OU” complementados devem ser trocados;
- Deve-se negar cada uma das variáveis.

Ex (1): Seja a seguinte função lógica:


S = A+ B +C
1º passo
S = A+ B +C
2º passo
S = A. B .C
3º passo
S = A. B .C

Ex (2): Seja a seguinte função lógica:

S = A. B + A. B .C + A. B .C
1º passo
S = A .B + A .B .C + A .B .C
2º passo
S = ( A + B ).( A + B + C ).( A + B + C )
3º passo
S = ( A + B ).( A + B + C ).( A + B + C )

2.5 – FUNÇÕES BOOLEANAS


Uma função booleana é uma expressão formada por variáveis binárias (são variáveis que podem
assumir o valor “0” ou “1”), pelos operadores OU, E e NÃO (complemento) e pelo sinal de igualdade.
Para cada combinação possível das variáveis booleanas, a função booleana pode valer “0” ou “1”.
Considere o seguinte exemplo:
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F1 = X .Y .Z
A função lógica F1 é representada por uma expressão algébrica que descreve um determinado
problema lógico. F1 será igual a 1 se X “E” Y “E” o complemento de Z forem iguais a “1”. Caso
contrário, a função lógica F1 será igual a “0”.
Uma função lógica também pode ser representada na forma de uma tabela. O fato das variáveis
booleanas assumirem dois valores lógicos possíveis, “0” ou “1”, condiciona que todas as combinações
lógicas das variáveis de entrada sejam um número finito. Isto permite que se represente estas
combinações na forma de uma tabela, a qual chamamos de Tabela da Verdade. Nesta tabela,
tradicionalmente, as combinações dos sinais de entrada são arranjados em linhas na ordem crescente da
sua representação binária. O resultado da interação das variáveis na linha é definida pela lógica do
problema em questão e define a dependência da função booleana em relação aos níveis lógicos das
variáveis de entrada. O número de combinações possíveis entre as variáveis de entrada é dado por: N=2n
Onde:
N = número de combinações;
n = número de variáveis lógicas.

Sejam as funções booleanas F1, F2, F3 e F4 definidas abaixo.


F1 = X .Y .Z
F2 = X + Y .Z
F3 = X .Y .Z + X .Y .Z + X .Y
F4 = X .Y + X .Z
A tabela da verdade representativa destas funções é mostrada a seguir.

X Y Z F1 F2 F3 F4
0 0 0 0 0 0 0
0 0 1 0 1 1 1
0 1 0 0 0 0 0
0 1 1 0 0 1 1
1 0 0 0 1 1 1
1 0 1 0 1 1 1
1 1 0 1 1 0 0
1 1 1 0 1 0 0

Na tabela da verdade mostrada, as funções booleanas F1, F2, F3 e F4 assumem um valor definido
para cada combinação das variáveis de entrada (X,Y,Z). Verifica-se que as colunas referentes as funções
booleanas F3 e F4 assumem valores idênticos para cada combinação das variáveis de entrada. Embora as
funções boolenas F3 e F4 estejam representadas por expressões algébricas diferentes, ambas representam a
mesma função e o mesmo problema lógico. Isto significa que duas funções booleanas de “n” variáveis
lógicas são ditas idênticas, sempre que estas funções produzirem o mesmo resultado para cada uma das 2n
combinações possíveis das “n” variáveis de entrada.

2.5.1 – OBTENÇÃO DE FUNÇÕES BOOLEANAS


A obtenção da função booleana que define um determinado problema é baseada na leitura correta
das informações presentes na tabela da verdade. Uma função booleana pode ser representada de duas
formas, conhecidas como “soma de produtos” e “produto de somas”. Entende-se por soma, a presença do
operador booleano OU e por produto, a presença do operador booleano E.
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Seja o seguinte problema lógico: É preciso projetar um circuito para controlar a iluminação de um
cinema. As luzes do cinema podem ser acesas ou apagadas através de 3 interruptores existentes em
diferentes locais do cinema.
Solução:
Como ainda não temos condições de projetar o circuito digital capaz de realizar a função desejada,
será obtido neste exemplo apenas a função booleana que permite controlar a iluminação do cinema.
As variáveis booleanas de entrada do problema são os estados (0 ou 1) dos 3 interruptores, os
quais são representados pelas letras A, B e C. A variável de saída é a condição de iluminação (acesa ou
apagada) e será representada pela letra F. Para as variáveis de entrada, o valor “0” representa interruptor
desligado e “1” interruptor ligado. Já para a variável de saída, o valor “0” representa iluminação apagada
e o valor “1” representa iluminação acesa. Deve ser observado o fato de que se um interruptor estiver
ligado e um outro interruptor for acionado, a iluminação deverá apagar.
A seguir é apresentada a tabela de verdade representativa deste problema. Observe que a variável
de saída F só assume valor lógico igual a “1”, quando há apenas um interruptor ligado ou quando os 3
interruptores estão ligados.
A B C F
0 0 0 0
0 0 1 1 →
A .B .C
0 1 0 1 →
A .B .C
0 1 1 0
1 0 0 1 →
A .B .C
1 0 1 0
1 1 0 0

1 1 1 1 A .B .C
A expressão algébrica que define a função booleana F é obtida pela extração da tabela da verdade
das combinações dos termos A.B.C para os quais a variável F assume valor lógico “1”. Desta forma a
função booleana F é representada por:
F ( A , B , C ) = A .B .C + A .B .C + A .B .C + A .B .C
A função booleana mostrada acima está representada na forma de uma “soma de produtos”. Já a
forma de “produto de somas”, pode ser obtida pela extração da tabela da verdade das combinações dos
termos A.B.C para os quais a variável F assume valor lógico “0”, isto é, F . Desta forma a função
booleana F é representada por:
F ( A , B , C ) = A .B .C + A .B .C + A .B .C + A .B .C
Aplicando-se o teorema de De Morgan na função acima resulta:
F ( A , B , C ) = (A + B + C ) ⋅ (A + B + C )⋅ (A + B + C )⋅ (A + B + C )
Deve-se ter em mente que as duas funções F(A,B,C) obtidas, na forma de soma de produtos e na
forma de produto de somas, podem ser utilizadas para representar a mesma função booleana.

2.5.2 – FORMAS CANÔNICAS DE FUNÇÕES BOOLEANAS


Para uma função booleana qualquer, seja na forma de soma de produtos ou na forma de produtos
de somas, existe uma forma padrão de representação desta função que é conhecida como Forma
Canônica. Os termos (produtos) da função booleana na forma de soma de produtos que apresentam todas
as variáveis de entrada são conhecidos como Mintermos. Já os termos (somas) da função booleana na
forma de produto de somas que apresentam todas as variáveis de entrada são conhecidos como

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Maxtermos.
Uma função booleana na forma de soma de produtos estará representada pela sua forma
canônica, sempre que for formada exclusivamente por mintermos.
Exemplos:

F ( A , B , C ) = A .B .C + A .B .C + A .B .C + A .B .C Esta função está representada na sua forma
canônica pois todos produtos presentes são
mintermos.

G ( X ,Y , Z ) = X .Y .Z + X .Y .Z + X .Y Esta função não está representada na sua forma
canônica pois o último produto não é mintermos.
Uma função booleana na forma de produto de somas estará representada pela sua forma
canônica, sempre que for formada exclusivamente por maxtermos.
Exemplos:
F ( A , B , C ) = (A + B + C ) ⋅ (A + B + C )⋅ (A + B + C )⋅ (A + B + C ) →
Esta função está representada
na sua forma canônica pois
todos produtos presentes são
maxtermos.
G ( X ,Y , Z ) = (X + Y + Z )⋅ (X + Y + Z )⋅ (X + Z ) →
Esta função não está representada
na sua forma canônica pois o
último produto não é
maxtermos.

Para uma função booleana de “n” variáveis, existem 2n mintermos e 2n maxtermos. Por exemplo,
para uma função booleana de 3 variáveis de entrada (A, B e C), os mintermos e os maxtermos são:

A B C Mintermos Designação Maxtermos Designação


0 0 0 A .B .C m0 A+ B+C M0
0 0 1 A .B .C m1 A+ B +C M1
0 1 0 A .B .C m2 A+ B +C M2
0 1 1 A .B .C m3 A+ B +C M3
1 0 0 A .B .C m4 A+B+C M4
1 0 1 A .B .C m5 A+B+C M5
1 1 0 A .B .C m6 A+B +C M6
1 1 1 A .B .C m7 A+B +C M7

2.6 - PORTAS LÓGICAS


As portas lógicas são circuitos digitais com uma ou mais tensões de entrada, que podem ser
construídos com diodos, transistores e resistores, conectados de tal forma que o sinal de saída do circuito
corresponde ao resultado de uma função lógica básica (E,OU,NÃO). Os valores possíveis das tensões de
entrada e da tensão de saída são somente dois: tensão de alimentação do circuito (VCC) ou tensão nula
(terra ou GND). Por convenção vamos denominar a tensão de alimentação de sinal lógico “1” e a tensão
nula de sinal lógico “0”.
Uma vez que podemos associar sinais elétricos com níveis lógicos (“0” e “1”), podemos concluir
que através das portas lógicas pode-se implementar qualquer um dos operadores lógicos (E,OU,NÃO).
Desta forma estaremos aptos a simular qualquer processo mental ou qualquer problema lógico que possua

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uma resposta em função de algumas condições pré- determinadas. Estas condições são funções dos sinais
de entrada.
As portas lógicas básicas são a “Porta E”, “Porta OU” e “Porta INVERSORA”. Derivadas destas
portas lógicas, outras portas lógicas foram concebidas como por exemplo a “Porta NÃO E”, a “Porta
NÃO OU”, a “Porta OU EXCLUSIVO” e a “Porta NÂO OU EXCLUSIVO”.
Para melhor compreensão, para cada porta lógica básica será apresentado um circuito elétrico
equivalente e um circuito eletrônico capaz de implementar a função lógica equivalente. Será apresentada
também, a tabela verdade, a expressão lógica que define a função/porta lógica em questão e a simbologia
tradicionalmente utilizada para representá-la,. Os sinais de entrada das portas serão representados com as
letras iniciais do alfabeto e o sinal de saída pela letra “S”. Convém enfatizar que os sinais de entrada e de
saída são tensões elétricas.

2.6.1 – PORTA INVERSORA (NOT)


É uma porta com apenas um sinal de entrada e um sinal de saída, o qual assumirá sempre valores
lógicos complementares ao sinal de entrada. Executa a função lógica da inversão booleana.

SIMBOLOGIA:

TABELA DA VERDADE:
A S
0 1
1 0
EXPRESSÃO LÓGICA: S = A

CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE:

CIRCUITO ELETRÔNICO EQUIVALENTE:

2.6.2 – PORTA “E” (AND)


A porta lógica “E” possui dois ou mais sinais de entrada, mas somente um sinal de saída. De acordo
com o operador lógico “E”, todas as entradas devem estar no nível lógico “1”(Vcc) para que se obtenha
um nível lógico “1”(Vcc) na saída da porta lógica.

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SIMBOLOGIA :

TABELA DA VERDADE :
A B S
0 0 0
0 1 0
1 0 0
1 1 1

EXPRESSÃO LÓGICA: S = A. B

CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE :

CIRCUITO ELETRÔNICO EQUIVALENTE:

2.6.3 – PORTA “OU” (OR)


A porta lógica “OU” possui dois ou mais sinais de entrada, mas somente um sinal de saída. De
acordo com o operador lógico “OU”, pelo menos uma das entradas deve estar no nível lógico “1”(Vcc)
para que se obtenha um nível lógico “1”(Vcc) na saída da porta lógica.
SIMBOLOGIA:

TABELA DA VERDADE :

A B S
0 0 0
0 1 1
1 0 1 S = A . B + A.B + A.B
1 1 1
EXPRESSÃO LÓGICA: S = A + B (simplificada)

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CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE :

CIRCUITO ELETRÔNICO EQUIVALENTE:

2.6.4– Porta “NÃO E” (NAND)


A porta lógica NÃO E tem dois ou mais sinais de entrada e apenas um sinal de saída, que só será
baixo se todos os sinais de entrada forem altos. Como o próprio nome diz a porta NÃO E é uma
composição das portas “NÃO” e “E”.

SIMBOLOGIA:

TABELA DA VERDADE
A B S
0 0 1
0 1 1 S = A . B + A . B + A.B
1 0 1
1 1 0
EXPRESSÃO LÓGICA: S = A. B (simplificada)

2.6.5 – Porta “NÃO OU” (NOR)


A porta NÃO OU tem dois ou mais sinais de entrada e apenas um sinal de saída , que só será alto se
todos os sinais de saída forem baixos Como próprio nome diz a porta lógica “NÃO OU” é uma
composição das portas “NÃO” e “OU”.

SIMBOLOGIA:

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TABELA DE VERDADE:
A B S
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 0

EXPRESSÃO LÓGICA : S = A + B

2.6.6 – Porta “OU EXCLUSIVA”


A porta lógica OU EXCLUSIVA é um circuito lógico tal que, para cada combinação dos sinais de
entrada, o sinal de saída será nível lógico “1”(alto) se e somente se tivermos um NÚMERO ÍMPAR de
entradas em nível lógico “1”(alto). Em virtude de sua grande utilidade prática, o circuito lógico que gera a
saída “ou exclusiva” passou a ser considerado como porta lógica. A função lógica “ou exclusiva” não
possui simplificação.

SIMBOLOGIA:

TABELA DA VERDADE
A B C
0 0 0
0 1 1
1 0 1
1 1 0

EXPRESSÃO LÓGICA: S = AB + AB ∴ S = A ⊕ B

OPERADOR OU EXCLUSIVO : ⊕

CIRCUITO LÓGICO EQUIVALENTE

2.6.7 – Porta “NÃO OU EXCLUSIVA”


Ao contrário da porta “OU EXCLUSIVA”, independente do número de sinais de entrada o sinal de
saída será nível lógico “1”(alto), quando todas as entradas apresentarem o valor lógico “0” ou se tivermos
NÚMERO PAR de entradas em nível “1”(alto).
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SIMBOLOGIA :

TABELA DE VERDADE
A B C
0 0 1
0 1 0
1 0 0
1 1 1

EXPRESSÃO LÓGICA: S = A . B + A. B ou
S = A⊕ B

CIRCUITO LÓGICO EQUIVALENTE :

2.7 – MÉTODO DE OBTENÇÃO DE EXPRESSÕES LÓGICAS


Todo circuito lógico, desde que não seja muito complexo, pode ser completamente descrito
utilizando-se somente as funções (operadores)lógicas básicas (OU, E, NÃO). Para a obtenção da
expressão lógica que define um determinado problema, deve-se construir a tabela verdade relacionando as
variáveis de entrada com a (as) variável (eis) de saída de modo a obter a expressão lógica que define o
problema. Sempre que possível devemos simplificar a expressão lógica obtida, uma vez que isto pode
representar um circuito lógico menor, tendo como conseqüência uma redução de custo e uma melhoria no
desempenho do sistema.
A seguir são mostrados alguns exemplos de obtenção de funções lógicas, a partir de um problema
previamente definido.

EX 1: Dado um circuito com dois sinais de entrada “X” e “Y”, o sinal de saída “S” será “0” se e somente
se: X = 0; Y = 1 .
SOLUÇÃO:
X Y S ou X Y S
0 0 1 X Y S
0 1 0 X Y S
1 0 1 X Y S
1 1 1 X Y S

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Podemos construir uma tabela da verdade, de acordo com os dois modos mostrados acima. No
primeiro coloca-se os valores lógicos das variáveis. No segundo, substitui-se os valores lógicos pela
própria variável (quando a mesma for “1”) e pelo complemento da variável (quando a mesma for “0”).
Cada linha da tabela da verdade, representa o produto lógico dos sinais de entrada daquela linha
(operador E). A expressão lógica que define a variável de saída “S” é obtida pela soma lógica (operador
“OU”) dos produtos obtidos em cada linha onde a variável de saída “S” for igual a “1”. Com isto para o
exemplo dado, tem-se:
S = X .Y + X .Y + X .Y

S = X . Y + X . Y + X .Y + X . Y

S = ( X + X ).Y + ( Y + Y ). X

S =Y + X

Na tabela verdade deste problema, mostrada acima, observa-se que o número de ocorrências
(linhas) onde a variável de saída assume valor lógico “0” é menor que o número de ocorrências onde a
variável de saída assume o valor lógico “1”. Portanto podemos obter através da tabela verdade, a
expressão de “ S ” e utilizando o Teorema de Morgan obtermos a expressão para “S”. Com isto para o
exemplo dado, tem-se:

S = X .Y Aplicando “De Morgan”

S = X .Y ∴ S = X + Y

Uma vez obtida a expressão lógica que define a solução do problema (S), deve-se então
implementar o circuito lógico equivalente através das portas lógicas apresentadas.

A implementação da função lógica “S”, sem simplificações é mostrada a seguir.

A implementação da função lógica simplificada é mostrada abaixo.

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Ex2 : Dado o circuito qualquer com três sinais de entrada “X” , “Y” e “Z”, o sinal de saída “S” será “0” se
e somente se:
x=1;y=1;z=0
x=0;y=0;z=0
x=1;y=0;z=0
SOLUÇÃO :
X Y Z S
0 0 0 0
0 0 1 1
0 1 0 1
0 1 1 1
1 0 0 0
1 0 1 1
1 1 0 0
1 1 1 1

Da mesma forma que no exemplo anterior, é mais simples a obtenção da expressão de “S”, através
da expressão “ S ”. Após manipulada a expressão para “ S ”, com a utilização do teorema de “De
Morgan” é obtida a “S”.

S = X Y Z + X Y Z + XY Z
S = X Y Z + X Y Z + XY Z + X Y Z
S = ( X + X )Y Z + ( Y + Y ) X Z

S = Y .Z + X .Z
S = ( Y + Z ).( X + Z )

S = Y X + YZ + Z + Z .X
S = Y X + Z(Y + 1 + X )

S = Y .X + Z

A implementação da função lógica simplificada é mostrada abaixo.

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2.8 – UNIVERSALIDADE DAS PORTAS LÓGICAS “NAND” E “NOR”


Verificou-se nas seções anteriores, toda expressão lógica é composta de diversas combinações dos
operadores lógicos and, or e not. Entretanto, estes operadores lógicos podem ser implementados
utilizando-se as portas lógicas nand e nor. Por este fato, estas portas lógicas, nand e nor, são conhecidas
como portas lógicas universais.
Conforme veremos em capítulos posteriores, na prática, as portas lógicas estão disponíveis em
circuitos integrados – CI’s, que possuem em seu interior algumas portas lógicas de uma mesma espécie.
Por exemplo, os CI’s da família TTL, 7408 e 7432 são compostos por 4 portas lógicas and de 2
entradas(7408) e 4 portas lógicas or de 2 entradas ( 7432), respectivamente. Já o CI 7400 é composto de 4
portas nand de 2 entradas.
Muitas vezes, quando implementamos uma função lógica formada pela combinação de diversas
portas lógicas, podemos não estar utilizando todas as portas lógicas que compõe os CI’s empregados na
implementação. Caso todas as portas lógicas utilizadas, fossem substituídas por portas nand ou nor,
poderia acarretar em uma menor necessidade de CI’s para realizar a mesma função.
A seguir é mostrado como implementar as funções lógicas and, or, not e nor, a partir de portas
lógicas nand e após, como implementar as funções lógicas and, or, not e nand, a partir de portas lógicas
nor.

2.8.1 – Universalidade da Porta lógica “Nand”

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2.8.1 – Universalidade da Porta lógica “Nand”

A seguir é apresentado um circuito exemplo, onde as portas lógicas que compõe o circuito são
substituídas por portas lógicas nand.
Seja o seguinte circuito:

Substituindo as portas lógicas que o compõe, por portas lógicas do tipo nand, resulta:

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Na figura acima, as portas lógicas 2 e 4 e as portas lógicas 3 e 5, tornam-se desnecessária uma vez
que sinais de entrada das portas 2 e 3 são complementados duas vezes. Com isto o circuito simplificado
torna-se o mostrado abaixo.

2.8 – OBSERVAÇÕES FINAIS

2.8.1 – Observação “1”


As três portas lógicas básicas (“E”, “OU” e “NÃO”) são muitas vezes chamadas de elementos de
tomada de decisões. Isto porque dependendo da forma como os sinais são processados, as portas podem
reconhecer algumas palavras de entrada e desprezar outras segundo um sinal de controle. Um exemplo
disto é o circuito mostrado a seguir, onde a informação na saída do registrador de 6 bits somente estará
disponível se houver um sinal de autorização nas entradas das portas and.

2.8.2 – Observação “2”


As portas lógicas "NÃO OU EXCLUSIVA" de duas entradas, são ideais para circuitos em que se
deseja fazer a comparação entre duas palavras digitais, já que a sua saída será alta quando as entradas
forem iguais "0 e 0 ou "1 e 1").
Apenas para ilustrar, a seguir é mostrado um circuito comparador de duas palavras digitais de 8 bits.

Prof. Hélio Leães Hey


Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Tecnologia
Curso de Graduação em Eng. Elétrica
Apostila de Circuitos Digitais “A” – ELC 415

2.8.3 – Observação “3”


Um termo bastante comum em circuitos digitais e que tem várias aplicações, é a chamada “paridade
de uma palavra digital”. A paridade de uma palavra digital, significa o número de bits em nível alto que
esta palavra possui. Existem dois tipos de paridade, que são “paridade par” e “paridade ímpar”. Paridade
Par significa que uma determinada palavra digital tem um número par de “1” (Ex:11110011). Paridade
Ímpar significa que uma determinada palavra digital tem um número ímpar de “1” (Ex:11110001).
As portas “OU EXCLUSIVO” e “NÃO OU EXCLUSIVO” são ideais para testar a paridade de
palavras digitais , já que sua saída será alta só com número ímpar de entradas em nível alto. Apenas para
ilustrar, a seguir é mostrado um circuito gerador de paridade impar para um registrador de 7 bits. O oitavo
bit é o bit de paridade.

Prof. Hélio Leães Hey


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EXERCÍCIOS – CAPÍTULO 2

1- Minimize, se possível, as expressões lógicas mostradas abaixo, utilizando simplificação algébrica.


a) f = (A + B ).B + B + BC f) f = X + X .Y + X .Z + X .Y .Z
b) f = {(A + B ).(B + C )}.B g) f = X .Y + Y .Z + X .Z
c) f = (AB ).B h) f = A .B .C + A .B + A .B .C
d) f = X .Y + X .Y + X .Y i) f = X .Y .Z + X .Z
e) f = X .Y + X .Y + X .Y + X .Y j) f = ( B .C + A .D ).( A .B + C .D )

2- Demonstre as identidades abaixo:


a) A + A .B = A + B d) A ⊕ B = A ⊕ B
b) A + A + B = A + B e) A ⊕ .( A ⊕ B ) = B
c) A .B .( A .B + B .C ) = A .B .C

3- Encontre o complemento de cada uma das funções abaixo


a) f = (A .B + C ).D + E
b) f = A .B .( C .D + C .D ) + A .B .( C + D ).( C + D )
d) f = X .Y + X .Z + Y .Z
e) f = ( Y + Z ).( X + Y ).( Y + Z )

4- Represente as funções booleanas mostradas no exercício “1”, na sua forma canônica.

5- Mostre o circuito digital que implementa cada uma das funções minimizadas no exercício “1”.

6- Seja a seguinte função booleana: f = X .Y .Z + X .Y .Z + W .X .Y + W .X .Y + W .X .Y


Pede-se:
a) A tabela da verdade desta função;
b) O circuito digital que implementa a função;
c) Simplifique algebricamente a função;
d) Obtenha a tabela da verdade da função simplificada no item anterior;
e) O circuito digital que implementa a função simplificada.

7- para as expressões mostradas abaixo, obtenha a forma canônica de soma de produtos


a) (A .B + C ).( B + C .D )
b) f = X + X .( X + Y ).( Y + Z )

8- Projete um circuito combinacional mínimo que implemente a seguinte função X = A+3, onde A é um
número binário de dois bits.

9- Projete um circuito combinacional capaz de realizar a multiplicação algébrica entre dois números
binários de dois bits.

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10- Projete um circuito combinacional que faça a comparação entre dois números binários de dois bits
A1A0 e B1B0 e informe se A1A0 > B1B0 , A1A0 < B1B0 ou se A1A0 = B1B0.

11- O CI 74157, mostrado abaixo, é um multiplexador quádruplo de duas entradas, isto é, ele recebe
como sinais de entrada dois números binários de quatro bits e gera na saída um número binário, também
de quatro bits igual a uma das duas entradas. Utilizando portas lógicas, obtenha um circuito lógico que
execute a função deste multiplexador.

Ia3 Ia2 Ia1 Ia0 Ib3 Ib2 Ib1 Ib0

END. 74157

IO3 IO2 IO1 IO0

12- Escreva as equações Booleanas para cada circuito lógico mostrado nas figuras abaixo.
Simplifique as equações e esboce o circuito lógico simplificado.

Prof. Hélio Leães Hey

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